RELATO DE CASO: OCLUSÃO AGUDA EMBÓLICA DE AORTA ABDOMINAL DISTAL Violatti Filho, JR ¹; Lóes, FBP ¹; Da Silva, LGC ² ¹ Estudante de Graduação em Medicina da Universidade de Uberaba (UNIUBE), Uberaba, MG, Brasil. Email: [email protected] / [email protected] ² Médico Cirurgião Vascular da Santa Casa de Misericórdia de Ituverava, Ituverava, SP, Brasil. Email: [email protected] INTRODUÇÃO: A oclusão aguda de aorta é um evento grave, que pode ser desencadeado por fibrilação atrial. O tratamento precoce pode atenuar as complicações da reperfusão. OBJETIVOS: Relatar o caso de uma paciente com oclusão aguda de aorta abdominal distal por grande êmbolo cardíaco, com rápido tratamento, evitando complicações severas da reperfusão. DELINEAMENTO E MÉTODOS: Relato de caso. DESCRIÇÃO DO CASO: M.J.N., sexo feminino, 69 anos, procedente de Ituverava-SP, internada para tratamento de insuficiência cardíaca descompensada. Os exames de admissão evidenciaram cardiomegalia e fibrilação atrial. No segundo dia de internação hospitalar manifestou paresia súbita das pernas, que evoluiu com dor intensa e frialdade distal, sem pulsos palpáveis em membros inferiores. A hipótese clínica de oclusão aguda embólica de aorta foi corroborada após a tomografia computadorizada afastar hipótese de dissecção de aorta. Após 3 horas do início dos sintomas a paciente foi submetida à exploração arterial com embolectomia à Fogarty bilateral e simultaneamente, via artérias femorais. Ao final do procedimento houve reaparecimento dos pulsos, exigindo fasciotomia em ambas as pernas devido à síndrome compartimental gerada pela reperfusão. Também, apresentou acidose metabólica (pH=7,1) e hipercalemia moderada (K=6,1 mEq/L) como consequências da síndrome de isquemiareperfusão e foi encaminhada à unidade de terapia intensiva para pósoperatório imediato. Realizou-se hidratação com cristalóides e controle rigoroso de diurese (> 1ml/Kg/h), administração de manitol 20% (0,5g/kg/h por 3 horas), e infusão de bicarbonato de sódio 8,4% (2 mEq/kg em 4 horas), corrigindo os distúrbios e mantendo função renal adequada. Figura 1: Radiografia de tórax evidenciando cardiomegalia. Figura 2: Fenômeno isquêmico secundário à oclusão aguda embólica de aorta abdominal distal. Figura 3: Exploração arterial com embolectomia à Fogarty bilateral e simultaneamente. Figura 4: Pós operatório imediato, com restabelecimento dos pulsos femorais. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A oclusão embólica de aorta abdominal compreende cerca de 9% das embolias arteriais e leva à isquemia tecidual de enorme gravidade. A presença de fibrilação atrial com cardiomegalia pode ocasionar a formação de grande trombo capaz de ocluir a aorta. O prognóstico depende diretamente do tempo de isquemia, sendo importante, portanto, o diagnóstico precoce. O evento intrahospitalar favoreceu a rapidez do atendimento, com salvamento dos membros e evitando-se graves complicações da síndrome de reperfusão, que além de hipercalemia e acidose metabólica pode cursar com insuficiência renal aguda, síndrome da resposta inflamatória sistêmica, arritmias e morte. Por vezes a amputação primária é necessária para evitar-se a reperfusão e óbito. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 1. Haimovici H. Peripheral arterial embolism. A study of 320 unselected cases of embolism of the extremities. Angiology 1:20; 1950. 2. Abbott W, Maloney R, McCabe C, et al. Arterial embolism: A 44-year perspective. Am J Surg 143:460; 1982. 3. Panetta T, Thompson J, Talkington C, et al. Arterial embolectomy: A 34-year experience with 400 cases. Surg Clin North Am 66:339; 1986. 4. Elliott JP Jr, Hageman J, Szilagyi D, et al. Arterial embolization: Problems of source, multiplicity, recurrence, and delayed treatment. Surgery 88:833, 1980. 5. Haimovici H. Muscular, renal, and metabolic complications of acute arterial occlusions: Myonephropathic-metabolic syndrome. Surgery 85:461; 1979. 6. Walker P. Pathophysiology of acute arterial occlusion. Can J Surg 29:340; 1986.