CURSO: EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------MÓDULO 2 Para começar este módulo, recomendamos que inicie assistindo a um vídeo bastante esclarecedor que selecionamos: http://www.youtube.com/watch?v=T5E_8ct-JEA Deficiências Musculares e Neuromusculares: As deficiências cujas manifestações exteriores consistem em fraqueza muscular, paralisia ou falta de coordenação, geralmente são designadas mais corretamente como neuromusculares, uma vez que as dificuldades encontram-se mais freqüentemente nos centros e vias nervosas que comandam os músculos, do que nos músculos em si. Lesões nervosas podem ser causadas por infecções ou por lesões ocorridas em qualquer fase da vida da pessoa, podendo também ocorrer por uma degeneração sem causa aparente (Wilson, 1971). BRASIL (2006), informa quais são as doenças mais comuns que afetam alunos: Distrofia Muscular Progressiva – é o termo utilizado para as doenças cuja caracterização é a degeneração e debilitação gradual dos músculos. Sua causa pode estar na imperfeição do funcionamento do metabolismo, que resulta na falta de nutrição dos músculos, na disfunção das glândulas endócrinas ou na deficiência dos nervos periféricos. Afeta principalmente os meninos (sendo raro em meninas). Os órgãos comprometidos são especialmente os músculos do esqueleto e às vezes, os músculos cardíacos. Os sintomas começam a ser percebidos por volta do segundo ano de idade, já que a criança apresenta uma tendência de andar sobre as pontas dos pés e a cair. Raramente ela consegue correr. Mais ou menos aos três anos de idade, a criança deixa de apresentar as contrações no joelho, embora as de tornozelo demorem mais para desaparecer. Quando chega à adolescência, o paciente geralmente não mais consegue andar. Sua respiração se torna cada vez mais curta e vai, geralmente, a óbito, devido à infecção respiratória. Por não existir 1 nenhum medicamento para o tratamento deste quadro, ou terapias e exercícios especiais que impeçam o aumento da fraqueza dos músculos, é de fundamental importância que a criança permaneça ativa, continuando com as atividades normais, o quanto lhe for possível, ajudando-a a adaptar-se às próprias crescentes limitações. Cerca da metade destas crianças podem apresentar, também, alguma deficiência mental; quando não, apresentam ótimo desempenho em várias áreas. O objetivo de todo e qualquer tratamento da criança com distrofia muscular deve ser o de ajudá-la a viver o melhor possível AGORA. Esclerose Múltipla – Doença degenerativa progressiva, caracterizada pela desmielinização e destruição do tecido nervoso. O desenvolvimento desta patologia envolve, inicialmente, períodos de intensa fraqueza, fadiga, tontura, dificuldades com o controle urinário e distúrbios visuais. A medida que a doença progride, sua manifestação passa a se dar através de três síndromes, que podem também se sobrepor. • Síndrome espinhal – nesta, os sintomas mais comuns são: fraqueza, parestesias e ataxias. As Parestesias são sensações subjetivas que acontecem na pele (ex., frio, calor, formigamento, pressão, etc.) que ocorrem espontaneamente mesmo na ausência de estimulação. Podem ocorrer caso algum nervo sensorial seja afetado, seja por contato ou pelo rompimento das terminações nervosas. O Formigamento é a sensação causada após efeito de falta de circulação sanguínea. Pode acontecer por obstrução momentânea da passagem do sangue a alguma região do corpo. A ataxia é uma condição de falta de coordenação dos movimentos podendo afetar a força muscular e o equilíbrio. É normalmente associada a uma degeneração ou bloqueio de áreas específicas do cérebro. Tem como principal consequência a dificuldade na locomoção. • Síndrome cerebral – quando a pessoa vivencia esta síndrome, ela pode sofrer de hemiplegia, convulsões, distúrbios visuais, e até mesmo mudanças bruscas nas características de sua personalidade. • Síndrome tronco-cerebelar – neste caso, as manifestações mais comuns são problemas da fala e tremores musculares, quando de movimentos voluntários. 2 Poliomielite - Também conhecida como paralisia infantil, é a melhor conhecida das doenças neuromusculares. É uma doença infecciosa, pode ser causada por pelo menos três tipos diferentes de vírus. Em intensidades variáveis, pode provocar a atrofia e a degeneração das células nervosas afetadas, mudanças nas fibras nervosas periféricas, paralisia, atrofia de tecido muscular, de tendão e ósseo. Em regiões com higiene precária e falta de saneamento básico, a infecção da pólio se espalha quando as fezes de uma criança doente atingem a boca de uma criança sadia. Ela geralmente começa quando a criança é ainda pequena, muitas vezes durante uma outra doença, como um resfriado forte ou febre ou, às vezes, uma diarréia. A paralisia pode afetar qualquer parte do corpo, mas mais comumente afeta as pernas. A paralisia não é progressiva, mas caso não seja atendida com os tratamentos médicos e fisioterápicos adequados, pode resultar em deformidades e atrofias. É importante se desenvolver todo esforço possível para o encaminhamento e o atendimento da criança para os procedimentos terapêuticos necessários. Já a maneira mais eficaz de prevenção é o uso da vacina, que pode evitar até 70% dos casos. Epilepsia - a epilepsia é um distúrbio cerebral, caracterizado por disritmias eletroencefalográficas (EEG). Ela se manifesta através de diferentes tipos de crises, podendo ser classificada de acordo com a natureza da lesão. Esta, por sua vez, parece estar relacionada com o período de instalação e pela natureza da lesão cerebral. As principais formas de epilepsia incluem: • Pequeno mal – as crises deste tipo de epilepsia são caracterizadas por uma perda transitória da consciência, que dura um máximo de 60 segundos. A criança que tenha uma crise de pequeno mal perde a consciência, mas não cai. Ela pode apresentar o olhar fixo, derrubar objetos, tornar-se pálida, apresentar uma momentânea contração muscular, mais freqüentemente quando a criança encontrase sentada, sem se movimentar. Ao retornar ao seu estado de consciência, rapidamente continua o que estava a fazer (por exemplo: interrompe a leitura que estava fazendo, por alguns segundos, e então continua a fazê-lo). Ao professor, recomenda-se verificar qual conteúdo a criança perdeu e qual conteúdo pôde apreender, já que quando vítima de repetidas crises, a criança poderá ter seu processo de ensino aprendizagem afetado pela ocorrência de sucessivos hiatos de consciência, não necessariamente percebidos pela professora. Conhecemos um 3 caso interessante desta doença, onde a criança quando estava brincando com as outras no pátio da escola parava e permanecia com o olhar fixo e sem se mover. Depois de um minuto voltava a correr como se nada houvesse acontecido. • Grande mal – as crises de grande mal se caracterizam por convulsões, com manifestações tônicas e crônicas. A criança pode perceber “avisos” sensoriais, os quais são denominados de aura. De maneira geral, a crise se caracteriza por uma grande contração da musculatura, acompanhada por abundante salivação e movimentos repetitivos da cabeça, dos braços e das pernas. Essa crise é geralmente seguida de um sono profundo, que pode durar de cinco a trinta minutos. Recomenda-se ao professor que, ao perceber uma crise, deite a criança no chão, imediatamente, com a cabeça apoiada em algo macio, retirando de junto dela objetos que a possam machucar (mobílias, pontas agudas, etc). Não se deve jamais tentar introduzir objetos em sua boca (como lápis), pois a tração mandibular é muito forte e pode machucar tanto a criança, como o professor. É interessante virá-la de lado, para evitar que se afogue com o excesso de salivação. Em todos os episódios, o encaminhamento ao médico é essencial, para que as providências medicamentosas sejam tomadas. • Psicomotora – ocorre mais freqüentemente em adultos, apresentando uma variedade de formas de manifestação. É o tipo menos conhecido de epilepsia. O indivíduo que sofre uma crise pode passar por um breve momento de ação automática, onde suas atitudes poderão parecer propositadas, mas, na realidade, não as são. Ele fica em um estado de semi-consciência, podendo desempenhar atos sem objetivo, ou mesmo inapropriados. Ele pode tirar as roupas, lutar, dançar, cantar, chorar, correr, ou simplesmente fugir. Ele pode também experimentar medo, ansiedade, tristeza ou outras emoções fortes. Em casos raros, um comportamento agressivo destrutivo, ou atos de violência criminosa podem ocorrer. Quando recuperado da crise, o sujeito pode não ser mais capaz de lembrar o que fez, apresentando uma crise de mau humor. • Focal (Jacksoniana) – esta forma é causada por lesões na área motora do cérebro e é caracterizada por uma contração muscular incontrolável de uma perna, um braço ou um lado do rosto. Em geral, não há perda de consciência e às vezes, a crise pode se espalhar para ambos os lados. Enxaquecas – dor de cabeça que afeta geralmente somente um dos lados da cabeça, precedido por um período, que pode ser curto, de depressão, de 4 irritabilidade e perda de apetite. As crises de enxaqueca são geralmente acompanhadas de fotofobia, náusea, vômitos e fobia por ruídos. Uma criança acometida de enxaqueca necessita ser encaminhada para um quarto escuro e silencioso, podendo também ser auxiliada pelo uso de analgésicos. É doloroso para ela permanecer no ambiente agitado e barulhento da sala de aula. É também importante comunicar a ocorrência das crises para os pais, de forma que atendimento médico possa ser providenciado. Paralisia Cerebral - termo utilizado para designar um conjunto de distúrbios da motricidade voluntária, isto é, do controle dos movimentos, uma vez que é essa a parte afetada no cérebro. Estima-se que aproximadamente 2/3 das pessoas que têm paralisia cerebral apresentam deficiência mental; entretanto, freqüentemente o retardo mental é produto dos problemas de comunicação, ao invés de uma deficiência básica. A paralisia cerebral pode ser causada por fatores pré, peri e pósnatais. No período pré-natal encontram-se os defeitos genéticos, anormalidades cromossômicas que podem produzir anormalidades estruturais no cérebro e no esqueleto; erros de metabolismo, infecções maternas (como rubéola, toxoplasmose ou sífilis), anóxia intra-uterina (causada pelo estrangulamento pelo cordão umbilical ou por anemia da mãe, toxemia da gravidez) e intoxicações (incompatibilidade de RH, exposição a radiação tóxica). Na fase peri-natal, encontram-se principalmente os traumatismos (uso incorreto de fórceps, parto rápido ou lento demais). Na fase pós-natal, são vários os fatores encontrados: anóxia cerebral, infecções (encefalite, meningite), intoxicações (medicamentosa, anestésica, de radiações), que podem resultar em dano cerebral. Considerando que as células nervosas não se regeneram, uma vez danificadas assim permanecem. Entretanto, a tendência também é a de não ocorrer a piora do seu desempenho. No que se refere aos movimentos, a postura corporal e os problemas a eles relacionados podem melhorar ou piorar, dependendo da forma como cuidamos da criança e também da extensão da lesão no cérebro. Isto significa que, quanto mais cedo for iniciado um tratamento, mais melhoras poderão ser conseguidas ao longo dos anos. Os tipos de paralisia cerebral já identificados estão assim classificados: espasticidade, atetose, ataxia, rigidez e tremores. • Espástica – Aproximadamente 60% das paralisias cerebrais encontram-se neste grupo. O maior dano se dá no córtex motor. Os músculos são facilmente irritáveis e 5 contraem-se a partir da menor estimulação. A criança espástica apresenta rigidez muscular, ou tensão muscular. Isto significa dizer que os movimentos são rígidos, lentos e desajeitados. Esta rigidez tende a aumentar quando a criança vai emitir um comportamento voluntário, quando está aborrecida ou excitada, ou ainda, quando o seu corpo está em determinadas posições. O padrão de rigidez varia muito de criança para criança, mas o primeiro passo para facilitar que esta criança manipule e explore os objetos é a mesma estar bem posicionada. • Atetóide - A atetose consiste em movimentos arritmados, concorrentes com movimentos voluntários, de forma que o resultado é a incoordenação global. Os movimentos são lentos e contorcidos, ou súbitos e rápidos, nos pés, braços, mãos ou músculos faciais. É como se os braços fizessem movimentos nervosos, os pés dessem pequenos saltos, ou apenas uma mão ou um dedo movessem sem intenção, dificultando pegar e manipular adequadamente os objetos. Quando afetados os músculos da fala, as crianças apresentam dificuldade em comunicar pensamentos e necessidades. Problemas de visão também podem encontrar-se associados ao quadro, dificultando a fixação visual para acompanhar os deslocamentos, bem como a dissociação dos movimentos olho-cabeça. Com a intensificação da fixação da visão, podem vir a se tornarem estrábicas. • Atáxica – Neste tipo de paralisia cerebral, a área cerebral afetada é o cerebelo. Suas principais características são: o desiquilíbrio motor, a falta de coordenação e o nistagmo, que é um rápido movimento dos olhos. As crianças com ataxia podem apresentar dificuldade para sentar-se ou ficar de pé, caindo com freqüência e fazendo uso das mãos de maneira muito desajeitada. Geralmente, necessitam de suporte físico para permanecerem sentadas, sem cair. • Ainda outros tipos, embora raros - rigidez, tremor, hipotonia muscular, dificuldades de fala, distúrbios da visão, da audição e do tato. A paralisia cerebral também está classificada em três padrões típicos, dependendo do membro atingido (das partes do corpo atingidas): hemiplegia, paraplegia e tetraplegia. • Hemiplegia - braço e perna do mesmo lado. O braço é dobrado; mão espástica ou flácida, devido ao pouco uso. Já a perna atingida se apóia na ponta dos pés, ou na lateral externa do pé. • Paraplegia - somente as duas pernas encontram-se afetadas, podendo haver ligeiro comprometimento de outras partes (diplégico). A parte superior do corpo 6 geralmente não é afetada. A criança pode apresentar contraturas nos pés e nos tornozelos. • Tetraplegia – são afetados tanto os membros superiores, como os inferiores. Ao caminhar, os braços, a cabeça e a boca podem sofrer contrações, os joelhos encostados um no outro, pernas e pés voltados para dentro. Muitas das crianças com tetraplegia têm uma lesão cerebral tão severa, que dificilmente poderão vir a andar. Por alguns meses após o nascimento, a criança afetada pela a paralisia cerebral pode não apresentar qualquer problema visível. Pode-se levantar suspeitas, entretanto, quando se observar que a criança não consegue agarrar um objeto, aos três meses de idade, não consegue se virar, aos cinco meses ou sentar-se, por volta dos sete meses. O diagnóstico se torna mais fácil, entretanto, à medida que a criança cresce. Tumores do Sistema Nervoso Central: Há uma grande variedade de tumores que podem afetar o sistema nervoso central, podendo se localizar no cérebro, ou na medula espinhal. Esses tumores podem ser benignos ou malignos. Mesmo os benignos, entretanto, podem levar a óbito, se não diagnosticados, tratados e/ou removidos (seja por extirpação cirúrgica, seja por tratamento medicamentoso) a tempo. As conseqüências da presença de um tumor no sistema nervoso central vão ser determinadas por sua localização. Se ele estiver localizado no cérebro, por exemplo, as manifestações dependerão da área em que ele se encontra e das funções que nela se realizam. Se estiver localizado na medula, afetará, necessariamente, o funcionamento de membros inferiores e/ou superiores, dependendo da altura em que se encontra localizado (paraplegia e quadriplegia). Espondilolístese – deslocamento vertebral, causador de dor que pode variar em sua intensidade, a ponto de inviabilizar a permanência da criança na sala de aula. Atendimento médico fisiátrico é essencial para o tratamento do problema. Hérnia de Disco – neste caso, é o disco intervertebral que se desloca, dado o enfraquecimento dos ligamentos que o mantêm no lugar. Os resultados desse deslocamento são os mesmos do caso anterior, com dor que pode tornar a pessoa incapacitada para várias atividades. Tratamento médico também se faz essencial, necessitando, às vezes, de intervenção cirúrgica. 7 Neuralgias e Neurites – enquanto que as neuralgias são casos de inflamação de qualquer nervo periférico do corpo, acompanhado de intensa dor, as neurites são casos em que, além da inflamação, pode ocorrer uma variedade grande de lesões, freqüentemente degenerativas em sua natureza. Assim, estas podem provocar paralisias parciais ou totais da área afetada, necessitando de intervenção médica para seu tratamento. Má Formação Óssea e Deformações: Deficiências ósseas em crianças afetam principalmente os membros superiores e inferiores, a espinha e as articulações. Tais deficiências prejudicam a criança no que se refere a andar, sentar, ficar em pé e usar as mãos. Podem ser congênitas, se a criança nasce com elas, ou adquiridas, sendo então resultado de doenças infecciosas, de disfunções relativas ao desenvolvimento ou de acidentes. Anormalidades nos pés e tornozelos são as mais comuns dentro do tipo congênito. O “pé torto”, deformação em que um ou ambos os pés são torcidos para dentro ou para fora, no tornozelo, ocorre com muita freqüência (Wilson, 1971). Veja na Figura 1, um exemplo de calçado desgastado. Figura 01: Calçado com desgaste, indicando pé que pisa torto. Fonte: Adaptado de: http://www.sacadafashion.com.br/olha -a-coluna/ Salientamos que a má formação óssea e deformações podem ser causadas por origens nutricionais. Um exemplo disso é o raquitismo. 8 Deslocamento congênito de quadris – Um quadril está deslocado quando o fêmur, o osso da coxa, sai fora do encaixe no quadril. Alguns bebês já nascem com um ou ambos os quadris deslocados e, quando corrigidos no tempo certo, não resultarão em deformidades permanentes. Escoliose – curvatura lateral da espinha (curvatura em “s”), de causa congênita ou adquirida (postura errada, doença ou lesão), resultando em paralisia desigual dos músculos das costas ou de inclinação do quadril devido à existência de uma perna mais curta que a outra. Quistos e tumores ósseos – também integram o grupo de causadores de deformidades. Um quisto ósseo típico é uma lesão de desenvolvimento lento, que destrói o osso, formando-se próximo a uma das extremidades do eixo de um osso longo. Os tumores podem ser benignos ou malignos. Diagnóstico e tratamento prematuros podem prevenir deformações graves (Wilson, 1971). A Limitação do vigor, vitalidade e agilidade Condições físicas que são caracterizadas por vigor, vitalidade e agilidade altamente reduzidos, limitando a capacidade das crianças em realizar trabalhos escolares com o grau máximo de eficiência, são causa suficiente para que lhe sejam fornecidos recursos educacionais especiais. Estes estados podem ser causados por doenças infecciosas e também por deficiências congênitas ou de desenvolvimento, que levam a uma invalidez permanente ou a longos períodos de recolhimento forçado ao leito. Outras doenças como o diabetes e a epilepsia, podem causar períodos freqüentes, porém curtos, de funcionamento inadequado (Wilson, 1971). Deficiências cardíacas – de causa congênita ou adquirida, é grande o número de pessoas (inclusive crianças) que apresentam deficiência no funcionamento dos vasos sangüíneos pulmonares que vão ao coração, ou dele partem. Febre reumática – trata-se de uma doença grave, que se manifesta sob a forma de fortes dores nas articulações e febre alta, afetando as articulações, o coração e os vasos sangüíneos. É responsável por boa parte das doenças cardíacas adquiridas em crianças, que uma vez lesionado, pode ser permanente e provocar deficiência (fôlego curto, criança freqüentemente doente). Tuberculose pulmonar – uma doença cuja conseqüência é percebida através da diminuição da vitalidade da criança e causada por uma infecção pulmonar. Seus sinais mais conhecidos são: cansaço, dor no peito, tosse, febre e perda de peso. 9 Leucemia e outras formas de câncer – doença cuja principal característica é o acúmulo de células na medula óssea, a leucemia é uma doença maligna dos glóbulos brancos (leucócitos). Conhecida popularmente como tutano, a medula é o local de formação das células sangüíneas, onde são encontradas as células mães e das quais se originam os elementos do sangue (glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas). Ao se acumularem na medula óssea, as células dão origem aos principais sintomas da leucemia, prejudicando ou impedindo a produção de glóbulos vermelhos (causando anemia), glóbulos brancos (causando infecções) e plaquetas (causando hemorragias e manchas roxas pelo corpo). O tratamento da doença deve ser iniciado imediatamente após detectada. Os dois tipos de leucemia mais freqüentes são: leucemia linfóide aguda (ou linfoblástica) e leucemia mielóide aguda. Seus sintomas podem aparecer sob a forma de fadiga, palidez e anemia, em conseqüência da redução de produção dos glóbulos vermelhos, pela medula óssea. Já as febres e infecções são causadas pela redução de leucócitos e glanulócitos, associado, também, a possíveis ocorrências de sangramentos. Outras manifestações clínicas são: dores de cabeça, náuseas e vômitos, visão dupla, desorientação, valores sangüíneos alterados com a contagem de plaquetas baixa e aumento do nível sangüíneo no ácido úrico. A suspeita é maior quando estes quadros vêm acompanhados de: palidez, febre e da presença de pequenas manchas avermelhadas. Seu tratamento, ainda que não totalmente eficiente para obtenção de cura total, tem apresentado bons resultados com a associação de vários medicamentos (poliquimioterapia), com controle das complicações infecciosas e hemorragias, além da prevenção ou combate à doença no sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal). Para alguns casos, tem se indicado o transplante de medula óssea. Asma e outras doenças alérgicas – erroneamente chamada de bronquite alérgica, a asma é uma doença crônica que afeta indivíduos de todas as idades. Trata-se de uma inflamação dos brônquios (as vias onde entra e sai o ar que respiramos), que por sua vez, provoca uma diminuição do canal interno de passagem do ar (devido ao estreitamento). As causas deste estreitamento são: inchaço das paredes dos brônquios, decorrente do processo inflamatório; contração dos músculos que estão ao redor dos brônquios e um aumento da produção de escarro (também provocado pela inflamação). Já os sintomas mais comuns são: tosse, chiado, falta de ar, sensação de aperto no peito, podendo variar de acordo com cada caso. Como 10 causa, vários fatores podem ser o seu desencadeador: alergogênicos, substâncias ou produtos que causam irritação das vias aéreas, infecções virais, fatores emocionais, atividade física intensa e alguns medicamentos. A asma é passível de ser controlada, desde que submetida ao tratamento adequado com medicamentos de alívio (broncodilatadores) ou medicamentos para tratamento anti-inflamatórios. Subnutrição – Principalmente para as crianças que vivem em países pobres, a subnutrição ou desnutrição tem sido uma das causas mais comuns dos problemas de saúde. Este já foi um caso comum no Brasil. As conseqüências são a fraqueza, o crescimento comprometido e a menor capacidade de evitar as doenças, uma vez que o organismo encontra-se debilitado e desprotegido, a própria desnutrição, para alguns, é considerada também um tipo de deficiência. Uma consequência comum é o entortamento das pernas, porque os ossos não suportam o peso do próprio corpo (Figura 2). Aqui salientamos que a quantidade não é qualidade. Comprovadamente os refrigerantes prejudicam a calcificação dos ossos. A geração “coca-cola” que consome grandes quantidades de refrigerante e come praticamente apenas carboidratos originados de batatas fritas é afetada. Figura 2: Criança com pernas tortas http://amadurecendocomsaude.blogspot.com.br/2011/11/pernastortas-quando-devo-tratar.html Hemofilia – é uma deficiência genético-hereditária (do Fator VIII e IX), caracterizada por falhas no mecanismo de coagulação do sangue, resultando em incontroláveis 11 hemorragias. É quase exclusiva do sexo masculino. Estes sintomas hemorrágicos surgem já nos primeiros meses de vida, sendo alguns quadros mais leves e outros mais graves, percebidos através dos transtornos que apresentam. Um pequeno traumatismo pode desencadear uma dor intensa, hematomas e a própria hemorragia em órgãos importantes como os músculos e articulações. Quando freqüentes, estas hemorragias nas articulações podem comprometer a mobilidade dos membros atingidos criando, em alguns casos, situações de dependência física. Seu tratamento consiste na introdução da substância faltante (Fator VIII ou IX) no sangue dos pacientes. A hemofilia possui dois tipos até então identificados: Hemofilia A - conhecida como hemofilia clássica e atinge cerca de 85% dos pacientes (falta do Fator VIII de coagulação); Hemofilia B - (Fator Christmas) tipo mais raro, caracteriza-se pela deficiência do Fator IX. Embora incurável, a hemofilia é controlável. A transfusão de sangue em um hemofílico corrige temporariamente a anomalia (aproximadamente por um período de 12 horas). Até que a hemorragia seja estancada totalmente, se faz necessário a repetição do procedimento. Atualmente, graças às sofisticadas técnicas, a transfusão foi simplificada, possibilitando até, em alguns casos, a auto-aplicação. O hemofílico bem atendido pode e deve ter uma vida normal. Diabetes – é uma doença causada pela insuficiência de insulina produzida pelo pâncreas, tendo como conseqüência direta a impossibilidade da utilização conveniente da glicose e do açúcar, pelo organismo. Trata-se de uma doença incurável, mas passiva de controle, desde que o diabético tenha uma dieta equilibrada, exercícios e tratamento da insulina. A criança que sofre de diabetes e que não está recebendo tratamento adequado, mostra-se apática, desatenta, agitada e irritável. Quando em tratamento, ela pode participar das atividades regulares da escola e realizar suas tarefas sem quaisquer inconvenientes. Ao professor, recomenda-se estar informado a respeito da rotina exigida pelo tratamento, bem como estar ciente das conseqüências que poderão ocorrer caso a criança deixe de seguí-lo rigorosamente (não comer no momento indicado, negligenciar a insulina, realizar exercício em demasiado, etc). 12 NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIAS FÍSICAS / NEURO-MOTORAS Segundo WILSON (1971), grande parte das crianças que têm deficiências físicas é beneficiada com apenas algumas modificações no ambiente físico, nos materiais e equipamentos utilizados para a atividade escolar. 1. Não apresentam deficiências mentais e podem aprender através dos mesmos métodos empregados com crianças não deficientes. Portanto, métodos especiais de ensino só são necessários para as crianças cujas deficiências físicas sejam complicadas por dificuldades de aprendizagem resultantes de lesões neurológicas. 2. Não requerem revisões drásticas de currículo. Podem ser necessárias certas adequações em programas de estudo, sobretudo nos casos em que a deficiência é permanente e influenciará grandemente a aptidão vocacional e social futura. A falta de experiências comuns, a ausência às aulas e a necessidade de produzir lentamente podem aumentar o tempo requerido para completar os cursos previstos. Um currículo rígido, inflexível, certamente falhará em satisfazer as necessidades desses alunos, mas não há razão para que a habilidade e a flexibilidade dos professores e administradores educacionais não resultem em soluções satisfatórias para a maioria dos problemas escolares. 3. De modo geral, a finalidade da educação é a mesma, em essência, tanto para os alunos portadores de deficiência, como para os não deficientes. Pode, entretanto, se mostrar necessário que se elabore um plano de ensino específico para uma determinada criança, em função de sua condição física e na medida em que esta última continue a ser um fator limitativo de sua capacidade...” A autora continua sugerindo, dentre as adequações mais comumente necessárias: Modificações nos recursos físicos dos prédios escolares 1. Colocação de pequenos degraus inclinados ou rampas. 2. Colocação de corrimões próximos a bebedouros, a assentos dos banheiros e à lousa. 3. Remoção de carteiras, de forma a possibilitar a passagem de cadeira de rodas, ou facilitar a locomoção de alunos com muletas. 4. Modificação, no mobiliário, de forma a promover maior conforto a crianças que usam tipóia, órteses e próteses. 5. Tapetes antiderrapantes, nas áreas escorregadias. 6. Portas largas. 13 7. Cantos arredondados no mobiliário. Modificações na sala de aula: BRASIL (2006), informa: 1. Forrar a carteira com papel, prendendo-o com fita adesiva, de forma a facilitar a escrita para as crianças que apresentem dificuldades de coordenação motora, espasticidade. 2. Colocar canaletas de madeira ou de P.V.C. cortado ao meio, em toda a volta da carteira, para evitar que os lápis caiam ao chão. 3. Providenciar suportes para livros. 4. Providenciar um vira-páginas mecânico. 5. Providenciar assentos giratórios nas carteiras, para facilitar o movimento de levantar e de sentar. 6. Providenciar descanso para os pés. 7. Providenciar extensões adicionais com dobradiças em carteiras, para crianças que têm pouco equilíbrio para permanecerem sentadas. 8. Aumentar o calibre do lápis, enrolando-o com fita crepe, cadarço ou ainda espuma, para facilitar a preensão. 9. Providenciar equipamentos como cadeiras ajustáveis, mesas que podem ser erguidas, estabilizadores, mesas talhadas, enfim, mobília que atenda problemas específicos de levantar e de sentar. 10. Providenciar ajudas técnicas conforme as necessidades do aluno. Adequações de Recursos Educacionais. Como com qualquer outro aluno, o professor deverá estar atento ao processo de ensino e aprendizagem, para identificar as necessidades peculiares do aluno com deficiência física. Crianças com lesões cerebrais às vezes apresentam dificuldades nas funções perceptuais, tais como discriminar cor, forma, número, tamanho, natureza e semelhança de objetos. Neste caso, deve-se acrescentar objetivo (s) educacional (is) para esse aluno em particular, com o (s) correspondente (s) conteúdo (s) de estimulação psicomotora. Crianças que apresentem dificuldades de apreensão de conceitos podem ser auxiliadas nesse processo se o professor planejar o ensino organizando objetos em categorias, enfatizando os aspectos e/ou itens relevantes em um contexto, 14 privilegiando experiências concretas antes de proceder ao estágio abstrato do trato dos símbolos numéricos, por exemplo. “Auxílios sinestésicos, tais como números para recortar, ou de lixa, que podem ser percebidos pelo tato, podem também ser bons auxiliares do ensino. Pode-se usar cores para fazer sobressair às configurações e auxiliar, assim, a percepção dos objetos e textos” (Wilson, 1971). Ainda outras recomendações são feitas, no sentido de se analisar os objetivos educacionais e por conseqüência, os conteúdos a serem trabalhados com o aluno, visando sempre lhe favorecer o exercício de participação no debate de idéias e no processo decisório quanto a sua própria vida e à vida da comunidade. Assim, pode ser útil favorecer ao máximo o enriquecimento de sua experiência de vida, através de: “1. integração íntima com a vida da escola 2. Estimulação de interesses e orientação à criatividade nas atividades de recreação 3. Estimulação da iniciativa e da capacidade de liderança do aluno 4. Estimular a experiência da vida na comunidade 5. Estimular a ampla utilização das bibliotecas públicas e da escola” (Wilson, 1971). No que se refere às atividades de leitura, recomenda-se que esta seja estimulada, respeitada as adequações que se fazem necessárias. A leitura silenciosa, por exemplo, pode se tornar fonte de prazer, estímulo do pensamento criador e via de acesso a ilimitadas oportunidades de experiência pessoal para a criança com grandes dificuldades motoras de comunicação oral. A criança que tem grandes dificuldades de desenvolver uma comunicação oral funcional pode ser bastante beneficiada por formas alternativas de comunicação social, tais como: por escrito, através do uso de quadros de conversação (cadernos de signos, livros de comunicação, os quais são cadernos ou livros que contêm figuras correspondentes a substantivos, adjetivos, verbos, advérbios mais comumente utilizados na linguagem coloquial do cotidiano), através do uso de caixas de palavras com figuras, de máquinas de escrever, de computador. “O professor ativo e criador é capaz de encontrar várias maneiras para favorecer o desenvolvimento da coordenação física, à medida que a aprendizagem acadêmica do aluno progrida. Equipamento especial pode também ser pensado, e organizado, com o auxílio de um fisioterapeuta ou de um terapeuta ocupacional”. O BRINCAR 15 As crianças precisam brincar. Muitas pesquisas destacam a brincadeira como elemento fundamental para a construção da alegria da criança, seu convívio social e consequentemente a sua qualidade de vida. Em uma forma de raciocínio bastante simples, alguém poderia pensar que uma criança deficiente pouco aproveita das brincadeiras. Em nossa longa experiência como educadores afirmamos que é exatamente o contrário. São momentos de liberdade, criatividade, superação. Desta forma, para a criança com deficiência ela é fundamental. Muitas escolas não sabem o que fazer. Com relação a este assunto, selecionamos a LEITURA ANEXA 3 que trata de formas interessantes para a realização de brincadeiras com pessoas deficientes, em especial, crianças cegas. São formas criativas que foram desenvolvidas e aplicadas com todo o cuidado, descritas por uma pesquisadora que é mãe. Trata-se de uma leitura técnica porém emocionante. A Figura 3 apresenta um deficiente brincando. Figura: 3: Deficiente brincando Fonte: http://lohcoelho- essacoisachamadaamor.blogspot.com.br/2010/10/viver-para-aprender.html A Deficiência Múltipla: Expressão adotada para designar pessoas que têm mais de uma deficiência. É uma condição heterogênea que identifica diferentes grupos de pessoas, revelando associações diversas de deficiências que afetam, mais ou menos intensamente, o funcionamento individual e o relacionamento social. Uma grande dificuldade para os educadores que atuam nessa área é a insuficiência de literatura sobre o assunto, a falta de intercâmbio de experiências e a escassez de pesquisas científicas e de registros da prática pedagógica. 16 Segundo CONTRERAS & VALENTE (1993), a caracterização da deficiência múltipla exige a observância de certos aspectos: - “tem de haver simultaneamente, na mesma pessoa, duas ou mais deficiências (psíquicas, físicas e sensoriais); - essas deficiências não têm de ter relação de dependência entre si, quer dizer, uma das deficiências não condiciona que exista outra ou outras deficiências; Aspectos envolvidos: - a atitude de aceitação por parte da família; - a intervenção adequada para atuar nas causas e nos efeitos das deficiências; - a oportunidade de participação e integração da pessoa ao ambiente físico e social; - o apoio adequado, com a duração necessária, para melhorar o funcionamento da pessoa no ambiente; - o incentivo à autonomia e à criatividade; - as atitudes favoráveis à formação do autoconceito e da auto-imagem positivos. Assista ao vídeo que selecionamos, sobre uma cadela que nasceu sem as patas dianteiras e superou esta deficiência com muito estímulo e determinação. Veja em: http://www.youtube.com/watch?v=gHKMbAyMlbY Para (BRASIL, 2000), as deficiências múltiplas manifestam-se de modo a envolver algumas das seguintes dimensões: Física e psíquica - deficiência física associada à deficiência mental; - deficiência física associada a transtornos mentais; Sensorial e psíquica - deficiência auditiva associada à deficiência mental; - deficiência visual associada à deficiência mental; - deficiência auditiva associada a transtornos mentais. Sensorial e física - deficiência auditiva associada à deficiência física; - deficiência visual associada à deficiência física; Física, psíquica e sensorial 17 - deficiência física associada à deficiência visual e à deficiência mental; - deficiência física associada à deficiência auditiva e à deficiência mental; - deficiência física associada à deficiência auditiva e à deficiência visual. Outras associações de deficiências podem encontrar-se no meio educacional, além das mencionadas. De acordo com VITÓRIO (2013), o Brasil tem 24,5 milhões de pessoas (14,5% da população) com alguma deficiência, sendo que 48% desse total possuem deficiência visual, 23% deficiência motora, 17% deficiência auditiva, 8% deficiência intelectual e 4% deficiência física. Ao todo, 4,3 milhões (2,5% da população) possuem restrições severas. Frente a essa realidade, há de se pensar um modo de prevenir as deficiências, bem como de atender à população específica que já convive com essa condição. Prevenção: A prevenção primária implica na realização de programas de combate a doenças causadoras de deficiências; campanhas de vacinação; programas de prevenção materna sobre o uso de drogas e álcool; campanhas de prevenção de acidentes; e mais, evitar o uso de medicamentos inadequados; evitar infecções e doenças durante a gravidez; evitar contato com venenos de qualquer natureza, etc. A prevenção secundária, que também é muito importante, diz respeito à realização de ações que reduzam ou revertam os efeitos e a duração das deficiências que já ocorreram. Exemplos de prevenção secundária: - dietas para crianças que nascem com fenilcetonúria e outras enfermidades; - participar de programas de intervenção precoce; - fazer tratamentos de saúde e usar medicamentos prescritos pelo médico. A prevenção terciária refere-se à realização de ações que limitam as conseqüências das deficiências já adquiridas e melhoram o nível de funcionamento da pessoa, como ocorre com os programas de atendimento educacional e de saúde. O conhecimento das etiologias da deficiência múltipla ajuda a entender melhor as formas de prevení-las. A deficiência múltipla é originada de fatores: - pré-natais; - perinatais ou natais; - pós-natais. 18 Quadro I - Condições associadas a deficiência múltipla Época de Agentes que Atividade do Resultado típico ocorrência afetam agente do problema Concepção Translocação de Mudanças sérias Certos reagrupamentos dos pares no cromossomos; resulta em de cromo-ssomos embrião e no feto, deficiência grave e em no muitas vezes outras complicações. Pode nascimento; erros fatais; ser revertido parcialmente congênitos do incapacidade de quando metabolismo. efetuar processos diagnosticada cedo, químicos e administrando-se uma metabólicos. dieta especial. Danos ao desenvolvimento fetal. Pré-natal Medicamentos Medicamento Uma criança como a usado acentuadamente deformada talidomida. como sedativo com anomalias sérias no para coração, olhos, ouvidos, a mãe. Pode membros prejudicar o superiores e inferiores e desenvolvimento outros. normal do embrião. Natal Anoxia (falta A falta prolongada Criança com paralisia prolongada de de cerebral que pode ou oxigênio ao feto oxigênio pode não ter deficiência durante o causar mental e outros defeitos que processo de a destruição afetam a nascimento) irreversível de visão e a audição. células cerebrais. Pós-natal Encefalite e Doenças Pode levar a uma meningite infecciosas variedade de problemas, (sarampo, como a coqueluche e falta de atenção e a outras) podem hiperatividade. Causa levar à inflamação epilepsia, deficiência das células do mental e problemas cérebro e a sua de comportamento destruição. Fonte: KIRK & GALLAGHER, 1987. Segundo LUCKASSON (1992), da Associação Americana de Retardo Mental, o apoio educacional é definido como: “Recursos e estratégias que promovem os interesses e as realizações dos indivíduos com ou sem deficiências, 19 capacitando-os a terem acesso a recursos, informações e relacionamentos no ambiente em que vivem; resulta no aumento da independência/interdependência, produtividade, integração e satisfação na vida comunitária.” ( p.101 ) O apoio deve ser aplicado levando em conta as necessidades da pessoa com múltipla deficiência. Os educadores defendem que o apoio apropriado, durante o tempo necessário, pode melhorar a atividade funcional e a qualidade de vida da pessoa com múltipla deficiência. A forma e a intensidade como é administrado contribuem em maior ou menor escala para a aquisição e o desenvolvimento de suas habilidades adaptativas. Deficiência mental e transtorno mental Deficiência mental é uma condição diferente de transtorno mental, embora haja uma tendência generalizada em confundi-las. As pesquisas revelam que, na sociedade como um todo, entre 15 a 19% das pessoas podem ser portadoras dos mais diversos tipos de transtornos mentais (LUCKASSON, 1992). Uma prevalência dessa ordem equivale à existência de milhões de pessoas sofrendo de transtornos mentais, na população brasileira. Segundo essa mesma estimativa, entre os portadores de deficiência mental, os transtornos mentais apresentam uma prevalência que chega a atingir um percentual entre 20 a 35% da população geral, ou seja, entre os portadores de deficiência mental encontram-se milhares de pessoas que apresentam transtornos mentais associados. Dentre esses transtornos, encontram-se, no ambiente escolar, quadros autísticos, psicoses e outros associados à deficiência mental. Mesmo com essa estatística elevada, é importante considerar que a maioria das pessoas com deficiência mental não têm transtorno mental associado. Do mesmo modo, está comprovado que as pessoas com transtornos mentais não apresentam deficiência mental, embora se possa observar em alguns casos. A escola pode participar positivamente na vida do aluno com necessidades especiais. Primeiramente, há deficiências mentais que revelam pouco rebaixamento da capacidade cognitiva de seus portadores. Do mesmo modo, há transtornos 20 mentais menos graves. As possibilidades educacionais dessas pessoas são mais favoráveis do que se essas condições se apresentassem com maior gravidade. A atuação do educador assume uma importância essencial no atendimento às pessoas com deficiência visual e auditiva. Seu papel mediador nas relações da criança com o meio é essencial para o desenvolvimento e a aprendizagem do aluno. A mediação traduz-se em atitudes e ações. Veja exemplos: - apoiar e encorajar a exploração dos estímulos ambientais; - despertar a motivação e o desejo de experimentar; - incentivar a iniciativa e a persistência nas tarefas; - desafiar a interação com o ambiente; - oferecer apoio nas áreas necessárias e pelo tempo requerido; - apoiar e orientar a família. As necessidades mais expressivas, identificadas na pessoa surda-cega, se concentram em duas áreas principais: comunicação e mobilidade. Estas áreas estão vinculadas ao estabelecimento de relações sociais e à autonomia no meio ambiente, seus efeitos podem repercutir em defasagem no desenvolvimento social, emocional e cognitivo. Deficiência múltipla e perspectivas educacionais: Genericamente, as limitações nas habilidades adaptativas de crianças, jovens e adultos com múltipla deficiência estão relacionadas principalmente aos fatores: - à gravidade e ao tipo de associação de deficiências de que são portadores; - às condições físicas e de saúde de que dispõem; - às condições afetivo-emocionais pessoais e dos familiares; - aos estímulos e demandas ambientais; - ao contexto familiar e comunitário favoráveis; - ao início do aparecimento das deficiências; - ao adequado atendimento educacional (realizado o mais cedo possível); - ao apoio adequado e no tempo necessário. Sabe-se que a existência de graves comprometimentos intelectuais e/ou psíquicos marcam, de certo modo, as expectativas de desenvolvimento e de aprendizagem das pessoas com múltipla deficiência. 21 As deficiências mentais graves e os quadros crônicos de transtornos mentais, quando associados a outras deficiências, tornam o prognóstico pouco promissor quando a meta é a socialização e a participação da pessoa como um cidadão autônomo e ativo na sociedade. Nesse caso, a finalidade educacional deve focalizar o desenvolvimento da criança e dar lugar a ações que visem à melhoria de seu nível de funcionalidade e de qualidade da vida pessoal e familiar. Quando as deficiências associadas não comprometem o funcionamento cognitivo ou psíquico, as perspectivas de escolarização são melhores e devem considerar as possibilidades de adequação curricular. As oportunidades educacionais devem ser propiciadas o mais cedo possível e contemplar experiências que favoreçam o desenvolvimento integral da criança e a motivação para interpretar a realidade e interagir no meio ambiente. A esse respeito, defende-se uma educação inclusiva, onde as crianças tenham a oportunidade de contato com as demais, a possibilidade de vivenciar experiências compartilhadas e o ensejo de aprender habilidades necessárias à efetiva integração comunitária. A literatura especializada indica que as etapas do desenvolvimento infantil são similares e obedecem aos mesmos princípios e pressupostos para quaisquer crianças, mesmo as que apresentam graves e múltiplas deficiências. O Programa de Intervenção Precoce destina-se a bebês de zero a três anos que apresentam necessidades especiais ou sejam considerados de risco. As seguintes características estão implícitas no programa, de acordo com o MEC / Secretaria de Educação Especial – SEESP (1995): - deve ser conduzido ou orientado por profissionais preparados que tenham conhecimento de desenvolvimento e aprendizagem infantil, uma vez que uma intervenção inadequada pode resultar em danos físicos e/ou psicológicos para a criança; - a carência, inadequação ou sobrecarga de estimulação, nos primeiros anos de vida, podem alterar o desenvolvimento natural do processo evolutivo da criança; - o desenvolvimento cognitivo, socio-afetivo e psicomotor ocorre mediante a adequada estimulação da criança e, também, auxiliado pelas relações interpessoais favoráveis com os que realizam seu atendimento. 22 Os Programas de Intervenção Precoce começaram no Brasil por volta de 1978, expandindo-se, durante os últimos anos, em algumas regiões brasileiras mais desenvolvidas, onde vêm demonstrando eficiência na prevenção das deficiências ou na redução de seus efeitos nas crianças que já as adquiriram. O Programa de Intervenção Precoce é definido pelo BRASIL (1995), como: “O conjunto dinâmico de atividades e de recursos humanos e ambientais incentivadores que são destinados a proporcionar à criança, em seus primeiros anos de vida, experiências significativas para alcançar pleno desenvolvimento em seu processo evolutivo.” (p.11) O contexto familiar: A família recebe atenção especial no programa. Sua participação concretizase de dois modos: - atuando junto com o professor na realização das sessões de atendimento. Nesse aspecto, a orientação aos pais é sistemática e demonstrativa, realizando-se individualmente ou em grupo, de modo a permitir uma adequada continuidade do trabalho no lar; - recebendo apoio emocional, que focaliza as dificuldades que possam aparecer no nascimento de um filho com necessidades especiais. De um modo geral, a família reage com frustração e insegurança ao nascimento de um filho que esperava sadio e “normal”. Não raro, vivencia sentimentos de compaixão ou culpa. O desapontamento pode dar lugar ao desespero, à depressão, à dúvida e à incerteza, vindo a requerer intervenção, com base em uma relação de ajuda. Além de apoiar a família para lidar com esses sentimentos, o Programa tem como objetivos, entre outros: - favorecer a aceitação do bebê no contexto familiar; - oferecer informações sobre as condições da criança e de seu desenvolvimento; - incentivar e encorajar os pais frente às possibilidades e expectativas futuras do bebê; - amenizar as dúvidas e conflitos nas relações familiares relacionadas à criança; 23 - favorecer a construção de um vínculo positivo entre a criança e seus familiares, especialmente o vínculo mãe-filho. No Programa, a família representa apoio ao trabalho do professor, ao mesmo tempo que constitui objeto da intervenção. Entende-se desse modo, porque a deficiência não atinge somente a criança, mas envolve todo o contexto familiar. O êxito da intervenção deve resultar em ganhos para os membros da família e refletir favoravelmente na dinâmica familiar. Há diversos modelos de intervenção precoce, dependendo do enfoque adotado. O modelo educacional considera os seguintes aspectos: - a criança deve ser vista como um ser integral; - recomenda-se não dividir os atendimentos entre diversos profissionais, ou seja, o Programa deve ser conduzido por um profissional único, com preparação e orientação em várias áreas do conhecimento; - a intervenção inicia-se pela avaliação do desenvolvimento global da criança; - o plano individual de intervenção é baseado no projeto de currículo educacional apropriado para a fase de desenvolvimento e adequado às condições pessoais do educando; - a organização dos meios e recursos técnicos, tecnológicos, materiais e espaciais necessários ao atendimento é propiciada; - a preparação e a orientação familiar é indispensável para viabilizar a participação efetiva nas sessões de atendimento e para a continuidade no lar; - recomenda contatos com profissionais da comunidade, para intercâmbio de experiências e possíveis participações no atendimento à criança. Nesse modelo, o atendimento pode realizar-se em dois encontros semanais, com a presença de um membro da família, co-participante das atividades desenvolvidas, devendo dar continuidade ao Programa, no ambiente doméstico, durante os demais dias da semana. Para as crianças de até dois anos, as sessões previstas são individuais e têm a duração inicial de 20 minutos, podendo estender-se a 40 minutos, de acordo com a idade da criança e de suas condições pessoais de saúde, aprendizagem e desenvolvimento. Quando o atendimento se realizar em grupo, poderá ter a duração de até uma hora e meia. Para as crianças maiores de dois anos, o tempo poderá estender-se gradativamente até a duração de quatro horas. 24 Os componentes curriculares devem corresponder às necessidades e potencialidades de cada criança e ser desenvolvidos de modo a atender a seus interesses e motivações. Recomendam-se atendimentos preferencialmente em pequenos grupos – duas a três crianças. Considerando tratar-se de múltipla deficiência, deve dispensarse atenção individualizada, mesmo nas atividades de grupo. Lembrar que o convívio entre as crianças é sempre recomendado. Os profissionais: O Programa de Intervenção Precoce, na perspectiva educacional, deve ser conduzido por um professor ou pedagogo. Cabe a esse profissional obter conhecimentos básicos sobre o desenvolvimento e a aprendizagem infantil, pautados na área de Psicologia, Fonoaudiologia, Fisioterapia, Terapia Ocupacional e outras, para atuar numa perspectiva transdisciplinar. Essa formação multidisciplinar do professor não significa que a criança tenha de ser vista “por partes” ou ficar sujeita a atendimentos variados com profissionais das diferentes áreas. Implica o professor possuir tais conhecimentos, o que não elimina a possibilidade de, para melhor qualidade do trabalho, vir a receber orientação direta dos profissionais dessas áreas. O importante a considerar é que o programa educacional de intervenção precoce contemple a criança globalmente e que o profissional que conduz o processo esteja devidamente preparado para realizá-lo, não sobrecarregando a criança, mas apoiando seu desenvolvimento e sua promoção como ser humano. Esse profissional deve estar preparado, também, para lidar de forma adequada com a família. A participação da família é fundamental para o sucesso das atividades de apoio. Segundo BRASIL (1995), cabe ao professor, no desenvolvimento do programa: - identificar as oportunidades educacionais presentes no lar, oferecidas pela família; - avaliar o desenvolvimento psicoeducacional da criança; - analisar as condições físicas e atitudinais adversas na família e no ambiente circundante; 25 - elaborar e executar os planos de intervenção adequados ao atendimento da criança e de sua família, bem como organizar o ambiente favorável para sua realização; - incentivar e orientar a família para participar do programa de intervenção e de outras ações favoráveis ao desenvolvimento e à aprendizagem do filho. O ambiente e os recursos: O atendimento deve considerar, entre todos os aspectos já focalizados, o espaço físico adequado, ou seja, incluir mobiliário, material pedagógico e equipamentos apropriados para que a criança seja atendida de acordo com suas necessidades e potencialidades. O material pedagógico é o mesmo utilizado para as demais crianças que não apresentam deficiências, sendo apropriados para a idade. Deve ser atraente, atóxico e variado, podendo conter também material de sucata. O importante é que desafiem a curiosidade e o interesse da criança e estimulem o manuseio, a criatividade, a exploração e o desejo de brincar e compartilhar. O material deve caracterizar-se pela variação de cor, tamanho, forma, produção sonora; possibilitar diversas sensações tátil-cinestésicas e estimular movimentos variados no tempo e no espaço (lentos, rápidos, simples, longe, perto, etc.). Dentre os equipamentos e mobiliários destacam-se alguns como indicados para atender às especificidades das crianças com múltipla deficiência, a exemplo dos aparelhos auditivos, mesas e cadeiras adaptadas, lupas manuais e de mesa. O espaço amplo e bem adaptado é necessário para favorecer a mobilidade das crianças e a instalação de barras, rampas, brinquedos fixos no teto ou na parede, cantinhos, tablado, cenário, dentre outros. Animais e plantas são importantes para o programa de estimulação, bem como parques, piscinas e diferentes tipos de solos para a criança deslocar-se, percebendo as diferentes texturas, obstáculos e ondulações. As condições da criança definem o ponto de partida e a finalidade de cada sessão, bem como o ritmo e a expectativa de finalização do programa, como indicado pela avaliação processual. O bebê deve participar de atividades em grupo, não apenas com crianças com necessidades especiais, mas, preferencialmente, em ambientes integradores. 26 Seus cuidados devem ser programados de modo a atender às necessidades comuns a qualquer criança de sua idade e às que são próprias das deficiências de que é portador. Do mesmo modo, o professor dever observar que atividades ela não consegue realmente realizar em decorrência de suas limitações, e as experiências que pode vivenciar, desde que receba o apoio apropriado. Os excelentes resultados obtidos pelas crianças com múltiplas deficiências atendidas no Programa de Intervenção Precoce comprovam a necessidade de ampliar-se a oferta desse serviço em todo o país. Certamente, a existência dos programas pode fazer grande diferença na vida das crianças com necessidades especiais. Os conteúdos curriculares do Programa de Intervenção Precoce são vivenciados num ambiente lúdico, natural e acessível à criança. Estão organizados nas seguintes dimensões: - Atividades que estimulam o movimento e a ação da criança, o desenvolvimento da coordenação motora geral e do equilíbrio; - a coordenação óptico-motora; - a habilidade manual; - a consciência e o domínio corporal e postural; - a locomoção; - as relações espaço-temporais; A senso-percepção e a exploração dos objetos, propiciando prazer à criança Possibilitam o conhecimento e a vivência corporal, o domínio do corpo no tempo e no espaço, os movimentos e sua relação com os outros (crianças ou adultos) e com os objetos. Contemplam, enfim, a dialética do eu versus mundo, no contexto evolutivo dos primeiros anos da infância. O desenvolvimento psicomotor requer o envolvimento ativo da criança em todas as situações de aprendizagem e a observância de suas possibilidades. Convém levar em conta a idade cronológica, o interesse e as etapas do desenvolvimento. A criança deve ser estimulada e encorajada pelo professor e pelos familiares a descobrir o mundo a sua volta, a interferir na ordem dos objetos e a explorar a riqueza dos estímulos circundantes. 27 Sugestões de atividades psicomotoras: - estimular movimentos corporais da criança, de modo a vivenciar diversas posições no espaço, no tempo, utilizando ou não objetos; - estimular a criança a seguir movimentos humanos e produzidos pelos objetos; - propiciar atividades de exploração do próprio corpo e de outrem, por meio de atividades interessantes, tais como cantigas, teatro, desenhos, figuras, histórias, etc.; - estimular movimentos e deslocamentos da criança: sentar, deitar, andar, correr, saltar, esticar-se, encolher-se, subir, descer, etc.; - brincar livremente com brinquedos variados; - cantar, vivenciando movimentos e gestos diversos; - folhear revistas; - brincar com bolas de diferentes tamanhos e cores: segurar, jogar, aparar, rolar, colocar dentro de recipientes, retirar, etc.; - andar descalço em diferentes tipos de solo; - estimular a criança a lidar com obstáculos: retirar, desviar, desmanchar, etc.; - fazer encaixe, montar peças, etc. A atuação mediadora do professor é imprescindível, na organização de experiências de aprendizagem que impulsionem o desenvolvimento da criança, no processo de construção de funções psicológicas sucessivamente mais evoluídas. Sugestões de atividades cognitivas: - explorar objetos de diversos tamanhos, formas, peso, textura e utilidade, realizando movimentos como apalpar, apertar, jogar, entregar e receber; - estimular a criança a observar os acontecimentos a sua volta, mostrando e comentando o que está vendo; - brincar com brinquedos diversos; - cantar, dançar, imitar animais, brincar de roda, folhear livros interessantes para a idade; - realizar atividades que envolvam o sentido tátil: objetos macios, duros, moles, etc.; - experimentar diferentes gostos e cheiros; - conversar com a criança e pedir que mostre ou nomeie o que for solicitado, fazer relatos, lembrar acontecimentos; 28 - propiciar brincadeiras que mantenham a criança atenta; - perguntar: que ouviu, que viu, que aconteceu, frente a acontecimentos circundantes; - estimular a criança a repetir, seguir instruções, afirmar, negar, explicar, etc.; - rabiscar, colar, amassar papel, pintar, participar de jogos e brincadeiras; - brincar de arrumar a casa, fazer compras, costurar, fazer comida, etc.; - observar o tempo e a temperatura local, olhar as nuvens, ver a natureza, comentar as distâncias; - descobrir como os brinquedos funcionam, ajudar a colocar as pilhas, guardálos, mostrar onde estão guardados, etc. Atividades que despertam e estimulam o desenvolvimento da comunicação e da linguagem, são importantes mediadores. Focalizam as iniciativas da criança desde as primeiras emissões vocálicas, estimulando sua capacidade auditiva e o exercício dos órgãos fonoarticulatórios. Requerem ações que promovam a aquisição, o desenvolvimento e a expressão das habilidades de comunicar-se de forma verbal e não-verbal. Consideram-se importantes para o desenvolvimento da linguagem infantil as atividades que levam à compreensão de mensagens simples; à estimulação do pensamento e à produção de idéias; à exploração de sons variados; ao enriquecimento do vocabulário de maneira lúdica e espontânea. Em suma, à interpretação dos acontecimentos do mundo circundante. As seguintes atividades favorecem a participação prazerosa da criação no ambiente educativo: - falar suavemente com a criança; - falar, parar e observar a reação da criança; - cantar com e para a criança; - brincar com sons: fortes, fracos, longos, curtos, etc.; - imitar o som dos objetos; - brincar de identificar (adivinhar) sons; - produzir sons com objetos variados; - verbalizar para a criança, as coisas que forem fazendo: brincar, tomar banho, abrir a janela, etc.; - estimular a criança a fazer movimentos variados com os lábios, bochechas, língua; 29 - nomear os objetos, perguntar nome de pessoas e objetos; - contar histórias, fazer perguntas sobre as histórias; - nomear partes do corpo, de forma vivenciada: agora, vamos pentear os cabelos, etc.; - pedir à criança para contar o que viu, o que deseja ganhar de presente, etc.; - pedir à criança para seguir instruções simples: levantar-se, pegar uma bola, etc.; - brincar de estátua, de fazer mímica e gestos; - fazer caretas e expressões de alegria, de tristeza, etc.; - mostrar partes do corpo, peças do vestuário, objetos de uso, brinquedos, locais, etc.; - brincar de teatro, de programas de TV, imitar artistas, etc.; - verbalizar desejos, acontecimentos, o que gosta, o que não gosta. O programa educacional focaliza o desenvolvimento das relações interpessoais da criança, de modo a permitir sua capacidade de discriminar e de expressar seus diferentes estados afetivos; interagir harmoniosamente com os outros; aprender condutas sociais; colaborar; ampliar suas relações afetivas e sociais, enfim, desenvolver habilidades interpessoais que a levem a experimentar uma convivência prazerosa e estimulante com seus colegas e com os adultos. Apoiar afetivamente a criança contribui para sua constituição como sujeito. É possível criar espaços e compartilhar momentos de trocas afetivas, por exemplo: - manter contato estreito e contínuo com a criança em sua rotina diária; - cuidar da criança com afeto e demonstrar-lhe ternura; - cantar para e com a criança; - demonstrar e verbalizar atenção e cuidado com animais e plantas, incentivando a criança a fazê-lo; - expressar estados afetivos: estou feliz, porque ... ; - perguntar à criança sobre os seus estados afetivos: você gostou de brincar? - propiciar momentos de prazer e de alegria à criança; - permitir o choro, confortando a criança; - incentivar o vínculo afetivo da criança com pessoas da família e amigos; - cumprimentar, despedir-se, acenar, etc.; - ensinar gestos e comportamentos sociais; 30 - comentar sentimentos e emoções imediatas das pessoas a sua volta e de personagens de história; - brincar em espaços amplos; - montar e desmontar objetos; - passear, viajar, andar pela comunidade, conhecer pessoas; - interferir quando a criança machucar as pessoas, comentando o que fez, o que a pessoa sentiu, como devia fazer; - oferecer segurança à criança; - cuidar, guardar e preservar objetos; - cuidar de animais e plantas; - incentivar a criança a descobrir, inventar, explorar os objetos, sempre verbalizando: – que bom, você ... ; - incentivar a criança a consertar, refazer, reaver, repetir, recuperar, retornar, etc.; - proporcionar ambiente aconchegante e seguro; - respeitar os interesses, o ritmo e os sentimentos da criança. As circunstâncias familiares e escolares devem oferecer oportunidade propícia para a criança sentir-se como parte integrante do ambiente, sendo amada e aceita. Estabelecem as bases para os comportamentos solidários e cooperativos e para a interdependência que deve existir entre os seres humanos para a melhoria da qualidade de vida de todos. Para BRASIL (2006), as atividades devem estimular, gradativamente, a autonomia e a independência da criança, de acordo com suas condições evolutivas e pessoais, compartilhando oportunidades para: - observar os cuidados com a saúde e a segurança da criança; - ensiná-la a evitar riscos e perigos: tomadas, fios elétricos, altura, objetos pontiagudos; - folhear revistas e observar figuras de pessoas arrumadas, penteadas, fazendo higiene, cuidando do ambiente; - estimular a criança a alimentar-se adequadamente e de forma variada; - incentivar hábitos higiênicos; - incentivar independência nos hábitos alimentares e de higiene; - brincar de cuidar da alimentação e da higiene das bonecas; 31 - verbalizar quais são os comportamentos adequados para comer, dormir, lavar-se, etc.; - tornar agradável a hora da alimentação, do banho, do passeio, etc.; - ensinar a criança a identificar e a verbalizar desconforto; - usar o sanitário; - incentivar o respeito aos pertences dos outros; - estimular o uso adequado dos objetos e brinquedos; - estimular o interesse pelas atividades que envolvam outras pessoas, crianças e adultos. MAMEDE & CORRÊA (1997) recomendam atitudes e atividades que favorecem o desenvolvimento integral do bebê de zero a três anos e sua dimensão psíquica: - acolher e afagar a criança para dar-lhe segurança, conforto e disponibilidade para interagir com o ambiente; - mudar a criança de posição na cama, quando não puder fazê-lo sozinha, e estimular sua movimentação, por meio de objetos atrativos, palavras, movimentação; - brincar de “ginástica”; - massagear a criança; - oferecer objetos coloridos e sonoros, variados e motivadores; - sorrir para a criança, falar e passear com ela, dispensar-lhe atenção e cuidados; - dar espaço e condições para o bebê se movimentar, deixando que alcance, por si próprio, os objetos, possibilitando-lhe explorar diferentes espaços e ambientes; - oferecer objetos dentro de recipientes ou embrulhados para a criança desvendá-los; - esconder objetos e, depois, mostrá-los; - colocar objetos e brinquedos na ponta de um pano e deixar a criança puxálos e sentir, gradativamente, que pode alcançar o que deseja, usando seu próprio corpo e esforço; - achar objetos e pessoas escondidos; - demonstrar emoções vivenciadas à criança; - repetir o balbucio da criança, falar com ela usando palavras simples e bem pronunciadas; 32 - vivenciar o espaço, passando por baixo da mesa, entrar em gavetas, passar por dentro de uma caixa sem fundo; - empurrar e puxar objetos; - apertar botões, abrir e fechar portas e janelas, apagar e acender as luzes; - usar utensílios domésticos: prato, colher, etc.; - procurar os brinquedos onde estão guardados; - imitar gestos e mímicas faciais e corporais; - ajudar a criança a caminhar, conquistar o espaço e vencer obstáculos, o mais independentemente possível; - experimentar diferentes odores; - jogar objetos e apanhá-los; - conhecer animais; - cantar, aprender e ouvir música, dançar, produzir sons; - observar os demais fazendo atividades e “ajudá-los”; - andar descalço e experimentar diferentes tipos de solo; - subir e descer rampas e escadas, sofás, etc.; - imitar, palavras, gestos, movimentos, ações e sons diversos; - rasgar, amassar e picar papéis, embrulhar/ desembrulhar; - fazer pequenas tarefas, guardar roupas e brinquedos; - nomear pessoas, objetos, ações e partes do corpo; - rabiscar, colorir com lápis, giz, etc.; - participar de brincadeiras e jogos diversos; - folhear livros, revistas, ouvir histórias; - observar noções temporais: rápido, lento, noite, dia, etc. A estimulação do aparelho auditivo do bebê, deve ser feita, de modo a melhorar as condições de sua comunicação oral. As seguintes atividades são indicadas no treinamento auditivo: a. Explorar as fontes sonoras do meio ambiente; b. Produzir ruídos com o próprio corpo (tossir, gritar, bater palmas, etc. ); c. Ouvir músicas, palavras, sons, etc.; d. Identificar a origem e a presença de sons ambientais, dando um sinal convencionado; e. Marchar em direção a um som; 33 f. Produzir sons com instrumentos musicais. Treinamento fonoarticulatório e de fala: Para BRASIL (2000), este treinamento tem como objetivo conscientizar a criança para a existência e o uso dos órgãos da fala, ampliando sua capacidade de produção fonoarticulatória, de consciência muscular e tônica para a emissão vocal, e uso adequado do sistema visual e tátil-cinestésico para emitir fonemas e adquirir condições de articular os fonemas da língua materna. As seguintes atividades são exemplos de treinamento fonoarticulatório e de fala: a. Soprar velas, penas, barco de papel, bolas de sabão, língua de sogra, etc.; b. Brincar com os lábios, a língua e as bochechas, fazendo movimentos variados, espontâneos ou imitativos; c. Fazer mímicas faciais diversas, espontâneas ou imitativas; d. Tocar o palato com a língua, estalar, friccionar, deslizar a língua, etc.; e. encher balões; f. Inspirar e expirar, consoante movimentos bruscos, lentos, longos, seguindo um ritmo, etc.; g. Emitir sons espontâneos ou imitando o professor; h. Fazer movimentos variados com a mandíbula; i. Fazer movimentos dos lábios e da língua para produzir fonemas: t, d, s, r, etc.; j. Sussurrar, emitir sons breves, fracos, longos, etc.; k. Fazer vocalizações do tipo: pa – pa – pa – pa – pa... com os diversos fonemas, tocando o corpo para sentir as vibrações. Os exercícios podem ser feitos com um espelho para a criança observar a sua produção. Procurar torná-los agradáveis e prazerosos, dentro de um contexto de brincadeira, para não marcar o caráter de treinamento. Quanto ao desenvolvimento da eficiência visual, considere-se que: - as atividades destinam-se às crianças que possuem resíduos visuais; - objetivam desenvolver as funções visuais, estimulando e motivando a consciência visual e despertando o desejo de enxergar; - buscam favorecer o controle dos mecanismos ópticos: a fixação, o segmento visual, a focalização dos objetos; 34 - exercitar o controle da musculatura ocular e a coordenação dos movimentos visuais, entre outros; - é indispensável que o bebê receba a correção óptica adequada, prescrita pelo oftalmologista especializado, e que seja submetido à avaliação funcional da visão, de modo a receber as respostas educacionais correspondentes a suas necessidades especiais. As seguintes vivências favorecem o desenvolvimento da eficiência visual: a. olhar o rosto da mãe, do pai e da professora, tocando-os, enquanto escuta suas vozes e recebe carinho (Figura 4); Figura 4: Criança conhecendo o rosto de uma pessoa. Fonte: http://acaoesuperacao.blogspot.com.br/2008_07 _01_archive.html b. tocar o próprio corpo, com ou sem ajuda; c. olhar-se no espelho; d. brincar de esconde-esconde, de roda, de teatro, etc.; e. explorar objetos variados em cor, tamanho, forma, peso, textura, quantidade, etc.; f. executar variados movimentos no solo, na cama, na poltrona, com objetos, etc.; 35 g. brincar com objetos sonoros; h. seguir ou fixar objetos brilhantes (foco de lanterna, luzes coloridas, etc.); i. brincar com jogos de encaixe, de montar, massa de modelar e com jogos pedagógicos variados. Algumas crianças não dispõem de resíduos visuais. São cegas. Despertar seu desejo de brincar e de participar do mundo a sua volta é um dos objetivos do programa de intervenção precoce. Torna-se muito importante que o professor observe o uso eficiente dos sentidos remanescentes para trabalhar com o bebê o conhecimento dos objetos, sua função e sua interação com ele. Do mesmo modo, despertar o bebê para a presença das pessoas e o prazer em interagir com elas. O professor deve incentivar a criança a concentrar-se nos sentidos remanescentes para conhecer o ambiente circundante, de forma a apropriar-se dos conteúdos de sua cultura. Premiar a iniciativa, a intencionalidade e a criatividade, apoiando a criança quando sentir medo de deslocar-se ou de tocar objetos desconhecidos, oportunizar vivências construtivas para a criança cega, como se segue: - tocar o rosto da mãe, do pai, da professora, explorando cada parte, enquanto ouvem sobre suas funções; - tocar objetos de diferentes materiais, texturas, tamanhos, formas; - brincar com objetos com diferentes sonoridades; - massagear o corpo do bebê, para que sinta o prazer do toque e receba afeto; - ajudar a tocar as partes do corpo, para o bebê tomar consciência corporal e de suas funções; - exercitar movimentos corporais diversos na cama, no solo, etc.,; - engatinhar, arrastar, caminhar, explorando diversas direções e velocidades (devagar, rápido, antes da mamãe, depois da mamãe, etc.); - sentir os objetos com as mãos, os pés, o corpo todo; - entrar e sair de dentro de caixas, gavetas, sacos, etc.; - brincar sentado, deitado, de pé, em várias posições; - colocar e tirar objetos, nomeados pela professora; - vencer obstáculos físicos, com apoio (rampas, escadas, entrar, sair, atravessar uma caixa sem fundo, etc.;) 36 - brincar com rolo, rolar bola, empurrar e puxar carrinho; - cantar, dançar, ouvir histórias; - estimular a descoberta e o desejo de criar, incentivando as ações espontâneas; - brincar de balanço e em brinquedos variados no parque, experimentando relações espaciais e temporais; - passear, fazer compras, brincar com outras crianças, molhar as plantas, guardar os brinquedos; - participar da higiene pessoal e dos hábitos de alimentação para o exercício do auto-cuidado; - brincar com brinquedos móveis que apoiam a locomoção; - andar no corrimão, nos caminhos sensoriais, rastrear. As crianças com deficiências sensoriais apresentam problemas para compreender a realidade do mundo, devido aos obstáculos a serem percebidos, resultantes da ausência ou alteração das vias sensoriais afetadas. O déficit sensorial tende a deixar a criança alheia, desmotivada e desinteressada por aquilo que não pode perceber ou que percebe de forma deficiente. O trabalho precisa da mediação do professor para estimular, incentivar e encorajar a agir; despertar a curiosidade e o desejo de saber e favorecer o acesso ao mundo físico e social. O professor precisa ser preparado para trabalhar com essas crianças, como já mencionado anteriormente. VYGOTSKY (1995) ao referir-se à deficiência sensorial considera: “deve-se e pode-se tratar o menino cego, surdo, etc., tanto do ponto de vista psicológico como pedagógico, com a mesma medida do menino normal ... a diferença está nos símbolos, nos métodos, na técnica e nos procedimentos formais, embora exista uma identidade absoluta do conteúdo de qualquer processo educativo e de ensino.” (p. 161) Desta forma, a particularidade básica do desenvolvimento da criança cega é a alteração das percepções e das representações espaciais, as limitações na liberdade dos movimentos e as dificuldades com relação ao espaço. Segundo este autor, “a palavra vence a cegueira. Precisamente, a linguagem e a comunicação 37 com os videntes, são o meio fundamental da compensação do menino cego.” (p. 162). Ao referir-se à criança surda, Vygotsky (1995) salienta as possibilidades do ensino de uma linguagem alternativa, mediada pela visão: “habilidade do menino para perceber e compreender o quadro óptico da linguagem” (referindo-se à leitura orofacial, a linguagem digital e gestual). Assegura que as possibilidades da criança são diversas. Quando Vygotsky (1995) pondera sobre a criança surda-cega, conclui que “se sistema nervoso e psíquico no caso do cego-surdo não estão danificados, a criança tem possibilidades ilimitadas de desenvolvimento e de educação.” (p. 163). Um aspecto focalizado por todos os estudiosos, irrestritamente, é a necessidade de estimular as vias cognitivas e socio-afetivas da criança. Do mesmo modo, desenvolver a eficiência dos resíduos sensoriais e favorecer a reorganização sensorial dos sentidos remanescentes, de modo a ampliar a capacidade perceptiva da criança por meio das vias sensoriais alternativas. A orientação e as recomendações do médico e do fisioterapeuta são muito importantes, devendo ser buscadas e observadas. No entanto, o professor deve evitar restringir as possibilidades de participação da criança, atentando para atividades que não ponham em risco sua saúde. O uso de mobiliários (mesa, cadeira e carteiras adaptadas), a aquisição de próteses e de equipamentos adequados (computador, estabilizador de cabeça, de tronco e de quadril, andador, etc.) são importantes como recursos de acesso ao programa educacional. Todas as atividades devem ser realizadas em um contexto lúdico e funcional, sem a característica de “exercícios escolares” ou de treinamento. Em algumas situações, o Programa de Intervenção Precoce conta com uma equipe profissional integrada por psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, assistentes sociais, médicos e outros profissionais. Até mesmo serviços de manutenção em aparelhos e equipamentos de uso do programa podem estar incluídos. Nesse caso, o apoio direto ao professor é mais facilitado, conquanto essa situação seja rara em nosso país. Quando existe essa equipe, as funções desempenhadas em comum são, entre outras, as seguintes (BRASIL, 1995): 38 - participar da triagem das crianças elegíveis para o programa; - participar do processo de avaliação, integrando as contribuições de cada área em parecer único; - contribuir com as ações de intervenção em sua área de conhecimento, por meio de ações diretas ou mediante orientação ao professor; - elaborar relatórios com as contribuições de seu campo de conhecimento; - prestar informações e orientações aos familiares; - participar das reuniões de equipe para melhorar a qualidade do atendimento; - propiciar a complementação do atendimento ou fazer encaminhamentos, quando necessário. Muitas vezes, esses recursos humanos das diferentes áreas não estão reunidos no mesmo local. Nesse caso, o professor realiza o trabalho, com base em sua preparação específica, orientando a família a buscar os profissionais e serviços existentes na comunidade, adequados às necessidades do bebê. Cabe ao professor trocar idéias com esses profissionais, na medida do possível, para melhor conduzir seu trabalho, trazendo o máximo de benefício para a criança. ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO: Salientamos que o convívio com animais de estimação proporciona diversos estímulos que são fundamentais para a criança. A criança corre, brinca e realiza uma série de atividades com o animal. Atualmente, existem vários estudos que comprovam a importância dos animais de estimação com uso em terapias. Pet Therapy é classificada e dividida em TAA - Terapia Assistida por Animais; EAA - Educação Assistida por Animais e AAA - Atividade Assistida por Animais e é fundamentada na Zooantropologia, que é a uma ciência que estuda a relação do ser humano com os animais. Segundo FARACO et al. (2013), a Pet Therapy tem como objetivos o melhoramento das condições físicas, sociais, emocionais e de linguagem das pessoas que participam do projeto. A realização de uma terapia requer a presença de uma equipe multidisciplinar, de acordo com o paciente, suas dificuldades e/ou patologia. Tal procedimento não é aconselhado para todas as pessoas e nem para todos os tipos de patologia. 39 Não são consideradas apenas as expectativas, a personalidade e a patologia do paciente, mas também as características de personalidade do animal que será utilizado. O relacionamento entre criança-animal é seguramente um dos temas mais interessantes de pesquisa em zooantropologia, pelo fato que o animal proporciona uma grande curiosidade na criança e isso é uma forte motivação para melhorar e criar percursos didáticos interdisciplinares, e também pelo fato de que o animal se dispõe a ser um companheiro de brincadeiras, facilitando os momentos lúdicodidáticos que tem uma grande importância no processo de aprendizagem. Pode ser desenvolvido um projeto pedagógico interdisciplinar em escolas, com o objetivo de educar, informar e acima de tudo conscientizar e respeitar o animal. FARACO et al. (2013), informam que a Pet Therapy é dividida em: TAA (terapia assistida por animais), EAA (educação assistida por animais) e AAA (atividade assistida por animais) e de acordo com projetos específicos é possível: - melhorar aspectos afetivos, emocionais e psicológicos; - melhorar e/ou aumentar a interação verbal e elaboração da linguagem; - melhorar/ou aumentar a atenção e a concentração; - reduzir a ansiedade; - reduzir a solidão, aumentando a socialização e interação com os outros; - ajudar a desenvolver capacidade lúdica; - melhorar conceitos cognitivos (cores e forma, habilidade de organização, atenção e concentração, capacidade de resolver problemas); - melhorar a memória a breve e longo período; - ajudar o movimento físico de acordo com a possibilidade do paciente; - ajudar a conhecer os sinais não-verbais da comunicação; - oferecer um senso de proteção e de uma relação de dependência e cuidado; - ajudar a aprender o senso de responsabilidade; - melhorar a orientação e organização espacial; - melhorar a recordar e reconhecer. Foi realizada pesquisa por FARACO et al. (2013), onde constataram que muitas pessoas observam aspectos positivos da interação entre humanos e animais, entretanto, os resultados do estudo vão além e indicam que existe uma base de cientificidade para apoiar o uso de terapias mediadas por animais em saúde mental. 40 Os resultados motivam para a necessidade de aplicar e investigar mais extensamente sobre esta modalidade terapêutica. Os dados encontrados trazem questões a serem abordadas em novos estudos e, especialmente, com respeito às hipóteses de um período mais prolongado de duração das intervenções e/ou sua freqüência semanal, como possíveis variáveis a serem manejadas para investigar repercussões em outros contextos de interações cotidianas destas crianças e adolescentes. Salienta-se que, no caso de se fazer a escolha de ter um animal doméstico em casa, devem ser consideradas várias questões. Por exemplo: - Qual é a média de vida do animal? - A família está preparada para as despesas que virão com o novo membro? - O animal é dócil? - O animal terá um lugar adequado para dormir e fazer suas necessidades? - Quem será (ou serão) os responsáveis por tomar conta diariamente do animal, servindo-lhe água, comida, etc.? - Caso a família não se adapte ao animal, o que será feito dele? Para responder a estas perguntas, sugerimos que a família leve emprestado um animal de estimação de um amigo, apenas para passar alguns dias. Desta forma será possível avaliar melhor. É claro que são esperados resultados positivos, e é o que ocorre na maioria dos casos (Figuras 5 e 6). Figura 5: Criança brincando com cão 41 Fonte: http://www.dogtherapy.com.br/index.php?pag=cat&show=10 Figura 6: Criança demonstrando carinho a um gato http://portalcrescer.blogspot.com.br/2012/08/frase-de-gandhi.html REFERENCIAS BRASIL, Saberes e Práticas da Inclusão: desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais de alunos com deficiência física/neuromotora. [2. ed.] / coordenação geral SEESP/MEC. - Brasília : MEC, Secretaria de Educação Especial, 2006. 36 p. ______, Programa de capacitação de recursos humanos do ensino fundamental; Deficiência múltipla v.1, Brasília; Ministério da educação, secretaria de educação especial, 2000. ______, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO. Secretaria de Educação Especial. Diretrizes educacionais sobre estimulação precoce. Brasília: MEC, 1995. Série Diretrizes - 3. FARACO, CB; PIZZINATO, A; CSORDAS, MC; MOREIRA, MC; ZAVASCHI, MLS; SANTOS, T; OLIVEIRA, VLS; BOSCHETTI, FL; MENTI, LM.; Terapia mediada por animais e Saúde Mental: um programa no Centro de Atenção Psicossocial da Infância e Adolescência em Porto Alegre; Disponível em: http://www.psicologiaanimal.com.br/arquivos/artigos/saudemental.pdf; Acesso em 25/02/2013 KIRK, S. A . & GALLAGHER, J. J. Educação da criança excepcional.São Paulo: Martins Fontes, 1987. 42 LUCKASSON, R. A . Mental retardation: definition, classification and systems of support. USA: American Association on Mental Retardation, 1992. MAMEDE M. & CORRÊA, G.H.; Da Barriga da Mamãe aos 3 anos Brasília, Ed. Coronário; 1997. SIAULYS, Mara O. de Campos; Brincar para todos / Mara O. de Campos Siaulys. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2005. 152 p.: il. color. VYGOTSKY, L. S. Obras completas - fundamentos de defectología. Cuba: Editorial Pueblo y Educación, 1995. VITÓRIO, G.L. População brasileira com deficiência, Fonte oficial: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Disponível em: http://vejamos.com.br/145-da-populacao-brasileira-tem-alguma-deficiencia/, acesso em 17/01/2014. WILSON M.; Crianças com Deficiências Físicas e Neurológicas. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico AS.; 1971. 43