Pesquisa aprova consumo regular de carne vermelha

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Pesquisa aprova consumo regular de carne vermelha
Estudo publicado nos EUA nega que uso moderado do alimento seja fator
determinante para ocorrência de câncer, mas abuso pode gerar tumores
(02/05/2009)
Você adora uma picanha assada ou prefere uma vida natural como
vegetariano? Para o bem ou para o mal, todos se preocupam como as carnes
vermelhas atuam no corpo humano. Uma pesquisa financiada pelo Instituto
Nacional do Câncer e publicada no Archives of Internal Medicine dos Estados
Unidos tira o peso da consciência dos carnívoros. Ingerir carnes de forma
moderada faz bem à saúde – e um churrasco no final de semana não é tão
ruim assim.
A pesquisa analisou os hábitos alimentares de 500 mil norte-americanos entre
50 e 71 anos. Os resultados apontaram que o consumo elevado de carne
vermelha (68 gramas a cada 1.000 calorias ingeridas, o que seriam dois bifes
por dia) faz aumentar o risco de morte por câncer ou problemas
cardiovasculares. Acha pouco? Pois a média indicada é de apenas 42 gramas
de carne para cada 1.000 calorias.
Os dados ainda revelaram que 11% das mortes em homens e 16% dos óbitos
em mulheres poderiam ser adiados se o consumo de carne fosse de apenas 9
gramas para cada 1.000 calorias. Por semana, seriam 126 gramas de carne,
enquanto a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda 300 gramas no
mesmo período.
O doutor e cirugião-oncologista Luiz de Paula Silveira Júnior afirma que a
pesquisa mostra dados interessantes. Ele diz que não é apenas a carne que
pode trazer prejuízo para a saúde. A gordura animal não apenas ajuda a
entupir as veias e artérias como também pode ajudar a desenvolver câncer no
aparelho digestivo e de mama.
Mesmo assim, não é preciso se afastar das carnes. As pessoas precisam de
predisposição para desenvolver o câncer, além de fatores ainda não
esclarecidos, como alterações no DNA. Segundo Luiz de Paula, o importante é
manter o equilíbrio e focar na qualidade de vida.
“As pessoas devem comer carne moderadamente. Se gostam de churrasco,
comam no final de semana. O que não podemos é abrir mão da qualidade de
vida emocional. Não podemos tirar das pessoas o que traz felicidade”, explica.
Natural
A nutricionista Lívia Emi Inumaru também desenvolve pesquisa relacionando a
alimentação com o desenvolvimento do câncer. Segundo ela, os alimentos
processados, como apresuntados e mortadelas, estão entre os com maior risco
de proporcionar câncer de cólon e reto. A predisposição ainda seria o
diferencial.
Os trabalhos apontam que o consumo excessivo destes alimentos aumenta a
exposição a compostos potencialmente carcinogênicos, como nitrosaminas,
aminas heterocíclicas e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos. “É preciso
variar a composição dos alimentos e não comer apenas um tipo de carne no
cotidiano”, diz.
A alimentação também fornece proteção para o câncer de cólon e reto. O
cálcio presente no leite tem reação química com os ácidos biliares e estimulam
a mucosa do órgão. A prática de atividade física também tem sua vez. Ela
aumenta a taxa metabólica, melhora a oxigenação dos tecidos, reduz a
pressão arterial e a resistência à insulina, além de auxiliar o intestino.
Vilão
A nutricionista também afirma que não se pode considerar a carne o “vilão” da
saúde. O produto é grande fonte de ferro, zinco, vitamina B12 e outros
importantes nutrientes. O preparo é que faz a grande diferença. “O que deve
ser estimulado é a adoção de hábitos alimentares saudáveis, incluindo a
ingestão de carnes vermelhas. É preciso apenas tomar cuidado no preparo”,
afirma.
Frangos e porcos tomam espaço tradicional dos bovinos
Os goianos adoram um pedaço de carne, mas sem deixar a saúde de lado. O
professor universitário Romualdo Pessoa Campos, 52, mudou a dieta da
família. A carne vermelha ainda é a preferência da casa, mas perdeu espaço
para o frango e a carne de porco. O verde também tomou conta da mesa.
Romualdo explica que preferiu equilibrar a alimentação para prevenir doenças
cardíacas. A carne vermelha ainda predomina em seis dias da semana no
cardápio da casa, mas vem sendo menos utilizada.
Ele admite que a carne de porco está assumindo o posto de preferida. “É muito
menos hormônio na carne”, garante.
Quando não resiste a um bom pedaço de carne de boi, o professor prefere as
chamadas carnes de segunda. “Picanha não tem vez; gosto mesmo é de uma
boa carne de panela”, diz. “O que não pode faltar é folhagem para compensar”,
afirma sorrindo.
O promotor comercial Rafael Magela Reis Cruz, 20, se assume como
carnívoro. Ele não dispensa um bom churrasco e uma picanha é indispensável
nos finais de semana. O único problema é quando precisa assumir o comando
da churrasqueira. “Prefiro ficar de longe, apenas orientando e beliscando”, diz.
Ele afirma que não se preocupa com os dados da pesquisa. Rafael mantém
rotina de atleta para se livrar dos malefícios pecados cometidos na hora das
refeições. Correr e nadar estão na rotina diária, além dos cuidados na hora do
preparo do alimento. “Sempre evito a gordura, apesar de todo mundo dizer que
é o melhor pedaço”, destaca.
Dicas
Opte pelos cortes mais magros: filé mignon, lagarto, patinho, alcatra,
maminha, coxão duro, etc. Deixe a picanha, contrafilé e carnes mais
gordurosas para consumir esporadicamente.
Na compra, peça ao açougueiro para retirar a gordura aparente das
carnes.
Depois de pronta, se ainda tiver alguma gordura ou pele aparente, retire.
Prepare as carnes sempre assadas, grelhadas ou refogadas. Evite
frituras.
Este artigo encontra-se no site:
http://www.dm.com.br/materias/show/t/pesquisa_aprova_consumo_regular_de_carne_
vermelha
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