Fonte: O Globo Carteiras de dividendos apostam em ações ligadas à infraestrutura Analistas destacam geradoras de energia e empresas de telefonia Daniel Haidar [email protected] Estratégia. Patrick O'Grady, diretor da XP Gestão: Transmissão Paulista representa 14% do fundo de dividendos Carlos Ivan Ações de empresas ligadas à infraestrutura, como geradoras de energia e telefônicas, estão entre as principais apostas das corretoras para quem procura boas pagadoras de dividendos. Estes papéis atraem atenção especial num cenário de queda de 9% da Bolsa no acumulado do ano. Levantamento realizado a pedido do GLOBO pela XP Gestão mostra que existem ao menos 15 ações no mercado brasileiro com perspectiva de rendimento superior a 6% nos próximos 12 meses. A estimativa leva em conta somente o pagamento de dividendos - sem considerar a eventual valorização ou desvalorização do papel - e inclui ações de Telefônica Brasil, Tractebel, Cesp, CPFL Energia, entre outras. Especialistas recomendam que investidores analisem o cenário e as projeções de dividendos no longo prazo antes de efetivar a compra. - Carteira de dividendos tem que ter um prazo mais longo. Ao menos um ano de investimento - avalia Leonardo Milane, estrategista do Santander. AES TIETÊ E TAESA Investir em boas pagadoras de dividendos pode ser uma estratégia elaborada pelo próprio investidor ou realizada a partir da análise de gestores, que cuidam de fundos de investimento dedicados a garimpar dividendos. Alguns desses fundos chegam a distribuir os dividendos diretamente aos cotistas, enquanto outros guardam os proventos em caixa, e o investidor obtém o lucro quando há o resgate das cotas. - Nosso foco não é olhar o pagamento de dividendo neste ano, mas observar se a empresa é boa a ponto de dividendos. Alguns desses fundos chegam a distribuir os dividendos diretamente aos cotistas, enquanto outros guardam os proventos em caixa, e o investidor obtém o lucro quando há o resgate das cotas. - Nosso foco não é olhar o pagamento de dividendo neste ano, mas observar se a empresa é boa a ponto de ser boa pagadora de dividendos nos próximos dez ou 20 anos - diz Pedro Sales, gestor de fundos de dividendos do Credit Suisse Hedging Griffo (CSHG). No setor elétrico, o cenário mudou depois que o governo aprovou a Medida Provisória nº 579, que reduziu a remuneração de tarifas de energia para diversas empresas a partir deste ano. Com lucros menores, as companhias afetadas passaram a alimentar a expectativa de dividendos menores. Só que o preço de algumas ações caiu tanto que elas se tornaram atraentes para investir. De quatro carteiras de dividendos de corretoras consultadas pelo GLOBO (Um Investimentos, Itaú BBA, Octo e Planner), Taesa UNT (de transmissão) e AES Tietê ON (de geração de energia) aparecem em duas. menor CONCENTRAÇÃO Os papéis continuam os preferidos dos gestores, mas os fundos de dividendos reduziram a concentração no setor e ficaram mais criteriosos em relação a estas ações. - Quando saiu a medida provisória do setor elétrico no ano passado, impactou de maneira geral empresas do segmento. Ficamos menos concentrados no setor elétrico. Mas, por exemplo, a transmissora Taesa continua com contratos bem definidos e capacidade de gerar receita. Ela não foi afetada - disse Juan Morales, sócio da Grand Prix Investimentos. João Paulo Reis, sócio da Venture Investimentos, diz que saiu de uma concentração de 40% no setor elétrico para menos de 20% depois da mudança. - Buscamos a diminuição da exposição em empresas que sofrem ou possam sofrer qualquer tipo de influência de ações governamentais - disse. Na XP Gestão, o fundo de dividendos aposta em ações como Cielo, Santos Brasil e da BM&FBovespa. Mas a maior aplicação é na Transmissão Paulista, uma das mais afetadas pelas novas regras, que, na análise da gestora, ficou atraente após as fortes perdas dos papéis com a mudança de regras. - Nossa maior aposta no fundo de dividendos é a Transmissão Paulista, que representa 14% da carteira. Quando o governo redefiniu a regra do jogo, em alguns casos o mercado acabou punindo demais algumas empresas, o que trouxe oportunidades interessantes - diz Patrick O'Grady, diretor da XP Gestão. REVISÃO DE LUCRO Para analisar a parcela dos lucros distribuídos aos acionistas, o indicador mais usado é o dividend yield . Ele mede a rentabilidade dos dividendos de uma companhia em relação ao preço das ações. De acordo com estimativa da XP, a empresa com maior projeção de dividend yield este ano é a Oi, com previsão de empresas, o que trouxe oportunidades interessantes - diz Patrick O'Grady, diretor da XP Gestão. REVISÃO DE LUCRO Para analisar a parcela dos lucros distribuídos aos acionistas, o indicador mais usado é o dividend yield . Ele mede a rentabilidade dos dividendos de uma companhia em relação ao preço das ações. De acordo com estimativa da XP, a empresa com maior projeção de dividend yield este ano é a Oi, com previsão de pagamento de R$ 1,471 bilhão em dividendos neste ano. Em abril do ano passado, a companhia se comprometeu a pagar R$ 2 bilhões por ano até 2015, desde que consiga cumprir condicionantes, como a manutenção do índice de dívida em relação ao Ebitda (lucro antes de juros e impostos) abaixo de três vezes. Por isso, diante da necessidade de investimentos na operação da empresa, analistas duvidam da capacidade de manter esse patamar de remuneração. No ano, as ações PN da Oi caem mais de 40%. Caso o investidor compre as ações agora e desvalorizem ainda mais, o retorno com dividendos pode ser menor que o projetado pela XP ou até anulado. - Temos que ficar muito atentos a possíveis revisões de lucro das companhias para baixo. Menos lucro é menos dividendo - disse Lucas Tambellini, estrategista do Itaú BBA. Entre as companhias da área, a Telefônica (dona da Vivo) aparece com recomendações nas carteiras de dividendos do Itaú BBA e da Octo Investimentos. - Desde que a Oi fez o anúncio do dividendo, em nenhum momento tivemos essa ação, porque na nossa visão está pagando dividendo com caixa que não está gerando - diz Sales, do CSHG. Guilherme Affonso Fernandes, de 61 anos, investe em dividendos e avalia que a seleção de boas pagadoras ficou mais árdua, mas vê oportunidades até em empresas exportadoras: - O mercado interno foi uma beleza nos últimos anos, e não acredito que vá repetir o perfil daqui para frente. Exportadoras que sobreviveram e ainda vendem bem certamente são muito competitivas. Fonte: O Globo