FORMAS DE ADUBAÇÃO MOLÍBDICA ASSOCIADA À ADUBAÇÃO NITROGENADA NO DESEMPENHO PRODUTIVO DA CULTURA DO TRIGO Vitor Rampazzo Favoretto; José Henrique Bizzarri Bazzo; Claudemir Zucareli; e-mail: [email protected] Universidade Estadual de Londrina/Departamento de Agronomia/CCA. Área e sub-área do conhecimento: Agronomia/Fitotecnia. Palavras-chave: Nitrogênio; micronutriente; Triticum aestivum. Resumo O nitrogênio (N) é um dos elementos absorvidos em maior quantidade pela cultura do trigo e, quando aplicado no momento adequado, pode aumentar o rendimento de grãos por meio de alterações nos componentes de produção. O molibdênio (Mo) tem papel fundamental no metabolismo deste nutriente pelas plantas. Objetivou-se avaliar os componentes de produção e a produtividade do trigo submetido a diferentes formas de aplicação de molibdato de potássio, associadas à adubação nitrogenada de cobertura. O delineamento experimental foi blocos casualizados com parcelas subdivididas, com quatro repetições. Nas parcelas, avaliou-se quatro formas de aplicação de Mo: Controle (sem Mo); Tratamento de sementes (40 g ha -1 Mo); Tratamento foliar (40 g ha-1 Mo); e Tratamento de sementes (20 g ha -1 Mo) + Tratamento foliar (20 g ha-1 Mo). Nas subparcelas, foram aplicadas quatro doses de N em cobertura (0, 30, 60 e 90 kg ha-1), no perfilhamento, na forma de ureia e concomitamente realizou-se a adubação molibídica, via foliar, usando o molibdato de potássio. Avaliou-se: altura de planta, número de espigas m-2, número de espigueta por espiga, número de grãos por espigueta, número de grãos por espiga, massa de mil grãos, peso hectolítrico e produtividade. Observou-se interação significativa para número de grãos por espiga, com resposta despadronizada em relação apenas a diferentes doses de nitrogênio, sem interferir na produtividade. A adubação molibídica associada ao nitrogênio não interferiu no desempenho produtivo da cultura do trigo, e o aumento das doses de N diminuiu o número de grãos por espiga. 1 Introdução O trigo participa com aproximadamente 30% da produção mundial de grãos (SOUZA et al., 2013) devido ao elevado consumo de seus derivados, tendo como maiores produtores os União Europeia, China, Índia, Rússia, Estados Unidos e Canadá (USDA, 2016). No Brasil, o cultivo se concentra nos estados do Sul do país, entretanto, tem-se expandido para outras regiões, como a Sudeste e Centro-Oeste, revelando sua importância para o mercado brasileiro, que consome quase 11 milhões de toneladas do cereal por ano (USDA, 2016). Nesse sentido, para atingir autossuficiência na produção, o Brasil busca maior competitividade na produção tritícola nacional (FRANCESCHI, 2009). O potencial de produção da cultura do trigo é alcançado pela utilização da adubação nitrogenada, em razão do N ser o elemento de maior demanda, em termos quantitativos, por parte da cultura, com efeitos positivos na produtividade e qualidade dos grãos. A absorção de N pelas plantas se dá, principalmente, sob a forma nítrica. Contudo, apenas por meio da ação das enzimas redutase de nitrato e de nitrito, cuja atividade é altamente dependente de Mo, que a forma nítrica sofre redução para amoniacal, o que permite sua assimilação por meio da incorporação a esqueletos carbônicos (TAIZ e ZEIGER, 2009). Contudo, os efeitos da aplicação de Mo podem vir a ser benéficos ou, em alguns casos, venham a ser prejudiciais em características de interesse da planta cultivada. Assim, objetivou-se avaliar os componentes de produção e a produtividade de grãos de trigo submetido a diferentes formas de aplicação de molibdato de potássio associadas à adubação nitrogenada de cobertura. Material e Métodos A cultivar de trigo utilizada foi a CD 150 de ciclo precoce, classificado como trigo melhorador. O experimento foi conduzido sob sistema de plantio direto em área anteriormente ocupada com a cultura do milho, na Fazenda escola da Universidade Estadual de Londrina (UEL). A semeadura foi realizada no dia 08 (oito) de maio de 2015 de maneira mecânica nas parcelas do experimento. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados com parcelas subdivididas, com quatro repetições. Nas parcelas foram avaliadas quatro formas de aplicação de Mo: Controle (sem Mo); Tratamento de sementes (40 g ha-1 de Mo); Tratamento foliar (40 g ha-1 de Mo); e Tratamento de sementes (20 g ha-1 de Mo) + Tratamento foliar (20 g ha-1 de Mo), usando como fonte do micronutriente o molibdato de potássio. Nas subparcelas, foram aplicadas quatro doses de N em cobertura (0, 30, 60 e 90 kg ha-1 de N) sendo utilizada a ureia. Após a colheita, foram realizadas as seguintes avaliações: altura de plantas; número de espigas por m²; número de espiguetas por espiga; 2 número de espiguetas por espiga; número de grãos por espigueta; massa de 1.000 grãos; peso hectolítrico e produtividade de grãos. Os dados foram submetidos à análise de variância com desdobramento em polinômios ortogonais até segundo grau. As médias dos tratamentos com Mo foram comparadas pelo teste de Tukey a 95% de probabilidade. Os efeitos das doses de N foram avaliados por análise de regressão, adotando-se como critério para escolha do modelo a magnitude dos coeficientes de determinação (R²). Resultados e Discussão A análise de variância não revelou a existência de interação entre doses de N, associadas ou isoladas, bem como as formas de aplicação do Mo, analisado de forma isolada não, para as análises realizadas, exceto o número de grãos por espiga, característica a qual mostrou significância para o efeito isolado para doses de N. As formas de aplicação de molibdênio não diferiram da testemunha, pois, possivelmente, o solo da área experimental já apresentava teores satisfatórios de Mo em sua composição, uma vez que a necessidade da testemunha foi suprida, mascarando o efeito desse nutriente. Resultado semelhante foi observado por Mortari Júnior (2015) ao avaliar a interação das adubações molibdica e nitrogenada em trigo, no ano de 2014. O número de grãos por espiga, em resposta as doses de nitrogênio, apresentou valores despadronizados, os quais, submetidos a análise de regressão, se ajustaram a uma regressão linear decrescente, entretanto com um baixo coeficiente de determinação (R² = 0,37) com a equação representada pela linha no gráfico representado na Figura 1. Figura 1. Número de grãos por espiga da cultivar CD150 em resposta a doses de nitrogênio em cobertura. Londrina, 2014. De maneira geral, o aumento da quantidade de nitrogênio, fornecido na forma de ureia, diminuiu o número médio de grãos por espiga de trigo o que 3 pode ser atrelado a um maior sombreamento entre plantas causado pelo estímulo do crescimento da parte vegetativa da planta, como observado no arroz por Buzzetti et al. (2006). A produtividade média foi de 2392 kg ha -1, rendimento este abaixo das produtividades paranaenses, podendo ter seu valor explicado pelas chuvas intermitentes ocorridas no período pré-colheita, a qual induziu a germinação dos grãos ainda na espiga, processo que gasta as reservas energéticas, causando diminuição de sua massa. Conclusões A aplicação de molibdênio, em suas diferentes formas, não interfere no desempenho produtivo da cultura do trigo e não demonstra interação com adubação nitrogenada de cobertura. O aumento de doses de Nitrogênio aplicado em cobertura reduz o número de grãos por espiga, entretanto não altera o desempenho produtivo da cultura. Referências BUZETTI, S.; BAZANINI, G.C.; FREITAS, J.G.; ANDREOTTI, M.; ARF, O.; SÁ, E.; MEIRA, F.A. Resposta de cultivares de arroz a doses de nitrogênio e do regulador de crescimento cloreto de clormequat. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, [s.n.], v.41, p.1731-1737, 2006. FRANCESCHI, L.; BENIN, G.; GUARIENTI, E.; MARCHIORO, V. S.; MARTIN, T. N. Fatores pré-colheita que afetam a qualidade tecnológica de trigo. Ciência Rural, [S.I.] v. 39, n. 5, p. 1624-1631, 2009. MORTARI JUNIOR, M. Formas de aplicação de molibdato de potássio associadas à adubação nitrogenada de cobertura no desempenho produtivo do trigo. 41f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Agronomia) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2015. SOUZA, J. L. M.; GERSTEMBERGER, E.; ARAUJO, M. A. Calibração de modelos agrometeorológicos para estimar a produtividade da cultura do trigo, considerado sistemas de manejo do solo, em Ponta Grossa-PR. Revista Brasileira de Meteorologia, [S.I.] v. 28, n. 4, p. 409-418, 2013. TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. Porto Alegre: Artmed, 2009. 96 p. 104. USDA, UNITES STATES DEPARTMENT OF AGRICULTURE. Grain: World Markets and Trade. 2016. Foreign Agricultural Service. Disponível em: <http://apps.fas.usda.gov/psdonline/circulars/grain-wheat.pdf>. Acesso em: 30 jul. 2016. 4