(LOGOTIPO PSICOLOGIA) CLÍNICA DE PSICOLOGIA DA UNIJUI (LOGOTIPO UNIJUI) Unijui – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul Departamento de Filosofia e Psicologia Clínica de Psicologia da Unijuí – Ijuí Rua São Francisco, 505; Bairro São Geraldo, Ijuí – RS – CEP 98700-000 Clínica de Psicologia da Unijuí – Santa Rosa Rua Ectore Beltrame, 389, sala 01; Centro Santa Rosa – RS Comissão do Anuário de Ijuí Carolina Baldissera Gross, Fernanda Aparecida Szareski, Kered Emanuele Schwingel, Thaíse Enriconi Sarreta. Comissão do Anuário de Santa Rosa Katiucia de Oliveira Peres (2008), Márcia Regina Pinto (2008), Nara de Fátima Kraus Schubert (2008), Roseli Bianchi (2009), Juliana Marques (2009), Murilo Padilha de Bairros (2009). Coordenação e Revisão Comissões do Anuário Coordenação da Clínica de Psicologia – Ijuí Íris Fátima Alves Campos Coordenação da Clínica de Psicologia – Santa Rosa Kenia Spolti Freire Projeto Gráfico: Editora Unijuí A revisão dos textos é de inteira responsabilidade dos autores Responsabilidade Editorial, Gráfica e Administrativa (logotipo Editora UNIJUI) (...) EDITORIAL Clínica de Psicologia da Unijuí / Ijuí Criada para proporcionar campo de exercício da prática clínica para psicólogos em formação, a Clínica-Escola de Psicologia da Unijuí (campus de Ijuí) de hoje se organiza sob os mesmos pressupostos éticos de sua origem, há quinze anos. Aqui a criação e movimentação dos dispositivos institucionais se (re) faz a partir do andamento do trabalho, das demandas que se apresentam aos clínicos da equipe, com constantes questionamentos sobre esses dispositivos subordinados à ética a qual nos filiamos. Foi assim, em 2008, em especial com a Jornada Clínica e com as comissões de trabalho. A primeira deslocou-se da posição de evento e constituiu-se em eixo de trabalho que envolveu a equipe por meses. A partir de seu agendamento, no início do ano, foi ponto de pauta de reuniões e deu origem a grupos de estudos preparatórios para a Jornada. Todos se enlaçaram e produziram canais de trabalho em direção ao projeto. Nesta perspectiva, a Jornada foi a resultante da implicação do desejo de cada membro da equipe de debater sobre a contemporaneidade e o fazer clínico. Como efeito dessa mobilização, a Comissão de Eventos passa a se editar, compor e recompor a cada nova situação de trabalho, segundo a implicação de cada estagiário/terapeuta. Nesse mesmo movimento, iniciamos o segundo semestre de 2008 com a Comissão de Patrimônio e de Publicações funcionando em sistema de rodízio – para que todos os estagiários tivessem lugar nesses espaços de formação – e com vários Grupos de Estudos Temáticos com possibilidades de se comporem e recomporem desde a demanda que o trabalho clínico suscita em cada um dos estagiários. Esses grupos passaram a funcionar com um “mínimo paterno”, ou seja, elegendo um dos supervisores clínicos como referência a recorrer em situações de impasses. Nessa dinâmica, cada estagiário se inscreve em um ou mais dispositivos, tal como sua implicação lhe aponta. E sempre há a possibilidade de desdobramentos, de criação. Aliás, foi essa possibilidade criativa que fez nascer as publicações da Clínica: o periódico Falando N’isso editado pela primeira vez no ano 2000 e este Anuário, agora em seu quinto número. Este é o escrito do ano de trabalho. Entendemos que, com sua vocação social, possa nos lançar à incrível experiência de nos enlaçarmos transferencialmente a outrem. É este o desejo que nos moveu a essa edição que todos são convidados a ler. Iris Fátima Alves Campos Psicóloga, Coordenadora da Clínica-Escola de Psicologia da UNIJUÍ– Campus de Ijuí EDITORIAL Clínica de Psicologia da UNIJUÍ / Santa Rosa A Clínica de Psicologia da UNIJUÍ (Campus Santa Rosa) desenvolve suas atividades desde o mês de agosto de 2006, tendo seu trabalho sustentado, em grande proporção, por estagiários do Curso de Psicologia da UNIJUÍ e ainda por extensionistas vinculados ao Curso de Extensão: “Práticas Clínicas Supervisionadas”. O percurso de trabalho desenvolvido comporta a singularidade que se impõe em cada atendimento e, por extensão, em cada atividade realizada que inscreve as ocupações teóricas e éticas de um grupo de estagiários-terapeutas; sendo a tessitura de uma posição de escuta da subjetividade humana e a experiência institucional, referências para questionamentos a partir dos quais se organizam estudos e discussões nesta proposta de formação. Nesta direção constituíram-se as atividades formativas nas quais se envolveram os estagiários-terapeutas da CPU/Santa Rosa durante o período de março de 2008 a janeiro de 2009; começando por interrogar-se sobre a passagem da condição de acadêmico à condição de estar na posição de quem escuta – sendo esta passagem aqui contemplada sob a designação “estagiário-terapeuta”. Os movimentos de inserção e de inscrição na experiência clínica foram vividos pelo grupo como mobilizadores de dispositivos que contém, mas que também ultrapassam a dimensão acadêmica. Esta questão se atualizou, se reinaugurou neste grupo, acompanhando os diferentes espaços formativos em que a experiência clínica se fez presente: atendimentos, reuniões, apresentações de casos clínicos, seminários, grupos de estudos, participação em comissões de trabalho. Sob a lembrança de Rickes (1998), de que “o sujeito que sustenta o lugar de escuta não é indiferente à experiência que ali se opera.” (p.39)*; é possível contar, ou então, constituir memória acerca dos movimentos operados pelos estagiários-terapeutas em seu percurso pela Clínica no ano de 2008. O presente Anuário contém, sucintamente, o registro de atividades e reflexões desenvolvidas neste período, momento em que esta Instituição acolheu nova turma de estagiários-terapeutas e também deu continuidade à construção de um laço de trabalho junto à comunidade de Santa Rosa e região. Convido à leitura! Kenia Spolti Freire Coordenadora Clínica de Psicologia da Unijuí Campus Santa Rosa *RICKES, S. “Escrever o que não se sabe.” In: Psicanálise e Literatura. Revista da Associação Psicanalítica de Porto Alegre. Ano VIII. Nº 15. Nov/2008. p.36-42. AGRADECIMENTOS As Comissões responsáveis pela elaboração do Anuário agradecem as Clínicas de Psicologia da Unijuí por proporcionar um espaço de vivência aos estagiários e extencionistas, o qual possibilita as articulações teóricas e clínicas de suas atividades, imprescindível para formação acadêmica e profissional. Agradecemos as professoras coordenadoras da Clínica de Psicologia da Unijuí, Campus Ijuí e Santa Rosa, respectivamente Iris Fátima Alves Campos e Kenia Freire, pelo apoio e incentivo na elaboração deste Anuário. Aos professores supervisores do curso de Psicologia, pela transmissão de um saber que corrobora na formação teórico-prática do estagiário e extencionistas da Clínica. À equipe de estagiários e extencionistas pelo testemunho do fazer clínico, através das participações das atividades de clínica e pelo envio de suas produções textuais. Aos funcionários, em especial as secretárias Luciane Cossetin e Débora Burkle pela organização do espaço do fazer clínico. Ao professor Ubirajara Cardoso de Cardoso pela transmissão de um saber em relação à escrita do Anuário. Em especial aos pacientes que nos possibilitaram a vivência do fazer clínico. E a todas as pessoas que de alguma forma souberam dar apoio e auxilio a esta iniciativa. SUMÁRIO 1. O ANUÁRIO: A ESCRITURA DE UMA CLÍNICA 2. ORGANOGRAMA DA CLÍNICA DE PSICOLOGIA DA UNIJUÍ 3. EQUIPE DAS CLÍNICAS DE PSICOLOGIA DA UNIJUÍ 4. DESCRIÇÃO DAS AÇÕES DE FORMAÇÃO CLÍNICA 5. NARRATIVAS DE APRESENTAÇÕES DE CASOS CLÍNICOS 6. PRODUÇÕES ESCRITAS A PARTIR DAS ATIVIDADES DE ESTUDO REALIZADAS NAS CLÍNICAS DE PSICOLOGIA DA UNIJUÍ 7. CURSO DE EXTENSÃO EM PSICOLOGIA: “PRÁTICAS CLÍNICAS SUPERVISIONADAS” 8. RELATÓRIO DE PESQUISA DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISA DE PÓS GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA (ANPEPP) 9. LEVANTAMENTO E ANÁLISE DE DADOS ESTATÍSTICOS DAS CLÍNICAS DE PSICOLOGIA DA UNIJUI NO ANO DE 2008 10. EVENTOS 11. INFORMATIVOS DA CLÍNICA DE PSICOLOGIA DA UNIJUI – FALANDO N’ISSO 12. COMISSÃO DO ANUÁRIO 1. O ANUÁRIO: A ESCRITURA DE UMA CLÍNICA O Anuário apresenta as Clínicas de Psicologia da Unijuí e seu fazer clínico. A escritura do Anuário e sua publicação registram as ações ocorridas no período de um ano. Desta forma, possui a função de memória e transmissão do trabalho realizado nas Clínicas de Psicologia da Unijuí. Diante desta produção, emerge a questão: “como transmitir algo único, da ordem do vivido, desta vivência clínica, produzindo uma memória, uma memória clínica?”. Segundo Kehl (2001), referindo-se ao pensamento de Benjamin, o vivido somente toma o estatuto de experiência, passando pela transmissão. Essa transmissão pode ser tomada do lado do testemunho, como um modo de inclusão da experiência singular em uma representação compartilhada. A escrita do Anuário possibilita a transformação do vivido durante a permanência na Clínica, em experiência, sendo que é no ato de uma escrita endereçada a um outro que o vivido se constitui como experiência. Esta escrita, enquanto registro, vem dar conta da relação entre o acontecido e a representação, constitui a memória – aqui, memória da Clínica. Cada Anuário compreende um fragmento de permanente escritura das ações clínicas, essas decorrentes das experiências daqueles que integram a Instituição, ou seja, sua equipe de trabalho. Seu lugar é de um elo em uma corrente coletiva que atravessa gerações de turmas de estagiários que passam pela Clínica, cada uma dessas turmas imprimindo seu traço singular. O presente Anuário refere-se ao registro das experiências das equipes que circularam nas Clínicas de Psicologia da Unijuí – Campi Ijuí e Santa Rosa – no ano de 2008. Seu conteúdo foi produzido pelos autores destas experiências clínicas. Mediante consulta aos mesmos, a Comissão do Anuário, na condição de viabilizar a presente edição, registra a atualização e/ou revisão do material, mantendo a originalidade e a singularidade das escritas produzidas pelos estagiários terapeutas. 2. ORGANOGRAMA DAS CLÍNICAS DE PSICOLOGIA DA UNIJUI Departamento de Filosofia e Psicologia Clínica de Psicologia da Unijuí Conselho da Clínica ________ Secretaria Coordenação Estagiários de Psicologia da Clínica Estagiários em Extensão de Psicologia da Clínica 3. EQUIPES DAS CLÍNICAS DE PSICOLOGIA DA UNIJUI Estagiários que ingressaram na Clínica de Psicologia da Unijuí/Campi Ijuí no 2º semestre de 2007 e permaneceram no 1º semestre de 2008 01 – Ana Luiza Schwerz 02 – Carla Lucia Klein Feltes 03 – Carla Versiani Oliveira Padilha 04 – Cássia Regina Rauber 05 – Daniela Salete Maldaner Schneider 06 – Édina de Carvalho 07 – Elisa Regina Melchiors 08 – Fabiana Bastos de Souza 09 – Gabriela Mallmann Fenner 10 – Gisele Cristina Machado 11 – Jaqueline Grolli 12 – Jociane M. Oliveira Santos 13 – Márcia Cunha Calçada da Costa 14 – Miceli Cronst 15 – Naira Eberhart 16 – Neuza Elenir S. Ciechwicz 17 – Regina Basso Zanon 18 – Silvia Jung 19 – Tailene Cristina Pandolfo Bonotto 20 – Takira Berlesi Mendes 21 – Tiago Clemen Bohm Extensionistas da Clínica de Psicologia da Unijuí/Campi Ijuí – 1o semestre 2008 01 – Juliana Lütkemeyer 02 – Roseli Bönmann Estagiários que ingressaram na Clínica de Psicologia da Unijuí/Campi Ijuí – 2º semestre de 2008 01 – Ana Caroline Boff Hedlund 02 – Ane Gabriele Pascoal 03 – Ângela M. Oliveira 04 – Carin Kaist 05 – Carine Amanda Passinato 06 – Carolina Baldissera Gross 07 – Caroline Tolotti 08 – Debora Becker 09 – Denise Gonzatto 10 – Elmerita Maria C. Martins 11 – Fabiane Beier Gamarra 12 – Fernanda Aparecida Szareski 13 – Flaviane Zuse Teixeira 14 – Gabriela Kruger 15 – Ivanete Malheiros Schwingel 16 – Karine Fogaça Langner 17 – Kered Emanuele Schwingel 18 – Leoncio Lopes dos Santos 19 – Patricia Mostardeiro Peixoto 20 – Patricia Pedrozo Cremonese 21 – Selma Helena Dessbesell 22 – Tassiana Cristine S. F. Schmitt 23 – Thaíse Enriconi Sarreta Extensionista da Clínica de Psicologia da Unijuí/Campi Ijuí – 2º semestre 2008 01 – Tailene Cristina Pandolfo Bonotto Estagiários da Clínica de Psicologia da Unijuí/Campi Santa Rosa – ano 2008 01-Aline Graziela Schröder Gertz 02-Andréia Becker Ferreira 03-Carla Eloísa Loro 04-Catiane Larissa dos Santos 05-Ivanes Lucila Chiapinotto 06-Katiucia de Oliveira Peres 07-Lidiane Maria Mähler 08-Luciana Stumpf 09-Márcia Regina Pinto 10-Nara de Fátima Kraus Schubert 11-Rosangela Walker Extensionista da Clínica de Psicologia da Unijuí/Campi Santa Rosa – ano 2008 01 – Simone Antunes Fernandes 02 – Nidia de Conti Corpo docente (professores-supervisores e pesquisadores) - Ms. Ana Maria de Souza Dias: Psicóloga, Mestre em Educação nas Ciências (UNIJUI). Dra. Angela Maria Schneider Drügg: Psicóloga, Doutora em Educação (UFRGS). Ms. Cristian Giles: Psicóloga, Mestre em Psicanálise e Psicopatologia (Universite de Paris XIII). Ms. Gustavo Héctor Brun: Psicólogo, Mestre em Psicologia Clínica (PUCCAMP). Ms. Iris Fátima Alves Campos: Psicóloga, Mestre em Educação (UFRGS). Ms. Kenia Spolti Freire: Psicóloga, Mestre em Educação nas Ciências (UNIJUI). Esp. Nilson Heidemann: Psicólogo, Mestre em Desenvolvimento (UNIJUI). - Ms. Tânia Maria de Souza: Psicóloga, Mestre em Educação nas Ciências (UNIJUI). Ms. Ubirajara Cardoso de Cardoso: Psicólogo, Mestre em Educação nas Ciências (UNIJUI). Dr. Luís Fernando Lofrano de Oliveira: Psicólogo, Doutor em Psicologia (Universite de Paris XIII). Supervisão Especializada Médica neuropediatra Helga Porsch. 4 – DESCRIÇÃO DAS AÇÕES DE FORMAÇÃO CLÍNICA As Clínicas de Psicologia da Unijuí – CPUs – Campi Ijuí e Santa Rosa, são Instituições que acolhem todos aqueles que por elas procuram na busca por atendimento psicológico. As Clínicas recebem crianças, adultos e adolescentes que por diferentes motivos procuram atendimento psicológico. O fazer clínico é realizado por terapeutas estagiários em período de Estágio Supervisionado em Psicologia Clínica I e II, correspondentes ao oitavo e ao nono semestre do curso de Psicologia, assim como por integrantes do Projeto de Extensão: Práticas clínicas Supervisionadas. As Clínicas são espaços de constantes estudos e pesquisas que, em concordância com a orientação teórica do curso de Psicologia da Unijuí, têm sua práxis dundamentada nas teorias psicanalíticas e teorias psicológicas afins. Por caracterizarem-se como espaços para realização estágio, as CPUs caracterizam-se como Clínicas-Escolas que oportunizam um ambiente de prática e formação clínica aos acadêmicos-terapeutas. Enquanto Clínicas-Escolas desenvolvem diversas ações que sustentam o fazer clínico. As ações de formação da Clínica de Psicologia da Unijuí compreendem: Atendimento Psicológico; Supervisão (individual); Supervisão da Área Médica; Apresentação de Caso Clínico; Reunião Geral; Reunião dos Supervisores; Reunião de Estagiários e Reunião do Conselho da Clínica. Os estagiários-terapeutas que se interessam em continuar com a prática clínica nas CPUs, para além do Estágio Curricular, podem fazer a opção pelo Curso de Extensão “Práticas Clínicas Supervisionadas”. Este Curso também é destinado a profissionais que se interessem por esta proposta. Neste Curso os extensionistas se envolvem com as atividades de formação clínica citadas e também com propostas de Projetos de Pesquisa. 4.1 Atendimento Psicológico O percurso dos estagiários nas Clínicas de Psicologia da Unijuí supõe algumas ações de formação. Uma delas é o Atendimento Psicológico que se caracteriza como a principal ação de formação clínica. Estes atendimentos são efetuados pelos estagiáriosterapeutas em momento de seu percurso de percurso acadêmico de graduação em Psicologia e também pelos extensionistas do Curso “Práticas Clínicas Supervisionadas”. Assim, os atendimentos são realizados de forma individual e semanal, sendo a periodicidade dos atendimentos determinada de acordo com as demandas de cada caso. Quando se acolhe crianças e adolescentes, dada a especificidade destes atendimentos, são realizadas entrevistas com os pais e/ou responsáveis. As Clínicas de Psicologia da Unijuí além de atenderem demandas individuais, atendem também demandas institucionais. Os atendimentos são realizados durante o período que transcorre de março a janeiro, com exceção do mês de fevereiro, sendo este correspondente ao período de férias institucionais. 4.2 Supervisão A Supervisão é um do pilares da formação clínica e, por isso, é algo indispensável na formação do estagiário-terapeuta de Psicologia. Constitui-se como um momento em que este endereça suas primeiras escutas clínicas à escuta de um supervisor. A supervisão ocorre semanal e individualmente. O supervisor não ocupa a posição de avaliador, analista ou mestre; ele escuta e acolhe as angústias doestagiário-terapeuta para não deixá-las à deriva, principalmente nesse momento em que o estagiário pode se ver obstaculizado pela insegurança. Esta ação de formação é imprescindível. A supervisão é um suporte à escuta clínica, já que é na supervisão que é possível dar um destino àquilo que ficou dos atendimentos, como angústias e questionamentos clínicos. Esta ação de formação possibilita um espaço para que o estagiário-terapeuta possa falar sobre as questões decorrentes da escuta dos atendimentos e, junto com o supervisor, elaborá-las teoricamente. Desta forma, esta ação de formação constitui-se como um momento importante da e na formação. Embora iniciante em prática clínica, ao se constituir vínculo transferencial com o paciente, o estagiário-terapeuta ocupa lugar de suposição de saber. O espaço de supervisão visa manter esse lugar transferencial operante, permitindo endereçar a escuta a um terceiro com o objetivo de reeditar a ficção constituída do caso clínico. A supervisão é um espaço de fala do estagiário-terapeuta sobre a sua experiência de escuta clínica, pois o que ele escuta em atendimento está sob sua responsabilidade. Esta atividade cumpre com uma função fundamental no desdobramento de um tratamento, configurando-se como um momento de transmissão no fazer clínico. 4.3 Supervisão da Área Médica A Supervisão da Área Médica está sob responsabilidade da neuropediatra Helga Porsch, integrante do quadro de professores do Departamento de Filosofia e Psicologia da Unijuí. Esta supervisão é realizada quando o estagiário-terapeuta, juntamente com o supervisor, sentir necessidade de discutir interdisciplinarmente um caso clínico, em situações em que o atendimento do paciente apontar para algum comprometimento neurológico ou ainda quando se realiza o acolhimento de pacientes – especialmente crianças – encaminhados à Instituição com diagnóstico prévio e/ou tratamento medicamentoso. Nesta modalidade de supervisão, estagiário-terapeuta e médica discutem eventuais hipóteses diagnósticas e os efeitos dos medicamentos na criança, para então, orientar-se quanto a um diagnóstico diferencial. 4.4 Apresentação de Caso Clínico A atividade formativa de Apresentação de Caso Clínico consiste em apresentar aos demais membros das equipes das Clínicas elementos clínicos de um caso em que o estagiário-terapeuta ou extensionista atendeu ou está atendendo. A apresentação é coordenada por um professor supervisor, que não é o mesmo supervisor do estagiárioterapeuta, considerando que é interessante ter outra escuta sobre o caso. A apresentação é dada num movimento de alteridade, pois, neste compartilhamento de experiências, coordenador e demais colegas contribuem para a elaboração das questões acerca do caso. A escolha do caso se realiza sob critério do estagiário-terapeuta que, com o auxílio do supervisor, elege para a apresentação um caso que mais questões trazem para ele. A atividade de Apresentação de Caso tem a dimensão de ficção, isso porque o que é trazido para a apresentação é decorrente da escuta do apresentador. Logo, o que é apresentado não é propriamente a fala do paciente em atendimento, mas é aquilo que alguém escuta de uma fala. Assim, o que é exposto nesta atividade desencadeia uma série de discussões teóricas e clínicas, nas quais os conceitos psicanalíticos sustentam possíveis hipóteses diagnósticas e outras elaborações decorrentes do debate do caso. Cronogramas das apresentações de Casos Clínicos na Clínica de Psicologia em Ijuí 1º semestre de 2008 Janeiro Fevereiro Março 06/03/08 (Quinta-feira) ESTAG: Gabriela COORD: Ubirajara 13/03/08 (Quinta-feira) ESTAG: Michele COORD: Nilson 25/03/08 (Terça-feira) ESTAG: Jociane COORD: Kênia 27/03/08 (Quinta-feira) ESTAG: Naira COORD: Ana Dias Abril 03/04/08 (Quinta-feira) ESTAG: Silvia COORD: Iris 08/04/08 (Terça-feira) ESTAG: Tailene COORD: Tânia 15/04/08 (Terça-feira) ESTAG: Takira COORD: Ana Dias 24/04/08 (Quinta-feira) ESTAG: Tiago COORD: Nilson 29/04/08 (Terça-feira) ESTAG: Neuza COORD: Cristian Maio 20/05/08 (Terça-feira) ESTAG: Márcia COORD: Ana Dias 27/05/08 (Terça-feira) ESTAG: Regina COORD: Nilson 2º semestre de 2008 Julho 03/07/08 (Quinta-feira) ESTAG: Giseli COORD: Tânia Agosto 07/08/08 (Quinta-feira) ESTAG: Neuza COORD: Ana Dias 14/08/08 (Quinta-feira) ESTAG: Tailene COORD: Ubirajara 21/08/08 (Quinta-feira) ESTAG: Regina COORD: Ubirajara Setembro 11/09/08 (Quinta-feira) ESTAG: Leôncio COORD: Ana Dias 25/09/08 (Quinta-feira) ESTAG: Carolina COORD: Tânia Outubro 02/10/08 (Quinta-feira) ESTAG: Thaíse COORD: Ubirajara 09/10/08 (Quinta-feira) ESTAG: Karine COORD: Ângela D. 16/10/08 (Quinta-feira) ESTAG: Ivanete COORD: Cristian 23/01/08 (Quinta-feira) ESTAG: Elmerita COORD:Nilson 30/10/08 (Quinta-feira) ESTAG: Fernanda COORD: Tânia Novembro 04/11/08 (Terça-feira) ESTAG: Selma COORD: Gustavo 29/05/08 (Quinta-feira) ESTAG: Daniela COORD: Iris Junho Dezembro 26/06/08 (Quinta-feira) ESTAG: Juliana COORD: Kenia Cronograma das apresentações de casos clínicos na Clínica de Psicologia em Santa Rosa 1º semestre de 2008 Janeiro 08/01/08 ESTAG.: Patrícia* COORD.: Kenia 22/01/08 ESTAG.: Nidia* COORD.: Kenia *Estagárias-terapeutas em conclusão de Estágio Curricular na CPU/Santa Rosa. Fevereiro Março 2º semestre de 2008 Julho 03/07/2008 ESTAG.: Nara COORD.: Kenia 17/07/2008 ESTAG.: Lidiane COORD.: Iris Agosto Abril 09/04/2008 ESTAG.: Andréia COORD.: Cristian 24/04/2008 ESTAG.: Aline COORD.: Gustavo Setembro 11/09/08 ESTAG.: Luciana COORD.: Kenia 24/09/08 ESTAG.: Marcia COORD.: Cristian Outubro 23/10/2008 ESTAG: Nara COORD: Tania 30/10/2008 ESTAG: COORD: Gustavo Maio 07/05/2008 ESTAG.: Márcia COORD.: Nilson 09/05/2008 ESTAG.: Katiucia COORD.: Ubirajara 21/05/2008 ESTAG.: Catiane COORD.:Kenia Novembro 13/11/2008 ESTAG.: Katiucia COORD.:Kenia 17/11/2008 ESTAG.: Rosangela COORD.:Tania 27/11/08 ESTAG.: Andréia COORD.: Gustavo Junho 19/06/2008 ESTAG.: Rosangela COORD.: Kenia Dezembro 03/12/08 ESTAG:. Katiucia COORD: Cristian 27/06/2008 ESTAG.: Carla COORD.: Ubirajara 11/12/2008 ESTAG.: Carla COORD.: Kenia 4.5 Reunião Geral As Reuniões Gerais têm como objetivo colocar em discussão assuntos relacionados ao funcionamento geral das Clínicas de Psicologia, assim como contemplar questões relativas a assuntos específicos do fazer clínico. As reuniões ocorrem quinzenalmente com a presença de estagiários-terapeutas e professores supervisores. 4.6 Reunião dos Supervisores Estas reuniões são destinadas à discussão sobre os trabalhos clínicos realizados nas Instituições e sobre as dificuldades que ali aparecem. 4.7 Reunião dos Estagiários Este é um espaço em que o grupo de estagiários-terapeutas discute questões acerca do estágio clínico. Alguns pontos levantados podem ser discutidos também nas Reuniões Gerais e de Conselho. 4.8 Reunião de Conselho da Clínica O Conselho da Clínica é composto pelos professores supervisores e pelos representantes dos estagiários-terapeutas1. O grupo se reúne mensalmente para discutir questões pertinentes ao fazer clínico. É de responsabilidade dos representantes dos estagiários-terapeutas endereçar às Reuniões de Conselho questões emergentes à Instituição e ao fazer clínico levantadas pelo grupo de estagiários-terapeutas. As considerações realizadas na Reunião de Conselho da Clínica retornam aos estagiários terapeutas para continuidade dos trabalhas acerca das mesmas. 1 Representantes de Ijuí: Márcia Cunha Calçada da Costa e Ana Caroline Boff Hedlund, respectivamente do primeiro e segundo semestre de 2008. Campi Santa Rosa: Katiucia de Oliveira Peres. 4.9 Jornada da Clínica A Jornada caracteriza-se como um evento anual. Tem a função de discutir temáticas que emergem de questões levantadas pelo corpo clínico das Instituições. A preparação da Jornada é um momento importante na formação clínica por proporcionar construções teóricas e clínicas. No ano de 2008 a Jornada teve como temática “Contemporaneidade e o fazer clínico”, sendo realizada no Campi Ijuí. 4.10 Comissões de Trabalho e Grupos de Estudos das Clínicas de Psicologia As Clínicas de Psicologia da Unijuí requerem de seus estagiários-terapeutas diferentes atividades que sustentam o desenvolvimento do trabalho proposto por estas Instituições. Assim, para além do Atendimento Clínico, Supervisão, Apresentação de Caso e participação nas Reuniões, cada estagiário-terapeuta participa de uma Comissão e/ou de um Grupo de Estudo, com a finalidade de estudar, discutir e encaminhar questões relacionadas ao fazer clínico e institucional. Em Ijuí, a Clínica passou por uma alteração em relação à formação e funcionamento dos trabalhos inerentes às Comissões e Grupos de Estudos. No primeiro semestre a turma de estagiários terapeutas realizou suas atividades através de quatro Comissões: Comissão de Patrimônio e Eventos, Comissão de Divulgação no Site, Comissão de Estudos e Comissão de Publicações. A partir do segundo semestre, na Clínica de Psicologia da Unijuí/Ijuí, os trabalhos das Comissões, em parte, foram absorvidos pelos Grupos de Estudos. Os Grupos de Estudos se constituem com o objetivo de propiciar aos estagiários terapeutas um espaço de formação constante, no qual questões relacionadas ao fazer clínico e ao trabalho institucional podem ser discutidas. Neste sentido, a formação dos grupos acontece a partir do interesse dos estagiários terapeutas por determinada questão clínica. Após a constituição dos grupos, os integrantes convidam um professor para coordenar as discussões. Todos os estagiários-terapeutas integraram algum Grupo de Estudo, sendo que além desta atividade, permanecem na Clínica a Comissão de Publicações e a Comissão de Patrimônios e Eventos. Esta última Comissão está organizada a partir de um rodízio em que participam os estagiários terapeutas. Em Santa Rosa, a Clínica estruturou a participação dos estagiários-terapeutas enquanto integrantes das Comissões de Eventos, de Estudos, de Publicações e de Patrimônio. Estas Comissões – das quais cada estagiário-terapeuta faz parte durante seu percurso clínico e institucional – são responsáveis pelos encaminhamentos e abertura constante da práxis experienciada pelo grupo. No que se refere aos Grupos de Estudos, estes foram compostos a partir dos questionamentos que o fazer clínico impôs, sendo possível (re)articular a formação e (re)definição da temática a ser estudada durante todo o percurso de trabalho na Instituição. 4.10.1. Comissões de Trabalho da Clínica de Psicologia da Unijuí – 1° semestre de 2008 Campus Ijuí Comissão de Patrimônio e Eventos A Comissão de Patrimônio e Eventos é responsável pela organização e manutenção do patrimônio da Clínica (reposição dos materiais e brinquedos, organização das salas de atendimento) e também tem a incumbência de organizar jornadas, palestras, conferências e demais eventos. Integrantes desta Comissão: Ana Luiza Schwerz, Carla Lucia Klein Feltes, Micheli Cronst, Gisele Cristina Machado, Fabiana Bastos de Souza, Tiago Clemen Bohm. Comissão de Divulgação no Site A Comissão de Divulgação no Site visa atualizar a página da Clínica divulgando as atividades realizadas por esta instituição e por seus integrantes. Para isso, o trabalho ocorre conjuntamente com a assessoria de comunicação da Unijuí. Integrantes desta comissão: Takira Berlesi Mendes, Gabriela Mallmann Fenner, Elisa Regina Melchiors, Jaqueline Grolli. Comissão de Estudos A Comissão de Estudos tem como principal objetivo a organização de momentos de estudos, a fim de proporcionar aos estagiários um espaço de discussão e trocas de experiências. Os temas estudados estão implicados com questões surgidas a partir da prática clínica. Integrantes desta Comissão: Carla Padilha, Cássia Rauber, Daniela Schneider, Tailene Bonotto. Comissão de Publicações A Comissão de Publicações é responsável pela transmissão escrita da Clínica, isto é, ocupa-se em escutar, resgatar e registrar os acontecimentos/ interrogações/ mudanças que acontecem nesta instituição durante o ano. Assim, a escrita do Anuário é uma das suas principais ocupações, juntamente com a produção do periódico Falando N’Isso. Integrantes desta Comissão: Regina Basso Zanon, Silvia Jung, Jociane M. Oliveira Santos, Márcia Cunha Calçada da Costa, Édina de Carvalho, Naira Eberhart, Neuza Ciechwicz. 4.10.2. Grupos de Estudos da Clínica de Psicologia da Unijuí/Ijuí – 2° semestre de 2008 Grupo I – Pagamento – O grupo que abordou a temática “Pagamento” organizou-se a partir da seguinte questão: Como abordar o pagamento nos atendimentos clínicos? Isto, considerando a importância do ato de pagar no referencial teórico utilizado na Clínica. Durante o semestre foram estudados e discutidos textos de Freud como “Recomendações aos médicos que exercem a psicanálise” entre outros textos de diversos autores referentes a esta questão. Integrantes do grupo: Ane Gabriele Pascoal, Flaviane Zuse Teixeira, Ivanete Schneider, Patricia Peixoto, Tassiana Schmitt. Professora coordenadora: Cristian Giles. Grupo II – Constituição Subjetiva – O grupo que trabalhou a temática “Constituição Subjetiva” se organizou em função de diversas questões clínicas referentes à infância. Assim, o grupo dedicou-se a estudar questões do desenvolvimento, os aspectos estruturais e instrumentais. Para tanto, a referência bibliográfica base foi o livro: “Enquanto o futuro não vem – A psicanálise na clinica interdisciplinar com bebês” escrito por Julieta Jerusalinsky. Integrantes do grupo: Ana Caroline Hedlund, Denise Gonzatto, Selma Dessbesell, Ângela M. Oliveira, Caroline Tolotti, Karine Langner, Fabiane Gamarra, Patrícia Cremonese, Elmerita Martins. Professora coordenadora: Ana Dias. Grupo III – Comissão de Publicações – Este grupo foi organizado a fim de dar continuidade à escrita permanente da Clínica. O grupo tem como questões de estudo a escrita, a transmissão e a memória da clínica. Dessa forma, a organização do Anuário e do periódico Falando N’Isso é de responsabilidade dos integrantes deste grupo. Integrantes do grupo: Carolina Baldissera Gross, Fernanda A. Szareski, Kered E. Schwingel, Thaíse E. Sarreta. Professor coordenador: Ubirajara Cardoso de Cardoso. Grupo IV – Rompimento dos Laços Afetivos – Este grupo foi organizado para pensar a seguinte questão: Que conseqüências podem trazer a uma criança a perda de algum ente querido na infância? Com este objetivo foram estudados alguns textos como: “Criança e luto: vivências fantasmáticas diante da morte do genitor” de Maria Franco e Luciana Mazorra, e ainda alguns filmes foram assistidos como “Minha vida sem minhas mães” (Klaus Härö). Integrantes do grupo: Carin Kaist, Leôncio Lopes dos Santos, Gabriela Kruger, Débora Becker, Carine Passinato. Professora coordenadora: Kenia Freire. Grupo V – Pesquisa: a) As ações formativas na CPU – Este grupo foi organizado para dar continuidade à pesquisa da Clínica “As ações formativas na Clínica de Psicologia da Unijuí”. Assim, durante o semestre foram realizadas entrevistas com psicólogos que fizeram o estágio na Clínica de Psicologia da UNIJUÍ / Campi Ijuí, desde a sua fundação, seguindo a metodologia proposta no projeto. As discussões do grupo aconteceram com base nestas entrevistas e ainda sobre o que significa transcrever uma entrevista, como escutar as entrelinhas do entrevistado. Integrantes: Tailene Bonotto, Fernanda A. Szareski . Professora coordenadora: Iris Fátima Alves Campos. b) Pesquisa Associação Brasileira de Ensino de Psicologia – ABEP: Esta pesquisa caracterizou-se como uma pesquisa nacional que envolveu as clínicas escolas do Brasil interessadas em participar, fazendo um levantamento de dados relativos ao ano de 2007, e os enviando a central de pesquisa nacional. Integrantes: Ângela M. Oliveira, Selma H. Dessbesell, Débora Becker. Professoras coordenadoras: Íris Fátima Alves Campos (Ijuí) 4.10.3 Comissões de Trabalho da Clínica de Psicologia da Unijuí / Campus Santa Rosa A Clínica de Psicologia da Unijuí/ Campi Santa Rosa desenvolve suas atividades, enquanto Instituição, com o suporte das “Comissões de Trabalho”, compostas pelos estagiários e extensionistas que integram esta proposta clínica. No ano de 2008, compuseram-se conforme a descrição que segue. Comissão de Patrimônio A Comissão de Patrimônio foi formada por quatro estagiárias: Catiane Larissa dos Santos, Ivanês Chiapinotto, Katiucia Peres de Oliveira e Lidiane Maria Mahler. Nesta Comissão as estagiárias se responsabilizaram por observar e encaminhar os procedimentos necessários à manutenção dos materiais que a Clínica demanda. Desta forma, esta Comissão teve como objetivo supervisionar constantemente os espaços da Clínica de Psicologia verificando os materiais e recursos existentes, mantendo a organização e manutenção dos mesmos, a fim de contribuir com as condições propiciadoras à experiência clínica. Comissão de Estudos A Comissão de Estudos foi composta pelas estagiárias Luciana Stumpf e Rosângela Walker e teve como maior incumbência provocar e encaminhar a organização de Grupos de Estudos. Num primeiro momento, a tarefa realizada por esta Comissão foi sondar quais eram os assuntos de interesse das demais colegas e, a partir disto, organizar os Grupos. Os temas trabalhados foram: “Acolhimento da Família”; “O Silêncio no Seting Analítico”; “A Clínica Psicológica e os Problemas de Aprendizagem”; “Suicídio” e “A finitude e a finalidade do tratamento psicológico”. Estes grupos ocuparam-se, principalmente, da leitura e discussão de textos que foram indicados por alguns por professores supervisores convidados a comporem estas propostas de estudos. Comissão de Eventos A Comissão de Eventos, formada pelas estagiárias: Andréia Becker Ferreira, Aline Graziela Schroder Gertz, Carla Eloisa Loro e Luciana Stumpf; desenvolveu duas principais atividades: uma diz respeito aos trabalhos preparatórios à participação da XII Jornada Clínica que teve como tema “Contemporaneidade e o fazer clínico”, realizada no Auditório da Sede Acadêmica da UNIJUÍ – Ijuí; e outra, a organização para a visita ao CAPS Novo Rumo, localizado no município de Santa Rosa. Também, junto com as demais colegas estagiárias, realizou a construção e discussão do texto sobre a temática “A angústia inerente ao trabalho clínico”, o qual foi apresentado na referida Jornada pela estagiária Lidiane Maria Mähler. Comissão de Publicações A Comissão de Publicações foi composta pelas estagiárias Katiucia de Oliveira Peres, Márcia Regina Pinto, Nara Kraus Schubert e Simone Antunes Fernandes. Estas responsabilizaram – se por participarem da publicação do Informativo Falando N’Isso e compor o grupo responsável pela produção dos Anuários das CPUs, respectivos ao ano de 2007 e encaminhamentos inerentes ao ano de 2008. 4.10.4 Grupos de Estudos da Clínica de Psicologia da Unijuí / Campus Santa Rosa As atividades inerentes aos Grupos de Estudos da Clínica de Psicologia da Unijuí/Santa Rosa organizaram-se a partir de questionamentos que a experiência clínica suscitou aos estagiários-terapeutas, como "restos" a serem elaborados em espaços e atividades que sustentam sua práxis e sua formação. Assim, citam-se as temáticas estudadas e os integrantes de cada grupo: a. "Acolhimento da Família" ( Ivanês Chiapinotto, Luciana Stumpf, Catiane Santos, Lidiane Mähler e Simone Antunes); b. " O Silêncio no Seting Analítico" ( Rosângela Walker, Andréia Ferreira, Carla Loro e Aline Gertz); c.“A Clínica Psicológica e os Problemas de Aprendizagem” ( Katiucia Peres, Márcia Pinto e Nara Schubert); e d.“A finitude e a finalidade do tratamento psicológico (Ivanês Chiapinotto, Luciana Stumpf, Catiane Santos, Lidiane Mähler e Simone Antunes). Os Grupos de Estudos que tratam as temáticas “Acolhimento da Família” e “A finitude e a finalidade do tratamento psicológico” registram neste Anuário (em páginas seguintes) algumas reflexões sobre o estudo desenvolvido. 5. NARRATIVAS DE APRESENTAÇÕES DE CASOS CLÍNICOS Estagiária: Carolina B. Gross Supervisão: Cristian Gilles O caso escolhido refere-se a uma paciente adulta, a qual se queixa e questiona-se em relação a dificuldades de relacionamento com familiares. A questão norteadora da apresentação diz respeito à posição que esta paciente ocupa em sua fantasmática. O primeiro ponto a ser levantando na discussão do caso foi em relação à demanda. A paciente questiona-se todo o tempo a respeito de sua implicação na construção de seu sintoma – irritação em relação à presença de alguns familiares. Esta posição da paciente nos atendimentos favorece o estabelecimento do vinculo transferêncial. Outro aspecto do caso, relativo à questão que o norteia, liga a irritação sintomática apresentada pela paciente em relação aos familiares com a resposta a uma demanda imaginária – “o que o outro quer de mim?”. Respondendo a esta demanda imaginária, a qual se apresenta como imperativo à paciente, ela estaria respondendo ao ideal, o que apagaria o sujeito. Por ou via, não respondendo ao imperativo, ela se depara com a falta, ou seja, com a possibilidade de posicionamento do sujeito. Há uma hesitação de qual posição ocupar, a paciente não se autoriza a ocupar um lugar, desta forma, ela se coloca, discursivamente, numa posição de exclusão, sendo esta a sua posição fantasmática. Estagiária: Débora Becker Supervisora: Ana Dias O caso escolhido para apresentação é de um menino de 08 anos de idade. Desde a entrevista inicial emerge a primeira questão: a dúvida sobre quem é o paciente, filho ou mãe. Os atendimentos acontecem por algum tempo com os dois em horários diferenciados. Durante os atendimentos, percebe-se que há muitas questões que dizem respeito ao lugar da mãe como mulher. Nesse sentido, é realizado o encaminhamento da mãe para atendimento na clínica com outro estagiário, mantendo-se o tratamento do menino. Durante as discussões na apresentação do caso, percebe-se que é uma história muito fragmentada. A família é falada em partes. Há a família da mãe, a família do pai e a família da criança, sendo que o pai e a mãe não aparecem como casal e sim como pais do menino. Essa fragmentação da história familiar levou a apresentação ser exposta desta mesma forma, demonstrando a dificuldade de se fazer a escuta clínica deste caso. Em atendimentos de crianças, há um tempo de escuta dos pais, quando vai se construindo a história da criança e definindo-se quem realmente é o paciente. Sabemos que as crianças dependem dos pais, sendo, então, o atendimento clínico uma demanda deles. Nesse sentido, é importante escutá-los para definir o lugar que esse filho ocupa no desejo destes pais. Também é nas entrevistas iniciais que se constrói a história pregressa do pequeno paciente, a qual juntamente com a história atual, fornece elementos para a organização da demanda do trabalho clínico. Estagiária: Fernanda Aparecida Szareski Supervisora: Cristian Giles O brincar é uma das especificidades da clínica infantil, sendo este um instrumento que vai nos ajudar a escutar a criança. O caso apresentado foi escolhido justamente para pensar acerca da importância desta prática nos atendimentos, já que, se tratava de uma criança com poucos elementos de linguagem. Assim, é através do brincar que a criança pode manifestar e elaborar suas questões. Neste sentido, cabe questionar também, a posição do estagiário/terapeuta frente a esta especificidade da clínica. A discussão do caso deu-se basicamente a partir de uma cena na qual o paciente esta brincando na areia e a estagiária/terapeuta lhe diz: “Olha, está caindo areia” e neste momento o paciente lhe devolve a frase de forma irônica. Durante a discussão esta cena ganha destaque e marca um momento de mudança na posição da estagiária/terapeuta. O paciente lhe convoca a ocupar um outro lugar, então, algo se modifica, e um laço transferencial começa a se estabelecer, o que é fundamental para que um tratamento aconteça. De forma que é somente na transferência que as intervenções cumprem com uma função terapêutica. Estagiária: Kered Emanuele Schwingel Supervisora: Ana Dias A escolha do caso deve-se a questões que o discurso da paciente, uma senhora de idade avançada, que trazia um diagnóstico de depressão obtido por uma instituição pública, provocaram na condução e posterior interrupção do atendimento. Seu estilo de produção discursiva era repetitivo, fechado e sem implicação, onde se apresentava como uma mãe total, isto é, não faltante. Dessa forma, as poucas intervenções no sentido de fazer a paciente se implicar em sua fala não tiveram efeitos clínicos, o que repercutiu na interrupção dos atendimentos pela paciente que, justificou o não comparecimento pela via de impossibilidades físicas. A discussão do caso girou em torno do lugar da paciente. A sua história mostra um sujeito que repetidamente sobra e, em um momento tampona essa sobra com os seus filhos. Com isso assume o lugar de uma mãe total, que se faz reconhecer pela via dos filhos. Logo, toda intervenção no sentido de fazê-la implicar-se em seu discurso falha. Outra questão que foi discutida se refere ao atendimento clínico com idosos, o qual é diferenciado. Isso porque os mesmos não procuram atendimento para “resolver” um determinado problema. Assim, a transferência e o direcionamento do tratamento são peculiares. Estagiário: Leoncio Lopes dos Santos Supervisor: Nilson Heidmann O caso apresentado trata-se de uma criança que em sua história teve várias perdas familiares e recentemente vive a morte do pai. Chega na Clínica num processo de luto e apresentando um comportamento agressivo em casa e na escola após esta ultima perda. Na discussão do caso é colocada em questão a violência da criança como estrutural ou reacionária, sendo um auxilio na compreensão da situação de desamparo e de perda. Aquilo que emerge nos atendimentos é o mesmo que o menino deve elaborar, assim é preciso auxiliá-lo na construção de um lugar próprio nesta constelação familiar destruída. Estagiária: Thaíse Enriconi Sarreta Supervisor: Cristian Giles O caso clínico foi escolhido para apresentação devido a uma questão que surgiu em reunião geral que é a desistência dos pacientes após a primeira entrevista. Trata-se de um caso de um menino de 9 anos em que a queixa apresentada pela mãe é de que ele faz cocô nas calças. O atendimento se deu em apenas duas sessões, uma entrevista com a mãe e um atendimento com o menino, porém na semana seguinte, a mãe ligou avisando que não o traria mais. A questão levantada na discussão do caso clínico foi para o fato da mãe não mais o trazer para o atendimento. Uma das hipóteses levantadas foi a de que talvez pudesse ter problematizado alguma coisa na relação mãe/filho, pois o cocô estaria ali como objeto de troca entre eles. É possível, também, analisar sob a dimensão da fantasia do menino, ou seja, o cocô dele não vai para a vala comum, vai para as calças, é como se fosse um presentinho para a mamãe. E, quem sabe, o fato dele não vir mais pode ter sido algo que se colocou depois do atendimento na relação entre a mãe/filho. Neste caso foi possível perceber que o menino tinha algo da analidade que se colocava muito forte, talvez ali estivesse se estruturando um pequeno obsessivo. 6. PRODUÇÕES ESCRITAS A PARTIR DAS ATIVIDADES DE ESTUDOS REALIZADAS NAS CLÍNICAS DE PSICOLOGIA DA UNIJUÍ A cor do Paraíso2 Selma Dessbesel O filme “A Cor do Paraíso” foi assistido pelas estagiárias que compõem o grupo de estudo “Constituição da Subjetividade”. Esta atividade tem o objetivo de contribuir com a formação do psicólogo, uma vez que produz a discussão sobre os autores de uma determinada obra. Nesta direção, também auxilia a nos situar em nossos estudos e (re)significar as concepções teóricas que trabalhamos ao longo do curso de graduação em Psicologia. O filme apresenta uma história comovente de um menino cego. Mohammed que mora numa escola para deficientes visuais. Em suas férias volta para o vilarejo nas montanhas, onde convive com as irmãs e sua adorada avó que exerce a função materna. Segundo Freud, os bebês são depositários das esperanças de transcendência e realização parental. Então, mais doloroso resulta, pelo narcisismo neles depositários, que sejam eles os atingidos por um problema, que sejam eles os que padeçam de uma dificuldade. Mohammed, por ser um menino cego, não satisfez o desejo imaginário do pai, e o imaginário é uma ponte entre o real e o simbólico. É importante o modo como um bebê é situado pelo Outro – imprime particularidades no funcionamento de suas de suas diferentes funções orgânicas principalmente as marcas simbólicas produzidas pelo Outro encarnado. Referências Bibliográficas: • JERUSALISNKY, Julieta – Enquanto o futuro não vem: a psicanálise na clínica interdisciplinar com bebês. Salvador: Ágalma, 2002. • Filme: A Cor do Paraíso. 2 Texto produzido pelo Grupo de Estudos que abordou a temática “A constituição da subjetividade”. CPU/Ijuí. "Minha vida sem minhas mães"¹ Carin Kaist Carine Amanda Passinato Debora Becker Gabriela Kruger Leoncio Lopes dos Santos O filme “Minha Vida sem minhas mães”, dirigido por Klaus Härö, traz a história de Eros, contada a partir de 1943, momento em que seu pai morre na 2ª Guerra Mundial. Após a morte do pai, Kirsti, sua mãe biológica, resolve enviar o menino para a Suécia, local mais seguro do que a Finlândia, onde moravam. Na Suécia Eros encontra seus pais adotivos. Signe recebe Eros na sua casa, porém não consegue ampará-lo subjetivamente. A dificuldade de comunicação por causa da língua falada dificulta o convívio de Eros naquele país, bem como aparece seu desconforto numa casa estrangeira, distante do lar materno, sendo também sentida pelo menino a distância que se impôs de sua mãe. Esta lhe envia várias cartas, porém Signe não permite que o menino tenha acesso ao conteúdo destas. Essa relação de Eros com sua nova mãe é hostil no início, mas com o passar do tempo e por força das circunstâncias eles começam a se aproximar, até o momento em que Kisrti, sua mãe biológica, resolve buscá-lo para viver com ela novamente. Nesse momento, Eros precisa tomar uma decisão: fica com Signe ou Kirsti. Através do filme podemos discutir a formação e o rompimento de laços afetivos na infância. A construção de laços se produz como uma construção subjetiva entre a criança e as figuras parentais. Seja em casos em que os laços de familiaridade se fundam por consangüinidade ou por adoção, o nascimento de um filho acontece na medida em que se mobiliza o desejo parental, supondo na criança um ideal de sujeito e de familiaridade a ser experienciado no laço que os vincula. A construção dos laços familiares e da subjetividade se faz na medida em que um circuito de desejo e demanda parental enlaçam a criança e lhe incluem numa história a ser compartilhada, ____________________________________________________________________________________ ¹ Texto produzido pelo Grupo de Estudos: "Rompimento de laços afetivos". CPU/Ijuí. movimentando, inclusive a estrutura e a cena familiar anterior ao seu nascimento. Segundo Winnicott, o nascimento de um filho (re)posiciona os pais em sua subjetividade. Desta forma, pode-se fazer possível o exercício de suas funções e o nascimento de um sujeito, o que produz mudanças e a construção de novas cenas familiares; sendo esta condição também estendida às experiências familiares que se constituem atravessadas pela vivência de adoção. Referências Bibliográficas: WINNICOTT, D. Os bebês e suas mães. SP: Martin Fontes, 1996. Memória e Transmissão² Carolina Baldissera Gross Fernanda A. Szareski Kered E. Schwingel Thaíse E. Sarreta Freud postula o aparelho psíquico como uma articulação entre aparelho de memória e estrutura de linguagem. Podemos pensá-lo como uma borda constituinte de uma realidade psíquica. Nessa relação entre memória e linguagem, como podemos pensar a transmissão? Como é possível transmitir, algo único, da ordem do vivido? Ali onde se produziu uma memória, produz-se uma linguagem, para além do encontro entre corpos. O que fica registrado deste encontro, na forma de representação, é linguagem. O encontro de corpos, visto que estes são discursivos, na medida em que são bordas – discursivas – do furo remete a linguagem, sendo esta o contorno da falta de um significante. Ou seja, o encontro de dois ou mais corpos remete a um encontro entre os singulares modos de contorno da falta. Entre os tipos de memória que podemos citar, destacamos uma, a memória da ______________________________________________________________________ ²Texto produzido pela Comissão de Publicações da Clínica de Psicologia da Unijuí/Ijuí. rememoração e da transmissão da experiência, vista que no contexto clínico ela toma relevância. Sua relevância se revela tanto no paciente que procura a Clínica, quanto na necessidade de compartilhar entre os pares (em apresentações de caso, nas publicações, nas reuniões e supervisões), o vivido na Clínica por parte dos estagiários/terapeutas. Estar integrado ao Grupo de Publicações é, a todo o momento, se indagar a respeito da transmissão e memória clínica – e da Clínica –, sendo isso que sustenta o trabalho deste grupo. Assim, para além do compromisso de efetivamente publicar, a publicação vem como registro da experiência, que a priori, possuía apenas o estatuto de vivido. De acordo com Kehl (2001), Walter Benjamin propõe que a experiência somente se constitui como tal a posteriori, ou seja, não no momento da vivência, mas sim no momento da transmissão. Essa proposição é familiar a todos que transitam pela psicanálise – lidamos com o a posteriori a todo o momento. Transmitir a experiência na Clínica seja por parte dos pacientes, seja por parte dos estagiários/terapeutas é um modo de testemunho. Testemunho enquanto inclusão da experiência singular em uma representação coletiva. É pela via discursiva que faz experiência do vivido, compartilhando, e nesse momento, constituindo uma saber, no laço estabelecido, laço este de transferência de trabalho. O Grupo de Publicações tem a função de, pela escrita do Anuário da CPU – a qual é compartilhada por toda a equipe clínica – organizar e publicar esse saber emergente da experiência. A necessidade de compartilhar algo da experiência vem pela via da sustentação de um lugar, seja do lado do paciente – que pelo testemunho de sua realidade psíquica busca a sustentação do sujeito –, seja por parte do estagiário/terapeuta que pelo testemunho de sua experiência busca a sustentação do seu lugar na experiência clínica e na sua relação com a teoria. Em suma, é em busca desta sustentação que falamos, que escrevemos, que registramos entre o acontecido e sua representação, abrindo brechas; pois sempre o que se transmite é a falta, caso contrário não há transmissão, não há construção de um saber, de uma saber que emerge do compartilhamento da experiência. Esta é a função do Anuário que o Grupo, em um ano de trabalho, buscou retomar e que, pela transmissão da experiência, construiu um saber emergente do vivido, registrado por este texto e pela composição de todo o Anuário. Referência Bibliográfica: KEHL, M. R. Prefácio. In: COSTA, Ana. Corpo e Escrita: relações entre memória e transmissão da experiência. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2001. Pagamento³ Ivanete Schneider Patrícia Peixoto Flaviane Teixeira Ane Gabriele Pascoal Tassiana Schmidt Ao iniciarmos o estágio na Clínica de Psicologia da Unijuí, muitas questões com a relação à prática clínica começaram a surgir, dentre elas a questão do pagamento. Uma via possível para discussão e aprimoramento dos conhecimentos teóricos com relação a esta temática foi a formação de um Grupo de Estudos. Por sugestão de alguns professores e por entender a importância do texto de Freud “Recomendações aos médicos que exercem a psicanálise” (1912) para aqueles que se lançam à experiência clínica, o grupo iniciou seus estudos a partir da leitura desse texto, sendo que surgiram questões e discussões. Destacaremos aqui os pontos elencados por Freud neste trabalho, considerando que o presente texto constitui-se somente a partir desta obra, embora a temática encontre maiores desdobramentos teóricos e clínicos em psicanálise. _______________________________________________________ ³ Texto produzido pelo Grupo de Estudos sobre a temática: "O pagamento". Freud ao elaborar este texto propõe alguns apontamentos aos médicos que exercem a psicanálise na tentativa lhes poupar esforço desnecessário, resguardando-os contra algumas inadvertências. Trata-se de um texto técnico. O primeiro ponto situado pelo autor refere-se à lembrança do material produzido em análise. Freud reforça a importância de não confundir o material produzido pelo pacientes em tratamento. Com relação à técnica, o autor sugere que o analista deve manter a atenção suspensa, não selecionando nenhum material, ou seja, escutar sem se preocupar com a lembrança que terá a posteriori. Escutar o discurso do paciente que, por vezes, poderá parecer sem sentido, no entanto, tal significado poderá ser identificado posteriormente, pois na fala do paciente se faz a lembrança. A regra básica da psicanálise é a associação livre, na qual o analista propõe ao analisando que fale livremente tudo o que lhe ocorrer. Assim, também, o analista deverá escutar sem se preocupar com a lembrança deste conteúdo, bem como conter todas as influências conscientes e abandonar as memórias inconscientes. Freud segue o texto apontando para a questão das anotações dos atendimentos. O autor sugere que não sejam feitas anotações durante o atendimento, pois tal conduta poderá causar desconforto ao paciente, bem como o analista poderá estar fazendo uma espécie de seleção do material escutado. Propõe que sejam feitas anotações pontuais como em sonhos, datas, exemplos. Aponta, ainda, que a escritura de um caso poderá ser efetuada para fins de publicação, porém somente após o término do tratamento. Diferentemente do médico, o analista não tem a pretensão de cura, tampouco, que isso produza algum efeito sobre as pessoas. O sentimento mais perigoso que o analista pode sustentar é a ambição da cura. Isso implica, por sua vez, certa frieza emocional do analista, o que vem a ser favorável para ambos, paciente e analista. É necessário que o analista escute na fala do paciente o material inconsciente, oculto. Para tanto deverá voltar seu próprio inconsciente como um órgão receptor na direção do inconsciente transmissor do paciente. O trabalho da análise se coloca como um reconstruir o inconsciente do paciente a partir dos derivados que lhes são fornecidos pelo discurso. Para que este trabalho possa acontecer é imprescindível a análise pessoal. O tratamento psicanalítico se sustenta a partir da posição neutra do analista, que não deve conduzir o tratamento de maneira sugestiva, ou seja, “o médico deve ser opaco". Freud aponta para uma posição ética do analista em relação às possibilidades de sublimação do paciente, abstendo-se dos seus próprios desejos com relação ao percurso do tratamento analítico. Outro ponto ressaltado pelo autor é o cuidado que deve ter o analista com relação à cooperação intelectual do paciente no tratamento, que, por vezes, pode aparecer como resistência ao trabalho analítico. Aponta, ainda, que não deve haver qualquer direcionamento em relação ao discurso do paciente, pois tal conduta não solucionaria nenhum dos enigmas da neurose. O estudo do referido texto foi muito importante para o processo de formação dos componentes do grupo. Proporcionou momentos de discussão entre o texto e a prática de estágio. O grupo recomenda a leitura desse texto, pois toda vez que nos reportamos a ele, desperta novos questionamentos. Referências Bibliográficas: FREUD, S. Recomendações aos médicos que exercem a psicanálise. In: Edição Sandart Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud. RJ: Imago,1996. Acolhimento da família: a importância das primeiras entrevistas na Clínica-Escola de Psicologia.1 Catiane Larissa dos Santos Ivanês Lucila Chiapinotto Lidiane Maria Mähler Luciana Stumpf Simoni Antunes Fernandes. No trabalho clínico com crianças muitas vezes nos deparamos com questões referentes ao encaminhamento do tratamento. Por vezes percebemos que o sintoma da criança, dos quais os pais se queixam, está ligado a eles próprios. Assim, o acolhimento do caso não se restringe ao encaminhamento de cada membro da família para psicólogos diferentes, mas de acolher as diferentes queixas e falas, pois trabalhamos com o discurso, com o sujeito, não com os indivíduos. 1 Texto produzido pelo Grupo de Estudos sobre a temática: "Acolhimento da Família". As entrevistas iniciais são cruciais na escuta e tratamento clínico psicológico. Todavia, não há um molde a ser seguido; afinal, cada experiência de tratamento psicológico é única, é singular. Mesmo com anos de trabalho, se trata de uma experiência inaugural tanto para quem fala, como para quem escuta. Segundo FONTOURA (Informativo 'Falando N'Isso, ano 5, nº 15, p.4): " Algo do que se inaugura ali é um espaço/tempo diferenciados: falar de si a alguém associando livremente tem o efeito de abrir outras dimensões do espaço e do tempo e um tratamento psicanalítico conta com esse elemento como premissa necessária. A propósito, é sempre oportuno marcar a grande sacada de Freud ao estabelecer a associação livre como método privilegiado de acesso a expressão do inconsciente." Através do referencial psicanalítico, reconhecemos a criança como efeito do discurso do Outro. Seincman (2000) propõe: a grande questão que emerge quanto à clínica infantil é a indefinição de se reconhecer antecipadamente quem é o paciente na clínica com crianças. Uma criança é trazida a tratamento porque algo fracassa em suas produções que não amaram nos ideais parentais. Por isso, nas entrevistas iniciais temos que escutar os significantes que remetem às fantasmáticas parentais. Assim, os pais ocupam um lugar privilegiado na clínica com crianças. Nesses primeiros contatos, as entrevistas não consistem em, apenas, simples coleta de dados e informações, como se fosse puramente uma anamnese. A anamenese pode servir como facilitadora de associações livres, se não for tomada por moldes de preencher dados. Nesse sentido, as fichas de "cadastro" da clínica apresentam poucos elementos. O que fica do paciente, não está em papéis, mas na escuta clínica, no acompanhamento dos significantes do discurso. Referências Bibliográficas: DIAS, Ana. As entrevistas com os pais. In: Falando N'Isso. Informativo da Clínica de Psicologia da UNIJUÍ. Ijuí: UNIJUÍ, ano 5, n° 15, p. 3. FONTOURA, Lucy. Entrevistas Iniciais. In: Falando N'Isso. Informativo da Clínica de Psicologia da UNIJUÍ. Ijuí: UNIJUÍ, ano 5, n° 15, p. 4-6. SEINCMAN, Mônica. Quem é o paciente na psicanálise de crianças? In: Pulsional. São Paulo: Pulsional, fev 2000, nº 130. O Desenlace de uma análise¹-² Luciana Stumpf³ “Como termina uma análise?” É esta indagação que movimenta Gérard Pommier a escrever o livro O desenlace de uma análise. Pommier (1992) introduz a temática das noções de finito e infinito numa análise fazendo a releitura de alguns autores, em especial de Freud e Lacan. Enquanto Freud sublinha o interminável impasse da castração, Lacan acentua a travessia da fantasia que apresenta o desejo. Todavia, ambos remetem a impossibilidade de uma “conclusão” de análise, que leva Pommier ao uso do termo “desenlace”. “Desenlace” é um instante em que um nó se desfaz, que não implica a ruptura de um fio, subentendida pelas palavras “fim” ou “conclusão”. Trata-se da instalação de um estado que nunca surge espontaneamente no Eu e cuja criação original constitui a diferença essencial entre o homem analisado e aquele que não foi. Assim, o que não termina e o que termina é determinado pelo amor de transferência dentro da experiência analítica. Segundo Pommier (1992) “O inconsciente e o “isso”, o significante e a fantasia, se articulam um com o outro segundo um processo em que se encontra, de um lado, a rocha da castração e, do outro, a relação do sujeito com a sua fantasia. É a partir desta articulação que se pode demonstrar que o que não termina em análise, que também é sua vertente terapêutica, está do lado da leitura inconsciente, enquanto o fim lógico diz respeito à construção da fantasia” (POMMIER, p. 28). Pommier (1992) organiza seu livro em quatro eixos: Análise Infinita; Análise Finita; Incidências do Momento de Concluir; Fim da Análise e Sublimação. A infinitude da análise leva à reflexão sobre a leitura literal do saber inconsciente, o efeito terapêutico do ato analítico e a presença física do analista. Quanto à finitude da análise, o autor introduz a discussão acerca da fantasia – sua posição, a distinção na neurose obsessiva e na histeria, sua topologia e interpretação. As considerações sobre incidências do momento de concluir e a possível sublimação remetem Pommier (1992) a uma consideração final: a experiência analítica, nela mesma infinita, pode se interromper se a produção do analisando, qualquer que seja ela, lhe permita nodular seu Nome aos Nomes no instante em que ele assina uma obra e, fazendo isto, escapa ao anonimato que o despedaçava. Assim, o que movimenta o sujeito a entrar num processo de análise (a implicação no seu sintoma a partir do laço transferencial) é o mesmo que permite o seu desenlace. ¹ Resenha produzida a partir do livro "O desenlace de uma análise", de Gerard Pommier. ² O presente texto apresenta-se como elaboração desencadeada a partir de discussões que emergiram no Grupo de Estudos "A finitude e a finalidade do tratamento psicológico". ² Estagiária do Curso de Psicologia/ Clínica de Psicologia Santa Rosa Bibliografia: POMMIER, G. O desenlace de uma análise. RJ: Jorge Zahar Editor, 1992. A angústia inerente ao trabalho clinico: Primeiras Experiências Sobre a Angústia¹ Lidiane Maria Mahler ² Lacan no Seminário 10, o qual aborda a temática da “Angústia”. Mas, o que podemos pensar sobre a angústia que se apresenta tanto no analista como no paciente? Quando o grupo de estagiárias da Clínica de Psicologia da Unijuí/Santa Rosa começa a refletir sobre a temática da “Angústia inerente ao fazer clínico”, as palavras apontam às vivencias de cada uma. No entanto, não é simples descrever aquilo que sentimos, podendo ser melhor testemunhado no aparecimento dos signos somáticos. A angústia está implicada em cada ato clínico, a cada novo paciente e atendimento a ser realizado. Trata-se de uma mistura de sentimentos que se fazem presentes na escuta da fala do paciente ou quando este fica em silêncio; no acolhimento de um novo paciente ou de um paciente que já teve um percurso de atendimento com o estagiário terapeuta anterior. Tal situação que irrompe como temor ao novo, ao desconhecido, ao fazer certo ou errado, bem ou mal; o que se fala ou o que não se fala; que tipo de efeito terá nosso posicionamento; se seremos capazes de suportar juntamente com o paciente o tratamento. Podemos citar como exemplos as experiências quanto aos primeiros atendimentos. Trata-se de uma expectativa em relação ao novo, ao desconhecido; ao fazer certo ou errado; ao que dizer e até ao que não dizer. Entretanto, não podemos antecipar que são as pessoas que buscam atendimento psicológico, nem que questões as acompanham, não podemos supor os motivos da procura pela clínica, assim como não podemos antecipar o que irá se apresentar durante o tratamento. Lembramos do primeiro dia de atendimento na Clínica. Havia muita expectativa em relação à espera dos pacientes, a ansiedade aumentava sempre que um deles não comparecia à hora marcada, e as dúvidas persistiam. Várias perguntas permaneciam sem respostas: “o que fez com que os pacientes não viessem? Será que viriam? Será que vai haver laço transferencial?” A ansiedade era recíproca no grupo. Vivemos uma grande expectativa em torno do desconhecido, do que é um atendimento psicológico e de como seriam nossas primeiras experiências na Clínica. Porém, nenhuma experiência até então pode ser relatada. Pela parte da tarde a expectativa continuava, já havia um número maior de estagiários na Clínica. Nada ainda a relatar, apenas a angústia que acompanhando os momentos em que verificamos a ausência de pacientes. Relatamos um recorte da situação. Alguém levanta a seguinte questão: “e então colegas, onde é que a gente senta, na poltrona próxima à porta ou na próxima à janela?”. Outra estagiária responde: “Olhei as salas e observei que tem uma mesinha com uma caixa de lenços de papel do lado da poltrona próxima à porta”. Será nesta poltrona que o paciente irá se sentar (...)?” Ao retornar do primeiro atendimento a estagiária afirma surpreendida: “Nada foi como imaginei, ao acolher mãe e paciente, a primeira senta-se na ‘minha poltrona’; o segundo senta-se na poltrona próxima à caixinha de lenços e eu sentei na pequena cadeira que há na sala de atendimento infantil. Nada foi como planejei!” No momento em que diz ‘minha poltrona’ subentende-se que os lugares já estariam pré-definidos, entretanto, na experiência clínica estes lugares não estão dados a priori. Não estamos falando de lugares meramente físicos, mas de lugares simbólicos que compõem esta experiência com a subjetividade. Pudemos perceber que antecipar uma suposição – imaginária – sobre os fatos é inviável no contexto clínico. Assumimos uma postura que vela por um ‘não saber’, talvez seja esse um dos pontos que gera angústia, pois não temos uma regra, uma técnica uniforme, uma receita pronta; embora a suposição de saber permita certa diferenciação necessária dos lugares. Trabalhamos com os significantes que os sujeitos apresentam na situação clínica. O encaminhamento de pacientes por parte dos estagiários/terapeutas anteriores também desencadeia, a nosso ver, angústia em relação aos casos e diagnósticos em transmitidos sobre alguns casos. Junto com eles vêm outras dúvidas: “será que seremos capazes de dar continuidade aos atendimentos? Será que os pacientes vão fazer comparações com os estagiários anteriores?” Havia o medo de rotular o paciente quando da apresentação de alguma hipótese diagnostica. Uma estagiária relata sua angústia frente a este início de trabalho, com o acolhimento de um paciente na clínica, sendo que o mesmo já possuía inserção nesta Instituição. Para sua “surpresa” esse paciente a tratou com "cordialidade" – a acolheu –, sem fazer comparações com o percurso já experienciado ou algo parecido. Essas primeiras experiências com a clínica psicológica nos remetem a Freud, quando propõe que a angústia equivale a um estado em que ficamos desamparados; ela não tem representação de objeto. Freud chamou atenção sobre a angústia definindo-a como “estado afetivo” em que há combinação de determinados sentimentos da série prazer-desprazer, com as correspondentes inervações de descarga e uma percepção dos mesmos. É um estado em que a pessoa passa a ter signos corporais, tais como: suor, taquicardia, respiração ofegante, tremor, inquietude, agitação. Isso nos mostra que a angústia é anterior a uma nova representação e que pode estar tanto do lado do analista quanto do paciente. As causas que levam a sentir esse afeto de desprazer são diversas, só podemos coincidir nos signos físicos que o demonstram. O afeto de angústia resiste a ser revelado pelas palavras. Mas podemos nos tranqüilizar lembrando que não foi diferente para Freud, um dos poucos escritores que até meados do século passado tentava refletir sobre a angústia, na carta a Fliess – manuscrito E –, escreve: “a tensão física, não sendo psiquicamente ligada, é transformada em angústia”. E, posteriormente, pensando as neuroses de angústia descreve: “Estado de vertigem acompanhado de perturbações cardíacas e respiratórias”. É pelo estudo das fobias que Freud chega a diferenciar o afeto de angústia do medo. Sendo que o medo tem ligação com uma idéia, com uma representação que o origina, enquanto a angústia fica como um afeto de desprazer que anuncia um perigo, mas sem que a representação as ameaça seja consciente. Posteriormente, em 1926 com o texto “Inibição, Sintoma e Angústia”, um giro importante na explicação da angústia é marcado pela formulação de que ela não á provocada pelo recalque, mas é quem o provoca. E é para evitar as ameaças da angústia que o sistema psíquico recalca os desejos inconscientes, quando são estes que formam uma situação de ameaça para o Ego. Com a formulação da segunda tópica Freud (1923) teve condições de situar o Ego como a sede da angústia. Fazemos referência a um fato clínico: trata-se de uma entrevista de acolhimento. Ao ser chamado para o atendimento, o paciente – adulto – se dirige até a sala acompanhado pela mãe. Diante desta situação, a estagiaria interroga-se: “porque a mãe precisa entrar junto?” No decorrer da sessão a mãe fala sobre o filho e este apresenta sensações desagradáveis: sudorese, tremores e agitação. Estas manifestações de angústia são também vividas pela estagiária, que relata ‘não saber’ o que estava se passando, sendo o transcurso da sessão circunscrito há quinze minutos. Outras formas de angústia se manifestam no trabalho na Clínica de Psicologia. Destaca-se que, potencialmente, a clínica analítica abre espaço para o afeto de angústia. Não somente porque a ‘associação livre’ abre espaço para que o paciente expresse o seu sofrimento psíquico e desse modo esteja convidado a alcançar seus limites de representação, mas também porque seus desejos inconscientes que lhe causam sofrimento podem ser representados e aparecer ameaçando ao Ego. Neste sentido temos elementos para pensar que tanto o paciente como o terapeuta pode avançar, seja por intermédio da associação livre ou por uma intervenção, em direção ao esclarecimento desses desejos perigosos. Se quem estava escutando, antes de falar sente angústia, não se deve desprezar este sinal de perigo, pois é também um signo de que o terapeuta (estagiário) está implicado na escuta de seu paciente e a angústia que sente é própria dos momentos prévios às possibilidades de revelação. O sinal de angústia, quando sentido como um afeto pelo sujeito que faz a escuta clínica, não deve ser tomado somente como signo de perigo, mas também como uma cota de desprazer que indica a proximidade de representações a serem alcançadas. ¹ Texto elaborado pelo grupo de Estagiárias e Extensionista da CPU/Santa Rosa e apresentado na XII Jornada da Clínica "Contemporaneidade e o fazer clínico". Unijuí/Ijuí, 2008. ² Estagiária, representando a Clínica de Psicologia de Santa Rosa. Referências Bibliográficas: FREUD, S. Carta a Fliess (Manuscrito E) Como se origina a angústia (Sem data.? Junho de 1894) In: Edição Standart Brasileira das Obras Completas de Sigmund Feud. RJ: Imago, 1996. _________. O Ego e o Id (1923). In: Edição Standart Brasileira das Obras Completas de Sigmund Feud. RJ: Imago, 1996. _________Inibição, Sintoma e Angústia (1926). In: Edição Standart Brasileira das Obras Completas de Sigmund Feud. RJ: Imago, 1996. LACAN, J. A psicanálise e o lugar do sujeito na nosologia ¹ Márcia Regina da Rosa Pinto² Nara Kraus Schubert ³ A psicanálise se propõe a pensar o lugar do sujeito na nosologia a partir da inscrição do desejo ali onde a falta se coloca, considerando o tratamento medicamentoso como coadjuvante, em alguma situações necessário, no processo da cura ao sofrimento psíquico. Concebe-se uma prática clínica que não se opõe à manifestação da singularidade que possibilite a fala do sujeito como expressão do desejo. O constante questionamento acerca da prática clínica requer uma interpretação sempre singular de quem escuta, "lê" nas linhas do que o paciente diz e permite a construção de um laço transferencial. Para o terapeuta sempre estão colocadas as questões de como começar, acolher, orientar o tratamento de quem o procura; o que não fazer e quando não fazer; como lidar com a singularidade de cada sessão; como distinguir a demanda a partir do real e levar adiante o trabalho com a transferência que se produz; quais os caminhos psíquicos da angústia e suas sintomatologias; como intervir com interpretações a partir das formações do inconsciente como sonhos, lapsos, etc. A clínica se faz nesse espaço onde a palavra circula e funda um sujeito; trata dos movimentos, dos vínculos, da história do paciente e do inconsciente como discurso do Outro. A clínica, estando onde a vida pulsa, permite a construção de um saber que só se faz através da relação transferencial, o que permite ao terapeuta explicitar e interpretar os conflitos e desejos latentes do paciente. Para tanto, faz-se necessário dirigir o olhar e perceber que na transferência o inconsciente está presente sob as mais diversas situações. A posição de não saber que perpassa a ética psicanalítica e incide na relação paciente-terapeuta constitui-se como uma condição de escuta que se faz a partir de que não haja um saber a priori constituído sobre o paciente, o que permite sustentar uma experiência em que suas versões, suas representações sejam escutadas e desveladas, implicando-lhe e instigando a constituição de um saber próprio sobre sua história e sobre o sofrimento que lhe acomete. Desta forma, pretende-se viabilizar-lhe o questionamento sobre seu sintoma, desvelando seus desejos e os recalcamentos que se produzem a partir deles. Trata-se de uma proposição clínica fundada na enunciação do paciente e na convocação deste à responsabilização sobre sua condição psíquica, seu destino e sobre o destino do “mal” que lhe acomete. Atravessar uma experiência de tratamento psíquico acompanhado pela necessidade de terapêutica medicamentosa convoca aos terapeutas à constituição da interdisciplinaridade, estando suas participações voltadas ao resgate e sustentação da produção subjetiva, através das construções fantasmáticas que se aresentam, se (re) elaboram no laço transferencial. ¹ Texto produzido a partir da participação na “Contemporaneidade e o fazer clínico”. Unijuí/Ijuí, 2008. ² Estagiária da Clínica de Psicologia de Santa Rosa. ³ Estagiária da Clínica de Psicologia de Santa Rosa. XII Jornada da Clínica 7. CURSO DE EXTENSÃO EM PSICOLOGIA: “PRÁTICAS CLÍNICAS SUPERVISIONADAS” Relatório do Curso de Extensão Universitária “Práticas Clínicas Supervisionadas” do primeiro semestre de 2008: a experiência nessa prática. Juliana Lütkemeyer2 Roseli Bönmann3 Quando pensamos em fazer o Curso de Extensão a idéia centrava-se em dar continuidade a um trabalho clínico com pacientes que estávamos atendendo. Também, estender o contato com os colegas estagiários da clínica no que se refere a uma possível transmissão do trabalho clínico realizado na Clínica-Escola de Psicologia da Unijuí. No entanto, o Curso de Extensão não se restringe as atividades de atendimento, pois temos a atividade de pesquisa a contar como um importante instrumento de trabalho na extensão. A seguir relataremos a experiência no trabalho de escuta e nas ações de formação, sendo que a atividade de pesquisa será apresentada em relatório parcial a parte deste documento, mas ainda neste volume do Anuário. Na extensão Práticas Clínicas Supervisionadas temos a oportunidade de ampliar a nossa experiência de escuta no atendimento a pacientes. É um tempo a mais que o terapeuta tem para dar continuidade no tratamento de alguns pacientes. Esse tempo a mais de atendimento que a extensão permite torna-se relevante na medida em que o vínculo transferencial entre paciente e terapeuta, que vem se estabelecendo desde o período de estágio, pode possibilitar um movimento importante no tratamento do paciente. Para sustentar o atendimento clínico com os pacientes contamos com a supervisão clinica semanal. Essa prática clínica necessita ser sustentada, tanto pela supervisão como por outras atividades que tomamos como ações de formação, pois, trabalha com a escuta inconsciente de pacientes. Quando escutamos um paciente procuramos nos valer do método que Freud utilizava, a da atenção flutuante. Nossa escuta se concentra apenas no discurso do paciente, o que requer nos abstermos de todo o resto. Mesmo assim, alguns elementos importantes em um atendimento, podem cair 2 Psicóloga, adscrita ao Curso de Extensão “Práticas Clínicas Supervisionadas” no período de março a julho de 2008. 3 Acadêmica do curso de Psicologia, adscrita ao Curso de extensão Práticas Clínicas Supervisionadas. Clínica de Psicologia da Unijuí/Ijuí, primeiro semestre de 2008. fora de nossa escuta. Por isso a importância de uma outra escuta; esta de um outro com um percurso maior de experiência em atendimento clínico. A escuta do supervisor, sobre o caso que levamos para supervisão, pode nos apontar o que caiu fora de nossa escuta e ainda, nos fazer pensar e refletir sobre o que foi possível escutar. O supervisor representa um terceiro na relação do clínico com o seu paciente, podendo perceber particularidades que talvez não percebamos por estar envolvidos transferencialmente com o paciente. Dentro desta percepção, o supervisor pode nos apontar outra forma na conduta do tratamento com o paciente, que possa auxiliar o tratamento do mesmo. Findo o período do curso de extensão universitária coube-nos proceder o encaminhamento e ou desligamento dos pacientes conforme o referencial que a Instituição adota. Relatório Parcial de Pesquisa: As ações formativas na Clínica-Escola de Psicologia da Unijuí/Ijuí Iris Fátima Alves Campos4 Juliana Lütkmeyer5 Roseli Bönmann6 Resumo: O presente texto relata a trajetória para elaboração do projeto de pesquisa. Expõe as dificuldades encontradas quanto à pesquisa de campo e apresenta os dados obtidos na coleta de dados por meio de inventário de múltipla escolha, aplicado aos estagiários da clinica-escola de Psicologia da Unijui/Ijuí no primeiro semestre de 2008. Palavras-chaves: supervisão clínica, psicologia, clinica-escola de psicologia, ações de formação. 4 Professora coordenadora da Clínica de Psicologia da Unijuí – 2007/2008, coordenadora da pesquisa no período de março de 2007 a janeiro de 2009. 5 Psicóloga, Pesquisadora adscrita ao Curso de Extensão: “Práticas Clínicas Supervisionadas”. 6 Acadêmica de Psicologia, adscrita ao Curso de Extensão: “Práticas Clínicas Supervisionadas”. Objetivos da Pesquisa: Essa pesquisa pretende um estudo acerca das ações de formação da Clínica-escola de Psicologia da Unijuí a partir dos possíveis efeitos que tais ações têm sobre o estudante estagiário de Psicologia. O estudo tem como objetivo considerar que efeitos de formação as ações podem produzir em uma clínica-escola, focando duas dessas ações de formação: a supervisão e a apresentação de caso clínico. Essa pesquisa ao articular tais experiências de forma teórica e conceitual, torna-se uma escrita sobre esta Clínica-Escola. Metodologia: Um primeiro passo consiste em circunscrever de maneira teórica e conceitual as ações de formação. Outro passo é considerar uma diferenciação entre ação de formação e ação de ensino. A partir disso, circunscrever de maneira teórica e conceitual duas ações de formação: a supervisão clínica e a apresentação de caso, visto que tais ações assumem caráter diferenciado quando se trata do ato clínico. E, por fim, essa pesquisa visa abarcar a experiência de estagiários estudantes de psicologia nas ações de formação supervisão e apresentação de caso, e a experiência de egressos do Curso de Psicologia da UnijuÍ, que, da mesma forma, experienciaram a Clínica-Escola. – em tempo do acontecimento da experiência. Discussões Parciais: A dificuldade maior encontrada esteve na estruturação inicial do projeto de pesquisa propriamente dito, ou seja, elaboração do tema, objetivos, justificativa e metodologia, atendendo as normas sobre realização de uma pesquisa. Isto diante da necessidade de submetê-lo a aprovação do Conselho da Clinica de Psicologia, dos professores integrantes do Departamento de Filosofia e Psicologia, bem como, do Comitê De Ética na Pesquisa da Unijuí, uma vez que a pesquisa que envolve seres humanos. Esta exigência nos fez refletir sobre o enquadramento que se tem dado a pesquisa psicológica, pois percebemos que os dados cadastrais que tivemos que apresentar ao Comitê foram criados para contemplar um grande espectro de pesquisas de ordem quantitativa e experimental, não havendo discernimento no que tange a pesquisa não experimental. Nesse sentido convém lembrarmos que nossa pesquisa não é experimental, mas busca conhecer a experiência de pessoas no seu fazer profissional. Circulamos por algumas temáticas até chegarmos ao tema proposto para a pesquisa. Para tanto, as extensionistas da clínica7, e coordenadora da pesquisa, se reuniam para debater e discutir as diferentes propostas que cada uma fazia para, a posteriori, chegar a um interesse em comum. Enquanto acadêmicas envolvidas na elaboração do projeto, assumimos, em primeiro lugar, a posição de não dar continuidade a temática que o projeto anterior propunha, a saber: o atendimento de crianças na CPU/Ijuí. Dessa forma, chegamos ao tema do projeto de pesquisa que contempla um estudo acerca das ações de formação em uma Clínica-Escola de psicologia. Posteriormente vimos que era necessário rever o tema, retirando-o de um lugar universal – uma CLÍNica-escola– para um lugar singular: Clínica-Escola de Psicologia da Unijuí/Ijuí, razão pela qual houve uma alteração no titulo inicial “ as ações de formação em uma Clínica-escola de Psicologia” para “ações formativas na ClínicaEscola de psicologia da UNIJUÍ/Ijuí”. Ademais, lembramos também, que este tema surge devido a alguns questionamentos verbalizados por estagiários da CPU acerca do assunto, em especial quando contatam com egressos confrontados com o fazer clinico em instituições da rede pública de saúde.8 Assim nos importar pensar que as ações de formação de nossa clínica-escola existem para cumprir com o objetivo de formar aqueles que as experienciam, afim de, em situação profissional, sustentarem uma referência à experiência de formação na CPU/Ijuí. E, aqueles que experienciam as ações de formação são estagiários estudantes de psicologia que oscilam entre a posição de terapeuta e acadêmico. Dessa forma, cabe perguntar se as referidas ações são tomadas na experiência como formadoras ou como dispositivos técnicos para o cumprimento do estágio curricular. Elaborado o projeto e após a sua aprovação pelo Comitê de Ética na Pesquisa da UNIJUÍ, iniciamos o trabalho da fase exploratória ou de campo, a fase de coleta de dados. Esta se realiza a partir do contato com dois grupos de indivíduos: egressos da Clínica-Escola e estagiários da CPU/Ijuí. O propósito é trabalhar com uma amostra de aproximadamente dez indivíduos egressos. Estes, sorteados aleatoriamente, a partir de uma listagem dos estagiários onde 7 O projeto de pesquisa foi elaborado no segundo semestre de 2007 por três extensionistas, Anelise Pinto Prestes, Juliana Lütkemeyer e Roseli Bönmann e, a coordenadora da Clinica de Psicologia da Unijuí que acumula a função de coordenadora da pesquisa, Iris F. A. Campos. 8 Neste aspecto cabe lembrar que a Clinica de Psicologia da Unijuí, CPU _ Ijuí atende demandas publicas, embora não receba verbas publicas para sua manutenção. consta nome de estagiários desde o segundo semestre de 1993, quando a Clínica foi inaugurada. O sorteio aconteceu em reunião geral da equipe da CPU/Ijuí no segundo semestre de 2007. Foram sorteados dez indivíduos titulares e dez indivíduos suplentes, isto porque se avistava certa dificuldade de contatar os indivíduos. Após o sorteio a equipe de pesquisadores passou a entrar em contato com os egressos. Muitos dos egressos, cujos nomes foram sorteados, não foram encontrados nos endereços de telefone registrados na clínica. Entre as pessoas contatadas uma não havia realizado seu estágio na Clínica-Escola de Psicologia da Unijuí e, portanto, sem o enquadramento necessário para participar da pesquisa; outro dos contatados informou estar a quatro anos afastado da função de psicólogo optando por não participar da entrevista, e outra, respondeu estar bastante ocupada com outras atividades sem tempo disponível para agendar a entrevista. Da dificuldade de localizar e contatar com as pessoas cujos nomes foram sorteados extraímos questões quanto ao relacionamento dos agora profissionais com a agência formadora. Notamos que não há cadastro atualizado de endereços telefônicos ou eletrônicos, bem como raros são os egressos que retornam a CPU para eventos de formação, tal como a Jornada Clínica realizada todos os anos; embora muitos tenham participado enquanto estagiários da comissão de eventos da Clínica, responsável pela organização das Jornadas9. A fonte de contatos com a Clínica que ainda perdura é a leitura do periódico Falando Nisso, editado pela comissão de publicações da Clínica, que é enviado a alguns acadêmicos cadastrados. Entretanto, do total dos egressos nestes 15 anos de existência da Clínica e oito anos de existência do periódico uma pequena porcentagem de egressos se cadastrou para receber o material. Assim, podemos concluir que os vínculos com a instituição Clínica (CPU/IJUÍ) são frágeis após a passagem pelo estágio supervisionado. Entretanto, ainda não podemos avaliar como a experiência em estagiar na Clínica – e a participação em suas ações formativas – marca a vida profissional destes egressos. No momento atual da pesquisa, temos uma entrevista textualizada e confirmada como fidedigna. Conforme nosso compromisso metodológico alguns elementos foram retomados quando o texto retornou à egressa entrevistada. Esta reafirmou partes do texto, retificou outras e incluiu novamente em sua fala aquilo que na primeira vez caiu fora da escuta da entrevistadora. 9 Dado este que serviu para reflexões quanto ao funcionamento das comissões de trabalho da CPU-Ijuí. Surgiu aí uma dificuldade de usar o dispositivo metodológico que escolhemos. Escutar alguém significa estar fundamentado em uma técnica, e o que a sustenta é a linha teórico-ética na qual procuramos nos filiar. Mais do que escutar, há a textualização para fazer. Tarefa nada fácil, pois aciona a memória do entrevistador e sua capacidade de usar a escrita na preocupação de ser fiel a fala que captou. Na continuação da pesquisa, até esta atingir seu propósito, ainda precisam ser realizadas nove entrevistas com egressos do curso. Outro grupo que participou da pesquisa de campo foi o grupo de estagiários da Clínica-Escola de Psicologia da Unijuí do primeiro semestre de 2008. Estes, por livre consentimento, responderam a um inventário de questões de múltipla escolha. Os dados coletados estão apresentados em gráficos e analisados, de forma a gerar conhecimento sobre a questão-problema, observando o sigilo sobre o nome dos que responderam ao inventário. Os inventários estão arquivados em banco de dados, tal como descrito anteriormente. Resultados obtidos: O questionário possui dez perguntas, cada uma com suas respectivas alternativas. As perguntas versam sobre as duas ações de formação, supervisão e apresentação de caso. A primeira pergunta aborda os objetivos da presença da supervisão clínica e apresentação de caso como ações sistemáticas na Clínica. Dos dezoito estagiários que responderam o questionário, dezessete marcaram que os objetivos das duas ações de formação são desenvolver a formação do psicólogo para além das questões puramente acadêmicas. Um estagiário respondeu que os objetivos são verificar a aprendizagem dos acadêmicos estagiários. E nenhum respondeu que os objetivos seriam controlar a eficácia dos atendimentos. Sendo assim, temos que as ações de formação estão desvinculadas da avaliação pedagógica curricular, dado considerado positivo. A segunda questão trata da obrigatoriedade de comparecer na atividade de supervisão. Dezessete estagiários responderam que é fundamental para sua prática clínica; um deles respondeu que é algo que não teria necessidade de ser obrigatória. A terceira pergunta envolvia todas as ações de formação sugerindo enumerar, em ordem crescente, aquelas que consideram as mais significativas à formação. A supervisão clínica foi escolhida por dezessete estagiários como sendo a mais importante. Em segundo lugar ficou a apresentação de caso clínico com a escolha de quatorze estagiários para essa alternativa. Os fóruns de debate clínico (reuniões do corpo clínico: gerais, estagiários, seminários...) foram escolhidos por onze estagiários como a terceira opção mais importante à formação. E como quarta opção, quatorze estagiários escolheram o trabalho em comissões. À quarta pergunta onze estagiários referem que com freqüência a supervisão clínica permite pensar/sustentar o trabalho clínico. Na quinta pergunta, sobre os casos escolhidos para apresentação ao coletivo clínico, quinze estagiários ficaram com a alternativa ‘o caso mais discutido com o supervisor’, duas pessoas ficaram sem marcar nenhuma alternativa e uma pessoa marcou que o caso escolhido para apresentação é aquele com maior número de atendimentos. Este dado revela que levam ao coletivo aqueles casos em que estão mais seguros (via a supervisão) e também os mais trabalhados no atendimento propriamente dito. A leitura das atas das apresentações de caso também nos permite afirmar que boa parte do tempo de apresentação é dedicado a narrativa das sessões. A sexta pergunta trata sobre o caso clínico levado à supervisão. Onze estagiários responderam que levam para supervisão todos os casos (um, após outro). Nenhum estagiário respondeu que levava para supervisão apenas os casos que tem dificuldade em atender; sete estagiários responderam que os casos levados para supervisão são aqueles que fazem mais questão ao estagiário/terapeuta. Aqui fica evidenciado que ao exporem todos os casos ao supervisor posicionam-se na forma de aprendizes, tomando a supervisão clinica como a fonte de sustentação do trabalho. A sétima pergunta se refere ao supervisor. Dois estagiários apontam serem questionados, pelo supervisor, sobre o que pensam a respeito do caso. Quinze responderam que além de serem questionados sobre aquilo que pensam do caso também podem emitir opiniões sobre o caso em que trabalham. Um estagiário respondeu a quarta alternativa: raramente o supervisor permite dar opiniões sobre o caso. A oitava pergunta, se o supervisor aponta, em supervisão, no momento em que o estagiário está falando de algum caso, o que pode ser deste e o que pode ser do paciente. Dezoito marcaram sim, evidenciando que os supervisores fazem a distinção do material que o aluno traz a eles, numa atitude que compõe o referencial ético com que trabalham. Quanto à freqüência em este fato ocorre durante as supervisões um estagiário respondeu que freqüentemente, sete responderam que raramente. A nona pergunta é sobre o que o estagiário considera fundamental em uma apresentação de caso. Um estagiário responde que é a escuta do coordenador e os questionamentos que coloca. Nenhum respondeu que é o trabalho de memória que permite reconstruir o caso e enunciá-lo. A discussão que o caso gera no grupo participante foi à alternativa escolhida por três estagiários. Quatorze estagiários respondem que são todas as alternativas acima. E nenhum estagiário respondeu que não considera esta atividade fundamental. A décima pergunta busca saber se as conjecturas/hipóteses discutidas durante a apresentação de caso dão suporte para o estagiário pensar um direcionamento do caso em atendimento. Dezoito estagiários responderam que sim e nenhum escolheu as alternativas ‘não’ e ‘raramente’. De forma que concluímos que a atividade de apresentação de caso trabalha a questão da condução do tratamento. Contatamos que entre as ações formadoras, citadas em ordem crescente por grau de importância estão: – 1º Supervisão; 2º Apresentação de caso; – 3º Os fóruns de debate clínico (reuniões do corpo clínico: gerais, estagiários, seminários...) – 4º Trabalho em Comissões. Esse parâmetro mostra a importância da supervisão e apresentação de caso para a turma de estagiários, durante período de trabalho clínico. Talvez, por isso, fosse importante estudo longitudinal para que se que possa traçar as mobilizações quanto ao que se pensava a respeito destas ações em época de estágio e o que pensará quando profissional. Próximas atividades: Restam a fazer 7 entrevistas e as textualizações decorrentes delas, e assim concluir a fase de campo. Posteriormente o material de campo deverá ser novamente analisado a luz dos referencias já traçados e embasados na produção cientifica já existente, para a conclusão desta pesquisa. O fazer clínico no curso de extensão: práticas clínicas supervisionadas Simoni Antunes Fernandes10 Após concluir a trajetória de Estágio Curricular na Clínica de Psicologia da UNIJUÍ no município de Santa Rosa, me insiro no Projeto de Extensão: “Práticas Clínicas Supervisionadas”, no primeiro semestre de 2008. A modalidade de trabalho nesse Projeto de Extensão é oportunizar um espaço ao fazer clínico no âmbito institucional, através de atendimentos a pacientes e participação de outras modalidades de trabalho que sustentam a Instituição. Implicada no desejo de continuar na práxis clínica, dou continuidade aos atendimentos que vinha realizando durante o Estágio Curricular do Curso de Psicologia (UNIJUÍ), na medida em que reconheço, nesta formação, meu desejo de escutar as vicissitudes do humano – que move a experiência clínica. A Clínica de Psicologia da UNIJUÍ se caracteriza como um espaço que proporciona o encontro do estagiário, convocado a um lugar de terapeuta, com o paciente que vem ao tratamento. O tratamento, embora transcorra com o trabalho de estagiários-terapeutas, não é considerado como um ensaio e sim como ume experiência de trabalho psíquico em que a demanda de [se fazer] falar e ser escutado movimenta possíveis desdobramentos do sofrimento subjetivo mediante construções transferenciais. Para além de dar continuidade aos atendimentos clínicos que vinha desenvolvendo no Estágio Curricular, um momento singular desta experiência refere-se à participação no acolhimento das novas estagiárias do Curso de Psicologia que formariam um novo grupo para se ocupar deste trabalho. Escutar novas colegas no que tange as angústias inerentes à experiência clínica, bem como as angústias geradas por esta posição de responder a um lugar de terapeuta, mostrou-se interessante, já que, neste momento já se constituía, para mim, outro lugar. Assim, o momento de início de percurso clínico, no qual se inseriam as novas colegas, já havia sido por mim trabalhado. 10 Extensionista do Curso de extensão: “Práticas Clínicas Supervisionadas” / Clínica de Psicologia da Unijuí/ Santa Rosa. Na medida em que as colegas iniciaram os trabalhos, compartilhamos o cotidiano clínico: teorias, casos, transferência, resistência, angústias...são questões inerentes ao trabalho do psicólogo que, em determinados momentos, causam diferentes efeitos naquele que escuta e que também se faz escutar. Efeitos que, com este grupo de trabalho, foi posto em palavras através de discussões e elaboração de um texto sobre a angústia – e posteriormente apresentado na Jornada da Clínica “Contemporaneidade e o fazer clínico”. O fazer clínico diz do enlaçamento entre as construções teóricas com a experiência clínica. Neste tempo de formação nós, enquanto estudantes de Psicologia nos autorizarmos a sermos terapeutas. Este fazer em condição clínica remete à escuta dos sujeitos constituídos pelas dinâmicas familiares, pelas instituições e pelo contexto sócio-histórico. Responder a esta posição clínica é se autorizar enquanto tal, engajar-se em uma postura ética, oriunda de uma formação que privilegia a palavra e o humano como sujeito enlaçados a uma posição singular frente ao desejo. As questões decorrentes da práxis clínica encontram lugar para discussão no espaço da supervisão. As atividades desenvolvidas na Clínica-Escola possibilitam a vivência de uma experiência de trabalho sustentado no laço transferencial, em que a supervisão outorga suporte às intervenções clínicas. A supervisão também é uma forma de ação de formação. A particularidade da supervisão nesta formação – sustentada pela referência à psicanálise – é, do lado do terapeuta que fala do caso, que seu relato não é mera descrição objetiva dos fatos narrados por seu paciente, nem passagem de informações para alguém que supostamente saberia mais. O supervisor concede suporte ao ato clínico do supervisionando. É neste momento, através de uma relação de alteridade e também transferencial, que o estagiário-terapeuta apresenta os casos, pensa nas questões aos quais o caso está remetido; na tentativa de uma maior abertura discursiva nos atos clínicos. Assim, a função da supervisão é, através desta abertura discursiva, nortear a direção do tratamento. Sustentados no fundamento da circulação da palavra, outra atividade de formação na Clínica-Escola são as Reuniões Gerais. Estas reuniões são compostas pelos estagiários, professores supervisores, coordenação da Clínica e estagiários-terapeutas extencionistas. Nelas são discutidas questões inerentes ao fazer clínico e a vida institucional. Outra atividade realizada na Clínica-Escola é a Apresentação de Casos Clínicos. Este é um momento em que os estagiários-terapeutas compartilham com os colegas e um professor supervisor, coordenador desta atividade, a experiência de escuta e os questionamentos derivados de um caso clínico. Através deste trabalho se faz possível a abertura de significações mediante experiência compartilhada. A práxis do psicólogo diz de uma construção em que se enlaçam as teorias e a experiência subjetiva. Trata-se de uma construção que nunca se esgota, pois cada trabalho será um novo momento. Meu percurso enquanto estagiária-terapeuta junto à Clínica de Psicologia da Unijuí/Santa Rosa no “Curso: Práticas Clínicas Supervisionadas”, foi marcado por seis meses de intenso trabalho de formação, amarrando discussões teóricas à escuta da singularidade de cada caso e às experiências da vida institucional. Relatório Parcial de Pesquisa: As ações formativas na Clínica-Escola de Psicologia da Unijuí/Ijuí – 2008. Fernanda Aparecida Szareski11 Iris Fátima Alves Campos12 Tailene Cristina Pandolfo Bonotto13 Resumo: Este relatório descreve o trabalho desenvolvido no segundo semestre de 2008 em continuidade a pesquisa intitulada “As ações de formação na Clínica-Escola de Psicologia da Unijuí/Ijuí”, vinculada ao Curso de extensão universitária Práticas Clínicas Supervisionadas. O projeto foi elaborado no primeiro semestre de 2008 pelas acadêmicas que na época estiveram adscritas ao curso acima referido; sendo aprovado pelo comitê de ética na pesquisa da UNIJUI em junho de 2008 e encontra-se vinculado 11 Estagiária da Clínica de Psicologia da Unijuí, pesquisadora voluntária no período de julho de 2008 a janeiro de 2009. 12 Professora coordenadora da Clínica de Psicologia da Unijuí – 2007/2008, coordenadora da pesquisa no período de março de 2007 a janeiro de 2009. 13 Extensionista adscrita ao curso de “Práticas Clínicas Supervisionadas” da Clínica de Psicologia da Unijuí./Ijuí de julho de 2008 a janeiro de 2009. ao grupo de pesquisa Linguagem e Interpretação, do CNPQ. No período ora relatado ocorreram pequenas alterações de caráter metodológico e foram obtidos resultados que apontam a supervisão clínica como atividade formativa considerada de importância maior pelos estagiários e egressos da CPU/IJUÍ. Palavras – chave: psicologia, supervisão clinica, clinica-escola de psicologia, ações de formação. Objetivos: Das ações formativas desenvolvidas na Clínica-Escola, a saber: apresentação de caso clínico, supervisão individual, comissões de trabalho e fóruns de debate clínico (seminários, reuniões do corpo clínico) recortam-se duas, a supervisão e a apresentação de caso, para investigar. Dessa forma, cabe perguntar se as referidas ações são tomadas, na experiência, como formadoras ou como dispositivos técnicos para o cumprimento do estágio curricular. Parte do questionamento sobre os efeitos formativos que tais ações produzem no estagiário que no contexto desta instituição tem sua primeira experiência na área mais tradicional da psicologia: a clínica. Metodologia: A proposta é de uma pesquisa social qualitativa nos moldes descritos por Minayo (1994). A metodologia constituiu-se de duas fases: uma fase descritiva (dos conceitos teóricos envolvidos), e uma fase exploratória ou de campo (de coleta de dados) em que dois grupos de pessoas são chamados a participar da pesquisa: os estagiários e os egressos da CPU/Ijuí. No segundo semestre de 2008 as atividades foram direcionadas para a fase de campo, com o grupo de egressos da Clínica-Escola de Psicologia da Unijuí. Para coletar dados, a proposta é realizar entrevistas focais (10), que posteriormente serão textualizadas pelo entrevistador e o texto devolvido ao entrevistado para a verificação de sua fidedignidade. Como no período anterior – primeiro semestre de 2008 – foi realizada a primeira das dez (10) entrevistas propostas ao grupo de egressos da CPU/Ijuí14 optamos em realizar as entrevistas focais que ainda restavam ser feitas (nove). No entanto, encontramos muitas dificuldades na localização das pessoas cujos nomes já haviam sido determinados por sorteio anteriormente. Ao entrarmos em contato com estes psicólogos soubemos que muitos não residiam mais no Rio Grande do Sul, que haviam trocado de telefone ou mesmo que não mais trabalhavam na área da psicologia, tal como o que foi 14 A entrevista foi realizada psicóloga Juliana Lütkmeyer, então matriculada no Curso de Extensão universitária Práticas Clínicas Supervisionadas. descrito pelas pesquisadoras de período anterior a este; de forma que ficamos num impasse quanto a continuidade da pesquisa. Para a resolução deste impasse a alternativa encontrada foi listar previamente os egressos desta clínica-escola que trabalhavam e residiam na região, em especial em cidades de fácil acesso às pesquisadoras, uma vez que não foi previsto orçamento para deslocamentos. Assim, neste formato foi possível a realização de mais duas entrevistas com egressos mantendo o mesmo modelo metodológico e conservando as regras fundamentais antes propostas. Discussões parciais: A opção metodológica pela realização de entrevistas focais e posterior textualização trouxe questões as pesquisadoras do período de julho de 2008 a janeiro de 2009. Como escutar as entrelinhas do que o entrevistado diz? Como traduzir no papel o que ele fala e do que fala? O que significa textualizar uma entrevista? A opção pela textualização, tal como proposta por Queiroz (1987) faz prescindir do gravador, dispositivo tecnológico que ao ser usado pode fazer emergir elementos persecutórios ao entrevistado e inibi-lo. De outro modo, o entrevistador, ao tomar para si a tarefa de textualizar a fala do entrevistado, trabalha com a escuta, ou seja, coloca-se em posição clínica de atenção flutuante, tal como Sigmund Freud (1912) aponta como regra fundamental ao terapeuta (Campos et al., 2007) . Escutar alguém significa estar fundamentado em uma técnica; e o que a sustenta é a linha teórico-ética na qual procuramos nos filiar. Mais do que escutar, há a textualização para fazer. Tarefa nada fácil, pois aciona a memória do entrevistador e sua capacidade de usar a escrita na preocupação de ser fiel a fala que captou. Neste sentido duas vertentes de reflexões se abriram: a) quanto à formação dos acadêmicos do curso de Psicologia enquanto pesquisadores; b) quanto ao uso das ferramentas próprias da clinica psicanalítica no campo da pesquisa. A pesquisa aparece no curso de Psicologia da Unijuí, em momentos bastante específicos, por meio de componentes curriculares e da escrita do Trabalho de Pesquisa Supervisionado (TPS). Em geral essas produções monográficas são de caráter bibliográfico, muitas vezes, oriundas de inquietações desde os estágios (inclusive o estágio de Psicologia Clínica). Na Clínica de Psicologia da Unijuí, a atividade de pesquisa foi inserida nas ações formativas desde 2004 e, deste período até 2006 teve um caráter de pesquisaintervenção, isto porque a pesquisa era também um trabalho de contato com escolas (Bührer, Göttert & Tannenhaues, 2007, página 23.) em especial com as educadoras responsáveis pelos encaminhamentos das crianças à CPU. No primeiro semestre de 2007, a pesquisa foi de caráter quantitativo e: o trabalho teve efeitos no modo de dispor os registros da CPU-Ijuí. As pesquisadoras garimparam dados nas fichas cadastrais de pacientes e a partir desses foram reformulados os quadros estatísticos publicados no Anuário (mudanças que já foram observadas no Anuário de 2006, uma vez que editado em 2007) e reorganizado o enquadramento cadastral relativo cada paciente em relação às faixas etárias (agora tomando os parâmetros dispostos na legislação vigente). (Campos, 2007, editorial). E assim o primeiro projeto de pesquisa da CPU/Ijuí foi encerrado ou suspenso.15 O presente projeto foi elaborado no segundo semestre de 2007, enquanto pesquisa social qualitativa introduziu o trabalho de campo diferenciado, uma vez que propôs a utilização da textualização ( e não da transcrição de falas gravadas) e a análise de instrumento quantitativo ( o questionário aplicado aos estagiários). As pesquisadoras, tanto as do primeiro semestre como as do segundo semestre de 2008 viram-se então as voltas com material totalmente novo a elas. Decorre daí, aliado a dificuldades já descritas para o contato, certa imobilidade. Quando finalmente foi possível entrevistar algumas egressas, outras questões surgiram. Como se posicionar? Qual a diferença de posição entre aquele que escuta a um paciente e aquele que escuta enquanto pesquisador? Destas questões temos textualizações, fidedignas as entrevistas (conforme termo assinado pelos entrevistados), embora as pesquisadoras tenham declarado suas dificuldades em trabalhar nessas textualizações. Assim, vimos que a ferramenta metodológica escolhida: a textualização, bastante próxima da escuta clínica – onde as regras fundamentais: atenção flutuante (para o analista) e associação livre (para o paciente) se fazem presentes – não se colocam tão obviamente para a situação de pesquisa. Esta situação requer que haja um reposicionamento. Não se trata de escutar o paciente, logo não se trata de posicionar-se como sujeito suposto saber, mas de posicionar-se como escutador atento e curioso ao dizer de alguém. Após o momento da escuta o pesquisador volta a trabalhar, buscando em sua memória aquilo que captou da fala, e é esse o material que surgirá na forma da textualização. Acrescente-se a essa tarefa o dever ético do pesquisador em produzir 15 Ver relatório parcial do segundo semestre 2007 e primeiro semestre 2008 neste Anuário. texto com fidedignidade ao que foi dito, sem a “liberdade” do ficcional que é possivel quando ao psicanalista cabe a apresentação de um caso aos seus pares. Neste sentido, convém salientar que as entrevistas foram realizadas com egressos com quem, de certa forma, as pesquisadoras tiveram contatos anteriores e em situação de coleguismo ou de ensino, o que dificultou o posicionamento. O ineditismo da proposta para estas acadêmicas, bem como, a pouca experiência como pesquisadoras e como psicólogas clínicas, também é fato relevante para justificar as dificuldades encontradas nas textualizações. Resultados parciais: O inventário proposto ao grupo dos então estagiários na CPU/IJUÍ elaborado e aplicado no primeiro semestre de 2008 (conforme relatório parcial anterior) aponta a supervisão clínica como à atividade formativa essencial. As entrevistas com os egressos focaram na questão sobre as direções da formação proposta pela CPU/Ijuí; em quais aspectos as ações de formação são efetivas; quais marcas formativas se preservam nas experiências de trabalho posteriores à passagem pela Clínica e como essas referências são mantidas no decorrer do exercício profissional. Por meio dessas entrevistas textualizadas podemos delinear que a experiência na clínica-escola é referência para o exercício profissional em atividades clínicas, mas entendemos que a atividade de apresentação de caso fica no registro exclusivo da Clínica-Escola universitária. Nossas entrevistadas não relatam terem tido oportunidade de realizar esta atividade em seus atuais locais de trabalho, embora de caráter clínico e multidisciplinar16. Já a supervisão clinica é buscada quando no exercício; embora o custo financeiro do investimento seja razão alegada para não realizar a atividade sistematicamente. A partir destes dados surgem, então, muitos questionamentos sobre os elementos necessários para que as atividades que experienciaram na clinica-escola possam se incorporar ao fazer clínico dos egressos que estão em atividades clinicas em instituições mantidas pelo poder público. Próximas atividades: As textualizações fruto das entrevistas com egressas estão disponibilizadas em arquivos da CPU/IJUÍ para análise. As três textualizações devem juntar-se mais sete, sendo que estas deverão ser realizadas por novas pesquisadoras. 16 A entrevistada 1 reúne em seu currículo experiência em instituição de atendimento a crianças e adolescentes ditos especiais. A entrevistada número 2 trabalha em atividade clinica junto a um hospital, recebendo encaminhamentos da rede publica de atenção a saúde, proteção a criança e adolescente. A entrevista número 3 trabalha em instituição mantida pelo poder público ligada a proteção da criança e do adolescente. A conclusão final da pesquisa se dará quando os dados das entrevistas com egressas e os gráficos produzidos a partir do inventário aplicado as estagiários forem analisados a luz de referenciais teóricos. Ou seja, a conclusão se dará quando, já coletados todos os dados, for possível se responder sobre as marcas que as ações formativas da clínicaescola produziram em seus egressos. Referências Bibliográficas: Campos, Iris Fátima Alves. Editorial. IN: Cardoso, Ubirajara Cardoso de. Anuário Clínica de Psicologia da Unijuí. Ed. Unijui: Ijuí (RS), n. 4, editorial, 2007. Campos, Iris Fátima Alves. et.all. Projeto de pesquisa: as ações de formação na Clínica-Escola de Psicologia da Unijuí/Ijuí. IN: Cardoso, Ubirajara Cardoso de. Anuário Clínica de Psicologia da Unijuí. Ed. Unijuí: Ijuí (RS), n. 4, p. 26, 2007. Bührer, Elisa. Göttert. Emilia. Paula Tannenhaues. Relatório de pesquisa das extensionistas do primeiro de 2007, Clínica de Ijuí. . IN: Cardoso, Ubirajara Cardoso de. Anuário Clínica de Psicologia da Unijuí. Ed. Unijui: Ijuí (RS), n. 4, p. 23, 2007. 8. RELATÓRIOS DE PESQUISA DA ASSOCIAÇÃO NAIONAL DE PESQUISA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA (ANPEPP) / ABEP Relatório parcial de Pesquisa: "Serviços-Escola de Psicologia no Brasil"/CPU Ijuí Iris Fátima Alves Campos17 Ângela18 Débora19 Selma20 Resumo: O relatório apresenta a metodologia adotada pela equipe a fim de inserir a clinica-escola de psicologia da Unijui/Ijuí em pesquisa nacional coordenada pela Associação Brasileira de Ensino de Psicologia (ABEP). Nesta etapa coube levantar dados sobre o serviço-escola e enviá-los a central da pesquisa nacional. Aqui alguns destes dados são apresentados e brevemente comentados. Palavras-chave: clínica psicológica, serviço-escola, pesquisa quantitativa Introdução: Em 1996 foi criado, na Associação Nacional de Pesquisa e Pósgraduação em Psicologia, o grupo de trabalho (GT) “O atendimento psicológico nas clínicas-escola”. No desdobramento do trabalho do referido grupo e com o apoio da Associação Brasileira de Ensino de Psicologia (ANPEPP) surgiu a pesquisa nacional “SERVIÇOS-ESCOLA DE PSICOLOGIA NO BRASIL” com o objetivo de melhor conhecer e avaliar os campos de estágio em psicologia que funcionam segundo as orientações das novas diretrizes curriculares para os cursos de psicologia, implantadas no ano 2000. Neste primeiro momento – fase de coleta de dados –, coube-nos responder ao inventário formulado pela coordenação nacional da pesquisa, composto de trinta e quatro (34) questões sobre o serviço e a clientela de usuários da clinica em 2007. Após o levantamento, os dados foram enviados eletronicamente para serem tabulados no conjunto nacional. Metodologia: Primeiramente estagiários da clinica-escola foram convidados a participar do levantamento de dados nas fichas cadastrais e fichas de registro de pacientes da Clínica. A intenção foi dar-lhes a oportunidade de experienciar a atividade 17 Psicóloga, coordenadora da Clínica de Psicologia da Unijui (CPU/IJUÍ), supervisora clínica da CPU/Ijuí, docente do curso de Psicologia da Unijuí. 18 Estagiária de Psicologia e processos clínicos na CPU/Ijuí, colaboradora voluntária no levantamento de dados para a pesquisa. 19 Estagiária de Psicologia e processos clínicos na CPU/Ijuí, colaboradora voluntária no levantamento de dados para a pesquisa. 20 Estagiária de Psicologia e processos clínicos na CPU/Ijuí, colaboradora voluntária no levantamento de dados para a pesquisa. de pesquisa propriamente dita bem como aproximá-los da instituição onde há pouco haviam iniciado o estágio. Formada a equipe, deu-se início ao levantamento de dados, que envolveu o arquivo passivo e ativo da Clínica. A equipe teve momentos de trabalho coletivo e momentos de trabalho individual, em razão das características das questões que o inventário propunha. Para a extração dos dados foi necessário a leitura das “fichas de registro de pacientes” e submeter os dados a toda equipe buscando o melhor enquadramento. Surgiram várias dificuldades para o enquadramento quer seja porque o descrito nas fichas não era compatível com o inventário( como por exemplo: muitos pacientes vieram a clinica em razão de luto a partir de grandes perdas afetivas, mas essa possibilidade não consta no inventário) ou porque não encontrávamos o dado pronto e precisávamos construí-lo como na questão 33.13 – quantos registros de pacientes as queixas são de terceiros? – nos levou a pensar que os pacientes crianças e muitos dos adolescentes estavam nesta situação quer porque vieram a clinica trazidos pela família ou encaminhados pela escola, porém somente a leitura e análise do registro poderia indicar com maior precisão. Assim somente trinta e um pacientes (31) dos cento e setenta e nove (179) pacientes na faixa etária de um a quinze anos foram enquadrados nesta situação. Discussões parciais: Como primeiro ponto de análise nos importa refletir sobre o titulo da pesquisa, em que se verifica que o termo “clínica-escola” que denomina o GT foi, na pesquisa, substituído pelo termo “serviços-escola”. Entendemos que a ideia de “serviço” está contextualizada no âmbito da atenção a saúde e da inserção das unidades universitárias na rede mantida por verbas públicas, como é o caso das unidades mantidas por universidades federais ou mesmo das unidades mantidas por instituições universitárias privadas ou comunitárias que mantém convênios com o SUS. Em ambos o atendimento é sempre pago pela população, mesmo que indiretamente. Enquanto, a nosso ver, o termo “Clínica-Escola” está no sentido de um lugar de formação e também pode significar atenção à população. Em ambos os casos o trabalho pode ou não ser público, segundo as idéias de Ana Arendt e nunca é gratuito. O termo “serviço-escola” aparecendo como sinônimo do termo “ClínicaEscola” traz problematizações de ordem teórico-ética que podem ser aprofundadas quando se verifica o quanto está atrelado à questão da gratuidade do trabalho clínico. Neste sentido nos posicionamos como uma clinica-escola mantida por universidade comunitária, que atende a população em geral, caracterizando nosso trabalho como público à medida que exposto a considerações de terceiros. O referencial ético da psicanálise nos orienta em todos os aspectos: desde a nomeação da população que nos procura como pacientes21;o acolhimento para as entrevistas iniciais, o tempo destinado a cada sessão22, até o pagamento da sessão. Especificamente neste ponto, temos entendido que o pagamento situa-se no registro libidinal, por isso a inexistência de tabelas e a singularidade de tratar sobre o pagamento no decorrer da sessão e diretamente com o terapeuta. Ponderamos, entretanto, que no contexto social brasileiro, dentro do princípio da universalidade do acesso, a questão do pagamento de sessões de trabalho psicológico em clínica universitária surge como um obstáculo que pode por em risco o caráter público da Instituição. Para suspendermos a questão do título da Pesquisa queremos considerar o esforço da coordenação da Pesquisa em elaborar um inventário capaz de abranger um conjunto tão amplo de unidades pesquisadas. Neste sentido, fica a cargo de cada instituição haver-se com suas singularidades e ainda assim participar. Resultados parciais: Quanto à metodologia: a formação da equipe e o acesso as fichas cadastrais e de registro de pacientes trouxe muito conhecimento sobre dados clínicos especificamente e também sobre a importância de manter registros atualizados. Da tarefa de coletar dados foi possível recortar vários pontos de reflexão em especial sobre a escrita da clínica, entendida aqui como um trabalho sumamente importante na formação dos estagiários, pois a maior dificuldade encontrada na coleta de dados esteve no que denominaremos o “pouco cuidado” dos estagiários de escreverem sua clínica, registrarem o caso que escutaram; chegando ao máximo de encontrarmos um registro cujo único texto era “o paciente deu alta”. Isto posto, partimos para a apresentação de alguns dados. Não cabe reproduzir aqui todas trinta e quatro questões do inventário, em razão disso traremos somente dados que consideramos relevantes para mobilizações no âmbito da clinicaescola. 21 Observamos que a coordenação da pesquisa usou, no inventário, o termo “ cliente/paciente ”. Em nosso entender isso se deve ao conhecimento que o termo escolhido esta referido a uma teoria. 22 A CPU/Ijuí trabalha com o tempo lógico, porém a titulo didático os estagiários são orientados a trabalhar entre 45 e 60 minutos em cada sessão até que autorizem-se a trabalhar com o tempo lógico. Em 2007 trezentos e cinqüenta e uma (351) pessoas procuraram atendimento na CPU-Ijuí. Em relação às questões treze e catorze os dados mostram que pouco mais de cinqüenta por cento dos pacientes têm até quinze anos, e nesta faixa etária oitenta e sete (87) pessoas que procuraram a Clínica são do sexo masculino e noventa e duas pessoas (92) do sexo feminino. Entretanto quando somadas as faixas etárias vemos que as pessoas do sexo feminino são as que mais buscaram o atendimento clinico23. Várias questões do inventário versam sobre os critérios de triagem; que nos leva a crer que a triagem tem sido prática freqüente nos demais serviços-escola de psicologia do Brasil, enquanto em nossa unidade não há nenhum tipo de triagem de pacientes. A ficha cadastral da CPU não solicita informações sobre renda familiar, profissão, estado civil ou escolaridade dos pacientes, por isso as questões dezesseis, dezessete, dezoito e dezenove não puderam ser respondidas. A prática indica, porém, que os estagiários/terapeutas conhecem alguns desses dados à medida que são trazidos pelos pacientes no contexto de suas falas e algumas vezes são anotados no contexto do registro do caso, em ficha apropriada para tal. Dado relevante, embora não tenha tido lugar no inventário versa sobre os motivos registrados para o abandono de tratamento: a questão do pagamento das sessões e a resistência das famílias. Convém ressaltar que na CPU/Ijuí não existe tabela de referência para o valor de cada sessão ou tratamento, bem como não existe triagem socioeconômica como critério para acolhimento de pacientes. O pagamento está instituído como dispositivo clínico que é posto a operar sempre que o terapeuta entenda que por meio dele o paciente apresenta sua disposição em trabalhar no sentido inverso de seu sintoma. O mesmo dispositivo aponta em direção ao terapeuta que ao aceitar o dinheiro de seu paciente mostra que não o tem como objeto (de sua aprendizagem, pois estamos nos referindo aos estagiários). 24 Então cabe perguntar o que ocorre com o uso deste dispositivo que o faz surgir como inviabilizador dos tratamentos. 23 Registramos aqui o estranhamento com o formato da questão sobre as idades dos pacientes uma vez que estabelecido com uma cronologia de qüinqüênios quando, a nosso entender, poderia ter trabalhado com base em fases do desenvolvimento: infância, adolescência, adultez e velhice dentro dos parâmetros que , inclusive, a legislação indica. Na CPU fizemos em 2008 esforços para cadastrar os pacientes segundo estes parâmetros , mesmo que na prática dos atendimentos a distribuição das salas de atendimento obedeça a critérios que consideram a posição discursiva dos pacientes, em especial no que tange a crianças e adolescentes. 24 Esperamos aqui ter dado continuidade a elaboração de nosso pensar a respeito do titulo da pesquisa. O inventário não questiona sobre o tempo de duração dos tratamentos, entretanto no manuseio das fichas pudemos captar várias situações: a) há tratamentos que se mantém ao longo de anos; b) alguns pacientes retornam à Clínica após um tempo relativamente longo entre a data em que interromperam o primeiro tratamento e o retorno em 2007; c) muitos pacientes compareceram somente em uma sessão. Também observamos que no atendimento dos pacientes crianças os estagiários reservam sessões para a escuta de familiares destas. Devido a dificuldades já descritas, nos foi possível tabular dados a respeito de duzentos e trinta e nove (239) fichas de registro de pacientes, sendo que cento e doze fichas (112) não foram trabalhadas. Os dados a seguir são, portanto, tomados de sessenta e oito por cento (68%) do número total de pacientes da CPU em 2007. A questão cinco apresenta trinta (30) modalidades de atendimento psicológico que podem ser oferecidos em Clínicas-Escola. Destes nos foi possível assinalar três, a saber: psicoterapia individual sem término definido a priori, orientação vocacional e avaliação psicológica (sem testagem). Acreditamos que em 2007 duzentos e doze pacientes (212)25 foram atendidos na primeira modalidade. As duas últimas modalidades, entretanto, aconteceram na clinica esporadicamente; sendo que naquele ano recebemos dez crianças para avaliação psicológica encaminhadas por escola da rede estadual de ensino e três pessoas iniciaram processo de orientação vocacional (ao qual preferimos chamar de “orientação para a escolha profissional”). Contudo, segundo as fichas de registro, os pacientes deixaram a Clínica sem ter definido o curso universitário para o qual prestariam vestibular. Dados apontam que sete pacientes26 receberam alta de tratamento. A maioria dos pacientes, portanto, tomou outras duas direções: continuidade do tratamento ou abandono deste. Neste aspecto vimos que o período de final de estágio/troca estagiários é também o de maior número de abandonos ao tratamento; sendo que dos trinta e dois pacientes (32) que não estavam em momento de alta de tratamento por ocasião da troca de estagiários pouco mais da metade deles prosseguiu em atendimento (14). 27 Este dado nos permite pensar na importância de discussões sobre desligamentos e encaminhamentos com a equipe de estagiários. 25 Dado obtido das 239 fichas trabalhadas. Em relação a 239 pacientes cujas fichas foram trabalhadas. 27 Algumas fichas registram que alguns pacientes chegaram a vir a Clínica após o termino do estágio daquele que o atendia, mas não permaneceram, sendo que alguns vieram somente para uma sessão. 26 Quanto ao registro do percurso do tratamento há três possibilidades: alta, suspensão (desligamento) ou encaminhamento a outro estagiário. As fichas de registro, porém, nem sempre apontam a direção que o tratamento tomou; razão pela qual alguns dados não puderam ser lançados no inventário. Cabe observar que a condição de alta, encaminhamento ou desligamento é discutida entre paciente e estagiário e entre este e seu supervisor clinico. A referida pesquisa nacional previu também inventário destinado aos supervisores e aos estagiários. Dados sobre estes não estão presentes neste relatório. Aqui registramos somente a parcela da pesquisa que esteve sob a responsabilidade da coordenação da Clínica. Relatório parcial de Pesquisa: "Serviços-Escola de Psicologia no Brasil"/CPU Santa Rosa Resumo: O presente relatório contém dados referentes à participação da Clínica de Psicologia da Unijuí (Campus Santa Rosa) em pesquisa realizada pela Associação Nacional de Pesquisa de Pós-Graduação em Psicologia – ANPEPP – com o apoio da Associação Brasileira de Ensino em Psicologia; a qual propõe a realização de um estudo sobre as características e atividades desenvolvidas pelas Clínicas-Escolas de Psicologia no Brasil. Palavras-chaves: Clínica Psicológica, Serviço-Escola, formação. Introdução: A pesquisa que recebe o título “Serviço-Escola de Psicologia no Brasil” compõe-se como um trabalho desenvolvido por um grupo vinculado a Associação Nacional de Pesquisa de Pós-Graduação em Psicologia – ANPEPP – que recebe o apoio da Associação Brasileira de Ensino em Psicologia. Compõe-se como um instrumento que pretende reconhecer como os Serviços-Escola em Psicologia têm se estruturado no Brasil, compreendendo que estes representam importante função na formação do Psicólogo. A caracterização da clientela e dos serviços prestados pela Clínica-Escola perpassa o rol de questões respondidas na referida Pesquisa. Metodologia: O trabalho de levantamento de dados para compor a pesquisa transcorreu sob forma de análise documental das “fichas de atendimentos” que contêm registros das atividades clínicas realizadas pelos estagiários-terapeutas da Clínica de Psicologia da Unijuí (Campus Santa Rosa). A atividade foi desenvolvida pela Coordenação desta Clínica, tendo o apoio da Secretaria da mesma Instituição e a participação em encontro do Grupo estruturado junto à Clínica de Psicologia da Unijuí (Campus Ijuí), a fim de compor as discussões sobre as temáticas envolvidas nesta Pesquisa. Resultados Parciais: O estudo proposto é composto por “três níveis de levantamentos de dados: Sobre o serviço-escola, sobre supervisores e sobre os alunos supervisionados” (conforme apresentação da Pesquisa). A Clínica de Psicologia da UNIJUÍ/ Santa Rosa relata sua participação, neste momento, dos trabalhos referentes ao item “sobre o Serviço-Escola”. O questionário respondido é composto por “Dados de Identificação” que reportam à denominação/nome da Instituição que se estrutura sob forma de Serviço-Escola, seu vínculo universitário e a função exercida pelo respondente do questionário desta Pesquisa. Segue a estrutura de 33 (trinta e três) questões, as quais buscam registros sobre as características do grupo de profissionais vinculados à Instituição; a abordagem teórica que sustenta a direção dos trabalhos; as modalidades de atendimentos desenvolvidos pela Clínica-Escola e também dados sobre a clientela atendida. Fundada em agosto de 2006, a Clínica-Escola denominada Clínica de Psicologia da UNIJUÍ, situada na cidade de Santa Rosa/RS, constitui-se como um programa de trabalho adscrito como um programa do Departamento de Filosofia e Psicologia da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ. As atividades institucionais estruturam-se a partir da participação de um psicólogo Coordenador e de um quadro funcional composto por nove psicólogos que participam do Conselho da Clínica (no qual o coordenador também está incluído), os quais desempenham, essencialmente, as atividades formativas e de supervisão dos estagiários do Curso de Psicologia que mantêm seu vínculo de Estágio junto a esta Instituição. Cabe aqui registrar que este grupo de psicólogos estão vinculados à UNIJUÍ na condição de docentes do Curso de Psicologia. O grupo que compõe o Conselho da Clínica, no qual também se insere um representante dos estagiários, participa ativamente das construções de propostas e encaminhamentos que perpassam a vida institucional deste Serviço-Escola. As atividades são secretariadas por um profissional que compõe o quadro funcional de colaboradores da UNIJUÍ. No que se refere a sua localização na cidade, esta Clínica de Psicologia está situada em espaço físico diferenciado do Campus Universitário, sendo que nesta estrutura são acolhidas as demandas de atendimentos psicológicos a ela dirigidas. Desenvolve seus trabalhos a partir de uma sustentação teórica e clínica psicanalítica, mantendo relação com outras abordagens teóricas afins, entre as quais se destaca a Epistemologia Genética. Os trabalhos se destinam a todos que demandam atendimento psicológico, não havendo impedimento de acolhimento em função da condição psíquica apresentada. Os casos clínicos que, durante o trabalho, evidenciam a necessidade de outra modalidade de atendimento e/ou da intervenção de outras áreas de formação, recebem encaminhamentos para sua realização em espaço diferente da CPU. As restrições registradas para acolhimento de pacientes referem-se a algumas modalidades definidas pelo Conselho como limites para a participação do estagiário, aos casos em que o demandante possui vínculo acadêmico com o Curso de Psicologia e/ou, ainda, vínculo familiar com algum estagiário da CPU. Outro fator que se apresenta como impedimento para o acolhimento de pacientes se refere ao limite de horários para realização de atendimentos nesta Instituição, sendo que nestes casos é realizada a sugestão de que o solicitante busque pelo tratamento psicológico nesta Instituição em outro momento, assim que a mesma tiver condições de acolhê-lo; ou, então, que se direcione a outro espaço de trabalho em Psicologia, se assim se manifestar. Registra-se também que esta Clínica-Escola não desenvolve o acolhimento de pacientes a partir de um trabalho de triagem. Todos aqueles que demandam tratamento são acolhidos e inseridos em entrevistas iniciais, as quais se caracterizam como um espaço de escuta, suporte para análise da demanda em questão e de uma via singular ao destino do tratamento. Importante salientar que nem todos que procuram esta CPU desdobram seu vínculo terapêutico sob forma de continuidade de tratamento, sendo o tempo do vínculo terapêutico e/ou de tratamento sustentados pelas questões subjetivas que atravessam cada caso. Quanto ao pagamento, ou seja, ao valor constituído/atribuído ao tratamento, este é construído entre o paciente e o terapeuta. O pagamento é abordado como questão clínica que compõe o tratamento, recebendo o reconhecimento de tratarse de uma questão subjetiva que se coloca na experiência clínica. Quanto à clientela atendida, a CPU/Santa Rosa registra o número de 208 (duzentos e oito) pacientes atendidos no ano de 2007. Quanto à queixa inicial, em sua maioria (100 registros) os motivos que desencadearam a busca por atendimento psicológico estão relacionados às dificuldades no comportamento afetivo (conforme caracterização proposta por esta Pesquisa). Outro fator questionado e considerado como relevante na práxis clínica diz respeito aos momentos de finalização de estágio e encaminhamentos realizados aos tratamentos. Os encaminhamentos realizados diante da interrupção de estágio constituem-se conforme a condição clínica de cada caso. Os pacientes que não concluíram seus tratamentos são encaminhados para outro estagiário-terapeuta, ou, ainda, mediante discussão clínica realizada entre paciente e terapeuta e entre terapeuta e supervisor; pode-se constituir encaminhamento para algum outro espaço de atendimento, se assim o caso demandar ou, então, desencadeamento da finalização do tratamento. Registra-se, também que nos casos em que há desligamento de pacientes do trabalho clínico na CPU, este se caracteriza por alta ou por afastamento em decorrência de alguma questão que impede a continuidade do mesmo. Sendo assim, os registros de desligamento estão previstos para acontecerem por “finalização do trabalho em função de encaminhamento/resolução da questão clínica –alta –; afastamento do paciente, tendo sido esta experiência abordada/trabalhada durante o tratamento; ou desligamento em função de seu não comparecimento”. Em alguns casos, o movimento de encaminhamentos realizados por troca de estagiários-terapeutas produz a necessidade de constituírem-se momentos de passagem, em que as sessões iniciais com o novo estagiário-terapeuta são acompanhadas pelo estagiário-terapeuta anterior; conforme necessidade apresentada pelo caso clínico. Em sua maioria, esta situação é vivenciada na clínica psicológica com crianças e este período de experiência indica que este trabalho perfaz, aproximadamente, um número de 02 (duas) sessões. Ainda é importante ressaltar que o movimento de troca de estagiário-terapeuta caracteriza-se como um momento em que pacientes desligam-se do tratamento. Neste período estudado, registram-se 15 (quinze) ocorrências desta situação. Cabe ressaltar que estas questões são relevantes às discussões em espaço de supervisão e em fóruns institucionais, sendo constitutivas e reveladoras de um percurso de trabalho da Instituição e do fazer clínico psicológico. 9. LEVANTAMENTO E ANÁLISE DE DADOS ESTATÍSTICOS DAS CLÍNICAS DE PSICOLOGIA DA UNIJUI NO ANO DE 2008 QUADRO DE TABELAS GERAIS DA CLÍNICA DE PSICOLOGIA DA UNIJUÍ/IJUÍ – ANO 2008 1. Número mensal de pacientes JANEIRO FEVEREIRO MARÇO ABRIL MAIO JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO Antigos Novos Total 140 106 115 120 131 116 52 90 116 118 120 5 43 35 27 17 10 40 46 29 22 10 145 149 150 147 148 126 92 136 145 140 130 2. Comparecimento ao primeiro atendimento de acordo com o início dos atendimentos COMPARECERAM Antigos Novos 1 4 9 34 6 29 4 23 0 17 0 10 5 35 7 39 2 27 1 21 1 9 JANEIRO FEVEREIRO MARÇO ABRIL MAIO JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO NÃO COMPARECERAM Antigos Novos 1 3 0 10 0 11 1 9 0 3 1 4 0 7 1 5 0 11 0 6 0 3 Total 9 53 46 37 20 15 47 52 40 28 13 3.Grupo etário e gênero JANEIRO FEVEREIRO MARÇO ABRIL CRIANÇAS M F ADOLESCENTES M F ADULTOS M F Total 33 39 41 11 10 13 46 7 9 11 12 15 13 51 54 145 149 150 32 26 21 MAIO JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO 38 38 33 23 32 38 34 30 23 23 19 9 16 20 21 21 10 12 11 9 11 7 7 6 12 11 10 9 14 19 17 15 14 16 14 10 15 14 14 14 50 48 39 32 48 47 47 44 147 148 126 92 136 145 140 130 4. Situação atual dos atendimentos por gênero JANEIRO FEVEREIRO MARÇO ABRIL MAIO JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO ENCERARRAM Criança Adolescente Adulto 24 5 14 16 4 14 16 1 16 6 3 7 12 2 18 22 7 25 1 1 0 3 6 11 8 6 13 6 3 11 6 7 11 Criança 41 49 46 55 49 30 31 45 50 49 45 CONTINUAM Adolescente 16 14 20 19 21 14 17 19 20 21 14 Adulto 45 52 51 57 46 28 42 52 48 50 47 Total 145 149 150 147 148 126 92 136 145 140 130 No decorrer do ano de 2008, a equipe de estagiários-terapeutas da Clínica de Psicologia da UNIJUÍ – Ijuí atendeu um considerável número de pacientes. Na tentativa de ilustrar esses atendimentos e registrá-los, apresentamos neste texto algumas reflexões acerca dos dados obtidos no referido ano. O primeiro dado que analisamos diz respeito ao número de atendimentos realizados a cada mês na Clínica. Vale ressaltar que no mês de fevereiro esta não funciona regularmente, devido ao recesso da Instituição. Então, considerando os onze meses de funcionamento, a média mensal foi de 111 pacientes em atendimento psicológico. No que se refere ao número de atendimentos realizados neste ano o total corresponde ao número de 2789, o que por sua vez, significa uma média de 253 atendimentos por mês. No entanto, verificamos que o número de atendimentos varia bastante durante o ano, assim, o período em que se registrou o maior número de atendimentos corresponde ao mês de abril (344 atendimentos), enquanto que o menor número de atendimentos corresponde ao mês de agosto (196 atendimentos). Com relação a esta diminuição no número de atendimentos, constatamos que no período de transição do mês de julho para o mês agosto, pôde-se verificar também uma redução de 45% dos pacientes que freqüentavam a Clínica. Logo, a explicação mais plausível encontrada por nós, diz respeito à mudança de estagiários nesta Instituição. Neste sentido, no currículo do curso de Psicologia o estágio clínico tem duração de dois semestres, e assim terminado este período os pacientes são desligados ou encaminhados a outro estagiário-terapeuta. Com base no referencial psicanalítico, que sustenta nosso trabalho, sabemos o que implica a mudança do terapeuta durante o tratamento. Assim, neste caso de mudança, o encaminhamento precisa ser trabalhado com o paciente para que ele possa reposicionar o endereçamento de sua fala, possibilitando que a transferência se estabeleça com o novo estagiário-terapeuta. Em alguns casos, como podemos observar nos registros, o retorno destes pacientes ao tratamento não ocorre de imediato, mas em meses posteriores ao encaminhamento, indicando a necessidade de um tempo maior para elaborar a mudança de estagiário-terapeuta. Neste contexto, as tabelas indicam que em média três pacientes antigos, por mês, retomam seu vínculo com a clínica. No que se refere aos novos pacientes que chegam a esta Instituição, constatamos que a maior procura por atendimento acontece nos meses de março e abril e em agosto e setembro. Talvez isto seja reflexo do início do ano letivo após as férias de fevereiro e julho, já que muitos pacientes são crianças encaminhadas pelas escolas. Contudo, isto é apenas uma hipótese que pode não ser a única. A análise referente ao grupo etário e gênero nos indica um perfil dos pacientes recebidos na clínica no ano de 2008. Dessa forma, há uma incidência média entre adultos e crianças atendidos, enquanto que os adolescentes representam o menor número de pacientes em comparação com os demais grupos etários. Neste ano os adultos representaram 46% dos pacientes atendidos, as crianças 40% e os adolescentes por sua vez, representaram 15% deste total. Frente a estes dados nos questionamos acerca do baixo índice de pacientes adolescentes. Podemos pensar estas estatísticas relacionadas a este período da adolescência e suas especificidades. Sartor e Sartori (2002) afirmam que geralmente os adolescentes chegam à Clínica, encaminhados por instituições ou trazidos pelos pais, poucos vêm por iniciativa própria, mas sim por uma imposição. Esta imposição se coloca em razão dos adolescentes não estarem mais respondendo a expectativa de conduta esperada por seus pais e pelas instituições. Neste sentido, considerando a estruturação subjetiva, a adolescência é um momento de questionamentos, reconstruções, reencontros, reposicionamento, enfim, é o momento de passagem do âmbito familiar para o social. Esta passagem é causa de desencontros e desavenças entre o adolescente e estes que o trazem à clínica. Na experiência clínica, enquanto estagiárias-terapeutas, verificamos que nos casos em que o adolescente não se apropria das suas questões isto permanece na condição de imposição e o tratamento é abandonado em seguida, mas quando o adolescente se implica no tratamento, muitas questões podem ser elaboradas. Outro dado que nos chama a atenção, refere-se às crianças que freqüentam a clínica cuja prevalência maior é do sexo masculino. Enquanto que, na clínica com adultos, isto se inverte, a incidência é bem maior do sexo feminino. Comparando os números verificamos que as mulheres representam cerca de três vezes mais que os homens em atendimento. Para exemplificar essa questão, dos 171 pacientes adultos atendidos no ano, as mulheres significam 130, enquanto 41 são homens. No que se refere aos atendimentos com adolescentes, há uma média entre os gêneros. Sabemos que essas considerações são hipóteses por nós formuladas, podendo haver outras especulações. Para além destas, permanecem outras questões que merecem ser analisadas, mas que neste momento não encontramos hipóteses plausíveis, como: Porque muitas pessoas agendam o primeiro atendimento e não comparecem? Porque alguns pacientes comparecem somente no primeiro atendimento? Referências Bibliográficas SARTOR, Dagieli. SARTORI, Marcele. Debate. In____: Falando Nisso – Adolescência Sempre. Ijuí, Ed. UNIJUÍ, Dez. 2001/ Jan. 2002. Ano 2, n° 7. QUADROS GERAIS DO ANO DE 2008 DA CLÍNICA DE SANTA ROSA Quadro 1: Número mensal de pacientes TOTAL PACIENTES Janeiro Antigos Novos 3 56 - - - Marco 53 36 89 Abril 66 31 97 Maio 73 14 87 Junho 69 43 112 Julho 93 12 105 Agosto 88 29 117 Setembro 88 21 109 Outubro 94 15 109 Novembro 82 16 98 Dezembro 80 9 89 Fevereiro 53 Quadro 2: Comparecimento ao primeiro atendimento de acordo com o início dos atendimentos Janeiro COMPARECERAM Antigos Novos 1 2 NÃO COMPARECERAM Antigos Novos 0 0 TOTAL 3 Fevereiro - - - - - Março 8 28 0 13 49 Abril 0 31 0 8 39 Maio 0 14 0 5 19 Junho 0 13 0 3 36 Julho 0 12 0 1 13 Agosto 0 29 0 6 35 Setembro 1 20 0 4 25 Outubro 1 14 0 7 22 Novembro 0 16 0 4 20 Dezembro 0 9 1 10 0 Quadro 3: Grupo etário e sexo CRIANÇAS ADOLESCENTES TOTAL ADULTOS M 19 F 06 M 03 F 04 M 17 F 07 56 - - - - - - - Março 16 5 10 10 15 20 89 Abril 34 10 6 8 9 30 97 Maio 29 15 5 9 11 18 87 Junho 39 18 6 8 13 38 112 Julho 23 15 8 6 11 36 105 Agosto 27 15 8 11 10 40 117 Setembro 27 18 5 11 12 36 109 Outubro 28 20 6 7 13 35 109 Novembro 29 16 10 7 12 27 98 Dezembro 29 13 9 4 11 23 89 Janeiro Fevereiro Quadro 4: Situação atual dos atendimentos por sexo ENCERRARAM M 2 F 3 - - - - Março 13 11 31 34 Abril 9 15 38 35 Maio 8 10 35 34 Junho 9 10 35 58 Julho 7 10 38 50 Agosto 8 13 40 56 Setembro 4 11 40 54 Outubro 12 22 34 41 Novembro 8 10 43 37 Dezembro 7 9 42 31 Janeiro Fevereiro CONTINUAM M 27 F 24 O desenvolvimento das atividades na Clínica de Psicologia da Unijuí (Campus Santa Rosa) acontece no período que compreende os meses de março a janeiro, sendo o mês de fevereiro designado para férias, conforme prevê calendário institucional da Unijuí. No período de março a dezembro de 2008, a Clínica registrou um numero total de 1997 (um mil novecentos e noventa e sete) atendimentos realizados, sendo este trabalho desenvolvido por um grupo de estagiários-terapeutas composto por acadêmicos do Curso de Psicologia da UNIJUÍ e por extencionistas vinculados ao Curso de Extensão: “Práticas Clínicas Supervisionadas”. Seja por movimento próprio daquele que procura e/ou por desdobramento do tratamento, figuram-se diferentes laços com a Instituição, podendo ser observados casos em que o período de tratamento se sustenta por um período mais breve ou outros em que se estende por um tempo mais longo. São vários os motivos para tal posicionamento, o que compreende desde um desfecho relacionado ao término do tratamento pela direção à cura que remete ao caso, ou, então, por iniciativa do paciente e/ou familiar de afastar-se do trabalho clínico. As diferentes demandas dirigidas à Clínica estão brevemente registradas nos quadros anteriormente apresentados e possibilitam uma perspectiva de análise da realidade que se faz presente em seus trabalhos. Foram acolhidos 280 (duzentos e oitenta) pacientes, dentre os quais 148 (cento e quarenta e oito) do gênero feminino e 132 (cento e trinta e dois) do gênero masculino. Embora haja certa oscilação quanto à procura para atendimentos de acordo com os períodos do ano, observa-se uma concentração maior do número de pacientes nos meses de junho, julho, agosto, setembro e outubro; acompanhada da seqüência do mês de dezembro como um período que apresenta considerável redução de registros de atendimentos realizados. Ainda citase o mês de janeiro como período no qual se percebe uma expressão numérica menor quanto à realização dos atendimentos. Quanto às características da população atendida, no que se refere às crianças, figura maior atendimento entre os meses de maio e junho, havendo maior expressão do número de atendimentos realizados aos meninos. Na clínica com adolescentes percebese equivalência quanto ao gênero atendido, mantendo-se, também uma faixa estável de procura durante o ano. Os dados quantitativos expressam menores situações de tratamentos vinculados a esta faixa etária. No que se refere à população de pacientes adultos, a realidade clínica desta Instituição apresenta uma procura maior do gênero feminino por atendimento psicológico, sendo que o período que comporta os meses de março a setembro é mais expressivo quanto à realização deste trabalho. Estes são dados que evidenciam as características da práxis clínica realizada, importantes de serem encaminhados à elaboração de estudos acerca de questões clínicas e teóricas que compõem as atividades desta Instituição. 11. EVENTOS XII Jornada Clínica de Psicologia: Contemporaneidade e o fazer clínico No dia 20 de junho de 2008 realizou-se no Auditório da Sede Acadêmica da UNIJUÍ –Ijuí, a XII Jornada de Psicologia Clínica a qual teve como tema “Contemporaneidade e o fazer clínico”. Este evento constituiu-se a partir de questionamentos acerca da escuta realizada aos pacientes que referem suas dinâmicas familiares e as relações sociais que lhes constituem, assim como a atuação da instituição clínica diante destes sujeitos. Na ocasião foram discutidas temáticas sobre a construção dos diagnósticos clínicos, a nosologia, as estruturas clínicas, a escuta e a angústia inerente ao fazer clínico. A programação desta Jornada contou com a apresentação dos seguintes trabalhos: – “Um lugar para o sujeito na nosologia” – Adão Luiz Lopes da Costa. – “A angústia inerente ao trabalho clínico” – Tiago Clemen Bohn e Lidiane Maria Mähler. – “O fazer clínico com crianças” – Ângela Drügg – “Clinica Psicanalítica da delicadeza do ser” – Lucy Linhares de Fontoura (por capa/ver com design cpus) 11. INFORMATIVOS DA CLÍNICA DE PSICOLOGIA DA UNIJUI – FALANDO N’ISSO Ver capas com usina de idéias/ Falando N’Isso 2008 13. COMISSÃO DO ANUÁRIO A escrita do Anuário das Clínicas de Psicologia no ano de 2008 possibilitou aos membros das Comissões de Publicações, enquanto estagiários/terapeutas, um momento de elaboração das vivências do fazer clínico. A publicação do Anuário vem como registro da experiência que, a priori, possuía apenas o estatuto de vivido. As experiências deixam marcas subjetivas que geram efeitos. Falar e escrever sobre o fazer clínico constitui-se assim, como uma ação de formação, bastante subjetiva, da qual o efeito é a própria formação. As Comissões engajaram-se durante este período em ser testemunho do trabalho realizado pelas equipes clínicas. A postura de testemunho, para além da fala, escuta e organização do material clínico, é uma constante indagação, a qual sustenta o trabalho de publicação, a respeito da transmissão e memória da Clínica. A marca do Anuário é, então, o apelo à subjetividade, em que todas as expressões da Clínica podem ser lidas à luz de reflexões teóricas, tendo na psicanálise sua sustentação e sua referência. O Anuário é o registro permanente da clínica, é uma escrita contínua, constituindo-se, desta forma como um elo entre diferentes equipes clínicas que pela clínica circulam cada qual imprimindo suas marcas subjetivas. As Comissões responsáveis pela publicação do Anuário de 2008 esforçaram-se no sentido de retomar a função do Anuário – transmissão e memória – e de capturar os movimentos de expressão apresentados pela Clínica no decorrer de um ano.