Anuário 2008

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(LOGOTIPO PSICOLOGIA) CLÍNICA DE PSICOLOGIA DA UNIJUI
(LOGOTIPO UNIJUI)
Unijui – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul
Departamento de Filosofia e Psicologia
Clínica de Psicologia da Unijuí – Ijuí
Rua São Francisco, 505; Bairro São Geraldo,
Ijuí – RS – CEP 98700-000
Clínica de Psicologia da Unijuí – Santa Rosa
Rua Ectore Beltrame, 389, sala 01; Centro
Santa Rosa – RS
Comissão do Anuário de Ijuí
Carolina Baldissera Gross, Fernanda Aparecida Szareski, Kered Emanuele Schwingel,
Thaíse Enriconi Sarreta.
Comissão do Anuário de Santa Rosa
Katiucia de Oliveira Peres (2008), Márcia Regina Pinto (2008), Nara de Fátima Kraus
Schubert (2008), Roseli Bianchi (2009), Juliana Marques (2009), Murilo Padilha de
Bairros (2009).
Coordenação e Revisão
Comissões do Anuário
Coordenação da Clínica de Psicologia – Ijuí
Íris Fátima Alves Campos
Coordenação da Clínica de Psicologia – Santa Rosa
Kenia Spolti Freire
Projeto Gráfico: Editora Unijuí
A revisão dos textos é de inteira
responsabilidade dos autores
Responsabilidade Editorial,
Gráfica e Administrativa
(logotipo Editora UNIJUI)
(...)
EDITORIAL
Clínica de Psicologia da Unijuí / Ijuí
Criada para proporcionar campo de exercício da prática clínica para psicólogos em
formação, a Clínica-Escola de Psicologia da Unijuí (campus de Ijuí) de hoje se organiza
sob os mesmos pressupostos éticos de sua origem, há quinze anos. Aqui a criação e
movimentação dos dispositivos institucionais se (re) faz a partir do andamento do
trabalho, das demandas que se apresentam aos clínicos da equipe, com constantes
questionamentos sobre esses dispositivos subordinados à ética a qual nos filiamos.
Foi assim, em 2008, em especial com a Jornada Clínica e com as comissões de
trabalho.
A primeira deslocou-se da posição de evento e constituiu-se em eixo de trabalho
que envolveu a equipe por meses. A partir de seu agendamento, no início do ano, foi
ponto de pauta de reuniões e deu origem a grupos de estudos preparatórios para a
Jornada. Todos se enlaçaram e produziram canais de trabalho em direção ao projeto.
Nesta perspectiva, a Jornada foi a resultante da implicação do desejo de cada membro
da equipe de debater sobre a contemporaneidade e o fazer clínico.
Como efeito dessa mobilização, a Comissão de Eventos passa a se editar,
compor e recompor a cada nova situação de trabalho, segundo a implicação de cada
estagiário/terapeuta.
Nesse mesmo movimento, iniciamos o segundo semestre de 2008 com a
Comissão de Patrimônio e de Publicações funcionando em sistema de rodízio – para que
todos os estagiários tivessem lugar nesses espaços de formação – e com vários Grupos
de Estudos Temáticos com possibilidades de se comporem e recomporem desde a
demanda que o trabalho clínico suscita em cada um dos estagiários. Esses grupos
passaram a funcionar com um “mínimo paterno”, ou seja, elegendo um dos supervisores
clínicos como referência a recorrer em situações de impasses.
Nessa dinâmica, cada estagiário se inscreve em um ou mais dispositivos, tal
como sua implicação lhe aponta. E sempre há a possibilidade de desdobramentos, de
criação. Aliás, foi essa possibilidade criativa que fez nascer as publicações da Clínica: o
periódico Falando N’isso editado pela primeira vez no ano 2000 e este Anuário, agora
em seu quinto número.
Este é o escrito do ano de trabalho. Entendemos que, com sua vocação social, possa
nos lançar à incrível experiência de nos enlaçarmos transferencialmente a outrem. É este
o desejo que nos moveu a essa edição que todos são convidados a ler.
Iris Fátima Alves Campos
Psicóloga, Coordenadora da Clínica-Escola de Psicologia da UNIJUÍ–
Campus de Ijuí
EDITORIAL
Clínica de Psicologia da UNIJUÍ / Santa Rosa
A Clínica de Psicologia da UNIJUÍ (Campus Santa Rosa) desenvolve suas
atividades desde o mês de agosto de 2006, tendo seu trabalho sustentado, em grande
proporção, por estagiários do Curso de Psicologia da UNIJUÍ e ainda por extensionistas
vinculados ao Curso de Extensão: “Práticas Clínicas Supervisionadas”.
O percurso de trabalho desenvolvido comporta a singularidade que se impõe em
cada atendimento e, por extensão, em cada atividade realizada que inscreve as
ocupações teóricas e éticas de um grupo de estagiários-terapeutas; sendo a tessitura de
uma posição de escuta da subjetividade humana e a experiência institucional,
referências para questionamentos a partir dos quais se organizam estudos e discussões
nesta proposta de formação.
Nesta direção constituíram-se as atividades formativas nas quais se envolveram
os estagiários-terapeutas da CPU/Santa Rosa durante o período de março de 2008 a
janeiro de 2009; começando por interrogar-se sobre a passagem da condição de
acadêmico à condição de estar na posição de quem escuta – sendo esta passagem aqui
contemplada sob a designação “estagiário-terapeuta”. Os movimentos de inserção e de
inscrição na experiência clínica foram vividos pelo grupo como mobilizadores de
dispositivos que contém, mas que também ultrapassam a dimensão acadêmica. Esta
questão se atualizou, se reinaugurou neste grupo, acompanhando os diferentes espaços
formativos em que a experiência clínica se fez presente: atendimentos, reuniões,
apresentações de casos clínicos, seminários, grupos de estudos, participação em
comissões de trabalho.
Sob a lembrança de Rickes (1998), de que “o sujeito que sustenta o lugar de
escuta não é indiferente à experiência que ali se opera.” (p.39)*; é possível contar, ou
então, constituir memória acerca dos movimentos operados pelos estagiários-terapeutas
em seu percurso pela Clínica no ano de 2008.
O presente Anuário contém, sucintamente, o registro de atividades e reflexões
desenvolvidas neste período, momento em que esta Instituição acolheu nova turma de
estagiários-terapeutas e também deu continuidade à construção de um laço de trabalho
junto à comunidade de Santa Rosa e região.
Convido à leitura!
Kenia Spolti Freire
Coordenadora Clínica de Psicologia da Unijuí
Campus Santa Rosa
*RICKES, S. “Escrever o que não se sabe.” In: Psicanálise e Literatura. Revista da Associação
Psicanalítica de Porto Alegre. Ano VIII. Nº 15. Nov/2008. p.36-42.
AGRADECIMENTOS
As Comissões responsáveis pela elaboração do Anuário agradecem as Clínicas
de Psicologia da Unijuí por proporcionar um espaço de vivência aos estagiários e
extencionistas, o qual possibilita as articulações teóricas e clínicas de suas atividades,
imprescindível para formação acadêmica e profissional.
Agradecemos as professoras coordenadoras da Clínica de Psicologia da Unijuí,
Campus Ijuí e Santa Rosa, respectivamente Iris Fátima Alves Campos e Kenia Freire,
pelo apoio e incentivo na elaboração deste Anuário.
Aos professores supervisores do curso de Psicologia, pela transmissão de um
saber que corrobora na formação teórico-prática do estagiário e extencionistas da
Clínica.
À equipe de estagiários e extencionistas pelo testemunho do fazer clínico,
através das participações das atividades de clínica e pelo envio de suas produções
textuais.
Aos funcionários, em especial as secretárias Luciane Cossetin e Débora Burkle
pela organização do espaço do fazer clínico.
Ao professor Ubirajara Cardoso de Cardoso pela transmissão de um saber em
relação à escrita do Anuário.
Em especial aos pacientes que nos possibilitaram a vivência do fazer clínico. E a
todas as pessoas que de alguma forma souberam dar apoio e auxilio a esta iniciativa.
SUMÁRIO
1. O ANUÁRIO: A ESCRITURA DE UMA CLÍNICA
2. ORGANOGRAMA DA CLÍNICA DE PSICOLOGIA DA UNIJUÍ
3. EQUIPE DAS CLÍNICAS DE PSICOLOGIA DA UNIJUÍ
4. DESCRIÇÃO DAS AÇÕES DE FORMAÇÃO CLÍNICA
5. NARRATIVAS DE APRESENTAÇÕES DE CASOS CLÍNICOS
6. PRODUÇÕES ESCRITAS A PARTIR DAS ATIVIDADES DE ESTUDO
REALIZADAS NAS CLÍNICAS DE PSICOLOGIA DA UNIJUÍ
7. CURSO DE EXTENSÃO EM PSICOLOGIA: “PRÁTICAS CLÍNICAS
SUPERVISIONADAS”
8. RELATÓRIO DE PESQUISA DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISA
DE PÓS GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA (ANPEPP)
9. LEVANTAMENTO E ANÁLISE DE DADOS ESTATÍSTICOS DAS
CLÍNICAS DE PSICOLOGIA DA UNIJUI NO ANO DE 2008
10. EVENTOS
11. INFORMATIVOS DA CLÍNICA DE PSICOLOGIA DA UNIJUI – FALANDO
N’ISSO
12. COMISSÃO DO ANUÁRIO
1. O ANUÁRIO: A ESCRITURA DE UMA CLÍNICA
O Anuário apresenta as Clínicas de Psicologia da Unijuí e seu fazer clínico. A
escritura do Anuário e sua publicação registram as ações ocorridas no período de um
ano. Desta forma, possui a função de memória e transmissão do trabalho realizado nas
Clínicas de Psicologia da Unijuí.
Diante desta produção, emerge a questão: “como transmitir algo único, da ordem
do vivido, desta vivência clínica, produzindo uma memória, uma memória clínica?”.
Segundo Kehl (2001), referindo-se ao pensamento de Benjamin, o vivido somente toma
o estatuto de experiência, passando pela transmissão. Essa transmissão pode ser tomada
do lado do testemunho, como um modo de inclusão da experiência singular em uma
representação compartilhada. A escrita do Anuário possibilita a transformação do vivido
durante a permanência na Clínica, em experiência, sendo que é no ato de uma escrita
endereçada a um outro que o vivido se constitui como experiência. Esta escrita,
enquanto registro, vem dar conta da relação entre o acontecido e a representação,
constitui a memória – aqui, memória da Clínica.
Cada Anuário compreende um fragmento de permanente escritura das ações
clínicas, essas decorrentes das experiências daqueles que integram a Instituição, ou seja,
sua equipe de trabalho. Seu lugar é de um elo em uma corrente coletiva que atravessa
gerações de turmas de estagiários que passam pela Clínica, cada uma dessas turmas
imprimindo seu traço singular. O presente Anuário refere-se ao registro das experiências
das equipes que circularam nas Clínicas de Psicologia da Unijuí – Campi Ijuí e Santa
Rosa – no ano de 2008. Seu conteúdo foi produzido pelos autores destas experiências
clínicas. Mediante consulta aos mesmos, a Comissão do Anuário, na condição de
viabilizar a presente edição, registra a atualização e/ou revisão do material, mantendo a
originalidade e a singularidade das escritas produzidas pelos estagiários terapeutas.
2. ORGANOGRAMA DAS CLÍNICAS DE PSICOLOGIA DA UNIJUI
Departamento de Filosofia e Psicologia
Clínica de Psicologia da Unijuí
Conselho da Clínica
________ Secretaria
Coordenação
Estagiários de Psicologia
da Clínica
Estagiários em Extensão
de Psicologia da
Clínica
3. EQUIPES DAS CLÍNICAS DE PSICOLOGIA DA UNIJUI
Estagiários que ingressaram na Clínica de Psicologia da Unijuí/Campi Ijuí no 2º
semestre de 2007 e permaneceram no 1º semestre de 2008
01 – Ana Luiza Schwerz
02 – Carla Lucia Klein Feltes
03 – Carla Versiani Oliveira Padilha
04 – Cássia Regina Rauber
05 – Daniela Salete Maldaner Schneider
06 – Édina de Carvalho
07 – Elisa Regina Melchiors
08 – Fabiana Bastos de Souza
09 – Gabriela Mallmann Fenner
10 – Gisele Cristina Machado
11 – Jaqueline Grolli
12 – Jociane M. Oliveira Santos
13 – Márcia Cunha Calçada da Costa
14 – Miceli Cronst
15 – Naira Eberhart
16 – Neuza Elenir S. Ciechwicz
17 – Regina Basso Zanon
18 – Silvia Jung
19 – Tailene Cristina Pandolfo Bonotto
20 – Takira Berlesi Mendes
21 – Tiago Clemen Bohm
Extensionistas da Clínica de Psicologia da Unijuí/Campi Ijuí – 1o semestre 2008
01 – Juliana Lütkemeyer
02 – Roseli Bönmann
Estagiários que ingressaram na Clínica de Psicologia da Unijuí/Campi Ijuí – 2º
semestre de 2008
01 – Ana Caroline Boff Hedlund
02 – Ane Gabriele Pascoal
03 – Ângela M. Oliveira
04 – Carin Kaist
05 – Carine Amanda Passinato
06 – Carolina Baldissera Gross
07 – Caroline Tolotti
08 – Debora Becker
09 – Denise Gonzatto
10 – Elmerita Maria C. Martins
11 – Fabiane Beier Gamarra
12 – Fernanda Aparecida Szareski
13 – Flaviane Zuse Teixeira
14 – Gabriela Kruger
15 – Ivanete Malheiros Schwingel
16 – Karine Fogaça Langner
17 – Kered Emanuele Schwingel
18 – Leoncio Lopes dos Santos
19 – Patricia Mostardeiro Peixoto
20 – Patricia Pedrozo Cremonese
21 – Selma Helena Dessbesell
22 – Tassiana Cristine S. F. Schmitt
23 – Thaíse Enriconi Sarreta
Extensionista da Clínica de Psicologia da Unijuí/Campi Ijuí – 2º semestre 2008
01 – Tailene Cristina Pandolfo Bonotto
Estagiários da Clínica de Psicologia da Unijuí/Campi Santa Rosa – ano 2008
01-Aline Graziela Schröder Gertz
02-Andréia Becker Ferreira
03-Carla Eloísa Loro
04-Catiane Larissa dos Santos
05-Ivanes Lucila Chiapinotto
06-Katiucia de Oliveira Peres
07-Lidiane Maria Mähler
08-Luciana Stumpf
09-Márcia Regina Pinto
10-Nara de Fátima Kraus Schubert
11-Rosangela Walker
Extensionista da Clínica de Psicologia da Unijuí/Campi Santa Rosa – ano 2008
01 – Simone Antunes Fernandes
02 – Nidia de Conti
Corpo docente (professores-supervisores e pesquisadores)
-
Ms. Ana Maria de Souza Dias: Psicóloga, Mestre em Educação nas Ciências
(UNIJUI).
Dra. Angela Maria Schneider Drügg: Psicóloga, Doutora em Educação (UFRGS).
Ms. Cristian Giles: Psicóloga, Mestre em Psicanálise e Psicopatologia (Universite
de Paris XIII).
Ms. Gustavo Héctor Brun: Psicólogo, Mestre em Psicologia Clínica (PUCCAMP).
Ms. Iris Fátima Alves Campos: Psicóloga, Mestre em Educação (UFRGS).
Ms. Kenia Spolti Freire: Psicóloga, Mestre em Educação nas Ciências (UNIJUI).
Esp. Nilson Heidemann: Psicólogo, Mestre em Desenvolvimento (UNIJUI).
-
Ms. Tânia Maria de Souza: Psicóloga, Mestre em Educação nas Ciências (UNIJUI).
Ms. Ubirajara Cardoso de Cardoso: Psicólogo, Mestre em Educação nas Ciências
(UNIJUI).
Dr. Luís Fernando Lofrano de Oliveira: Psicólogo, Doutor em Psicologia
(Universite de Paris XIII).
Supervisão Especializada
Médica neuropediatra Helga Porsch.
4 – DESCRIÇÃO DAS AÇÕES DE FORMAÇÃO CLÍNICA
As Clínicas de Psicologia da Unijuí – CPUs – Campi Ijuí e Santa Rosa, são
Instituições que acolhem todos aqueles que por elas procuram na busca por atendimento
psicológico. As Clínicas recebem crianças, adultos e adolescentes que por diferentes
motivos procuram atendimento psicológico. O fazer clínico é realizado por terapeutas
estagiários em período de Estágio Supervisionado em Psicologia Clínica I e II,
correspondentes ao oitavo e ao nono semestre do curso de Psicologia, assim como por
integrantes do Projeto de Extensão: Práticas clínicas Supervisionadas.
As Clínicas são espaços de constantes estudos e pesquisas que, em concordância
com a orientação teórica do curso de Psicologia da Unijuí, têm sua práxis dundamentada
nas teorias psicanalíticas e teorias psicológicas afins. Por caracterizarem-se como
espaços para realização estágio, as CPUs caracterizam-se como Clínicas-Escolas que
oportunizam um ambiente de prática e formação clínica aos acadêmicos-terapeutas.
Enquanto Clínicas-Escolas desenvolvem diversas ações que sustentam o fazer
clínico. As ações de formação da Clínica de Psicologia da Unijuí compreendem:
Atendimento Psicológico; Supervisão (individual); Supervisão da Área Médica;
Apresentação de Caso Clínico; Reunião Geral; Reunião dos Supervisores; Reunião de
Estagiários e Reunião do Conselho da Clínica.
Os estagiários-terapeutas que se interessam em continuar com a prática clínica
nas CPUs, para além do Estágio Curricular, podem fazer a opção pelo Curso de
Extensão “Práticas Clínicas Supervisionadas”. Este Curso também é destinado a
profissionais que se interessem por esta proposta. Neste Curso os extensionistas se
envolvem com as atividades de formação clínica citadas e também com propostas de
Projetos de Pesquisa.
4.1 Atendimento Psicológico
O percurso dos estagiários nas Clínicas de Psicologia da Unijuí supõe algumas
ações de formação. Uma delas é o Atendimento Psicológico que se caracteriza como a
principal ação de formação clínica. Estes atendimentos são efetuados pelos estagiáriosterapeutas em momento de seu percurso de percurso acadêmico de graduação em
Psicologia e também pelos extensionistas do Curso “Práticas Clínicas Supervisionadas”.
Assim, os atendimentos são realizados de forma individual e semanal, sendo a
periodicidade dos atendimentos determinada de acordo com as demandas de cada caso.
Quando se acolhe crianças e adolescentes, dada a especificidade destes atendimentos,
são realizadas entrevistas com os pais e/ou responsáveis. As Clínicas de Psicologia da
Unijuí além de atenderem demandas individuais, atendem também demandas
institucionais. Os atendimentos são realizados durante o período que transcorre de
março a janeiro, com exceção do mês de fevereiro, sendo este correspondente ao
período de férias institucionais.
4.2 Supervisão
A Supervisão é um do pilares da formação clínica e, por isso, é algo
indispensável na formação do estagiário-terapeuta de Psicologia. Constitui-se como um
momento em que este endereça suas primeiras escutas clínicas à escuta de um
supervisor. A supervisão ocorre semanal e individualmente.
O supervisor não ocupa a posição de avaliador, analista ou mestre; ele escuta e
acolhe as angústias doestagiário-terapeuta para não deixá-las à deriva, principalmente
nesse momento em que o estagiário pode se ver obstaculizado pela insegurança.
Esta ação de formação é imprescindível. A supervisão é um suporte à escuta
clínica, já que é na supervisão que é possível dar um destino àquilo que ficou dos
atendimentos, como angústias e questionamentos clínicos. Esta ação de formação
possibilita um espaço para que o estagiário-terapeuta possa falar sobre as questões
decorrentes da escuta dos atendimentos e, junto com o supervisor, elaborá-las
teoricamente. Desta forma, esta ação de formação constitui-se como um momento
importante da e na formação.
Embora iniciante em prática clínica, ao se constituir vínculo transferencial com o
paciente, o estagiário-terapeuta ocupa lugar de suposição de saber. O espaço de
supervisão visa manter esse lugar transferencial operante, permitindo endereçar a escuta
a um terceiro com o objetivo de reeditar a ficção constituída do caso clínico.
A supervisão é um espaço de fala do estagiário-terapeuta sobre a sua experiência
de escuta clínica, pois o que ele escuta em atendimento está sob sua responsabilidade.
Esta atividade cumpre com uma função fundamental no desdobramento de um
tratamento, configurando-se como um momento de transmissão no fazer clínico.
4.3 Supervisão da Área Médica
A Supervisão da Área Médica está sob responsabilidade da neuropediatra Helga
Porsch, integrante do quadro de professores do Departamento de Filosofia e Psicologia
da Unijuí. Esta supervisão é realizada quando o estagiário-terapeuta, juntamente com o
supervisor, sentir necessidade de discutir interdisciplinarmente um caso clínico, em
situações em que o atendimento do paciente apontar para algum comprometimento
neurológico ou ainda quando se realiza o acolhimento de pacientes – especialmente
crianças – encaminhados à Instituição com diagnóstico prévio e/ou tratamento
medicamentoso. Nesta modalidade de supervisão, estagiário-terapeuta e médica
discutem eventuais hipóteses diagnósticas e os efeitos dos medicamentos na criança,
para então, orientar-se quanto a um diagnóstico diferencial.
4.4 Apresentação de Caso Clínico
A atividade formativa de Apresentação de Caso Clínico consiste em apresentar
aos demais membros das equipes das Clínicas elementos clínicos de um caso em que o
estagiário-terapeuta ou extensionista atendeu ou está atendendo. A apresentação é
coordenada por um professor supervisor, que não é o mesmo supervisor do estagiárioterapeuta, considerando que é interessante ter outra escuta sobre o caso. A apresentação
é dada num movimento de alteridade, pois, neste compartilhamento de experiências,
coordenador e demais colegas contribuem para a elaboração das questões acerca do
caso.
A escolha do caso se realiza sob critério do estagiário-terapeuta que, com o
auxílio do supervisor, elege para a apresentação um caso que mais questões trazem para
ele. A atividade de Apresentação de Caso tem a dimensão de ficção, isso porque o que é
trazido para a apresentação é decorrente da escuta do apresentador. Logo, o que é
apresentado não é propriamente a fala do paciente em atendimento, mas é aquilo que
alguém escuta de uma fala.
Assim, o que é exposto nesta atividade desencadeia uma série de discussões
teóricas e clínicas, nas quais os conceitos psicanalíticos sustentam possíveis hipóteses
diagnósticas e outras elaborações decorrentes do debate do caso.
Cronogramas das apresentações de Casos Clínicos na Clínica de Psicologia em Ijuí
1º semestre de 2008
Janeiro
Fevereiro
Março
06/03/08 (Quinta-feira)
ESTAG: Gabriela
COORD: Ubirajara
13/03/08 (Quinta-feira)
ESTAG: Michele
COORD: Nilson
25/03/08 (Terça-feira)
ESTAG: Jociane
COORD: Kênia
27/03/08 (Quinta-feira)
ESTAG: Naira
COORD: Ana Dias
Abril
03/04/08 (Quinta-feira)
ESTAG: Silvia
COORD: Iris
08/04/08 (Terça-feira)
ESTAG: Tailene
COORD: Tânia
15/04/08 (Terça-feira)
ESTAG: Takira
COORD: Ana Dias
24/04/08 (Quinta-feira)
ESTAG: Tiago
COORD: Nilson
29/04/08 (Terça-feira)
ESTAG: Neuza
COORD: Cristian
Maio
20/05/08 (Terça-feira)
ESTAG: Márcia
COORD: Ana Dias
27/05/08 (Terça-feira)
ESTAG: Regina
COORD: Nilson
2º semestre de 2008
Julho
03/07/08 (Quinta-feira)
ESTAG: Giseli
COORD: Tânia
Agosto
07/08/08 (Quinta-feira)
ESTAG: Neuza
COORD: Ana Dias
14/08/08 (Quinta-feira)
ESTAG: Tailene
COORD: Ubirajara
21/08/08 (Quinta-feira)
ESTAG: Regina
COORD: Ubirajara
Setembro
11/09/08 (Quinta-feira)
ESTAG: Leôncio
COORD: Ana Dias
25/09/08 (Quinta-feira)
ESTAG: Carolina
COORD: Tânia
Outubro
02/10/08 (Quinta-feira)
ESTAG: Thaíse
COORD: Ubirajara
09/10/08 (Quinta-feira)
ESTAG: Karine
COORD: Ângela D.
16/10/08 (Quinta-feira)
ESTAG: Ivanete
COORD: Cristian
23/01/08 (Quinta-feira)
ESTAG: Elmerita
COORD:Nilson
30/10/08 (Quinta-feira)
ESTAG: Fernanda
COORD: Tânia
Novembro
04/11/08 (Terça-feira)
ESTAG: Selma
COORD: Gustavo
29/05/08 (Quinta-feira)
ESTAG: Daniela
COORD: Iris
Junho
Dezembro
26/06/08 (Quinta-feira)
ESTAG: Juliana
COORD: Kenia
Cronograma das apresentações de casos clínicos na Clínica de Psicologia em Santa
Rosa
1º semestre de 2008
Janeiro
08/01/08
ESTAG.: Patrícia*
COORD.: Kenia
22/01/08
ESTAG.: Nidia*
COORD.: Kenia
*Estagárias-terapeutas em conclusão de Estágio
Curricular na CPU/Santa Rosa.
Fevereiro
Março
2º semestre de 2008
Julho
03/07/2008
ESTAG.: Nara
COORD.: Kenia
17/07/2008
ESTAG.: Lidiane
COORD.: Iris
Agosto
Abril
09/04/2008
ESTAG.: Andréia
COORD.: Cristian
24/04/2008
ESTAG.: Aline
COORD.: Gustavo
Setembro
11/09/08
ESTAG.: Luciana
COORD.: Kenia
24/09/08
ESTAG.: Marcia
COORD.: Cristian
Outubro
23/10/2008
ESTAG: Nara
COORD: Tania
30/10/2008
ESTAG:
COORD: Gustavo
Maio
07/05/2008
ESTAG.: Márcia
COORD.: Nilson
09/05/2008
ESTAG.: Katiucia
COORD.: Ubirajara
21/05/2008
ESTAG.: Catiane
COORD.:Kenia
Novembro
13/11/2008
ESTAG.: Katiucia
COORD.:Kenia
17/11/2008
ESTAG.: Rosangela
COORD.:Tania
27/11/08
ESTAG.: Andréia
COORD.: Gustavo
Junho
19/06/2008
ESTAG.: Rosangela
COORD.: Kenia
Dezembro
03/12/08
ESTAG:. Katiucia
COORD: Cristian
27/06/2008
ESTAG.: Carla
COORD.: Ubirajara
11/12/2008
ESTAG.: Carla
COORD.: Kenia
4.5 Reunião Geral
As Reuniões Gerais têm como objetivo colocar em discussão assuntos
relacionados ao funcionamento geral das Clínicas de Psicologia, assim como
contemplar questões relativas a assuntos específicos do fazer clínico. As reuniões
ocorrem quinzenalmente com a presença de estagiários-terapeutas e professores
supervisores.
4.6 Reunião dos Supervisores
Estas reuniões são destinadas à discussão sobre os trabalhos clínicos realizados
nas Instituições e sobre as dificuldades que ali aparecem.
4.7 Reunião dos Estagiários
Este é um espaço em que o grupo de estagiários-terapeutas discute questões
acerca do estágio clínico. Alguns pontos levantados podem ser discutidos também nas
Reuniões Gerais e de Conselho.
4.8 Reunião de Conselho da Clínica
O Conselho da Clínica é composto pelos professores supervisores e pelos
representantes dos estagiários-terapeutas1. O grupo se reúne mensalmente para discutir
questões pertinentes ao fazer clínico. É de responsabilidade dos representantes dos
estagiários-terapeutas endereçar às Reuniões de Conselho questões emergentes à
Instituição e ao fazer clínico levantadas pelo grupo de estagiários-terapeutas. As
considerações realizadas na Reunião de Conselho da Clínica retornam aos estagiários
terapeutas para continuidade dos trabalhas acerca das mesmas.
1
Representantes de Ijuí: Márcia Cunha Calçada da Costa e Ana Caroline Boff Hedlund, respectivamente
do primeiro e segundo semestre de 2008. Campi Santa Rosa: Katiucia de Oliveira Peres.
4.9 Jornada da Clínica
A Jornada caracteriza-se como um evento anual. Tem a função de discutir
temáticas que emergem de questões levantadas pelo corpo clínico das Instituições. A
preparação da Jornada é um momento importante na formação clínica por proporcionar
construções teóricas e clínicas. No ano de 2008 a Jornada teve como temática
“Contemporaneidade e o fazer clínico”, sendo realizada no Campi Ijuí.
4.10 Comissões de Trabalho e Grupos de Estudos das Clínicas de Psicologia
As Clínicas de Psicologia da Unijuí requerem de seus estagiários-terapeutas
diferentes atividades que sustentam o desenvolvimento do trabalho proposto por estas
Instituições. Assim, para além do Atendimento Clínico, Supervisão, Apresentação de
Caso e participação nas Reuniões, cada estagiário-terapeuta participa de uma Comissão
e/ou de um Grupo de Estudo, com a finalidade de estudar, discutir e encaminhar
questões relacionadas ao fazer clínico e institucional.
Em Ijuí, a Clínica passou por uma alteração em relação à formação e
funcionamento dos trabalhos inerentes às Comissões e Grupos de Estudos. No primeiro
semestre a turma de estagiários terapeutas realizou suas atividades através de quatro
Comissões: Comissão de Patrimônio e Eventos, Comissão de Divulgação no Site,
Comissão de Estudos e Comissão de Publicações. A partir do segundo semestre, na
Clínica de Psicologia da Unijuí/Ijuí, os trabalhos das Comissões, em parte, foram
absorvidos pelos Grupos de Estudos. Os Grupos de Estudos se constituem com o
objetivo de propiciar aos estagiários terapeutas um espaço de formação constante, no
qual questões relacionadas ao fazer clínico e ao trabalho institucional podem ser
discutidas. Neste sentido, a formação dos grupos acontece a partir do interesse dos
estagiários terapeutas por determinada questão clínica. Após a constituição dos grupos,
os integrantes convidam um professor para coordenar as discussões.
Todos os estagiários-terapeutas integraram algum Grupo de Estudo, sendo que
além desta atividade, permanecem na Clínica a Comissão de Publicações e a Comissão
de Patrimônios e Eventos. Esta última Comissão está organizada a partir de um rodízio
em que participam os estagiários terapeutas.
Em Santa Rosa, a Clínica estruturou a participação dos estagiários-terapeutas
enquanto integrantes das Comissões de Eventos, de Estudos, de Publicações e de
Patrimônio. Estas Comissões – das quais cada estagiário-terapeuta faz parte durante seu
percurso clínico e institucional – são responsáveis pelos encaminhamentos e abertura
constante da práxis experienciada pelo grupo. No que se refere aos Grupos de Estudos,
estes foram compostos a partir dos questionamentos que o fazer clínico impôs, sendo
possível (re)articular a formação e (re)definição da temática a ser estudada durante todo
o percurso de trabalho na Instituição.
4.10.1. Comissões de Trabalho da Clínica de Psicologia da Unijuí – 1°
semestre de 2008
Campus Ijuí
Comissão de Patrimônio e Eventos
A Comissão de Patrimônio e Eventos é responsável pela organização e
manutenção do patrimônio da Clínica (reposição dos materiais e brinquedos,
organização das salas de atendimento) e também tem a incumbência de organizar
jornadas, palestras, conferências e demais eventos. Integrantes desta Comissão: Ana
Luiza Schwerz, Carla Lucia Klein Feltes, Micheli Cronst, Gisele Cristina Machado,
Fabiana Bastos de Souza, Tiago Clemen Bohm.
Comissão de Divulgação no Site
A Comissão de Divulgação no Site visa atualizar a página da Clínica divulgando
as atividades realizadas por esta instituição e por seus integrantes. Para isso, o trabalho
ocorre conjuntamente com a assessoria de comunicação da Unijuí. Integrantes desta
comissão: Takira Berlesi Mendes, Gabriela Mallmann Fenner, Elisa Regina Melchiors,
Jaqueline Grolli.
Comissão de Estudos
A Comissão de Estudos tem como principal objetivo a organização de momentos
de estudos, a fim de proporcionar aos estagiários um espaço de discussão e trocas de
experiências. Os temas estudados estão implicados com questões surgidas a partir da
prática clínica. Integrantes desta Comissão: Carla Padilha, Cássia Rauber, Daniela
Schneider, Tailene Bonotto.
Comissão de Publicações
A Comissão de Publicações é responsável pela transmissão escrita da Clínica,
isto é, ocupa-se em escutar, resgatar e registrar os acontecimentos/ interrogações/
mudanças que acontecem nesta instituição durante o ano. Assim, a escrita do Anuário é
uma das suas principais ocupações, juntamente com a produção do periódico Falando
N’Isso. Integrantes desta Comissão: Regina Basso Zanon, Silvia Jung, Jociane M.
Oliveira Santos, Márcia Cunha Calçada da Costa, Édina de Carvalho, Naira Eberhart,
Neuza Ciechwicz.
4.10.2. Grupos de Estudos da Clínica de Psicologia da Unijuí/Ijuí – 2°
semestre de 2008
Grupo I – Pagamento – O grupo que abordou a temática “Pagamento”
organizou-se a partir da seguinte questão: Como abordar o pagamento nos atendimentos
clínicos? Isto, considerando a importância do ato de pagar no referencial teórico
utilizado na Clínica. Durante o semestre foram estudados e discutidos textos de Freud
como “Recomendações aos médicos que exercem a psicanálise” entre outros textos
de diversos autores referentes a esta questão. Integrantes do grupo: Ane Gabriele
Pascoal, Flaviane Zuse Teixeira, Ivanete Schneider, Patricia Peixoto, Tassiana Schmitt.
Professora coordenadora: Cristian Giles.
Grupo II – Constituição Subjetiva – O grupo que trabalhou a temática
“Constituição Subjetiva” se organizou em função de diversas questões clínicas
referentes à infância. Assim, o grupo dedicou-se a estudar questões do
desenvolvimento, os aspectos estruturais e instrumentais. Para tanto, a referência
bibliográfica base foi o livro: “Enquanto o futuro não vem – A psicanálise na clinica
interdisciplinar com bebês” escrito por Julieta Jerusalinsky. Integrantes do grupo: Ana
Caroline Hedlund, Denise Gonzatto, Selma Dessbesell, Ângela M. Oliveira, Caroline
Tolotti, Karine Langner, Fabiane Gamarra, Patrícia Cremonese, Elmerita Martins.
Professora coordenadora: Ana Dias.
Grupo III – Comissão de Publicações – Este grupo foi organizado a fim de dar
continuidade à escrita permanente da Clínica. O grupo tem como questões de estudo a
escrita, a transmissão e a memória da clínica. Dessa forma, a organização do Anuário e
do periódico Falando N’Isso é de responsabilidade dos integrantes deste grupo.
Integrantes do grupo: Carolina Baldissera Gross, Fernanda A. Szareski, Kered E.
Schwingel, Thaíse E. Sarreta.
Professor coordenador: Ubirajara Cardoso de Cardoso.
Grupo IV – Rompimento dos Laços Afetivos – Este grupo foi organizado para
pensar a seguinte questão: Que conseqüências podem trazer a uma criança a perda de
algum ente querido na infância? Com este objetivo foram estudados alguns textos
como: “Criança e luto: vivências fantasmáticas diante da morte do genitor” de Maria
Franco e Luciana Mazorra, e ainda alguns filmes foram assistidos como “Minha vida
sem minhas mães” (Klaus Härö). Integrantes do grupo: Carin Kaist, Leôncio Lopes dos
Santos, Gabriela Kruger, Débora Becker, Carine Passinato.
Professora coordenadora: Kenia Freire.
Grupo V – Pesquisa:
a) As ações formativas na CPU – Este grupo foi organizado para dar
continuidade à pesquisa da Clínica “As ações formativas na Clínica de Psicologia da
Unijuí”. Assim, durante o semestre foram realizadas entrevistas com psicólogos que
fizeram o estágio na Clínica de Psicologia da UNIJUÍ / Campi Ijuí, desde a sua
fundação, seguindo a metodologia proposta no projeto. As discussões do grupo
aconteceram com base nestas entrevistas e ainda sobre o que significa transcrever uma
entrevista, como escutar as entrelinhas do entrevistado. Integrantes: Tailene Bonotto,
Fernanda A. Szareski .
Professora coordenadora: Iris Fátima Alves Campos.
b) Pesquisa Associação Brasileira de Ensino de Psicologia – ABEP: Esta
pesquisa caracterizou-se como uma pesquisa nacional que envolveu as clínicas escolas
do Brasil interessadas em participar, fazendo um levantamento de dados relativos ao
ano de 2007, e os enviando a central de pesquisa nacional. Integrantes: Ângela M.
Oliveira, Selma H. Dessbesell, Débora Becker.
Professoras coordenadoras: Íris Fátima Alves Campos (Ijuí)
4.10.3 Comissões de Trabalho da Clínica de Psicologia da Unijuí / Campus Santa
Rosa
A Clínica de Psicologia da Unijuí/ Campi Santa Rosa desenvolve suas
atividades, enquanto Instituição, com o suporte das “Comissões de Trabalho”,
compostas pelos estagiários e extensionistas que integram esta proposta clínica. No ano
de 2008, compuseram-se conforme a descrição que segue.
Comissão de Patrimônio
A Comissão de Patrimônio foi formada por quatro estagiárias: Catiane Larissa
dos Santos, Ivanês Chiapinotto, Katiucia Peres de Oliveira e Lidiane Maria Mahler.
Nesta Comissão as estagiárias se responsabilizaram por observar e encaminhar os
procedimentos necessários à manutenção dos materiais que a Clínica demanda. Desta
forma, esta Comissão teve como objetivo supervisionar constantemente os espaços da
Clínica de Psicologia verificando os materiais e recursos existentes, mantendo a
organização e manutenção dos mesmos, a fim de contribuir com as condições
propiciadoras à experiência clínica.
Comissão de Estudos
A Comissão de Estudos foi composta pelas estagiárias Luciana Stumpf e
Rosângela Walker e teve como maior incumbência provocar e encaminhar a
organização de Grupos de Estudos. Num primeiro momento, a tarefa realizada por esta
Comissão foi sondar quais eram os assuntos de interesse das demais colegas e, a partir
disto, organizar os Grupos. Os temas trabalhados foram: “Acolhimento da Família”; “O
Silêncio no Seting Analítico”; “A Clínica Psicológica e os Problemas de
Aprendizagem”; “Suicídio” e “A finitude e a finalidade do tratamento psicológico”.
Estes grupos ocuparam-se, principalmente, da leitura e discussão de textos que foram
indicados por alguns por professores supervisores convidados a comporem estas
propostas de estudos.
Comissão de Eventos
A Comissão de Eventos, formada pelas estagiárias: Andréia Becker Ferreira,
Aline Graziela Schroder Gertz, Carla Eloisa Loro e Luciana Stumpf; desenvolveu duas
principais atividades: uma diz respeito aos trabalhos preparatórios à participação da XII
Jornada Clínica que teve como tema “Contemporaneidade e o fazer clínico”, realizada
no Auditório da Sede Acadêmica da UNIJUÍ – Ijuí; e outra, a organização para a visita
ao CAPS Novo Rumo, localizado no município de Santa Rosa. Também, junto com as
demais colegas estagiárias, realizou a construção e discussão do texto sobre a temática
“A angústia inerente ao trabalho clínico”, o qual foi apresentado na referida Jornada
pela estagiária Lidiane Maria Mähler.
Comissão de Publicações
A Comissão de Publicações foi composta pelas estagiárias Katiucia de Oliveira
Peres, Márcia Regina Pinto, Nara Kraus Schubert e Simone Antunes Fernandes. Estas
responsabilizaram – se por participarem da publicação do Informativo Falando N’Isso e
compor o grupo responsável pela produção dos Anuários das CPUs, respectivos ao ano
de 2007 e encaminhamentos inerentes ao ano de 2008.
4.10.4 Grupos de Estudos da Clínica de Psicologia da Unijuí / Campus
Santa Rosa
As atividades inerentes aos Grupos de Estudos da Clínica de Psicologia da
Unijuí/Santa Rosa organizaram-se a partir de questionamentos que a experiência clínica
suscitou aos estagiários-terapeutas, como "restos" a serem elaborados em espaços e
atividades que sustentam sua práxis e sua formação. Assim, citam-se as temáticas
estudadas e os integrantes de cada grupo: a. "Acolhimento da Família" ( Ivanês
Chiapinotto, Luciana Stumpf, Catiane Santos, Lidiane Mähler e Simone Antunes); b. "
O Silêncio no Seting Analítico" ( Rosângela Walker, Andréia Ferreira, Carla Loro e
Aline Gertz); c.“A Clínica Psicológica e os Problemas de Aprendizagem” ( Katiucia
Peres, Márcia Pinto e Nara Schubert); e d.“A finitude e a finalidade do tratamento
psicológico (Ivanês Chiapinotto, Luciana Stumpf, Catiane Santos, Lidiane Mähler e
Simone Antunes). Os Grupos de Estudos que tratam as temáticas “Acolhimento da
Família” e “A finitude e a finalidade do tratamento psicológico” registram neste
Anuário (em páginas seguintes) algumas reflexões sobre o estudo desenvolvido.
5. NARRATIVAS DE APRESENTAÇÕES DE CASOS CLÍNICOS
Estagiária: Carolina B. Gross
Supervisão: Cristian Gilles
O caso escolhido refere-se a uma paciente adulta, a qual se queixa e questiona-se
em relação a dificuldades de relacionamento com familiares. A questão norteadora da
apresentação diz respeito à posição que esta paciente ocupa em sua fantasmática.
O primeiro ponto a ser levantando na discussão do caso foi em relação à
demanda. A paciente questiona-se todo o tempo a respeito de sua implicação na
construção de seu sintoma – irritação em relação à presença de alguns familiares. Esta
posição da paciente nos atendimentos favorece o estabelecimento do vinculo
transferêncial.
Outro aspecto do caso, relativo à questão que o norteia, liga a irritação
sintomática apresentada pela paciente em relação aos familiares com a resposta a uma
demanda imaginária – “o que o outro quer de mim?”. Respondendo a esta demanda
imaginária, a qual se apresenta como imperativo à paciente, ela estaria respondendo ao
ideal, o que apagaria o sujeito. Por ou via, não respondendo ao imperativo, ela se depara
com a falta, ou seja, com a possibilidade de posicionamento do sujeito. Há uma
hesitação de qual posição ocupar, a paciente não se autoriza a ocupar um lugar, desta
forma, ela se coloca, discursivamente, numa posição de exclusão, sendo esta a sua
posição fantasmática.
Estagiária: Débora Becker
Supervisora: Ana Dias
O caso escolhido para apresentação é de um menino de 08 anos de idade. Desde
a entrevista inicial emerge a primeira questão: a dúvida sobre quem é o paciente, filho
ou mãe. Os atendimentos acontecem por algum tempo com os dois em horários
diferenciados. Durante os atendimentos, percebe-se que há muitas questões que dizem
respeito ao lugar da mãe como mulher. Nesse sentido, é realizado o encaminhamento da
mãe para atendimento na clínica com outro estagiário, mantendo-se o tratamento do
menino.
Durante as discussões na apresentação do caso, percebe-se que é uma história
muito fragmentada. A família é falada em partes. Há a família da mãe, a família do pai e
a família da criança, sendo que o pai e a mãe não aparecem como casal e sim como pais
do menino. Essa fragmentação da história familiar levou a apresentação ser exposta
desta mesma forma, demonstrando a dificuldade de se fazer a escuta clínica deste caso.
Em atendimentos de crianças, há um tempo de escuta dos pais, quando vai se
construindo a história da criança e definindo-se quem realmente é o paciente. Sabemos
que as crianças dependem dos pais, sendo, então, o atendimento clínico uma demanda
deles. Nesse sentido, é importante escutá-los para definir o lugar que esse filho ocupa no
desejo destes pais. Também é nas entrevistas iniciais que se constrói a história pregressa
do pequeno paciente, a qual juntamente com a história atual, fornece elementos para a
organização da demanda do trabalho clínico.
Estagiária: Fernanda Aparecida Szareski
Supervisora: Cristian Giles
O brincar é uma das especificidades da clínica infantil, sendo este um
instrumento que vai nos ajudar a escutar a criança. O caso apresentado foi escolhido
justamente para pensar acerca da importância desta prática nos atendimentos, já que, se
tratava de uma criança com poucos elementos de linguagem. Assim, é através do
brincar que a criança pode manifestar e elaborar suas questões. Neste sentido, cabe
questionar também, a posição do estagiário/terapeuta frente a esta especificidade da
clínica.
A discussão do caso deu-se basicamente a partir de uma cena na qual o paciente
esta brincando na areia e a estagiária/terapeuta lhe diz: “Olha, está caindo areia” e neste
momento o paciente lhe devolve a frase de forma irônica. Durante a discussão esta cena
ganha destaque e marca um momento de mudança na posição da estagiária/terapeuta. O
paciente lhe convoca a ocupar um outro lugar, então, algo se modifica, e um laço
transferencial começa a se estabelecer, o que é fundamental para que um tratamento
aconteça. De forma que é somente na transferência que as intervenções cumprem com
uma função terapêutica.
Estagiária: Kered Emanuele Schwingel
Supervisora: Ana Dias
A escolha do caso deve-se a questões que o discurso da paciente, uma senhora
de idade avançada, que trazia um diagnóstico de depressão obtido por uma instituição
pública, provocaram na condução e posterior interrupção do atendimento. Seu estilo de
produção discursiva era repetitivo, fechado e sem implicação, onde se apresentava como
uma mãe total, isto é, não faltante. Dessa forma, as poucas intervenções no sentido de
fazer a paciente se implicar em sua fala não tiveram efeitos clínicos, o que repercutiu na
interrupção dos atendimentos pela paciente que, justificou o não comparecimento pela
via de impossibilidades físicas.
A discussão do caso girou em torno do lugar da paciente. A sua história mostra
um sujeito que repetidamente sobra e, em um momento tampona essa sobra com os seus
filhos. Com isso assume o lugar de uma mãe total, que se faz reconhecer pela via dos
filhos. Logo, toda intervenção no sentido de fazê-la implicar-se em seu discurso falha.
Outra questão que foi discutida se refere ao atendimento clínico com idosos, o qual é
diferenciado. Isso porque os mesmos não procuram atendimento para “resolver” um
determinado problema. Assim, a transferência e o direcionamento do tratamento são
peculiares.
Estagiário: Leoncio Lopes dos Santos
Supervisor: Nilson Heidmann
O caso apresentado trata-se de uma criança que em sua história teve várias
perdas familiares e recentemente vive a morte do pai. Chega na Clínica num processo
de luto e apresentando um comportamento agressivo em casa e na escola após esta
ultima perda.
Na discussão do caso é colocada em questão a violência da criança como
estrutural ou reacionária, sendo um auxilio na compreensão da situação de desamparo e
de perda. Aquilo que emerge nos atendimentos é o mesmo que o menino deve elaborar,
assim é preciso auxiliá-lo na construção de um lugar próprio nesta constelação familiar
destruída.
Estagiária: Thaíse Enriconi Sarreta
Supervisor: Cristian Giles
O caso clínico foi escolhido para apresentação devido a uma questão que surgiu
em reunião geral que é a desistência dos pacientes após a primeira entrevista. Trata-se
de um caso de um menino de 9 anos em que a queixa apresentada pela mãe é de que ele
faz cocô nas calças. O atendimento se deu em apenas duas sessões, uma entrevista com
a mãe e um atendimento com o menino, porém na semana seguinte, a mãe ligou
avisando que não o traria mais.
A questão levantada na discussão do caso clínico foi para o fato da mãe não mais
o trazer para o atendimento. Uma das hipóteses levantadas foi a de que talvez pudesse
ter problematizado alguma coisa na relação mãe/filho, pois o cocô estaria ali como
objeto de troca entre eles. É possível, também, analisar sob a dimensão da fantasia do
menino, ou seja, o cocô dele não vai para a vala comum, vai para as calças, é como se
fosse um presentinho para a mamãe. E, quem sabe, o fato dele não vir mais pode ter
sido algo que se colocou depois do atendimento na relação entre a mãe/filho.
Neste caso foi possível perceber que o menino tinha algo da analidade que se
colocava muito forte, talvez ali estivesse se estruturando um pequeno obsessivo.
6. PRODUÇÕES ESCRITAS A PARTIR DAS ATIVIDADES DE ESTUDOS
REALIZADAS NAS CLÍNICAS DE PSICOLOGIA DA UNIJUÍ
A cor do Paraíso2
Selma Dessbesel
O filme “A Cor do Paraíso” foi assistido pelas estagiárias que compõem o grupo
de estudo “Constituição da Subjetividade”. Esta atividade tem o objetivo de contribuir
com a formação do psicólogo, uma vez que produz a discussão sobre os autores de uma
determinada obra. Nesta direção, também auxilia a nos situar em nossos estudos e
(re)significar as concepções teóricas que trabalhamos ao longo do curso de graduação
em Psicologia.
O filme apresenta uma história comovente de um menino cego. Mohammed que
mora numa escola para deficientes visuais. Em suas férias volta para o vilarejo nas
montanhas, onde convive com as irmãs e sua adorada avó que exerce a função materna.
Segundo Freud, os bebês são depositários das esperanças de transcendência e
realização parental. Então, mais doloroso resulta, pelo narcisismo neles depositários,
que sejam eles os atingidos por um problema, que sejam eles os que padeçam de uma
dificuldade.
Mohammed, por ser um menino cego, não satisfez o desejo imaginário do pai, e
o imaginário é uma ponte entre o real e o simbólico. É importante o modo como um
bebê é situado pelo Outro – imprime particularidades no funcionamento de suas de suas
diferentes funções orgânicas principalmente as marcas simbólicas produzidas pelo
Outro encarnado.
Referências Bibliográficas:
• JERUSALISNKY, Julieta – Enquanto o futuro não vem: a psicanálise na clínica
interdisciplinar com bebês. Salvador: Ágalma, 2002.
• Filme: A Cor do Paraíso.
2
Texto produzido pelo Grupo de Estudos que abordou a temática “A constituição da subjetividade”.
CPU/Ijuí.
"Minha vida sem minhas mães"¹
Carin Kaist
Carine Amanda Passinato
Debora Becker
Gabriela Kruger
Leoncio Lopes dos Santos
O filme “Minha Vida sem minhas mães”, dirigido por Klaus Härö, traz a história
de Eros, contada a partir de 1943, momento em que seu pai morre na 2ª Guerra
Mundial. Após a morte do pai, Kirsti, sua mãe biológica, resolve enviar o menino para a
Suécia, local mais seguro do que a Finlândia, onde moravam. Na Suécia Eros encontra
seus pais adotivos. Signe recebe Eros na sua casa, porém não consegue ampará-lo
subjetivamente. A dificuldade de comunicação por causa da língua falada dificulta o
convívio de Eros naquele país, bem como aparece seu desconforto numa casa
estrangeira, distante do lar materno, sendo também sentida pelo menino a distância que
se impôs de sua mãe. Esta lhe envia várias cartas, porém Signe não permite que o
menino tenha acesso ao conteúdo destas. Essa relação de Eros com sua nova mãe é
hostil no início, mas com o passar do tempo e por força das circunstâncias eles
começam a se aproximar, até o momento em que Kisrti, sua mãe biológica, resolve
buscá-lo para viver com ela novamente. Nesse momento, Eros precisa tomar uma
decisão: fica com Signe ou Kirsti.
Através do filme podemos discutir a formação e o rompimento de laços afetivos
na infância. A construção de laços se produz como uma construção subjetiva entre a
criança e as figuras parentais. Seja em casos em que os laços de familiaridade se fundam
por consangüinidade ou por adoção, o nascimento de um filho acontece na medida em
que se mobiliza o desejo parental, supondo na criança um ideal de sujeito e de
familiaridade a ser experienciado no laço que os vincula. A construção dos laços
familiares e da subjetividade se faz na medida em que um circuito de desejo e demanda
parental enlaçam a criança e lhe incluem numa história a ser compartilhada,
____________________________________________________________________________________
¹ Texto produzido pelo Grupo de Estudos: "Rompimento de laços afetivos". CPU/Ijuí.
movimentando, inclusive a estrutura e a cena familiar anterior ao seu
nascimento.
Segundo Winnicott, o nascimento de um filho (re)posiciona os pais em sua
subjetividade. Desta forma, pode-se fazer possível o exercício de suas funções e o
nascimento de um sujeito, o que produz mudanças e a construção de novas cenas
familiares; sendo esta condição também estendida às experiências familiares que se
constituem atravessadas pela vivência de adoção.
Referências Bibliográficas:
WINNICOTT, D. Os bebês e suas mães. SP: Martin Fontes, 1996.
Memória e Transmissão²
Carolina Baldissera Gross
Fernanda A. Szareski
Kered E. Schwingel
Thaíse E. Sarreta
Freud postula o aparelho psíquico como uma articulação entre aparelho de
memória e estrutura de linguagem. Podemos pensá-lo como uma borda constituinte de
uma realidade psíquica. Nessa relação entre memória e linguagem, como podemos
pensar a transmissão? Como é possível transmitir, algo único, da ordem do vivido?
Ali onde se produziu uma memória, produz-se uma linguagem, para além do
encontro entre corpos. O que fica registrado deste encontro, na forma de representação,
é linguagem. O encontro de corpos, visto que estes são discursivos, na medida em que
são bordas – discursivas – do furo remete a linguagem, sendo esta o contorno da falta de
um significante. Ou seja, o encontro de dois ou mais corpos remete a um encontro entre
os singulares modos de contorno da falta.
Entre os tipos de memória que podemos citar, destacamos uma, a memória da
______________________________________________________________________
²Texto produzido pela Comissão de Publicações da Clínica de Psicologia da Unijuí/Ijuí.
rememoração e da transmissão da experiência, vista que no contexto clínico ela toma
relevância. Sua relevância se revela tanto no paciente que procura a Clínica, quanto na
necessidade de compartilhar entre os pares (em apresentações de caso, nas publicações,
nas reuniões e supervisões), o vivido na Clínica por parte dos estagiários/terapeutas.
Estar integrado ao Grupo de Publicações é, a todo o momento, se indagar a respeito da
transmissão e memória clínica – e da Clínica –, sendo isso que sustenta o trabalho deste
grupo. Assim, para além do compromisso de efetivamente publicar, a
publicação vem como registro da experiência, que a priori, possuía apenas o estatuto de
vivido.
De acordo com Kehl (2001), Walter Benjamin propõe que a experiência somente
se constitui como tal a posteriori, ou seja, não no momento da vivência, mas sim no
momento da transmissão. Essa proposição é familiar a todos que transitam pela
psicanálise – lidamos com o a posteriori a todo o momento.
Transmitir a experiência na Clínica seja por parte dos pacientes, seja por parte
dos estagiários/terapeutas é um modo de testemunho. Testemunho enquanto inclusão da
experiência singular em uma representação coletiva. É pela via discursiva que faz
experiência do vivido, compartilhando, e nesse momento, constituindo uma saber, no
laço estabelecido, laço este de transferência de trabalho.
O Grupo de Publicações tem a função de, pela escrita do Anuário da CPU –
a qual é compartilhada por toda a equipe clínica – organizar e publicar esse saber
emergente da experiência. A necessidade de compartilhar algo da experiência vem pela
via da sustentação de um lugar, seja do lado do paciente – que pelo testemunho de sua
realidade psíquica busca a sustentação do sujeito –, seja por parte do
estagiário/terapeuta que pelo testemunho de sua experiência busca a sustentação do seu
lugar na experiência clínica e na sua relação com a teoria.
Em suma, é em busca desta sustentação que falamos, que escrevemos, que
registramos entre o acontecido e sua representação, abrindo brechas; pois sempre o que
se transmite é a falta, caso contrário não há transmissão, não há construção de um saber,
de uma saber que emerge do compartilhamento da experiência. Esta é a função do
Anuário que o Grupo, em um ano de trabalho, buscou retomar e que, pela transmissão
da experiência, construiu um saber emergente do vivido, registrado por este texto e pela
composição de todo o Anuário.
Referência Bibliográfica:
KEHL, M. R. Prefácio. In: COSTA, Ana. Corpo e Escrita: relações entre memória e
transmissão da experiência. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2001.
Pagamento³
Ivanete Schneider
Patrícia Peixoto
Flaviane Teixeira
Ane Gabriele Pascoal
Tassiana Schmidt
Ao iniciarmos o estágio na Clínica de Psicologia da Unijuí, muitas questões com
a relação à prática clínica começaram a surgir, dentre elas a questão do pagamento.
Uma via possível para discussão e aprimoramento dos conhecimentos teóricos com
relação a esta temática foi a formação de um Grupo de Estudos. Por sugestão de alguns
professores e por entender a importância do texto de Freud “Recomendações aos
médicos que exercem a psicanálise” (1912) para aqueles que se lançam à experiência
clínica, o grupo iniciou seus estudos a partir da leitura desse texto, sendo que surgiram
questões e discussões. Destacaremos aqui os pontos elencados por Freud neste trabalho,
considerando que o presente texto constitui-se somente a partir desta obra, embora a
temática encontre maiores desdobramentos teóricos e clínicos em psicanálise.
_______________________________________________________
³ Texto produzido pelo Grupo de Estudos sobre a temática: "O pagamento".
Freud ao elaborar este texto propõe alguns apontamentos aos médicos que
exercem a psicanálise na tentativa lhes poupar esforço desnecessário, resguardando-os
contra algumas inadvertências. Trata-se de um texto técnico.
O primeiro ponto situado pelo autor refere-se à lembrança do material produzido
em análise. Freud reforça a importância de não confundir o material produzido pelo
pacientes em tratamento. Com relação à técnica, o autor sugere que o analista deve
manter a atenção suspensa, não selecionando nenhum material, ou seja, escutar sem se
preocupar com a lembrança que terá a posteriori. Escutar o discurso do paciente que,
por vezes, poderá parecer sem sentido, no entanto, tal significado poderá ser
identificado posteriormente, pois na fala do paciente se faz a lembrança.
A regra básica da psicanálise é a associação livre, na qual o analista propõe ao
analisando que fale livremente tudo o que lhe ocorrer. Assim, também, o analista deverá
escutar sem se preocupar com a lembrança deste conteúdo, bem como conter todas as
influências conscientes e abandonar as memórias inconscientes.
Freud segue o texto apontando para a questão das anotações dos atendimentos. O
autor sugere que não sejam feitas anotações durante o atendimento, pois tal conduta
poderá causar desconforto ao paciente, bem como o analista poderá estar fazendo uma
espécie de seleção do material escutado. Propõe que sejam feitas anotações pontuais
como em sonhos, datas, exemplos. Aponta, ainda, que a escritura de um caso poderá ser
efetuada para fins de publicação, porém somente após o término do tratamento.
Diferentemente do médico, o analista não tem a pretensão de cura, tampouco,
que isso produza algum efeito sobre as pessoas. O sentimento mais perigoso que o
analista pode sustentar é a ambição da cura. Isso implica, por sua vez, certa frieza
emocional do analista, o que vem a ser favorável para ambos, paciente e analista.
É necessário que o analista escute na fala do paciente o material inconsciente,
oculto. Para tanto deverá voltar seu próprio inconsciente como um órgão receptor na
direção do inconsciente transmissor do paciente.
O trabalho da análise se coloca como um reconstruir o inconsciente do paciente
a partir dos derivados que lhes são fornecidos pelo discurso. Para que este trabalho
possa acontecer é imprescindível a análise pessoal. O tratamento psicanalítico se
sustenta a partir da posição neutra do analista, que não deve conduzir o tratamento de
maneira sugestiva, ou seja, “o médico deve ser opaco". Freud aponta para uma posição
ética do analista em relação às possibilidades de sublimação do paciente, abstendo-se
dos seus próprios desejos com relação ao percurso do tratamento analítico.
Outro ponto ressaltado pelo autor é o cuidado que deve ter o analista com
relação à cooperação intelectual do paciente no tratamento, que, por vezes, pode
aparecer como resistência ao trabalho analítico. Aponta, ainda, que não deve haver
qualquer direcionamento em relação ao discurso do paciente, pois tal conduta não
solucionaria nenhum dos enigmas da neurose.
O estudo do referido texto foi muito importante para o processo de formação dos
componentes do grupo. Proporcionou momentos de discussão entre o texto e a prática
de estágio. O grupo recomenda a leitura desse texto, pois toda vez que nos reportamos a
ele, desperta novos questionamentos.
Referências Bibliográficas:
FREUD, S. Recomendações aos médicos que exercem a psicanálise. In: Edição
Sandart Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud. RJ: Imago,1996.
Acolhimento da família: a importância das primeiras entrevistas na Clínica-Escola
de Psicologia.1
Catiane Larissa dos Santos
Ivanês Lucila Chiapinotto
Lidiane Maria Mähler
Luciana Stumpf
Simoni Antunes Fernandes.
No trabalho clínico com crianças muitas vezes nos deparamos com questões
referentes ao encaminhamento do tratamento. Por vezes percebemos que o sintoma da
criança, dos quais os pais se queixam, está ligado a eles próprios. Assim, o acolhimento
do caso não se restringe ao encaminhamento de cada membro da família para
psicólogos diferentes, mas de acolher as diferentes queixas e falas, pois trabalhamos
com o discurso, com o sujeito, não com os indivíduos.
1
Texto produzido pelo Grupo de Estudos sobre a temática: "Acolhimento da Família".
As entrevistas iniciais são cruciais na escuta e tratamento clínico psicológico.
Todavia, não há um molde a ser seguido; afinal, cada experiência de tratamento
psicológico é única, é singular. Mesmo com anos de trabalho, se trata de uma
experiência inaugural tanto para quem fala, como para quem escuta. Segundo
FONTOURA (Informativo 'Falando N'Isso, ano 5, nº 15, p.4): " Algo do que se
inaugura ali é um espaço/tempo diferenciados: falar de si a alguém associando
livremente tem o efeito de abrir outras dimensões do espaço e do tempo e um
tratamento psicanalítico conta com esse elemento como premissa necessária. A
propósito, é sempre oportuno marcar a grande sacada de Freud ao estabelecer a
associação livre como método privilegiado de acesso a expressão do inconsciente."
Através do referencial psicanalítico, reconhecemos a criança como efeito do
discurso do Outro. Seincman (2000) propõe: a grande questão que emerge quanto à
clínica infantil é a indefinição de se reconhecer antecipadamente quem é o paciente na
clínica com crianças. Uma criança é trazida a tratamento porque algo fracassa em
suas produções que não amaram nos ideais parentais. Por isso, nas entrevistas iniciais
temos que escutar os significantes que remetem às fantasmáticas parentais. Assim, os
pais ocupam um lugar privilegiado na clínica com crianças. Nesses primeiros contatos,
as entrevistas não consistem em, apenas, simples coleta de dados e informações, como
se fosse puramente uma anamnese. A anamenese pode servir como facilitadora de
associações livres, se não for tomada por moldes de preencher dados. Nesse sentido, as
fichas de "cadastro" da clínica apresentam poucos elementos. O que fica do paciente,
não está em papéis, mas na escuta clínica, no acompanhamento dos significantes do
discurso.
Referências Bibliográficas:
DIAS, Ana. As entrevistas com os pais. In: Falando N'Isso. Informativo da Clínica de
Psicologia da UNIJUÍ. Ijuí: UNIJUÍ, ano 5, n° 15, p. 3.
FONTOURA, Lucy. Entrevistas Iniciais. In: Falando N'Isso. Informativo da Clínica
de Psicologia da UNIJUÍ. Ijuí: UNIJUÍ, ano 5, n° 15, p. 4-6.
SEINCMAN, Mônica. Quem é o paciente na psicanálise de crianças? In: Pulsional. São
Paulo: Pulsional, fev 2000, nº 130.
O Desenlace de uma análise¹-²
Luciana Stumpf³
“Como termina uma análise?” É esta indagação que movimenta Gérard Pommier
a escrever o livro O desenlace de uma análise.
Pommier (1992) introduz a temática das noções de finito e infinito numa análise
fazendo a releitura de alguns autores, em especial de Freud e Lacan. Enquanto Freud
sublinha o interminável impasse da castração, Lacan acentua a travessia da fantasia que
apresenta o desejo. Todavia, ambos remetem a impossibilidade de uma “conclusão” de
análise, que leva Pommier ao uso do termo “desenlace”.
“Desenlace” é um instante em que um nó se desfaz, que não implica a ruptura de
um fio, subentendida pelas palavras “fim” ou “conclusão”. Trata-se da instalação de um
estado que nunca surge espontaneamente no Eu e cuja criação original constitui a
diferença essencial entre o homem analisado e aquele que não foi. Assim, o que não
termina e o que termina é determinado pelo amor de transferência dentro da experiência
analítica.
Segundo Pommier (1992)
“O inconsciente e o “isso”, o significante e a fantasia, se
articulam um com o outro segundo um processo em que se
encontra, de um lado, a rocha da castração e, do outro, a relação
do sujeito com a sua fantasia. É a partir desta articulação que se
pode demonstrar que o que não termina em análise, que também
é sua vertente terapêutica, está do lado da leitura inconsciente,
enquanto o fim lógico diz respeito à construção da fantasia”
(POMMIER, p. 28).
Pommier (1992) organiza seu livro em quatro eixos: Análise Infinita; Análise
Finita; Incidências do Momento de Concluir; Fim da Análise e Sublimação.
A infinitude da análise leva à reflexão sobre a leitura literal do saber
inconsciente, o efeito terapêutico do ato analítico e a presença física do analista. Quanto
à finitude da análise, o autor introduz a discussão acerca da fantasia – sua posição, a
distinção na neurose obsessiva e na histeria, sua topologia e interpretação.
As considerações sobre incidências do momento de concluir e a possível
sublimação remetem Pommier (1992) a uma consideração final: a experiência analítica,
nela mesma infinita, pode se interromper se a produção do analisando, qualquer que seja
ela, lhe permita nodular seu Nome aos Nomes no instante em que ele assina uma obra e,
fazendo isto, escapa ao anonimato que o despedaçava. Assim, o que movimenta o
sujeito a entrar num processo de análise (a implicação no seu sintoma a partir do laço
transferencial) é o mesmo que permite o seu desenlace.
¹ Resenha produzida a partir do livro "O desenlace de uma análise", de Gerard
Pommier.
² O presente texto apresenta-se como elaboração desencadeada a partir de discussões
que emergiram no Grupo de Estudos "A finitude e a finalidade do tratamento
psicológico".
² Estagiária do Curso de Psicologia/ Clínica de Psicologia Santa Rosa
Bibliografia:
POMMIER, G. O desenlace de uma análise. RJ: Jorge Zahar Editor, 1992.
A angústia inerente ao trabalho clinico: Primeiras Experiências Sobre a Angústia¹
Lidiane Maria Mahler ²
Lacan no Seminário 10, o qual aborda a temática da “Angústia”. Mas, o que
podemos pensar sobre a angústia que se apresenta tanto no analista como no paciente?
Quando o grupo de estagiárias da Clínica de Psicologia da Unijuí/Santa Rosa começa a
refletir sobre a temática da “Angústia inerente ao fazer clínico”, as palavras apontam às
vivencias de cada uma. No entanto, não é simples descrever aquilo que sentimos,
podendo ser melhor testemunhado no aparecimento dos signos somáticos.
A angústia está implicada em cada ato clínico, a cada novo paciente e
atendimento a ser realizado. Trata-se de uma mistura de sentimentos que se fazem
presentes na escuta da fala do paciente ou quando este fica em silêncio; no acolhimento
de um novo paciente ou de um paciente que já teve um percurso de atendimento com o
estagiário terapeuta anterior. Tal situação que irrompe como temor ao novo, ao
desconhecido, ao fazer certo ou errado, bem ou mal; o que se fala ou o que não se fala;
que tipo de efeito terá nosso posicionamento; se seremos capazes de suportar
juntamente com o paciente o tratamento. Podemos citar como exemplos as experiências
quanto aos primeiros atendimentos. Trata-se de uma expectativa em relação ao novo, ao
desconhecido; ao fazer certo ou errado; ao que dizer e até ao que não dizer. Entretanto,
não podemos antecipar que são as pessoas que buscam atendimento psicológico, nem
que questões as acompanham, não podemos supor os motivos da procura pela clínica,
assim como não podemos antecipar o que irá se apresentar durante o tratamento.
Lembramos do primeiro dia de atendimento na Clínica. Havia muita expectativa
em relação à espera dos pacientes, a ansiedade aumentava sempre que um deles não
comparecia à hora marcada, e as dúvidas persistiam. Várias perguntas permaneciam
sem respostas: “o que fez com que os pacientes não viessem? Será que viriam? Será que
vai haver laço transferencial?” A ansiedade era recíproca no grupo. Vivemos uma
grande expectativa em torno do desconhecido, do que é um atendimento psicológico e
de como seriam nossas primeiras experiências na Clínica. Porém, nenhuma experiência
até então pode ser relatada. Pela parte da tarde a expectativa continuava, já havia um
número maior de estagiários na Clínica. Nada ainda a relatar, apenas a angústia que
acompanhando os momentos em que verificamos a ausência de pacientes. Relatamos
um recorte da situação. Alguém levanta a seguinte questão: “e então colegas, onde é que
a gente senta, na poltrona próxima à porta ou na próxima à janela?”. Outra estagiária
responde: “Olhei as salas e observei que tem uma mesinha com uma caixa de lenços de
papel do lado da poltrona próxima à porta”. Será nesta poltrona que o paciente irá se
sentar (...)?”
Ao retornar do primeiro atendimento a estagiária afirma surpreendida: “Nada foi
como imaginei, ao acolher mãe e paciente, a primeira senta-se na ‘minha poltrona’; o
segundo senta-se na poltrona próxima à caixinha de lenços e eu sentei na pequena
cadeira que há na sala de atendimento infantil. Nada foi como planejei!” No momento
em que diz ‘minha poltrona’ subentende-se que os lugares já estariam pré-definidos,
entretanto, na experiência clínica estes lugares não estão dados a priori. Não estamos
falando de lugares meramente físicos, mas de lugares simbólicos que compõem esta
experiência com a subjetividade. Pudemos perceber que antecipar uma suposição –
imaginária – sobre os fatos é inviável no contexto clínico. Assumimos uma postura que
vela por um ‘não saber’, talvez seja esse um dos pontos que gera angústia, pois não
temos uma regra, uma técnica uniforme, uma receita pronta; embora a suposição de
saber permita certa diferenciação necessária dos lugares. Trabalhamos com os
significantes que os sujeitos apresentam na situação clínica.
O encaminhamento de pacientes por parte dos estagiários/terapeutas anteriores
também desencadeia, a nosso ver, angústia em relação aos casos e diagnósticos em
transmitidos sobre alguns casos. Junto com eles vêm outras dúvidas: “será que seremos
capazes de dar continuidade aos atendimentos? Será que os pacientes vão fazer
comparações com os estagiários anteriores?” Havia o medo de rotular o paciente quando
da apresentação de alguma hipótese diagnostica. Uma estagiária relata sua angústia
frente a este início de trabalho, com o acolhimento de um paciente na clínica, sendo que
o mesmo já possuía inserção nesta Instituição. Para sua “surpresa” esse paciente a tratou
com "cordialidade" – a acolheu –, sem fazer comparações com o percurso já
experienciado ou algo parecido.
Essas primeiras experiências com a clínica psicológica nos remetem a Freud,
quando propõe que a angústia equivale a um estado em que ficamos desamparados; ela
não tem representação de objeto. Freud chamou atenção sobre a angústia definindo-a
como “estado afetivo” em que há combinação de determinados sentimentos da série
prazer-desprazer, com as correspondentes inervações de descarga e uma percepção dos
mesmos. É um estado em que a pessoa passa a ter signos corporais, tais como: suor,
taquicardia, respiração ofegante, tremor, inquietude, agitação. Isso nos mostra que a
angústia é anterior a uma nova representação e que pode estar tanto do lado do analista
quanto do paciente.
As causas que levam a sentir esse afeto de desprazer são diversas, só podemos
coincidir nos signos físicos que o demonstram. O afeto de angústia resiste a ser revelado
pelas palavras. Mas podemos nos tranqüilizar lembrando que não foi diferente para
Freud, um dos poucos escritores que até meados do século passado tentava refletir sobre
a angústia, na carta a Fliess – manuscrito E –, escreve:
“a tensão física, não sendo
psiquicamente ligada, é transformada em angústia”. E, posteriormente, pensando as
neuroses de angústia descreve: “Estado de vertigem acompanhado de perturbações
cardíacas e respiratórias”.
É pelo estudo das fobias que Freud chega a diferenciar o afeto de angústia do
medo. Sendo que o medo tem ligação com uma idéia, com uma representação que o
origina, enquanto a angústia fica como um afeto de desprazer que anuncia um perigo,
mas sem que a representação as ameaça seja consciente.
Posteriormente, em 1926 com o texto “Inibição, Sintoma e Angústia”, um giro
importante na explicação da angústia é marcado pela formulação de que ela não á
provocada pelo recalque, mas é quem o provoca. E é para evitar as ameaças da angústia
que o sistema psíquico recalca os desejos inconscientes, quando são estes que formam
uma situação de ameaça para o Ego. Com a formulação da segunda tópica Freud (1923)
teve condições de situar o Ego como a sede da angústia.
Fazemos referência a um fato clínico: trata-se de uma entrevista de acolhimento.
Ao ser chamado para o atendimento, o paciente – adulto – se dirige até a sala
acompanhado pela mãe. Diante desta situação, a estagiaria interroga-se: “porque a mãe
precisa entrar junto?” No decorrer da sessão a mãe fala sobre o filho e este apresenta
sensações desagradáveis: sudorese, tremores e agitação. Estas manifestações de angústia
são também vividas pela estagiária, que relata ‘não saber’ o que estava se passando,
sendo o transcurso da sessão circunscrito há quinze minutos.
Outras formas de angústia se manifestam no trabalho na Clínica de Psicologia.
Destaca-se que, potencialmente, a clínica analítica abre espaço para o afeto de angústia.
Não somente porque a ‘associação livre’ abre espaço para que o paciente expresse o seu
sofrimento psíquico e desse modo esteja convidado a alcançar seus limites de
representação, mas também porque seus desejos inconscientes que lhe causam
sofrimento podem ser representados e aparecer ameaçando ao Ego.
Neste sentido temos elementos para pensar que tanto o paciente como o
terapeuta pode avançar, seja por intermédio da associação livre ou por uma intervenção,
em direção ao esclarecimento desses desejos perigosos. Se quem estava escutando,
antes de falar sente angústia, não se deve desprezar este sinal de perigo, pois é também
um signo de que o terapeuta (estagiário) está implicado na escuta de seu paciente e a
angústia que sente é própria dos momentos prévios às possibilidades de revelação. O
sinal de angústia, quando sentido como um afeto pelo sujeito que faz a escuta clínica,
não deve ser tomado somente como signo de perigo, mas também como uma cota de
desprazer que indica a proximidade de representações a serem alcançadas.
¹ Texto elaborado pelo grupo de Estagiárias e Extensionista da CPU/Santa Rosa e
apresentado na XII Jornada da Clínica "Contemporaneidade e o fazer clínico".
Unijuí/Ijuí, 2008.
² Estagiária, representando a Clínica de Psicologia de Santa Rosa.
Referências Bibliográficas:
FREUD, S. Carta a Fliess (Manuscrito E) Como se origina a angústia (Sem data.? Junho
de 1894) In: Edição Standart Brasileira das Obras Completas de Sigmund Feud. RJ:
Imago, 1996.
_________. O Ego e o Id (1923). In: Edição Standart Brasileira das Obras Completas de
Sigmund Feud. RJ: Imago, 1996.
_________Inibição, Sintoma e Angústia (1926). In: Edição Standart Brasileira das
Obras Completas de Sigmund Feud. RJ: Imago, 1996.
LACAN, J.
A psicanálise e o lugar do sujeito na nosologia ¹
Márcia Regina da Rosa Pinto²
Nara Kraus Schubert ³
A psicanálise se propõe a pensar o lugar do sujeito na nosologia a partir da
inscrição do desejo ali onde a falta se coloca, considerando o tratamento medicamentoso
como coadjuvante, em alguma situações necessário, no processo da cura ao sofrimento
psíquico. Concebe-se uma prática clínica que não se opõe à manifestação da
singularidade que possibilite a fala do sujeito como expressão do desejo.
O constante questionamento acerca da prática clínica requer uma
interpretação sempre singular de quem escuta, "lê" nas linhas do que o paciente diz e
permite a construção de um laço transferencial. Para o terapeuta sempre estão colocadas
as questões de como começar, acolher, orientar o tratamento de quem o procura; o que
não fazer e quando não fazer; como lidar com a singularidade de cada sessão; como
distinguir a demanda a partir do real e levar adiante o trabalho com a transferência que
se produz; quais os caminhos psíquicos da angústia e suas sintomatologias; como
intervir com interpretações a partir das formações do inconsciente como sonhos, lapsos,
etc.
A clínica se faz nesse espaço onde a palavra circula e funda um sujeito; trata dos
movimentos, dos vínculos, da história do paciente e do inconsciente como discurso do
Outro. A clínica, estando onde a vida pulsa, permite a construção de um saber que só se
faz através da relação transferencial, o que permite ao terapeuta explicitar e interpretar
os conflitos e desejos latentes do paciente. Para tanto, faz-se necessário dirigir o olhar e
perceber que na transferência o inconsciente está presente sob as mais diversas
situações.
A posição de não saber que perpassa a ética psicanalítica e incide na relação
paciente-terapeuta constitui-se como uma condição de escuta que se faz a partir de que
não haja um saber a priori constituído sobre o paciente, o que permite sustentar uma
experiência em que suas versões, suas representações sejam escutadas e desveladas,
implicando-lhe e instigando a constituição de um saber próprio sobre sua história e
sobre o sofrimento que lhe acomete. Desta forma, pretende-se viabilizar-lhe o
questionamento sobre seu sintoma, desvelando seus desejos e os recalcamentos que se
produzem a partir deles. Trata-se de uma proposição clínica fundada na enunciação do
paciente e na convocação deste à responsabilização sobre sua condição psíquica, seu
destino e sobre o destino do “mal” que lhe acomete.
Atravessar uma experiência de tratamento psíquico acompanhado pela
necessidade de terapêutica medicamentosa convoca aos terapeutas à constituição da
interdisciplinaridade, estando suas participações voltadas ao resgate e sustentação da
produção subjetiva, através das construções fantasmáticas que se aresentam, se (re)
elaboram no laço transferencial.
¹
Texto
produzido
a partir da participação
na
“Contemporaneidade e o fazer clínico”. Unijuí/Ijuí, 2008.
² Estagiária da Clínica de Psicologia de Santa Rosa.
³ Estagiária da Clínica de Psicologia de Santa Rosa.
XII Jornada
da Clínica
7. CURSO DE EXTENSÃO EM PSICOLOGIA: “PRÁTICAS CLÍNICAS
SUPERVISIONADAS”
Relatório do Curso de Extensão Universitária “Práticas Clínicas
Supervisionadas” do primeiro semestre de 2008: a experiência nessa prática.
Juliana Lütkemeyer2
Roseli Bönmann3
Quando pensamos em fazer o Curso de Extensão a idéia centrava-se em dar
continuidade a um trabalho clínico com pacientes que estávamos atendendo. Também,
estender o contato com os colegas estagiários da clínica no que se refere a uma possível
transmissão do trabalho clínico realizado na Clínica-Escola de Psicologia da Unijuí. No
entanto, o Curso de Extensão não se restringe as atividades de atendimento, pois temos
a atividade de pesquisa a contar como um importante instrumento de trabalho na
extensão.
A seguir relataremos a experiência no trabalho de escuta e nas ações de
formação, sendo que a atividade de pesquisa será apresentada em relatório parcial a
parte deste documento, mas ainda neste volume do Anuário.
Na extensão Práticas Clínicas Supervisionadas temos a oportunidade de ampliar
a nossa experiência de escuta no atendimento a pacientes. É um tempo a mais que o
terapeuta tem para dar continuidade no tratamento de alguns pacientes. Esse tempo a
mais de atendimento que a extensão permite torna-se relevante na medida em que o
vínculo transferencial entre paciente e terapeuta, que vem se estabelecendo desde o
período de estágio, pode possibilitar um movimento importante no tratamento do
paciente. Para sustentar o atendimento clínico com os pacientes contamos com a
supervisão clinica semanal. Essa prática clínica necessita ser sustentada, tanto pela
supervisão como por outras atividades que tomamos como ações de formação, pois,
trabalha com a escuta inconsciente de pacientes. Quando escutamos um paciente
procuramos nos valer do método que Freud utilizava, a da atenção flutuante. Nossa
escuta se concentra apenas no discurso do paciente, o que requer nos abstermos de todo
o resto. Mesmo assim, alguns elementos importantes em um atendimento, podem cair
2
Psicóloga, adscrita ao Curso de Extensão “Práticas Clínicas Supervisionadas” no período de março a
julho de 2008.
3
Acadêmica do curso de Psicologia, adscrita ao Curso de extensão Práticas Clínicas Supervisionadas.
Clínica de Psicologia da Unijuí/Ijuí, primeiro semestre de 2008.
fora de nossa escuta. Por isso a importância de uma outra escuta; esta de um outro com
um percurso maior de experiência em atendimento clínico. A escuta do supervisor,
sobre o caso que levamos para supervisão, pode nos apontar o que caiu fora de nossa
escuta e ainda, nos fazer pensar e refletir sobre o que foi possível escutar. O supervisor
representa um terceiro na relação do clínico com o seu paciente, podendo perceber
particularidades que talvez não percebamos por estar envolvidos transferencialmente
com o paciente. Dentro desta percepção, o supervisor pode nos apontar outra forma na
conduta do tratamento com o paciente, que possa auxiliar o tratamento do mesmo.
Findo o período do curso de extensão universitária coube-nos proceder o
encaminhamento e ou desligamento dos pacientes conforme o referencial que a
Instituição adota.
Relatório Parcial de Pesquisa: As ações formativas na Clínica-Escola de
Psicologia da Unijuí/Ijuí
Iris Fátima Alves Campos4
Juliana Lütkmeyer5
Roseli Bönmann6
Resumo: O presente texto relata a trajetória para elaboração do projeto de pesquisa.
Expõe as dificuldades encontradas quanto à pesquisa de campo e apresenta os dados
obtidos na coleta de dados por meio de inventário de múltipla escolha, aplicado aos
estagiários da clinica-escola de Psicologia da Unijui/Ijuí no primeiro semestre de 2008.
Palavras-chaves: supervisão clínica, psicologia, clinica-escola de psicologia, ações de
formação.
4
Professora coordenadora da Clínica de Psicologia da Unijuí – 2007/2008, coordenadora da pesquisa no
período de março de 2007 a janeiro de 2009.
5
Psicóloga, Pesquisadora adscrita ao Curso de Extensão: “Práticas Clínicas Supervisionadas”.
6
Acadêmica de Psicologia, adscrita ao Curso de Extensão: “Práticas Clínicas Supervisionadas”.
Objetivos da Pesquisa: Essa pesquisa pretende um estudo acerca das ações de
formação da Clínica-escola de Psicologia da Unijuí a partir dos possíveis efeitos que
tais ações têm sobre o estudante estagiário de Psicologia. O estudo tem como objetivo
considerar que efeitos de formação as ações podem produzir em uma clínica-escola,
focando duas dessas ações de formação: a supervisão e a apresentação de caso clínico.
Essa pesquisa ao articular tais experiências de forma teórica e conceitual, torna-se uma
escrita sobre esta Clínica-Escola.
Metodologia: Um primeiro passo consiste em circunscrever de maneira teórica e
conceitual as ações de formação. Outro passo é considerar uma diferenciação entre ação
de formação e ação de ensino. A partir disso, circunscrever de maneira teórica e
conceitual duas ações de formação: a supervisão clínica e a apresentação de caso, visto
que tais ações assumem caráter diferenciado quando se trata do ato clínico. E, por fim,
essa pesquisa visa abarcar a experiência de estagiários estudantes de psicologia nas
ações de formação supervisão e apresentação de caso, e a experiência de egressos do
Curso de Psicologia da UnijuÍ, que, da mesma forma, experienciaram a Clínica-Escola.
– em tempo do acontecimento da experiência.
Discussões Parciais: A dificuldade maior encontrada esteve na estruturação inicial do
projeto de pesquisa propriamente dito, ou seja, elaboração do tema, objetivos,
justificativa e metodologia, atendendo as normas sobre realização de uma pesquisa. Isto
diante da necessidade de submetê-lo a aprovação do Conselho da Clinica de Psicologia,
dos professores integrantes do Departamento de Filosofia e Psicologia, bem como, do
Comitê De Ética na Pesquisa da Unijuí, uma vez que a pesquisa que envolve seres
humanos.
Esta exigência nos fez refletir sobre o enquadramento que se tem dado a
pesquisa psicológica, pois percebemos que os dados cadastrais que tivemos que
apresentar ao Comitê foram criados para contemplar um grande espectro de pesquisas
de ordem quantitativa e experimental, não havendo discernimento no que tange a
pesquisa não experimental. Nesse sentido convém lembrarmos que nossa pesquisa não é
experimental, mas busca conhecer a experiência de pessoas no seu fazer profissional.
Circulamos por algumas temáticas até chegarmos ao tema proposto para a
pesquisa. Para tanto, as extensionistas da clínica7, e coordenadora da pesquisa, se
reuniam para debater e discutir as diferentes propostas que cada uma fazia para, a
posteriori, chegar a um interesse em comum. Enquanto acadêmicas envolvidas na
elaboração do projeto, assumimos, em primeiro lugar, a posição de não dar continuidade
a temática que o projeto anterior propunha, a saber: o atendimento de crianças na
CPU/Ijuí.
Dessa forma, chegamos ao tema do projeto de pesquisa que contempla um
estudo acerca das ações de formação em uma Clínica-Escola de psicologia.
Posteriormente vimos que era necessário rever o tema, retirando-o de um lugar
universal – uma CLÍNica-escola– para um lugar singular: Clínica-Escola de Psicologia
da Unijuí/Ijuí, razão pela qual houve uma alteração no titulo inicial “ as ações de
formação em uma Clínica-escola de Psicologia” para “ações formativas na ClínicaEscola de psicologia da UNIJUÍ/Ijuí”.
Ademais, lembramos também, que este tema surge devido a alguns questionamentos
verbalizados por estagiários da CPU acerca do assunto, em especial quando contatam
com egressos confrontados com o fazer clinico em instituições da rede pública de
saúde.8 Assim nos importar pensar que as ações de formação de nossa clínica-escola
existem para cumprir com o objetivo de formar aqueles que as experienciam, afim de,
em situação profissional, sustentarem uma referência à experiência de formação na
CPU/Ijuí. E, aqueles que experienciam as ações de formação são estagiários estudantes
de psicologia que oscilam entre a posição de terapeuta e acadêmico. Dessa forma, cabe
perguntar se as referidas ações são tomadas na experiência como formadoras ou como
dispositivos técnicos para o cumprimento do estágio curricular.
Elaborado o projeto e após a sua aprovação pelo Comitê de Ética na Pesquisa da
UNIJUÍ, iniciamos o trabalho da fase exploratória ou de campo, a fase de coleta de
dados. Esta se realiza a partir do contato com dois grupos de indivíduos: egressos da
Clínica-Escola e estagiários da CPU/Ijuí.
O propósito é trabalhar com uma amostra de aproximadamente dez indivíduos
egressos. Estes, sorteados aleatoriamente, a partir de uma listagem dos estagiários onde
7
O projeto de pesquisa foi elaborado no segundo semestre de 2007 por três extensionistas, Anelise Pinto
Prestes, Juliana Lütkemeyer e Roseli Bönmann e, a coordenadora da Clinica de Psicologia da Unijuí que
acumula a função de coordenadora da pesquisa, Iris F. A. Campos.
8
Neste aspecto cabe lembrar que a Clinica de Psicologia da Unijuí, CPU _ Ijuí atende demandas publicas,
embora não receba verbas publicas para sua manutenção.
consta nome de estagiários desde o segundo semestre de 1993, quando a Clínica foi
inaugurada. O sorteio aconteceu em reunião geral da equipe da CPU/Ijuí no segundo
semestre de 2007. Foram sorteados dez indivíduos titulares e dez indivíduos suplentes,
isto porque se avistava certa dificuldade de contatar os indivíduos. Após o sorteio a
equipe de pesquisadores passou a entrar em contato com os egressos.
Muitos dos egressos, cujos nomes foram sorteados, não foram encontrados nos
endereços de telefone registrados na clínica. Entre as pessoas contatadas uma não havia
realizado seu estágio na Clínica-Escola de Psicologia da Unijuí e, portanto, sem o
enquadramento necessário para participar da pesquisa; outro dos contatados informou
estar a quatro anos afastado da função de psicólogo optando por não participar da
entrevista, e outra, respondeu estar bastante ocupada com outras atividades sem tempo
disponível para agendar a entrevista.
Da dificuldade de localizar e contatar com as pessoas cujos nomes foram
sorteados extraímos questões quanto ao relacionamento dos agora profissionais com a
agência formadora. Notamos que não há cadastro atualizado de endereços telefônicos ou
eletrônicos, bem como raros são os egressos que retornam a CPU para eventos de
formação, tal como a Jornada Clínica realizada todos os anos; embora muitos tenham
participado enquanto estagiários da comissão de eventos da Clínica, responsável pela
organização das Jornadas9. A fonte de contatos com a Clínica que ainda perdura é a
leitura do periódico Falando Nisso, editado pela comissão de publicações da Clínica,
que é enviado a alguns acadêmicos cadastrados. Entretanto, do total dos egressos nestes
15 anos de existência da Clínica e oito anos de existência do periódico uma pequena
porcentagem de egressos se cadastrou para receber o material. Assim, podemos concluir
que os vínculos com a instituição Clínica (CPU/IJUÍ) são frágeis após a passagem pelo
estágio supervisionado. Entretanto, ainda não podemos avaliar como a experiência em
estagiar na Clínica – e a participação em suas ações formativas – marca a vida
profissional destes egressos.
No momento atual da pesquisa, temos uma entrevista textualizada e confirmada
como fidedigna. Conforme nosso compromisso metodológico alguns elementos foram
retomados quando o texto retornou à egressa entrevistada. Esta reafirmou partes do
texto, retificou outras e incluiu novamente em sua fala aquilo que na primeira vez caiu
fora da escuta da entrevistadora.
9
Dado este que serviu para reflexões quanto ao funcionamento das comissões de trabalho da CPU-Ijuí.
Surgiu aí uma dificuldade de usar o dispositivo metodológico que escolhemos.
Escutar alguém significa estar fundamentado em uma técnica, e o que a sustenta é a
linha teórico-ética na qual procuramos nos filiar. Mais do que escutar, há a textualização
para fazer. Tarefa nada fácil, pois aciona a memória do entrevistador e sua capacidade
de usar a escrita na preocupação de ser fiel a fala que captou.
Na continuação da pesquisa, até esta atingir seu propósito, ainda precisam ser
realizadas nove entrevistas com egressos do curso.
Outro grupo que participou da pesquisa de campo foi o grupo de estagiários da
Clínica-Escola de Psicologia da Unijuí do primeiro semestre de 2008. Estes, por livre
consentimento, responderam a um inventário de questões de múltipla escolha.
Os dados coletados estão apresentados em gráficos e analisados, de forma a
gerar conhecimento sobre a questão-problema, observando o sigilo sobre o nome dos
que responderam ao inventário. Os inventários estão arquivados em banco de dados, tal
como descrito anteriormente.
Resultados obtidos: O questionário possui dez perguntas, cada uma com suas
respectivas alternativas. As perguntas versam sobre as duas ações de formação,
supervisão e apresentação de caso.
A primeira pergunta aborda os objetivos da presença da supervisão clínica
e apresentação de caso como ações sistemáticas na Clínica. Dos dezoito estagiários que
responderam o questionário, dezessete marcaram que os objetivos das duas ações de
formação são desenvolver a formação do psicólogo para além das questões puramente
acadêmicas. Um estagiário respondeu que os objetivos são verificar a aprendizagem dos
acadêmicos estagiários. E nenhum respondeu que os objetivos seriam controlar a
eficácia dos atendimentos. Sendo assim, temos que as ações de formação estão
desvinculadas da avaliação pedagógica curricular, dado considerado positivo.
A segunda questão trata da obrigatoriedade de comparecer na atividade de
supervisão. Dezessete estagiários responderam que é fundamental para sua prática
clínica; um deles respondeu que é algo que não teria necessidade de ser obrigatória.
A terceira pergunta envolvia todas as ações de formação sugerindo
enumerar, em ordem crescente, aquelas que consideram as mais significativas à
formação. A supervisão clínica foi escolhida por dezessete estagiários como sendo a
mais importante. Em segundo lugar ficou a apresentação de caso clínico com a escolha
de quatorze estagiários para essa alternativa. Os fóruns de debate clínico (reuniões do
corpo clínico: gerais, estagiários, seminários...) foram escolhidos por onze estagiários
como a terceira opção mais importante à formação. E como quarta opção, quatorze
estagiários escolheram o trabalho em comissões.
À quarta pergunta onze estagiários referem que com freqüência a
supervisão clínica permite pensar/sustentar o trabalho clínico.
Na quinta pergunta, sobre os casos escolhidos para apresentação ao
coletivo clínico, quinze estagiários ficaram com a alternativa ‘o caso mais discutido
com o supervisor’, duas pessoas ficaram sem marcar nenhuma alternativa e uma pessoa
marcou que o caso escolhido para apresentação é aquele com maior número de
atendimentos.
Este dado revela que levam ao coletivo aqueles casos em que estão mais
seguros (via a supervisão) e também os mais trabalhados no atendimento propriamente
dito. A leitura das atas das apresentações de caso também nos permite afirmar que boa
parte do tempo de apresentação é dedicado a narrativa das sessões.
A sexta pergunta trata sobre o caso clínico levado à supervisão. Onze
estagiários responderam que levam para supervisão todos os casos (um, após outro).
Nenhum estagiário respondeu que levava para supervisão apenas os casos que tem
dificuldade em atender; sete estagiários responderam que os casos levados para
supervisão são aqueles que fazem mais questão ao estagiário/terapeuta.
Aqui fica evidenciado que ao exporem todos os casos ao supervisor
posicionam-se na forma de aprendizes, tomando a supervisão clinica como a fonte de
sustentação do trabalho.
A sétima pergunta se refere ao supervisor. Dois estagiários apontam serem
questionados, pelo supervisor, sobre o que pensam a respeito do caso. Quinze
responderam que além de serem questionados sobre aquilo que pensam do caso também
podem emitir opiniões sobre o caso em que trabalham. Um estagiário respondeu a
quarta alternativa: raramente o supervisor permite dar opiniões sobre o caso.
A oitava pergunta, se o supervisor aponta, em supervisão, no momento em
que o estagiário está falando de algum caso, o que pode ser deste e o que pode ser do
paciente. Dezoito marcaram sim, evidenciando que os supervisores fazem a distinção do
material que o aluno traz a eles, numa atitude que compõe o referencial ético com que
trabalham. Quanto à freqüência em este fato ocorre durante as supervisões um estagiário
respondeu que freqüentemente, sete responderam que raramente.
A nona pergunta é sobre o que o estagiário considera fundamental em uma
apresentação de caso. Um estagiário responde que é a escuta do coordenador e os
questionamentos que coloca. Nenhum respondeu que é o trabalho de memória que
permite reconstruir o caso e enunciá-lo. A discussão que o caso gera no grupo
participante foi à alternativa escolhida por três estagiários. Quatorze estagiários
respondem que são todas as alternativas acima. E nenhum estagiário respondeu que não
considera esta atividade fundamental.
A décima pergunta busca saber se as conjecturas/hipóteses discutidas
durante a apresentação de caso dão suporte para o estagiário pensar um direcionamento
do caso em atendimento. Dezoito estagiários responderam que sim e nenhum escolheu
as alternativas ‘não’ e ‘raramente’. De forma que concluímos que a atividade de
apresentação de caso trabalha a questão da condução do tratamento.
Contatamos que entre as ações formadoras, citadas em ordem crescente por grau de
importância estão: – 1º Supervisão; 2º Apresentação de caso; – 3º Os fóruns de debate
clínico (reuniões do corpo clínico: gerais, estagiários, seminários...) – 4º Trabalho em
Comissões. Esse parâmetro mostra a importância da supervisão e apresentação de caso
para a turma de estagiários, durante período de trabalho clínico. Talvez, por isso, fosse
importante estudo longitudinal para que se que possa traçar as mobilizações quanto ao
que se pensava a respeito destas ações em época de estágio e o que pensará quando
profissional.
Próximas atividades: Restam a fazer 7 entrevistas e as textualizações decorrentes
delas, e assim concluir a fase de campo. Posteriormente o material de campo deverá ser
novamente analisado a luz dos referencias já traçados e embasados na produção
cientifica já existente, para a conclusão desta pesquisa.
O fazer clínico no curso de extensão: práticas clínicas supervisionadas
Simoni Antunes Fernandes10
Após concluir a trajetória de Estágio Curricular na Clínica de Psicologia da
UNIJUÍ no município de Santa Rosa, me insiro no Projeto de Extensão: “Práticas
Clínicas Supervisionadas”, no primeiro semestre de 2008. A modalidade de trabalho
nesse Projeto de Extensão é oportunizar um espaço ao fazer clínico no âmbito
institucional, através de atendimentos a pacientes e participação de outras modalidades
de trabalho que sustentam a Instituição. Implicada no desejo de continuar na práxis
clínica, dou continuidade aos atendimentos que vinha realizando durante o Estágio
Curricular do Curso de Psicologia (UNIJUÍ), na medida em que reconheço, nesta
formação, meu desejo de escutar as vicissitudes do humano – que move a experiência
clínica.
A Clínica de Psicologia da UNIJUÍ se caracteriza como um espaço que
proporciona o encontro do estagiário, convocado a um lugar de terapeuta, com o
paciente que vem ao tratamento. O tratamento, embora transcorra com o trabalho de
estagiários-terapeutas, não é considerado como um ensaio e sim como ume experiência
de trabalho psíquico em que a demanda de [se fazer] falar e ser escutado movimenta
possíveis desdobramentos do sofrimento subjetivo mediante construções transferenciais.
Para além de dar continuidade aos atendimentos clínicos que vinha
desenvolvendo no Estágio Curricular, um momento singular desta experiência refere-se
à participação no acolhimento das novas estagiárias do Curso de Psicologia que
formariam um novo grupo para se ocupar deste trabalho. Escutar novas colegas no que
tange as angústias inerentes à experiência clínica, bem como as angústias geradas por
esta posição de responder a um lugar de terapeuta, mostrou-se interessante, já que, neste
momento já se constituía, para mim, outro lugar. Assim, o momento de início de
percurso clínico, no qual se inseriam as novas colegas, já havia sido por mim
trabalhado.
10
Extensionista do Curso de extensão: “Práticas Clínicas Supervisionadas” / Clínica de Psicologia da
Unijuí/ Santa Rosa.
Na medida em que as colegas iniciaram os trabalhos, compartilhamos o
cotidiano clínico: teorias, casos, transferência, resistência, angústias...são questões
inerentes ao trabalho do psicólogo que, em determinados momentos, causam diferentes
efeitos naquele que escuta e que também se faz escutar. Efeitos que, com este grupo de
trabalho, foi posto em palavras através de discussões e elaboração de um texto sobre a
angústia – e posteriormente apresentado na Jornada da Clínica “Contemporaneidade e o
fazer clínico”.
O fazer clínico diz do enlaçamento entre as construções teóricas com a
experiência clínica. Neste tempo de formação nós, enquanto estudantes de Psicologia
nos autorizarmos a sermos terapeutas. Este fazer em condição clínica remete à escuta
dos sujeitos constituídos pelas dinâmicas familiares, pelas instituições e pelo contexto
sócio-histórico. Responder a esta posição clínica é se autorizar enquanto tal, engajar-se
em uma postura ética, oriunda de uma formação que privilegia a palavra e o humano
como sujeito enlaçados a uma posição singular frente ao desejo.
As questões decorrentes da práxis clínica encontram lugar para discussão no
espaço da supervisão. As atividades desenvolvidas na Clínica-Escola possibilitam a
vivência de uma experiência de trabalho sustentado no laço transferencial, em que a
supervisão outorga suporte às intervenções clínicas. A supervisão também é uma forma
de ação de formação. A particularidade da supervisão nesta formação – sustentada pela
referência à psicanálise – é, do lado do terapeuta que fala do caso, que seu relato não é
mera descrição objetiva dos fatos narrados por seu paciente, nem passagem de
informações para alguém que supostamente saberia mais. O supervisor concede suporte
ao ato clínico do supervisionando. É neste momento, através de uma relação de
alteridade e também transferencial, que o estagiário-terapeuta apresenta os casos, pensa
nas questões aos quais o caso está remetido; na tentativa de uma maior abertura
discursiva nos atos clínicos. Assim, a função da supervisão é, através desta abertura
discursiva, nortear a direção do tratamento.
Sustentados no fundamento da circulação da palavra, outra atividade de
formação na Clínica-Escola são as Reuniões Gerais. Estas reuniões são compostas pelos
estagiários, professores supervisores, coordenação da Clínica e estagiários-terapeutas
extencionistas. Nelas são discutidas questões inerentes ao fazer clínico e a vida
institucional.
Outra atividade realizada na Clínica-Escola é a Apresentação de Casos Clínicos.
Este é um momento em que os estagiários-terapeutas compartilham com os colegas e
um professor supervisor, coordenador desta atividade, a experiência de escuta e os
questionamentos derivados de um caso clínico. Através deste trabalho se faz possível a
abertura de significações mediante experiência compartilhada.
A práxis do psicólogo diz de uma construção em que se enlaçam as teorias e a
experiência subjetiva. Trata-se de uma construção que nunca se esgota, pois cada
trabalho será um novo momento. Meu percurso enquanto estagiária-terapeuta junto à
Clínica de Psicologia da Unijuí/Santa Rosa no “Curso: Práticas Clínicas
Supervisionadas”, foi marcado por seis meses de intenso trabalho de formação,
amarrando discussões teóricas à escuta da singularidade de cada caso e às experiências
da vida institucional.
Relatório Parcial de Pesquisa: As ações formativas na Clínica-Escola de Psicologia
da Unijuí/Ijuí – 2008.
Fernanda Aparecida Szareski11
Iris Fátima Alves Campos12
Tailene Cristina Pandolfo Bonotto13
Resumo: Este relatório descreve o trabalho desenvolvido no segundo semestre de 2008
em continuidade a pesquisa intitulada “As ações de formação na Clínica-Escola de
Psicologia da Unijuí/Ijuí”, vinculada ao Curso de extensão universitária Práticas
Clínicas Supervisionadas. O projeto foi elaborado no primeiro semestre de 2008 pelas
acadêmicas que na época estiveram adscritas ao curso acima referido; sendo aprovado
pelo comitê de ética na pesquisa da UNIJUI em junho de 2008 e encontra-se vinculado
11
Estagiária da Clínica de Psicologia da Unijuí, pesquisadora voluntária no período de julho de
2008 a janeiro de 2009.
12
Professora coordenadora da Clínica de Psicologia da Unijuí – 2007/2008, coordenadora da
pesquisa no período de março de 2007 a janeiro de 2009.
13
Extensionista adscrita ao curso de “Práticas Clínicas Supervisionadas” da Clínica de
Psicologia da Unijuí./Ijuí de julho de 2008 a janeiro de 2009.
ao grupo de pesquisa Linguagem e Interpretação, do CNPQ. No período ora relatado
ocorreram pequenas alterações de caráter metodológico e foram obtidos resultados que
apontam a supervisão clínica como atividade formativa considerada de importância
maior pelos estagiários e egressos da CPU/IJUÍ.
Palavras – chave: psicologia, supervisão clinica, clinica-escola de psicologia, ações de
formação.
Objetivos: Das ações formativas desenvolvidas na Clínica-Escola, a saber: apresentação
de caso clínico, supervisão individual, comissões de trabalho e fóruns de debate clínico
(seminários, reuniões do corpo clínico) recortam-se duas, a supervisão e a apresentação
de caso, para investigar. Dessa forma, cabe perguntar se as referidas ações são tomadas,
na experiência, como formadoras ou como dispositivos técnicos para o cumprimento do
estágio curricular. Parte do questionamento sobre os efeitos formativos que tais ações
produzem no estagiário que no contexto desta instituição tem sua primeira experiência
na área mais tradicional da psicologia: a clínica.
Metodologia: A proposta é de uma pesquisa social qualitativa nos moldes descritos por
Minayo (1994). A metodologia constituiu-se de duas fases: uma fase descritiva (dos
conceitos teóricos envolvidos), e uma fase exploratória ou de campo (de coleta de
dados) em que dois grupos de pessoas são chamados a participar da pesquisa: os
estagiários e os egressos da CPU/Ijuí.
No segundo semestre de 2008 as atividades foram direcionadas para a fase de
campo, com o grupo de egressos da Clínica-Escola de Psicologia da Unijuí. Para coletar
dados, a proposta é realizar entrevistas focais (10), que posteriormente serão
textualizadas pelo entrevistador e o texto devolvido ao entrevistado para a verificação
de sua fidedignidade.
Como no período anterior – primeiro semestre de 2008 – foi realizada a primeira
das dez (10) entrevistas propostas ao grupo de egressos da CPU/Ijuí14 optamos em
realizar as entrevistas focais que ainda restavam ser feitas (nove). No entanto,
encontramos muitas dificuldades na localização das pessoas cujos nomes já haviam sido
determinados por sorteio anteriormente. Ao entrarmos em contato com estes psicólogos
soubemos que muitos não residiam mais no Rio Grande do Sul, que haviam trocado de
telefone ou mesmo que não mais trabalhavam na área da psicologia, tal como o que foi
14
A entrevista foi realizada psicóloga Juliana Lütkmeyer, então matriculada no Curso de
Extensão universitária Práticas Clínicas Supervisionadas.
descrito pelas pesquisadoras de período anterior a este; de forma que ficamos num
impasse quanto a continuidade da pesquisa.
Para a resolução deste impasse a alternativa encontrada foi listar previamente os
egressos desta clínica-escola que trabalhavam e residiam na região, em especial em
cidades de fácil acesso às pesquisadoras, uma vez que não foi previsto orçamento para
deslocamentos. Assim, neste formato foi possível a realização de mais duas entrevistas
com egressos mantendo o mesmo modelo metodológico e conservando as regras
fundamentais antes propostas.
Discussões parciais: A opção metodológica pela realização de entrevistas focais e
posterior textualização trouxe questões as pesquisadoras do período de julho de 2008 a
janeiro de 2009. Como escutar as entrelinhas do que o entrevistado diz? Como traduzir
no papel o que ele fala e do que fala? O que significa textualizar uma entrevista? A
opção pela textualização, tal como proposta por Queiroz (1987) faz prescindir do
gravador, dispositivo tecnológico que ao ser usado pode fazer emergir elementos
persecutórios ao entrevistado e inibi-lo. De outro modo, o entrevistador, ao tomar para
si a tarefa de textualizar a fala do entrevistado, trabalha com a escuta, ou seja, coloca-se
em posição clínica de atenção flutuante, tal como Sigmund Freud (1912) aponta como
regra fundamental ao terapeuta (Campos et al., 2007) . Escutar alguém significa estar
fundamentado em uma técnica; e o que a sustenta é a linha teórico-ética na qual
procuramos nos filiar. Mais do que escutar, há a textualização para fazer. Tarefa nada
fácil, pois aciona a memória do entrevistador e sua capacidade de usar a escrita na
preocupação de ser fiel a fala que captou.
Neste sentido duas vertentes de reflexões se abriram: a) quanto à formação
dos acadêmicos do curso de Psicologia enquanto pesquisadores; b) quanto ao uso das
ferramentas próprias da clinica psicanalítica no campo da pesquisa.
A pesquisa aparece no curso de Psicologia da Unijuí, em momentos bastante
específicos, por meio de componentes curriculares e da escrita do Trabalho de Pesquisa
Supervisionado (TPS). Em geral essas produções monográficas são de caráter
bibliográfico, muitas vezes, oriundas de inquietações desde os estágios (inclusive o
estágio de Psicologia Clínica).
Na Clínica de Psicologia da Unijuí, a atividade de pesquisa foi inserida nas
ações formativas desde 2004 e, deste período até 2006 teve um caráter de pesquisaintervenção, isto porque a pesquisa era também um trabalho de contato com escolas
(Bührer, Göttert & Tannenhaues, 2007, página 23.) em especial com as educadoras
responsáveis pelos encaminhamentos das crianças à CPU.
No primeiro semestre de 2007, a pesquisa foi de caráter quantitativo e:
o trabalho teve efeitos no modo de dispor os registros da CPU-Ijuí. As
pesquisadoras garimparam dados nas fichas cadastrais de pacientes e a
partir desses foram reformulados os quadros estatísticos publicados no
Anuário (mudanças que já foram observadas no Anuário de 2006, uma
vez que editado em 2007) e reorganizado o enquadramento cadastral
relativo cada paciente em relação às faixas etárias (agora tomando os
parâmetros dispostos na legislação vigente). (Campos, 2007, editorial).
E assim o primeiro projeto de pesquisa da CPU/Ijuí foi encerrado ou suspenso.15
O presente projeto foi elaborado no segundo semestre de 2007, enquanto
pesquisa social qualitativa introduziu o trabalho de campo diferenciado, uma vez que
propôs a utilização da textualização ( e não da transcrição de falas gravadas) e a análise
de instrumento quantitativo ( o questionário aplicado aos estagiários). As pesquisadoras,
tanto as do primeiro semestre como as do segundo semestre de 2008 viram-se então as
voltas com material totalmente novo a elas. Decorre daí, aliado a dificuldades já
descritas para o contato, certa imobilidade.
Quando finalmente foi possível entrevistar algumas egressas, outras
questões surgiram. Como se posicionar? Qual a diferença de posição entre aquele que
escuta a um paciente e aquele que escuta enquanto pesquisador? Destas questões temos
textualizações, fidedignas as entrevistas (conforme termo assinado pelos entrevistados),
embora as pesquisadoras tenham declarado suas dificuldades em trabalhar nessas
textualizações.
Assim, vimos que a ferramenta metodológica escolhida: a textualização,
bastante próxima da escuta clínica – onde as regras fundamentais: atenção flutuante
(para o analista) e associação livre (para o paciente) se fazem presentes – não se
colocam tão obviamente para a situação de pesquisa. Esta situação requer que haja um
reposicionamento. Não se trata de escutar o paciente, logo não se trata de posicionar-se
como sujeito suposto saber, mas de posicionar-se como escutador atento e curioso ao
dizer de alguém. Após o momento da escuta o pesquisador volta a trabalhar, buscando
em sua memória aquilo que captou da fala, e é esse o material que surgirá na forma da
textualização. Acrescente-se a essa tarefa o dever ético do pesquisador em produzir
15
Ver relatório parcial do segundo semestre 2007 e primeiro semestre 2008 neste Anuário.
texto com fidedignidade ao que foi dito, sem a “liberdade” do ficcional que é possivel
quando ao psicanalista cabe a apresentação de um caso aos seus pares.
Neste sentido, convém salientar que as entrevistas foram realizadas com
egressos com quem, de certa forma, as pesquisadoras tiveram contatos anteriores e em
situação de coleguismo ou de ensino, o que dificultou o posicionamento.
O ineditismo da proposta para estas acadêmicas, bem como, a pouca experiência
como pesquisadoras e como psicólogas clínicas, também é fato relevante para justificar
as dificuldades encontradas nas textualizações.
Resultados parciais: O inventário proposto ao grupo dos então estagiários na
CPU/IJUÍ elaborado e aplicado no primeiro semestre de 2008 (conforme relatório
parcial anterior) aponta a supervisão clínica como à atividade formativa essencial.
As entrevistas com os egressos focaram na questão sobre as direções da formação
proposta pela CPU/Ijuí; em quais aspectos as ações de formação são efetivas; quais
marcas formativas se preservam nas experiências de trabalho posteriores à passagem
pela Clínica e como essas referências são mantidas no decorrer do exercício
profissional. Por meio dessas entrevistas textualizadas podemos delinear que a
experiência na clínica-escola é referência para o exercício profissional em atividades
clínicas, mas entendemos que a atividade de apresentação de caso fica no registro
exclusivo da Clínica-Escola universitária. Nossas entrevistadas não relatam terem tido
oportunidade de realizar esta atividade em seus atuais locais de trabalho, embora de
caráter clínico e multidisciplinar16. Já a supervisão clinica é buscada quando no
exercício; embora o custo financeiro do investimento seja razão alegada para não
realizar a atividade sistematicamente.
A partir destes dados surgem, então, muitos questionamentos sobre os elementos
necessários para que as atividades que experienciaram na clinica-escola possam se
incorporar ao fazer clínico dos egressos que estão em atividades clinicas em instituições
mantidas pelo poder público.
Próximas atividades: As textualizações fruto das entrevistas com egressas estão
disponibilizadas em arquivos da CPU/IJUÍ para análise. As três textualizações devem
juntar-se mais sete, sendo que estas deverão ser realizadas por novas pesquisadoras.
16
A entrevistada 1 reúne em seu currículo experiência em instituição de atendimento a crianças e
adolescentes ditos especiais. A entrevistada número 2 trabalha em atividade clinica junto a um hospital,
recebendo encaminhamentos da rede publica de atenção a saúde, proteção a criança e adolescente. A
entrevista número 3 trabalha em instituição mantida pelo poder público ligada a proteção da criança e do
adolescente.
A conclusão final da pesquisa se dará quando os dados das entrevistas com egressas e
os gráficos produzidos a partir do inventário aplicado as estagiários forem analisados a
luz de referenciais teóricos. Ou seja, a conclusão se dará quando, já coletados todos os
dados, for possível se responder sobre as marcas que as ações formativas da clínicaescola produziram em seus egressos.
Referências Bibliográficas:
Campos, Iris Fátima Alves. Editorial. IN: Cardoso, Ubirajara Cardoso de. Anuário
Clínica de Psicologia da Unijuí. Ed. Unijui: Ijuí (RS), n. 4, editorial, 2007.
Campos, Iris Fátima Alves. et.all. Projeto de pesquisa: as ações de formação na
Clínica-Escola de Psicologia da Unijuí/Ijuí. IN: Cardoso, Ubirajara Cardoso de.
Anuário Clínica de Psicologia da Unijuí. Ed. Unijuí: Ijuí (RS), n. 4, p. 26, 2007.
Bührer, Elisa. Göttert. Emilia. Paula Tannenhaues. Relatório de pesquisa das
extensionistas do primeiro de 2007, Clínica de Ijuí. . IN: Cardoso, Ubirajara Cardoso
de. Anuário Clínica de Psicologia da Unijuí. Ed. Unijui: Ijuí (RS), n. 4, p. 23, 2007.
8. RELATÓRIOS DE PESQUISA DA ASSOCIAÇÃO NAIONAL DE PESQUISA
DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA (ANPEPP) / ABEP
Relatório parcial de Pesquisa: "Serviços-Escola de Psicologia no Brasil"/CPU Ijuí
Iris Fátima Alves Campos17
Ângela18
Débora19
Selma20
Resumo: O relatório apresenta a metodologia adotada pela equipe a fim de
inserir a clinica-escola de psicologia da Unijui/Ijuí em pesquisa nacional coordenada
pela Associação Brasileira de Ensino de Psicologia (ABEP). Nesta etapa coube levantar
dados sobre o serviço-escola e enviá-los a central da pesquisa nacional. Aqui alguns
destes dados são apresentados e brevemente comentados.
Palavras-chave: clínica psicológica, serviço-escola, pesquisa quantitativa
Introdução: Em 1996 foi criado, na Associação Nacional de Pesquisa e Pósgraduação em Psicologia, o grupo de trabalho (GT) “O atendimento psicológico nas
clínicas-escola”. No desdobramento do trabalho do referido grupo e com o apoio da
Associação Brasileira de Ensino de Psicologia (ANPEPP) surgiu a pesquisa nacional
“SERVIÇOS-ESCOLA DE PSICOLOGIA NO BRASIL” com o objetivo de melhor
conhecer e avaliar os campos de estágio em psicologia que funcionam segundo as
orientações das novas diretrizes curriculares para os cursos de psicologia, implantadas
no ano 2000.
Neste primeiro momento – fase de coleta de dados –, coube-nos responder ao
inventário formulado pela coordenação nacional da pesquisa, composto de trinta e
quatro (34) questões sobre o serviço e a clientela de usuários da clinica em 2007. Após
o levantamento, os dados foram enviados eletronicamente para serem tabulados no
conjunto nacional.
Metodologia: Primeiramente estagiários da clinica-escola foram convidados a
participar do levantamento de dados nas fichas cadastrais e fichas de registro de
pacientes da Clínica. A intenção foi dar-lhes a oportunidade de experienciar a atividade
17
Psicóloga, coordenadora da Clínica de Psicologia da Unijui (CPU/IJUÍ), supervisora clínica da
CPU/Ijuí, docente do curso de Psicologia da Unijuí.
18
Estagiária de Psicologia e processos clínicos na CPU/Ijuí, colaboradora voluntária no levantamento de
dados para a pesquisa.
19
Estagiária de Psicologia e processos clínicos na CPU/Ijuí, colaboradora voluntária no levantamento de
dados para a pesquisa.
20
Estagiária de Psicologia e processos clínicos na CPU/Ijuí, colaboradora voluntária no levantamento de
dados para a pesquisa.
de pesquisa propriamente dita bem como aproximá-los da instituição onde há pouco
haviam iniciado o estágio.
Formada a equipe, deu-se início ao levantamento de dados, que envolveu o
arquivo passivo e ativo da Clínica. A equipe teve momentos de trabalho coletivo e
momentos de trabalho individual, em razão das características das questões que o
inventário propunha. Para a extração dos dados foi necessário a leitura das “fichas de
registro de pacientes” e submeter os dados a toda equipe buscando o melhor
enquadramento. Surgiram várias dificuldades para o enquadramento quer seja porque o
descrito nas fichas não era compatível com o inventário( como por exemplo: muitos
pacientes vieram a clinica em razão de luto a partir de grandes perdas afetivas, mas essa
possibilidade não consta no inventário) ou porque não encontrávamos o dado pronto e
precisávamos construí-lo como na questão 33.13 – quantos registros de pacientes as
queixas são de terceiros? – nos levou a pensar que os pacientes crianças e muitos dos
adolescentes estavam nesta situação quer porque vieram a clinica trazidos pela família
ou encaminhados pela escola, porém somente a leitura e análise do registro poderia
indicar com maior precisão. Assim somente trinta e um pacientes (31) dos cento e
setenta e nove (179) pacientes na faixa etária de um a quinze anos foram enquadrados
nesta situação.
Discussões parciais: Como primeiro ponto de análise nos importa refletir
sobre o titulo da pesquisa, em que se verifica que o termo “clínica-escola” que
denomina o GT foi, na pesquisa, substituído pelo termo “serviços-escola”.
Entendemos que a ideia de “serviço” está contextualizada no âmbito da atenção
a saúde e da inserção das unidades universitárias na rede mantida por verbas públicas,
como é o caso das unidades mantidas por universidades federais ou mesmo das
unidades mantidas por instituições universitárias privadas ou comunitárias que mantém
convênios com o SUS. Em ambos o atendimento é sempre pago pela população, mesmo
que indiretamente. Enquanto, a nosso ver, o termo “Clínica-Escola” está no sentido de
um lugar de formação e também pode significar atenção à população. Em ambos os
casos o trabalho pode ou não ser público, segundo as idéias de Ana Arendt e nunca é
gratuito.
O termo “serviço-escola” aparecendo como sinônimo do termo “ClínicaEscola” traz problematizações de ordem teórico-ética que podem ser aprofundadas
quando se verifica o quanto está atrelado à questão da gratuidade do trabalho clínico.
Neste sentido nos posicionamos como uma clinica-escola mantida por
universidade comunitária, que atende a população em geral, caracterizando nosso
trabalho como público à medida que exposto a considerações de terceiros. O referencial
ético da psicanálise nos orienta em todos os aspectos: desde a nomeação da população
que nos procura como pacientes21;o acolhimento para as entrevistas iniciais, o tempo
destinado a cada sessão22, até o pagamento da sessão. Especificamente neste ponto,
temos entendido que o pagamento situa-se no registro libidinal, por isso a inexistência
de tabelas e a singularidade de tratar sobre o pagamento no decorrer da sessão e
diretamente com o terapeuta.
Ponderamos, entretanto, que no contexto social brasileiro, dentro do princípio
da universalidade do acesso, a questão do pagamento de sessões de trabalho psicológico
em clínica universitária surge como um obstáculo que pode por em risco o caráter
público da Instituição.
Para suspendermos a questão do título da Pesquisa queremos considerar o
esforço da coordenação da Pesquisa em elaborar um inventário capaz de abranger um
conjunto tão amplo de unidades pesquisadas. Neste sentido, fica a cargo de cada
instituição haver-se com suas singularidades e ainda assim participar.
Resultados parciais: Quanto à metodologia: a formação da equipe e o acesso as
fichas cadastrais e de registro de pacientes trouxe muito conhecimento sobre dados
clínicos especificamente e também sobre a importância de manter registros atualizados.
Da tarefa de coletar dados foi possível recortar vários pontos de reflexão em
especial sobre a escrita da clínica, entendida aqui como um trabalho sumamente
importante na formação dos estagiários, pois a maior dificuldade encontrada na coleta
de dados esteve no que denominaremos o “pouco cuidado” dos estagiários de
escreverem sua clínica, registrarem o caso que escutaram; chegando ao máximo de
encontrarmos um registro cujo único texto era “o paciente deu alta”.
Isto posto, partimos para a apresentação de alguns dados. Não cabe
reproduzir aqui todas trinta e quatro questões do inventário, em razão disso traremos
somente dados que consideramos relevantes para mobilizações no âmbito da clinicaescola.
21
Observamos que a coordenação da pesquisa usou, no inventário, o termo “ cliente/paciente ”. Em nosso
entender isso se deve ao conhecimento que o termo escolhido esta referido a uma teoria.
22
A CPU/Ijuí trabalha com o tempo lógico, porém a titulo didático os estagiários são orientados a
trabalhar entre 45 e 60 minutos em cada sessão até que autorizem-se a trabalhar com o tempo lógico.
Em 2007 trezentos e cinqüenta e uma (351) pessoas procuraram atendimento
na CPU-Ijuí. Em relação às questões treze e catorze os dados mostram que pouco mais
de cinqüenta por cento dos pacientes têm até quinze anos, e nesta faixa etária oitenta e
sete (87) pessoas que procuraram a Clínica são do sexo masculino e noventa e duas
pessoas (92) do sexo feminino. Entretanto quando somadas as faixas etárias vemos que
as pessoas do sexo feminino são as que mais buscaram o atendimento clinico23.
Várias questões do inventário versam sobre os critérios de triagem; que nos
leva a crer que a triagem tem sido prática freqüente nos demais serviços-escola de
psicologia do Brasil, enquanto em nossa unidade não há nenhum tipo de triagem de
pacientes.
A ficha cadastral da CPU não solicita informações sobre renda familiar,
profissão, estado civil ou escolaridade dos pacientes, por isso as questões dezesseis,
dezessete, dezoito e dezenove não puderam ser respondidas. A prática indica, porém,
que os estagiários/terapeutas conhecem alguns desses dados à medida que são trazidos
pelos pacientes no contexto de suas falas e algumas vezes são anotados no contexto do
registro do caso, em ficha apropriada para tal.
Dado relevante, embora não tenha tido lugar no inventário versa sobre os
motivos registrados para o abandono de tratamento: a questão do pagamento das sessões
e a resistência das famílias.
Convém ressaltar que na CPU/Ijuí não existe tabela de referência para o
valor de cada sessão ou tratamento, bem como não existe triagem socioeconômica como
critério para acolhimento de pacientes. O pagamento está instituído como dispositivo
clínico que é posto a operar sempre que o terapeuta entenda que por meio dele o
paciente apresenta sua disposição em trabalhar no sentido inverso de seu sintoma. O
mesmo dispositivo aponta em direção ao terapeuta que ao aceitar o dinheiro de seu
paciente mostra que não o tem como objeto (de sua aprendizagem, pois estamos nos
referindo aos estagiários).
24
Então cabe perguntar o que ocorre com o uso deste
dispositivo que o faz surgir como inviabilizador dos tratamentos.
23
Registramos aqui o estranhamento com o formato da questão sobre as idades dos pacientes uma vez
que estabelecido com uma cronologia de qüinqüênios quando, a nosso entender, poderia ter trabalhado
com base em fases do desenvolvimento: infância, adolescência, adultez e velhice dentro dos parâmetros
que , inclusive, a legislação indica. Na CPU fizemos em 2008 esforços para cadastrar os pacientes
segundo estes parâmetros , mesmo que na prática dos atendimentos a distribuição das salas de
atendimento obedeça a critérios que consideram a posição discursiva dos pacientes, em especial no que
tange a crianças e adolescentes.
24
Esperamos aqui ter dado continuidade a elaboração de nosso pensar a respeito do titulo da pesquisa.
O inventário não questiona sobre o tempo de duração dos tratamentos,
entretanto no manuseio das fichas pudemos captar várias situações: a) há tratamentos
que se mantém ao longo de anos; b) alguns pacientes retornam à Clínica após um tempo
relativamente longo entre a data em que interromperam o primeiro tratamento e o
retorno em 2007; c) muitos pacientes compareceram somente em uma sessão. Também
observamos que no atendimento dos pacientes crianças os estagiários reservam sessões
para a escuta de familiares destas.
Devido a dificuldades já descritas, nos foi possível tabular dados a respeito de
duzentos e trinta e nove (239) fichas de registro de pacientes, sendo que cento e doze
fichas (112) não foram trabalhadas. Os dados a seguir são, portanto, tomados de
sessenta e oito por cento (68%) do número total de pacientes da CPU em 2007.
A questão cinco apresenta trinta (30) modalidades de atendimento psicológico
que podem ser oferecidos em Clínicas-Escola. Destes nos foi possível assinalar três, a
saber: psicoterapia individual sem término definido a priori, orientação vocacional e
avaliação psicológica (sem testagem).
Acreditamos que em 2007 duzentos e doze pacientes (212)25 foram atendidos
na primeira modalidade. As duas últimas modalidades, entretanto, aconteceram na
clinica esporadicamente; sendo que naquele ano recebemos dez crianças para avaliação
psicológica encaminhadas por escola da rede estadual de ensino e três pessoas iniciaram
processo de orientação vocacional (ao qual preferimos chamar de “orientação para a
escolha profissional”). Contudo, segundo as fichas de registro, os pacientes deixaram a
Clínica sem ter definido o curso universitário para o qual prestariam vestibular.
Dados apontam que sete pacientes26 receberam alta de tratamento. A
maioria dos pacientes, portanto, tomou outras duas direções: continuidade do tratamento
ou abandono deste. Neste aspecto vimos que o período de final de estágio/troca
estagiários é também o de maior número de abandonos ao tratamento; sendo que dos
trinta e dois pacientes (32) que não estavam em momento de alta de tratamento por
ocasião da troca de estagiários pouco mais da metade deles prosseguiu em atendimento
(14). 27 Este dado nos permite pensar na importância de discussões sobre desligamentos
e encaminhamentos com a equipe de estagiários.
25
Dado obtido das 239 fichas trabalhadas.
Em relação a 239 pacientes cujas fichas foram trabalhadas.
27
Algumas fichas registram que alguns pacientes chegaram a vir a Clínica após o termino do estágio
daquele que o atendia, mas não permaneceram, sendo que alguns vieram somente para uma sessão.
26
Quanto ao registro do percurso do tratamento há três possibilidades: alta,
suspensão (desligamento) ou encaminhamento a outro estagiário. As fichas de registro,
porém, nem sempre apontam a direção que o tratamento tomou; razão pela qual alguns
dados não puderam ser lançados no inventário. Cabe observar que a condição de alta,
encaminhamento ou desligamento é discutida entre paciente e estagiário e entre este e
seu supervisor clinico.
A referida pesquisa nacional previu também inventário destinado aos
supervisores e aos estagiários. Dados sobre estes não estão presentes neste relatório.
Aqui registramos somente a parcela da pesquisa que esteve sob a responsabilidade da
coordenação da Clínica.
Relatório parcial de Pesquisa: "Serviços-Escola de Psicologia no Brasil"/CPU
Santa Rosa
Resumo: O presente relatório contém dados referentes à participação da Clínica de
Psicologia da Unijuí (Campus Santa Rosa) em pesquisa realizada pela Associação
Nacional de Pesquisa de Pós-Graduação em Psicologia – ANPEPP – com o apoio da
Associação Brasileira de Ensino em Psicologia; a qual propõe a realização de um estudo
sobre as características e atividades desenvolvidas pelas Clínicas-Escolas de Psicologia
no Brasil.
Palavras-chaves: Clínica Psicológica, Serviço-Escola, formação.
Introdução: A pesquisa que recebe o título “Serviço-Escola de Psicologia no Brasil”
compõe-se como um trabalho desenvolvido por um grupo vinculado a Associação
Nacional de Pesquisa de Pós-Graduação em Psicologia – ANPEPP – que recebe o apoio
da Associação Brasileira de Ensino em Psicologia. Compõe-se como um instrumento
que pretende reconhecer como os Serviços-Escola em Psicologia têm se estruturado no
Brasil, compreendendo que estes representam importante função na formação do
Psicólogo. A caracterização da clientela e dos serviços prestados pela Clínica-Escola
perpassa o rol de questões respondidas na referida Pesquisa.
Metodologia: O trabalho de levantamento de dados para compor a pesquisa transcorreu
sob forma de análise documental das “fichas de atendimentos” que contêm registros das
atividades clínicas realizadas pelos estagiários-terapeutas da Clínica de Psicologia da
Unijuí (Campus Santa Rosa). A atividade foi desenvolvida pela Coordenação desta
Clínica, tendo o apoio da Secretaria da mesma Instituição e a participação em encontro
do Grupo estruturado junto à Clínica de Psicologia da Unijuí (Campus Ijuí), a fim de
compor as discussões sobre as temáticas envolvidas nesta Pesquisa.
Resultados Parciais: O estudo proposto é composto por “três níveis de levantamentos
de dados: Sobre o serviço-escola, sobre supervisores e sobre os alunos
supervisionados” (conforme apresentação da Pesquisa). A Clínica de Psicologia da
UNIJUÍ/ Santa Rosa relata sua participação, neste momento, dos trabalhos referentes ao
item “sobre o Serviço-Escola”. O questionário respondido é composto por “Dados de
Identificação” que reportam à denominação/nome da Instituição que se estrutura sob
forma de Serviço-Escola, seu vínculo universitário e a função exercida pelo respondente
do questionário desta Pesquisa. Segue a estrutura de 33 (trinta e três) questões, as quais
buscam registros sobre as características do grupo de profissionais vinculados à
Instituição; a abordagem teórica que sustenta a direção dos trabalhos; as modalidades
de atendimentos desenvolvidos pela Clínica-Escola e também dados sobre a clientela
atendida.
Fundada em agosto de 2006, a Clínica-Escola denominada Clínica de Psicologia
da UNIJUÍ, situada na cidade de Santa Rosa/RS, constitui-se como um programa de
trabalho adscrito como um programa do Departamento de Filosofia e Psicologia da
Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ. As
atividades institucionais estruturam-se a partir da participação de um psicólogo
Coordenador e de um quadro funcional composto por nove psicólogos que participam
do Conselho da Clínica (no qual o coordenador também está incluído), os quais
desempenham, essencialmente, as atividades formativas e de supervisão dos estagiários
do Curso de Psicologia que mantêm seu vínculo de Estágio junto a esta Instituição.
Cabe aqui registrar que este grupo de psicólogos estão vinculados à UNIJUÍ na
condição de docentes do Curso de Psicologia. O grupo que compõe o Conselho da
Clínica, no qual também se insere um representante dos estagiários, participa
ativamente das construções de propostas e encaminhamentos que perpassam a vida
institucional deste Serviço-Escola. As atividades são secretariadas por um profissional
que compõe o quadro funcional de colaboradores da UNIJUÍ.
No que se refere a sua localização na cidade, esta Clínica de Psicologia está
situada em espaço físico diferenciado do Campus Universitário, sendo que nesta
estrutura são acolhidas as demandas de atendimentos psicológicos a ela dirigidas.
Desenvolve seus trabalhos a partir de uma sustentação teórica e clínica psicanalítica,
mantendo relação com outras abordagens teóricas afins, entre as quais se destaca a
Epistemologia Genética. Os trabalhos se destinam a todos que demandam atendimento
psicológico, não havendo impedimento de acolhimento em função da condição psíquica
apresentada. Os casos clínicos que, durante o trabalho, evidenciam a necessidade de
outra modalidade de atendimento e/ou da intervenção de outras áreas de formação,
recebem encaminhamentos para sua realização em espaço diferente da CPU. As
restrições registradas para acolhimento de pacientes referem-se a algumas modalidades
definidas pelo Conselho como limites para a participação do estagiário, aos casos em
que o demandante possui vínculo acadêmico com o Curso de Psicologia e/ou, ainda,
vínculo familiar com algum estagiário da CPU. Outro fator que se apresenta como
impedimento para o acolhimento de pacientes se refere ao limite de horários para
realização de atendimentos nesta Instituição, sendo que nestes casos é realizada a
sugestão de que o solicitante busque pelo tratamento psicológico nesta Instituição em
outro momento, assim que a mesma tiver condições de acolhê-lo; ou, então, que se
direcione a outro espaço de trabalho em Psicologia, se assim se manifestar.
Registra-se também que esta Clínica-Escola não desenvolve o acolhimento de
pacientes a partir de um trabalho de triagem. Todos aqueles que demandam tratamento
são acolhidos e inseridos em entrevistas iniciais, as quais se caracterizam como um
espaço de escuta, suporte para análise da demanda em questão e de uma via singular ao
destino do tratamento. Importante salientar que nem todos que procuram esta CPU
desdobram seu vínculo terapêutico sob forma de continuidade de tratamento, sendo o
tempo do vínculo terapêutico e/ou de tratamento sustentados pelas questões subjetivas
que atravessam cada caso. Quanto ao pagamento, ou seja, ao valor constituído/atribuído
ao tratamento, este é construído entre o paciente e o terapeuta. O pagamento é abordado
como questão clínica que compõe o tratamento, recebendo o reconhecimento de tratarse de uma questão subjetiva que se coloca na experiência clínica.
Quanto à clientela atendida, a CPU/Santa Rosa registra o número de 208
(duzentos e oito) pacientes atendidos no ano de 2007. Quanto à queixa inicial, em sua
maioria (100 registros) os motivos que desencadearam a busca por atendimento
psicológico estão relacionados às dificuldades no comportamento afetivo (conforme
caracterização proposta por esta Pesquisa).
Outro fator questionado e considerado como relevante na práxis clínica diz
respeito aos momentos de finalização de estágio e encaminhamentos realizados aos
tratamentos. Os encaminhamentos realizados diante da interrupção de estágio
constituem-se conforme a condição clínica de cada caso. Os pacientes que não
concluíram seus tratamentos são encaminhados para outro estagiário-terapeuta, ou,
ainda, mediante discussão clínica realizada entre paciente e terapeuta e entre terapeuta e
supervisor; pode-se constituir encaminhamento para algum outro espaço de
atendimento, se assim o caso demandar ou, então, desencadeamento da finalização do
tratamento. Registra-se, também que nos casos em que há desligamento de pacientes do
trabalho clínico na CPU, este se caracteriza por alta ou por afastamento em decorrência
de alguma questão que impede a continuidade do mesmo. Sendo assim, os registros de
desligamento estão previstos para acontecerem por “finalização do trabalho em função
de encaminhamento/resolução da questão clínica –alta –; afastamento do paciente, tendo
sido esta experiência abordada/trabalhada durante o tratamento; ou desligamento em
função de seu não comparecimento”. Em alguns casos, o movimento de
encaminhamentos realizados por troca de estagiários-terapeutas produz a necessidade de
constituírem-se momentos de passagem, em que as sessões iniciais com o novo
estagiário-terapeuta são acompanhadas pelo estagiário-terapeuta anterior; conforme
necessidade apresentada pelo caso clínico. Em sua maioria, esta situação é vivenciada
na clínica psicológica com crianças e este período de experiência indica que este
trabalho perfaz, aproximadamente, um número de 02 (duas) sessões. Ainda é importante
ressaltar que o movimento de troca de estagiário-terapeuta caracteriza-se como um
momento em que pacientes desligam-se do tratamento. Neste período estudado,
registram-se 15 (quinze) ocorrências desta situação.
Cabe ressaltar que estas questões são relevantes às discussões em espaço de
supervisão e em fóruns institucionais, sendo constitutivas e reveladoras de um percurso
de trabalho da Instituição e do fazer clínico psicológico.
9. LEVANTAMENTO E ANÁLISE DE DADOS ESTATÍSTICOS DAS
CLÍNICAS DE PSICOLOGIA DA UNIJUI NO ANO DE 2008
QUADRO DE TABELAS GERAIS DA CLÍNICA DE PSICOLOGIA DA UNIJUÍ/IJUÍ –
ANO 2008
1. Número mensal de pacientes
JANEIRO
FEVEREIRO
MARÇO
ABRIL
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
NOVEMBRO
DEZEMBRO
Antigos
Novos
Total
140
106
115
120
131
116
52
90
116
118
120
5
43
35
27
17
10
40
46
29
22
10
145
149
150
147
148
126
92
136
145
140
130
2. Comparecimento ao primeiro atendimento de acordo com o início dos
atendimentos
COMPARECERAM
Antigos
Novos
1
4
9
34
6
29
4
23
0
17
0
10
5
35
7
39
2
27
1
21
1
9
JANEIRO
FEVEREIRO
MARÇO
ABRIL
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
NOVEMBRO
DEZEMBRO
NÃO COMPARECERAM
Antigos
Novos
1
3
0
10
0
11
1
9
0
3
1
4
0
7
1
5
0
11
0
6
0
3
Total
9
53
46
37
20
15
47
52
40
28
13
3.Grupo etário e gênero
JANEIRO
FEVEREIRO
MARÇO
ABRIL
CRIANÇAS
M
F
ADOLESCENTES
M
F
ADULTOS
M
F
Total
33
39
41
11
10
13
46
7
9
11
12
15
13
51
54
145
149
150
32
26
21
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
NOVEMBRO
DEZEMBRO
38
38
33
23
32
38
34
30
23
23
19
9
16
20
21
21
10
12
11
9
11
7
7
6
12
11
10
9
14
19
17
15
14
16
14
10
15
14
14
14
50
48
39
32
48
47
47
44
147
148
126
92
136
145
140
130
4. Situação atual dos atendimentos por gênero
JANEIRO
FEVEREIRO
MARÇO
ABRIL
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
NOVEMBRO
DEZEMBRO
ENCERARRAM
Criança Adolescente
Adulto
24
5
14
16
4
14
16
1
16
6
3
7
12
2
18
22
7
25
1
1
0
3
6
11
8
6
13
6
3
11
6
7
11
Criança
41
49
46
55
49
30
31
45
50
49
45
CONTINUAM
Adolescente
16
14
20
19
21
14
17
19
20
21
14
Adulto
45
52
51
57
46
28
42
52
48
50
47
Total
145
149
150
147
148
126
92
136
145
140
130
No decorrer do ano de 2008, a equipe de estagiários-terapeutas da Clínica de
Psicologia da UNIJUÍ – Ijuí atendeu um considerável número de pacientes. Na tentativa
de ilustrar esses atendimentos e registrá-los, apresentamos neste texto algumas reflexões
acerca dos dados obtidos no referido ano.
O primeiro dado que analisamos diz respeito ao número de atendimentos
realizados a cada mês na Clínica. Vale ressaltar que no mês de fevereiro esta não
funciona regularmente, devido ao recesso da Instituição. Então, considerando os onze
meses de funcionamento, a média mensal foi de 111 pacientes em atendimento
psicológico. No que se refere ao número de atendimentos realizados neste ano o total
corresponde ao número de 2789, o que por sua vez, significa uma média de 253
atendimentos por mês. No entanto, verificamos que o número de atendimentos varia
bastante durante o ano, assim, o período em que se registrou o maior número de
atendimentos corresponde ao mês de abril (344 atendimentos), enquanto que o menor
número de atendimentos corresponde ao mês de agosto (196 atendimentos).
Com relação a esta diminuição no número de atendimentos, constatamos que no
período de transição do mês de julho para o mês agosto, pôde-se verificar também uma
redução de 45% dos pacientes que freqüentavam a Clínica. Logo, a explicação mais
plausível encontrada por nós, diz respeito à mudança de estagiários nesta Instituição.
Neste sentido, no currículo do curso de Psicologia o estágio clínico tem duração de dois
semestres, e assim terminado este período os pacientes são desligados ou encaminhados
a outro estagiário-terapeuta. Com base no referencial psicanalítico, que sustenta nosso
trabalho, sabemos o que implica a mudança do terapeuta durante o tratamento. Assim,
neste caso de mudança, o encaminhamento precisa ser trabalhado com o paciente para
que ele possa reposicionar o endereçamento de sua fala, possibilitando que a
transferência se estabeleça com o novo estagiário-terapeuta.
Em alguns casos, como podemos observar nos registros, o retorno destes
pacientes ao tratamento não ocorre de imediato, mas em meses posteriores ao
encaminhamento, indicando a necessidade de um tempo maior para elaborar a mudança
de estagiário-terapeuta. Neste contexto, as tabelas indicam que em média três pacientes
antigos, por mês, retomam seu vínculo com a clínica.
No que se refere aos novos pacientes que chegam a esta Instituição, constatamos
que a maior procura por atendimento acontece nos meses de março e abril e em agosto e
setembro. Talvez isto seja reflexo do início do ano letivo após as férias de fevereiro e
julho, já que muitos pacientes são crianças encaminhadas pelas escolas. Contudo, isto é
apenas uma hipótese que pode não ser a única.
A análise referente ao grupo etário e gênero nos indica um perfil dos pacientes
recebidos na clínica no ano de 2008. Dessa forma, há uma incidência média entre
adultos e crianças atendidos, enquanto que os adolescentes representam o menor
número de pacientes em comparação com os demais grupos etários. Neste ano os
adultos representaram 46% dos pacientes atendidos, as crianças 40% e os adolescentes
por sua vez, representaram 15% deste total. Frente a estes dados nos questionamos
acerca do baixo índice de pacientes adolescentes. Podemos pensar estas estatísticas
relacionadas a este período da adolescência e suas especificidades.
Sartor e Sartori (2002) afirmam que geralmente os adolescentes chegam à
Clínica, encaminhados por instituições ou trazidos pelos pais, poucos vêm por iniciativa
própria, mas sim por uma imposição. Esta imposição se coloca em razão dos
adolescentes não estarem mais respondendo a expectativa de conduta esperada por seus
pais e pelas instituições. Neste sentido, considerando a estruturação subjetiva, a
adolescência é um momento de questionamentos, reconstruções, reencontros,
reposicionamento, enfim, é o momento de passagem do âmbito familiar para o social.
Esta passagem é causa de desencontros e desavenças entre o adolescente e estes que o
trazem à clínica. Na experiência clínica, enquanto estagiárias-terapeutas, verificamos
que nos casos em que o adolescente não se apropria das suas questões isto permanece na
condição de imposição e o tratamento é abandonado em seguida, mas quando o
adolescente se implica no tratamento, muitas questões podem ser elaboradas.
Outro dado que nos chama a atenção, refere-se às crianças que freqüentam a
clínica cuja prevalência maior é do sexo masculino. Enquanto que, na clínica com
adultos, isto se inverte, a incidência é bem maior do sexo feminino. Comparando os
números verificamos que as mulheres representam cerca de três vezes mais que os
homens em atendimento. Para exemplificar essa questão, dos 171 pacientes adultos
atendidos no ano, as mulheres significam 130, enquanto 41 são homens. No que se
refere aos atendimentos com adolescentes, há uma média entre os gêneros.
Sabemos que essas considerações são hipóteses por nós formuladas, podendo
haver outras especulações. Para além destas, permanecem outras questões que merecem
ser analisadas, mas que neste momento não encontramos hipóteses plausíveis, como:
Porque muitas pessoas agendam o primeiro atendimento e não comparecem? Porque
alguns pacientes comparecem somente no primeiro atendimento?
Referências Bibliográficas
SARTOR, Dagieli. SARTORI, Marcele. Debate. In____: Falando Nisso –
Adolescência Sempre. Ijuí, Ed. UNIJUÍ, Dez. 2001/ Jan. 2002. Ano 2, n° 7.
QUADROS GERAIS DO ANO DE 2008 DA CLÍNICA DE SANTA ROSA
Quadro 1: Número mensal de pacientes
TOTAL
PACIENTES
Janeiro
Antigos
Novos
3
56
-
-
-
Marco
53
36
89
Abril
66
31
97
Maio
73
14
87
Junho
69
43
112
Julho
93
12
105
Agosto
88
29
117
Setembro
88
21
109
Outubro
94
15
109
Novembro
82
16
98
Dezembro
80
9
89
Fevereiro
53
Quadro 2: Comparecimento ao primeiro atendimento de acordo com o início dos atendimentos
Janeiro
COMPARECERAM
Antigos
Novos
1
2
NÃO COMPARECERAM
Antigos
Novos
0
0
TOTAL
3
Fevereiro
-
-
-
-
-
Março
8
28
0
13
49
Abril
0
31
0
8
39
Maio
0
14
0
5
19
Junho
0
13
0
3
36
Julho
0
12
0
1
13
Agosto
0
29
0
6
35
Setembro
1
20
0
4
25
Outubro
1
14
0
7
22
Novembro
0
16
0
4
20
Dezembro
0
9
1
10
0
Quadro 3: Grupo etário e sexo
CRIANÇAS
ADOLESCENTES
TOTAL
ADULTOS
M
19
F
06
M
03
F
04
M
17
F
07
56
-
-
-
-
-
-
-
Março
16
5
10
10
15
20
89
Abril
34
10
6
8
9
30
97
Maio
29
15
5
9
11
18
87
Junho
39
18
6
8
13
38
112
Julho
23
15
8
6
11
36
105
Agosto
27
15
8
11
10
40
117
Setembro
27
18
5
11
12
36
109
Outubro
28
20
6
7
13
35
109
Novembro
29
16
10
7
12
27
98
Dezembro
29
13
9
4
11
23
89
Janeiro
Fevereiro
Quadro 4: Situação atual dos atendimentos por sexo
ENCERRARAM
M
2
F
3
-
-
-
-
Março
13
11
31
34
Abril
9
15
38
35
Maio
8
10
35
34
Junho
9
10
35
58
Julho
7
10
38
50
Agosto
8
13
40
56
Setembro
4
11
40
54
Outubro
12
22
34
41
Novembro
8
10
43
37
Dezembro
7
9
42
31
Janeiro
Fevereiro
CONTINUAM
M
27
F
24
O desenvolvimento das atividades na Clínica de Psicologia da Unijuí (Campus
Santa Rosa) acontece no período que compreende os meses de março a janeiro, sendo o
mês de fevereiro designado para férias, conforme prevê calendário institucional da
Unijuí. No período de março a dezembro de 2008, a Clínica registrou um numero total
de 1997 (um mil novecentos e noventa e sete) atendimentos realizados, sendo este
trabalho desenvolvido por um grupo de estagiários-terapeutas composto por acadêmicos
do Curso de Psicologia da UNIJUÍ e por extencionistas vinculados ao Curso de
Extensão: “Práticas Clínicas Supervisionadas”.
Seja por movimento próprio daquele que procura e/ou por desdobramento do
tratamento, figuram-se diferentes laços com a Instituição, podendo ser observados casos
em que o período de tratamento se sustenta por um período mais breve ou outros em
que se estende por um tempo mais longo. São vários os motivos para tal
posicionamento, o que compreende desde um desfecho relacionado ao término do
tratamento pela direção à cura que remete ao caso, ou, então, por iniciativa do paciente
e/ou familiar de afastar-se do trabalho clínico.
As diferentes demandas dirigidas à Clínica estão brevemente registradas nos
quadros anteriormente apresentados e possibilitam uma perspectiva de análise da
realidade que se faz presente em seus trabalhos. Foram acolhidos 280 (duzentos e
oitenta) pacientes, dentre os quais 148 (cento e quarenta e oito) do gênero feminino e
132 (cento e trinta e dois) do gênero masculino. Embora haja certa oscilação quanto à
procura para atendimentos de acordo com os períodos do ano, observa-se uma
concentração maior do número de pacientes nos meses de junho, julho, agosto,
setembro e outubro; acompanhada da seqüência do mês de dezembro como um período
que apresenta considerável redução de registros de atendimentos realizados. Ainda citase o mês de janeiro como período no qual se percebe uma expressão numérica menor
quanto à realização dos atendimentos.
Quanto às características da população atendida, no que se refere às crianças,
figura maior atendimento entre os meses de maio e junho, havendo maior expressão do
número de atendimentos realizados aos meninos. Na clínica com adolescentes percebese equivalência quanto ao gênero atendido, mantendo-se, também uma faixa estável de
procura durante o ano. Os dados quantitativos expressam menores situações de
tratamentos vinculados a esta faixa etária. No que se refere à população de pacientes
adultos, a realidade clínica desta Instituição apresenta uma procura maior do gênero
feminino por atendimento psicológico, sendo que o período que comporta os meses de
março a setembro é mais expressivo quanto à realização deste trabalho.
Estes são dados que evidenciam as características da práxis clínica realizada,
importantes de serem encaminhados à elaboração de estudos acerca de questões clínicas
e teóricas que compõem as atividades desta Instituição.
11. EVENTOS
XII Jornada Clínica de Psicologia: Contemporaneidade e o fazer clínico
No dia 20 de junho de 2008 realizou-se no Auditório da Sede Acadêmica da
UNIJUÍ –Ijuí, a XII Jornada de Psicologia Clínica a qual teve como tema
“Contemporaneidade e o fazer clínico”.
Este evento constituiu-se a partir de questionamentos acerca da escuta realizada
aos pacientes que referem suas dinâmicas familiares e as relações sociais que lhes
constituem, assim como a atuação da instituição clínica diante destes sujeitos.
Na ocasião foram discutidas temáticas sobre a construção dos diagnósticos
clínicos, a nosologia, as estruturas clínicas, a escuta e a angústia inerente ao fazer
clínico.
A programação desta Jornada contou com a apresentação dos seguintes
trabalhos:
– “Um lugar para o sujeito na nosologia” – Adão Luiz Lopes da Costa.
– “A angústia inerente ao trabalho clínico” – Tiago Clemen Bohn e Lidiane Maria
Mähler.
– “O fazer clínico com crianças” – Ângela Drügg
– “Clinica Psicanalítica da delicadeza do ser” – Lucy Linhares de Fontoura
(por capa/ver com design cpus)
11. INFORMATIVOS DA CLÍNICA DE PSICOLOGIA DA UNIJUI –
FALANDO N’ISSO
Ver capas com usina de idéias/ Falando N’Isso 2008
13. COMISSÃO DO ANUÁRIO
A escrita do Anuário das Clínicas de Psicologia no ano de 2008 possibilitou aos
membros das Comissões de Publicações, enquanto estagiários/terapeutas, um momento
de elaboração das vivências do fazer clínico. A publicação do Anuário vem como
registro da experiência que, a priori, possuía apenas o estatuto de vivido. As
experiências deixam marcas subjetivas que geram efeitos. Falar e escrever sobre o fazer
clínico constitui-se assim, como uma ação de formação, bastante subjetiva, da qual o
efeito é a própria formação.
As Comissões engajaram-se durante este período em ser testemunho do trabalho
realizado pelas equipes clínicas. A postura de testemunho, para além da fala, escuta e
organização do material clínico, é uma constante indagação, a qual sustenta o trabalho
de publicação, a respeito da transmissão e memória da Clínica.
A marca do Anuário é, então, o apelo à subjetividade, em que todas as
expressões da Clínica podem ser lidas à luz de reflexões teóricas, tendo na psicanálise
sua sustentação e sua referência. O Anuário é o registro permanente da clínica, é uma
escrita contínua, constituindo-se, desta forma como um elo entre diferentes equipes
clínicas que pela clínica circulam cada qual imprimindo suas marcas subjetivas.
As Comissões responsáveis pela publicação do Anuário de 2008 esforçaram-se
no sentido de retomar a função do Anuário – transmissão e memória – e de capturar os
movimentos de expressão apresentados pela Clínica no decorrer de um ano.
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