UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Fernando Augusto Pizzatto Sella INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO (IATF) CURITIBA 2011 Fernando Augusto Pizzatto Sella INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO (IATF) Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção de grau de Médico Veterinário. Orientador Acadêmico: Prof. Welington Hartmann Orientador Profissional: Clovis Juk Fazzano. CURITIBA 2011 2 TERMO DE APROVAÇÃO Fernando Augusto Pizzatto Sella INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO (IATF) Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para obtenção de título de Médico Veterinário por uma banca examinadora do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná. Curitiba, 21 de junho de 2011. Orientador: Prof.Dr. Welington Hartmann Universidade Tuiuti do Paraná Profª.Msc. Beatriz Calderari Viana Universidade Tuiuti do Paraná Prof. Antonio Carlos do Nascimento Universidade Tuiuti do Paraná 3 APRESENTAÇÃO Este é trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado ao curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciência e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, pelo universitário Fernando Augusto Pizzatto Sella, como requisito parcial para obtenção do título de Médico Veterinário. É composto de relatório de estágio, no qual estão descritas as atividades na área de clínica, cirurgia de grandes animais e biotecnologia da reprodução, durante o período de 14 de fevereiro a 20 de Abril de 2011 em Araçatuba - São Paulo. O estágio foi realizado em diversas localidades, cumprindo estágio curricular correspondente a 360 horas de atividades. Nesse trabalho foram descritas as atividades realizadas durante o estágio dando ênfase em Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF). 4 Este trabalho é dedicado a meus pais: Mauro Augusto e LucienDanielle,e a meus avós Jair e Verônica. 5 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus e aos amigos espirituais, que me deram forças para enfrentar as dificuldades encontradas ao longo da vida. Aos meus pais Mauro Augusto Bertan Sella e Lucien Danielle Pizzatto Sella,a meu irmão Vinicius Augusto Pizzatto Sella, que nunca mediram esforços nas suas vidas para que eu pudesse realizar meus sonhos, e sempre dando o apoio e incentivo necessário em todos os momentos em que precisei obrigado pelo amor, carinho e confiança em mim depositados. A minha namorada Evelyn Oliveira Araujo Gutervil pela compreensão, apoio nos momentos mais difíceis que sempre me ajudou com muito amor. Agradeço a equipe técnica da Fazzembryo, especialmente ao Médico veterinário orientador e amigo Clovís Juk Fazzano, o meu muito obrigado por sempre ter me passado seus conhecimentos e estando sempre disponível em todos os momentos em que precisei. Aos professores, mestres e amigos Antonio Carlos, Maria Aparecida de Alcântara, Beatriz Calderari, João Ari Hill, Elza Maria Galvão Ciffoni, e meu orientador e grande amigo Wellington Hartmann. Aos grandes amigos conquistados durante estes 5 anos de faculdade, que sempre estavam dispostos a me ajudar nas horas em que precisei, as provas, os churrascos, os momentos de risadas, as conversas sérias, e com certeza ficaram registrados em minha memória, obrigado a todos: Rogelio (Drauzio), Frederico (Mancha), André Signor (Rondonia), Alexandre (Kibe) e Elder Capelleto, Thiago (Cola) e todos os outros amigos que sempre lembrarei. 6 SUMÁRIO LISTA DE ABREVIATURAS.................................................................................. LISTA DE TABELAS............................................................................................. LISTA DE FIGURAS.............................................................................................. RESUMO................................................................................................................ 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 2 ATIVIDADES REALIZADAS............................................................................... 3 INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO................................................ 3.1 CICLO ESTRAL................................................................................................ 3.2 HIPOTÁLAMO.................................................................................................. 3.2.1 Hormônio Liberador de Gonadotrofina.......................................................... 3.3 HIPÓFISE......................................................................................................... 3.4 HORMÔNIOS HIPOFISÁRIOS GONADOTRÓFICOS..................................... 3.4.1 Prolactina....................................................................................................... 3.4.2 Ocitocina........................................................................................................ 3.5 HORMÔNIOS SINTETIZADOS NOS OVÁRIOS.............................................. 4 FOLÍCULOS........................................................................................................ 4.1 FOLICULOGÊNESE......................................................................................... 4.1.1 Folículo primário ou primordial...................................................................... 4.1.2 Folículo secundário ou pré-antral.................................................................. 4.1.3 Folículo terciário ou antral............................................................................. 4.1.4 Atresia folicular.............................................................................................. 4.1.5 Corpo lúteo.................................................................................................... 4.2 HORMÔNIOS ESTEROIDES GONADAIS....................................................... 4.2.1 Estrógenos.................................................................................................... 4.2.2 Progestágenos.............................................................................................. 4.2.3 Relaxina......................................................................................................... 4.2.4 Inibina............................................................................................................ 4.2.5 Ativinas.......................................................................................................... 4.2.6 Folistatina ..................................................................................................... 4.3 HORMÔNIOS PLACENTÁRIOS...................................................................... 4.3.1 Gonadotrofina coriônica equina..................................................................... 4.3.2 Gonadotrofina coriônica humana.................................................................. 4.3.3 Lactogênio placentário.................................................................................. 4.3.3 Proteína B...................................................................................................... 5 ÚTERO................................................................................................................ 5.1 FUNÇÃO DO ÚTERO...................................................................................... 5.1.1 Transporte espermático................................................................................. 5.1.2 Implantação e gestação................................................................................ 5.2 Prostaglandina.................................................................................................. 6 MANEJO REPRODUTIVO.................................................................................. 6.1 ESCORE CORPORAL..................................................................................... 6.1.1 Influência do ECC sobre as taxas de não retorno......................................... 6.2 MANEJO DE AMAMENTAÇÃO E RETORNO DA ATIVIDADE OVARIANA... 6.2.1 Manejo de amamentação avaliados no experimento.................................... 6.2.2 Atividade ovariana pós-parto......................................................................... 6.3 FATORES QUE AFETAM O ESTRO APÓS O PARTO OU ANESTRO PÓSPARTO................................................................................................................... 6.4 PROGRAMA DE DESCARTE DE FÊMEAS.................................................... 6.5 PROGRAMA DE MANEJO SANITÁRIO.......................................................... 7 INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO................................................ 7.1 INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL............................................................................ 7.1.1 Vantagens da inseminação artificial.............................................................. 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 18 19 20 20 21 22 22 22 23 23 23 24 25 25 26 27 27 28 28 28 28 29 29 29 30 30 30 31 31 33 34 37 37 38 38 39 40 41 42 42 42 7 7.1.2 Reconhecimento de cio................................................................................. 7.1.3 Problemas da baixa taxa de estro................................................................. 7.2 INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO.............................................. 7.2.1 Vantagens da IATF........................................................................................ 7.2.2 As principais vantagens da IATF................................................................... 7.2.3 Desvantagens da IATF.................................................................................. 7.2.4 Limitações da IATF........................................................................................ 7.2.5 Triagem de fêmeas visando inclusão em programas de IATF...................... 7.2.6 Estrutura e análise para programas de IATF................................................ 7.3 SINCRONIZAÇÃO DE ESTRO........................................................................ 7.3.1 Programas hormonais para IATF.................................................................. 7.3.2 Protocolo Ovsynch........................................................................................ 7.3.3 Protocolo IATF............................................................................................... 8 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES REALIZADAS DURANTE O ESTÁGIO........ 8.1 DISCUSSÃO.................................................................................................... 9 CONCLUSÃO..................................................................................................... REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 43 44 45 46 47 48 48 48 49 50 50 51 52 53 55 57 58 8 LISTA DE ABREVIATURAS AOLC Atividade Ovariana Luteal Cíclica BE Benzoato de Estradiol CL Corpo Lúteo ECC Escore de Condição Corporal eCG Gonadotrofina Coriônica Equina EM Estação de Monta E2 Estrógeno FD Folículo Dominante FSH Hormônio Folículo Estimulante GH Hormônio do Crescimento GnRH Hormônio Liberador de Gonadotrofinas IA Inseminação Artificial IATF Inseminação Artificial em Tempo Fixo LH Hormônio Luteinizante MN Monta Natural PGF2α Prostaglandina F2α P4 Progesterona SNC Sistema Nervoso Central 9 LISTA DE TABELAS TABELA 1 AVALIAÇÃO DO ECC .................................................................... 35 TABELA 2 PROGRAMA DE MANEJO SANITÁRIO......................................... TABELA 3 INFORMAÇÕES SOBRE O AUMENTO DA UTILIZAÇÃO DA 47 41 IATF NO BRASIL ........................................................................... TABELA 4 IATF EM GADO COMERCIAL ....................................................... 53 TABELA 5 IATF EM GADO PO ....................................................................... 54 TABELA 6 ATIVIDADES REALIZADAS EM BOVINOS ................................... 55 10 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 INFLUÊNCIA DO ECC SOBRE A TAXA DE PRENHEZ.................. 36 FIGURA 2 ECC 1 ............................................................................................... 36 FIGURA 3 ECC 2 ............................................................................................... 36 FIGURA 4 ECC 3 ............................................................................................... 36 FIGURA 5 ECC 4 ............................................................................................... 37 FIGURA 6 ECC 5 ............................................................................................... 37 FIGURA 7 MÉTODO DE TRIMBERGER ........................................................... 44 11 RESUMO A bovinocultura tem apresentado avanços significativos na área de reprodução, ás novas biotecnologias de produção e reprodução de animais, os atendimentos da clínica cirúrgica constituem grandes desafios e proporcionam um novo e amplo campo de trabalho para os médicos veterinários que prestam atendimentos a fazendas especializadas em bovinocultura de corte e leite. O emprego de técnicas como a Inseminação Artificial (IA), Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), Transferência de Embriões (TE), ultrassonografia e Sexagem Fetal vêm melhorando os índices e resultados. Durante o estágio curricular realizado no período de 14 de fevereiro a 20 de abril de 2011 houve a oportunidade de acompanhar a rotina de fazenda de produção de gado de corte com o emprego da Inseminação Artificial em Tempo Fixo e utilização de ultrassom para diagnóstico de gestação. Houve acompanhamento a 416 atendimentos de clínica médica, 3 atendimentos de clínica cirúrgica e 1694 relacionados a biotecnologias da reprodução, das quais 602 foram a Inseminação Artificial em Tempo Fixo, sob orientação acadêmica do professor Welington Hartmann e orientação profissional do médico veterinário Clóvis Juk Fazzano. 12 1 INTRODUÇÃO O Brasil possui o maior rebanho bovino comercial do mundo, com 207 milhões de cabeças (IBGE, 2007), destacando-se não somente pelo tamanho do rebanho, mas também, pelo potencial de crescimento. O rebanho bovino no Estado de São Paulo foi estimado para 2006 em 13,66 milhões de cabeças, com queda de 2,92% em relação ao ano de 2005 (BARUSSELLI, 2004). Apesar dos números e das boas perspectivas, a produtividade do rebanho brasileiro, quando comparada a de países de clima temperado, fica aquém do desejado. A presença de componentes políticos, socioeconômicos e culturais, de forma isolada ou em conjunto, contribuem para o baixo desempenho econômico da pecuária bovina brasileira (PEREIRA, 2000). Fatores como forragens de baixa qualidade, alta incidência de doenças infecciosas, parasitárias e nutricionais, insuficiência de programas de melhoramento genético e sistema fundiário ultrapassado, contribuem para os baixos índices de produtividade. A falha na reprodução é um dos fatores mais importantes que limita o desempenho da pecuária de corte brasileira (SILVA, 2005). O melhoramento genético, baseado na seleção de indivíduos com maior desenvolvimento ponderal, rendimento de carcaça, produção leiteira, melhor conversão alimentar e precocidade sexual, possibilita o aumento da produtividade, tanto de carne quanto de leite. Assim, a eficiente multiplicação de animais superiores proporciona maior retorno econômico da atividade pecuária. No entanto, a multiplicação e distribuição desse material genético somente são possíveis com adequado manejo, sem o comprometimento da eficiência reprodutiva do rebanho (SILVA, 2005). 13 2 LOCAL DE REALIZAÇÃO DE ESTÁGIO O estágio curricular foi realizado na Empresa Fazzembryo, fundada no ano de 2004 pelo médico veterinário Clóvis Juk Fazzano, com mais de 20 anos de experiência na área de reprodução bovina. Foi criada, originalmente, com objetivo de atender aos criadores com técnicas de última geração para melhores ganhos dos criadores de bovinos de leite e corte. Fazzembryo conta com avançado laboratório próprio para realização de exames de brucelose, exame andrológico de bovinos, ovinos e equinos. Atualmente, trabalham na referida empresa sete médicos veterinários e uma zootecnista. Destaca-se que tais profissionais são especializados em diversas áreas, como: coleta e congelamento de sêmen, atendimento clínico e cirúrgico, avaliação reprodutiva por ultrassonografia em bovinos, ovinos e equinos, monitoramento de estação de monta por monta natural, inseminação artificial, inseminação artificial em tempo fixo, transferência de embriões em tempo fixo, inseminação artificial por laparoscopia em ovinos, controle sanitário, monitoramento de programas de melhoramento genético, entre outros. A empresa está situada na região noroeste do estado de São Paulo, na cidade de Araçatuba, a 550 km da capital, ponto estratégico para atender os estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Bahia, além do estado de São Paulo. Atende grandes criadores de raças de bovinos de corte e leite, além de ovinos e equinos, tornando-se, assim, uma referência na produção e reprodução de grandes animais. O estágio foi realizado em várias fazendas da região de São Paulo e Mato Grosso do Sul. Cita-se as propriedades com maior frequência de atendimento: Sítio 5 Mulheres - Bilac – SP, Agropecuária Jacarezinho - Valparaiso – SP, Katayama Agropecuária - Guararapes – SP, Agropecuária Guadalupe - Santo Antônio do Aracanguá – SP, Fazenda Pampili I e Pampili II – Birigui – SP, Nelore Zeus - Birigui – SP, Fazenda Nova Alvorada- Piacatu – SP, Fazenda Jatobá - Três Lagoas – MS, Fazenda Califórnia - Brasilândia - MS 14 3 INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO- IATF Considerando as dificuldades existentes para detecção de cio, atualmente vêm sendo desenvolvidos protocolos que sincronizam a ovulação pela aplicação de fármacos e possibilitam o emprego da (IATF), independente da manifestação de cio. Tais protocolos permitem inseminar um grande número de animais em dias prédeterminados sem a necessidade de se implantar programas intensivos de detecção de cio. A sincronização de cio é uma biotécnica reprodutiva que permite a concentração da inseminação e da parição em épocas desejáveis. As perdas de cio aumentaram o número de dias improdutivos dos animais, o intervalo entre partos, e diminuem o número de bezerros nascidos. Ao observarem esses efeitos, muitos fazendeiros interromperam seus programas de inseminação artificial. Dessa forma, programas de inseminação em tempo fixo, sem a necessidade de detecção de cio, colaboram para o aumento da eficiência e do emprego dessa técnica (BARUSELLI, 2004). A sincronização é uma ferramenta importante quando o objetivo é trabalhar com a inseminação artificial em tempo fixo (IATF), pois se torna mais preciso o momento e o mecanismo da ovulação nos animais tratados, ou seja, pela aplicação de hormônios os quais possam promover um mecanismo de ação positivo para LH no momento final do crescimento folicular (MOREIRA, 2002). A IATF é aplicada no rebanho através do uso de fármacos capazes de controlar e sincronizar o ciclo estral e a ovulação das vacas, de modo que, se possam inseminar essas fêmeas em horários pré-determinados, com boas taxas de concepção. Sendo capaz de trazer fêmeas em anestro à ciclicidade, se incluirmos um hormônio chamado gonadotrofina coriônica equina (eCG) no protocolo. Deve-se utilizar em propriedades assistidas por veterinário capacitado, a IATF, com adequado manejo nutricional, sanitário e reprodutivo, com fêmeas em boa condição corporal e períodos acima de 45 dias de pós-parto. Em caso de novilhas, somente as que já atingiram a puberdade e o peso adequado, devem participar de protocolos de IATF. Existem vários protocolos desenvolvidos para IATF, a decisão de qual deles se utilizar é técnica, levando-se em conta a avaliação dos animais e o manejo da 15 propriedade, contudo, pelos resultados proporcionados, destacam-se os protocolos que utilizam dispositivos intravaginais de progesterona e eCG. Vale a pena lembrar que, os fármacos e hormônios utilizados, não prejudicam as fêmeas, pois são substâncias iguais ou similares às que participam do ciclo estral natural, e terminando seu efeito, não interferem em ciclos estrais posteriores, nem geram resíduos no leite ou carne produzidos. 3.1CICLO ESTRAL O ciclo estral em bovinos apresenta duração média de 21 dias (17 a 25 dias)(SIROIS & FORTUNE, 1988) e é regido por interações e antagonismos endocrinológicos de hormônios secretados pelo hipotálamo, hipófise, gônadas e útero (MACMILLAN & BURKE, 1996). Segundo Macmillan e Burke (1996), o ciclo estral pode ser dividido em duas fases distintas: a fase folicular ou estrogênica, que se estende do proestro ao estro culminando na ovulação, e a fase luteínica ou progesterônica, que compreende o metaestro e o diestro terminando com a luteólise. A fase folicular consiste no período em que ocorre o crescimento folicular sob baixas concentrações plasmáticas de progesterona e alta pulsatilidade de FSH (após o fenômeno da luteólise) culminando na ovulação. A fase luteínica consiste no crescimento folicular sob maiores concentrações plasmáticas de progesterona (P4) secretada pelo corpo lúteo, levando ao crescimento e atresia dos folículos (onda de crescimento folicular),devido à diminuição da pulsatilidade e ausência do pico de LH. Segundo Hartigan (2008), o ciclo estral corresponde ao intervalo entre o inicio de dois períodos sucessivos de receptividade ao macho (cio). Tanto a manifestação de cio quanto a duração do ciclo se devem a alterações cíclicas nos ovários, envolvendo duas estruturas endócrinas temporárias (os folículos ovarianos e o corpo lúteo) e suas principais secreções (estrógenos e progesterona). O ciclo estral é regulado por mecanismos endócrinos e neuroendócrinos, principalmente os hormônios hipotalâmicos, as gonadotrofinas e os esteroides secretados pelos testículos e ovários. A regulação da secreção de gonadotrofina durante o ciclo estral requer um esmerado balanceamento entre complexas interações hormonais. Um componente conhecido pela sua importante influencia é o hormônio liberador de gonadotrofinas (GNRH).No nível dos ovários, o período de cio 16 é caracterizado por elevada secreção de estrógenos dos folículos pré-ovulatórios de Graaf. Os estrógenos estimulam o crescimento uterino por meio de um mecanismo que envolve a interação do hormônio com receptores e o aumento dos processos de síntese dentro das células (HAFEZ&HAFEZ, 2004). Segundo Hartigan (2008), o comportamento durante o cio se deve á exposição do hipotálamo anterior á (P4) progesterona e ao estrógeno, em concentrações fisiológicas, e á sequencia temporal apropriada. A (P4) progesterona, por si só, inibe a ocorrência de cio. Na ausência de (P4) progesterona a concentração fisiológica de estrógeno é incapaz de induzir sinais de cio. Segundo Hafez e Hafez (2004), no final do cio, ocorre a ovulação seguida pela formação de corpo lúteo, resultando na secreção de (P4) progesterona. O corpo lúteo é formado por dois tipos celulares esteroidogênicos distintos e ambos contribuem significativamente para a quantidade de progesterona total secretada durante a fase luteínica do ciclo estral. O período de atividade do corpo lúteo é chamado fase luteínica, que dura de 16 á 17 dias em vacas. A fase folicular desde a regressão do corpo lúteo até a ovulação, é relativamente curta 3 a 6 dias em vacas. A duração do ciclo estral está intimamente relacionada com a duração da fase luteínica. A regressão do corpo lúteo não é causada por diminuição da secreção de hormônios luteotróficos hipofisários (LH e prolactina), mas sim pela ação do fator luteolítico, PGF2α. 3.2 HIPOTÁLAMO O hipotálamo ocupa apenas uma porção do cérebro. Ele consiste da região do terceiro ventrículo, estendendo-se do quiasma óptico aos corpos mamilares. Existem conexões vasculares entre o hipotálamo e a adeno-hipófise (hipófise anterior). O sangue arterial ganha à hipófise através da artéria hipofisária superior e inferior. A artéria hipofisária superior forma capilares no nível da eminência média. Destes capilares, o sangue flui para o sistema porta hipotálamohipofisário o qual começa e termina em capilares sem passagem pelo coração. Parte do fluxo venoso que sai da hipófise anterior se dá através de um fluxo retrógrado, que expõe o hipotálamo a altas concentrações dos hormônios da hipófise anterior. Tal fluxo sanguíneo possibilita ao mecanismo hipofisário a retroalimentação negativa 17 de regulação das funções hipotalâmicas. Esse tipo de retroalimentação é conhecido como retroalimentação de alça curta(HAFEZ&HAFEZ, 2004). Os hormônios do hipotálamo que regulam a reprodução são o hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH), o hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) e o fator inibidor e liberador de prolactina (PRH e PIF respectivamente). O GnRH é secretado pelas extremidades dos axônios que fazem sinapses com os capilares da eminência média do hipotálamo. O sangue flui para o sistema porta hipotálamohipofisário, desta forma o GnRH produzido no hipotálamo é transportado até a hipófise para estimular a produção hormonal dos gonadotrofos. 3.2.1 Hormônio Liberador de Gonadotrofina O hormônio liberador das gonadotrofinas é um hormônio proteico, um decapeptídio (10 aminoácidos) produzido naturalmente pelo hipotálamo. Induz a liberação pulsátil de LH e constitutiva de FSH, hormônios estes envolvidos no desencadeamento das ondas de crescimento folicular, maturação folicular, ovulação e luteinização do folículo ovulatório. 3.3HIPÓFISE Segundo Davidson &Stabenfeldt (1999), a hipófise esta composta de três partes: um lobo anterior denominado adeno-hipófise ou parsdistalis; um lobo intermediário chamado pars intermedia;um lobo posterior chamado neuro-hipofise ou pars nervosa. A hipófise produz dois hormônios proteicos que são importantes para o controle da reprodução, denominados gonadotrofinas, o hormônio folículos estimulantes (FSH) e o hormônio luteinizante (LH), e um terceiro hormônio denominado prolactina. O (FSH e LH) são sinérgicos no desenvolvimento dos folículos ovarianos e na ovulação; o (FSH) desempenha um papel mais dominante durante o crescimento folicular e o (LH) age nos estágios finas da maturação folicular através da ovulação. Tanto a liberação do FSH quanto a de LH são estimuladas pela pulsatilidade de GnRH, sendo que a frequência e a amplitude dos pulsos de GnRH determinará qual gonadotrofina será secretada em determinado momento. O GnRH secretado 18 em maior frequência e menor amplitude leva à secreção de LH e em menor frequência e maior amplitude, de FSH (WILTBANCK & HAUGHIAN, 2003). A hipófise anterior tem cinco tipos diferentes de células, que secretam seis hormônios: os somatótrofos, que secretam hormônios de crescimento; os corticótrofos, que secretam o hormônio adrenocorticotrófico (ACTH); os mamótrofos, responsáveis pela secreção da prolactina; os tireótrofos, que secretam o hormônio tiro-estimulante (TSH), e os gonadotrofos, que secretam o hormônio folículo estimulante (FSH) e o hormônio luteinizante (LH) (HAFEZ&HAFEZ, 2004). 3.4 HORMÔNIOS HIPOFISÁRIOS GONADOTRÓFICOS OFSH e o LH são hormônios glicoproteicos com peso molecular de aproximadamente 32.000 dáltons. Gonadotrofos da hipófise anterior secretam ambos os hormônios. Cada hormônio consiste de duas subunidades diferentes chamadas alfa e beta. A subunidade ou cadeia alfa é comum a ambos, FSH e LH, entre as espécies, enquanto a subunidade beta é diferente e confere especificidade a cada gonadotrofina. As subunidades alfa e beta de qualquer um desses hormônios não possuem atividade biológica de modo separado (HAFEZ & HAFEZ, 2004). O hormônio folículo estimulante (FSH), estimula o crescimento e a maturação do folículo de Graaf. O FSH por si só não causa a secreção de estrógenos no ovário; ao contrario, ele necessita da presença do LH para estimular a produção estrogênica. O hormônio luteinizante (LH) é uma glicoproteína composta de uma subunidade alfa e uma beta com peso molecular de 30.000 dáltons e meia vida biológica de 30 minutos (HAFEZ & HAFEZ, 2004). Níveis basais ou tônicos de LH agem juntamente com o FSH para induzir a secreção de estrógenos no folículo de Graaf; a onda pré-ovulatória de LH induz uma série de alterações no folículo, que culminam com a ruptura do folículo e expulsão do óvulo do seu interior (ovulação). Tem ação e estimula as células do corpo lúteo a produzirem progesterona (ALBUQUERQUE et al., 2004). 19 3.4.1 PROLACTINA A prolactina é o terceiro hormônio produzido pela adeno-hipófise que é importante para a reprodução, principalmente por seus efeitos sobrea glândula mamária e a lactação dos mamíferos (DAVIDSON & STABENFELDT, 1999). A prolactina é um hormônio polipeptídeo secretado pela adeno-hipófise. Não é uma glicoproteína como as outras gonadotrofinas. A prolactina ovina é umaproteína com 198 aminoácidos e peso molecular de 24.000 dáltons. A molécula da prolactina tem uma estrutura similar ao hormônio do crescimento (GH), em algumas espécies estes hormônios têm propriedades biológicas semelhantes (HAFEZ & HAFEZ, 2004). Um hormônio inibitório denominado fator inibitório da prolactina (PIF), regula a secreção da prolactina. O PIF, é provavelmente, a catecolamina, dopamina, uma amina de baixo peso molecular sintetizada a partir da L-tirosina. Ela é secretada dos terminais nervosos, predominantemente no núcleo arqueado localizado na eminência média, e transportada pelo sistema porta hipotálamo-hipofisário, até a adeno-hipófise (DAVIDSON, 1999). A prolactina mantém a lactação. É conhecida como um hormônio gonadotrófico por causa das suas propriedades luteotróficas (manutenção do corpo lúteo) em roedores. Entretanto, em animais domésticos, o LH é o principal hormônio luteotrófico, sendo que a prolactina desempenha um papel menos importante no complexo luteotróficos (DAVIDSON, 1999). 3.4.2 Ocitocina Promove as contrações uterinas em sinergismo com a PGF2α no trabalho de parto e promove ejeção de leite ao atuar sobre as células mioepiteliais dos alvéolos mamários (PALHANO, 2008). Ocitocina é sintetizada no núcleo supra-óptico do hipotálamo e transportada em pequenas vesículas envoltas por uma membrana através dos axônios do nervo hipotálamo-hipofisário. Elas são armazenadas nos terminais nervosos próximos dos leitos capilares da neuro-hipófise até sua liberação para a corrente circulatória. Ocitocina também é produzida pelo corpo lúteo, portanto a ocitocina tem dois sítios de origem: um ovariano e outro hipotalâmico (HAFEZ &HAFEZ, 2004). 20 3.5 HORMONIOS SINTETIZADOS NOS OVÁRIOS Os ovários apresentam, principalmente, as funções de produção de gametas e de hormônios, notadamente estrógeno(E2) e progesterona(P4), cujas funções são desenvolvimento e manutenção das características reprodutivas, reprodução e lactação. Localizam-se na cavidade abdominal, atrás dos rins, e são sustentados pelo ligamento útero ovariano. Pesam aproximadamente 0,6 a 3 g, dependendo da fase do ciclo estral. Apresentam externamente o epitélio germinativo sustentado pela túnica albugínea em volta do córtex, onde se localizam demais estruturas, que são o estroma, os folículos em várias fases de desenvolvimento, o corpo lúteo, o corpo albicante, os vasos e os nervos(CAMPOS., et al 2001). Durante a fase de maturação dos folículos, verifica-se um aumento na produção de estrógeno, que age no sistema nervoso central (SNC), estimulando o comportamento de cio, e no útero, vagina, vulva, oviduto, provocando alterações importantes para transporte e maturação de gametas. Após a ovulação forma-se uma estrutura chamada corpo lúteo, a qual será responsável pela produção de progesterona (P4). Este hormônio é responsável pelo preparo do endométrio uterino para a futura gestação, e pela manutenção da mesma por um determinado período(BIOGENESIS, 2004). Os ovários são órgãos sexuais primários, pares, com funções endócrinas e gametogênicas. Os ovários da vaca possuem formato ovalado, apresentando, em média, cerca de 3,0 a 4,0 cm de comprimento, 2,0 a 3,0 cm de largura e 1,5 cm de espessura em sua parte mais larga. Podem estar localizados na cavidade pélvica ou na cavidade peritoneal de acordo com o estado reprodutivo da vaca (vacas não gestantes, gestação, puerpério, piometra e vacas velhas) (PALHANO 2008). 21 4 FOLÍCULOS 4.1FOLICULOGÊNESE Da reserva de folículos primordiais, formada durante a vida fetal ou logo após o nascimento, alguns folículos crescem continuamente durante a vida do animal, ou pelo menos até a reserva se exaurir. Quando um determinado folículo deixa essa reserva, ele cresce ate á ovulação ou até que ocorra a sua degeneração, o que acontece com a maioria dos folículos. O folículo de maior tamanho é liberado pelo ovário durante o cio, sendo que essa liberação decresce rapidamente durante o pico de LH. As fêmeas ruminantes domésticas são poliéstricas apresentando estros em intervalos mais ou menos regulares e 21 dias. Durante o ciclo estral ocorre uma cadeia de eventos que se repetem até o impedimento da luteólise pela gestação. Nas fêmeas ruminantes, o processo de Foliculogênese (ativação, crescimento, maturação folicular) tem inicio com a formação dos folículos durante a vida fetal, ou seja, ao nascimento as crias já tem estabelecido, em geral, o número de folículos primordiais nas suas gônadas. Durante as fases de crescimento e maturação, a maioria desses folículos vai se degenerar no processo conhecido por atresia folicular, ao passo que apenas uma minoria vai completar sua maturação e ovular (HAFEZ &HAFEZ ,2004). 4.1.1 Folículo Primordial ou Primário Estima-se que o número médio de folículos na vaca, no momento do nascimento, seja 150.000, reduzindo para 60.000 na vaca adulta chegando a 1.000 folículos nas vacas velhas. Cada folículo dentro do estroma cortical é composto por um oócito de primeira ordem (oócito I), medindo cerca de 20 a 30 μm de diâmetro, circundado por uma camada de células foliculares planas cobertas por uma membrana basal e circundado por tecido intersticial. O folículo primordial se transforma em folículo primário quando as células foliculares planas se transformam em células cúbicas. Os folículos primordiais compõem o estoque de folículos formados durante a fase fetal e que vão se desenvolver durante a vida reprodutiva da fêmea. Esses 22 folículos, em estado quiescente, são caracterizados por um oócito na prófase da primeira divisão meiótica, sem zona pelúcida, rodeado por algumas células da prégranulosa e envolvidas pela membrana basal. Os folículos nesse estágio não tem suprimento sanguíneo próprio e, dessa forma, recebem nutrientes apenas por difusão (HAFEZ &HAFEZ, 2004). 4.1.2 Folículo Secundário-Pré Antral Para que os folículos possam progredir além dos estágios pré-antral, a granulosa e a teca precisam desenvolver receptores para gonadotrofinas. Os receptores de FSH e LH desenvolvem-se sobre a granulosa e sobre a teca, respectivamente. O inicio do folículo antral é marcado pelo aparecimento deum liquido que começa a dividir a granulosa. O FSH que se dirige para a granulosa transforma os andrógenos em estrógenos. 4.1.3 Folículo Terciário- Antral O efeito do estrogênio é a formação de receptores adicionais para o FSH à medida que ocorre o desenvolvimento folicular. Com esta situação, o folículo antral torna-se sensível ao FSH, após seu desenvolvimento é capaz de crescer com níveis basais de FSH. Na última fase folicular ovariana, os receptores de LH desenvolvemse na granulosa, o que permite a onda pré-ovulatória do LH para promover a ovulação. O FSH e os E2 na fase final do desenvolvimento do folículo iniciam a formação dos receptores de LH na granulosa, e os receptores de FSH tendem a diminuir. Com o aumento da secreção de E2 pelo folículo antral ocorre o inicio da onda pré-ovulatória de gonadotrofina. Nos estágios finais de desenvolvimento, o folículo torna-se dependente do controle do LH e seu crescimento forma um ponto posterior para ovulação. 4.1.4 Atresia Folicular Os ovários dos mamíferos contêm milhares de oócitos inclusos em folículos pré-antrais. Entretanto, a grande maioria desses folículos não chega á ovulação, mas ao contrário, é eliminado por meio de um processo conhecido por atresia 23 folicular. A atresia folicular é um processo fisiológico, de duração desconhecida, que pode ocorrer por via degenerativa e/ou apoptótica. Um grande número de evidências tem demonstrado que a apoptose, na verdade, é o mecanismo bioquímico responsável pela atresia folicular (GONÇALVES et al., 2001). 4.1.5 Corpo Lúteo A principal função do CL é a secreção de P4, que prepara o útero para a iniciação e a manutenção da gestação. O CL forma-se a partir das paredes do folículo, que se colapsa e forma pregas após a ovulação. Com a ruptura do folículo, há uma desintegração dos tecidos que rodeiam a granulosa, particularmente a membrana própria, e pode ocorrer hemorragia intracavitária a partir dos vasos da teca. Embora o predomínio de células do CL seja de células da granulosa, as células da teca também contribuem de modo significativo para a composição da estrutura. O processo, que as células da granulosa se submetem durante a mudança de secreção de E2 para P4, ou seja, a luteinização começa com o inicio da onda pré-ovulatória de LH e se acelera com a ovulação (Cunningham, 1999). O CL desenvolve-se após um colapso no folículo ovulatório. A parede interna do folículo desdobra-se em pregas macro e microscópicas, que penetram na cavidade central. Essas pregas consistem de uma porção central de estroma e de grandes vasos venosos que se distendem. As células desenvolvem-se poucos dias antes da ovulação e regridem rapidamente. Após 24 horas da ovulação, todas as células remanescentes da teca encontram-se em estado avançado de degeneração. Inicia-se um processo hipertrófico e de luteinização das células da granulosa após a ovulação. A P4 é secretada pelas células luteinicas na forma de grânulos. O aumento de peso do CL é rápido no inicio. Geralmente, o período de crescimento ultrapassa a metade do ciclo estral. Na vaca, o peso e conteúdo de P4 do CL aumentam rapidamente entre o terceiro e o décimo segundo dia do ciclo, e permanecem relativamente constantes até o décimo sexto dia, quando se inicia a regressão. O diâmetro do CL maduro é maior que o do folículo de Graaf, exceto na égua (HAFEZ & HAFEZ, 2004). 24 4.2 HORMONIOS ESTEROIDES GONADAIS Os hormônios esteroides gonadais são produzidos primariamente nos ovários e nos testículos. Órgãos não-gonadais, tais como as adrenais e a placenta, também secretam uma certa quantidade de hormônios esteroides. Tais hormônios podem ser de quatro tipos: andrógenos, estrógenos, progestágenos e relaxina, os três primeiros tipos são esteroides, enquanto o quarto é uma proteína. Os ovários produzem dois hormônios esteróides (estradiol e progesterona) e um protéico (relaxina); o testículo secreta um único hormônio (testosterona). A atividade secretora de hormônios esteroides pelas gônadas está sobre o controle endócrino da hipófise anterior. 4.2.1 Estrógenos Atuam no desenvolvimento sexual dos órgãos sexuais e características sexuais secundárias, sobre o endométrio, promovendo o desenvolvimento glandular e maior fluxo sanguíneo, sobre as glândulas mamárias, promovendo desenvolvimento glandular, sobre o miométrio, estimulando a contratilidade no parto em sinergismo com a PGF2α e sobre a vagina e a vulva, aumentando a vascularização. Promove, ainda, efeito psíquico, determinando receptividade sexual (aceitação da monta) durante o estro, efeito sobre a cérvix promovendo seu relaxamento e abertura, efeito anabólico proteico e feedback(+) para liberação de LH. Secretado pelo folículo dominante, o 17β-estradiol juntamente com a inibina, determina o bloqueio da liberação de FSH, inibindo, assim, o crescimento dos folículos subordinados. Alguns produtos estrogênicos sintéticos são utilizados rotineiramente em programa de sincronização de cios, como é o caso do benzoato de estradiol (PALHANO, 2008). Os estrógenos são carregados na corrente circulatória por meio de proteínas ligadoras. De todos os esteroides, os estrógenos tem a mais ampla gama de funções fisiológicas. Algumas dessas funções são: Atuam no SNC induzindo comportamento de cio na fêmea; entretanto, pequenas quantidades de progesterona, juntamente com o estrógeno, 25 são necessárias para indução do cio em algumas espécies, tal como a vaca. Atuam no útero aumentando tanto a amplitude quanto a frequência das contrações, potencializando os efeitos da ocitocina e da prostaglandina. Desenvolvimento das características físicas sexuais femininas. Estimulam o crescimento dos ductos e desenvolvem as glândulas mamárias. Exercem efeitos de retroalimentação positiva e negativa no controle da liberação de LH e FSH através do hipotálamo. O efeito negativo se dá no centrotônico do hipotálamo e o positivo, no centro pré-ovulatório (HAFEZ&HAFEZ, 2004). 4.2.2 Progestágenos Atuam sobre o endométrio, promovendo o desenvolvimento e a secreção glandular, inibem a motilidade uterina espontânea, promovem efeito antagônico á ocitocina, efeito sobre as glândulas mamárias estimulando o desenvolvimento lóbulo-alveolar, podem inibir a ovulação em tratamentos para sincronização de cio e são essenciais para a manutenção da gestação. Exercem efeito inibitório sobre a liberação hipotalâmica e hipofisária de GnRH e LH, respectivamente. O CL, formado após a ovulação de um folículo dominante, é a principal fonte de progesterona em fêmeas bovinas não gestantes. A P4 também é secretada pela placenta, contudo a fêmea mantém a atividade luteal durante toda a gestação (PALHANO, 2008). Segundo Hafez & Hafez (2004), a progesterona é o progestágeno natural de maior prevalência sendo secretada pelas células luteínicas do corpo lúteo, pela placenta e pelas glândulas adrenais. A P4, assim como os andrógenos e os estrógenos, é transportada na corrente circulatória por uma proteína de ligação, e sua secreção é estimulada primariamente pelo LH. 26 A progesterona desempenha as seguintes funções: Prepara o endométrio para a implantação e a manutenção da prenhez, aumentando a atividade secretora das glândulas do endométrio e inibindo a motilidade do miométrio. Atua sinergicamente com os estrógenos na indução do comportamento de cio. Auxilia no desenvolvimento do tecido secretor(alvéolos) da glândula mamária. Provoca a inibição do cio e do pico pré-ovulatório do LH quando em níveis elevados. Portanto, a P4 desempenha papel fundamental na regulação hormonal do ciclo estral. Inibe a motilidade uterina. 4.2.3 Relaxina A relaxina é um hormônio polipeptídeo que consiste de uma subunidade alfa e outra beta, conectadas por duas pontes dissulfídicas e possui peso molecular de 5.700 daltons. A relaxina é secretada primariamente pelo CL durante a gestação. Em algumas espécies, a placenta e o útero também secretam relaxina. A principal ação biológica da relaxina é a dilatação da cérvix e da vagina antes do parto. Ela também inibe as contrações uterinas e causa crescimento das glândulas mamárias quando administrada em conjunto com estradiol. Provoca o relaxamento da sínfise púbica e dilatação da cervix uterina para a passagem fetal, estimula o crescimento uterino em conjunto com os E2 e a P4. 4.2.4 Inibinas As gônadas são a principal fonte de inibina e proteínas correlatadas, que contribuem para a regulação endócrina do sistema reprodutivo. As inibinas não são esteróides. Desempenham um papel importante na regulação hormonal da foliculogênese ovariana durante o ciclo estral. Elas atuam como sinalizadores químicos para a hipófise sobre o número de folículos em crescimento no ovário. Pela 27 inibição da liberação de FSH sem alteração no LH, as inibinas podem ser parcialmente responsáveis pela liberação diferenciada de LH e FSH pela hipófise. 4.2.5 Ativinas As ativinas são potentes dímeros liberadores de FSH e estão presentes nos fluídos gonadais, como, por exemplo, no fluído folicular e no fluído rede testis. A ativina é um membro completamente funcional nos fatores de crescimento. Secretada pelas células da granulosa, estimula a secreção de FSH e LH. 4.2.6 Folistatina A folistatina bloqueia a ação da ativina e a secreção de FSH. Ela é uma proteína isolada do fluido folicular, não somente inibe a secreção de FSH similarmente à inibina, mas também se liga à ativina, neutralizando sua atividade biológica. Portanto, constitui-se num agente modulatório da secreção de FSH. 4.3 HORMÔNIOS PLACENTÁRIOS A placenta secreta diversos hormônios idênticos ou com atividades biológicas similares aos hormônios reprodutivos dos mamíferos. São eles:, gonadotrofina coriônica humana (hCG), lactogêneo placentário(PL) e proteína B. 4.3.1 Gonadotrofina Coriônica Equina A eCG é uma glicoproteína com subunidades α e β similares ao LH e ao FSH, porém, com conteúdo de carboidrato mais elevado. O alto conteúdo de ácido siálico parece contribuir para a longa meia-vida de diversos dia do eCG. Portanto uma única injeção de eCG possui efeitos biológicos na glândula-alvo por mais de uma semana. A eCG possui atividade biológica semelhante tanto ao FSH quanto ao LH, porém predominantemente ao FSH. A eCG foi uma das primeiras gonadotrofinas comercialmente disponíveis usadas para indução da superovulação em animais domésticos(CUNNINGHAM, 1999). Exerce forte ação dos tipos FSH e LH. Possui como vantagens a facilidade de aplicação e o menor custo por possuir um longo tempo de meia-vida biológica. 28 A eCG cria condições de crescimento folicular e de ovulação, e seu uso tem se mostrado compensador em rebanhos com baixa taxa de ciclicidade, em animais recém paridos (período pós-parto inferior a 2 meses) e em animais com condição corporal comprometida ( BARUSELLI, 2004). 4.3.2 Gonadotrofina Coriônica Humana Glicoproteína na hCG consiste de uma subunidade α e outra β, com cadeias de aminoácidos e cadeias de carboidratos sintetizadas nas células sinciotroblásticas da placenta nos primatas e nas mulheres. É obtida na urina e no soro sanguíneo da mulher gestante. É detectada por radiomunoensaio, na urina, 8 dias após a concepção da mulher. Possui funções semelhantes ao LH, sendo indicada para tratamento de ovários císticos, indução de ovulação e no estudo de receptores do LH. A hCG substitui o LH pituitário, por seu alto custo de purificação, para induzir ovulação de vacas com ovários císticos, em programas de sincronização da ovulação e superovulação (ALBURQUERQUE et al., 2004). 4.3.3 Lactogênio Placentário Lactogênio placentário é uma proteína com propriedades químicas similares à prolactina e ao hormônio do crescimento. Tem grande importância na regulação da passagem de nutrientes maternos para o feto e, possivelmente, no crescimento fetal. Pode ainda desempenhar funções na produção de leite. 4.3.4 Proteína B O concepto bovino produz uma série de sinais durante o início da prenhez. Atualmente, somente uma proteína oriunda do tecido placentário foi parcialmente purificada, a proteína B específica da prenhez bovina. A ação fisiológica da proteína B parece estar envolvida na prevenção da luteólise no início da prenhez da vaca ou ovelha. Este hormônio placentário tem o potencial de ser o primeiro teste hormonal de prenhez confiável para ruminantes. 29 5 ÚTERO O útero possui dois cornos e um corpo. O corpo é pequeno (3 a 5 cm) e os cornos medem de 9 a 16 cm. A parede uterina é constituída de endométrio, miométrio e uma serosa, externamente. As contrações musculares são importantes para o transporte espermático, assim como para a expulsão do feto durante o parto. A ligação do feto se dá por meio das carúnculas em numero de 70 a 100. É o órgão responsável pela produção de prostaglandina (PGF2α), a qual regula a duração do ciclo estral pelo seu efeito luteolítico (Gonçalves et al., 2008). Órgão reprodutivo acessório, tubular, oco, que se comunica cranialmente com as tubas e caudalmente com a vagina. Mantem relação dorsal com o reto e relação ventral com as vísceras abdominais. Quando gestante sua maior porção encontra-se na cavidade peritoneal, apresentando uma porção pélvica. Em sua extremidade caudal apresenta formação de anéis fibrosos, constituindo assim a cérvix ou colo uterino, estrutura que promove o seu contato com a vagina. O colo uterino ou cérvix representa uma barreira física de proteção do útero contra agentes externos (PALHANO 2008). 5.1 FUNÇÃO DO ÚTERO O útero apresenta uma série de funções. O endométrio e seus fluídos têm grande relevância no processo reprodutivo: (A) transporte da fertilização no oviduto, (B) regulação da função do CL e (C) inicio da implantação, gestação e parto (HAFEZ & HAFEZ, 2004). 5.1.1 Transporte Espermático No acasalamento, a contração do miométrio é essencial para o transporte dos espermatozoides do ponto de ejaculação para o local da fertilização. Um grande número de espermatozoides se agrega nas glândulas endometriais. À medida que eles são transportados ao longo do lúmen uterino até oviduto, eles sofrem “capacitação” nas secreções endometriais(HAFEZ & HAFEZ, 2004). 30 5.1.2 Implantação e Gestação O útero é um órgão altamente especializado, adaptado para aceitar e nutri os produtos da concepção, desde a implantação até o parto. Uma “diferenciação” uterina é governada pelos hormônios esteroides ovarianos. Esse processo envolve alguns estágios críticos quando o útero está preparado para aceitar seletivamente o blastocisto. Se não acorrer a diferenciação, o útero não estará adaptado para permitir a implantação. Após a implantação, o embrião depende de um suprimento vascular adequado do endométrio para o seu desenvolvimento. Durante a gestação, as propriedades fisiológicas do endométrio e seu suprimento sanguíneo são importantes para a sobrevivência e o desenvolvimento do feto. O útero tem capacidade de sofrer extraordinárias modificações no tamanho, na estrutura e na posição a fim de acomodar as necessidades do concepto em crescimento (HAFEZ &HAFEZ, 2004). 5.2 PROSTAGLANDINA Todas as prostaglandinas são ácidos graxos hidroxilados insaturados com vinte átomos de carbono e um anel ciclo/pentano. O ácido araquidônico, um ácido graxo essencial, é o precursor da maioria das prostaglandinas mais intimamente associadas com a produção, principalmente a PGF2α e a prostaglandina E 2(PGE2). A PGF2α é o agente luteolítico natural associado ao final da fase luteínica (corpo lúteo) do ciclo estral, permitindo, assim, o inicio de um novo ciclo quando da ausência de fertilização. As PGF2α podem ser consideradas hormônios que regulam diversos fenômenos fisiológicos e farmacológicos, tais como a contração da musculatura lisa dos tratos reprodutivos e gastrointestinal, a ereção, a ejaculação, o transporte espermático, a ovulação, a formação do CL, o parto e a ejeção de leite (HAFEZ & HAFEZ, 2004). Segundo Palhano (2008) no ciclo estral, o CL, formado após a ovulação de um folículo dominante, passando antes pela formação do corpo hemorrágico, é uma estrutura altamente vascularizada, cujo fluxo sanguíneo permite a sua manutenção, sendo assim, extremamente sensível as alterações do mesmo. 31 A regressão do CL, ou a luteólise, é um fenômeno que ocorre pela ação da PGF2α, produzida pelo endométrio e liberada de forma pulsátil durante todo o ciclo estral, observando-se um padrão de três a quatro pulsos por dia no início do processo, sendo necessários cinco pulsos diários para sua completa regressão (GONÇALVES et al., 2001). A prostaglandina é um hormônio liberado pelo útero cuja função é lisar o corpo lúteo. Esta estrutura é formada após a ovulação e produz progesterona, um hormônio responsável por preparar o útero para receber o embrião e manter a gestação. A manipulação do ciclo estral com prostaglandina permitirá a lise do corpo lúteo, queda do nível de progesterona e o retorno da fêmea ao cio. 32 6 MANEJO REPRODUTIVO Quando se analisa a eficiência reprodutiva de um rebanho, interpreta-se que os dados do período de serviço, da taxa de inseminação, intervalo de partos, da idade à primeira cria e da distribuição da taxa de prenhez ao longo da estação de monta, juntamente com a eficiência produtiva,( mortalidade, precocidade e qualidade de carcaça), tem-se ideia exata da taxa de desfrute desse rebanho, bem como a rentabilidade que ele proporciona para o pecuarista(BARBOSA, 2004). O sucesso de propriedades que exploram a comercialização de bezerros depende diretamente da eficiência reprodutiva, da taxa de crescimento dos bezerros até a desmama, quando, então, serão comercializados, e da eficiência de utilização de alimentos. Concluí-se que a excelente condição de fertilidade de uma vaca pode ser medida pelo número de bezerros que ela pariu e desmamou em boas condições em sua vida útil. Sendo assim, a vaca deverá parir sua primeira cria em idade precoce, desmamá-la em boas condições de peso corporal (BARBOSA, 2004). Pode-se relatar que toda exploração bovina está alicerçada sobre quatro pilares básicos, reprodução e sanidade, sofrendo ainda forte influência ambiental e de manejo. Para que um determinado potencial genético se manifeste plenamente e gere rentabilidade é necessário que o rebanho esteja livre ou sofra um menor impacto possível de doenças infecciosas e parasitárias, pois essas doenças podem interferir diretamente sobre o sistema reprodutor de machos e fêmeas, determinando a diminuição da concentração espermática, do vigor, do turbilhamento, do aumento das patologias de sêmen, dos abortamentos, das repetições de cio do aumento do período de serviço e intervalo entre partos, dos natimortos e do nascimento de crias fracas que apresentarão desenvolvimento inferior á média do rebanho, contribuindo todos esses problemas para uma baixa taxa de desfrute (CAMPOS, 2001). As deficiências nutricionais também determinam grande impacto sobre a taxa de desfrute, pois interferem diretamente sobre todos os aspectos reprodutivos, a começar pelo alongamento do período de serviço, determinando maior IP e consequente diminuição na produção de crias de vida útil de uma matriz. Resultados de diversas pesquisas confirmam que na medida em que se melhoram os níveis quantitativos e qualitativos da dieta no período entre à desmama e à puberdade diminuí-se a idade ao abate e aumenta-se o peso à puberdade. Outra consequência drástica decorrente de deficiências nutricionais é o prolongamento do 33 período de serviço devido à inatividade ovariana, sendo o anestro pós-parto um indicador de baixo nível nutricional das vacas de um rebanho. Além de uma deficiente condição corporal no período puerperal, muitos estudos apontam, ainda, o efeito da cria junto da vaca como um fator que leva à queda de eficiência reprodutiva (PEREIRA, 2002). Segundo Fonseca (1991), quando maior o número de mamadas, principalmente em vacas que apresentam deficiências nutricionais (a deficiência energética sendo a mais importante), maior é a produção e a liberação de opióides endógenos (à nível hipotalâmico, hipofisário e gonadal), como as encefalinas, endorfinas e dinorfinas, que agem como inibidores do GnRH. O efeito negativo da mamada sobre o ciclo estral em vacas de corte, determinando o anestro pós-parto em função da inibição da secreção de GnRH por esses opióides. 6.1 ESCORE CORPORAL Semelhante à avaliação da condição corporal da vaca leiteira, a vaca de corte também pode ser avaliada, por inspeção da cobertura subcutânea na região das costelas, do dorso lombar, das ancas e da inserção de cauda, determinando, assim o escore de condição corporal com escala de pontuação variando de 1 vaca muito magra, a 9 vaca muito gorda. Para que a vaca de corte apresente uma boa performance reprodutiva, deve-se estabelecer um plano nutricional que mantenha seu escore corporal pelo menos entre 5 e 6 no período que se aproxima ao parto, o que permitirá uma boa atividade ovariana (manifestação de cio) pós-parto, aumentando as chances de concepção, contribuindo, ainda, para a manutenção de reservas corporais necessárias a uma boa lactação e consequente nutrição de sua cria. Ainda deve-se estar atento aos custos e às dificuldades de se implementar um programa que visa o aumento de peso e a melhoria das condições corporais no pós-parto recente, pois geralmente torna-se muito dispendioso em função da qualidade de nutrientes. A qualidade das pastagens influencia diretamente sobre o número de vacas prenhes quando em regime exclusivo de pasto. Segundo Mannetje e Coates (1975), pastos consorciados de gramíneas e leguminosas aumentaram a performance reprodutiva de vacas Hereford (97% de 34 concepção e 94% de nascimento) quando comparadas aquelas mantidas em pastagens nativas (87% de concepção e 78%) na Austrália. Tabela 1: Avaliação de escore de condição corporal PEREIRA, 2002 35 FIGURA 1: Influência do Escore de Condição Corporal sobre a Taxa de Prenhez Figura 2: ECC 1 Figura 3: ECC 2 Figura 4: ECC 3 36 Figura 5:ECC 4 Figura 6: ECC 5 6.1.1Influência do ECC sobre as taxas de não retorno Segundo Baruselli, Bo e Marques (2004), a baixa nutrição é a principal causa da reduzida fertilidade de vacas criadas em áreas tropicais e subtropicais. Estudos demonstram que os escores de condição corporal (ECC) indicam, com elevada acurácia, o nível de armazenamento de energia do animal, o que está relacionado diretamente com o reinicio da atividade ovariana pós-parto. 6.2 MANEJO DE AMAMENTAÇÃO E RETORNO DA ATIVIDADE OVARIANA Estudos que utilizaram vacas nelore paridas com bezerros ao pé, em anestro, com ou sem a remoção temporária do bezerro por 48 horas e tratadas logo após com GnRH, demostraram através de acompanhamentos ultra-sonográficos de dinâmica folicular que o tamanho do folículo dominante no dia da aplicação do GnRH foi influenciado pela remoção, apresentando assim as vacas manejadas maior taxa de ovulação. FONSECA et al. (1991) demonstraram em experimentos de racionalização do manejo de amamentação uma queda significativa do período de serviço e do intervalo entre partos das vacas avaliadas. Comparando-se o sistema tradicional (cria ao pé) aos diferentes tipos de manejo de amamentação, observaram ainda diferentes percentuais de vacas gestantes. 37 6.2.1 Manejos de amamentação avaliados no experimento Destacam-se os manejos de amamentação avaliados no experimento: 1 Tradicional (cria ao pé) 2 Amamentação interrompida (48 horas a cada 30 dias) 3 Duas amamentações por dia. 4 Amamentação interrompida mais duas amamentações (manejo 2 e 3). 5 Uma amamentação por dia 6 Amamentação interrompida mais uma amamentação (manejo 2e 5). Neste estudo, observou-se que associação dos manejos 2 e 3, ou seja , amamentação interrompida (por 48 horas a cada 30 dias) com manejo de duas amamentações por dia, proporcionou maior percentual de vacas em cio (91,2%), porém, o manejo que resultou maior percentual de vacas gestantes foi o quinto chegando a 72,7% contra 64,7% da associação 2 e 3. Frequentemente, o primeiro cio após estímulo de remoção da cria é anovulatório. Vilela et al. (1999) observaram maior taxa de ovulação e sincronização em vacas nelores submetidas à remoção temporária da cria em programas de sincronização de cio para reduzir o anestro pós-parto. A amamentação controlada ou a remoção do bezerro aumenta a frequência dos pulsos de LH, estimulando o crescimento folicular e a ovulação em vacas com mais de 30 dias pós-parto. 6.2.2 Atividade ovariana pós-parto Durante o final da gestação o eixo hipotálamo-hipofisário está sob a ação da retroalimentação negativa dos esteroides placentários e ovarianos, suprimindo a liberação de FSH, com acúmulo deste hormônio na hipófise anterior e depleção dos estoques de LH. Após o parto ocorre a imediata liberação de FSH (2 a 7 dias), seguida da emergência da primeira onda de crescimento folicular. A dominância folicular é constatada de 10 a 21 dias após o parto. No entanto, os primeiros folículos dominantes não têm capacidade ovulatória e tornamse atrésicos, levando ao crescimento de subseqüentes ondas de crescimento folicular. 38 Desta forma, conclui-se que o FSH não é o limitante para o reinício da ciclicidade ovariana pós-parto é a diminuição da sensibilidade do hipotálamo ao estradiol produzido pelo folículo dominante. O folículo cresce até atingir tamanho suficiente para que ocorra a ovulação, no entanto, o hipotálamo esta dessensibilizado ao estradiol e não libera picos de GnRH para que ocorra a liberação de picos de LH pela hipófise. Após, restabelecidos os estoques de LH (15 a 30 dias pós-parto) e reativada a sensibilidade do hipotálamo ao estradiol, as diferentes condições de nutrição e amamentação passam a ser os principais responsáveis pelo atraso na primeira ovulação. 6.3 FATORES QUE AFETAM O ESTRO APÓS O PARTO OU ANESTRO PÓSPARTO. Os fatores que afetam o estro após o parto são a nutrição pré e pós-parto (condição corporal deficiente), as doenças debilitantes, a produção de leite, as patologias uterinas, as patologias de ovário e o estresse térmico. A observação de cio impacta diretamente no intervalo entre partos. Estudos em gado de leite apontam perdas de 47,3% de cios por deficiência de observação. O anestro pós-parto prolongado, as perdas embrionárias e gestacionais são os principais fatores que afetam diretamente a eficiência de produção do rebanho de cria (SANTOS, 2000). Segundo Short et al. (1972) a duração do anestro pós-parto é afetada por diversos fatores, sendo os de maior importância à nutrição, a amamentação, a condição corporal e a idade. Existem também, vários outros fatores que podem contribuir para o anestro, como: a estação do ano, a raça, o grau de dificuldade do parto e a ocorrência de doenças puerperais. O anestro pós-parto é o período que estende desde o parto até o aparecimento do primeiro estro, sendo caracterizado por ausência de manifestação estral. Neste período, também conhecido como puerpério, ocorre a involução uterina e o restabelecimento da atividade ovariana. A involução uterina é indispensável para que possa haver concepção e envolve processos fisiológicos simultâneos como, redução do tamanho do útero, perda de tecidos, reparação do tecido residual e 39 diminuição do fluído tissular. O tempo de involução uterina da vaca normalmente ocorre por volta dos 35 a 45 dias pós-parto (Hafez & Hafez, 2004). 6.4 PROGRAMA DE DESCARTE DE FÊMEAS As características de fertilidades de um rebanho apresentam baixa herdabilidade, sendo agravadas pelas interações de fatores ambientais e genotípicos. Ao estabelecer um programa de descarte deve ser levados em consideração, os seguintes critérios: performance reprodutiva da vaca durante a estação de monta, defeitos anatômicos externos e defeitos anatômicos do aparelho reprodutivo que impeçam uma vaca de levar sua gestação a termo. FONSECA (1991) propõe um programa apresentando sete tópicos e que encerram essas características sendo: Eliminação de todas as novilhas que se apresentarem vazias após sua primeira estação de monta. Eliminação de todas as matrizes que se apresentarem vazias por dois anos consecutivos ou não. Eliminação de todas as matrizes idosas que se apresentarem vazias. Eliminação de todas as matrizes com defeitos fenotípicos (prognatismo, bragnatismo, despigmentação, tetos muito grandes ou muito pequenos). Eliminação de todas as matrizes que tenham recusado a cria ou desmamado em situação de inferioridade em relação aos companheiros de rebanho. Eliminação de todas as matrizes vazias que apresentarem quaisquer alterações do aparelho genital ao exame ginecológico (endometrites, vaginites, útero flácido, ovários afuncionais ou/ assimétricos, cérvix tortuosa, excessivamente grande ou prolapsada, alterações de tuba, dos ligamentos ou da cavidade pélvica de modo geral). As matrizes vazias que escaparem desta triagem serão identificadas e aguardarão a próxima estação de monta, quando terão um prazo de 30 40 dias para se transformarem em reprodutoras regulares. Se falharem, deverão ser eliminadas. 6.5 PROGRAMA DE CONTROLE SANITÁRIO Para prevenção de doenças deve-se trabalhar com um esquema profilático de controle das principais enfermidades e parasitoses da região. O mais prático é fazer um cronograma e deixá-lo na propriedade. Deverão ficar programados os meses de exames, das vacinas e dos tratamentos periódicos. Tabela 2 -PROGRAMA DE MANEJO SANITÁRIO (PALHANO, 2008). 41 7 INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO-IATF 7.1 INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL A inseminação artificial tem sido utilizada em rebanhos de corte, principalmente em rebanhos de elite, no Brasil, com um efetivo bovino de 180 milhões de cabeças de gado, apenas 7% das fêmeas são inseminadas. Entende-se por inseminação artificial a deposição mecânica do sêmen no aparelho reprodutivo da fêmea com o objetivo de fertilização do óvulo. Condições mínimas para que ocorra a inseminação artificial: Nutrição adequada. Controle sanitário Manejo eficiente Fêmeas com idade de reprodução Fêmeas com algum potencial genético Funcionário com potencial para ser um bom inseminador. 7.1.1 Vantagens da inseminação artificial: Citam-se como vantagens da inseminação artificial: Melhoramento do rebanho em menor tempo e a baixo custo. Melhor aproveitamento de reprodutores de alto potencial genético. Aumento no número de descendentes de um reprodutor. Melhor controle sanitário do rebanho. Utilização de touros com problemas adquiridos, impossibilitados de efetuar a monta. Padronização do rebanho com a utilização de um só reprodutor em um grande número de vacas. Viabilização e maior eficiência no teste de progênie. Controle de doenças hereditárias. 42 7.1.2 Reconhecimento do cio Recomenda-se para o reconhecimento do cio duas ou mais observações diárias, com intervalo de pelo menos de 60 minutos a cada observação, durante a qual o observador deverá estar atento ao comportamento do rebanho. O cio é o período em que a fêmea aceita a monta, mais há outros sinais que ajudem na identificação do cio, como: inquietação (o animal mantem a cauda erguida), urina constantemente, a vulva apresenta-se edemaciada e brilhante, com muco cristalino, chegando, no início, a montar nas companheiras. Obviamente a manifestação de cios de muitas vacas pode ocorrer no período noturno, que só poderá ser detectado com maior precisão com a utilização do rufião com buçal marcador. Boas condições ambientais (água de qualidade, sombreamento e boa pastagem) favorecem a manifestação e consequente identificação de cios (PALHANO, 2008). Como o Brasil possui cerca de 73 milhões de fêmeas bovinas em reprodução, com prevalência de aproximadamente 80% de sangue zebu (bosindicus), criadas na sua grande maioria a pasto, ocorrem significativos comprometimentos na taxa de detecção de cio e na eficiência dos programas de Inseminação artificial (BARUSELLI, 2004). O cio se caracteriza por uma série de transformações no comportamento e fisiologia da fêmea, ocasionadas pelo aumento da circulação de hormônios estrogênicos. É a fase em que a fêmea aceita a monta (HARTMANN, 2010). Sinais externos de cio: A vaca fica inquieta e separada das demais; Urina frequentemente; Apresenta vulva edemaciada, hiperêmica e procura manter a cauda erguida; A queda de produção de leite e a diminuição da ingestão de alimentos; Monta sobre outras vacas; Apresenta corrimento vaginal cristalino e transparente. 43 7.1.3 Problemas da baixa taxa de detecção de estro Os problemas que levam à baixa detecção de estro devem ser solucionados com as seguintes medidas: A observação do cio deve ter prioridade máxima dentro do manejo. Evitar atividades paralelas nos momentos de observação de cio. Utilizar fichas e quadros de rebanhos para facilitar o trabalho de identificação. As observações devem ser realizadas pelo menos duas vezes ao dia. As pessoas envolvidas no serviço de inseminação devem conhecer os sinais de cio. Vacas estabuladas ou não devem ser observadas em grupos, em áreas de conforto. Usar ajuda de rufião para detecção de cio. O método de Trimberger serve para avaliar qual o melhor momento para IA (Figura 7). FIGURA 7: MÉTODO DE TRIMBERGER 44 7.2 INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO A inseminação artificial em tempo fixo (IATF) é uma técnica que visa facilitar o manejo da inseminação artificial reduzindo a mão-de-obra e concentrando as atividades (BARROS et al, 2000). Como qualquer outra técnica, não pode ser aplicada em todas as condições de manejo existentes e merece uma detalhada avaliação do seu custo beneficio, pois os resultados dos trabalhos de pesquisa apontaram, além do custo de medicamentos muito elevado, taxas de gestação similares ou levemente inferiores a protocolos padrão de inseminação artificial. Porém pesquisas observaram um aumento da taxa de concepção e prenhez após IATF comparados com IA após estro sincronizado com PGF2α (BARUSELLI, 2004). Desta maneira, um dos principais objetivos da IATF é a inseminação artificial sem a necessidade de observação de estro, pois no decorrer dos anos, com o aumento do rebanho e da produção de leite por animal, a disposição dos animais em pisos de concreto ou ainda free-stalls, dentre outros fatores levam os sinais de cio a ficarem menos visíveis ou evidentes, o que acarreta em diminuição das taxas de concepção e, por conseguinte menores taxas de prenhez na propriedade (BARUSELLI, 2004). A detecção visual de estro depende de inúmeros fatores. Em primeiro lugar, deve-se saber reconhecer os sinais comportamentais para determinar se a vaca pode ou não ser inseminada e o horário correto da inseminação. Falhas na detecção causam decréscimo na taxa de concepção e consequentemente, aumento o período de serviço. O tempo gasto por dia e o horário de observação são muito importantes na eficiência da detecção de estro. Como aumento do número de vezes/dia gastos na observação, aumenta-se a eficiência da detecção (Hafez & Hafez, 2004). As manifestações de estro são menores, devido às doenças, problemas nos membros ou a fatores estressantes, principalmente em rebanhos leiteiros. Fatores ambientais podem influenciar o número de montas durante o período de estro e também decrescem a duração e a intensidade do mesmo. Vacas alojadas em pisos de concreto também mostram o cio em menor intensidade que vacas mantidas a pasto. Portanto, a eficiência na detecção irá, provavelmente, continuar a afetar a eficiência reprodutiva em fazendas com seleção genética e com práticas de manejo que continuam a aumentar a produção de leite e bezerros. 45 São muitos os fatores que influenciam a rotina de observação de estro, o que torna muitas vezes falha, levando á baixa taxa de detecção, menor taxa de prenhes, aumento do período do parto á primeiro IA e consequentemente, maior intervalo entre partos. Desta maneira, a técnica de IATF vem eliminar a necessidade de observação de cios, que quando insatisfatória acarreta grandes prejuízos para a pecuária(BARROS, 2000). 7.2.1 Vantagens da IATF A inseminação artificial mostrou ser uma técnica viável economicamente para acelerar o ganho genético e o retorno econômico da pecuária. No entanto, em todo o mundo existem relatos que indicam baixa taxa de serviço em bovinos, devido também ao comprometimento na eficiência de detecção de estro. Desta forma, programas que visam empregar a inseminação em tempo fixo, sem necessidade de observação do estro, podem colaborar no aumento do emprego desta tecnologia e, possivelmente, na taxa de prenhez, pelo aumento da eficiência reprodutiva. (MADUREIRA, 2000). Porém, a simples justificativa de eliminar a observação de estro não pode ser considerada como principal argumento para o emprego da IATF. A maior parte dos trabalhos relatou que não se consegue detectar mais do que 50% dos cios. Istopode ser verdade em rebanhos mal manejados, onde a tarefa de detecção não fica a cargo de uma pessoa capacitada para tal (FERNANDES, 1997). Outro detalhe é que esta técnica (IATF) elimina a necessidade de observação de estro para inseminação artificial somente durante o protocolo. É imprescindível a correta detecção dos animais que retornam ao cio após a inseminação em tempo fixo, para que sejam re-inseminados o mais rápido possível. Caso contrário, somente poderiam ser reutilizados após diagnóstico de gestação, o que levaria tempo e, com certeza, prejudicaria a eficiência reprodutiva (FERNANDES, 1997). 46 Tabela 3: Informações sobre o aumento da utilização de IATF no Brasil. 7.2.2 As principais vantagens da IATF Destacam-se como as principais vantagens da IATF: Permite a inseminação de grande quantidade de vacas ao dia, aumentando a produtividade da inseminação artificial. Aumenta a produção de bezerros provenientes de inseminação artificial (melhoramento genético). Elimina a necessidade de observação de cio para se realizar a inseminação. Torna possível inseminarem-se vacas em anestro com boas taxas de prenhez. As fêmeas que não emprenham da IATF passam a apresentar cios regularmente, se tornando prenhes mais facilmente, através de repasse com IA convencional ou com uso de touros. Permite obter altas taxas de prenhez já no inicio da estação de monta. Antecipa e concentra o nascimento de bezerros, fazendo com que apresentem maior peso ao desmame. Diminui o intervalo entre partos e a nova prenhez das vacas do rebanho, aumentando a eficiência reprodutiva. Diminui o intervalo entre parto do rebanho, aumentando a produção de bezerros e leite ao ano. 47 Diminui o descarte de fêmeas que ficariam vazias ao final da estação de monta, se a IATF não fosse utilizada. Diminui a necessidade de compra e manutenção de touros de repasse. Facilita o manejo para inseminar as vacas. 7.2.3 Desvantagens da IATF Como desvantagens da IATF pode-se citar: o custo do protocolo, desinformação da queda do custo do protocolo pelo produtor e mão de obra qualificada. 7.2.4 Limitações da IATF Entre as limitações da IATF pode-se destacar: boa nutrição e condição corpora l (ECC acima de 2,5); sanidade: rebanho isento de doenças, instalações (tronco de contenção), organização: aplicação dos fármacos (IM) em todos os animais e em todas as etapas do protocolo, qualidade do sêmen e por fim acompanhamento técnico. 7.2.5 Triagem de fêmeas visando inclusão em programas de IATF Para melhorar os índices de IATF indica-se uma avaliação seguindo os seguintes tópicos: Identificação e escrituração zootécnica confiável, Escore de condição corporal, Ciclicidade, Infecções uterinas inespecíficas, Doenças da reprodução (campilobacteriose, tricomonose, brucelose) e outra que interferem na reprodução (leptospirose, IBR, BVD), Histórico de maceração fetal em gestação anterior, Defeitos anatômicos do sistema genital. 48 7.2.6 Estrutura e análise para programas de IATF A estrutura e análise para programas de IATF deverão ser analisados os seguintes itens: Instalações Inseminadores versus número de animais a serem inseminados Diagnóstico de gestação: palpação retal versus U-S Custo do sêmen versus protocolo a ser utilizado. Análise da taxa de detecção de estro e taxa de concepção ao primeiro serviço. 7.3 SINCRONIZAÇÃO DE ESTRO Visando minimizar os prejuízos causados por um longo intervalo de partos em gado de corte e leite, diversos estudos foram desenvolvidos no campo da manipulação hormonal para a sincronização da ovulação. Além de reduzir o intervalo entre partos, viabiliza de forma mais eficaz, a inseminação artificial e a concentração de parição, proporcionando, assim, a formação de lotes mais homogêneos de animais para abate. A escolha dos principais protocolos a serem utilizados deverá estar baseada nas características de viabilidade econômica e prática da propriedade trabalhada (qualificação de mão-obra, características da observação de cio, uso ou não de rufião, número de animais, uso da ultrassonografia para diagnóstico precoce de gestação). Os métodos de sincronização compreendem o uso de drogas que agem ao nível hipotalâmico-hipofisário e/ou gonadal. Os primeiros métodos de sincronização de estros eram baseados na redução da fase luteínica com o uso de análogos sintéticos de prostaglandinas, sendo indispensável que as fêmeas a participarem deste programa apresentassem atividade ovariana luteal cíclica (AOLC), pois estes compostos atuam especificamente promovendo luteólise e consequente manifestação de estro num período aproximado de 48 a 96 horas. 49 7.3.1 Programas Hormonais para IATF Pursleyet al. (1997) apresentaram à comunidade científica os resultados de trabalhos desenvolvidos com a finalidade de se realizar a inseminação artificial em tempo fixo (IATF) sincronizando a ovulação de fêmeas bovinas para minimizar o impacto negativo associado ás dificuldades de detecção de estro em propriedades de exploração leiteira. Foi elaborado o protocolo Ovysynch, cuja taxa de ovulação proporcionada dependerá do tamanho do folículo no momento da indução, da taxa de progesterona circulante e de fatores externos. A fertilidade dependerá ainda da qualidade do oócito liberado, do perfil hormonal, do transporte dos gametas, do reconhecimento materno da gestação, da estrutura luteal formada para a manutenção da gestação, da inexistência de patologias, do inseminador e do próprio sêmen. Os resultados em taxa de gestação obtidos normalmente com este protocolo são próximos a 35% a 40% (considerando-se que não haja perda embrionária). Este programa hormonal serviu de modelo para a grande maioria dos protocolos atualmente utilizados para este fim, apresentados todos eles basicamente três princípios, ou três fundamentos que são: Sincronização da onda de crescimento folicular: è a ovulação ou atresia do folículo dominante induzida com o uso de GnRH em dia aleatório do ciclo estral, determinando a emergência de uma nova onda de crescimento folicular num período de dois a três dias após a sua aplicação. Luteólise: é a lise do corpo lúteo do ciclo natural e de uma provável estrutura luteal formada após a sincronização com GnRH, quando o folículo dominante da onda sincronizada ovula e não entra em atresia. A indução da luteólise com as prostaglandinas determina rápida queda na taxa de progesterona. Indução de Ovulação: realizada após 48 horas da aplicação de PGF2α, novamente é aplicada uma dose de GnRH, que determinará a ovulação de um folículo dominante quando a sincronização for realizada com sucesso. 50 7.3.2Protocolo Ovsynch Protocolo pioneiro para sincronização de vacas, a partir deste protocolo desenvolveram-se vários outros protocolos para sincronização de estro. Alvarez et al.,(2003) avaliaram a eficácia do protocolo Ovsynch em rebanhos Bostaurus e Bosindicus utilizando rebanhos das raças Holandesa, Caracu, Nelore e Mantiqueira. Neste estudo também foi incluído um rebanho de vacas Gir com problemas de fertilidade. Cada rebanho foi dividido em três grupos, sendo o primeiro grupo tratado pelo protocolo Ovsynch e inseminado em tempo fixo, o segundo grupo inseminado em cio induzido pelo cloproestenol, e o terceiro grupo inseminado em cio natural. Não houve diferença estatística significativa na taxa de concepção entre os grupos, contudo a taxa de prenhez foi superior no primeiro e segundo grupo quando comparado ao terceiro grupo. No rebanho Gir não encontraram alteração na taxa de prenhez nem na taxa de concepção utilizando o protocolo Ovsynch, não aumentando assim a fertilidade de vacas com problemas reprodutivos inespecíficos. Concluíram os autores que independentemente da raça, os tratamentos Ovsynch e cloprostenol não afetam a taxa de concepção, mas melhoram a taxa de prenhez. Os trabalhos foram realizados no período de janeiro a junho de 2001 nas estações experimentais do Instituto de Zootecnia em Nova Odessa e em Pindamonhangaba, no Estado de São Paulo. Gonçalves et al.,(2001) descreveram o protocolo Select-synch, como um alternativa ao protocolo Ovsynch, no qual se realiza a sincronização da primeira onda com o uso de GnRH em D0 e aplicação de prostaglandina em D7. A partir de D9 substitui-se á aplicação de GnRH pela observação de cio para IA. A utilização de implantes vaginais de progesterona adaptados ao protocolo Ovsynch vem proporcionando melhores resultados na taxa de prenhez, em fêmeas nelore a campo que se apresentam em anestro (pelo estímulo da mamada), desde 51 que apresentem boa condição corporal (> 3). Melhores resultados também são obtidos em vacas ciclando quando comparamos a protocolos sem uso de progesterona, sendo o uso deste hormônio extremamente vantajoso quando a finalidade da sincronização e a Inseminação artificial em tempo fixo. Trabalhos realizados com Flunixin Meglumine, aplicado 16 dias após IATF, vêm proporcionando resultados animadores quanto á diminuição de perdas embrionárias precoces ao inibir a síntese de prostaglandina endometrial no período do reconhecimento materno na gestação. Contudo, ainda é necessário um maior número de fêmeas avaliadas para uma interferência mais segura da eficiência deste procedimento. 7.3.3 Protocolo IATF Atualmente existe uma grande variedade de protocolos para IATF, cujos resultados em taxa de concepção giram em torno de 50%. As pesquisas com o uso do hormônio ECG (novormon®) apontam para maiores ganhos, principalmente, em vacas leiteiras e vacas de corte em anestro pós-parto. Dentro das possibilidades da utilização da IATF em gado de corte, as pesquisas apontam para maiores vantagens, quando realizada no início da estação de monta, pois proporcionará a desmama de crias mais pesadas e melhor distribuição de vacas gestantes. Com relação ao repasse com touros, o ganho genético pela IA também determinará a obtenção de bezerros mais pesados à desmama. 52 8 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES REALIZADAS DURANTE O ESTÁGIO. As atividades realizadas durante o estágio foram voltadas a produção e reprodução animal, e foi possível trabalhar em vários campos da Medicina Veterinária como clinica e cirurgia. Durante o estágio foram realizadas atividades como exames andrológicos, testes para brucelose e tuberculose, procedimentos cirúrgicos, procedimentos clínicos em bovinos de corte e leite, diagnóstico de doenças que interferem na produção leiteira e reprodução do gado de corte. TABELA 4 – IATF EM GADO COMERCIAL D-0 Implante de Progestágeno(Cronipres®). 2,0 ml de Benzoato de Estradiol(Cronibest®). D-8 Retirada do implante 1,5 ml de PGF (Ciosin®). 1,5 ml de ECG(novormon®) 0,5 ml de Cipionato de Estradiol D-10 IA entre 10:00 e 18:00 Fonte: Fazzembryo, 2011 Este protocolo foi utilizado para IATF em grandes escalas comerciais. Geralmente utilizado para produção de animais destinados ao confinamento e abate. Quando as gestações resultam em nascimento de fêmeas estas são avaliadas e podem ser utilizadas como receptoras para TETF. 53 TABELA 5– IATF EM GADO PO D-0 Implante em Progestágenos(Cronipres®). 2,0 ml de Benzoato de Estradiol(Cronibest®). D-8 Retirada do implante 2 ml de PGF(Ciosin®). 2 ml de ECG(Novormon®). 0,5 ml de Cipionato de Estradiol D-10 IA entre 10:00 e 18:00 Fonte: Fazzembryo, 2011 Este protocolo foi utilizado em animais puros de origem (PO) e de maior valor comercial. A principal diferença deste protocolo em relação aos demais é a utilização de maior dose ECG e PGF, estimulando o desenvolvimento folicular ovariano e aumentando a ação de FSH e LH. 54 TABELA 6 – ATIVIDADES REALIZADAS EM BOVINOS HISTÓRICO NÚMERO DE CASOS PARTICIPAÇÃO % CLÍNICA Brucelose e Tuberculose 268 64,4 Pneumonia 3 0,7 Babesiose 73 17,5 Afecções Podais 24 5,7 Transfusão sanguínea 21 5,0 Metrite 18 4,3 Ceratoconjuvite 8 1,9 Diagnóstico de fratura de meta- 1 0,2 416 100 Correção Umbilical 1 33,3 Cesariana 2 66,7 TOTAL 3 100 Diagnóstico US 460 27,1 Sexagem Fetal 118 6,9 Transferência de Embriões 126 7,43 Avaliação de doadoras 272 16,0 Exames Andrológicos 316 18,6 IATF 602 35,5 TOTAL 1694 100 TOTAL 2113 100 carpo em bezerro Nelore TOTAL CURURGIA REPRODUÇÃO e receptoras 8.1 DISCUSSÃO No manejo adotado em duas propriedades onde foi possível acompanhar o clico completo da Inseminação Artificial em Tempo Fixo, o proprietário junto com o Médico Veterinário adotaram um manejo e IATF e após Monta Natural. 55 Na propriedade I foram protocolados 100 animais da raça Nelore com ECC acima de 2,5 após o protocolo de IATF, as fêmeas ficaram soltas com touros para que fosse feito o repasse das fêmeas que não obtiveram êxito na IATF. Para verificar o percentual de fêmeas em gestação do protocolo de IATF, foi feito diagnóstico de gestação aos 30 dias com auxilio de ultrassom, após 60 dias do protocolo de IATF e outro diagnóstico de gestação para avaliar qual o percentual de fêmeas obtiveram gestação de touros a campo. Com os resultados do primeiro e segundo diagnóstico de gestação, foi possível avaliar qual foi à porcentagem de fêmeas que obtiveram a gestação da IATF e da monta natural, no ultrassom de 30 dias foi detectado que 52 fêmeas gestantes e no ultrassom de 60 dias as 48 outras fêmeas estavam gestando com concepção de monta natural. De acordo com a média brasileira de IATF que está em torno de 50% de concepção, na propriedade I pode ser avaliado que a média ficou em 52% de concepção da IATF e 48% de concepção de monta natural, totalizando 100% do rebanho acompanhado. Na propriedade II foram protocoladas 160 fêmeas Nelore, com ECC entre 1,5 e 2,5. Após o protocolo, os animais foram soltos a campo com touros, e após 30 dias foi feito diagnóstico de gestação com auxilio de US, neste procedimento verificou-se que 45% das fêmeas (72) estavam em gestação. A partir do protocolo de IATF, após 60 dias foi feito diagnóstico de gestação para avaliar as taxas de concepção com monta natural que foi de 50% totalizando 44 fêmeas gestantes de monta natural. Os resultados do protocolo na propriedade II ficaram abaixo da média brasileira, pelo fato de que os animais apresentaram abaixo ECC, que foi muito significante para uma boa taxa de concepção de IATF. No total, após o protocolo de IATF e monta natural obteve-se 72,5% de fêmeas gestando. 56 9 CONCLUSÃO A inseminação artificial em tempo fixo apresenta-se como uma importante alternativa para superar os problemas de baixa taxa de concepção, que ocorre em várias fazendas. Quando a IATF é utilizada tem-se uma média de aproximadamente 50% das fêmeas, sincronizadas que emprenham apenas com uma inseminação. Porém, para se implantar um manejo de IATF em uma propriedade, o médico veterinário deverá ser criterioso em alguns aspectos como: manejo nutricional, instalações, manejo sanitário, pois estes são alguns fatores que fazem com que os resultados das taxas de concepção baixas, e, por conseguinte, acarretarão na desmotivação do proprietário. O estágio curricular foi de grande importância para o aprimoramento da formação técnica, profissional e pessoal do futuro médico veterinário. Através dele foi possível colocar em prática os ensinamentos realizados na Universidade, especificamente nas áreas de clínica, cirurgia, manejo nutricional e biotecnologias da reprodução em grandes animais. Durante o estágio acompanhou-se o orientador profissional por várias propriedades, conhecendo manejos adequados para cada realidade. Houve a possibilidade de realizar contato com grandes produtores trocando informações com relação ao manejo, criação e comercialização de animais. 57 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBUQUERQUE, F.T; BARROS FILHO, J.B.; VIANA, J.H.M. Bases Anatômicas, Fisiológicas e Histológicas da Reprodução da Fêmea. UFLA – Universidade Federal de Lavras, Lavras. 2004. ALVAREZ, R.H. et al. Eficácia do tratamento Ovsynch associado á inseminação artificial pré-fixada em rebanhos Bostaurus e Bosindicus. Pesq. Agropec. Bras., v.38, n.2, p317-323, 2003. BARBOSA, F.A. Planejamento e Estratégias Nutricionais como ferramenta para Aumento na Rentabilidade da Pecuária de Corte.III Simpósio nacional sobre Pecuária e Gerenciamento da Pecuária de Corte. Escola veterinária da UFMG, Belo Horizonte-MG, 2004 BARROS, C.M. Controle farmacológico do ciclo estral e superovulação em zebuínos de corte. In: SIMPÓSIO SOBRE CONTROLE FARMACOLÓGICO DO CICLO ESTRAL EM RUMINANTES, 2000. São Paulo, Anais... 2000, São Paulo, p.158-189. 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