Bases neurofisiológicas do treinamento pliométrico. wfsmcu@yahoo

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Bases neurofisiológicas do treinamento pliométrico.
Wemerson França 1, Taynara de Carvalho 2, Henrique Viana Taveira 3.
1) Licenciado e Acadêmico do curso de Bacharelado em educação física da faculdade do futuro –
[email protected]
2) Licenciada e Acadêmica do curso de Bacharelado em educação física da faculdade do futuro –
[email protected]
3) Licenciado e Bacharel em Educação Física; Especialista em Cinesiologia, Biomecânica e
Treinamento Físico; Docente da FAF – [email protected]
Introdução
Os exercícios pliométricos dizem respeito a atividades que permitem um músculo
alcançar força máxima no menor tempo possível (POTACH E CHU, 2010). Não se trata de
uma técnica recente utilizada por esportistas, em 1968 o treinador russo, Yuri Verkhoshansky
realizou os primeiros experimentos para treinar a força explosiva dos saltadores de sua
equipe. Inicialmente foi chamado de “método de choque” onde os atletas executaram um salto
vertical de esforço máximo de três posições iniciais diferentes e comparavam-se os resultados
(VERKHOSHANSKY, 2012). A partir dos resultados obtidos, confirmou-se então grande
influência da posição inicial e velocidade de execução na melhora de desempenho.
Posteriormente foram explicadas também as ações neurofisiológicas na ação o que por fim se
tornou o treinamento pliométrico que hoje é difundido.
Potach e Chu (2010) explicam dois modelos que podem elucidar o aumento
consistente de força e potência através do treinamento pliométrico, contudo tanto os modelos
propostos pelos autores quanto mecanismos envolvidos não são comumente difundidos pelos
profissionais da área, mais precisamente os mecanismos envolvendo as adaptações
neurofisiológicas que serão a seguir.
Tendo como base o supracitado o presente estudo visou identificar quais os
mecanismos de adaptação responsáveis pela melhora de desempenho em força explosiva e
potência como resultado do treinamento pliométrico.
Métodos
O presente estudo foi desenvolvido por revisão bibliográfica através de análise
exploratória dos materiais já elaborados, constituído por livros e artigos científicos (GIL,
2008). Os artigos foram selecionados nas bases de dados Scielo, Google Acadêmico, Medline
e Lilacs. Foram utilizados os descritores treinamento pliométrico, pliometria, exercício
pliométrico e bases fisiológicas da pliometria. Foram considerados os textos relevantes
publicados após 2006 até a presente data.
Resultados e Discussões
O modelo mecânico descrito por Potach e Chu (2010) evidencia que a energia nos
componentes músculotendinosos é aumentada com um alongamento rápido e então
armazenada, imediatamente acontece uma ação muscular concêntrica o que proporciona a
liberação da energia armazenada para aumento da produção total de força. Caso não aconteça
uma ação concêntrica imediata à ação excêntrica a energia armazenada é dissipada em forma
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de calor. Já o modelo neurofisiológico envolve a potencialização da ação muscular
concêntrica através do aproveitamento do reflexo de estiramento.
O benefício do treinamento pliométrico está relacionado à sua capacidade de melhorar
a chamada Capacidade Reativa do sistema neuro-muscular (permitindo maior produção de
força na fase concêntrica) graças aos dois fatores: Miogênica - a utilização do armazenamento
de energia elástica no tecido do tendão e Neurogênica - alteração das taxas de temporização e
disparo das unidades motoras envolvidas no reflexo miotático (VERKHOSHANSKY apud
BOSCO, 2012).
De Rose (2009) diz que o reflexo miotático ocorre durante a fase excêntrica do ciclo
de alongamento-encurtamento em resposta ao alongamento dos fusos musculares (receptores
que são afetados por mudanças no comprimento muscular e a velocidade da variação do
comprimento). Quanto mais rápida for a velocidade inicial depois do impacto, maior a
amplitude de aferentes do fuso muscular. O autor ainda cita um estudo realizado por Kilani no
qual foi descoberto que, se o reflexo de estiramento é bloqueado por meio de um anestésico
local (Novocaína), a capacidade para aumentar o desempenho de uma contração muscular do
tipo pliométrica é diminuída.
Para Rossi e Brandalise (2007) dois reflexos são de extrema importância para
produção de força durante a atividade pliométrica: a ativação do reflexo miotático via
estiramento rápido do fuso muscular e a dessenssibilização do Órgão Tendinoso de Golgi
(OTG) já que estes são limitadores da tensão muscular, inibindo a produção de força.
Um indivíduo que realiza treinamento pliométrico tem uma melhoria na coordenação
intramuscular e intermuscular, além da atividade miotática, proporcionado aumento da
eficiência neural, corrigindo déficit proprioceptivo e melhorando o desempenho
neuromuscular (ROSSI E BRANDALISE, 2007).
Segundo Soares (2006) durante o treinamento pliométrico deve-se alcançar, maior
velocidade de movimento e percorrer maior distância (saltos vertical ou horizontal) possível
em um tempo permitido. A explicação para ato é que segundo as bases neurofisiológicas da
pliometria quanto maior a velocidade gerada pelo exercício, maior será a ativação do reflexo
miotático e o armazenamento de energia elástica pelo componente elástico do músculo,
resultando numa posterior contração muscular concêntrica vigorosa e explosiva. Assim o
reflexo miotático tem ação direta com os agonistas e antagonistas do movimento.
Soares (2006) explica ainda que em um programa de treinamento pliométrico a
ativação dos componentes neurofisiológicos não acontecerá corretamente se a execução das
atividades for de maneira lenta, logo os resultados desejados não serão alcançados. O autor
conclui em seu trabalho que a pliometria quanto realizada de maneira criteriosa, seguindo os
princípios do treinamento promove ganho de força explosiva de forma consciente e
progressiva, que tal ganho é devido a capacidade de adaptar e treinar o sistema neuromuscular
e não através de mudanças morfológicas nos músculos.
Bompa apud Silva (2014) diz que os movimentos pliométricos utilizam-se da ação
muscular que acontece de modo reflexo, quando há uma contração das fibras musculares e
posterior a isso realiza-se um alongamento destas mesmas fibras, as quais chegam perto de
uma alongamento excessivo e são recebidos pelo fuso muscular e o OTG, que travam o
movimento e conseguem assim aplicar uma contração muscular com muita força armazenada,
através de impulsos nervosos advindos da medula espinhal, proporcionado assim um ganho
de força explosiva.
Conclusão
Ficou evidenciado que tanto fuso muscular quanto OTG desempenham um importante
papel de proteção do músculo, não somente pela ativação de uma contração através dos
músculos antagonistas para diminuir a tensão e prevenir uma lesão, mas também pelo
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armazenamento e aproveitamento da energia produzida para execução de um novo trabalho
muscular. A redução da sensibilidade do OTG se mostrou fator determinante nesta ação,
conseguida através do respeito e disciplina ao treinamento.
Desta forma fica evidente que os fatores neurofisiológicos são fundamentais para o
aumento na produção de força durante a atividade pliométrica, as adaptações que advém do
treinamento foram amplamente discutidas no escopo do texto apresentado e demonstrado ainda
que mesmo que o músculo não sofra mudanças morfológicas haverá ganho de força com o
treinamento, e tal fato não seria possível sem as adaptações neurofisiológicas. Vale salientar que
não houve estudos suficientes para determinar qual a porcentagem de contribuição do modelo
mecânico e modelo neurofisiológico, sendo inquestionável sua contribuição para o aumento de
força.
Descritores/ Palavras Chave
Educação Física; Treinamento Pliométrico; Neurofisiologia.
Referências
POTACH, David H. CHU, Donald A. Treinamento Pliométrico; in: Earle, Roger / Baechle,
Thomas R.: Fundamentos do treinamento de força e do condicionamento. 1 ed. Barueri:
Manole, 2010.
DE ROSE, Leandro. Bases Neurofisiológicas de la Contracción Pliométrica. VIII Congreso
Argentino y III Latinoamericano de de Educación Física y Ciencias. 2009.
GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Atlas, 2008.
VERKHOSHANSKY, Natalia. Shock Method and Plyometrics: Updates and an In-Depth
Examination. Central Virginia Sport Performance, p.75. 2012.
ROSSI, Luciano Pavan. BRANDALIZE, Michelle. Pliometria Aplicada à Reabilitação de
Atletas. Revista Salus-Guarapuava-PR. jan./jun. p. 77-85. 2007.
SILVA, Vinícius Fonsêca Neves da. Efeitos do Treinamento Pliométrico Sobre a Flexibilidade
em Atletas Femininas de Futsal Universitário, Faculdade de Ciências da Educação e Saúde –
FACES. 2014.
SOARES, Gustavo Rebello. Quantificando a Pliometria na Reabilitação de Atletas. Revista
Brasileira de Fisiologia do Exercício – v. 5 n. 1 - jan/dez. 2006.
WILMORE, Jack Harrison. COSTILL, David L. Fisiologia do esporte e do exercício. Tradução
de Dr. Marcos Ikeda. 2. ed. Barueri: Manole, 2001.
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