A AULA UNIVERSITÁRIA: DEFINIÇÃO, TIPOS E

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A AULA UNIVERSITÁRIA: DEFINIÇÃO, TIPOS E IMPORTÂNCIA NA
QUALIDADE DO ENSINO
RESUMO
Prof. Dr. Benito Almaguer Luaiza
CEPEDH. Imperatriz/MA
Diretor do Centro de Estudos e Pesquisas para o Desenvolvimento Humano
Psicanalista do Consultório Equilíbrio
Núcleo de estudos e pesquisas educacionais “Andrea L. Rojas”
Email: [email protected]
Este artigo inédito é resultado de vários anos de pesquisas
teóricos e empíricas, incluindo também, uma revisão da literatura de
pesquisa didático-pedagógica e reflexões críticas sobre experiências
em diversos contextos. Tentar-se-á esclarecer aos interessados no
assunto o que é uma aula como categoria didática; a partir de uma breve,
mas cientificamente fundamentada teoria produzida pela pesquisa e
prática do autor, pesquisas desenvolvidas pelo Instituto Central de
Ciências Pedagógicas –ICCP (Cuba), e o Centro de Estudos e
Pesquisas para o Desenvolvimento Humano –CEPEDH (Brasil), e
outras práticas e experiências internacionais. Depois de definir o que é
uma aula, se passa a identificar sua estrutura, sua tipologia, e logo, a
importância de esta operação didática que determina a qualidade do
ensino superior, entre muitos outros aspectos subjetivos e objetivos do
processo docente. Incluem-se ao final, os tipos de aulas metodológicas
que têm o papel de desenvolver as competências didático-pedagógicas
dos professores universitários. O resultado significativo está na
delimitação do conceito de aula como o principal componente da
estrutura ensinante, e núcleo entre as outras duas categorias didáticas
de Docência e Aprendência, onde se concretizam e se articulam a
dinâmica do ensino e o desenho curricular, também, é digno destacar a
tipologia que ajudará no planejamento didático.
PALVRAS CHAVES: Aula, Ensino Superior, Professor
Universitário.
INTRODUÇÃO
Toda ciência sustenta sua fundamentação teórica a
partir de suas categorias. A Didática, como ciência
autônoma, não é diferente; e por isso, seu estudo se
sustenta, entre outras coisas, nas três principais categorias
gerais: docência, aula e aprendência. Neste trabalho em
particular se centrará a análise na categoria aula, como foi
definido no título do trabalho. Este trabalho constitui um
esforço para esclarecer o que realmente se deve identificar
como aula, no contexto universitário.
A palavra aula, na prática do dia-a-dia se associa ou
bem a espaço ou a tempo. Por exemplo, segundo
Antunes,C (2009) um dos conceitos para aula é bem mais
espaço ou local para o ensino do que propriamente a forma
de construí-lo. Ainda, sobre essa conceição de espaço é
interessante sinalar que em espanhol a palavra aula, com
igual pronunciação e igual grafia, designa o espaço onde se
desenvolvem as lições (“clases” em espanhol). O seja que
sala de aula em espanhol se diz “aula”; enquanto ao que se
conhece no português como aula, no espanhol se identifica
como “clase”.
Por outro lado, os que não consideram aula
relacionada diretamente ao espaço, a relacionam ao
tempo. Daí, que existe uma falsa consideração, na qual
toda atividade que realiza um professor na sala de aula que
dure aproximadamente de 45 a 60 minutos é uma aula. No
dia-a-dia, também, se fala em diversos contextos escolares
de aula, como unidade de medida do trabalho do professor.
Inclusive, muitas instituições de iniciativa privada, pagam
erroneamente, a partir do número de “aulas” que tem o
professor. Por isso, é comum escutar, inclusive algum que
outro professor dizer algo assim como: “_Ainda, tenho duas
aulas para concluir meu trabalho, hoje”, quando na verdade
se está referendo a dois turnos, contactos, encontros, etc,
ou seja, um determinado tempo que tem com os
estudantes.
Se a essência da aula, como termo, e ainda mais que
termo, como categoria didática, não é determinado nem por
o tempo, que naturalmente influi nela, nem por o espaço,
que também vai influir, mas não o vai determinar, o quê será
o essencial e determinante na sua definição e, portanto, na
sua identidade? A seguir se tratará de definir este termo,
como uma categoria da ciência autônoma que tem como
objeto de estudo o ensino, por tanto é importante
considerar que no trabalho se abordam os conceito de
atividade, ação e operação dentro do contexto de suas
relação que implica ir desde o geral ao particular através
destas três instancias do quefazer humano.
1 Definição de aula e sua estrutura
A aula será espaço? Será tempo? O que será? O
espaço não define a aula, pois esta pode acontecer em
diversos contextos. A aula pode acontecer, não só na sala
de aula, mas também, na rua, na praça, no hospital, na
fábrica, na comunidade, no escritório, etc. E o tempo vai
definir a aula? Enquanto ao tempo, esse vai variar, pelo seu
caráter flexível, mas influenciado diretamente pela relação
do currículo e a dinâmica de ensino, concretizado na
docência. “Sua duração esta determinada de acordo com
pontos de vistas pedagógicos e da organização escolar.”
(NEUNER,G. ET AL, 1981, p.304. Trad. autor).
Naturalmente, que estas categorias universais de
tempo e espaço vão influenciar as próprias características
de uma determinada aula, não obstante, elas não a vão a
definir. Ainda, o termo aula tenha sua etimologia ligada ao
conceito de lugar, não é esta particularidade o que vai a
definir-la.
Etimologicamente, a palavra portuguesa aula deve
ter suas origens na palavra grega “aulé” que significa
“espaço livre” ou do Latin “Aula” com a significação de
“pátio”. É notório que em todos os casos seu referente é
lugar e não ação ou processo. Não obstante, aqui se
valorará não a palavra aula, e sim, o termo didático, que a
sua vez constitui ser uma categoria da didática, junto à
docência e a aprendência.
Tem autores que referem a tempo e espaço onde
vai-se desenvolver o aprendizagem. “A aula é o espaço e o
tempo no qual e durante o qual os sujeitos do processo de
aprendizagem (o professor e alunos) se encontram para
juntos realizarem uma série de ações...” (MASETTO M.T.
2001, p. 85.)
Tem autores, que como Bueno,T (2009) enfocam a
aula, na sua definição na linha daqueles que consideram a
aula como espaço, local, e não, os que consideram a aula
como ação, operação (processo) didático. Não obstante,
ela destaca o “processo de busca constante e contínua de
construção e reconstrução de significados para cada
universo individual” que está inserido em cada aula. Para
esta autora:
A aula é um espaço de convivência múltipla, onde as
diversas áreas do conhecimento se confrontam e se
fecundam, num processo de busca constante e
contínua de construção e reconstrução de significados
para cada universo individual. É nessa dinâmica que
se vai construindo e reconstruindo historicamente o
sujeito epistêmico: sujeito do conhecimento.
(BUENO,T.R. 2009)
Autores que seguem esta linha estão referendo-se à
sala de aula, e não a aula como categoria didática. Claro,
que se fez esta citação pelo seu valor, já que a mesma
enfatiza vários aspectos a serem considerados na
definição de aula. Nesta concepção destaca-se, o que
deve ser considerado essencial na sua definição, e é o
conjunto de aspectos a serem considerados na sua
definição: o processo, o tempo, a dinâmica e o espaço.
Portanto, ainda colocando que “aula é um espaço”, o autor
enfatiza “num processo de busca constante e contínua de
construção e reconstrução de significados para cada
universo individual”, induzindo a pensar que a aula, na
verdade, é o processo dado em tempo e espaço. Pois, o
espaço, onde ela acontece, tem uma definição, na teoria e
na prática denominada “sala de aula”. Portanto, o espaço
será a “sala”, enquanto, a aula será o processo que se dará
numa relação tempo-espacial.
A Aula, como categoria didática, constitui a principal
operação docente, onde se concreta holisticamente as
duas partes da didática: a dinâmica do ensino e o desenho
curricular. Por exemplo, para o Instituto Central de
Ciências Pedagógicas, de Cuba, em importante obra
escrita por um grupo de destacados profissionais da área
da formação docente, explicitavam que “A forma
fundamental de organização do processo docenteeducativo é a aula” (ICCP,1988,p.283.Trad. Autor)
considerado para poder desenvolver uma aula, como
operação docente. Estes autores ressaltam a organização
e planejamento da mesma. Usando outros termos, esses
autores também, referem à estrutura que deve configurar
em qualquer aula, ao mencionarem objetivos, recursos
didáticos, os conteúdos ou conhecimentos que serão
desenvolvidos, entre outros.
Então, se a aula não é só tempo, nem só espaço;
será a forma de organizar o processo docente-educativo?
Para poder entender o conceito de aula, é necessário se
abstrair à relação que essa operação sucinta. Fazendo
uma análise do geral ao particular, seria interessante ver a
relação que se estabelece entre atividade – ação –
operação. E se se considerara ela, a aula, como uma
operação? O que seria a ação onde ela estaria inserida?
Essa ação formando parte de que atividade?
Ÿ Quando o professor vai planejar suas atividades,
ações e operações do processo Docente-Educativo devem
considerar a estrutura da Docência, e logo, particularizar
na estrutura da aula. Segundo o ICCP (1983, p. 286) “a
estrutura da aula não pode ser arbitraria”, ainda, seja “um
processo criativo”. Esse caráter criativo do planejamento
das aulas não contradiz a determinação de algumas
exigências, que permitem a estruturação da aula, tais
como:
Pois bem, o ensino, como objeto de estudo e
pesquisa da didática, é uma atividade direcionada por
gestores, executada pelos docentes, à formação
qualificada dos discentes, e que ela se concretiza através
da ação didática denominada docência. A sua vez, o que
caracteriza a docência como categoria didática é
precisamente um sistema de operações didáticas que
interagem sistematicamente. No núcleo dessas operações
didáticas se encontra a aula.
Resumindo, se considera que uma aula é uma
operação docente, processo nuclear, que possibilita a
concretização do desenho curricular e a dinâmica do
ensino, estruturada, essa operação, com quatro elementos
básicos que permitem a configuração dos princípios
didáticos: o objetivo, o conteúdo, a tática e o controle.
Naturalmente, como toda operação docente, se dará em
tempo e espaço. Mas esse tempo e esse espaço
dependerão das características da docência que
demarcarão seus limites.
Cada professor tem seu próprio estilo de
desenvolver ou executar as operações didáticas
denominadas aulas. A efetividade de cada uma dela
depende da criatividade do docente. Não obstante, exista
essa flexibilidade e diversidade de tipos e formas de
desenvolver cada aula, existe em qualquer aula uma
estrutura mínima sistemática que a define como tal. Essa
estrutura interna de cada aula deve fluir em
correspondência ao sistema de aulas envolvidas dentro da
docência.
A aula, como momento planejado e organizado do
ensino traz consigo características que requerem do
professor a necessidade de sistematização de seu
trabalho junto aos alunos, pois é preciso definir os
objetivos que se pretende atingir, pensar sobre os
problemas e desafios que devem ser superados no
momento da aula, as características dos grupos de
alunos a que essa aula se destina, os conhecimentos
que serão desenvolvidos, os recursos didáticos a
serem selecionados, enfim trata-se de um processo
amplo, que terá sua concretização no encontro com os
educandos. (ZANON & MENDES, 2009)
Nessa citação se destacam os aspectos a ser
Ÿ Determinação dos objetivos instrutivo-educativos de
cada aula, em correspondência com os objetivos de
cada unidade temática (unidade didática) do
Programa da Disciplina (Plano de Ensino) e do
diagnóstico dos discentes e do contexto (estruturafísica e estrutura subjetiva);
Ÿ Análise e seleção dos conteúdos e sua relação direta
com os objetivos e nível de desenvolvimento
intelectual, procurando especificamente o conhecer,
o saber, o fazer e o ser;
Ÿ Planejar estrategicamente, que permita a flexibilidade
do tratamento tático em cada aula. Nesse
planejamento devem aparecer os possíveis métodos,
técnicas, e procedimentos a serem desenvolvidos
nas aulas, junto com a forma da docência e os
recursos ou meios didáticos a serem empregados; e
Ÿ Estabelecer as formas e vias de o professor e os
estudantes saber como exteriorizar a aprendência,
em outras palavras, o professor e o estudante devem
saber o grau e nível em que cada objetivo foi atingido.
A operação docente que viabiliza a concretização
dos conteúdos dos programas das disciplinas (currículo) e
o dinamismo que se impõe na execução dessa aula, não é
possível num só momento. Por tanto, uma palestra isolada
num evento, não é didaticamente falando uma aula, ainda,
como é lógico exista uma aprendizagem na mesma.
Em uma missa se aprende. Em um bate papo
informal num restaurante, também, se aprende. A conversa
entre casais deixa uma aprendizagem. A conversa com os
amigos, com os vezinhos, na reunião de trabalho, etc;
todas essas ações permitem a interação e com isto uma
aprendizagem. Não obstante, essas ações ou operações
não constituem aulas. A Aula, como termo didático, só se
concretiza a través de um sistema de operações docentes
denominadas Sistema de Aulas.
Esse carácter sistémico que deve estar implícito ou
explictado no conceito de aula, fica evidente nas
considerações ao respeito desenvolvida por Nagore S.
PRAHBU (2009) que explicita de forma sucinta o que se
esta tratando de esclarecer aqui.
Devo iniciar por uma concepção familiar de aula, isto
é, a de que ela é um estágio da implementação de um
curso. O curriculo é normalmente organizado como
uma seqüência acumuladora de unidades de ensino,
funcionando a seqüência como um todo como forma
de alcançar um objetivo maior, e estando cada
unidade do plano voltada para atingir sub-objetivos
menores. O ensino nas salas de aula é visto como um
movimento estável da primeira até a última unidade e
qualquer das unidades ensinadas é tomada como um
pequeno trecho da viagem percorrido. O que ocorre
numa aula pode, desse ponto de vista, ser melhor
compreendido através de referências a aulas
anteriores e posteriores e da lógica da sequência
global. (PRAHBU,N. 2009)
Nesse texto Prahbu (2009) destaca a essência da
aula “como uma seqüência acumuladora de unidades de
ensino”, forma interessante para sinalar seu caráter
sistêmico. Como se precisa de mais de um elo para formar
uma cadeia, se precisa de mais de uma aula para formar a
docência. Naturalmente, que só um sistema de aula não vai
caracterizar uma docência, mas não existe docência sem,
pelo menos, um sistema de aulas. Esse sistema de aulas
se concretiza em cada aula e ao mesmo tempo em que
cada aula é um elo dessa cadeia.
A Aula guarda direta relação com cada uma das que
conformam seu sistema, mas também, guarda uma estrita
dependência da docência. A docência como sistema de
sistema, se caracteriza pela sua complexidade. A relação
tempo-espacial de cada aula é determinada pelas
características da docência que abre ou fecha o tempo
lógico de cada uma e disponibiliza o local possível de
desenvolver essas ações e operações didáticas. Segundo
o ICCP (1983) é fundamental que o professor ao momento
de planejar suas aulas pense nesse complexo processo
docente.
O fundamental, quando o professor se prepara para
desenvolver suas aulas, é que não esqueça que cada
aula é só um elemento a mais dentro do complexo
processo de ensino. Uma aula isolada, por correto que
seja seu desenvolvimento, não garante o aprendizado
e nem a formação dos alunos. Para que isto aconteça,
é preciso ver cada aula como parte de sistemas
maiores: unidade temática, o curso, o resto das aulas
das outras disciplinas ou matérias... (ICCP, 1983, p
285. Trad. Autor).
Sustentando uma posição muito parecida,
enfatizando inclusive o caráter de sistema de sistema, das
aulas, Veiga, Resende e Fonseca (2000) na obra publicada
na coletânea de trabalhos sobre Pedagogia Universitária:
aula em foco, consideram que:
A Aula é parte do todo, está inserida na universidade
que, por sua vez, esta filiada ao sistema educacional
que também é parte de um sistema socioeconômico,
político e cultural mais amplo. Esse estudo investigou
a aula universitária como espaço de inovação nos
processos de ensinar, aprender e pesquisar. A aula
universitária é a concretude do trabalho docente
propriamente dito, que ocorre com a relação dialógica
entre professor e alunos. Ela é o locus produtivo da
aprendizagem que é, também, produção por
excelência. O resultado do ensino é a construção do
novo e a criação de uma atitude questionadora, de
busca e inquietação, sendo local de construção e
socialização de conhecimentos e cultura. O objetivo
essencial do ensino volta-se, assim, para a construção
do conhecimento mediante o processo de
aprendizagem do aluno. (VEIGA, RESENDE E
FONSECA, 2000, p. 175)
Essas importantes obras citadas coincidem em
garantir que a eficiência e eficácia das aulas esta no seu
próprio sistema. E que a sua vez esse sistema se encontra
interligado a outros sistemas de maiores complexidades.
Por tanto, uma aula por si só não garante a qualidade dos
resultados, mas, sim seu próprio sistema. Esse Sistema de
Aula vai estabelecer uma diferenciação entre cada uma
delas. Daí, a criatividade do professor tem um papel de
destaque. A competência didático-pedagógica do
professor deve delimitar, nessa cadeia de aulas, como
devem ser configuradas, a partir das tipologias de aulas
universitárias.
2. Tipos de aula universitária
Uma das maiores dificuldades dos professores da
educação superior é, em curtíssimo prazo, definir a
organização do seu sistema de aulas: seu planejamento
didático. Os passos a serem tomados pelo professor para
fazer o plano de atividades são mui importantes. Isto vai
depender do grau de percepção que esse profissional tem
da matéria, do conteúdo, dos objetivos e da relação que
estes componentes têm com as características da turma.
Geralmente, o docente universitário alega que
preparar aulas com muito tempo de antecipação é uma
perda de tempo, pois o dia dessa aula deve mudar quase
todo ou todo do que foi planejado. Claro, que quando se
prepara o sistema de aulas, não é recomendável
estabelecer a tática, mas a estratégia. Em outras palavras,
não precisa colocar as ações dele como docente, nem as
dos estudantes; só apenas, a estratégia geral da disciplina
a ser desenvolvida. Daí, por exemplo, que deva deixar
horas de reservas para os imprevistos e outras horas
reservadas às atividades integradoras.
Quando se planeja didaticamente, seria viável
estabelecer o número de aulas por unidade temática e a
forma e meios didáticos necessários para o
desenvolvimento ótimo da disciplina. Tudo isso está
diretamente ligado à escolha dos métodos a serem
utilizados, levado em consideração o fato que seja qual for
o método que utilize, deve primar pela prerrogativa de que o
estudante deve assimilar ativamente os conteúdos. Claro,
que desde a perspectiva didática esses conteúdos se
manifestam em diversos níveis e complexidades:
1.familiarização/conhecimentos,
2.saberes/habilidades,
3.atitudes/hábitos,
4.convicções/valores.
2.1 Classificação Geral de Aulas, segundo as
etapas do processo de ensino
Os métodos determinam a forma docente, e com
isso, o tipo de aula a ser desenvolvida. A escolha dos tipos
de aula vem demonstrar, não só, a capacidade do professor
de adaptar situações na aprendizagem, focalizando a
aprendência, mas também, de certa forma, vem determinar
o ritmo e os processos mentais dos membros de uma
turma. São várias as classificações dos tipos de aula. De
acordo com as etapas do processo de ensino podem se
subdividir em:
Ÿ
Introdutórias,
Ÿ
Apresentação de conteúdo,
Ÿ
Sistematizadas,
Ÿ
Exercícios, e
Ÿ
Avaliativas.
Nesta classificação, percebe-se que cada tipo de
aula está diretamente ligada às etapas do processo de
ensino, onde não se pode conceber que haja
atropelamento no processo, a fim de evitar a
correspondência entre as etapas. Como aparece no
subtítulo, é uma classificação geral, por tanto, presente em
qualquer nível ou subsistema de ensino.
2.2. Classificação de Aulas de Conteúdo Universitário.
Existe na educação superior uma tipologia de aulas
muito interessante, determinada pelo trabalho a ser
desenvolvido com o conteúdo. Em muitas universidades
norte-americanas, assim como em européias e em muitas
latino-americanas na prática do trabalho docente se
manifestam esta tipologia. Nessa perspectiva as aulas se
denominam: conferência (conference), seminário
(seminar), oficina (workshop) e laboratório (lab).
2.2.1 Conferência
Consiste na apresentação de um tema, ou temas,
geralmente novos, que devem despertar grande interesse
aos discentes nesses assuntos. Visa dar aos estudantes
um maior grau de familiarização (percepção) e, por isso,
deve apresentar um alto grau de cientificidade. A
conferência deve despertar interesse para pesquisar,
debater, e preparar seminários sobre o tema integrador que
procure, além de um bom nível de informações
sistematizadas, aprofundarem na complexidade do tema.
Na conferência, como tipo de aula, predomina o
método expositivo. A exposição é uma comunicação numa
linguagem simples sobre uma idéia, um conceito ou uma
atividade. Os conteúdos são apresentados, explicados ou
demonstrados pelo professor, tendo os estudantes uma
atitude receptiva. Receptivo não é sinônimo de passivo, por
tanto, os estudantes neste tipo de aulas não devem ter,
simplesmente, uma atitude receptiva, mas também ativa.
Por isto, é recomendável que o professor estimule a
participação dos estudantes.
Não deve confundir-se a conferência, como tipo de
aula universitária, com sua homônima como palestra num
evento científico. A conferência deve sempre anteceder ao
seminário, lembrando que a mesma pode adotar a forma de
aula de orientação ou introdução dos conteúdos de um
tema específico. Por tanto, todo novo tema de uma
disciplina deveria iniciar com uma conferencia. Cada tema
teria, no mínimo, uma conferencia para introduzir os novos
conteúdos de uma determinada unidade temática, ou
quiçá, só uma ao início na apresentação da disciplina, isto
vai depender das características das diversas disciplinas.
2.2.2 Seminário
Geralmente é um trabalho em equipe, onde um tema
é dividido, ficando a cargo dos membros da equipe
aprofundar nos estudos e apresentá-lo à classe. Procurase a integração dos conhecimentos. É importante dizer que
o seminário é uma indagação que obedece as regras
científicas.
No que diz respeito à organização do tema, o
professor deve subdividi-lo nas partes que o constitui
ficando subtemas que depois devem ser reincorporados no
tema. Nesse desempenho do professor se manifesta sua
competência acadêmica. Também, o docente define a
ordem das equipes e posteriormente orienta na condução
dos processos de elaboração de apresentação, enquanto,
os membros definem as partes que lhe cabem no assunto,
a ordem de exposição e principalmente, a forma que pode
adotar-se: exposições, demonstrações ou outras. É muito
importante, após a apresentação, a discussão sobre o
assunto, visando o esclarecimento de dúvidas, integração
da aprendizagem e fornecer parâmetros para a avaliação.
Outro ponto fundamental é a participação, ao final,
do professor; a fim de dar sua contribuição para enriquecer
o tema, citar pontos positivos e negativos e integrar os
temas de todas as equipes. Portanto, o principal método
neste caso é o Trabalho em grupo. O seminário, como tipo
de aula, tem como principal finalidade obter a cooperação
dos estudantes entre si na realização de uma tarefa. Para
que isso seja possível, todos os membros do grupo terão
que estar familiarizado com o tema que será estudado. Por
isso, exige-se que a atividade do grupo aconteça de forma
expositiva, conversação introdutória ou trabalho individual.
Cada estudante é responsável por um subtema, mas logo
devem socializá-lo com o grupo para que todos os
membros dominem o assunto de estudo.
O método do trabalho em grupo desenvolve
habilidades no próprio grupo, que passa a ter mais
condições de melhorar sua essência de ser social e
extrapolá-lo à sociedade. Vai-se trabalhando pelo coletivo,
numa forma de ensinar educando. Assim, se valoriza a
união, a solidariedade e a força de grupo. Além disto, a
dinâmica de grupo aproveita todas as experiências, as
idéias e imaginação dos membros do grupo para a solução
de problemas.
Cada Unidade Temática de uma disciplina deveria
iniciar com pelo mínimo uma conferência, logo se sugere,
um ou vários seminários, e dependendo das características
e propriedades dos conteúdos cada seminário deveria ter
sua correspondente oficina, ou depois de todos os
seminários dessa unidade temática, iniciar-se-ia as
oficinas.
2.2.3 Oficina
Este tipo de aula, geralmente, procura colocar na
prática os aspectos teóricos debatidos no seminário. Aqui é
fundamental o método de elaboração conjunta, pois todos
os membros das diversas equipes devem interagir entre si,
colocando na prática os conhecimentos, saberes,
habilidades que começaram a serem desenvolvidos. Assim
se estaria condicionando o estabelecimento dentro de cada
estudante nova atitudes e hábitos.
A função fundamental deste tipo de aula é que o
estudante universitário aprenda a fazer, fazendo. É a forma
de vincular os aspectos teóricos à prática, ou ao menos, o
professor neste momento deve viabilizar e demonstrar a
importância do conteúdo que está sendo estudado na
formação profissional. A oficina propícia a integração de
vários subtemas, que permita a consecução da
transdisciplinaridade.
2.2.4 Laboratório
O professor deve procurar que cada tema de sua
disciplina tenha uma saída prática no contexto social,
ligado, como é lógico a essa realidade. Este tipo de forma
da ação docente pressupõe também, como a oficina, o
domínio de conhecimentos e saberes básicos para articular
com as habilidades e potenciar o inicio de hábitos e atitudes
conseqüentes com as convicções e valores que se quer
formar nos discentes.
Exemplos de aulas laboratórios são as visitas a
fábricas, observação e interação em praças públicas, ou as
próprias atividades nos laboratórios institucionais, etc. Esta
atividade vincula as ações cognitivas com as ações
educativas propiciando um ensinar educando.
2.3 Classificação de aulas didáticas dentro do
sistema docente
Como é conhecida pelos profissionais que trabalham
na docência, a aula se concretiza na realização de seu
sistema. Por tanto, existe uma necessidade de distinção
das formas como o docente vai desenvolver o sistema de
conhecimentos. Por isso, existem as aulas de conteúdo, de
consolidação (reforço), de reserva, integradora, educativa,
avaliativa e de retroalimentação.
Ÿ Conteúdo: são as aulas que abordam diretamente o
sistema de conteúdo estabelecido no programa da
disciplina. Na educação superior são as conferencias,
seminários, oficinas e laboratórios.
Ÿ Consolidação ou reforço: são aulas, dentro do
sistema de aula, que ajudam a reforçar e consolidar
os conteúdos que por sua complexidade e outras
interferências afetam o processo de aprendência.
Ÿ Reserva: a aula reserva nem se constitui como aula
propriamente dita, mas como um tempo reservado
para recuperar as afetações que o processo tem
recebido, ao longo do período acadêmico. É o tempo
dedicado para trabalhar as diferenças individuais no
processo de aprendência, ou recuperar conteúdos
que foram afetados por outros fatores que interferiram
o adequado andamento da docência. Sua existência
se deve a questões legais da legislação educacional e
que responda na questão do planejamento. Sua
importância didática fica na flexibilidade que impregna
ao processo docente.
Ÿ Integradora ou Transdisciplinar: São as aulas,
geralmente, interdisciplinares, onde se inserem
conteúdos de outras disciplinas que cursam naquele
momento, ou conteúdo transdisciplinar. Pode ser
sobre teoria, sobre teoria-prática ou, simplesmente,
prática. A aula integradora permite a participação de
outros docentes no seu desenvolvimento. Não deve
ser improvisada, todo o contrario, requer de um bom
planejamento conjunto para que tenha o efeito
desejado. A aula integradora pode ser, também, para
integrar os diferentes temas da própria disciplina.
Ÿ Educativa: Ainda toda aula deva ter uma função
educativa, como realização implícita da terceira lei
didática que refere à otimização educativa do ensino,
no planejamento didático, se deve dedicar tempo para
debater aspetos educativos específicos da turma.
Quando seja detectado com anterioridade problemas
de relacionamentos na turma, presença de uma
liderança negativa, presença de discentes com
dificuldades de relacionamentos, ou incluso
transtornos mentais leves, etc, se deve dedicar um
tempo para este tipo de trabalho dentro da turma.
Naturalmente, que a efetividade dependerá da
preparação do professor para este tipo de atividade.
Ÿ Avaliativa: Em todo tipo de aula deve existir um
processo de controle que permita saber por parte do
docente o grau ou nível de aprendência dos
estudantes em cada aula. Não obstante, existem
aulas dedicadas exclusivamente, a avaliar essa
aprendizagem objetivada. Por tanto, existem aulas
avaliativas que formam, também, parte do sistema.
Estas aulas formam parte do processo de ensino e
permitem a aplicação de instrumentos avaliativos
diferenciados: pré-teste, teste, prova e exame.
Ÿ Retroalimentação: este tipo de aula deve acontecer
depois da aplicação de instrumentos de avaliação,
para medir a eficiência destes instrumentos, e se eles
medem, adequadamente, a aprendência dos
discentes. Este tipo de aula permite reforçar a
avaliação como parte do processo de ensino, e serve
para aprender com os resultados dos instrumentos de
avaliação.
3 Importância da aula na qualidade do ensino
superior
Naturalmente, que a qualidade do ensino depende
de muitos fatores objetivos e subjetivos. Dentro de todos
esses fatores, um dos principais é sem dúvidas a qualidade
das aulas que são ministrados pelos professores. E não é
só planejar boas aulas, senão, a importância da relação
que se estabelece entre cada sistema de aula. Para uma
melhor compreensão deste assunto, se poderia expressar
o seguinte: de nada vale dar uma, ou umas poucas aulas
com alta qualidade, bem planejadas, e bem executadas
numa determinada disciplina; ou ter um ou dois
professores desenvolvendo uma docência de qualidade
num determinado curso, enquanto o resto dos professores
faz erradamente.
Por quê? Pois, uma ou umas poucas aulas não
determinam a qualidade da disciplina, ou do curso, ou da
IES; senão o sistema de todas as aulas que compõem uma
determinada estrutura. É a sua interação o que vai
determinar seu resultado. Poder-se-ia ter dificuldades em
algumas aulas, mas propriamente é seu sistema quem
determinará sua qualidade holística, ao final do processo.
No caso dos professores, eles formam parte do sistema
docente (Docência), e como em todo sistema, o
desempenho de um afetará o resultado final de todos. Aí
radica sua importância na qualidade do ensino.
Para aperfeiçoar ao professor universitário existem,
também, outros tipos de aula que não são voltadas ao
desenvolvimento do processo docente como tal, e sim, ao
desempenho docente dos professores universitários, que
por sua importância se incluem aqui. São as denominadas
aulas metodológicas, pois procuram selecionar a forma
que melhor se desenvolvem determinados conteúdos nos
discentes. As aulas metodológicas são: instrutivas,
demonstrativas e abertas.
As aulas instrutivas são preparadas, executadas e
avaliadas, só com a participação dos docentes.
Geralmente, quem prepara este tipo de aula é um
profissional bem experiente e com bons resultados
docentes. Ele não desenvolve uma aula em si, mas
disserta sobre as táticas a serem seguidas em
determinado tipo de conteúdos ou situações docentes.
Também, poderia ser a forma que devem ser planejadas as
aulas de uma determinada unidade temática, entre outras
atividades.
Como resultados da aula instrutiva, se preparam
aulas demonstrativas que podem ter seu desenvolvimento
dentro da sala de aula, em uma turma normalmente, ou
pode ser, também, executada só com a presença de
docentes. As aulas demonstrativas seria uma continuidade
do trabalho feito com as aulas instrutivas. Por tanto, depois
de uma aula instrutiva, deve seguir o trabalho docentemetodológico com a realização de uma ou umas aulas
demonstrativas, que poderia ser realizadas por algum
outro professor sobre a supervisão daquele que deu a aula
instrutiva, ou ao menos, com a supervisão de quem
participou daquela aula anterior, e seja um docente
experiente.
Depois, da realização de uma ou umas aulas
demonstrativas, deve desenvolver-se uma aula aberta. Já
a aula aberta, é desenvolvida em uma turma selecionada
pelo coletivo de docente que desejam melhorar seus
desempenhos docentes. Neste tipo de aula metodológica,
o professor seria visitado tecnicamente durante seu
desenvolvimento para apreciar a verdadeira efetividade
das táticas que tinham sendo testadas desde a primeira
aula instrutiva. Depois, da realização das aulas, nessa
seqüência: instrutivas, demonstrativas e abertas, vêem um
ultimo momento que é a reunião metodológica para valorar
os resultados do trabalho metodológico e seu impacto na
docência. Depois dessa reunião se inicia outro ciclo de
aulas metodológicas. Claro, que elas podem ser, e são,
desenvolvidas independentemente sem essa seqüência,
mas sua eficiência diminui.
Conclusão
Toda operação docente nem sempre é uma aula,
desde a perspectiva científica do termo, em outras
palavras, não necessariamente as ações e operações que
realiza um professor na “sala de aula” se constitui numa
aula, como foi definida aqui. Para que essa determinada
operação se constitua em aula deve conter na sua base os
quatro componentes didáticos que a identificam como tal:
objetivo, conteúdo, tática e controle. Também, essa
operação deve formar parte de um sistema de operações
didáticas: sistema de aulas. No caso específico das aulas
universitárias, adotam diferentes formas de acordo com
sua dinâmica em relação ao conteúdo em questão:
conferência, seminário, oficina e laboratório. Por outro lado,
do mesmo assunto, já as aulas para o planejamento
didático se definiriam como: de conteúdo, de consolidação
(reforço), de reserva, integradora, educativa, avaliativa e de
retroalimentação.
Concluindo, se considera que uma aula, como
categoria didática, é uma operação docente que possibilita
a concretização do desenho curricular e a dinâmica do
ensino, estruturada essa operação com quatro elementos
básicos que permitem a configuração dos princípios
didáticos: o objetivo, o conteúdo, a tática e o controle.
Naturalmente, como toda operação docente, se dará em
tempo e espaço. Mas esse tempo e esse espaço
dependerão das características da docência que
demarcarão seus limites.
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