Um estudo de regência verbal na primeira metade do

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UNESP – UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
CAMPUS DE ARARAQUARA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGÜÍSTICA E LÍNGUA
PORTUGUESA
Um estudo de regência verbal na primeira
metade do século XX – a tensão entre
prescrição normativa e uso real.
VICTORIA CELESTE MARQUES
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
2006
2
VICTORIA CELESTE MARQUES
Um estudo de regência verbal na primeira
metade do século XX – a tensão entre
prescrição normativa e uso real.
Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências e
Letras da Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho”, Campus de Araraquara, como
requisito parcial para a obtenção do título de Mestre
em Letras (Área de Concentração: Lingüística e
Língua Portuguesa).
Orientadora: Profª Drª Maria Helena de Moura Neves
Araraquara
2006
3
VICTORIA CELESTE MARQUES
Um estudo de regência verbal na primeira metade
do século XX – a tensão entre prescrição normativa
e uso real.
Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências
e Letras da Universidade Estadual Paulista
“Júlio
de
Mesquita
Filho”,
Campus
de
Araraquara, como requisito parcial para a
obtenção do título de Mestre em Letras (Área de
Concentração: Lingüística e Língua Portuguesa).
Araraquara, 31 de março de 2006
BANCA EXAMINADORA:
____________________________________________
Profª Drª Maria Helena de Moura Neves
Faculdade de Ciências e Letras – UNESP, Araraquara
____________________________________________
Profª Drª Rosane de Andrade Berlinck
Faculdade de Ciências e Letras – UNESP, Araraquara
____________________________________________
Prof. Dr. Juliano Desiderato Antonio
Universidade Estadual de Maringá, Maringá
4
DEDICATÓRIA
A Deus, por me dar a sabedoria necessária para saber onde procurar, e o que fazer
nos momentos de desespero.
Aos meus pais, Luiz Marques e Terezinha Ferreira Carlos, à minha irmã, Virgínia
Ap. C. Marques, e ao meu noivo, Ruan Casale dos Santos, pela compreensão e incentivo
nos momentos difíceis.
Aos meus diretores e demais colegas e amigos, pelo total apoio dispensado para a
realização desta dissertação.
5
AGRADECIMENTOS
À minha querida orientadora, professora Drª Maria Helena de Moura Neves, pelo
tempo dispensado e a sempre pronta disposição para me orientar.
À CAPES e ao Governo do Estado de São Paulo, pelas bolsas concedidas para a
realização deste trabalho.
6
“No princípio era o Verbo. Depois, veio o sujeito e os outros
predicados:
os
objetos,
os
adjuntos,
os
complementos,
os
agentes, essas coisas. E Deus ficou contente. Era a primeira
oração.” (Eno Teodoro Wanke)
Verbo:
mais
do
que
uma
categoria
gramatical:
palavra por excelência
“Numa língua existe, pois, ao lado da força centrífuga da
inovação, a força centrípeta da conservação” (Celso Cunha e Lindley
Cintra)
“O indivíduo não sabe apenas falar, mas sabe também como os
outros falam.” (J. G. Herculano de Carvalho)
“Em matéria de língua não há propriedade privada, tudo está
socializado.” (Roman Jakobson)
“É a fala que faz evoluir a língua.” (Ferdinand de Saussure)
“A língua é o que é, não o que poderia ou ‘deveria’ ser: ela
é como a fizeram e fazem os que a falam e falam.” (Celso Pedro
Luft)
7
Resumo
O objetivo geral do estudo é a observação, no uso efetivo da língua, de construções
vigentes examinando-as em confronto com cânones prescritos em obras normativas da
atualidade.
O objetivo específico é o exame da tensão entre o que propõem essas obras e o que
ocorre na língua escrita de 1900 a 1950 quanto à regência de alguns dos verbos mais
tratados pelos manuais normativos: esquecer(-se), lembrar(-se), pagar, perdoar, assistir,
obedecer, ir e chegar. Paralelamente se buscará um confronto com os resultados obtidos
em pesquisa anterior, na qual se estudou a regência verbal na segunda metade do século
passado.
A análise se serviu de uma amostra do corpus do Laboratório de Lexicografia da
Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara (UNESP), que contém cerca de duzentos
milhões de ocorrências. A investigação, de base funcionalista, concentra-se nos processos
ligados à manifestação da transitividade verbal.
Palavras-chave: regência verbal, transitividade, uso, norma, prescrição.
8
Abstract
The general goal of this research is the observation of real constructions in the
effective use of the language, examining them in confrontation with prescribed models in
normative manuals.
The specific goal of the research is the examination of the tension between what
these manuals propose and what occurs in the written language, in the period between
1900 and 1950, according to the regency of some of the most treated verbs in the
normative Portuguese manuals: esquecer(-se) (to forget), lembrar(-se) (to remember),
pagar (to pay), perdoar (to forgive), assistir (to watch), obedecer (to obey), ir (to go) and
chegar (to arrive). Besides, it will be made a confrontation with the results of a previous
research, in which it was studied the verbal regency in the second half of the last century.
The analysis has a sample of the corpus of the Laboratory of Lexicographical
Studies of the College of Sciences and Letters of Araraquara (UNESP), which has almost
two hundred million occurrences. The investigation, that has a functionalist basis, is
concentrated in the processes linked to the manifestation of the verbal transitivity.
Keywords: verbal regency, transitivity, use, rules, prescription.
9
SUMÁRIO
Resumo
Abstract
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................p. 11
2 JUSTIFICATIVA .....................................................................................................p. 16
3 OBJETIVOS ............................................................................................................p. 19
4 METODOLOGIA E APARATO TEÓRICO ................................................................p. 20
5 COMPOSIÇÃO DO TRABALHO ...............................................................................p. 24
5.1 Etapas................................................................................................................p. 24
5.2 Estrutura da dissertação .................................................................................p. 25
6 FUNCIONALISMO, BASE TEÓRICA ........................................................................p. 27
7 NORMA E USO, VARIAÇÃO LINGÜÍSTICA E O PAPEL DOS LINGÜISTAS – DISCUSSÃO
TEÓRICA ..................................................................................................................p. 34
7.1 Prescrição normativa X Uso real....................................................................p. 34
7.2 O papel dos lingüistas e a tensão sociocultural .............................................p. 39
7.3 O ensino da norma-padrão na escola de hoje e os estudos lingüísticos ......p. 43
7.4 A questão da variação......................................................................................p. 47
7.5 A variação preposicional .................................................................................p. 50
7.6 Considerações finais ........................................................................................p. 54
8 ESTUDO DA MANIFESTAÇÃO DA TRANSITIVIDADE VERBAL .................................p. 56
8.1 A valência verbal..............................................................................................p. 56
8.2 O conceito de regência.....................................................................................p. 59
8.3 Os tipos de verbos e seus complementos........................................................p. 61
8.4 As construções locativas: meros adjuntos? ...................................................p. 69
8.5 O estudo da transitividade verbal visto por outros ângulos ........................p. 73
8.6 A regência de alguns verbos............................................................................p. 76
8.6.1 ASSISTIR ..........................................................................................................p. 77
8.6.2 OBEDECER .......................................................................................................p. 80
8.6.3 PERDOAR .........................................................................................................p. 80
8.6.4 PAGAR .............................................................................................................p. 83
8.6.5 ESQUECER(-SE)................................................................................................p. 85
8.6.6 LEMBRAR(-SE) .................................................................................................p. 86
8.6.7 IR .....................................................................................................................p. 87
8.6.8 CHEGAR ...........................................................................................................p. 89
8.7 Considerações finais ........................................................................................p. 90
9 ANÁLISE DOS DADOS.............................................................................................p. 94
9.1 A regência, segundo a norma..........................................................................p. 94
9.1.1 PERDOAR .........................................................................................................p. 94
9.1.2 PAGAR .............................................................................................................p. 96
9.1.3 IR .....................................................................................................................p. 97
9.1.4 CHEGAR ...........................................................................................................p. 98
9.1.5 ASSISTIR ..........................................................................................................p. 98
9.1.6 OBEDECER .......................................................................................................p. 99
9.1.7 ESQUECER(-SE)................................................................................................p. 100
9.1.8 LEMBRAR(-SE) .................................................................................................p. 100
10
9.2 Os tipos de complementos e o universo de análise........................................p. 101
9.2.1 PERDOAR .........................................................................................................p. 101
9.2.2 PAGAR .............................................................................................................p. 104
9.2.3 IR .....................................................................................................................p. 107
9.2.4 CHEGAR ...........................................................................................................p. 110
9.2.5 ASSISTIR ..........................................................................................................p. 113
9.2.6 OBEDECER .......................................................................................................p. 116
9.2.7 ESQUECER(-SE)................................................................................................p. 117
9.2.8 LEMBRAR(-SE) .................................................................................................p. 120
9.3 Resultados das análises....................................................................................p. 123
9.3.1 PERDOAR .........................................................................................................p. 123
9.3.2 PAGAR .............................................................................................................p. 124
9.3.3 IR .....................................................................................................................p. 125
9.3.4 CHEGAR ...........................................................................................................p. 126
9.3.5 ASSISTIR ..........................................................................................................p. 127
9.3.6 OBEDECER .......................................................................................................p. 128
9.3.7 ESQUECER(-SE)................................................................................................p. 129
9.3.8 LEMBRAR(-SE) .................................................................................................p. 131
9.4 Comparação entre verbos com regência semelhante....................................p. 133
9.4.1 PERDOAR E PAGAR ....................................................................................p. 133
9.4.2 IR E CHEGAR ................................................................................................p. 134
9.4.3 ASSISTIR E OBEDECER ..............................................................................p. 134
9.4.4 ESQUECER(-SE) E LEMBRAR(-SE) ...........................................................p. 135
9.5 Comparação entre duas pesquisas .................................................................p. 136
9.5.1 PERDOAR .........................................................................................................p. 137
9.5.2 PAGAR .............................................................................................................p. 137
9.5.3 IR .....................................................................................................................p. 138
9.5.4 CHEGAR ...........................................................................................................p. 138
9.5.5 ASSISTIR ..........................................................................................................p. 139
9.5.6 OBEDECER .......................................................................................................p. 139
9.5.7 ESQUECER(-SE)................................................................................................p. 139
9.5.8 LEMBRAR(-SE) .................................................................................................p. 140
9.6 Considerações finais ........................................................................................p. 140
10 CONCLUSÃO........................................................................................................p. 143
11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................p. 148
12 TEXTOS EXAMINADOS ........................................................................................p. 159
ANEXO 1 – Figuras ................................................................................................p. 174
ANEXO 2 – Tabelas ................................................................................................p. 180
ANEXO 3 – Corpus.................................................................................................p. 192
11
1 INTRODUÇÃO
A preocupação com o “uso correto” da linguagem existe desde a Antigüidade, e
sempre teve lugar importante nos estudos de gramáticos, retóricos, lógicos e pedagogos,
sendo, ainda hoje, tema para inúmeras pesquisas. Há muito tempo faz-se distinção entre o
que é utilizado pelos usuários e o que é regulado pela norma e considerado “melhor
vernáculo” (Góis, 1938). A base para comparação eram, especialmente, os antigos
escritores, como Padre Antônio Vieira, Camilo Castelo Branco e Garrett, entre outros.
Durante muito tempo, valorizou-se a linguagem dos autores literários de épocas clássicas
(especialmente dos séculos XVI e XVII) como a única “correta” – valorização que, algumas
vezes, ainda acontece –, mas, como bem lembra Bechara (2001), “nem tudo o que os
clássicos dessa época usaram tem ou pode ter vigência hoje” (p. 5). Neves (1994a) também
argumenta nesse sentido: “não existe mais uma determinada literatura, de um determinado
período, que constitua modelo a ser perseguido (…)”(p. 15).
Apesar disso, há, ainda hoje, uma grande valorização da modalidade de língua
considerada padrão (algumas vezes, inclusive, associada ao conceito de língua “culta”1).
Muitas pessoas (especialmente os professores de português) acreditam que o estudo dos
manuais de gramática tradicional é a chave para um bom desempenho lingüístico, devendo
ser a escola a responsável por prover esse bom desempenho, mas algumas pesquisas (como
Neves, 2001) mostram que, em diversos casos, é o usuário comum da língua que “se
fascina” com o mundo da “boa linguagem” e a ele quer ter acesso, especialmente por uma
questão de prestígio social. Assim, propagam-se amplamente os manuais tradicionais e
1
Neste trabalho, utilizou-se, quando em referência ao que recomenda a tradição normativa, o termo “normapadrão”, já que este não carrega um juízo de valor. Considera-se, usualmente, como “norma culta”, aquela
usada pelo segmento social de maior prestígio e, portanto, este termo está intrinsecamente relacionado a uma
questão de valor e prestígio social, e não propriamente lingüístico, não sendo pertinente a sua utilização em
um estudo que busque focalizar a língua em uso.
12
cada vez mais se acredita que conhecer verdadeiramente uma língua é ter plena
consciência de suas prescrições e saber como explicar seus “desvios” e “acertos”.
Um outro erro em que normalmente se incorre é na utilização dos termos
“certo” e “errado”. Bechara (2001), ao discutir os conceitos de exemplaridade e correção
de Coseriu, diz que é muito comum o emprego do segundo conceito quando, na realidade,
deveria usar-se o primeiro, por ele não implicar nenhum juízo de valor. O autor ainda
critica o fato de, normalmente, adotar-se como “língua exemplar” o modo de falar das
pessoas “cultas”, o qual é freqüentemente considerado como o único correto; para ele (e
para a maioria dos lingüistas), a pauta do “correto”, “certo” ou exemplar deve concretizarse, efetivamente, no uso da língua.
Os lingüistas, especialistas no estudo da língua, há alguns anos não se
preocupavam com a questão da correção lingüística, justificando-se pelo fato de que o
único objetivo de estudo e atuação da lingüística é a “língua espontânea e usual, por ser a
natural e livre manifestação do falar” (Bechara, 2001, p. 1). Atualmente, no entanto,
tornou-se necessária uma intervenção desses estudiosos na discussão, passando a haver,
inclusive, um certo conflito entre alguns gramáticos, que ainda costumam dizer o que se
deve e o que não se deve usar e querem “impor” uma língua única, e os lingüistas, que
procuram estudar a língua como uma entidade variável e heterogênea. Essas características
da língua (variedade e heterogeneidade) obviamente não podem ser deixadas de lado e
simplesmente ser consideradas “desvios” do que tradicionalmente se considera padrão, já
que “a heterogeneidade é constitutiva da linguagem, não é adventícia, é fator de adequação
e eficiência, e afinal, é qualidade, e não defeito, é solução, e não problema” (Neves, 2001a,
p. 35). Uma grande contribuição para a transformação da visão de língua como algo
estático foi o surgimento dos estudos sociolingüísticos e o desenvolvimento dos estudos
sobre oralidade. A Sociolingüística contribuiu para que a variação, a diferença, passasse a
13
ser vista não como possível deficiência, mas como “garantia de eficiência da
comunicação” (Neves, 2001a, p. 34), enquanto os estudos sobre oralidade permitiram
relativizar o padrão e vincular escolha de padrão a modalidade de língua, com o intuito de
obter adequação a cada situação particular de comunicação.
Partindo-se, portanto, do princípio de que a língua é, indubitavelmente,
heterogênea e variável, torna-se necessário ser extremamente cauteloso ao, simplistamente,
classificar uma forma como “certa” ou “errada”, e condenar, autoritariamente,
determinadas construções; afinal, como afirmou Câmara Jr. (1980, p. 5), “a norma não
pode ser uniforme e rígida. Ela é elástica e contingente, de acordo com cada situação social
específica”. Em outras palavras: são raras as pessoas que empregam os mesmos
enunciados em uma situação formal e em uma situação não-formal (um exemplo é a
maioria dos professores em uma conferência e em casa). Desse modo, confirma-se a
hipótese de que, em alguns casos, o usuário pode (e muitas vezes o fará) abandonar
construções contempladas nas obras normativas para adotar construções estigmatizadas por
elas, desde que estas representem melhor o que quer expressar.
É essa tensão sociocultural – a dificuldade na escolha entre aquilo que o usuário
da língua considera expressivo e feliz (mas que ouviu dizer que não é correto) e o que não
diz bem o que queria dizer (mas que não corre o risco de ser socialmente criticado) – que
gera o interesse do estudo, já que perturba o desempenho dos usuários que têm acesso às
prescrições normativas (hoje muito difundidas, inclusive pela mídia).
Fica claro, portanto, que as prescrições normativas não são de base
propriamente lingüística, mas primordialmente de base sociocultural. Logo, surgem alguns
questionamentos, bastante pertinentes: se a língua é, sem discussão, variável e heterogênea,
por que se continua a valorizar tão fortemente as lições normativas? Por que, cada vez
mais, os filólogos, lingüistas e gramáticos que se preocupam com o estudo da língua
14
realmente (e não apenas com a divulgação de regras tradicionalistas), verdadeiros
especialistas, vão cedendo lugar aos “repetidores e empacotadores de lições que (…),
entregando ‘pratos feitos’ de boa linguagem, vêm saciar a fome do povo, que acredita que
com esses pacotes vai conseguir falar ‘sem ninguém botar defeito’” (Neves, 2001a, p. 44)?
Por outro lado, até que ponto o lingüista, que também é usuário da língua, pode descartar
as prescrições, considerando-as não-genuínas e não levando em conta a sua variedade e
natureza (Neves, 1997)? Como propor uma restrição de uso, ao se considerar legítima
determinada prescrição? E qual o real alcance de uma prescrição assim legitimada, se não é
da própria língua que provêm as restrições?
Refletindo sobre essas questões, chega-se à conclusão de que o lingüista deve,
sim, inserir-se na discussão a respeito das prescrições normativas, mas não simplesmente
para confirmar o que se prega tradicionalmente. O importante é que ele examine a língua
em uso e avalie os casos em que há distanciamento da norma, sempre tendo em mente seu
conhecimento do funcionamento lingüístico. Isso possibilitará a elaboração de projetos que
explicitem uma gramática do português observada diretamente nos usos reais da língua, e
que verifiquem como os enunciados produzidos em determinadas situações esbarram em
pressões (geralmente de natureza não-lingüística), o que gera uma certa tensão entre o
“adequado” e “prestigiado pela sociedade” (Neves, 2001a).
Algumas correntes lingüísticas e gramaticais auxiliam nessa área de estudo e,
mais particularmente, permitem uma visão amplificada da questão na regência verbal (foco
de análise deste trabalho) analisada sob a tensão entre norma e uso. Uma delas (inserida na
área que interessa particularmente a este trabalho), desenvolvida a partir dos anos 50, é a
teoria das valências, que coloca o verbo como categoria central na análise das frases. De
acordo com a gramática de valências, o verbo é o centro de onde provêm os controles a
15
cada um de seus argumentos, cujo número varia de acordo com a valência de cada verbo (a
qual pode oscilar entre 0 e 4)2.
Tendo como base todas as discussões acima expostas, o que se procura com
esta dissertação, como se vê mais bem especificado na Justificativa, é trabalhar a questão
da regência verbal procurando incorporar à análise, na medida do possível, os componentes
envolvidos na produção dos enunciados reais da língua, inclusive as pressões
socioculturais que interferem nas escolhas, e registrando os usos, as prescrições e as
tensões que resultam do conflito entre eles.
2
A questão da valência, mais especificamente a verbal, encontra-se um pouco mais desenvolvida na
subseção 8.1.
16
2 JUSTIFICATIVA
O presente estudo parte de um outro projeto, realizado anteriormente em nível
de Iniciação Científica, no qual se procurou fazer a comparação entre a prescrição
normativa e os usos reais na língua escrita contemporânea no campo de regência verbal, e
que utilizou, para tal, textos recentes (dos últimos 50 anos) provenientes da imprensa,
textos técnicos, oratórios, etc., constantes de um corpus de aproximadamente 200 milhões
de ocorrências disponíveis no Laboratório de Lexicografia da Faculdade de Ciências e
Letras de Araraquara – UNESP. Essa pesquisa esteve ligada à investigação mais ampla que
está consolidada, principalmente, na obra Guia de uso do português (Neves, 2003a).
Durante o desenvolvimento desse projeto estudou-se, dentre outras coisas, a regência de
alguns dos verbos mais tratados pelos manuais tradicionais, e verificou-se que, quanto à
língua escrita moderna, a obediência às prescrições da norma foi, no geral, muito elevada.
Além disso, os resultados permitiram relacionar o uso da norma-padrão mais diretamente
com as formas de linguagem mais tensa, o que confirmou a hipótese de que “essa
obediência constitui um ajustamento a exigências sociais, e não uma parametrização de
base propriamente lingüística” (Neves, 2004, p. 75). Após tal constatação, surgiu o
interesse pela comparação entre uso e norma também na língua escrita mais antiga,
especificamente a da primeira metade do século XX, com o intuito de, examinando-se a
tensão entre prescrição normativa e uso real também nessa época, proceder a uma
comparação entre os períodos e confirmar (ou não) as hipóteses e os resultados obtidos no
estudo anterior.
Registrando não apenas os usos, mas também as prescrições e tensões
resultantes, o que se procura preparar com esta dissertação é um material de referência para
todas as pessoas, falantes ou estudiosos da língua, que estejam interessadas em uma
17
organização da gramática que reúna, sempre que possível, os componentes envolvidos na
produção dos enunciados reais da língua, inclusive as pressões socioculturais que acabam
interferindo nas escolhas.
A base teórica do projeto é funcionalista, nos moldes de Halliday (1985), Dik
(1989; 1997), Givón (1984; 1993; 1995) e Neves (1997), tendo-se em vista, basicamente, a
teoria da competência comunicativa exposta nesta última. De acordo com a autora (Neves,
1997), os componentes funcionais são os componentes fundamentais do significado na
língua, sendo cada elemento da língua explicado por referência à sua função na
comunicação lingüística. Assim, a forma dos enunciados não é independente da sua
função, e uma descrição completa considera todo o complexo interacional, ou seja, o que
importa não é o que cada elemento significa isoladamente, mas como se codificam no texto
a escolha do item, a ordem em que ele se coloca, a sua combinação com outros elementos,
etc.
A variação lingüística – pressuposto básico na análise que aqui se propõe –,
como aponta Neves (2001), encontra aparato propício para avaliação na teoria
funcionalista da linguagem, que é dirigida especialmente para a competência comunicativa
dos falantes, leva consideração a “intenção” do falante e a “interpretação” do ouvinte, e
assenta-se no ponto de vista de que o usuário da língua sabe não apenas o que dizer em
determinada situação, mas também como fazê-lo.
Conclui-se, portanto, que não é na submissão a regras rígidas estabelecidas em
empregos registrados de épocas antigas, próprios de outros gêneros de discurso e
pertencentes a outros registros lingüísticos que um falante, numa situação única e
individual de comunicação adquire condições de exercer plenamente suas “capacidades”
de usuário da língua, e chegar a uma comunicação eficiente, fechando com sucesso circuito
tão complexo como o da interação verbal (Neves, 1997).
18
Para o desenvolvimento da pesquisa aqui efetuada utilizou-se, como base, o
corpus de língua escrita do Laboratório de Lexicografia da Faculdade de Ciências e Letras
de Araraquara (UNESP), especificamente os produzidos e/ou publicados no período de
1900 a 1950. Depois de selecionadas as ocorrências, procedeu-se à sua descrição,
estudando a relação entre os usos vigentes e as prescrições correntes quanto à regência
verbal, em português.
19
3 OBJETIVOS
O objetivo geral do trabalho se insere na proposta de um projeto maior que
busca observar, no uso da língua, as construções vigentes que se contrapõem aos cânones
prescritos em obras normativas.
O objetivo específico é examinar a tensão entre o que propõem os manuais
normativos e o que realmente ocorre na língua escrita do português do Brasil, na primeira
metade do século XX, quanto à regência de alguns dos verbos mais tratados por esses
manuais, a saber: pagar, perdoar, assistir, obedecer, chegar, ir, esquecer(-se) e lembrar(se).
Objetivo paralelo é buscar um confronto com os resultados obtidos em pesquisa
anterior, na qual se estudou a regência verbal na segunda metade do século passado,
verificando-se as possíveis discrepâncias com relação à obediência à prescrição normativa
entre as duas épocas e procurando explicá-las, quando possível.
20
4 METODOLOGIA E APARATO TEÓRICO
A pesquisa aqui realizada coloca sob análise a tensão que se estabelece entre as
motivações de uso, nascidas das necessidades de eficiência na atuação lingüística, e as
prescrições, oriundas da tendência conservadorista da disciplina gramatical, tal como
constituída no Ocidente (Neves, 2002). Concentra-se a investigação nos processos ligados
à predicação (e, conseqüentemente, à complementação), que é o processo básico de
constituição dos enunciados, buscando-se avaliar, especialmente, a aparente tensão entre o
uso e a norma nos casos que a tradição chama de regência verbal. A diretriz que governa a
investigação − e que diz respeito à ligação entre variabilidade lingüística e eficiência
comunicativa − leva a que se coloquem no centro da investigação as questões cujo
equacionamento implica conjunção dos aspectos sintático, semântico e pragmático, ou
seja, aqueles “desvios” que ensejam a avaliação das razões e motivações que levaram os
falantes, a serviço da acomodação gramatical da língua (Hopper, 1987), a abandonar
construções erigidas em cânones para adotar − e persistir em − construções estigmatizadas
pelas obras normativas.
O corpus utilizado para a realização deste trabalho foi elaborado a partir da
modalidade de língua escrita do Brasil do início do século XX, estando disponíveis para
exame cerca de 200 milhões de ocorrências3, armazenadas em disco rígido de computador,
no programa de busca Folio Views, na Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara
(UNESP), em textos de todos os tipos em prosa (textos romanescos, jornalísticos,
dramáticos, oratórios, técnicos) e poesia. Desses dados constam: a) o corpus principal,
constituído por mais de 100 milhões de ocorrências, obtido por digitação e por leitura ótica;
b) um segundo corpus de controle, constituído pelo material da revista Veja, de cinco anos;
3
Ao corpus inicial, contendo textos dos últimos 50 anos (cerca de 100 milhões de ocorrências),
incorporaram-se textos da primeira metade do século XX, e também do século XIX.
21
c) um terceiro corpus para conferência, constituído pelo material contido em CD ROM do
jornal Folha de São Paulo, de um período de cinco anos, todos armazenados no programa de
busca.
Os textos utilizados nesta pesquisa (constantes do corpus principal) foram
escritos e/ou publicados no período compreendido entre os anos de 1900 e 19504, o que
permitiu a observação do comportamento lingüístico no início do século passado.
O corpus aqui analisado foi elaborado utilizando-se aproximadamente 200
ocorrências de cada verbo estudado5 (a saber, pagar, perdoar, assistir, obedecer, chegar,
ir, esquecer(-se), lembrar(-se)). Foram usados todos os tipos de textos em prosa
encontrados no corpus, publicados no período de interesse para análise (1900 a 1950), ou
seja, textos romanescos, jornalísticos, dramáticos, oratórios, técnicos6.
A intenção deste trabalho era, além de englobar todos os tipos de textos em
prosa, utilizar também todas as formas (pessoas e tempos) em que o verbo estivesse
conjugado, já que essa análise poderia fornecer algum dado interessante para a pesquisa.
Assim, tencionando-se chegar ao número estimado para a amostragem de cada verbo em
análise, selecionou-se um certo porcentual de ocorrências, determinado pelo número total
de exemplos encontrados para cada verbo. Abaixo estão os procedimentos adotados, como
exemplo, para o verbo chegar:
o verbo apresentou 8342 ocorrências no total;
como o número de ocorrências almejado era de aproximadamente 200, dividiu-se
esse número pelo total de ocorrências, a fim de obter a porcentagem de amostra que seria
utilizada, alcançando-se, aproximadamente, 2,5%;
4
Em alguns casos, as primeiras publicações dos textos é que datam desse período.
A única exceção é o verbo ir que, por ocorrer, na imensa maioria dos exemplos, como verbo auxiliar,
tornou necessária a utilização, para esse verbo, do dobro de ocorrências, ou seja, aproximadamente 400, para
que a amostra pudesse ser analisada em comparação com os demais verbos em estudo.
6
Observa-se que, apesar de se utilizarem todos os tipos de textos em prosa presentes no corpus e não se
desconhecerem as diferenças existentes entre os diversos gêneros, o objetivo deste trabalho não é analisar tais
diferenças, mas sim avaliar a tensão entre uso e norma em épocas distintas, mais especificamente entre a
primeira e a segunda metade do século XX.
5
22
para saber qual a escala a ser utilizada, ou seja, de quantas em quantas ocorrências
seria retirada uma amostra, dividiu-se 8342 (total de ocorrências) por 208 (2,5% do total),
obtendo-se o número 40;
assim, a cada grupo de 40 exemplos, 1 foi selecionado, a fim de se chegar a uma
amostragem aproximada (e almejada) de 200 ocorrências do verbo chegar, em todas as
formas verbais encontradas;
caso alguma das formas apresentasse apenas uma ocorrência, ou um número muito
pequeno delas, selecionou-se pelo menos um exemplo em que se encontrasse essa forma,
mesmo que ela não estivesse dentro da escala de um exemplo para cada 40, pelo motivo
explicado acima, ou seja, englobar todas as formas verbais possíveis.
Desse modo, reuniu-se uma amostragem do verbo em estudo que abrigasse,
como era almejado, todos os tipos de texto e todas as formas do verbo.
Realizou-se o mesmo procedimento com todos os outros verbos, sempre
tencionando a seleção de, como já dito, aproximadamente 200 exemplos para cada verbo.
Desse modo, foi possível observar o comportamento dos diferentes mecanismos de regência
presentes nas literaturas disponíveis para o corpus de análise em todos os tipos de texto em
prosa (romanesco, jornalístico, dramático, oratório e técnicos).
Depois de organizado o corpus, efetuaram-se os seguintes passos:
1. Verificação, nas gramáticas tradicionais e nos manuais de bom-uso, das lições
prescritivistas relativas à manifestação da transitividade verbal em português, para
caracterização e subtipologização.
2. Estudo das formas verbais presentes no corpus, com atenção para os tipos de
complementos utilizados.
3. Verificação dos modos de realização da valência sintática (as formas dos
complementos).
23
4. Colocação sob exame dessa tensão entre uso e norma, para avaliação das tendências que
orientam a normatização prescritivista.
Para a análise, projetou-se a investigação teórica dos seguintes temas,
especialmente:
1. Bases de análise lingüística (Givón, 1984; 1990; 1995; Lyons, 1977; 1979;
Câmara Jr., 1980; Neves, 2001b).
2. Bom-uso, variação e prescrição lingüística (Biber, 1988; Camacho,1994;
Leite, 1999a; Neves, 2001a e 2003b; Preti, 1982; Schlieben-Lange, 1994)
3. Valência (Gross & Vivès, 1986; Neves, 2002; Vilela, 1992; Borba, 1996).
4. Expressão da transitividade verbal (Longo, 1995; Savioli, 1981; Martins,
1997; Cegalla, 1999; Luft, 1985a e 1995; Neves, 2000).
Os procedimentos de análise dos verbos e a metodologia de trabalho adotados
nesta pesquisa seguem os moldes de Neves (2004), trabalho inserido em um projeto maior
que busca observar, no uso da língua, as construções vigentes que se contrapõem aos
cânones prescritos em obras normativas, e do qual a autora desta dissertação participou
como bolsista de Iniciação Científica. Após a análise do corpus, os resultados obtidos
foram confrontados com os resultados dessa pesquisa realizada anteriormente, em que
foram estudados textos mais recentes, mais especificamente da segunda metade do século
XX.
24
5 COMPOSIÇÃO DO TRABALHO
O estudo realizado foi dividido, nesta dissertação, de acordo com as seções
expostas no Sumário, ficando as principais especificadas e resumidas abaixo:
Seção 6 – Funcionalismo, base teórica: Discute-se a corrente funcionalista de
estudos lingüísticos, adotada como base teórica para este estudo, utilizando-se,
principalmente, o trabalho de Neves (1997), além, dos clássicos Halliday, Dik e Givón.
Seção 7 – Norma e uso, variação lingüística e o papel dos lingüistas – discussão
teórica: O confronto entre norma e uso, questão central deste trabalho, é discutido nesta
seção sob vários ângulos, assumindo-se como pressupostos teóricos os estudos de diversos
lingüistas, o confronto entre esses e os gramáticos normativos, e os trabalhos referentes ao
ensino da gramática tradicional na escola. Fala-se também sobre variação lingüística e,
particularmente, sobre a variação preposicional encontrada nos complementos de
determinados verbos.
Seção 8 – Estudo da manifestação da transitividade verbal: Nessa seção,
disserta-se sobre a importância de, ao analisar-se um fenômeno tão complexo e com tantas
modificações sofridas no decorrer do tempo como a regência verbal, não ficar atado ao
âmbito da sintaxe, mas também considerar a pragmática e a semântica. Além disso,
discorre-se sobre a dificuldade no tratamento dos complementos verbais – já que muitos
estudos sobre esse assunto não convergem para uma conclusão comum – e expõe-se a
Teoria das valências, que, associada à Gramática de casos, engloba as discussões referentes
ao verbo de forma muito positiva, especialmente pelo fato de colocá-lo como centro de
análise nos enunciados.
Seção 9 – Análise dos dados: Essa etapa mostra, após a análise dos exemplos
contidos no corpus, como ficou a questão da regência verbal, confrontando-se uso e norma,
25
nos textos do início do século passado. A forma como se procedeu à análise desses
resultados encontra-se mais bem especificada na seção 4. (Metodologia e Aparato
Teórico). Obtidos os resultados, estes foram comparados com aqueles obtidos na análise
de textos mais recentes (de 1951 a 2000).
26
6 FUNCIONALISMO – BASE TEÓRICA
Como já exposto na Justificativa, a base teórica deste trabalho é funcionalista,
nos moldes de Halliday (1985; 1994), Dik (1989; 1997), Givón (1984; 1993; 1995) e
Neves (1997). Tal teoria aqui se aplica pelo fato de se estudar a língua em uso e se
procurar verificar as funções dos meios lingüísticos de expressão, isto é, objetiva-se
determinar os fins a que as unidades lingüísticas servem. Assim sendo, faz-se importante
apresentar os princípios fundamentais da abordagem funcional da análise lingüística, de
modo a fornecer uma visão geral sobre ela e mostrar qual é a aplicação desses princípios
para este trabalho.
De acordo com Neves (1997), os componentes funcionais são os componentes
fundamentais do significado na língua, sendo cada elemento explicado por referência à sua
função na comunicação lingüística. Logo, a forma e a função dos enunciados não podem
ser consideradas independentemente, e uma descrição completa deve considerar todo o
complexo interacional. Como diz Givón (1995, p. xv), “a língua (e a gramática) nunca
pode ser descrita ou explicada adequadamente como um sistema autônomo”, sendo
necessário, para o seu estudo, considerar alguns parâmetros naturais que formam a língua e
a gramática, tais como: cognição e comunicação, cérebro e processamento lingüístico,
interação social e cultura, mudança e variação, aquisição e evolução.
A teoria funcionalista abarca também a variação lingüística, pois considera a
competência comunicativa dos falantes (Neves, 2001), inserindo-se em um modelo de
interação verbal que considera a intenção do falante e a intenção do ouvinte, e assentandose no ponto de vista de que o usuário de uma língua opera não apenas com a capacidade
lingüística (a qual abrange a prescrição normativa), mas também com outras capacidades,
27
especialmente a social, por meio da qual ele vai optar pela melhor maneira de formular um
enunciado em diferentes situações comunicativas.
Dentro da estrutura geral do funcionalismo, existem abordagens distintas. Dos
clássicos, selecionaram-se os três principais (ou pelo menos mais divulgados), que
serviram como apoio para o estudo aqui efetuado: Dik, Halliday e Givón.
A Gramática Funcional (no original, Functional Grammar, FG), inicialmente
representada por Simon Dik, da Universidade de Amsterdam, foi, talvez, a primeira
tentativa de escrever uma gramática completa que se opusesse à teoria “standard” de
Chomsky no tratamento das estruturas textuais. Segundo Dik (1987), a gramática funcional
é uma teoria da organização das línguas naturais que é “funcional” em pelo menos três
sentidos diferentes, embora interligados: 1) tem uma visão funcional da natureza da
linguagem; 2) dá importância às relações funcionais nos diversos níveis da gramática; 3)
pretende ser aplicável à análise de diversos aspectos da linguagem e seu uso.
A FG dá início à descrição de uma expressão lingüística com as construções de
uma “predicação” subjacente constituída de “termos”, os quais podem ser usados para se
referir às unidades do mundo real, inseridas em “modelos de predicados”. Esses modelos
são esquemas que especificam um predicado e um esboço das estruturas (incluindo os
casos semânticos) em que podem ocorrer.
Dik combinou fatores pragmáticos, semânticos e sintáticos na análise da
predicação. De acordo com ele (Dik, 1980, p. 46), a gramática funcional vê a língua
natural, em primeiro lugar, como um instrumento de que as pessoas se utilizam para
estabelecer relações comunicativas umas com as outras. É sob esse ponto de vista que a
língua é, primordialmente, uma entidade pragmática, ou seja, um instrumento simbólico
usado com fins comunicativos. Sob a perspectiva funcional, a língua não pode ser
adequadamente entendida se esses propósitos pragmáticos não forem levados em
28
consideração. Logo, a sintaxe não pode ser vista como algo autônomo, já que ela existe
para que as pessoas sejam aptas a construir expressões complexas de significados, e esses
significados favorecem a comunicação de diversos modos. Assim, é possível, segundo Dik,
estabelecer uma hierarquia, colocando-se a pragmática no topo, a semântica no nível
intermediário e a sintaxe na base.
Ainda de acordo com Dik, a linguagem natural não é somente um fenômeno
social, mas também um fenômeno psicológico. A importância psicológica está no conceito
de competência comunicativa (habilidade que possibilita às pessoas comunicarem-se por
meios verbais), termo cunhado por Hymes (1970, apud Dik, 1980) para reagir aos
conceitos chomskyanos de competência e desempenho/performance. Ou seja, é importante
lembrar que o usuário não somente sabe aplicar as regras de uma língua para formar
enunciados corretos, mas também sabe quando usar esses enunciados apropriadamente.
Portanto, a competência comunicativa compreende a competência gramatical – capacidade
de desenvolver e interpretar expressões lingüísticas – e a competência pragmática –
capacidade de empregar essas expressões nas diferentes situações para obter o efeito
comunicativo almejado (Dik, 1980).
Halliday – discípulo de Firth e principal representante de outra corrente
fortemente representativa da abordagem funcionalista – e os funcionalistas da Escola de
Praga (Davidse, 19877) também fazem parte do grupo que se opõe à dicotomia
chomskyana de competência e performance (sendo a primeira o conjunto de
conhecimentos de um falante ideal nativo em uma comunidade lingüística homogênea, e a
segunda a aplicação do código ideal em condições socioculturais específicas). De acordo
com Halliday (apud Davidse, 1987), quem se baseia nessa dicotomia considera que o
7
Alerta-se que esse artigo é uma entrevista do próprio Halliday.
29
trabalho do lingüista deve associar-se à competência, e não aos desvios da performance, e é
justamente a isso que se opõem os funcionalistas.
Além disso, a linguagem, para ele, é parte integrante de uma semiótica social, e
a teoria de linguagem inclui-se em uma teoria global de interação social. Ao usar o termo
“semiótica social”, Halliday (1978, apud Thibault, 1987) pretende apontar que é preciso
proceder a uma interpretação da linguagem que não a trate como algo autônomo, mas sim
como parte de um conjunto mais amplo de fenômenos, o qual pode ser chamado de sistema
social (ou simplesmente cultura). Logo, o que ele procura preparar com essa teoria,
primordialmente, é uma efetiva interpretação da linguagem, muito mais do que a sua
utilização para interpretar outras coisas, perspectiva da maioria dos semioticistas. Mas
Halliday reforça que, para que isso faça sentido, a gramática deve estar inteiramente
relacionada à sociedade. De acordo com ele (Halliday, 1973, apud Davidse, 1987, p. 47),
lingüística e sociologia estão intrinsecamente ligadas, já que a linguagem é mais fazer do
que saber. Assim, contexto e cultura restringem o que uma pessoa “pode fazer” em uma
determinada situação: há apenas um procedimento em potencial a ser realizado, podendose escolher realizar ou não esse procedimento lingüisticamente. Se se optar pela primeira
opção, será necessário entrar no sistema lingüístico via semântica, a qual Halliday faz
equivaler à sócio-semântica. Esta faculta ao falante o potencial significativo em um
contexto particular. Em seguida, o significado específico escolhido é recodificado em
palavras, o que ocorre no nível da léxico-gramática, a qual oferece ao falante diferentes
alternativas para o que ele “pode dizer”.
Como resultado de se ter em consideração a interação social, e sob a influência
dos estudos de Bühler, Halliday propõe três funções da língua, as quais ele afirma
encontrarem-se em todo texto:
30
1)
função de conteúdo ideacional: a língua é um instrumento de reflexão ou descrição
das coisas, ou seja, serve para expressar determinado conteúdo; utilizando essa função, o
falante, assim como o ouvinte, organiza a língua e incorpora a ela suas experiências,
reações, cognições, percepções, os atos lingüísticos e o entender;
2)
função interpessoal: a língua é usada como meio de interação entre falantes e
ouvintes; o falante a utiliza como um recurso para interagir em um evento de fala; ela é
pessoal e interacional ao mesmo tempo, podendo organizar e expressar tanto o mundo
interno quanto o mundo externo do indivíduo8.
3)
função textual: possibilita a realização das duas funções anteriores, assegurando que o
uso da língua seja relevante; por meio dela, a linguagem contextualiza as unidades
lingüísticas, fazendo-as operar no contexto e na situação de uso efetivo.
A relação entre a gramática e a semântica, partindo dessas funções, gera a
hipótese de que há, também, uma relação entre a forma da gramática e a construção
semiótica da cultura, de acordo com o modo como essa relação é instanciada em situações
particulares.
A gramática habilita as três funções a agir em todos os pontos do texto. Assim
como Dik, Halliday considera a frase como unidade gramatical básica, na qual as “três
estruturas distintas, cada uma expressando um tipo de organização semântica, são
mapeadas para produzir uma maneira individual de expressar algo em palavras9“ (Halliday,
1994, p. 38). Desse modo, a função ideacional é uma representação dos “processos”: ações,
eventos e processos de consciência; a função interpessoal da frase envolve a troca de
papéis na interação retórica: declarações, questões e comandos; e a função textual é a
construção de uma mensagem.
8
Estas duas primeiras são chamadas de “metafunções”, pois refletem as funções da língua usadas por seus
próprios falantes.
9
No original: wording.
31
Os componentes funcionais que integram o processo de utilização da língua,
denominados de “registros”, são: o “campo do discurso”, o “conteúdo do discurso” (os
papéis interagentes de um texto) e o “modo do discurso” (o papel atribuído à língua,
incluindo o canal e o modo retórico) (Halliday, 1973, apud Davidse, 1987).
Uma outra abordagem funcional, elaborada por Talmy Givón, é, como ele
mesmo nota, “heterogênea”. Utilizando-se do esboço de algumas idéias básicas das raízes
do funcionalismo, Givón traça um paralelo entre a lingüística e a biologia: o organismo
humano, ao lado de sua organização sociocultural e suas ferramentas cognitivas
comunicativas e intelectuais, é examinado sob uma perspectiva funcional e evolutiva
(Givón, 1984, p. 1). Givón não apresenta uma teoria funcional por si, pois rejeita esse
termo por considerá-lo “metodologicamente irreal e não-científico” (Givón, 1984, p. 25),
já que, para ele, ficar atado ao âmbito da gramática e sua formalização significa atrapalhar
a percepção de novos fatos e congelar a intuição explicativa. Portanto, ele acredita que a
descrição da linguagem é muito mais importante que sua teorização e doutrinação (os “ismos”). Uma outra característica marcante da abordagem givoniana está na ênfase dada
aos aspectos cognitivos das atividades de linguagem humana, pois, de certa maneira, a
“competência lingüística” de Chomsky agora é estudada de um modo mais científico, por
meio da colaboração de neurolingüistas e psicolingüistas (Wong, 2005).
Apesar da existência de diferentes “versões” da teoria funcional, há um tema
subjacente que as une, a saber, a convicção de que a comunicação é o objetivo primário e
primordial da linguagem humana. Essa comunicação acontece em um contexto
socioculturalmente definido, e cujos participantes também apresentam papéis socialmente
definidos. Dado esse objetivo, afloram dos estudos funcionalistas duas implicações
importantes para o estudo da língua. Em primeiro lugar, investiga-se como os elementos
lingüísticos contribuem para alcançar o objetivo comunicativo. Assim, todas as unidades
32
de uma língua – suas frases, locuções, etc. –, como configurações orgânicas, são explicadas
por referência às suas funções no sistema lingüístico total. Em segundo lugar, de acordo
com Wong (2005), o modo como a língua é organizada é funcional no que concerne às
necessidades comunicativas do homem, ou seja, de acordo com cada situação social
específica. Assim, desde que teorias funcionais abarcam uma noção mais ampla de
linguagem que as teorias formais, a oportunidade de investigação lingüística é
equivalentemente mais ampla. As áreas centrais da análise lingüística – fonologia,
morfologia, sintaxe e semântica – estão incluídas, mas sempre com o foco voltado para a
visão da comunicação humana como um ato social. A análise de atos de fala e das
situações socioculturais que os produzem é imprescindível para o estudo completo de uma
língua. Uma grande importância do funcionalismo, portanto, é que ele fornece os subsídios
teóricos necessários para a compreensão da grande importância de se partir do uso para
estudar a língua, afirmação que vem sendo feita desde o início deste trabalho.
Por fim, a propósito dos ensinamentos funcionalistas, são de fundamental
importância os estudos de Hopper e Thompson (1980), que apontam o mecanismo da
transitividade como a propriedade central do uso lingüístico, apresentando-a como “uma
propriedade escalar condicionada por fatores sintáticos e semânticos, e também pelo texto,
já que sua gradualidade é ligada às necessidades de expressão dos usuários, dirigida pelos
propósitos da comunicação, isto é, sensível a fatores discursivos” (Neves, 2004, p. 54).
33
7 VARIAÇÃO
LINGÜÍSTICA, NORMA E USO E O PAPEL DOS LINGÜISTAS
–
DISCUSSÃO
TEÓRICA
Nesta seção, em primeiro lugar, discute-se brevemente a tensão entre prescrição
normativa e uso real, sob a luz de textos teóricos que dissertaram sobre o assunto. Discorrese também sobre o papel dos lingüistas nessa discussão e sobre a conseqüente tensão
sociocultural gerada por ela, ou seja, procura-se avaliar até que ponto uma discussão
lingüística está ligada com a realidade social de uma comunidade. A seguir, disserta-se sobre
o papel da escola diante dessas tensões e como fica a sua relação com a norma-padrão. Por
fim, discute-se a questão da variação lingüística e sua importância para os estudos atuais (em
particular o que aqui se desenvolve), e, mais especificamente, a questão da variação das
preposições nos complementos locativos10.
7.1. Prescrição normativa X Uso real
Como já dito na Introdução deste trabalho, a preocupação com o “uso correto”
da linguagem existe desde a Antigüidade, e essa preocupação vem sendo, desde aquela
época, tema de diversos estudos. O que se discute hoje, no entanto, é de onde se deve tirar o
paradigma a ser seguido e ensinado como “padrão”, “culto”. Durante muito tempo,
valorizou-se a linguagem dos autores literários de épocas clássicas como a única “correta”,
mas, como lembra Neves (1994, p. 15), “não existe mais uma determinada literatura, de um
determinado período, que constitua modelo a ser perseguido (…)”.
10
O estudo da variação preposicional especificamente nos complementos locativos justifica-se pelo fato de
estes serem os únicos tipos de complementos dos verbos aqui estudados que apresentam essa variação.
34
Assim sendo, pergunta-se: há, então, algum tipo de texto, alguma variedade
lingüística, que pode ser considerada como a única correta e modelo a ser seguido? O que os
manuais tradicionais pregam deve ser tomado como lei e seguido rigorosamente? Devem, os
usuários da língua que não obedecem ao que preconizam esses manuais prescritivos, ser
recriminados e corrigidos indiscriminadamente?
Em pesquisa realizada no estado de São Paulo, Neves (1990) verificou que a
maioria dos professores de Língua Portuguesa (especialmente) acredita que o estudo dos
manuais de gramática tradicional é a chave para um bom desempenho lingüístico, e que a
escola deve ser a responsável por prover esse bom desempenho. Em outro estudo (Neves,
2001), no entanto, vê-se que, apesar de usualmente se responsabilizarem os gramáticos
(especialmente os considerados normativos) por essa grande valorização da língua-padrão,
muitas vezes é o usuário comum da língua que se fascina com o mundo da “boa
linguagem” e a ele quer ter acesso, por acreditar que este lhe dará um maior prestígio
social. Essa questão de prestígio, aliás, vem sendo muito discutida, em especial pelo fato
de o acesso à cultura ter sido (e ainda ser) relacionado diretamente às condições
socioeconômicas, o que acaba gerando a idéia de que há uma vinculação entre “valor
social” e “valor intelectual”, ou seja, acredita-se que apenas as pessoas de classes sociais
elevadas têm acesso ao padrão lingüístico privilegiado. Desse modo, valorizam-se os
“professores” e os manuais que indicam qual é a forma correta de dizer-se determinada
coisa, e cria-se a falsa idéia de que saber realmente uma língua é conhecer suas prescrições
e ser capaz de explicar os “desvios” e “acertos”, o “certo” e o “errado”.
Bechara (2001), ao analisar os conceitos de exemplaridade e correção, com
base nas idéias de Coseriu, lembra-nos, primeiramente, que é comum o emprego do
segundo termo na grande maioria das vezes, quando, na realidade, deveria usar-se o
primeiro. Isso porque exemplaridade não é um juízo de valor, diferentemente de correção;
35
assim, uma língua exemplar constitui uma modalidade da língua comum utilizada em
circunstâncias formais, sendo considerada “exemplar” simplesmente porque foi “eleita”
como tal. O critério normalmente adotado é a elegibilidade, como língua exemplar, do
modo de falar das pessoas “cultas”, sendo esse, muitas vezes, considerado como o único
modo correto. No entanto, de acordo com o próprio Bechara, a pauta do correto se
concretiza, na realidade, no uso da língua.
Terra (1997) também discute a questão, dizendo que “a gramática normativa,
procurando estabelecer, entre vários, um determinado uso, que se convencionou denominar
de padrão ou culto, não nos mostra a língua como ela é, mas sim como deveria ser” (p. 38
– grifos do autor). Ele afirma que essa gramática, ao contrário do que deveria fazer,
mostra-nos como funciona a língua por meio de suas regras intrínsecas, apresentando
características semelhantes aos códigos de natureza ética ou moral, ou seja, impondo aos
usuários o que devem ou não fazer. Para Terra, as normas deveriam, ao contrário, refletir
um fato social da maneira como ele ocorre no momento em que elas são formuladas, ou
seja, é imprescindível sempre rever as normas para garantir sua constante atualidade. É por
isso que, segundo o autor, as regras lingüísticas instituídas pela gramática normativa são
pouco eficazes, sendo cumpridas, usualmente, apenas na escola, já que elas “não refletem
de modo adequado o fato social que normatizam” (Terra, 1997, p. 39), e a transgressão a
elas, fora do contexto escolar, não implica sanção alguma.
Por outro lado, à parte essas considerações, não se pode negar que é
fundamental existir uma certa uniformidade na língua, a fim de se garantir uma
comunicação eficiente entre todos os seus usuários. Logo, dentro da diversidade
lingüística, ou seja, dentre os vários usos que cada falante faz de sua própria língua,
escolheu-se um que se convencionou chamar de norma. Ainda de acordo com Terra (1997,
p. 40) – diga-se de passagem, opinião que corresponde à da maioria dos lingüistas:
36
A escolha desse uso para transformá-lo em norma, ou, em outros termos,
linguagem padrão, é arbitrária. Escolheu-se um determinado uso, que foi
elevado à categoria de norma, por acreditar-se que ele representaria a forma
culta de utilização da língua, o chamado bom uso, razão pela qual esta acaba
recebendo o status de norma culta. Em outras palavras, a norma nada mais é que
o uso que ganhou prestígio social.
Leite (1999b), seguindo a perspectiva sócio-antropológica de Aléong (1983),
expõe dois tipos de norma: a norma explícita, que é a codificada e divulgada pela escola,
gramática e dicionários, e as normas implícitas, que são próprias de cada grupo social e, na
medida do possível, tão mutáveis quanto estes. A primeira está ligada ao “bom uso”, à
norma posta na gramática tradicional, enquanto os outros tipos de normas se referem à
norma implícita a um grupo social (o dos falantes cultos, p. ex.). Assim, a autora define
norma como o resultado do uso lingüístico de um dado segmento social. Esse uso, por ser
tradicional, é preservado e varia de acordo com as possibilidades de realização que o
usuário faz da língua.
A diferença conceitual entre uso e norma não é unânime, e muitos estudiosos
tratam esses conceitos como se fossem a mesma coisa, o que gera muitos problemas nas
definições. Há alguns, no entanto, que estabelecem abertamente essa distinção, como, por
exemplo, Hjelmslev (1991a), que diz que a língua-esquema, língua-norma e língua-uso não
se comportam do mesmo modo frente ao ato individual que é a fala. De acordo com ele (p.
84), a língua esquema seria uma “forma pura”, definida independentemente de sua
realização social e manifestação material; a língua norma é a “forma material”, definida
por dada realização social, mas independente do detalhe da manifestação; por fim, a língua
uso seria o simples “conjunto dos hábitos” adotados em determinada sociedade e definidos
pelas manifestações observadas. Portanto, assim como a norma mantém relação de
determinação com o uso, o esquema (sistema) mantém relação com a norma, que por sua
vez já está influenciada pelo uso. Certos usos, se constantes, tendem a se normalizar e,
depois, podem alcançar o sistema.
37
De acordo com Coseriu (1979), na passagem do uso para a norma há o estágio
intermediário da adoção, isto é, toda inovação tem de ser aceita e imitada pelos falantes
para depois se transformar em uso. Pela divulgação, esse uso pode ser adotado e se
transformar em norma.
Juntando as contribuições desses dois autores (Hjelmslev e Coseriu), Leite
(1999b) representa esses estágios da seguinte maneira, como se se constituíssem em uma
hierarquia:
uso
⇓
adoção
⇓
norma
⇓
(sistema)
Segundo a autora, a mudança é um fato normal, mas pode incomodar os
falantes, dando a impressão de que a língua está em decadência. No entanto, citando
Aitchison, Leite (1999b, p. 184) diz que “a mudança não afeta a linguagem em termos de
progresso ou decadência”, o que ocorre é apenas um jogo de forças opostas, um fluxo
conservador que se opõe a um fluxo inovador. A respeito disso, também fala o professor
Sílvio Elia (1979, p. 80): “infringir a norma é o normal (sem ou com trocadilho), infringir
o sistema é que significaria mudança de língua”.
Uma última consideração a ser tecida nesta subseção é que não se pode deixar
de lado a influência da oralidade na língua escrita, e esse tema tem recebido um grande
espaço nos estudos lingüísticos11. Os estudos sobre oralidade possibilitam a relativização
do padrão e a vinculação da escolha de padrão à modalidade de língua, com o intuito de
obter adequação a cada situação particular de comunicação. A influência da modalidade de
língua falada sobre a escrita é de fundamental importância para este estudo, já que, de
11
Citem-se, a esse respeito, Faraco (1991), Biber (1988), Marcuschi e Koch (2002), Roncarati e Mollica
(2000), Silva (2000), dentre outros.
38
acordo com várias pesquisas (citem-se, principalmente, Leite, 1999b e Faraco, 1991), o
maior índice de desobediência à norma-padrão está na língua falada, e a influência desta na
língua escrita é o fator que provavelmente mais desencadeia “erros” também nessa
modalidade. Tal influência é inevitável, especialmente no início do processo de letramento,
mas também é comum entre usuários com grau universitário e, muitas vezes, entre os
alunos e graduados do curso de Letras, sendo, possivelmente, a principal responsável por
se usarem certos enunciados não recomendados pela prescrição normativa até mesmo na
língua escrita.
7.2 O papel dos lingüistas e a tensão sociocultural
Diante das inúmeras prescrições de cunho normativista (observadas em
diversos âmbitos) que se centram no que é “certo” e “errado” na língua, da conseqüente
avaliação social que atribui prestígio ou estigma às diferentes falas, e também das
discussões travadas em torno da linguagem “politicamente correta”, é facilmente
constatável o caráter polêmico da questão do preconceito lingüístico, questão essa que
envolve a discussão entre o uso em oposição à norma (já tratada na subseção anterior). Ao
mesmo tempo, a atualidade do assunto é visível na recorrência com que ele tem sido
estudado sob diferentes ângulos12.
A intervenção dos lingüistas na discussão sobre o que deve ou não ser aceito em
uma língua desencadeou uma espécie de “conflito”, como já exposto na Introdução, com
os gramáticos normativos, já que estes postulam o que se deve e o que não se deve usar e
12
Alguns exemplos são os trabalhos de Bagno (1999); o documento sobre Definição da Política Lingüística
no Brasil resultante de ampla discussão entre os lingüistas e publicado no Boletim da ABRALIN, 23; o
Boletim da ALAB 4-4 (2000) sobre o Projeto de Lei contra os Estrangeirismos; matérias em jornais a
exemplo de Faraco (2001) na Folha de S.Paulo; etc.
39
normalmente querem “impor” uma língua única13, enquanto aqueles procuram estudar a
língua como uma entidade indiscutivelmente variável e heterogênea.
Assim, levando-se em consideração essas duas características intrínsecas à
língua, não se deve simplesmente classificar algo como “certo” ou “errado”, condenando
autoritariamente determinadas construções que estão, simplesmente, bem inseridas em
determinada situação social, já que, obviamente, pouquíssimas pessoas empregam a
mesma linguagem em situações com diferentes níveis de formalidade. Assim, o falante tem
a opção de deixar de usar uma variante recomendada pela prescrição normativa tradicional
para empregar outra, estigmatizada por ela, mas que efetivamente expresse o que ele quer
dizer naquele momento.
Em Silva e Moura (2000), encontra-se uma coletânea de artigos, em que fica
clara uma crítica à idéia de unidade nacional alicerçada numa língua idealizada pura e
única, a qual nunca existiu e nunca existirá, mas que alguns gramáticos normativos
continuam difundindo e defendendo. Nessa obra faz-se, por exemplo, uma oposição de
Lima Barreto a Machado de Assis e Cruz e Sousa (Cruz, 2000), em razão do uso peculiar
que aquele faz da língua portuguesa, considerado à época como incorreto, e só mais tarde
visto como inserido, com estilo, no contexto cultural, por buscar falar a língua do povo e
não retratar a linguagem dominante do período14. Um outro exemplo, do mesmo livro, é a
visão da língua como resultado de um processo histórico (Fiorin, 2000), que serve de pano
de fundo para a caracterização do preconceito lingüístico como fruto da “intolerância em
relação à variação e à mudança” (p. 27), preconceito que a própria escola e os gramáticos,
como já dito, tratam de difundir. Fiorin focaliza fatos da mídia em que a diversidade
13
Usa-se o termo “normalmente” porque, apesar de essa ser uma realidade entre os manuais normativos, há
algumas exceções. É o caso, por exemplo, de Luft (2002), que, ao apresentar a prescrição normativa para
determinados verbos (como pagar e perdoar), tece considerações importantes sobre o uso real desses
verbos, mostrando que certas lições normativas tradicionais estão sendo substituídas por outras, mais
adequadas à realidade lingüística atual.
14
Esse fato particulariza a obra do romancista, caracterizando-a como de “militância literária” lingüística, daí
sua importância no que se refere à questão do preconceito lingüístico.
40
lingüística é ridicularizada e, com bastante pertinência, examina trechos de uma entrevista
de Pasquale Cipro Neto dada à revista VEJA (setembro de 1997), nos quais ele confirma
muitos preconceitos lingüísticos partindo da concepção equivocada de que a língua é
homogênea e estática. Aproveitando “deixas” de Pasquale na matéria, o autor discorre
sobre diferenças entre a fala e a escrita e entre o português brasileiro e o europeu, e discute
comentários equivocados como os seguintes: do ponto de vista da norma “culta”, a melhor
fala é a do Rio de Janeiro e a pior é a de São Paulo; é idiota quem usa palavras em inglês
no lugar de palavras equivalentes em português; em termos lingüísticos “estamos nivelados
por baixo” (p. 34); e a “pérola” final, o comentário do referido professor, por ocasião de
um conhecido comercial da cadeia McDonalds, de que não teria feito publicidade dos
lanches, mas sim divulgado a língua portuguesa. Por fim, considerando amplamente a
diversidade lingüística, Fiorin desqualifica com veemência a opinião dos “guardiões da
língua”, de que “os lingüistas estão destruindo o idioma, porque para eles vale tudo” (p.
35).
Bagno (1999), ao discutir o que ele chama de “mitologia do preconceito
lingüístico” – um conjunto de crenças equivocadas, responsável pela má qualidade e
ineficiência do ensino do português nas escolas e pela dificuldade que muitos brasileiros
têm no trato com a língua materna –, considera que o “erro de português”, que amedronta,
intimida e humilha tanta gente, simplesmente não existe. Haveria, na realidade, diferentes
variedades do português, cada uma perfeitamente válida em seu contexto e todas
merecedoras de respeito.
Teixeira (2003) é outro lingüista trabalha com a questão do “desvio (=erro)”,
questionando se este é um problema realmente lingüístico, ou se é social. Mencionando o
mote de Vergílio Ferreira “a verdade é um erro à espera de vez” (p. 125), o autor afirma
que, na generalidade da vida, a verdade pode ser um erro à espera de vez, mas “na língua
41
um erro é sempre uma verdade à espera de vez” (p. 125), ou seja, um “erro” de hoje pode
vir a tornar-se uma forma adotada na língua, e passar a ser uma “verdade”. Para ele, se se
partir da perspectiva de que alguém altera a língua, está-se dizendo que a língua sofre
ataques, distorções e pode até ser levada ao “assassinato”, como afirmam alguns. Além
disso, o autor diz que colocar essa questão como o faz a tradição normativa clássica, em
termos de “norma/desvio”, é claramente tender para a questão comportamental: a “norma
coincide com o bom: ‘anormal’ implica ‘defeituoso, mau’. Um desvio é um
comportamento e, como tal, passível de valoração social” (Teixeira, 2003, p. 127).
As opiniões acima expostas reforçam a afirmação de que as prescrições
normativas não são de base propriamente lingüística, mas primordialmente de base
sociocultural. Desse modo, retomando os questionamentos propostos na Introdução deste
trabalho a respeito da propagação da prescrição normativa e do papel do lingüista nessa
questão, conclui-se, seguindo Neves (2001a e 1997, entre outros), que a avaliação das
prescrições da norma não é, definitivamente, questão menor para o lingüista. Por outro
lado, diz a autora, este não se dedicaria a tal avaliação para, simplesmente, legitimar a
postura gramatical prescritivista. O trabalho do estudioso é, pois, examinar os casos em
que há, no uso real, distanciamento da norma e avaliá-los de acordo com o seu
conhecimento do funcionamento lingüístico.
Além disso, no estágio em que se encontram as investigações lingüísticas no
meio acadêmico, são de fundamental importância projetos que explicitem uma gramática
do português observada diretamente nos usos reais da língua (Neves, 2001a), procurando
verificar como os enunciados utilizados pelos usuários no seu cotidiano esbarram em
pressões (como já visto, geralmente de natureza não-lingüística) que acabam gerando
dificuldade na escolha entre o apropriado para determinada situação e o prestigiado pela
sociedade.
42
7.3 O ensino da norma na escola de hoje e os estudos lingüísticos
Ainda com relação à tensão entre uso e norma, o que é socialmente prestigiado
e o que pode ser usado em situações informais, e qual o papel dos lingüistas na discussão,
surge uma nova interrogação: Como fica o ensino da língua portuguesa nas escolas?
Infelizmente, em vários locais há ainda a crença de que ensinar bem uma língua
é propagar os ensinamentos contidos nos manuais tradicionais, já que se vincula o acesso
ao padrão lingüístico privilegiado à possibilidade de ascensão social. Assim, acredita-se
que o papel da escola é fazer com que o aluno assimile a variante padrão da língua, por
meio das prescrições normativas. Além disso, tem-se a falsa idéia de que ser um bom
conhecedor do idioma é saber explicar o que é “certo” ou “errado” de acordo com o
padrão.
Para Castilho (1988), no entanto, a escola é o local em que se deve “sensibilizar
o aluno para a variedade lingüística, mostrada na correlação com as situações a que
corresponde” (p. 46), sem se ficar preso à questão de “certo” e “errado”. Isso porque,
segundo ele, tal distinção é equivocada, havendo apenas “modalidades de prestígio e
modalidades desprestigiadas” (p. 46). Desse modo, Castilho aponta que o necessário não é
substituir a modalidade do aluno, mas sim lhe fornecer outra adicional, a de maior
prestígio, para que, com isso, ao mesmo tempo que ele tenha a oportunidade de ascensão
social por meio da língua, continue participando de seu grupo de origem, não passando por
um processo de despersonalização.
Quanto ao ensino da norma, Castilho (1988) reafirma a necessidade de não
impor bruscamente o padrão, sob pena de se continuar promovendo nas classes baixas o
43
complexo de “incompetência lingüística”. Seria necessário ao professor, usuário da normapadrão, familiarizar-se com a nova realidade escolar, em que normalmente se configura,
com a chegada de camadas populares, um verdadeiro caso de diglossia.
Soares (1980) também já havia afirmado que a transformação social por meio
da educação seria conseguida com uma escola que levasse a um bidialetalismo funcional,
ou seja, o objetivo primeiro não deve ser substituir a variedade lingüística do aluno por
aquela socialmente privilegiada, mas sim fazer com que este compreenda as relações de
força que se estabelecem socialmente e qual a posição de sua variedade na economia
dessas relações. Propõe-se ao aluno, assim, “um bidialetalismo não para sua adaptação,
mas para a transformação de suas condições de marginalidade” (idem, p. 78).
A proposta pedagógica para uma escola transformadora baseada no
bidialetalismo pede que se observem diferenças entre o dialeto de prestígio e os dialetos
populares, rejeitando a qualificação destes como “deficientes”. A apropriação do dialeto de
prestígio pelas camadas populares se realizaria não com o objetivo de substituição de seu
dialeto de classe, mas para que se acrescentasse a ele, como mais um “instrumento de
comunicação”.
Assim, de acordo com Soares (1980), com essa mudança de perspectiva, não
mais se consideraria uma única variedade lingüística como boa, correta, com base na qual
se julgam como erradas, pobres, as demais variedades. Seriam levados em consideração os
diversos fatores que contribuem para a diversidade lingüística — econômicos, sociais,
culturais, políticos, ideológicos — de que a escola e as variedades lingüísticas são produto.
O ensino de língua materna comprometido com a luta contra as desigualdades sociais teria
como objetivo levar os alunos pertencentes às camadas populares a dominar o dialeto de
prestígio. Isso implica a construção de uma metodologia de ensino que, “a partir dos
contrastes entre o dialeto não-padrão e o dialeto-padrão, possa conduzir eficazmente ao
44
domínio deste” (idem, p. 79). Fica mais uma vez confirmada, aqui, como exposto na
subseção anterior, a tese de que o uso da língua e, portanto, também o seu ensino na escola,
não são apenas processos técnicos, mas também, e sobretudo, políticos.
Um outro estudioso que fala sobre a questão do ensino é Luft (1985b), o qual,
assumindo como teoria de base o gerativismo, considera que o aluno já sabe sua língua,
tendo-a desenvolvido desde criança, e que possui uma gramática própria. A proposta é que
ele “libere mais suas capacidades nesse campo”, ou seja, que aprenda a ler e escrever por
meio da prática de linguagem, a partir da exposição a bons modelos de uso de linguagem.
O objetivo de Luft é também o de evitar que se silencie o aluno pela imposição de uma
língua que não é a sua, mas da escola, língua que vem representada na figura castradora da
Gramática Tradicional.
Para obter esse ensino libertário, é preciso, segundo o autor, julgar a linguagem
dos alunos, suas composições, como atos de comunicação. Uma vez que estes já possuem
uma gramática com todas as regras necessárias para se comunicar, as regras da Gramática
Tradicional a serem ensinadas seriam apenas as necessárias para caracterizar a normapadrão. O autor afirma que a língua é determinada pelo uso, pelo costume, “não por outros
critérios como origem, lógica, autoridade, etc.” (Luft, 1985b, p. 17). Como se vê, a ênfase
é colocada na comunicação, e, para isso, o importante é “dominar o mais automaticamente
possível, o sistema de regras do meio de comunicação” (p. 20).
A língua-padrão, “espécie de língua segunda”, de acordo com o autor, também
seria adquirida por intuição, através da exposição constante e prolongada a modelos de uso
dessa língua. Esses modelos não seriam necessariamente os clássicos da literatura, mas os
escritos da literatura moderna, que melhor representariam o uso “modelar” atual. Segundo
Luft, para conseguir-se esse “ajustamento” da gramática do aluno, é primeiramente
necessário fazer com que ele tenha confiança em si como falante nativo de uma língua.
45
Isso não é comumente realizado na escola tradicional, a qual, possuindo o objetivo de
apresentar as normas de uma única variedade lingüística, a linguagem escrita formal, não
dá a “necessária atenção à plenitude ou totalidade da língua, que inclui variedades de
tempo, região, classe social, sexo ou estilo (ou registro, como hoje se diz)” (Luft, 1985b, p.
32). As variedades, segundo Luft, seriam variantes de gramática, e, mesmo aquelas que
apresentam nível mais “baixo”15, seriam completas. Logo, se o aluno já possui uma
gramática completa, cabe à escola incentivá-lo a desenvolver essa gramática16, oferecendo
estímulos para que se liberem “capacidades internas inatas”. Para tanto, o aluno deve ser
visto como alguém capaz, e o ensino deve iniciar-se a partir da variedade que ele traz para
a escola. Luft afirma, então, que é preciso sempre partir do respeito pela linguagem do
aluno, posicionando-se contrariamente ao preconceito vigente na escola, voltada
tradicionalmente para as classes sociais que já possuem a variedade lingüística valorizada.
O estudo do confronto entre uso e norma contribui, e consideravelmente, para a
obtenção desse objetivo, transformando-se a visão tradicional do ensino da língua em algo
mais condizente com a realidade sociolingüística atual.
7.4 A questão da variação
“As línguas humanas não constituem realidades estáticas; ao contrário, sua
configuração estrutural se altera continuamente no tempo” (Faraco, 1991, p. 9). Essa
citação retrata bem o que se afirma desde a Introdução deste trabalho sobre a língua: que
15
A respeito dessa “qualificação” feita por Luft: se toda gramática é completa, não se pode considerar que
existe um nível “baixo” e um nível “alto”. O que se tem são variações, e, embora se respeite a opinião do
autor sobre esse assunto, nesta dissertação acredita-se que a idéia de “desenvolver a gramática do aluno”
parece bastante estranha, já que o objetivo é aceitar e estudar, sempre que possível, os usos que se fazem da
língua.
16
Ver nota anterior.
46
ela é, naturalmente, heterogênea e passível de variação e mudança. Nenhum estudo
lingüístico que parta de um pressuposto que se oponha a isso terá uma boa fundamentação.
A dinamicidade da língua é observada por meio das mudanças lingüísticas.
Estas não se dão rapidamente, mas sim de forma lenta e quase imperceptível, já que
atingem partes, e não o todo, da língua, e, de acordo com Faraco, isso significa que “a
história das línguas se vai fazendo num complexo jogo de mutação e permanência”
(Faraco, 1991, p. 9), o que reforça a imagem estática que a maioria dos falantes têm da
língua. Além disso, segundo o autor, a mudança se dá de forma muito mais clara na língua
falada, já que a escrita é uma modalidade mais estável, e modera, de certa forma, as
mudanças (o que reforça o que se disse sobre a certa uniformidade mantida na língua, que
é o que garante uma comunicação eficiente entre todos os seus usuários). Mais do que isso,
continua Faraco, somos remetidos ao pressuposto básico do estudo da variação no uso da
língua, que é o de que a heterogeneidade lingüística não é aleatória, mas governada por
regras.
De qualquer maneira, é preciso considerar que, mesmo havendo fatores de
unificação (conforme discutido em Meillet, 1911), há variação, e esta pode estar presente
em vários campos. Essas variações podem implicar uma mudança no próprio sistema,
como é o caso, por exemplo, da transformação ocorrida na passagem de Vossa Mercê para
o atual você, vocábulo unanimemente aceito e dicionarizado. No entanto, como alerta
Faraco (1991, p. 13), nem toda variação implica mudança, mas toda mudança pressupõe
variação, ou seja, há casos de variação que acabam sendo assimilados pelo sistema (como
o caso do você), mas há outros que não chegam a esse ponto.
Assim, de acordo com o autor, estudar uma língua por completo significa
considerar seus diversos dialetos e variedades, levando em conta as especificidades de cada
grupo de falantes, em cada região, de cada faixa etária, sexo, grau de escolaridade, nível
47
social, etc. É aí que entra o fundamental papel da Sociolingüística. Essa área
interdisciplinar é a responsável pelos estudos particulares de cada fator que influencia as
possíveis diferenças fonológicas, morfológicas, gramaticais, etc. dentro de uma dada
língua, e considera a variação como um princípio geral e universal, passível de ser descrita
e analisada cientificamente; ou seja: as opções de uso disponíveis para o falante são
influenciadas por fatores estruturais e sociais, e é possível identificar as tendências que
regulam essas alternâncias de uma forma sistemática. A Sociolingüística contribui,
portanto, para que a variação, a diferença, seja vista não como possível deficiência, mas
como “garantia de eficiência da comunicação” (Neves, 2001a, p. 34).
De acordo com Faraco (1991, p. 17), todo estudo sociolingüístico deve basearse em dados comprobatórios, para se evitar
(…) transferir juízos de valor do senso comum para o trabalho de
descrição e de interpretação dos fenômenos lingüísticos (em especial
quando se trata de realidades de sua própria língua), porque esses
juízos não têm, na maioria das vezes, base empírica e não passam de
enunciados preconceituosos.
É preciso, portanto, como também afirmam Savioli e Fiorin no Prefácio ao
Guia de uso do português (Neves, 2003a), “proceder a um levantamento criterioso,
baseado em pesquisa de corpus e não no palpite de uma suposta autoridade” (p. 8), para
garantir se um uso está ou não de acordo com a norma-padrão escrita.
William Labov, considerado o maior representante da corrente sociolingüística
denominada de Teoria da variação lingüística ou Variacionismo, também declara, dentro
dos pressupostos dessa teoria, a importância de se ressaltarem dois aspectos: o primeiro é o
caráter eminentemente social dos fatos lingüísticos, e o segundo é a percepção da
variabilidade a que esses fatos estão continuamente submetidos. Resumindo os
ensinamentos desse lingüista em uma única frase, a língua e a sociedade estão tão
48
intimamente relacionadas que se torna impossível conceber a existência (e o estudo) de
uma sem a outra.
De acordo com os ensinamentos de Labov, o Variacionismo (e pode-se dizer
que, mais amplamente, a Sociolingüística), visa responder à questão central da mudança
lingüística a partir de dois princípios teóricos fundamentais: (i) o sistema lingüístico que
serve a uma comunidade heterogênea e plural deve ser também heterogêneo e plural para
desempenhar plenamente as suas funções; rompendo-se assim a tradicional identificação
entre funcionalidade e homogeneidade; (ii) os processos de mudança que se verificam em
uma comunidade de fala se atualizam na variação observada em cada momento nos
padrões de comportamento lingüístico observados nessa comunidade, sendo que, se a
mudança implica necessariamente variação, a variação não implica necessariamente
mudança em curso (Labov, 1972 e 1994).
Por fim, a análise sociolingüística busca estabelecer a relação entre o processo
de variação que se observa na língua em um determinado momento (isto é,
sincronicamente) e os processos de mudança que estão acontecendo na estrutura da língua
ao longo do tempo (isto é, diacronicamente).
Para encerrar esta subseção, recorre-se novamente à teoria funcionalista, vista
na seção 6, lembrando que ela também oferece alguns aparatos para a avaliação da
variação lingüística e suas manifestações no uso, já que, segundo Neves (1997, p. 77), ela:
a) é dirigida para a questão da comunicação eficiente, a chamada
“competência comunicativa” dos falantes (…).
b) é inserida em um “modelo de interação verbal” (Dik, 1997) que se assenta
na relação entre “intenção” do falante (baseada na “antecipação da
interpretação” do ouvinte) e “interpretação” do ouvinte (baseada na
“reconstrução da intenção” do falante), tudo governado pela noção de que a
interação bem sucedida traz modificação na “informação pragmática” dos
interlocutores (…).
c) afinal, e em conseqüência, é assentada no ponto de vista de que o
“usuário da língua natural” (Dik, 1997) opera não apenas com “capacidade
lingüística”, mas também com “capacidade epistêmica”, “capacidade
lógica”, “capacidade perceptual”, e, afinal, “capacidade social”, pela qual
49
não apenas ele sabe o que dizer “mas também como dizê-lo a um parceiro
comunicativo particular, numa situação comunicativa particular, para
atingir objetivos comunicativos particulares”.
7.5 A variação preposicional
Como o objetivo principal deste estudo é verificar o que ocorre na regência
verbal quanto à tensão entre o que recomendam os manuais normativos e o que ocorre
realmente na língua em uso, também cabe atenção às preposições, já que elas são o ponto
central da questão, especialmente no cotejo de formas variantes de realização da regência.
Na maioria dos casos de regência verbal, verifica-se se o uso da preposição é ou não
obrigatório, e se o usuário obedece ao que recomenda a prescrição normativa quanto a esse
uso. No entanto, em outros casos, mais especificamente para os verbos ir e chegar, aqui
analisados, podem ocorrer diferentes preposições, o que gera o interesse, também, pelo
estudo dos fatores que levaram à utilização desta ou daquela preposição, questão ainda não
muito abarcada pelos estudos lingüísticos. O que se pretende nesta subseção é demonstrar
que a variação preposicional não pode ser deixada de lado num estudo que pretenda
confrontar norma e uso na regência verbal.
Vários trabalhos, relativamente recentes, têm demonstrado que o emprego das
preposições nos complementos verbais vem sofrendo algumas modificações há alguns
séculos. Podem-se citar, a esse respeito, dentre outros, os trabalhos de Berlinck (2000c,
2001, 2003, 2004), Gonçalves (2004), Tarallo (1983), Ramos, (1989) e Mollica (1996).
Um grande consenso sobre o uso das preposições é que elas ganharam um espaço muito
grande no sistema das línguas românicas, e esse é o traço apontado como um dos
diferenciadores dessas línguas em relação ao latim (como se encontra, p. ex., em Berlinck,
50
2000c e 2003). Como conseqüência dessa ampliação no uso das preposições, houve uma
grande expansão e variação dos significados originais de algumas delas, o que provocou,
algumas vezes, situações de superposição (uma preposição invadindo parcial ou totalmente
o espaço de significação de outra) (Câmara Jr., 1985). Essas situações tensas deram origem
à variação, que, em alguns casos, se resolveu ao longo do tempo, com o predomínio de
uma variante preposicional sobre a outra, mas, em outros casos, ainda hoje se verifica uma
“aparente”17 competição entre as variantes.
Em estudo bastante recente sobre as construções locativas18 do português do
século XIX, Berlinck (2004) verificou que a preposição a predominava na expressão de
espaço, embora sofrendo forte concorrência das preposições para e em. Pontes (1992)
mostra que, por outro lado, no final do século XX, a preposição a já não constituía a opção
mais usada, cedendo lugar para suas variantes, o que confirma a tendência de um uso cada
vez menor dessa preposição. De acordo com a autora, nos contextos em que ela significa
“localização”, a concorrente preferida seria em, enquanto nos casos de “direção”, a
preferência recairia sobre para. Reunindo os resultados das análises de língua falada
realizados por Berlinck (1996) e Malvar (1996), Berlinck (2000c) mostra quais as
preposições utilizadas na expressão de complementos com valor “meta”, nesse tipo de
variedade, ilustrando a tendência da não-utilização da preposição a:
PBM
A
4%
PARA
74%
EM
22%
total
566
Quadro 1. Variação de preposições em SPs ‘META’ no PB moderno, apud Berlinck (2000c)
Aliás, essa tendência, também apontada por Pontes (1992), é largamente
atestada em vários estudos sobre o português brasileiro atual, como em Mollica (1996),
Berlinck (1997) e Gomes (2003).
17
Usa-se o termo “aparente” porque, como se explica, na realidade cada preposição utilizada tem um valor
semântico intrínseco, não sendo, desse modo, verdadeiras “competidoras”.
18
Entendidas no sentido proposto por Dias da Silva e Dezzotti (1987).
51
De acordo com Mollica (1996), a gramática tradicional recomenda o emprego
do verbo ir de movimento com as preposições a e para, sugerindo a primeira a idéia de [permanência] e a segunda de [+permanência], não se admitindo, em hipótese alguma, a
forma em. No entanto, a autora aponta que tal variante repudiada pelo padrão podia já ser
encontrada em textos do início do século XIX (como demonstra Lessa, 1966, apud
Mollica, 1996) e, mais abundantemente, na língua falada moderna.
Os estudos de variação preposicional encontrada nos complementos verbais,
portanto, confirmam que a gramática normativa tradicional – que recomenda o uso da
preposição a para os complementos dos verbos de direção – continua prescrevendo normas
que nem sempre condizem com o uso. Aliás, tal afirmação também faz Berlinck (2003), ao
dizer que o uso limitado da preposição a “se opõe frontalmente àquilo que se aponta como
regra para o português em obras de cunho normativista e à variação observada com esses
mesmos complementos em estágios anteriores do português brasileiro” (p. 42). Além disso,
a autora afirma que a preposição a tende a ficar restrita a registros formais ou à língua
escrita, soando pouco usuais no português falado coloquial19, e completa dizendo que a
resistência dessa preposição à mudança lingüística está associada, primeiramente, à sua
ligação com uma configuração de sentido mais abstrato, mas, em segundo lugar e não
menos importante, às “instâncias defensoras e mantenedoras da norma gramatical: escola,
instituições que cultivam um uso lingüístico formulaico, gramáticos” (p. 44), já que essas
instituições insistem em recomendar o uso dessa preposição como o “mais correto”.
Vale ressaltar que essa variação preposicional é, primordialmente, de base
semântica, já que é muito importante observar a diferença de sentido que as construções
obtêm com o uso das diferentes preposições (Neves, 2004). Como os complementos
regidos pelas preposições aqui em estudo são os de direção dos verbos de movimento, mais
19
Afirmação que ela ilustra com os trabalhos de Mollica, 1996 e Malvar, 1996.
52
especificamente ir e chegar, é desnecessário dizer que todas elas expressam esse
movimento. No entanto, observa-se que as preposições a e até diferem de para pelo fato
de as primeiras, normalmente, não carregarem a idéia de permanência no local de destino,
expressa por para, como se observa nos seguintes exemplos:
(1) Vai até a janela, com a cabeça erguida, a água a borbulhar-lhe na bôca, e assim
fica por alguns segundos. (CCR-R) [-permanência]
(2) (...) devo informar à câmara que quando cheguei a Montevidéu no ultimo dia do
mês de Outubro de 1851 já estava feito o acordo entre o general Urquiza, Oribe e
suas tropas (...). (EIN-T) [-permanência]
(3) Quando o dr. Antônio Pôrto teve que vender suas roças para ir para o Sul, ante o
escândalo pavoroso que dera sua mulher, saindo de casa atrás do amante (…).
(SJ-R) [+permanência]
Já a preposição em não indica propriamente “movimento em direção a um
lugar”, mas sim “inserção em um lugar” (Neves, 2004), sendo preferida, usualmente, nos
casos em que se tem um complemento de destino com o traço [fechado]20, como se observa
em:
(4) Enquanto estava nesse vexame, ela nadou, nadou, chegou em casa, contou aos
parentes o que acontecera, mas sem falar em Zambi-a-pongo. (MAB-T)
(5) Amanhã vou no dentista. (= consultório dentário) (TC-R)
Tal fato ocorre porque a preposição em pode ter, além do valor de
“movimento”, também o valor de “situação”, conotando “posição no interior de, dentro dos
limites de, em contato com, em cima de” (Cunha e Cintra, 1985, p. 557). Alguns
gramáticos apontam como principal acepção dessa preposição “lugar onde”, casos de
Bechara (1968, p. 357) e Rocha Lima (1983, p. 343), os quais afirmam ainda que a e para
20
Lembrando que esse traço se refere ao “recinto cujo espaço seja mais demarcado” (Mollica, 1996, p. 156),
podendo este recinto ser um cinema, um consultório, ou então uma cidade, um endereço especificado.
53
têm o valor de movimento, além de a última poder apresentar, também, o valor de
finalidade.
7.6 Considerações Finais
Nesta seção realizou-se uma breve discussão a respeito de temas centrais para o
desenvolvimento desta pesquisa: variação, norma X uso e a tensão entre lingüistas e
gramáticos normativos, além do papel da escola nessa questão. O que se procurou
demonstrar, primeiramente, foi a necessidade de se estudar a língua partindo do seu uso, e
não de suposições teóricas a respeito de algo idealizado e irreal. Para isso, não se deve
deixar de considerar que há vários fatores que influem para tornar a língua heterogênea –
apesar dos fatores que, de certa maneira, controlam a variação –, lembrando sempre que
não existe e nunca existirá uma língua única e homogênea.
Conclui-se, portanto, que o ensino de Português nas escolas não pode se limitar
à transmissão de ensinamentos normativos tradicionais que excluem, como se não
existisse, o dialeto trazido pelo aluno à sala de aula. Desse modo, fica mais uma vez
confirmada a importância da participação dos lingüistas na questão da tensão entre uso e
norma, já que estes são os legítimos estudiosos e conhecedores da língua em seus diversos
aspectos. Além disso, e principalmente, jamais se pode deixar de considerar, em nenhum
estudo ou mesmo na transmissão de conhecimentos, a variabilidade como uma
característica inerente da língua.
54
8 ESTUDO DA MANIFESTAÇÃO DA TRANSITIVIDADE VERBAL
Nesta seção apresentam-se e comparam-se conceitos como transitividade,
complemento verbal e regência. Primeiramente faz-se um breve panorama a respeito da
valência verbal (intimamente ligada à regência) e do conceito de regência, conforme
encontrado em gramáticas antigas e contemporâneas, procurando-se traçar um paralelo
entre os dois períodos quanto às definições e especificidades encontradas para a regência
verbal. A seguir, comparam-se, historicamente, os conceitos de verbos transitivo e
intransitivo, e complementos verbais (distinguindo-se os diversos tipos existentes e
mencionados antes e atualmente).
Logo depois, são discutidos alguns aspectos da classificação das construções
locativas em complementos verbais ou adjuntos, ou seja, partindo-se de trabalhos já
existentes sobre o assunto, mostra-se se os locativos constituem termos obrigatórios ou
acessórios das frases. A transitividade verbal é tratada, ainda, sob outros pontos de vista,
discorrendo-se sobre quais os fatores mais importantes em seu estudo. Por fim, procede-se
a uma análise comparativa da regência para cada verbo aqui estudado, de acordo com o
tratamento dado a eles nos manuais anteriores e posteriores a 1950.
8.1 A valência verbal
Por ser questão central neste trabalho o estudo da regência verbal inserida na
tensão entre norma e uso, é imprescindível entender melhor a relação entre o verbo e seus
complementos. Para tanto, recorre-se à teoria das valências, a qual, desenvolvida a partir
dos anos 50, coloca o verbo como categoria central na análise das frases. Em Neves (2002)
55
pode-se encontrar uma visão geral do desenvolvimento dessa teoria, passando pelos
estudos, principalmente, de Tesnière, Helbig e Engel. De acordo com a gramática de
valências, o verbo não é apenas a razão de ser da oração, mas o centro de onde emanam os
controles a cada um de seus argumentos, cujo número varia de acordo com a valência de
cada verbo. Segundo Borba (1996), essa valência pode variar de 0 a 4, tendo valência 0 os
verbos que não aceitam nem sujeito nem complemento (como o verbo chover), e valência
4 aqueles verbos que, além do sujeito, podem aceitar até três complementos (exemplo:
“Ele traduziu o romance do italiano para o inglês”). Nesse modelo, para encontrar os
limites da oração, tanto à esquerda quanto à direita, basta identificar a valência do verbo e,
a partir daí, localizar os argumentos que a ele estão ligados.
Como apontam Vilela e Koch (2001, p. 76), valência e regência estão
intimamente unidas, sendo, a segunda, a parte linearizada e exterior da primeira, isto é, a
regência é “a componente sintática e morfossintática da valência”.
De acordo com Borba (1996 e 1987), na teoria das valências o ponto de partida
para a análise é a oração, e a sintaxe e a semântica estão intrinsecamente ligadas nessa
análise. No entanto, há uma diferença entre elas: enquanto a sintaxe parte da referência
para a análise, a semântica analisa a própria referência.
Uma outra proposta teórica extremamente importante e ligada à gramática de
valências é a gramática de casos (“case grammar”). Vilela (1992) explica que essa
gramática considera que a “estrutura profunda clássica de Chomsky não pode fornecer
todos os dados necessários para a interpretação semântica da frase” (p. 131). Assim, o que
ela propõe é que haja relações casuais entre o verbo e os sintagmas nominais, e que essas
relações se dêem não no sentido tradicional (morfológico), e sim no sentido semântico. A
gramática de casos considera, como ponto de partida, a existência de uma estrutura
subjacente, na qual o verbo é o predicado, havendo, entre ele e os outros elementos da
56
frase, uma relação semântica. Em vista disso, unindo a teoria das valências e a gramática
de casos, se estaria incorporando “na própria hierarquização de elementos as relações
semânticas existentes entre regidos e regentes, de que resulta a estrutura semântica da
frase” (Neves, 2002, pp. 113-114).
A gramática de valências, portanto, dá conta da rede de dependências
contraídas pelos argumentos com relação ao predicado, e liga-se a uma gramática de casos.
Há três tipos de valência (Borba, 1996). A valência quantitativa indica o número de
argumentos que um verbo pode apresentar. Por exemplo, os verbos ir e chegar têm
valência 2, já que exigem dois argumentos, um “agente” e um “meta”, como em “A garota
foi ao shopping”. À valência quantitativa associa-se a valência sintática, que permite a
identificação das classes que preenchem os argumentos (na sua grande maioria nomes, e,
eventualmente, advérbios (modais) e orações (conjuncionais/infinitivas)). Os argumentos
expressos por nome ou oração podem ser ou não introduzidos por preposição, e “o
mecanismo que atua no esquema superficial controlando o uso, a distribuição e o estatuto
das preposições com relação aos verbos da língua” (Borba, 1996, p. 48) é chamado de
regência, a qual constitui o processo-foco desta pesquisa. Por fim, tem-se a valência
semântica, que diz respeito às propriedades semânticas dos verbos, a sua subcategorização
em traços, o que está diretamente implicado nas restrições selecionais. Segundo Borba
(1996), a semântica lexical costuma subagrupar o léxico em conjuntos por afinidades de
traços (por exemplo, há um traço comum de “movimento” entre verbos como ir e chegar,
dentre outros), mas, ainda segundo o autor, isso é incompleto e superficial, pois não revela
a dinâmica léxica, nem em relação ao jogo estrutural de traços, nem em relação à
combinatória que compõe a comunicação lingüística. É preciso cruzar vários valores e
itens para que o léxico apareça como uma rede de inter-relações sintático-semânticas ou
um “tecido gramatical pronto para a comunicação lingüística” (Borba, 1996, p. 51). Ou
57
seja, segundo Borba, os traços de substância léxica só se tornam “transparentes” quando se
especificam pela combinação com outros, possibilitando assim a ampliação das áreas
lexicais, aproximando itens com novos traços. Pelos exemplos seguintes, pode perceber-se
isso claramente:
(6) O garoto subiu na árvore.
(7) A maré subiu.
(8) A temperatura subiu.
Observando-se os valores semânticos do verbo subir, obtém-se a sua estrutura
sintática: no exemplo (6), o verbo tem complemento, ou seja, é um verbo de dois lugares e
significa “trepar”, “galgar”, enquanto nas orações (7) e (8) os significados são diferentes
do anterior, e a valência quantitativa e sintática também.
Conclui-se, então, que existe um entrelaçamento de propriedades sintáticas e
semânticas entre os itens léxicos. Posto isso, é possível concluir que: (i) o ponto de partida
ou de referência de um item são seus traços semânticos; (ii) os traços de um item se
combinam com outros, resultando num conjunto de valores para esse item; (iii) esses
valores semânticos se associam a outros itens e as equivalências progridem em várias
direções e escalas.
8.2 O conceito de regência
Ribeiro (1915) define regência como a dependência das várias partes da
proposição, cujo sentido é determinado por uma delas, e distingue, na sintaxe de regência,
as partes regentes (preposições, adjetivos que pedem complementos, verbos, e, algumas
vezes, advérbios e as próprias proposições) e as partes regidas (palavras, orações ou
58
proposições que ficam sob a dependência das regentes). A sintaxe regular de regência
existe quando as partes regentes têm expressos, na proposição ou frase, seus respectivos
complementos, e estes, os seus respectivos antecedentes. Do contrário, ocorre a sintaxe
irregular de regência (p. 732). Soares Barbosa (apud Fávero, 1996, p. 251) diz que a
sintaxe irregular é reduzida à regular pela elipse, sendo esta “uma figura pela qual se calla
alguma palavra ou palavras necessarias para a integridade grammatical da frase, mas não
para sua intelligencia”.
Souza Lima (1945) diz também que a relação de regência é indicada na frase
pelas preposições, conjunções ou pela ordem, posição, colocação de certos termos21.
As gramáticas atuais, por serem feitas, em sua maioria, para utilização nas
escolas, normalmente trazem uma linguagem que tenta ser mais clara e simples. Um
exemplo está em Faraco e Moura (1999, p. 511): “Regência é a relação de dependência
que se estabelece entre dois termos”. Além disso, os autores explicam que os termos que
exigem a presença de outros se denominam regentes ou subordinantes, e aqueles que
completam o sentido de outros se chamam regidos ou subordinados. Para completar, dizse que, quando o termo regente é um verbo, dá-se à regência o nome de regência verbal.
Ligando a regência à valência, Vilela e Koch (2001, p. 76) definem a primeira
como sendo a parte linearizada e exterior da segunda (como já dito na subseção anterior),
ou seja, aquela é a componente sintática e morfossintática desta. De acordo com os autores,
a mudança da oposição única entre verbos transitivos e intransitivos (das gramáticas
tradicionais) para a oposição entre verbos transitivos diretos e indiretos (das gramáticas
atuais) é uma questão de “perspectivação morfossintática” daquilo a que se chamava
valência e que agora passou a ser chamado regência. Ou seja, a análise anterior previa
21
A mesma indicação, mais modernamente, pode ser encontrada em Almeida, 2003, capítulo LIV.
59
apenas a identificação dos argumentos verbais, enquanto a atual prevê, também, a análise
particularizada desses argumentos.
De modo geral, tanto nas obras mais antigas quanto nas atuais, as definições
encontradas para regência são as mesmas, variando apenas a linguagem utilizada para sua
explicação. Talvez uma diferença sutil que também possa ser observada é o fato de os
gramáticos mais antigos mostrarem-se, de certa forma, defensores da “beleza” da língua,
de sua “elegância”. A maioria deles não nega a existência da variação lingüística, mas
posiciona-se claramente a favor da valorização da variante utilizada pelos “bons” escritores
e prescrita pela gramática tradicional, deixando de lado, portanto, os usos dos falantes
comuns, e indicando que é melhor evitá-los22.
8.3 Os tipos de verbos e seus complementos
Em Ribeiro (1915), obra clássica do início do século passado, define-se
complemento como toda palavra que se liga a outra para lhe completar o sentido. Mais
especificamente – diz o autor –, existem o objeto direto (ou imediato), que é pedido direta
e imediatamente pela significação do verbo transitivo direto, completando-o, em geral,
sem interposição de preposição, e o objeto indireto (ou mediato), que completa, por
intermédio de uma preposição, o sentido do verbo transitivo indireto ou de qualquer
outra palavra que peça complemento. Quando o objeto indireto exprime uma circunstância
de lugar, tempo, meio, causa, modo, matéria, instrumento, quantidade, companhia,
exclusão, preço ou estimação, fim, excesso, oposição, substituição é geralmente chamado
de circunstancial (p. 576).
22
Como é o caso, por exemplo – já citado na Introdução –, de Góis (1938), que faz distinção entre o que é
utilizado pelos usuários e o que é regulado pela norma, considerando o segundo caso como “melhor
vernáculo”.
60
Ainda de acordo com Ribeiro, os verbos transitivos diretos têm complemento
(objeto) direto, o qual é empregado sem preposição, conforme já dito; mas há casos em que
a preposição é empregada para evitar algum equívoco, ou, ainda, quando lhe é dado um
outro valor – esses casos são os chamados objetos diretos preposicionados. Por fim,
Ribeiro diz que o complemento indireto compreende o determinativo, o restritivo, o
terminativo e o circunstancial23, e é precedido, geralmente, de preposição, ou então é
expresso pelas variações pronominais que a implicam (p. 732-733).
Pereira (1909) também afirma que o verbo transitivo direto (ou simplesmente
transitivo) reclama um objeto direto, substantivo ou pronominal, e por isso é considerado
um verbo de predicação incompleta. De acordo com o autor, esse objeto paciente da ação
verbal, no latim, revelava-se pelo acusativo sem preposição, e, em português, revela-se
pela sua posição imediata ao verbo, ao qual se prende sem preposição. No entanto, ele
mostra que desde o latim já havia alguns casos em que a representação do objeto direto se
fazia pelo acusativo reforçado pela preposição ad (hoje: a) – especialmente quando o
termo em acusativo é nome de pessoa –, casos que geraram o que hoje se conhece como
objetos diretos preposicionados (p. 468).
Segundo Pereira, o verbo transitivo indireto também tem predicação
incompleta, mas dirige-se a um termo que se prende ao verbo indiretamente, ou seja, por
meio de preposição. A esse termo dá-se o nome de objeto indireto ou complemento
terminativo, e o verbo também pode ser chamado de relativo. Para ele, o objeto indireto
assume quatro aspectos fundamentais: atribuição, direção, origem, relação. Além disso, o
autor diz que muitos verbos têm predicação duplamente incompleta (são bitransitivos), e
são quase sempre acompanhados do acusativo de coisa e dativo de pessoa, podendo ser,
23
O autor não cita exemplos desses tipos de complementos.
61
ambos os casos, de coisas ou de pessoas. Por fim, ele menciona que alguns verbos
intransitivos são empregados transitivamente e vice-versa24.
Souza Lima (1945) acrescenta algumas definições às fornecidas pelos autores
anteriores: segundo ele, o complemento objetivo direto ou, mais simplesmente,
complemento direto ou objeto direto, é o que representa o paciente ou o resultado da ação
do verbo ativo. Substituindo-se a construção ativa pela passiva, o complemento daquela
passa a sujeito; por sua vez, o complemento objetivo indireto ou, mais simplesmente,
complemento indireto ou objeto indireto, é o que representa uma pessoa ou coisa em cujo
proveito ou desproveito se realiza a ação do verbo transitivo ou intransitivo. Esse
complemento, quando substantivo ou palavra equivalente, vem sempre precedido da
preposição a, e facilmente se reconhece fazendo-o corresponder, na 3a pessoa, às variações
pronominais lhe, lhes. O verbo construído com esse complemento pode chamar-se verbo
transitivo relativo ou intransitivo relativo.
Como complemento circunstancial, o autor define aquele que acrescenta ao
sentido de outra palavra uma particularidade acessória, com ou sem preposição, citando
como exemplos “veio do Rio” e “chegou domingo”, dentre outros. Ele fala, ainda, do
complemento terminativo, que é aquele que, se ligado a um verbo intransitivo25 ou
intransitivado, por meio das preposições a, com, de, em, por, sobre, serve para indicar
uma circunstância necessária. Exemplos: “assistimos ao espetáculo”, “assistira ao
banquete”.
Interessante notar que os manuais atuais, embora apresentem as mesmas
definições e explicações para objeto direto e indireto abarcados pelas obras antigas, não
fazem nenhuma alusão aos demais complementos mencionados por elas, como a
designação do objeto indireto como complemento terminativo. Uma boa explicação do que
24
Todas as definições e explicações encontradas em Pereira, são também encontradas em Góis (1938) e, mais
modernamente, em Almeida (1999).
25
Lembrando que esse termo é usado no sentido do atual verbo transitivo indireto.
62
são todos esses complementos em comparação com os casos do latim, o que é bastante
esclarecedor, pode ser encontrada em Fávero (1996), que faz uma cuidada análise da obra
de Soares Barbosa. O que a autora explica, com base no gramático, é que há quatro tipos
de relações e, conseqüentemente, complementos: o objetivo, que corresponde ao acusativo
latino, o terminativo, que corresponde, em parte, ao dativo latino, o restritivo, que seria
equivalente ao genitivo, e o circunstancial, correspondente ao ablativo.
Quanto ao complemento circunstancial, com exceção de Rocha Lima (1983), as
gramáticas atuais não o citam, e hoje ele é tido como adjunto adverbial, correspondendo
aos termos utilizados para expressar noções como tempo, lugar, modo, etc. Além disso, as
gramáticas atuais fazem uma clara distinção entre os “elementos integrantes” da oração,
que incluem o objeto direto e o objeto indireto, e os “elementos acessórios”, que incluem o
adjunto adverbial. Isso é altamente discutível, conforme se observará na subseção seguinte,
pois alguns complementos locativos não são opcionais e, portanto, não podem ser
classificados como meros adjuntos. É o que também afirmam Vilela e Koch (2001, p. 77),
ao dizer que a maior parte das gramáticas não segue critérios coerentes na distinção entre
verbos transitivos e intransitivos, ficando geralmente no segundo grupo todos os verbos
que não se enquadram no primeiro. No entanto, para eles, há também os verbos que pedem
um complemento diferente do objeto direto e do objeto indireto, os quais devem ser
designados “transitivos adverbiais” (idem, p. 78) e incluem os verbos direcionais (chegar
a, ir a/para), os situativos (morar em) e os modais (viver bem).
Um dado extremamente ligado a um dos objetivos deste trabalho, o de verificar
até que ponto as prescrições normativas tradicionais estão de acordo com o uso da língua, é
a crítica à classificação tradicional de transitividade feita por Perini (1996), conforme se
observa na subseção seguinte. Resumidamente, o que ele propõe é, de maneira oposta ao
que se faz tradicionalmente, que a classificação da transitividade parta de critérios
63
sintáticos, não deixando de lado a semântica. O que normalmente se afirma é que a
classificação de um verbo depende de seu contexto, como é o caso de Bechara (1992, p.
49), que diz que “a classificação do verbo – como de qualquer palavra – depende da
situação em que se acha empregado na frase”26. Mateus et alii (1983, p.227), por outro
lado, explicam que, quando um verbo transitivo direto, por exemplo, é usado como
intransitivo, o seu objeto é simplesmente considerado nulo, o que não implica uma
mudança de classificação do verbo27. Halliday (1994, p. 163) mostra ainda que os termos
intransitivo e transitivo não são apropriados em alguns casos, como em (respectivamente)
“the tourist ran” e “the Lion chased the tourist”. Para ele, trata-se, antes, de uma oposição
entre uma forma não-ergativa e uma forma ergativa.
Mateus et alii (1983) apresentam classificação um pouco diferente das demais
para os complementos verbais, partindo da gramática de valências. Segundo os autores,
“se, de um ponto de vista semântico, a operação predicar consiste em atribuir uma
determinada propriedade a um certo termo ou em estabelecer uma relação entre termos, do
ponto de vista comunicativo, o acto de predicar (e, portanto, a construção de predicações)
visa, fundamentalmente, descrever estados de coisas relativos a um dado universo de
referência” (idem, p. 46 – grifos da autora). Dos predicados expostos por ela, destacam-se
os seguintes, por corresponderem aos verbos aqui em estudo:
I. Pproc experienciais (um ou dois lugares), que exprimem propriedades ou
relações dinâmicas “vividas” por uma entidade experienciador. A este grupo pertencem os
verbos aqui estudados, assistir e obedecer.
II. Pev causativos transferenciais (tipicamente predicados de três lugares), que
exprimem “a transferência da entidade designada pelo argumento objeto, da entidade
26
Esta é, também, a lição dada por certos lingüistas estrangeiros, como Jespersen (apud Lehrer, 1970).
A esse respeito há, também, um trabalho de Lehrer (1970), a qual acrescenta que, para uma completa
descrição dos verbos, além das informações sintáticas e semânticas, devem ser considerados outros traços,
como certas restrições seletivas entre os verbos e seus objetos.
27
64
designada pelo argumento origem para a entidade designada pelo argumento recipiente”
(Mira-Mateus, 1983, p. 64). Fazem parte deste grupo os verbos pagar e perdoar.
III. Pev não causativos de atividade mental (dois lugares), que exprimem atos
de percepção ou cognição envolvendo uma entidade controladora. É o grupo dos verbos
esquecer(-se) e lembrar(-se).
IV. Pev não causativos de movimento, que exprimem o deslocamento de uma
entidade origem ou objeto para um dado lugar locativo. Pertencem a este grupo os verbos
chegar e ir.
Quanto ao objeto direto, Mateus et alii o definem como a “função sintática do
argumento interno de predicados verbais de dois ou três lugares que é, tipicamente,
paciente (com Pe) ou objecto (com Pproc ou Pev)” (p. 226). Segundo os autores, ele ocorre
sem regência preposicional. O objeto indireto, por sua vez, é definido como a “função
sintática do argumento interno de verbos de dois ou três lugares que tem, tipicamente, a
função semântica de recipiente ou de origem” (p. 229), e vem sempre regido de preposição
ou na forma dativa do pronome correspondente.
Um outro ponto interessante a notar é que Mateus et alii (1983), assim como
Perini (1996), criticam a classificação tradicional dos verbos transitivos e intransitivos,
especialmente como exposto em Cunha (1980). Isso porque, segundo os autores, as
definições propostas por este são nocionais, e não permitem o recurso a um critério formal
para identificação dos verbos transitivos e intransitivos (Mateus et alii, 1983, p. 240).
Além disso, de acordo com eles, o único critério tradicional de diferenciação entre o objeto
indireto e o direto é a presença ou não da preposição, o que nem sempre é válido. O que
propõem, então, é a classificação de “oblíquo” para qualquer argumento de um predicado a
que não seja atribuída nenhuma das funções sintáticas centrais. Assim, entrariam nesse
grupo, a aula em “O aluno não assistiu à aula” e a Maria em “O João gosta da Maria”
65
(lembrando que eles também afirmam que esse tipo de complemento não é obrigatório).
Por esse motivo, os autores classificam como verbo transitivo qualquer predicado verbal
de dois ou três lugares que admita um argumento nuclear objeto direto, e como verbo
intransitivo28 qualquer predicado verbal de um ou dois lugares que não admite objeto
direto.
Num estudo comparativo entre diversas obras gramaticais, nota-se, portanto,
que elas não apresentam um tratamento uniforme quanto às definições de transitividade e,
em especial, quanto ao estatuto dos complementos verbais e ao modo como eles se
configuram. Analisando a transitividade verbal, Gurpilhares (1984) conclui, observando os
conceitos dados por diversos lingüistas e gramáticos (dentre eles Mattoso Câmara Jr.,
Charles Fillmore, Lucien Tesnière, Celso Pedro Luft, Rocha Lima), que a transitividade
decorre da actância, ou seja, da relação entre a ação verbal e os termos que dela participam
(actantes). Quanto aos tipos de relações que se estabelecem entre os actantes, a autora
verificou três posições entre os estudiosos:
a)
a daqueles que, como Mattoso Câmara Jr., consideram a
transitividade em sentido restrito, ou seja, verbo transitivo é só aquele
cuja ação recai sobre um elemento exterior ao processo; nesse caso só
seria complemento verbal o objeto direto;
b)
a daqueles que, como Tesnière, consideram a transitividade em
sentido lato, e para os quais, complementos verbais são todos os
elementos que participam do processo, até mesmo o sujeito;
c)
a daqueles que, como Luft, consideram como complementos
verbais: o alvo do processo, o beneficiário, bem como a origem, a meta e
o itinerário do movimento. (p. 44)
Com relação aos complementos verbais, especialmente aos preposicionados, a
falta de uniformidade existente nas denominações também é notável: além de objeto
indireto, o complemento regido por preposição ora é chamado de função objetiva, ora de
complemento terminativo, ora simplesmente de dativo. Em estudo realizado por Koch
(1977), também se observa divergência na nomenclatura; segundo a autora, alguns
28
Como já se observou, tal classificação era adotada antigamente.
66
gramáticos (como Rocha Lima, por exemplo) fazem distinção entre o objeto indireto
(correspondente ao dativo latino, sendo, portanto, expressão do beneficiário, do
destinatário da ação verbal ou do ente nela interessado), sempre introduzido pelas
preposições a ou para, e o “complemento relativo”, que vem ligado ao verbo por uma
preposição determinada (a, de, com, por, em) e integra, com o valor de objeto direto, a
predicação desse. Além disso, enquanto o primeiro pode ser representado pelos pronomes
oblíquos lhe ou lhes, o segundo não admite tal substituição. O objeto direto, que costuma
ser definido como o complemento que vem ligado ao verbo sem preposição, indica
comumente o ser sobre o qual recai a ação verbal ou o resultado do conteúdo dessa ação.
Por outro lado, também se admite a existência de um “objeto direto preposicionado”.
Rocha Lima também afirma haver um “complemento circunstancial”, que pode
ou não ser introduzido por preposição e corresponde, na maioria dos casos, aos acusativos
de direção, tempo e espaço do latim. Koch (1977) oferece exemplos:
1) Morar em Paquetá.
2) Ir a Roma. (acus. de direção)
3) Viver muitos anos. (acus. de tempo)
4) Pesar dois quilos.
5) Custar mil cruzeiros. (p. 91)
Luft (2002), por sua vez, considera os complementos dos exemplos (3), (4) e
(5) como objetos diretos, e o complemento do exemplo (2) como objeto indireto, já que,
segundo ele, o locativo “a Roma” não pode ser considerado adjunto.
Um outro caso, portanto, que gera muita polêmica e dificuldade na
classificação, principalmente quanto à conveniência de ser tratado como termo obrigatório
ou não, é o dos complementos locativos, caso particularmente estudado na subseção a
seguir.
67
8.4 As construções locativas: meros adjuntos?
Um ponto central de discussão sobre os complementos verbais, e que gera
muita polêmica com relação a eles, diz respeito àqueles complementos representados por
construções locativas, em especial com o valor de ‘meta’. Muitos estudos têm sido
realizados sobre essa questão, a qual merece destaque neste trabalho, já que dois dos
verbos aqui analisados pedem esse tipo de complemento, a saber, ir e chegar29. O que se
observa sobre esses estudos, primeiramente, é que todos recaem na teoria de valências para
justificar a importância de se considerar alguns complementos locativos como termos
obrigatórios.
Como observam Vilela e Koch (2001), a maior parte das gramáticas não segue
critérios totalmente válidos na distinção entre verbos transitivos e intransitivos (cf.
subseção anterior). Além disso, os autores destacam que uma classificação coerente deve
levar em conta os verbos que podem ser classificados como “transitivos adverbiais” (p.
78), entre os quais se incluem os direcionais, como chegar a e ir a/para, os situativos
(morar em) e os modais (viver bem) – ou seja, seriam aqueles que possuem um
complemento com a função, de acordo com a gramática tradicional, de adjunto adverbial.
Dias da Silva e Dezotti (1987) mostram que, normalmente, os complementos
locativos não recebem um tratamento adequado nas gramáticas, e são tratados, na maioria
das vezes, como meros acessórios. Não se podem assim classificar, no entanto, elementos
como os destacados em “Paulo entrou na classe” e “João foi ao cinema”, já que eles são,
obviamente, elementos nucleares, obrigatórios.
29
Uma observação que precisa ser feita diz respeito à utilização do verbo assistir com o sentido de “morar”,
que exige também a presença de um locativo. No entanto, essa acepção está, conforme indica a maioria dos
manuais, quase absolutamente em desuso, sendo muito pouco encontrada no corpus em exame, e por esse
motivo, tal complemento não será considerado neste estudo sobre locativos.
68
Nas gramáticas tradicionais, faz-se uma distinção classificatória entre “termos
integrantes” e “termos acessórios”, estando incluídos, no primeiro grupo, o objeto direto e
o indireto, e, no segundo, os adjuntos adverbiais. As construções locativas entram, na
maioria dessas gramáticas30, como adjuntos adverbiais, sendo, portanto, considerados
termos acessórios, opcionais.
Bechara (1999), por outro lado, é um dos autores que consideram importante a
classificação de certos locativos como complementos verbais, e não como adjuntos (ele
denomina os verbos que pedem esses complementos de “verbos transitivos adverbiados”
(p. 207)).
Perini (1996), trabalhando com a descrição da transitividade em termos de
exigência, recusa e aceitação livre das funções relevantes, afirma que uma das funções que
são necessariamente obrigatórias é o adjunto circunstancial, mostrando-se, portanto,
como mais um dos defensores do reconhecimento de determinados locativos como termos
obrigatórios, e não acessórios.
Também Somers (1984, p. 509) diz que a divisão tradicional dos argumentos
em complementos obrigatórios e opcionais, de um lado, e adjuntos, que são sempre
opcionais, de outro, encobre as duas áreas que mais geram controvérsias: a distinção
prática entre complementos e adjuntos, e a questão das diferentes interpretações da noção
de obrigatoriedade. Esta última gera dificuldade, especialmente, se se utilizam unicamente
o “teste de eliminação” e o “método de extração” para distinguir entre um e outro
elemento. O primeiro recurso consiste em observar se, depois de removida a construção
locativa, a sentença continua sendo gramatical (e, assim, se o locativo é um complemento
obrigatório ou opcional); o segundo tem como objetivo estabelecer quais elementos estão
mais propriamente associados ao verbo. Para Somers, os dois testes têm problemas que
30
Ver, dentre outras, Rocha Lima (1983), Cunha (1975), Faraco e Moura (1999), Mateus et alii (1983).
69
podem ser facilmente verificáveis por meio da distinção entre a obrigatoriedade sintática e
semântica, o que não é feito, segundo ele, pela maioria dos estudiosos.
Como é possível, então, distinguir entre um complemento locativo e um
adjunto? Monteiro (1985, p. 242) afirma ser possível a utilização de quatro critérios para
fazer essa distinção: i) critério da aplicação de fórmula inclusiva: se a inclusão abranger o
locativo, este será complemento; ii) critério da posição mais fixa do complemento; iii)
critério da negação do adjunto sem que se afete o resto da frase; iv) critério da verificação
do comportamento do complemento em relação a pergunta do tipo sim/não. Para os
objetivos deste trabalho, escolheu-se usar apenas os dois primeiros, considerados
suficientes. Como exemplos deles, Monteiro apresenta:
(9)
a. Moro em Araraquara e Joana também (= mora em Araraquara).
b. Pus a chave na gaveta e Joana também (= pôs a chave na gaveta).
c. Troquei de roupa na sala e Joana também (= trocou de roupa na sala /
trocou de roupa).
(10)
a. Moro em Araraquara.
*a’. Em Araraquara moro.
b. Fui a São Paulo.
*b’. A São Paulo fui.
c. Ocorreu um acidente ontem na rua Dois.
c’. Na rua Dois ocorreu um acidente ontem.
Nos exemplos do primeiro critério, nota-se que, em (9) a e b, também inclui o
predicado inteiro da frase anterior, inclusive a construção locativa. Já em (9) c, o conteúdo
gera ambigüidade, já que também pode incidir sobre, simplesmente, “trocar de roupa” ou
sobre “trocar de roupa na sala”. Nos exemplos de (10), observa-se que, em a e b, há
complementos, e não adjuntos (como em c), já que eles não podem deslocar-se na frase, a
70
não ser que fossem submetidos a um mecanismo de topicalização (Dias da Silva e Dezotti,
1987, p. 76), como em:
(11)
a. Em Araraquara é que eu moro.
b. A São Paulo é que eu fui ontem.
A exemplo do que se faz em Dias da Silva e Dezotti (1987), é possível ainda
utilizar outros dois critérios: o de supressão da construção locativa e o de desdobramento
da frase em outras duas (critério proposto por Booms, apud Dias da Silva e Dezotti, 1987),
para se determinar se um locativo é termo obrigatório ou opcional na frase, isto é, se se
trata de complemento ou adjunto.
Como já dito, nesta pesquisa os verbos que utilizam construções locativas são
os verbos de ação (mais especificamente ir e chegar), aos quais o estudo procura fixar-se a
partir de agora. Tais verbos apresentam o esquema casual + [-A, L]31 (Dias da Silva e
Dezotti, 1987, p. 78), em que L explicita deslocamento direcionado, o qual pode
especificar-se em origem, extensão e direção. Para este estudo, interessam mais
diretamente as construções que indicam origem e direção. Como a primeira pode ser
suprimida sem prejuízo de sentido do verbo, esta pode ser considerada um adjunto. Já as
construções que indicam direção, ao se realizarem os testes previstos acima, são
claramente classificadas como complementos, ou seja, não podem ser consideradas
acessórios. Exemplos:
a. De São Paulo João vai ao Rio.
*b. Ao Rio João vai de São Paulo.
c. De São Paulo João vai ao Rio e Pedro também. (Dias da Silva e
Dezotti, 1987, p. 80)
31
A significando “agente” ou “agentivo” e L, “locativo”.
71
Em a, como São Paulo é um adjunto, pode deslocar-se normalmente para o
início da frase. Em b isso não é possível, pois o seu deslocamento do complemento
direcional torna a frase agramatical. Em c a frase se torna ambígua.
Conclui-se, portanto, que o caso Locativo, pertencendo à estrutura profunda da
frase, pode especificar-se de várias maneiras na estrutura superficial, sendo uma delas (a
que aqui interessa), a especificação em locativo direcional, o qual, com a aplicação dos
testes de verificação acima mencionados, funciona, sem dúvida alguma, como um termo
integrante, isto é, como um complemento do verbo, e não simplesmente como adjunto.
Assim, fica justificado o motivo de aqui se dar aos complementos dos verbos ir e chegar o
mesmo tratamento dado aos demais verbos em estudo (os quais, de acordo com a
gramática tradicional, apresentam, como complementos, objetos diretos e/ou indiretos32).
8.5 O estudo da transitividade verbal visto por outros ângulos
Como já dito na Introdução deste trabalho, os estudiosos da teoria das
valências procuram mostrar que é importante considerar, no estudo da transitividade
verbal, outros fatores além dos sintáticos. Um desses estudiosos é Vilela (1992), o qual
afirma que, para classificar os verbos e seus complementos, é preciso considerar vários
aspectos: 1) se são analisados todos os verbos ou apenas alguns grupos; 2) qual é a base de
classificação – morfologia, sintaxe, semântica ou pragmática; 3) se as classificações de
verbo são apenas propostas, ou efetivamente produziram listagens; 4) “se a finalidade da
classificação é o levantamento de classes, ou o estabelecimento de critérios para a
32
Um dado relativo a isso é encontrado em Mateus (1983). Segundo a autora, o verbo assistir (um dos
verbos aqui estudados) não apresenta complemento obrigatório. Por exemplo, em “João não assistiu à aula”,
à aula, segundo a autora, é opcional, e não termo integrante da frase. No entanto, neste trabalho, assume-se a
idéia de que se trata, nesse caso, de um termo obrigatório para o entendimento da frase e, portanto, tal termo
é classificado, aqui, como complemento verbal.
72
formação de classes, ou a procura de subclasses no interior das classes tradicionais” (p. 4).
Mais adiante, na mesma obra, o autor observa que, no tratamento dos problemas relativos
aos complementos verbais, é preciso delinear alguns pontos que passam “pelo texto, pela
sintaxe e pela semântica” (p. 117).
Também tratando da regência verbal, Neves (2004), mostra que, observando-se
“a característica integrativa que sustenta as propostas do funcionalismo” (de redes
sistêmicas – hallidayiana –, de integração de componentes – dikiana – e de estruturação de
domínios em um organismo – givoniana), “no fundo, o que se assume, na média das
concepções, é a integração da semântica na gramática, e, necessariamente, implicada na
semântica, a pragmática, a base experiencial da criação do significado” (p. 56).
Assim, neste trabalho, utilizando os ensinamentos do funcionalismo, procura-se
analisar as ocorrências encontradas partindo do pressuposto de que a análise dos
complementos verbais não pode restringir-se ao seu estudo sintático.
Não se quer negar, aqui, a importância da sintaxe nos estudos gramaticais,
principalmente no que diz respeito à transitividade verbal, pois, como diz Neves (2004),
“obviamente a sintaxe está em tudo, governando a utilização do léxico na organização
semântica” (p. 48). Além disso, conforme mostrou Perini (1996), partindo-se da sintaxe,
pode-se obter uma nova proposta de classificação para a transitividade. Em crítica feita à
classificação tradicional, o autor (especificamente no item 6.2.1 de sua obra) mostra que a
noção tradicional de verbo transitivo, em oposição a intransitivo, não é totalmente válida,
pois, em alguns casos, pode acontecer de essa classificação não corresponder totalmente ao
uso do verbo em determinados contextos. Ele cita, como exemplo, o verbo comer, que é
classificado tradicionalmente como transitivo direto, podendo ser usado como tal em “Meu
gato já comeu todo o mingau”. No entanto, nas frases “Meu gato já comeu” e “Meu gato
quase não come”, o verbo comer é intransitivo. Como seu objetivo nessa obra é fazer uma
73
análise descritiva da língua, Perini afirma que é necessário, então, distinguir dois tipos de
informação sobre os itens léxicos: 1a: em que contexto o item ocorre em uma frase dada
(relação sintagmática); 2a: em que contextos o item pode ocorrer (relação paradigmática).
Os dois tipos de relação são importantes porque, segundo o autor, se não se definirem as
informações sintagmáticas, a descrição não será baseada nos fatos, e se não se observarem
as relações paradigmáticas, não será possível expressar em termos gerais o comportamento
gramatical das unidades lingüísticas. O que ele propõe, portanto, é que a descrição da
transitividade seja feita em termos de exigência, recusa e aceitação livre de cada função
relevante. Assim, as quatro funções relevantes seriam o objeto direto, o complemento do
predicado, o predicativo e o adjunto circunstancial, sendo todas as outras irrelevantes,
já que são aceitas livremente por qualquer verbo. Por fim, uma outra crítica feita pelo autor
(p. 168), é o fato de que a idéia tradicional de transitividade é predominantemente
semântica, ou seja, o que se procura justificar são exigências e recusas em termos do
significado de cada verbo. Ele acredita, no entanto, que é preciso considerar os valores
semânticos também, mas deve-se trabalhar mais particularmente com o campo sintático, já
que é ele que fornece os subsídios necessários para uma correta interpretação da
transitividade.
Por fim, Neves (2000) destaca que a interpretação das formas lingüísticas deve
ser feita integrando-se todos os componentes: o sintático, o semântico e o pragmático, para
que a gramática seja vista como uma teoria de componentes integrados, uma teoria
funcional da sintaxe e da semântica, a qual, entretanto, só pode ter um desenvolvimento
satisfatório dentro de uma teoria pragmática, isto é, dentro de uma teoria da interação
verbal. Assim, seguindo-se Dik (1978, 1979 e 1980), o que se espera da gramática é que
ela seja “pragmaticamente adequada”.
74
8.6 A REGÊNCIA DE ALGUNS VERBOS
A tradição normativa sempre teve grande valor para os usuários da língua
portuguesa; amostra disso são os manuais prescritivos encontrados com data bastante
antiga. Nas seções gramaticais dedicadas à regência verbal em algumas obras, verifica-se
um tratamento especial para determinados verbos, considerados como os mais
“problemáticos” com relação a essa questão. Como este trabalho utiliza como base um
corpus composto por textos de 1900 a 1950, procurou-se fazer um levantamento de obras
normativas também desse período, a fim de comparar (quando possível) o tratamento da
regência dos verbos em estudo nesta dissertação nos manuais anteriores e nos posteriores a
1950, buscando-se mostrar as semelhanças e diferenças encontradas quanto à prescrição
dos manuais tradicionais do início do século passado e dos manuais contemporâneos
(incluindo gramáticas normativas e escolares, dicionários e obras de cunho lingüístico).
As obras escolhidas33 para esta comparação foram as seguintes (em ordem
decrescente de data de publicação da edição utilizada):
1) Dicionário Prático de Regência Verbal – Celso Pedro Luft – 8a ed. – 2002
2) Dicionário de usos do português do Brasil – Francisco S. Borba – 2002
3) Moderna gramática portuguesa – Evanildo Bechara34 – 37a e 11a ed. – 1999 e 1977
4) Gramática – Faraco e Moura – 12a ed. – 1999
5) Gramática em 44 lições – Francisco Platão Savioli – 14a ed. – 1998
6) Gramática normativa da língua portuguesa – Rocha Lima – 23a ed. – 1983 [1a ed.:
1957]
33
Escolheram-se aquelas obras que tratavam cada verbo (ou alguns deles) aqui estudado em particular,
quanto à regência. Paralelamente, em alguns casos, também se consultaram outras gramáticas atuais.
34
Este autor traz apenas uma lista com a preposição que acompanha cada verbo, a qual é acompanhada por
uma nota (Bechara, 1999, p. 572) que deixa claro que tal lista não dispensa a consulta ao dicionário de
regência para uma lição mais completa e adequada.
75
7) Gramática do português contemporâneo – Celso Cunha – 1970
8) Syntaxe Historica Portuguesa – Augusto Epiphanio da Silva Dias – 3a ed. – 1954 [1a:
1918]35
9) Gramática portuguêsa – Mário Pereira de Souza Lima – 1945
10) Sintaxe de regência – Carlos Góis – 4a ed. – 1938
11) Lições de português – Sousa da Silveira – 2a ed. – 1934
12) Regência verbal – Arthur de Almeida Tôrres – 2a. ed. – 1934
13) Novíssimos estudos da língua portuguesa – Mário Barreto – 2a ed. – 1924
14) De gramática e de linguagem – Mário Barreto – 1922
15) Serões Grammaticaes – Ernesto Carneiro Ribeiro – 2a ed. – 1915
16) Grammatica Expositiva – Eduardo Carlos Pereira – 2a ed. – 1909 [1a ed.: 1907]
Nas sub-seções seguintes expõem-se as regências encontradas para cada verbo,
com as respectivas observações a respeito das semelhanças e/ou diferenças entre os
diversos autores, obras e períodos analisados.
8.6.1 ASSISTIR36
O verbo assistir é comumente indicado nos manuais normativos como
possuindo três acepções: “ver”, “presenciar”, “estar presente”; “ajudar”, “prestar
assistência”, “socorrer”; “caber”, “pertencer”. Algumas obras fazem menção também ao
sentido de “morar”, “residir”, “habitar”, mas todos eles informam que tal acepção está em
desuso no português atual.
De modo geral, a recomendação normativa para esse verbo fixa-se nos dois
primeiros casos (os que mais trazem problemas ao usuário quanto à regência). No sentido
35
A 1a edição, como se viu, é datada de 1918. Também se teve contato com esta, a qual não se diferencia em
nada, na parte estudada, da 3a edição, apenas os números das páginas é que variam.
36
Prescrição explanada em Luft, 2002; Borba, 2002; Bechara, 1999; 1977; Faraco e Moura, 1999; Savioli,
1998; Rocha Lima, 1983, 1957; Cunha, 1970; Souza Lima, 1945; Góis, 1938; Ribeiro, 1915.
76
de “ver”, “presenciar”, “estar presente”, recomenda-se que esse verbo seja usado como
transitivo indireto, e o seu complemento deve vir sempre introduzido pela preposição a,
recomendando-se que, caso esse complemento seja substituído por pronome, utilizem-se as
formas a ele(s) e a ela(s), e não lhe(s). Essa recomendação é encontrada tanto em obras
atuais (como Luft, 2002; Faraco e Moura, 1999; Rocha Lima, 1983) quanto em obras mais
antigas (Souza Lima, 1945; Rocha Lima, 1957). Luft (2002), no entanto, admite também
que o verbo seja usado como transitivo direto e até intransitivo, nessa acepção. De acordo
com ele, “assistir a algo, a ele(s), a ela(s)”, regência de origem, apresenta redundância, já
que se constrói com o prefixo a- do verbo mais a preposição a. Para o autor, por pressão
semântica de “ver, presenciar, observar”, é natural a inovação regencial “assistir algo,
assisti-lo”37.
O uso como verbo transitivo já havia sido previsto por Lessa (1976, apud Luft,
2002, p. 79): “... ocorre uma certa tendência a acolher [na língua literária] a construção
consagrada pelo povo, que diz e escreve, comumente, assisti o jogo”. Cunha (1970, p. 356)
também argumenta a esse respeito: “Na linguagem coloquial brasileira, o verbo constróise, em tal acepção [‘estar presente, presenciar’], de preferência com
OBJETO DIRETO
(cf.:
“assistir o jogo, um filme”), e escritores modernos têm dado acolhida à regência
gramaticalmente condenada”. A construção passiva (“o jogo foi assistido, espetáculo
assistido”), conforme afirma Luft (2002, dentre outros), comprova a transitivação direta
desse verbo. Assim, o autor afirma (p. 79) que:
Não faz sentido que a isso continue se opondo ‘o ensinamento dos
gramáticos’ (Lessa: 156), quando se sabe que os gramáticos devem
registrar os usos da língua. Isso não impede que, para a linguagem culta
formal, se aconselhe a regência originária (assistir a um espetáculo, a
ele), até porque mesmo ‘os modernistas continuam preferindo o
complemento preposicionado’ (Lessa: 157).
37
A segunda afirmação do autor é bastante relevante, mas a questão do prefixo não, já que o usuário da
língua não tem conhecimento dessa redundância, tornada, hoje, totalmente irreconhecível, não observável.
77
Na acepção de “caber a alguém”, o verbo também é transitivo indireto mas,
neste caso, segundo Luft (2002), admite o pronome lhe(s) (p. ex.: “Assiste ao diretor
administrar bem a escola”, ou “Assiste-lhe administrar bem a escola”). Quando significa
“ajudar”, “prestar assistência”, “socorrer” (ocorrências representadas graficamente na
Figura 6 / Anexo 1), alguns manuais (como Faraco e Moura, 1999) indicam que assistir
deve ser usado como transitivo direto, e outros (como Luft, 2002, Cunha, 1970 e Rocha
Lima 1983, 1957), ensinam que, com essa acepção, o verbo também pode ser usado como
transitivo indireto, sendo a utilização de um ou de outro modo opcional. Segundo observa
Luft (2002, p. 79), também nessa acepção a regência primitiva (assistir a alguém, assistirlhe), ou seja, a regência indireta, apresenta uma redundância, por causa do emprego do
prefixo a- do verbo juntamente com a preposição a38. Ele chama o uso direto, como em
assistir alguém, assisti-lo, de “evolução regencial”, justificando-o pela pressão semântica
dos sinônimos “ajudar, auxiliar, proteger, acompanhar, confortar, etc.”. “O brasileiro atual
[...] transitivou o verbo no sentido de socorrer”, explica o autor, citando Nascentes (1960,
apud Luft, 2002). Para ele, tal explicação é comprovada com nove abonações. Luft (2002)
ainda cita Lessa (1976), o qual confirma essa regência, apoiado em pesquisa por ele
realizada: “... na literatura contemporânea, a tendência, ao que parece, é para o
complemento direto” (p. 79).
Por fim, assistir é indicado como intransitivo39 quando seguido de adjunto
adverbial de lugar, significando “morar”, “residir”, “habitar”, sendo o locativo introduzido
pela preposição em. Atualmente, no entanto, essa última regência está em desuso no
português brasileiro, conforme registram Faraco e Moura (1999), Cunha (1970) e Rocha
Lima (1957). Este último afirma que tal construção só se emprega hoje por preciosismo,
não sendo nem ao menos abonada em Luft (2002).
38
Afirmação não relevante atualmente. Ver nota anterior.
Lembrando que essa questão da intransitividade do verbo quando usado com complemento locativo, como
já dito na subseção 8.4, é discutível.
39
78
8.6.2 OBEDECER40
Tradicionalmente, a recomendação para este verbo é que ele seja usado como
transitivo indireto, com um complemento regido pela preposição a, mas é comum a
indicação de que pode também ser usado como transitivo direto, sendo essa construção
bastante comum, especialmente nos clássicos (como indicam Luft, 2002; Faraco e Moura,
1999; Ribeiro, 1915; Góis, 1938). Outros autores ainda afirmam que, embora esse verbo
seja transitivo indireto, admite a construção passiva, como em “O diretor foi obedecido
pelos alunos” (é o caso de Barreto, 1922 e 1924; Silveira, 1934; Góis, 1938; Souza Lima,
1945 e Silva Dias, 1954). De acordo com Barreto (1924), tal fato justifica-se pelo seu uso
já em épocas anteriores com acusativo.
No entanto, alguns autores, como Góis (1938), afirmam que, mesmo havendo
usos consagrados, como em Vieira, e admitindo-se a forma passiva, “a regência com dativo
é melhor vernáculo” (p. 81). Outros, como Savioli (1998), afirmam que o uso do
complemento direto é “popular”, enquanto o “correto” e “culto” é o complemento indireto.
De qualquer modo, a maioria dos autores, embora recomendando o uso da
regência indireta, admite que a direta também é usual, e Luft (2002) chega a citar vários
exemplos dessa utilização em escritores consagrados: Vieira, Euclides da Cunha, Clarice
Lispector, Lúcio Cardoso, José J. Veiga, Nélida Piñon, dentre outros (p. 380).
8.6.3 PERDOAR41
40
Prescrição encontrada em Luft, 2002; Borba, 2002; Bechara, 1999; 1977; Faraco e Moura, 1999; Savioli,
1998; Rocha Lima, 1983, 1957; Cunha, 1970; Silva Dias, 1954; Souza Lima, 1945; Góis, 1938; Torres, 1934;
Silveira, 1934; Barreto, 1924; Ribeiro, 1915.
79
A recomendação normativa para esse verbo é que se use um complemento
direto para dívida (culpa, ofensa, erro, etc.) e um complemento indireto para a pessoa
(instituição, etc.) a quem se dá o perdão. De acordo com alguns manuais (como Luft, 2002,
Faraco e Moura, 1999 e Góis, 1938), hoje se admite objeto direto para pessoa, sendo essa
construção já encontrada nos clássicos antigos e modernos (como Camões e Machado de
Assis) (Luft, 2002, p. 399), e bastante usual no português contemporâneo do Brasil. Outros
autores (Ribeiro, 1915; Barreto, 1924; Torres, 1934), no entanto, mencionam o fato de que
antigamente era comum o uso do verbo perdoar com acusativo de pessoa, mas essa
construção não é “correta” e não deve ser usada. Nesse ponto, observa-se que não há muita
concordância entre os manuais, já que uns dizem que a construção transitiva direta já foi
bastante comum, mas não deve mais ser usada42, e outros dizem haver uma tendência na
língua para tornar transitivos diretos verbos que antes só se usavam como transitivos
indiretos43.
Segundo Luft (2002), essa alteração de regência – de transitivo indireto para
transitivo direto, a mais comum segundo os manuais contemporâneos – tem explicação
semântica, por influência dos verbos escusar ou desculpar, e poupar, e também explicação
sintática, já que, na ausência, por indeterminação, do objeto direto (de coisa), o objeto
indireto pode ocupar o seu lugar44. De acordo com o autor, portanto, não há motivo para
que as gramáticas e dicionários continuem reprovando essa sintaxe, já que “o que é usual,
corrente, é regular (obedece à regra, ainda que desconhecida)” (p. 399), devendo-se
aconselhar a sintaxe tradicional unicamente para a língua formal.
41
Recomendações encontradas em Luft, 2002; Borba, 2002; Bechara, 1999; 1977; Faraco e Moura, 1999;
Savioli, 1998; Rocha Lima, 1983, 1957; Cunha, 1970; Souza Lima, 1945; Góis, 1938; Torres, 1934; Silveira,
1934; Barreto, 1924; Ribeiro, 1915.
42
Como, por exemplo, Ribeiro (1915), Barreto (1924) e Torres (1934).
43
Como, por exemplo, Ribeiro (1915), Barreto (1924) e Torres (1934).
44
Essa segunda explicação também pode ser encontrada em Barros, 1985, p. 251.
80
Também Ribeiro (1915) já mencionava que os escritores de épocas anteriores à
sua davam complementos diretos a certos verbos (como perdoar, por exemplo, com
regime referente a pessoa) que, segundo o uso daquele momento da língua (início do
século XX), costumavam ser acompanhados de complementos indiretos.
A forma passiva para esse verbo também é admitida na maioria dos manuais
contemporâneos e antigos (Cegalla, 1999, Martins, 1997, Rocha Lima, 1983, Barreto,
1922; 1924, Silveira, 1934, Souza Lima, 1945, Góis, 1938). Barreto (1924) ainda completa
que, como o verbo perdoar não se emprega ativamente com um complemento de pessoa
ou seres animados, o particípio perdoado e o adjetivo perdoável também não deveriam
aplicar-se senão às coisas. No entanto, é comum o seu emprego com relação a pessoas,
explicando o fato pelo uso, por alguns escritores antigos, do verbo perdoar com acusativo
de pessoa.
De acordo com Torres (1934), no português antigo perdoar regia acusativo de
pessoa, mas, na época em que ele escreve, só deve-se usar acusativo de coisa e dativo de
pessoa, ou seja, usa-se “perdoar alguma coisa a alguém”. O que ele acrescenta com relação
aos demais autores, é que esse verbo pode ser usado como transitivo direto no sentido de
“remitir”, “desculpar”; “poupar” (p. ex.: “Pecados só Deus os poderá perdoar”); como
transitivo indireto quando significa “conceder perdão a”, “desculpar” (p. ex.: “Não
podemos ainda agora perdoar-lhe”); como bitransitivo, significando “desculpar”,
“absolver de (culpa, dívida, pena, etc.)” (p. ex.: “Prima Justina não perdoou à minha
amiga a intervenção”) e com dativo personificado (p. ex.: “Perdoai ao meu coração êste
desafôgo”); como intransitivo45; como pronominal, nas acepções de “poupar”, “conceder
perdão a”, “desculpar” (p. ex.: “Perdoa-se menos fácilmente a sua abstrusidade”) (idem, p.
171).
45
O autor não traz exemplos para esse tipo de uso do verbo. Apesar disso, acredita-se que se trate, por
exemplo, de respostas, ou, pelo menos, do seu uso em contextos em que seja possível localizar o
complemento, mesmo que ele esteja elíptico.
81
Para concluir, Luft acrescenta que a sintaxe transitiva direta, como visto, cada
vez mais comum no português brasileiro, pode levar a nova construção transitiva direta e
indireta: “perdoá-lo de, por...”, nos moldes de seu sinônimo escusar (Luft, 2002, p. 399).
8.6.4 PAGAR46
As prescrições encontradas para esse verbo são muito semelhantes às
encontradas para o verbo perdoar, ou seja, recomenda-se que se use um complemento
direto para dívida (encargo, etc.) e um complemento indireto para a pessoa (instituição,
etc.) a quem se deve. Além disso, afirma-se que esse verbo pode também ser usado
intransitivamente. Alguns manuais, no entanto, aceitam o uso de objeto direto para
referência a pessoa (é o caso, por exemplo, de Luft, 2002 e Faraco e Moura, 1999). Luft
chega mesmo a afirmar que a regência indireta para pessoa é purista, sendo a direta uma
“sintaxe evoluída (…) e, até literariamente, bem documentada” (p. 388), devendo-se
recomendar, apenas, que a primeira é preferível na linguagem formal. Ele ainda completa
dizendo que há, para essa alteração de regência, uma explicação semântica – pela
influência de “(re)compensar”, “(re)embolsar” e “indenizar” – e sintática – “vagando a
segunda posição, pode ela ser preenchida pelo ocupante da terceira, que assim perde a
preposição; ou seja, na vaga do objeto direto pode o indireto passar a direto” (p. 388).
Barreto (1922 e 1924) ainda justifica a usual regência direta de pessoa para o
verbo pagar pela influência do francês, já que, nessa língua, payer se constrói com objeto
direto de pessoa, ou seja, rege acusativo. No entanto, o autor cita (p. 331) Cândido de
Figueiredo, para com este concordar em que, no Brasil e em Portugal, algumas vezes, usa46
Prescrição encontrada em Luft, 2002; Borba, 2002; Bechara, 1999; 1977; Faraco e Moura, 1999; Savioli,
1998; Rocha Lima, 1983, 1957; Barreto, 1922 e 1924; Torres, 1934; Souza Lima, 1945.
82
se complemento direto ou objetivo para a pessoa ou entidade a quem se faz o pagamento,
sendo essa sintaxe ilegítima. Assim, para Figueiredo (apud Barreto, 1924), “pagar as
dívidas” é aceitável, mas “pagar os criados”, não.
Torres (1934), após expor a prescrição tradicional de que o verbo pagar rege
acusativo de coisa e dativo de pessoa (“pagar alguma coisa a alguém”), mostra que, apesar
disso, alguns autores usam-no com acusativo de pessoa, mas cita Mário Barreto e Cândido
de Figueiredo para mostrar que tal regência não é aceitável. Segundo o autor, esse verbo
pode ser usado como transitivo direto, no sentido de “compensar”; “satisfazer”; “expiar”;
como transitivo indireto, no sentido de “remunerar”; “restituir na mesma espécie”,
“retribuir”; “embolsar alguém do que lhe é devido”; como bitransitivo, significando
“satisfazer”; “embolsar alguém do que lhe é devido”; “retribuir”, e como intransitivo47;
pronominal, nas acepções de “adquirir com sacrifício” (p. ex.: “Estas felicidades pagamse caras” – p. 163); “receber a paga ou recompensa”, “indenizar” (p. ex.: “Luiz Garcia
pagava-se do sacrifício” – p. 163); “remunerar” (com dativo lhe) (p. ex.: “Era necessário
que se chamasse o arquiteto a cada nova edificação que se empreendesse, e que de novo
se lhe pagasse o desenho” – p. 163). Além disso, o autor mostra várias frases e locuções
com o uso do verbo pagar (idem, pp. 163-164), as quais não são totalmente pertinentes
para este estudo e, portanto, não serão aqui transcritas.
Para concluir, diferentemente do que ocorre com o verbo perdoar, não se
encontrou, em nenhum dos manuais analisados, alguma menção ao fato de que é
admissível, para esse verbo, o uso da voz passiva. No entanto, essa construção também é
possível. Por exemplo, na frase “O padeiro foi pago” tem-se uma construção passiva com
sujeito pessoa.
47
Ver nota 44.
83
8.6.5 ESQUECER(-SE) 48
Esse verbo apresenta duas regências distintas, dependendo da forma como é
empregado. Quando usado de forma não-pronominal (esquecer), os manuais normativos
recomendam que seja transitivo direto. No entanto, quando pronominal (esquecer-se),
recomenda-se que ele seja usado como transitivo indireto.
De acordo com Luft (2002), “esquecer de” é brasileirismo que pode derivar de
“esquecer-se de”, por despronominação ou cruzamento sintático. Citando Cunha, o autor
mostra que “tal construção, considerada viciosa pelos gramáticos, mas muito freqüente no
colóquio diário dos brasileiros, já se vem insinuando na linguagem literária, principalmente
quando o complemento de esquecer é um infinitivo” (Cunha, apud Luft, 2002, p. 277).
Outros autores mostram que, além das duas construções usuais – uma em que o
verbo é pronominal e o objeto vem precedido da preposição de, e outra em que o verbo
fica em terceira pessoa e o objeto em nominativo: esqueci-me do negócio ou esqueceu-me
o negócio (Barreto, 1924) – pode ainda ocorrer uma fusão dessas duas sintaxes, que resulta
em uma terceira: esqueceu-me de ter visto. Exemplos assim são encontrados em Camilo
Castelo Branco, Machado de Assis, Garrett, Frei Luís de Sousa (apud Barreto, 1924). De
acordo com Barreto, houve quem dissesse que essa fusão de sintaxe provinha de erros
tipográficos, mas, como os exemplos são muitos, tal hipótese é inviável.
Uma outra indicação, encontrada em Torres (1934), Góis (1938) e Rocha Lima
(1957), é a de que, no caso do verbo esquecer, o sujeito pode passar para objeto, e viceversa: Esqueceu-me o dinheiro (esquecimento voluntário, desprezo) e esqueci-me do
dinheiro (esquecimento involuntário, distração). Torres (1934) ainda complementa dizendo
48
Recomendações encontradas em Luft, 2002; Borba, 2002; Bechara, 1999; 1977; Faraco e Moura, 1999;
Savioli, 1998; Rocha Lima, 1983, 1957; Barreto, 1924; Torres, 1934; Góis, 1938; Souza Lima, 1945.
84
que tal distinção nem sempre é observada pelos escritores, e lembra também a terceira
construção possível mostrada por Barreto. Aliás, citando Mário Barreto, Torres (1934)
explica que o verbo esquecer é usado como transitivo direto no sentido de “perder da
lembrança”, “olvidar”; “não fazer caso”, “desprezar”; “perder o amor, a estima a”;
“largar”, “distrair-se de”; como transitivo indireto, no sentido de “escapar”, “passar
despercebido”; com o dativo lhe; como intransitivo, no sentido de “escapar da memória”,
“ficar em esquecimento” e “perder a sensibilidade”, “ficar dormente”; como pronominal,
no sentido de “deixar sair da memória conhecimentos adquiridos”; “descuidar-se”, “deixar
de atender”; “olvidar”, “perder da lembrança”; “distrair-se”.
8.6.6 LEMBRAR(-SE)49
O verbo lembrar-se (pronominal) possui apenas uma acepção básica, a de
“recordar-se”, e a recomendação normativa para seu emprego, nesse casos, é que se use
complemento iniciado pela preposição de, seja ele oracional ou não. Quando nãopronominal, o verbo lembrar é indicado, normalmente, como possuindo três acepções:
“recordar”, “relembrar”; “fazer recordar”; “trazer à lembrança”, “sugerir”. As
recomendações normativas, então, fixam-se basicamente no primeiro caso, indicando-se
como desobediência à norma-padrão o uso de lembrar, nessa acepção, com complemento
preposicionado. A acepção “fazer recordar” é de uso bastante raro, e nenhum dos manuais
aqui estudados indica qual deve ser a sua utilização.
De modo geral, as observações encontradas para esse verbo são as mesmas já
feitas na subseção anterior, para o verbo esquecer(-se). Aliás, como afirma Rocha Lima
49
Cf. nota anterior.
85
(1957, p. 450), entre esses verbos há “estreita afinidade ideológica e sintática”, o que faz
com que ambos sejam tratados, inclusive, em conjunto, nos manuais em estudo.
De acordo com Torres (1934), lembrar(-se) ainda pode ser usado pode ser
usado: como transitivo direto no sentido de “recordar”, “sugerir”; bitransitivo, também
com o dativo lhe; com acusativo expresso por uma proposição conjuncional; com acusativo
expresso por uma proposição indicativa; com acusativo de pessoa e a preposição de; com
acusativo de pessoa e a locução de que; como pronominal; com a preposição de, com a
locução de que, com a omissão da preposição, com o dativo lhe.
8.6.7 IR50
A recomendação normativa tradicional para este verbo é que, quando usado
como verbo de movimento, ele tenha um complemento de direção regido pela preposição
a. Em alguns casos, aceita-se o uso das preposições para e até, mas, de modo algum,
tradicionalmente, admite-se o uso (cada vez mais comum) da preposição em. De acordo
com Savioli (1998, p. 150) o uso de em é considerado “popular” e “errado”, podendo ser
essa preposição usada apenas quando indica o lugar dentro do qual ocorre a ação, como
em: O menino ia no bonde (= ia dentro do bonde) (p. 151). Luft (2002) afirma que, no
português do Brasil, especialmente na fala, essa construção é bastante recorrente, talvez
por influência do latim in urbem ire (vou em casa) (p. 342). Ele cita, como exemplos de
documentação literária, Nascentes (1953), Lessa (1981) e Barbadinho (1960). Mesmo
assim, o autor afirma que, “na linguagem culta formal, sobretudo escrita, recomenda-se ir
a ou para” (Luft, 2002, p. 342).
50
Regência encontrada em Luft, 2002; Borba, 2002; Savioli, 1998.
86
Nos manuais mais antigos, não se encontrou nenhuma referência a esse verbo.
Isso porque, talvez, a regência considerada “incorreta”, com a preposição em, seja recente,
e não prevista pelos manuais anteriores. Aliás, dos verbos estudados, este é um dos que
mostram maior obediência à recomendação prescritiva, como se vê na seção 9.
Um outro ponto interessante com relação à regência desse verbo é a diferença
semântica existente entre o emprego de uma ou de outra preposição. Ou seja, embora todas
marquem destino, há uma diferença sutil de significado entre elas, que normalmente o
usuário utiliza, mesmo sem saber, ao optar por uma ou outra preposição. De acordo com
Aulete (1958, apud Luft, 2002), a diferença básica entre a e para é que a primeira traduz
“a idéia de lá não se demorar, de não assentar lá sua residência, ou de voltar breve” (Luft,
2002, p. 342), enquanto a última expressa “intuito de lá estabelecer residência ou de lá
permanecer mais ou menos tempo” (p. 342). Cunha (1970) ainda afirma que para
comporta também um traço significativo que implica maior destaque no ponto de partida
(p. 526). De acordo com Luft (2002), na fala brasileira, em qualquer dos dois sentidos,
prevalece o para, pois o a é de “pouco uso por falta de corpo fonético”51 (p. 342). A
preposição até tem o mesmo valor semântico de a, já que o seu uso normalmente indica
que não se pretende permanecer no local de destino; ela também é a opção mais utilizada
para indicar uma posição dentro de um mesmo interior: foi até a janela, vá até a porta. Por
fim, a preposição em é preferida nas construções em que o complemento de destino indica,
mais do que “movimento em direção a”, “inserção em algum lugar” (Neves, 2004), ou seja,
essa preposição é utilizada principalmente quando se tem a idéia de entrar em algum lugar
e, por isso, é principalmente utilizada nos casos em que o complemento apresenta o traço
[fechado]52.
51
Tal afirmação é bastante pertinente, já que a tendência é que o usuário sempre utilize a língua da maneira
mais prática. Sendo assim, o uso da preposição para, especialmente na fala, torna a comunicação mais
eficiente e clara, justamente por causa dessa falta de corpo fonético da preposição a, a que se refere Luft.
52
Nos termos de Mollica (1996, p. 156), “recinto cujo espaço seja mais demarcado”.
87
Além de transitivo indireto ou intransitivo, significando “movimentar-se”,
“deslocar-se (de um lugar para outro) por impulso próprio ou dirigido, ou com ajuda de
mecanismo, veículo, etc.”, Luft (2002, p. 342) ainda indica que esse verbo pode ser usado
em outras construções e acepções, mas, como não interessam para este estudo, que se fixa
no confronto entre uso e prescrição normativa, elas não serão aqui tratadas.
8.6.8 CHEGAR53
Também com relação a esse verbo não se encontrou nenhuma referência nos
manuais mais antigos. As recomendações prescritivas encontradas para chegar, quando
usado como verbo de movimento, são basicamente as mesmas encontradas para o verbo ir:
recomenda-se que seu complemento de destino seja regido pela preposição a. No entanto,
como nota Luft (2002), no Brasil, é bastante utilizada, com esse verbo, a preposição em, a
qual, segundo o autor, é exclusiva diante de ‘casa’, ‘lar’. De acordo com Luft, “pode
colaborar para isso a tendência de se considerar o estado e o repouso (‘lugar onde’), em
vez do movimento (‘lugar para onde’)” (p. 116). Citando Nascentes, Luft mostra que essa
regência ocorre em Euclides da Cunha, Taunay, Vicente de Carvalho, Simões Lopes Neto,
Humberto de Campos, Amando Fontes, Rachel de Queiroz, José Lins do Rego, dentre
outros, e mostra que tal regência também é confirmada em Lessa e Barbadinho. Apesar
disso, ele diz que “em texto escrito culto formal melhor se ajusta o chegar a” (p. 116).
Dos autores estudados, apenas Borba (2002) traz um exemplo do complemento
desse verbo regido pela preposição até, a qual também ocorreu no corpus analisado neste
53
Regência encontrada em Luft, 2002; Borba, 2002; Savioli, 1998.
88
trabalho, conforme se verifica neste exemplo: A névoa dos altos chegava até os cajueiros.
(ME-R). No entanto, nenhum manual, dos aqui analisados, faz menção a essa preposição.
Assim como para o verbo ir, com chegar, de acordo com Savioli (1998), o uso
de em é considerado “popular” e “errado” (p. 150), dizendo-se que essa preposição pode
ser usada apenas quando indica o lugar dentro do qual ocorre a ação, como em: Chegou no
avião da Vasp. (= chegou dentro do avião) (p. 150).
Como verbo de movimento, também no caso de chegar ocorre uma diferença
de base semântica no uso de uma ou outra preposição que rege seu complemento de
destino, já explicada na subseção anterior. Em resumo, as preposições a e até indicam
“movimento em direção a um lugar”, enquanto a preposição em dá a idéia de “inserção em
um lugar” (Neves, 2004), sendo esta última utilizada, principalmente, nos casos em que o
complemento apresenta o traço [fechado]54.
Também esse verbo, de acordo com Luft (2002, p. 116), além de ser transitivo
indireto ou intransitivo, significando “atingir o termo do movimento de ida ou vida”,
“atingir (o lugar visado)”, pode ser utilizado de outras formas, mas, assim como ir, elas
não interessam para este estudo, que se fixa no confronto entre uso e norma, e não serão
aqui abordadas.
8.7 Considerações finais
Nesta seção foram expostas informações encontradas em diversas obras
tradicionais, datadas a partir do início do século passado, sobre questões relativas à
54
Ver nota 51. Apesar de Mollica não estudar o verbo chegar, a semelhança deste, com relação aos
argumentos, com o verbo ir é muito grande e, portanto, neste trabalho adotam-se os mesmos procedimentos
para ambos os verbos.
89
regência, transitividade e complementos verbais. O que se nota, de modo geral, é que,
quanto à regência, em todas as obras estudadas as definições são muito semelhantes, apesar
de o estudo mais completo ter sido o encontrado em Luft (2002) 55.
Resumidamente, pode-se explicar a regência como sendo a dependência que se
estabelece entre um termo e outro. Uma particularidade a esse respeito é que, nas obras
mais antigas, observa-se uma certa preocupação em zelar pela beleza da língua, por sua
elegância. Os autores dessas obras, apesar de reconhecerem a existência da variação,
recomendam a utilização da variante utilizada pelos “bons escritores” e prescrita pelos
manuais tradicionais.
Quanto às definições de transitividade e, principalmente, dos complementos
verbais e de sua configuração, nota-se que as diversas obras estudadas não oferecem um
tratamento uniforme. De maneira geral, o que se observa é que há uma certa unanimidade
ao afirmar-se que a transitividade decorre da actância. No entanto, com base nos estudos de
Gurpilhares (1984), observaram-se especialmente três posições entre os estudiosos: i) os
que consideram a transitividade em sentido restrito, sendo complemento verbal,
unicamente, o objeto direto; ii) os que consideram a transitividade em sentido lato, sendo
todos os participantes do processo complementos verbais, inclusive o sujeito; iii) os que
consideram como complementos o alvo do processo, o beneficiário, a origem, a meta e o
itinerário do movimento.
Os complementos apresentam-se denominados de maneira muito diversa nas
obras, principalmente os preposicionados, que ora são chamados de objetos indiretos, ora
de função objetiva, ora de complementos terminativos, ora simplesmente de dativos. Ainda
55
Isso é totalmente explicável pelo fato de essa ser uma obra feita especificamente para explicar a regência
verbal. Assim, além de expor as prescrições normativas tradicionais, o autor faz questão de também abonar
os usos populares, os quais, embora cada vez mais recorrentes, continuam sendo não-recomendados pela
regência normativa. Desse modo, Luft, confirmando a visão da maioria dos lingüistas atuais, mostra que em
alguns casos devem ser consideradas aceitáveis certas construções que os manuais normativos tradicionais
estigmatizam.
90
se encontra a alusão a um “complemento circunstancial”, que pode ou não ser introduzido
por preposição e corresponde, na maioria dos casos, aos acusativos de direção, tempo e
espaço do latim. No entanto, nos casos desse tipo de complemento, há uma grande
divergência sobre quais deles devem ser considerados realmente complementos, isto é,
obrigatórios à complementação da predicação verbal, e quais se configuram simplesmente
como adjuntos, ou seja, termos acessórios, não-obrigatórios.
Quanto à tensão gerada entre considerar-se um complemento locativo como
obrigatório ou não para a complementação do verbo, concluiu-se que, quando esse
complemento, pertencente à estrutura profunda da frase, se especificar na estrutura
superficial como locativo direcional, ele tem a função de complemento do verbo e,
portanto, é termo integrante da oração. Isso se verifica aplicando-se alguns testes que
examinam a importância desse complemento para a predicação verbal.
Além disso, discutiu-se que uma análise profunda de qualquer aspecto
lingüístico, particularmente a questão da regência verbal, aqui estudada, necessita da
integração de todos os componentes: o sintático, o semântico e o pragmático.
Após a análise das diversas obras que tratam da questão da transitividade e das
várias discussões expostas nesta seção, fazem-se algumas considerações finais (a exemplo
de Neves, 2004): i) primeiramente, verifica-se que essa questão é tratada, geralmente, na
parte relativa à Sintaxe, mas nem sempre os autores ficam presos a esse campo; ii)
distingue-se objeto direto e objeto indireto, em geral, pelo uso da preposição (ou seja, um
critério sintático), mas geralmente essa distinção é feita, na realidade, levando-se em
consideração basicamente critérios semânticos; iii) nos estudos feitos por doutrinadores
sobre a regência verbal não se encontra menção às mudanças de regência, diferentemente
dos estudos de lingüistas; iv) há algumas diferenças de nomenclatura para referência aos
91
termos ligados à regência verbal nas diversas obras, mas, de modo geral, o tratamento dado
à regência é bastante semelhante em todas elas.
92
9 ANÁLISE DOS DADOS
Nesta seção são discutidos os resultados referentes a cada verbo analisado, com
base nas pesquisas teóricas e nos dados do corpus. Primeiramente, verificam-se as
recomendações de regência56 encontradas para cada verbo e analisam-se os diferentes tipos
de complementos (quando há) e o universo de análise para cada verbo, mostrando
exemplos e discutindo-os de maneira crítica, seguindo as lições teóricas tidas como base
para este trabalho57. Por fim, faz-se uma comparação entre os resultados obtidos para as
duplas de verbos com regência semelhante e realiza-se uma comparação dos resultados
aqui obtidos com os resultados de pesquisa realizada com corpus mais recente58.
9.1 A regência, segundo a norma
9.1.1 PERDOAR
De acordo com a gramática de valências, o verbo perdoar apresenta valência 3,
já que pode apresentar três argumentos completando sua predicação. De acordo com as
lições de Mateus et alii (1983), o verbo perdoar, pela sua predicação, pertence ao grupo
dos predicados de evento causativos transferenciais (tipicamente predicados de três
lugares), que exprimem “a transferência da entidade designada pelo argumento objeto, da
entidade designada pelo argumento origem para a entidade designada pelo argumento
56
Os dados relativos à regência dos verbos, inclusive historicamente, também podem ser encontradas na
subseção 8.6.
57
As obras analisadas foram: Savioli (1981), Terra (2002), Martins (1997), Cegalla (1999), Luft (2002),
Nicola e Terra (2000), Barros (1985), Sacconi (1984), Borba (2002), Bechara (1999; 1977), Faraco e Moura
(1999), Rocha Lima (1983), Cunha (1970), Souza Lima (1945), Góis (1938), Torres (1934), Silveira (1934),
Barreto (1922;1924) e Ribeiro (1915).
58
Essa pesquisa é de Neves (2004), a qual realizou os procedimentos de análise tomados como modelo neste
trabalho, como já exposto na Metodologia.
93
recipiente” (p. 64). Assim, além do argumento origem, que é representado pelo sujeito da
frase, esse verbo apresenta dois argumentos representados pelos complementos verbais
(objetos). Esses, de acordo com a prescrição normativa, devem ser: um sem preposição
(objeto direto), e o outro iniciado pela preposição a, o primeiro referindo-se àquilo que é
perdoado, e o segundo (que pode ser expresso pelo pronome lhe) referindo-se à pessoa
(instituição, etc.) a quem se dá o perdão. Qualquer um dos complementos pode não estar
expresso.
É a lição, por exemplo, de Savioli (1981), Terra (1997), Martins (1997),
Cegalla (1999), Luft (2002), Nicola e Terra (2000), Barros (1985), Borba, 2002, Bechara,
1999, 1977, Faraco e Moura, 1999, Rocha Lima, 1983, Cunha, 1970, Souza Lima, 1945,
Góis, 1938, Torres, 1934, Silveira, 1934, Barreto, 1924 e Ribeiro, 1915. Alguns desses
autores (Cegalla, Luft, Barros, Faraco e Moura e Góis), no entanto, relativizam essa norma,
referindo-se ao fato de que, na linguagem informal, costuma-se usar objeto direto também
para complemento de pessoa. Cegalla (1999, p. 316) aponta que “no português moderno, é
corrente a construção perdoar alguém, ainda que contrarie o ensino dos gramáticos”. Celso
Pedro Luft (1987, p. 399) chega a dizer que a forma usada em linguagem informal é
“construção derivada, nos clássicos antigos e modernos (…), e é sintaxe usual no
português contemporâneo do Brasil”. Diz, também: “não há pois motivo para gramáticas e
dicionários (…) continuarem reprovando essa sintaxe. O que é usual, corrente, é regular
(obedece a regra, ainda que desconhecida). O mais que se pode é aconselhar a sintaxe
primária, lógica, para a linguagem culta formal” (p. 399).
Barros (1985, p. 251), por sua vez, afirma que “na linguagem coloquial e na
literatura moderna, se omitida a coisa, a pessoa é traduzida em objeto direto, o que, aliás,
já ocorria entre os próprios clássicos”. Alguns autores indicam ainda que é admissível a
94
forma passiva para o verbo perdoar (Cegalla, 1999; Martins, 1997; Rocha Lima, 1983;
Barreto, 1922/1924; Silveira, 1934; Souza Lima, 1945; Góis, 1938).
9.1.2 PAGAR
Semelhantemente ao que ocorre com o verbo perdoar, pagar é um verbo que
apresenta valência 3, já que pode apresentar três argumentos para completar sua
predicação. De acordo com Mateus et alii (1983), assim como o verbo perdoar, o verbo
pagar pertence ao grupo dos predicados de evento causativos transferenciais (tipicamente
predicados de três lugares). Assim, esse verbo também apresenta, além do argumento
origem, representado pelo sujeito, dois argumentos representados pelos complementos
verbais (objetos), os quais, de acordo com a prescrição normativa, devem vir representados
da seguinte forma: um sem preposição (objeto direto), e o outro iniciado pela preposição a,
ou para. O primeiro se refere àquilo que é pago e o segundo (que pode ser expresso pelo
pronome lhe) refere-se à pessoa (instituição, etc.) a quem se faz o pagamento. Qualquer
um dos complementos pode não estar expresso.
Dos autores que recomendam essa norma, citem-se: Savioli, 1981; Terra, 1997;
Martins, 1997; Cegalla, 1999; Luft, 1987; Nicola e Terra, 2000; Sacconi, 1984; Borba,
2002; Bechara, 1999; 1977; Faraco e Moura, 1999; Rocha Lima, 1983; Barreto, 1922 e
1924; Torres, 1934; Souza Lima, 1945. Alguns deles (Cegalla, Luft e Faraco e Moura), no
entanto, fazem menção ao fato de que, na linguagem informal, costuma-se usar objeto
direto também para complemento de pessoa. Luft (1987, p. 389) chega a dizer que a forma
usada em linguagem informal “é de uso freqüente e, até literariamente, bem documentada”.
95
E continua: “Sintaxe legítima, portanto. Quando muito, pode-se dizer que, na língua escrita
formal, a sintaxe pagar a alguém, pagar-lhe é preferível a pagar alguém, pagá-lo”.
9.1.3 IR
De acordo com a gramática de valências, o verbo ir apresenta valência 2, pois
pede dois argumentos, pertencendo ao grupo dos predicados de evento não-causativos de
movimento que exprimem o deslocamento de uma entidade origem ou objeto para um
dado lugar locativo (Mateus et alii, 1983). Como já visto na subseção 8.5, o argumento
“locativo”, indicando meta, destino, não é tratado de modo uniforme nas gramáticas.
Alguns autores consideram-no como complemento verbal e, portanto, obrigatório para
completar a predicação do verbo, enquanto outros consideram-no como adjunto, ou seja,
termo acessório, não obrigatório. Neste trabalho, lembra-se, as construções locativas que
indicam meta são consideradas complementos, já que se considera que são essenciais para
a complementação do verbo.
Além das recomendações normativas para o verbo ir expostas na subseção
8.7.7 deste trabalho, esse verbo também é tratado em Mollica (1996), que, citando
Nascentes e Lessa, mostra que esses autores apontam a regência da preposição em como
característica do português falado no Brasil pelas camadas populares, embora já tenha
existido em Portugal. A autora diz ainda que, de acordo com a gramática normativa, tal
regência é um “solecismo de regência, devendo ser evitada, salvo nos empregos
estilísticos” (p. 150).
Conforme já dito na subseção 8.7.7, há uma diferença semântica entre as
preposições usadas com o verbo ir. Com relação à preposição até, nenhum dos manuais
96
analisados traz referência quanto ao seu uso com complemento de direção. Quanto às
preposições a e para, elas basicamente se distinguem pelo fato de a primeira indicar [permanência] e a segunda, [+permanência] (Mollica, 1996). Para a preposição em, o que se
nota é que ela é usada preferencialmente para indicar “inserção em algum lugar” (Neves,
2004), e, por isso, rege preferencialmente os complementos com o traço [fechado].
9.1.4 CHEGAR
Assim como o verbo ir, chegar apresenta valência 2, pedindo dois argumentos
e pertencendo ao grupo dos predicados de evento não-causativos de movimento que
exprimem o deslocamento de uma entidade origem ou objeto para um dado lugar locativo.
As recomendações prescritivas para esse verbo, quando verbo de movimento –
excetuando-se as ocorrências em que o verbo tem o sentido de “ir/vir para perto de”,
“encostar”59, que são casos especiais e não entram na zona de conflito entre uso e norma –,
indicam que seu complemento de destino deve iniciar-se pela preposição a ou até (e não
pela preposição em) 60.
9.1.5 ASSISTIR
59
São exemplos: Chegaram-se para o caminhão, mesmo antes deste parar. (LOC-R) e Chegava-me para
perto do Zé Ludovina, como se estivesse com medo de não chegar até lá. (DOI-R).
60
As observações feitas por Savioli (1998), Luft (2002) e Mollica (1996) quanto aos verbos de movimento,
mostradas no item relativo ao verbo ir, também são válidas para chegar.
97
O verbo assistir pertence ao grupo dos predicados de processo experienciais
(de dois lugares), que exprimem propriedades ou relações dinâmicas “vividas” por uma
entidade “experienciador” (Mateus, 1983).
As prescrições normativas para esse verbo, de modo geral, fixam-se nos casos
em que ele tem a acepção de “presenciar”, “ver”, recomendando-se que, nesse caso, o
verbo seja usado como transitivo indireto, vindo o seu complemento sempre introduzido
pela preposição a. Além disso, recomenda-se que, caso esse complemento seja substituído
por pronome, utilizem-se as formas a ele(s) e a ela(s), e não lhe(s). Em alguns manuais
também se encontram recomendações para o verbo assistir quando usado na acepção de
“ajudar”, “prestar socorro”, mas na maioria das vezes o que se nota é que, nesse caso, são
aceitos os complementos com ou sem a preposição a61.
9.1.6 OBEDECER
Assim como o verbo assistir, obedecer pertence ao grupo dos predicados de
processo experienciais (de dois lugares), que exprimem propriedades ou relações
dinâmicas “vividas” por uma entidade do tipo “experienciador” (Mateus, 1983).
Os manuais normativos recomendam, a exemplo da norma encontrada para o
verbo assistir, que obedecer seja usado como verbo transitivo indireto, apresentando um
complemento sempre introduzido pela preposição a62.
61
Ver número de ocorrências encontradas para cada tipo de complemento do verbo com essa acepção na
Figura 6, Anexo 1.
62
No caso deste verbo, no entanto, como já dito na subseção 8.6.2, alguns autores (como Luft, 2002; Faraco
e Moura, 1999; Ribeiro, 1915; Góis, 1938) afirmam que ele também pode ser usado como transitivo direto,
sendo essa construção bastante comum, especialmente nos clássicos. Alguns autores (como Barreto, 1922 e
1924; Silveira, 1934; Góis, 1938; Souza Lima, 1945 e Silva Dias, 1954) ainda afirmam que, embora esse
verbo seja transitivo indireto, admite a construção passiva, fato que justificam pelo seu uso já em épocas
anteriores com acusativo (Barreto, 1924).
98
9.1.7 ESQUECER(-SE)
Esquecer(-se) pertence ao grupo dos predicados de evento não-causativos de
atividade mental (dois lugares), que exprimem atos de percepção ou cognição envolvendo
uma entidade controladora (Mateus, 1983).
As recomendações prescritivas para o verbo esquecer (não-pronominal),
indicam como desobediência à norma-padrão o uso do verbo com complemento
preposicionado. Quanto à forma pronominal esquecer-se, a recomendação normativa é que
se use complemento iniciado pela preposição de, seja ele oracional ou não (representação
gráfica dos dois tipos de complementos na Figura 7 / Anexo 1).
Desse modo, consideram-se pertinentes para o confronto entre uso e norma
apenas as ocorrências do verbo (seja ele pronominal ou não) em que há um complemento
explícito, o que corresponde a 164 ocorrências, ou seja, 79% do corpus total.
9.1.8 LEMBRAR(-SE)
Assim como ocorre com o verbo esquecer(-se), de acordo com a gramática de
valências, lembrar(-se) pertence ao grupo dos predicados de evento não-causativos de
atividade mental (dois lugares), que exprimem atos de percepção ou cognição envolvendo
uma entidade controladora (Mateus, 1983).
De acordo com os manuais estudados, a prescrição normativa para o verbo lembrar
(não-pronominal) é a seguinte:
99
-
significando “recordar”, “relembrar”, usa-se com complemento sem preposição
(objeto direto) – mesma recomendação encontrada para esquecer (nãopronominal);
-
significando “trazer à lembrança”, “sugerir”, usa-se com complemento sem
preposição (objeto direto), podendo ocorrer outro complemento (referente a
pessoa) iniciado pela preposição a;
-
significando “fazer recordar”, usa-se com um objeto direto e um complemento
preposicionado:
a) com um complemento sem preposição (objeto direto referente a pessoa) e
outro complemento (oracional ou não) iniciado pela preposição de;
b) com um complemento sem preposição (objeto direto, oracional ou não) e
outro complemento (referente a pessoa) iniciado pela preposição a.
Com relação à forma pronominal lembrar-se, o que se recomenda, assim como
ocorre com o verbo esquecer-se, é que o verbo seja usado com complemento iniciado pela
preposição de, seja este oracional ou não.
9.2 Os tipos de complementos e o universo de análise
9.2.1 PERDOAR
Foram analisadas, para o verbo perdoar, 225 ocorrências, 184 (82%) com
complemento e 41 (18%) sem complemento explícito. Na figura abaixo, estão
demonstrados graficamente todos os tipos de complementos encontrados para o verbo
perdoar.
100
GRÁFICO 1
Verbo perdoar - total de ocorrências
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8
10
3
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Tipos de complementos
Legenda:
1. Complemento preposicionado (OI) pessoa
2. Complemento não-preposicionado (OD) pessoa
3. Complemento não-preposicionado (OD) coisa não-oracional
4. Complemento não-preposicionado (OD) coisa oracional
5. Complemento não-preposicionado (OD) pessoa + por/de alguma coisa
6. OD coisa + OI pessoa
7. Uso de pronome oblíquo (indefinição entre OD e OI)
8. Exemplos sem complemento explícito
Para se proceder a uma análise realmente fiel ao objetivo deste trabalho, o de
comparar os usos reais da regência verbal na primeira metade do século XX com aquilo
que prega (e pregava naquela época) a prescrição normativa, serão considerados,
especificamente para o verbo perdoar, como exemplos de obediência ou não-obediência à
prescrição normativa, apenas as ocorrências (a exemplo de Neves, 2004) em que se usa
unicamente o complemento de pessoa (e/ou instituição, etc.), ou seja, aquele que representa
“a quem se dá o perdão”. Isso porque, embora tenha ocorrido um exemplo de coisa, ou
seja, “aquilo que se perdoa”, “a falta”, com preposição (uso não recomendado pela normapadrão), não se pode considerar, por essa única ocorrência, que é uso comum a regência
101
não-recomendada pela prescrição normativa de utilizar-se o verbo perdoar com esse tipo
de complemento. Como indica Neves (2004), quando ocorrem os dois complementos,
também não é possível confrontar uso e norma, já que o usuário jamais incorre em erro,
nesses casos, devido à internalização da norma de uso de preposição para o complemento
de pessoa e não-uso para o complemento de coisa.
Assim, do total de ocorrências da amostragem do verbo perdoar, encontraramse 182 casos (80% do total, ou seja, a grande maioria) em que não há o que examinar
quanto à relação entre uso e prescrição normativa, pois se referem:
a) às 39 ocorrências que apresentam apenas complemento não-preposicionado (OD)
referente a coisa não-oracional, casos como
(12)
Fernanda sacode a cabeça com um sorriso do mais velho que perdoa a
travessura da criança. (CCR-R)
b) às 8 ocorrências que apresentam apenas complemento não-preposicionado (OD)
referente a coisa oracional, como
(13)
Tobias então não podia perdoar que a amada do poeta rival fôsse tão
aplaudida quanto a sua deusa. (ABC-R)
c) às 3 ocorrências com a construção perdoar alguém por/de alguma coisa, casos que,
embora apresentem complemento de pessoa/instituição sem preposição, não são, em geral,
condenados pelos manuais normativos, como
(14)
Que a perdoasse pelas más palavras: mas era atroz. (RF-T)
d) às 51 ocorrências de perdoar em que ocorre um objeto indireto de pessoa e um objeto
direto de coisa, casos como63
(15)
Mas uma vez que era mal sem remédio, que Deus lhes perdoasse aquela
impiedade... (NT-R)
63
Algumas dessas ocorrências apresentam um pronome oblíquo de primeira ou segunda pessoa para se
referir “a quem se dá o perdão”, mas, nesses casos, eles são, obviamente, objetos indiretos, já que, como se
sabe, o falante tem internalizado que, no uso de dois complementos, o de pessoa é sempre preposicionado.
102
e) às 39 ocorrências com complemento constituído pelos pronomes oblíquos de primeira e
de segunda pessoa (me, te, nos, etc.), formas que impedem que se distinga entre as funções
sintáticas objeto direto e objeto indireto, casos como
(16)
-Perdoe-me o nobre Senador. (DPA-O)
f) às 41 ocorrências sem complemento explícito, casos como
(17)
Até essa cidade tristoriba, então. Porque a tripulação não perdoa. (LOC-R)
Os casos em que o usuário seguiu a prescrição da norma, isto é, usou o
complemento de pessoa preposicionado, foram 32. Um exemplo é:
Papai é o melhor dos homens, mas não perdoa a adversário. (MA-R)
(18)
Por fim, foram 12 os casos encontrados em que o usuário não seguiu a
prescrição normativa, ou seja, usou objeto direto de pessoa, casos como
(19)
Pedira-lhe que perdoasse Ângela e ele prometera pensar sobre o assunto,
visivelmente inclinado a ceder e, talvez mesmo, a ir bem mais longe... (ANP-R)
A representação gráfica da obediência ou não, e das ocorrências que não entram
nesse confronto, está na Figura 1 (Anexo 1).
9.2.2 PAGAR
Como amostra das ocorrências do verbo pagar, foram analisados 201 casos64,
167 com e 34 sem complemento explícito. Na figura abaixo se demonstram, graficamente,
todos os tipos de complementos encontrados para esse verbo:
64
Algumas ocorrências também apresentam a forma apassivada e/ou um complemento iniciado com “pagar
por/para alguma coisa”. Esses casos não foram considerados para análise, pois estão sendo contados junto
com os outros aqui analisados. Por exemplo, em O Senhor Azevedo tinha-lhe pago pelo cento a quantia com
que se compra uma dúzia. (TF-R), observa-se que ocorre o complemento de pessoa preposicionado (lhe),
mas há também a construção “pagar por”. Neste caso, a contagem concentrou-se apenas no complemento de
pessoa preposicionado, obediente à prescrição normativa.
103
GRÁFICO 2
Ocorrências do verbo pagar
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6
7
8
11
Tipo de complemento
Legenda:
1. Complemento preposicionado (OI) pessoa
2. Complemento não-preposicionado (OD) pessoa
3. Complemento não-preposicionado (OD) coisa
4. OD coisa + OI pessoa
5. Uso de pronome oblíquo (indefinição entre OD e OI)
6. Exemplos sem complemento explícito
7. Só valor expresso
8. Apenas modo como se paga
9. Voz passiva
10. Apenas pagar por/para fazerem algo
11. Adjetivo
Também com o verbo pagar, para se proceder ao confronto entre os usos reais
da regência verbal e aquilo que prega a norma-padrão, serão considerados como exemplos
de obediência e não-obediência à prescrição normativa, apenas os casos em que se usa
unicamente o complemento de pessoa (e/ou instituição, etc.), ou seja, aquele que representa
“a quem se paga”. Os motivos são os mesmos já explicados para o verbo perdoar: quando
ocorrem os dois complementos, ou seja, um preposicionado representando “a quem se
104
paga” e outro não-preposicionado representado “o que é pago”, “dívida”, o usuário não
incorre em erro, nesses casos, pois tem internalizado o uso de um complemento com
preposição (para pessoa) e o outro sem (para coisa). Desse modo, do total das 201
ocorrências do verbo pagar acima explicitadas, consideraram-se pertinentes para este
estudo, que se centra na avaliação do confronto entre o uso e a norma, apenas aquelas
(11%) em que o verbo se construiu com complemento de pessoa sem preposição (6) ou
com preposição (16) (número baixo, mas suficientemente representativo para confrontar
uso e norma).
Os 179 casos (89% do total) em que não há o que examinar quanto à relação
entre uso e prescrição normativa (seguindo Neves, 2004) referem-se:
a) às 79 ocorrências do verbo pagar com complemento de coisa (dívida), casos em que não
há variação de uso, quanto à manifestação da regência, como
(20)
Aí, paga uma cerva aí!-finalizou Cabeleira. (CDE-R)
b) às 22 ocorrências de pagar em que ocorre objeto indireto de pessoa (credor) e objeto
direto de coisa (dívida)65, casos como
(21)
Quem sabe se é porque ainda não lhe paguei o vale atrasado? (RA-R)
c) às 4 ocorrências com complemento constituído pelos pronomes oblíquos de primeira e
de segunda pessoa (me, te, nos, etc.), cujas formas impedem que se distinga entre as
funções sintáticas objeto direto e objeto indireto, casos como
(22)
Faz-me este favor, que te pagarei com juros capitalizados, sim? (PAU-CR)
d) às 31 ocorrências em que o verbo se usa sem complemento, casos como
(23)
Vai pagar, pagar e sair. (PAP-R)
e) às 34 ocorrências apenas com complemento de valor, casos em que também não há
variação de uso, quanto à manifestação da regência, como
65
Nesses casos, alguns complementos de pessoa são marcados por pronomes oblíquos de primeira e segunda
pessoa, mas estes, aqui, não podem ser considerados como objetos diretos, já que está presente o
complemento referente à coisa (dívida).
105
(24)
A Contadoria da Guerra pagou grandes somas pela verba-etapa. (ACD-O)
f) às 2 ocorrências em que é expresso apenas o modo como se paga, como
(25)
E teria que pagar mais caro. (US-R)
g) às 6 ocorrências em que algumas das formas do verbo ocorreram com função adjetiva,
como
(26)
Os velhos lembravam-se do “Mal das Vinhas”, do “Príncipe Ubá” e outros
dementados, constantes fregueses da secção paga do velho Jornal do Comércio.
(REI-R)
As 16 ocorrências que correspondem aos casos em que se verifica que o falante
seguiu a prescrição da norma referem-se aos casos em que há apenas objeto indireto de
pessoa (como já explicado acima), casos como
(27)
Pagou a Seu Francisco, Filoca? (TC-R)
Os casos em que o falante não seguiu a prescrição da norma são 6, sendo
referentes às ocorrências em que há objeto direto de pessoa (credor), casos como
(28)
O Dr. Seixas pagou o chofer. (OL-R)
Como já dito, os casos em que é possível analisar a divergência entre uso e
norma são muito restritos, mas, mesmo assim, como veremos na análise, mostram
resultados compatíveis com o esperado: uma maior porcentagem de obediência à
prescrição, na língua escrita (representação gráfica na Figura 2 / Anexo 1).
9.2.3 IR
As ocorrências do verbo ir examinadas no corpus foram 42866, encontrando-se
49% dos usos do verbo como auxiliar, 40% como verbo de movimento e 11% com outros
66
Utilizou-se, para o verbo ir, o dobro de ocorrências utilizadas para formar a amostragem dos demais
verbos aqui estudados pelo fato de ele apresentar um número de exemplos muito reduzido como verbo de
106
tipos de construção (com expressões, em indicação de origem, como verbo de ligação e
como modalizador) 67.
A zona ligada ao conflito entre uso e norma para esse verbo compreende apenas
seu emprego com complemento de direção explícito, o que corresponde a 111 ocorrências,
ou seja, apenas 26% do corpus total. A representação gráfica de todas as ocorrências do
verbo ir está na figura abaixo:
GRÁFICO 3
Verbo ir
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2
3
4
5
6
7
8
Tipo de utilização do verbo
9
10
11
12
Legenda:
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
Auxiliar
Com a preposição a
Com a preposição para
Com a preposição até
Com a preposição em
Em expressões
Sem complemento destino
Com onde (sem preposição)
Com advérbios de lugar
movimento, o que dificulta a análise e a comparação entre uso e norma, já que esta se restringe aos casos em
que o verbo é assim empregado (como verbo de movimento).
67
Ver Figura 3 (Anexo 1).
107
10. Como verbo de ligação
11. Expressando medida
12. Como marcador
Os 318 os casos (74% do total) em que não há o que examinar quanto à relação
entre uso e norma referem-se (seguindo Neves, 2004):
a) às 210 ocorrências em que o verbo ocorre como auxiliar, casos como
(29)
Vou escrever amanhã pro velho. (LSO-R)
b) às 28 ocorrências em que o verbo é empregado numa expressão, como
(30)
Vamos embora. (UMO-R)
c) às 29 ocorrências em que o verbo é de movimento, mas ocorre sem complemento
explícito, casos como
(31)
Muitas vezes não íamos, muitas vezes - ternas e benfazejas noites! (OES-R)
d) às 6 ocorrências de ir em que o seu complemento é onde, sem preposição, casos como
(32)
Onde ia, assim tão depressa? (CAV-R)
e) às 12 ocorrências com complemento representado por advérbio de lugar, como
(33)
A recepção que lhe fizeram, foi mais cerimoniosa que as outras: era a
primeira vez que ali ia. (RCV-R)
f) às 11 ocorrências como verbo de ligação, casos como
(34)
A bondade vai longe, menino. (PB-R)
g) às 5 ocorrências que indicam expressão de medida, seja de extensão ou tempo, casos
como
(35)
Da serra do Mar desprende-se a da Mantiqueira, que mais pelo interior vai
desde o Estado do Paraná até Minas Gerais. (CH-T)
h) à única ocorrência em que o verbo ocorreu como modalizador:
(36)
Vamos, menina, ligeiro com esse café-grita ela. (CLA-R)
108
i) às 15 ocorrências em que o verbo foi usado com as preposições a, para, até ou em, mas
não como verbo de movimento, ou seja, o complemento regido por essas preposições não
indicava destino. São casos como,
(37)
Tens vida longa, meu velho, digo-te eu. Quem escapou daquela vai ao
centenário. (IF-R)
(38)
Tais cômputos vão até 1801. (FHB-T)
Os casos em que o usuário seguiu a prescrição da norma, isto é, usou o verbo ir
com complemento de direção regido das preposições a, para e até foram 103. São
exemplos:
(39)
De um ou de outro modo, a conseqüência foi termos ajustado que uma noite
destas eu irei à sua casa. (ABD-R)
(40)
Todos os dias oficiais do exército vão para o Amazonas. (ACD-O)
(41)
É diferente, é precisamente o seguinte: hoje à noite, em determinado
momento, Rení irá até a porta do meu quarto, experimentará para ver se eu a
deixei aberta... (ANP-R)
Por fim, foram 9 os casos em que o usuário não seguiu a prescrição da norma,
ou seja, utilizou a preposição em com o complemento de direção. Tem-se, como exemplo:
(42)
Quando Suzi se vestia pra ir na feira, assobiava o fox-trote da moda pro
namorado ir também. (MCU-R)
A representação gráfica da obediência ou não, e das ocorrências que não entram
nesse confronto, está na Figura 3 (Anexo 1).
9.2.4 CHEGAR
109
As ocorrências do verbo chegar examinadas no corpus foram 234, sendo 21%
dos usos do verbo como auxiliar, 54% como verbo de movimento e 25% com outros tipos
de construção (expressões, verbo usado como marcador textual, verbo de movimento
especial – com o sentido de “ir/vir para perto de”, “encostar” –, com o sentido de “bater” e
significando “bastar”)68. A representação gráfica de todas as ocorrências do verbo chegar
encontra-se na figura abaixo:
GRÁFICO 4
Verbo chegar
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3
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1
0
1
2
3
4
Legenda:
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
68
Auxiliar
Com a preposição a
Com a preposição até
Com a preposição em
Sem complemento de destino
Expressões
Com advérbio de lugar
Bastar
Ver Figura 4.
5
6
Usos do verbo
7
8
9
10
11
110
9. Outro sentido: verbo de movimento especial – sentido de “ir/vir para perto de”,
“encostar” – e também “bater”
10. Marcador
11. Com onde (sem preposição)
A zona ligada ao conflito entre uso e norma, a exemplo do que ocorre com o
verbo ir, corresponde apenas ao emprego do verbo com complemento de direção explícito,
o que abrange 54 ocorrências, ou seja, apenas 23% do corpus total.
Os 180 casos (77% do total) em que não há o que examinar quanto à relação
entre uso e norma referem-se (seguindo Neves, 2004):
a) às 48 ocorrências do verbo usado como auxiliar, casos como
(43)
Cheguei a ouvir o rumor do corpo caindo n'água. (P-R)
b) às 3 ocorrências em que o verbo é empregado em uma expressão, como
(44)
Quem nasceu para dez réis não chega a tostão. (TP-T)
c) às 53 ocorrências em que o verbo é de movimento, mas ocorre sem complemento
explícito, casos como
(45)
Chegou às sete horas e meia, entrou, subiu ao terraço e olhou para o mar.
(EJ-R)
d) à única ocorrência em que o complemento é onde, sem preposição:
(46)
Onde cheguem os germes e tentem alojar se, o organismo reage por
inflamação aguda. (TPM-T)
e) às 12 ocorrências com complemento representado por advérbio de lugar, como
(47)
Quando êle aqui chegou, tal como ainda hoje está, éramos nós crianças
que brincávamos vigiadas por aios. (IM-R)
f) às 3 ocorrências em que o verbo é empregado com o sentido de “bastar”, “ser
suficiente”, casos como
(48)
Chega de chá. Mande virar um cafezinho. (OES-R)
111
g) às 12 ocorrências em que o verbo é usado como o sentido de movimento especial,
indicando “ir/vir para perto de”, “encostar” ou então significando “bater”, casos como
(49)
Vitorino saltou da égua, amarrou o cabresto na cerca e chegou-se para
perto da tenda. (FM-R)
h) à única ocorrência em que o verbo é usado como marcador:
(50)
Chegou e telefonou. (OES-R)
i) às 40 ocorrências em que o verbo foi usado com as preposições a, até ou em, mas não
como verbo de movimento, ou seja, o complemento regido por essas preposições não
indicava destino. São casos como,
(51)
E quando chegaram ao que eu sabia, as ave-marias do fim, tive vergonha
de juntar minha voz à das outras, embora Maria José me desse com o cotovelo e
me fizesse sinais de cabeça. (THU-R)
Os casos em que se seguiu a prescrição da norma, isto é, utilizou-se o
complemento de destino regido das preposições a ou até com o complemento de direção,
foram 54. São exemplos:
(52)
Pouco depois chegávamos ao colégio de minha irmã Felícia. (RCV-R)
(53)
A névoa dos altos chegava até os cajueiros. (ME-R)
Por fim, foram 7 os casos em que o usuário utilizou complemento verbal regido
pela preposição em, ou seja, não obedeceu à recomendação normativa, como em:
(54)
Nas noites de reza chegava em casa que era uma lástima. (US-R)
As ocorrências do verbo chegar encontram-se representadas graficamente na
Figura 4 (Anexo 1).
9.2.5 ASSISTIR
112
Foram examinadas 216 ocorrências para o verbo assistir, encontrando-se quatro
acepções: “presenciar”, “ver”, “estar presente” (85% das ocorrências); “ajudar”,
“socorrer”, “prestar assistência” (5%); “morar”, “residir” (4%); e “pertencer”, “caber”
(7%) (representação gráfica na Figura 5, Anexo 1). A figura abaixo ilustra todos os tipos
de complementos encontrados para o verbo assistir:
GRÁFICO 5
Ocorrências do verbo assistir
160
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3
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0
Ver - OI
Ver - OD
Ver sem
complemento
Ajudar - OI
Ajudar - OD
Ajudar com
pronome
oblíquo
Caber,
pertencer
Morar
Tipo de complemento
A zona ligada ao conflito entre uso e norma corresponde apenas ao emprego do
verbo com a acepção de “ver”, “presenciar”, “estar presente”, em que há um complemento
explícito, o que corresponde a 172 ocorrências, ou seja, 80% do corpus total.
113
De todas as ocorrências do verbo assistir, portanto, são 44 os casos (20% do
total) em que não há o que examinar quanto à relação entre uso e norma, por se referirem
(seguindo Neves, 2004):
a) às 11 ocorrências em que o verbo tem a acepção de “ver”, mas não apresenta um
complemento explícito, casos como
(55)
Não assisti. Adoeci e vim para o Brasil nas vésperas. (TF-R)
b) às 10 ocorrências em que o verbo tem a acepção de “ajudar”, como
(56)
(...) assista-lhe o Apóstolo São Paulo,a quem o Senhor tornou um vaso de
eleição (...). (ANP-R)
c) às 8 ocorrências do verbo com a acepção de “morar”, casos como
(57)
(...) que a mesma correspondência continuou pelo decurso de dois anos,
escrevendo a justificante da cidade do Porto em que assistia. (EHB-T)
d) às 15 ocorrências em que o verbo apresenta a acepção de “caber”, “pertencer”, como
(58)
(...) e a cada um de nós que preza a boa fama de sua Pátria, assiste o
direito de censurar o escritor que tão mal corresponde ao apreço de seus
compatriotas (...). (TN-R)
Foram 142 os casos em que se seguiu a prescrição da norma, isto é, em que se
utilizou o complemento do verbo, na acepção de “ver”, com complemento regido da
preposição a, como em
(59)
Assisto a uma discussão do barbeiro André Laerte com o negociante Filipe
Benigno. (AN-R)
Os casos em que o usuário não seguiu a recomendação normativa, ou seja,
utilizou complemento verbal sem preposição, foram 30. Exemplos:
(60)
Recordo-me que uma vez, por acaso, entrei numa pretoria e assisti um
casamento de duas pessoas pobres... (VM-R)
114
9.2.6 OBEDECER
Diferentemente do que ocorre com o verbo assistir, obedecer só apresenta uma
acepção básica. Foram analisadas 203 ocorrências desse verbo, sendo, dessas: 133 com
complemento preposicionado; 15 com complemento sem preposição; 49 sem complemento
explícito; e 6 com complemento representado por pronome oblíquo de primeira ou segunda
pessoa (me, te, etc., formas que impedem que se distinga entre as funções sintáticas objeto
direto e objeto indireto).
Na figura abaixo estão representadas as ocorrências do verbo obedecer:
GRÁFICO 6
Ocorrências do verbo obedecer
134
140
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20
49
14
6
0
Objeto indireto
Objeto direto
Sem complemento
Com pronome oblíquo
Tipos de complementos
A zona ligada ao conflito entre uso e norma corresponde às 148 ocorrências
(73%) do verbo em que há um complemento explícito, desde que esse não seja
115
representado por um pronome oblíquo de primeira ou de segunda pessoa (me, te, nos, etc.,
cujas formas impedem que se distinga entre as funções sintáticas de objeto direto e objeto
indireto).
De todas as ocorrências do verbo obedecer, portanto, são 55 os casos (27% do
total) em que não há o que examinar quanto à relação entre uso e norma, pois se referem
(seguindo Neves, 2004):
a) às 49 ocorrências do verbo sem complemento explícito, casos como
(61)
Todos de olhos fechados! - Mandava Madalena no alto da caramboleira. -
Bem fechados! Obedecemos - eu, Pinga-Fogo e Emanuel. (OES-R)
b) às 6 ocorrências em que o verbo apresenta um complemento representado por pronome
oblíquo de primeira ou segunda pessoa (me, te, nos, etc.), cujas formas impedem que se
distinga entre as funções sintáticas objeto direto e objeto indireto, casos como
(62)
Isso é autoridade. Eu mando, êle me obedece. (OL-R)
Os casos em que o usuário seguiu a prescrição normativa, isto é, utilizou o
complemento do verbo com complemento regido da preposição a, foram 134, como em
(63)
É sabido que a taxa cambial obedece à lei geral da oferta e da procura.
(ACD-O)
Não se seguiu a recomendação normativa, ou seja, utilizou-se complemento
verbal sem preposição, em 14 casos, como em:
(64)
Qualquer coisa nos impele um para o outro e nunca obedecemos o impulso.
(PAU-CR)
9.2.7 ESQUECER(-SE)
116
Foram examinadas, para o verbo esquecer(-se), 196 ocorrências69: 126
encontram-se na forma não-pronominal, 58 na forma pronominal e 8 acompanhadas por
um pronome oblíquo, com a acepção de “fugir à lembrança” (ficando o verbo sempre em
terceira pessoa e o objeto em nominativo). A figura abaixo ilustra todos os tipos de
ocorrências do verbo:
GRÁFICO 7
Tipos de complementos - verbo esquecer(-se)
100
92
90
80
70
60
50
40
32
30
17
20
15
12
10
4
1
8
6
2
16
3
0
1
Legenda:
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
1. não-pronominal não-oracional sem preposição
2. não-pronominal oracional sem preposição
3. não-pronominal não-oracional com preposição
4. não-pronominal oracional com preposição
5. pronominal não-oracional com preposição
6. pronominal oracional com preposição
7. pronominal não-oracional sem preposição
8. pronominal oracional sem preposição
9. pronominal sem complemento
10. “fugir à lembrança”
11. não-pronominal sem complemento
12. adjetivo
69
O corpus foi montado utilizando-se 208 ocorrências de esquecer(-se), mas, destas, 16 correspondiam, na
realidade, a adjetivos.
117
Consideram-se pertinentes para o confronto entre uso e norma apenas as
ocorrências do verbo (seja ele pronominal ou não) em que há um complemento explícito, o
que corresponde a 164 ocorrências, ou seja, 79% do corpus total. Sendo assim, são 44 os
casos (21% do total) em que não há o que examinar quanto à relação entre uso e norma,
por se referirem (seguindo Neves, 2004):
a) às 3 ocorrências do verbo esquecer-se (pronominal) sem complemento explícito, casos
como
(65)
Quaresma ficou um instante pensativo, deixando de remover os galhos
cortados; em breve, porém, esqueceu-se e a preocupação dissipou-se. (TF-R)
b) às 17 ocorrências do verbo esquecer (não-pronominal) sem complemento explícito,
como
(66)
Zé Luís capitulara, esquecera, deixando a execução do compromisso
assumido para o dia seguinte e para o dia seguinte do dia seguinte. (CAV-R)
c) às 8 ocorrências do verbo esquecer(-se) com o sentido de “fugir à lembrança”, com o
verbo em terceira pessoa e complemento em nominativo, como
(67)
Com o comentário feito, ontem, à margem das extravagâncias de minha
inventiva, esqueceu-me relatar o fim de Violante, que acaso interessará a alguma
romântica leitora. (ABD-R)
d) às 16 ocorrências em que a forma esquecido é, na realidade, adjetivo, casos como
(68)
Tudo fica esquecido, o jardim, o jardineiro, a rapariga feia que foi levar
migalhas aos coelhos, os telhados da Floresta, o rio, as montanhas, o céu, tudo, até
mesmo Katie. (CCR-R)
As ocorrências em que se seguiu a prescrição normativa foram 151, as quais
incluem:
118
a) verbo na forma pronominal, usado com complemento regido pela preposição de, casos
como
(69)
Tu te esqueces decerto de que eu também sou uma criatura de carne e
nervos. (OL-R)
b) verbo na forma não-pronominal, com complemento sem preposição, como
(70)
Distraio-me, esqueço Marina, que algumas ruas apenas separam de mim.
(AN-R)
Os casos de não-obediência à prescrição foram apenas 13, os quais se referem:
a) verbo na forma pronominal, com complemento sem preposição, como
(71)
Se vos esquecerdes que sois gregos e latinos, tereis conseguido abalar a
própria estrutura do vosso ser. (DIE-R)
b) verbo na forma não-pronominal, com complemento preposicionado, casos como
(72)
Contudo, esperava firmar-se e não havia esquecido de sua promessa a
Bogóloff. (NN-R)
9.2.8 LEMBRAR(-SE)
Como amostra do corpus do verbo lembrar(-se) foram examinadas 212
ocorrências. Diferentemente do que ocorre com o verbo esquecer(-se), no entanto,
lembrar(-se) não apresenta uma única acepção básica, e sim três: “recordar”, “relembrar”;
“trazer à lembrança”, “sugerir”; e “fazer recordar”. Tais acepções apresentam,
respectivamente, 182 (86%), 20 (9%) e 10 (5%) ocorrências (a representação gráfica das
diferentes acepções pode ser vista na Figura 9, Anexo 1). Todos os tipos de ocorrências
encontradas para o verbo lembrar(-se) estão representados graficamente na figura abaixo:
119
GRÁFICO 8
Tipos de ocorrências do verbo lembrar(-se)
78
80
70
60
50
40
30
29
20
18
16
20
15
11
8
10
10
3
3
1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Legenda:
1. pronominal com OI oracional
2. pronominal com OI não-oracional
3. pronominal com OD oracional
4. pronominal com OD não-oracional
5. “recordar” - não-pronominal com OD oracional
6. “recordar” - não-pronominal com OD não-oracional
7. “recordar” - não-pronominal com OI oracional
8. “recordar” - não-pronominal com OI não-oracional
9. pronominal sem complemento explícito
10. “recordar” - não-pronominal sem complemento explícito
11. “fazer recordar”
12. “trazer à lembrança”
Consideram-se pertinentes para este estudo (que confronta uso e norma) as 159
ocorrências (75% do corpus total) do verbo lembrar(-se) em que há um complemento
explícito. As 53 ocorrências (25% do total) em que não há o que examinar quanto à
relação entre uso e norma referem-se (seguindo Neves, 2004):
120
a) às 15 ocorrências do verbo lembrar-se (pronominal) sem complemento explícito, casos
como
(73)
Lembro-me, já te disse, - afirmou enfezado. (IF-R)
b) às 8 ocorrências do verbo lembrar (não-pronominal) com a acepção de “recordar”,
“relembrar”, sem complemento explícito, como
(74)
Precisamos mudar isto, lembrou o moço, de volta dum passeio a S. Paulo.
(NEG-R)
c) às 20 ocorrências do verbo lembrar(-se) com a acepção de “trazer à lembrança”, casos
como
(75)
Esta cidade, em dias de festa, lembra-me a casa do Vicira em noites de
víspora, com a lâmpada belga, a caixa de musica o aqueles infamérrimos biscoitos
do padaria que tresandam à barata. (FF-R)
d) às 10 ocorrências com a acepção de “fazer recordar”, como
(76)
Lembro ao nobre Deputado que a hora está dada. (ACD-O)
Do total, foram 141 os exemplos em que se seguiu a prescrição normativa,
incluindo:
a) as ocorrências em que o verbo se encontra na forma pronominal e é usado com
complemento regido pela preposição de, casos como
(77)
Lembro-me de que, certa vez, corrigiu um dos nossos empregados. (AMB-
R)
b) as ocorrências em que o verbo foi usado na forma não-pronominal, na acepção de
“recordar”, com complemento sem preposição, como
(78)
Diz muitas coisas longas, lembra os tempos de infância e de estudo, e no
fim insinua-lhe que venha contar-lhe as viagens. (MA-R)
Em 18 casos não se seguiu o que recomenda a prescrição normativa, incluindo:
121
a) verbo usado na forma pronominal, com complemento sem preposição, como
(79)
Lembro-me que o portão era de ferro (...). (OES-R)
b) verbo usado na forma não-pronominal, com complemento preposicionado, casos como
(80)
Lembraste das anquinhas? (NEG-R)
9.3 Resultados das análises
Nesta subseção comentam-se os resultados encontrados para cada verbo
analisado, quanto ao confronto entre obediência e não-obediência à prescrição normativa,
utilizando-se apenas as ocorrências em que é possível fazer essa comparação. Cada análise
é seguida de um gráfico, que permite a visualização desse confronto entre uso e norma nos
textos analisados.
9.3.1 PERDOAR
As 44 ocorrências do verbo perdoar em que é possível confrontar a obediência
com a não-obediência à prescrição normativa (seguindo Neves, 2004) mostram que, em
quase 73% dos casos, é seguida a prescrição de preposicionar o complemento que
representa a pessoa/instituição, prevalecendo, pois, a conformidade ao que prescreve a
norma. A representação gráfica está na figura abaixo:
122
GRÁFICO 9
Ocorrências do verbo perdoar
27%
Seguem a prescrição
Não seguem a prescrição
73%
9.3.2 PAGAR
A comparação entre as 22 ocorrências do verbo pagar em que é possível
confrontar a obediência com a não-obediência à prescrição normativa mostra que, em 73%
dos casos, se segue a prescrição de fazer preceder da preposição a o complemento que
representa a pessoa/instituição a quem se paga, prevalecendo, pois, uma grande
conformidade da língua escrita ao que prescreve a norma. Observe-se figura abaixo:
GRÁFICO 10
Obediência à norma - verbo pagar
27%
73%
Seguem a prescrição
Não seguem a prescrição
123
9.3.3 IR
A comparação das 112 ocorrências do verbo ir em que é possível confrontar
obediência ou não à prescrição normativa mostra que há uma grande obediência ao que
recomenda essa prescrição, já que ela é seguida em 92% dos casos. A representação
gráfica está na figura abaixo:
GRÁFICO 11
Verbo ir
8%
Seguem a prescrição
Não seguem a prescrição
92%
Quanto ao uso das preposições que regem o complemento de direção do verbo
ir, conforme mostra a figura abaixo, nota-se que há uma grande preferência pela
preposição a (50%). A preposição para apresentou 30% da preferência, até, 12% e em,
cujo uso deve ser evitado, de acordo com a recomendação normativa, apresentou apenas
8% das preferências de uso.
124
GRÁFICO 12
Uso das preposições - verbo IR
50%
50%
45%
40%
30%
35%
30%
25%
20%
12%
15%
8%
10%
5%
0%
a
para
até
em
9.3.4 CHEGAR
Analisando as 54 ocorrências do verbo chegar em que é possível confrontar a
obediência com a não-obediência à prescrição normativa, observa-se que, na grande
maioria dos casos (87%), seguiu-se o que recomenda a prescrição. A representação gráfica
dessa comparação encontra-se na figura abaixo:
GRÁFICO 13
Verbo chegar
13%
Seguem a prescrição
Não seguem a prescrição
87%
125
As observações feitas para o verbo ir com relação à baixa utilização, nos textos
escritos examinados, da preposição em também são válidas aqui (como ilustra a figura
abaixo):
GRÁFICO 14
Preposições verbo CHEGAR
70%
80%
70%
60%
50%
40%
23%
30%
7%
20%
10%
0%
a
até
em
9.3.5 ASSISTIR
Confrontando os casos de obediência com os de não-obediência à prescrição
normativa do verbo assistir, observa-se que o usuário segue preferencialmente a norma:
83% dos casos. A representação gráfica dessa comparação encontra-se na figura abaixo:
126
GRÁFICO 15
Verbo assistir ("ver", "presenciar") - obediência à prescrição normativa
17%
Obedecem à prescrição
Não obedecem à prescrição
83%
9.3.6 OBEDECER
Comparando-se os casos de obediência com os de não-obediência à prescrição
normativa do verbo obedecer, nota-se que a grande maioria das ocorrências (91%) segue a
norma. A figura abaixo representa essa comparação:
GRÁFICO 16
Verbo obedecer - obediência à prescrição
9%
Obedecem à prescrição
Não obedecem à prescrição
91%
127
9.3.7 ESQUECER(-SE)
Comparando-se as ocorrências do verbo esquecer(-se) quanto ao uso como
pronominal e não-pronominal, verifica-se que o uso da segunda forma é bem mais
freqüente (o que ocorre em 68% das ocorrências). Isso pode ser observado graficamente na
figura abaixo:
GRÁFICO 17
Verbo esquecer(-se)
32%
Pronominal
Não-pronominal
68%
A comparação entre o número de ocorrências que obedecem à norma e as que
não obedecem mostra que, na grande maioria dos casos, o usuário segue o que é prescrito
pelos manuais, como se observa nas figuras abaixo:
128
GRÁFICO 18
Verbo esquecer-se (pronominal)
Obedecem à prescrição normativa
15%
Não obedecem à prescrição normativa
85%
GRÁFICO 19
Verbo esquecer (não-pronominal)
5%
Obedecem à prescrição normativa
Não obedecem à prescrição normativa
95%
Como se vê nas duas últimas figuras, com a forma pronominal há obediência à
norma em 85% dos casos, e quanto à forma não-pronominal há obediência em 95% dos
casos. Unindo-se as duas formas, a porcentagem de obediência fica em 92%, como se
observa abaixo:
129
GRÁFICO 20
Verbo esquecer(-se)
8%
Obedecem à prescrição normativa
Não obedecem à prescrição normativa
92%
9.3.8 LEMBRAR(-SE)
Quanto à comparação entre o uso do verbo na forma pronominal e na forma
não-pronominal, observa-se que, diferentemente do que ocorre com o verbo esquecer(-se),
a segunda forma é bem menos utilizada (tem-se 25% e 75%, respectivamente). A figura
abaixo representa esses números:
GRÁFICO 21
Verbo lembrar(-se) no sentido de "recordar"
25%
Pronominal
Não-pronominal
75%
130
Observando-se as figuras abaixo, verifica-se que, de modo geral, tanto com
relação ao uso do verbo em sua forma pronominal, quanto ao uso em sua forma nãopronominal, há uma grande obediência ao que prescreve a norma:
GRÁFICO 22
Verbo lembrar-se (pronominal)
12%
Obedecem à prescrição normativa
Não obedecem à prescrição normativa
88%
GRÁFICO 23
Verbo lembrar (não-pronominal) no sentido de "recordar"
11%
Obedecem à prescrição normativa
Não obedecem à prescrição normativa
89%
Conforme se observa, obedece-se à norma em 88% dos casos do verbo na
forma pronominal e em 89% dos casos do verbo na forma não-pronominal. Na média
geral, a porcentagem de obediência fica em 89%, como se verifica na figura abaixo:
131
GRÁFICO 24
Verbo lembrar(-se) no sentido de "recordar"
11%
Obedecem à prescrição normativa
Não obedecem à prescrição normativa
89%
9.4 Comparação entre verbos com regência semelhante
Nesta subseção faz-se uma comparação por pares de verbos que apresentam
recomendações de regência muito semelhantes, tanto nos manuais mais antigos quanto nos
mais recentes.
9.4.1 PERDOAR E PAGAR
Para os verbos perdoar e pagar observou-se que a porcentagem de obediência
à norma foi exatamente a mesma, ou seja, 73%. Esse número é elevado, mas retrata que há
uma porcentagem significativa de desobediência à prescrição normativa mesmo quando se
trata de língua escrita, modalidade em que, normalmente, se espera uma maior utilização
da norma-padrão. Também comparando-se as diferentes formas dos dois verbos (ver
132
Tabelas 1 e 2), observou-se, de modo geral, que há uma grande obediência ao que
recomenda a norma-padrão, sendo essa obediência mais ligada, ainda, às formas verbais
próprias de registro mais tenso, como as de futuro (do presente e do pretérito) ou de
construções mais complexas, como as de subjuntivo.
9.4.2 IR E CHEGAR
Esses dois verbos também mostram resultados bem parecidos no confronto
entre uso e norma. Como se observou, 92% das ocorrências do verbo ir obedecem à
prescrição normativa, enquanto 87% das ocorrências do verbo chegar também obedecem
– resultados bastante elevados e, como dito, muito semelhantes. Além disso, em ambos os
casos notou-se que a preposição em é preferida especialmente quando se tem um
complemento com o traço [fechado]. Também com essa dupla de verbos, mais uma vez se
observa que, de modo geral, a recomendação à prescrição normativa é especialmente
seguida no emprego das formas verbais próprias de registro mais tenso, as quais
apresentaram 100% de obediência à prescrição (Tabelas 3 e 4).
9.4.3 ASSISTIR E OBEDECER
Também essa dupla de verbos apresenta resultados bastante parecidos no
confronto entre uso e norma. Os números foram: 83% de obediência para o verbo assistir
e 90% de obediência para o verbo obedecer (ambos bastante elevados). Um outro dado
bastante semelhante para ambos os verbos é que, de modo geral, as formas verbais (ver
Tabelas 5 e 6) próprias de registro mais tenso seguem prevalentemente o que recomenda a
133
prescrição normativa, observando-se poucos casos de grande porcentagem de nãoobediência.
9.4.4 ESQUECER(-SE) E LEMBRAR(-SE)
Esquecer(-se) e lembrar(-se) são tratados de modo bastante semelhante nos
manuais normativos. A diferença básica entre eles, porém, diz respeito ao fato de lembrar
(não-pronominal) ser normalmente indicado como possuindo três acepções básicas. No
entanto, considerando-se a acepção que mais gera problemas quanto à regência, “recordar”
/ “relembrar”, encontram-se as mesmas recomendações para este caso e para o verbo
esquecer. As formas pronominais apresentam a mesma recomendação de regência em
todos os manuais.
Quanto aos resultados obtidos para esses verbos, notam-se alguns fatores de
discrepância e alguns fatores de semelhança. Em primeiro lugar, comparando-se o número
de ocorrências de cada verbo nas formas pronominal e não-pronominal, encontram-se os
seguintes dados: esquecer(-se): 68% de ocorrências não-pronominais / 32% de
ocorrências pronominais; lembrar(-se): 25% de ocorrências não-pronominais / 75% de
ocorrências pronominais. Ou seja: há uma inversão nos dados quanto aos dois verbos, pois
enquanto no primeiro usa-se preferentemente a forma não-pronominal, no segundo a
grande maioria das ocorrências está na forma pronominal.
Observando-se as porcentagens de obediência de cada uma dessas formas,
encontram-se resultados bastante semelhantes:
esquecer(-se): obediência
forma pronominal: 85%
forma não-pronominal: 95%
lembrar(-se): obediência
forma pronominal: 88%
forma não-pronominal: 89%
134
Como se observa na tabela acima, todas as porcentagens são semelhantes e
bastante elevadas. Altas também são as médias de obediência, considerando-se as formas
pronominal e não-pronominal de cada verbo, que chegam a 92% para esquecer(-se) e
89% para lembrar(-se).
Quanto ao número de construções oracionais, também se observa semelhança
entre os dois verbos: esquecer(-se) apresenta 77% de complementos não-oracionais,
enquanto lembrar(-se) apresenta 64%. Portanto, nota-se que, para ambos os verbos, os
complementos não-oracionais são mais utilizados, tanto para a forma pronominal quanto
para a forma não-pronominal de cada um deles.
Por fim, comparando-se as análises das diferentes formas de cada verbo (ver
Tabelas 7 e 8), observa-se que há, também, muita semelhança entre os resultados. De modo
geral, a grande maioria das formas apresenta 100% (ou quase isso) de obediência à
prescrição normativa, além de essa obediência concentrar-se, principalmente, nas formas
verbais consideradas típicas de registro mais tenso ou complexo.
9.5 Comparação entre duas pesquisas
Nesta pesquisa, como já dito, estudaram-se textos escritos publicados no início
do século passado (entre 1900 a 1950). Considerando-se também os resultados obtidos em
pesquisa realizada anteriormente, na qual se estudaram os mesmos verbos, mas em textos
escritos entre o período de 1951 e 2000 (Neves, 2004)70, é possível proceder a uma
comparação entre as análises de textos de épocas distintas. Nesta subseção, são exibidos os
resultados encontrados para cada verbo quanto a essa comparação.
70
Dessa pesquisa a autora desta dissertação participou como bolsista de Iniciação Científica.
135
9.5.1 PERDOAR
Para este verbo, os resultados obtidos nas duas pesquisas são diferentes. Aqui
(com corpus da primeira metade do século XX), como se verificou, quase 73% das
ocorrências do verbo perdoar obedecem ao que recomenda a prescrição normativa,
enquanto apenas 27% não obedecem (porcentagem de obediência extremamente elevada).
Na pesquisa com corpus mais recente (segunda metade do século XX), por outro lado,
observa-se grande não-conformidade ao que prescreve a norma: 74,5%, verificando-se,
pois, que os números são praticamente opostos nas duas pesquisas. Como já visto na
subseção 8.6.3, em que se estudaram as prescrições para esse verbo em épocas e manuais
distintos, a recomendação nas diversas obras é praticamente a mesma, independentemente
de época ou autor, havendo apenas algumas variações no que é ou não aceitável, mesmo
que considerado não-padrão71. A maior divergência entre os manuais diz respeito ao fato
de que alguns deles (nas duas épocas)72 admitem que a regência direta para pessoa é cada
vez mais comum, enquanto outros73 afirmam que tal regência era comum nos escritores
clássicos, mas não se usa (ou não se deve usar) mais.
9.5.2 PAGAR
Também no caso deste verbo, comparando-se as duas pesquisas, verifica-se
uma diferença, porém não tão acentuada quanto a encontrada para o verbo perdoar. Neste
71
Como, por exemplo, a aceitação da voz passiva, admitida por Cegalla, 1999, Martins, 1997, Rocha Lima,
1983, Barreto, 1922; 1924, Silveira, 1934, Souza Lima, 1945 e Góis, 1938.
72
Como Luft, 2002, Faraco e Moura, 1999 e Góis, 1938, dentre outros.
73
Ribeiro, 1915; Barreto, 1924; Torres, 1934.
136
trabalho, como se verificou, 73% das ocorrências do verbo pagar obedecem ao que
recomenda a prescrição normativa, enquanto apenas 27% não obedecem. Na pesquisa
anterior, com corpus mais recente, a obediência à norma-padrão foi de apenas 52%, o que
mostra que houve uma diminuição na porcentagem de obediência à prescrição.
9.5.3 IR
A comparação entre as duas pesquisas mostra que há muita semelhança quanto
ao índice de obediência à prescrição. Na pesquisa atual, como se verificou, 92% das
ocorrências do verbo ir obedecem ao que recomenda a prescrição normativa (porcentagem
de obediência extremamente elevada). Os resultados da pesquisa anterior, realizada com
corpus mais recente, mostraram 94% de obediência à norma, ou seja, resultado muito
semelhante ao obtido aqui. Como se vê, a norma-padrão que recomenda a não-utilização
da preposição em com os verbos de movimento é seguida de modo quase uniforme nos
textos escritos das duas amostras74.
9.5.4 CHEGAR
Também para este verbo os resultados com textos do início e textos do final do
século XX mostram bastante semelhança. Com corpus da primeira metade do século
passado, verificou-se que 87% das ocorrências do verbo chegar obedecem ao que
74
Várias outras pesquisas, realizadas com textos de diversas épocas, também confirmam esses resultados,
mostrando que a preposição em é pouco utilizada, e geralmente nos casos em que se tem um complemento
com o traço [+fechado]. Citem-se: Guedes e Berlinck, 2003; Berlinck, 2003; Berlinck, 1996; Malvar, 1996;
Berlinck, 2000; Mollica, 1996; dentre outras.
137
recomenda a prescrição normativa, enquanto em Neves (2004) se observa que 80% das
ocorrências seguem a norma-padrão (ambas taxas altas).
9.5.5 ASSISTIR
Mais uma vez se encontrou bastante semelhança. Nesta pesquisa, como se
observou, em 83% das ocorrências do verbo se obedece ao que recomenda a prescrição
normativa, enquanto na pesquisa com corpus mais recente 77% das ocorrências seguem a
norma-padrão, ambas constituindo porcentagens altas.
9.5.6 OBEDECER
As porcentagens de obediência foram 90% com textos de 1900 a 1950 e 85%
com textos de 1951 a 2000, ou seja, nos dois casos se verifica uma grande conformidade à
prescrição normativa.
9.5.7 ESQUECER(-SE)
Mais uma vez a comparação entre as duas pesquisas mostra bastante
semelhança. No entanto, observa-se uma certa inversão nos resultados quanto ao emprego
das formas pronominal e não-pronominal. No caso de esquecer-se (pronominal), a
porcentagem de obediência observada no presente estudo foi de 85%, enquanto a pesquisa
138
com corpus do final do século passado (Neves, 2004) mostra obediência em 96% dos
casos. As ocorrências de esquecer (não-pronominal) que obedeceram à norma nesta
pesquisa representam 95% dos casos, enquanto na pesquisa com textos mais recentes a
porcentagem de obediência chega a 86% dos casos. Quanto à média geral de obediência
do verbo esquecer(-se) os resultados encontrados neste estudo são bastante semelhantes
aos encontrados na pesquisa realizada com textos de 1951 a 2000: 92% e 89%,
respectivamente. Como se nota, ambas porcentagens de obediência são elevadas.
9.5.8 LEMBRAR(-SE)
No caso de lembrar-se (pronominal), a porcentagem de obediência foi de 88%
com o corpus de 1900 a 1950 e 84% com textos do final do século passado. Quanto às
ocorrências de lembrar (não-pronominal) observaram-se 89% de obediência com os
textos mais antigos e 85% de obediência com os textos mais recentes. Em ambos os casos,
os resultados mostram uma elevada obediência à prescrição normativa. Isso também ocorre
quando se observa a média geral de obediência do verbo lembrar(-se), para a qual os
resultados encontrados aqui também são bastante semelhantes com os encontrados na
pesquisa realizada com textos mais atuais: 89% e 85%, respectivamente.
9.6 Considerações finais
Uma primeira observação a ser feita é que, de modo geral, as recomendações
normativas para todos os verbos estudados são as mesmas, tanto nos manuais
139
contemporâneos aos dos textos aqui analisados quanto nos manuais mais recentes. Desse
modo, é possível confrontar a porcentagem de obediência nas duas épocas (da primeira e
segunda metades do século passado) sem ressalvas às prescrições. As duas únicas exceções
são os verbos ir e chegar, para os quais não se encontram referências em manuais da
primeira metade do século passado, o que dificulta a comparação da recomendação dessa
época com a atual.
De qualquer modo, como se observou, para todos os verbos estudados, nas
ocorrências do corpus mais antigo as porcentagens de obediência foram extremamente
elevadas e maiores do que as encontradas na pesquisa com textos mais recentes (com
exceção do verbo ir), todas mais baixas no estudo com textos mais recentes. No caso do
verbo perdoar (o qual mais chama a atenção), as porcentagens de obediência e
desobediência à prescrição, nas duas épocas, praticamente se invertem. Isso mostra que o
usuário da língua portuguesa (mesmo com relação à língua escrita) vem deixando de lado
recomendações normativas extremamente tradicionais e prescritivas e preferindo utilizar as
construções que não são abonadas pela gramática tradicional, mas que, na sua opinião,
representam melhor o que quer expressar75. O que se confirma também é que a nãoutilização da norma-padrão, como mostraram as duas pesquisas, não faz com que o
objetivo essencial da linguagem, que é a comunicação, deixe de ser um processo realizado
com êxito pelos usuários.
Além disso, considerando-se que a norma recomendada para a língua formal é
basicamente a mesma nas diferentes épocas estudadas, não se pode deixar de observar que
as variações são possíveis (se não inevitáveis) – e cada vez mais comuns –, o que faz com
75
Merece menção as ocorrências com as formas pronominais dos verbos esquecer(-se) e lembrar(-se).
Também fogem à norma, pois, embora isso não seja exatamente questão de regência, a toca, já que as formas
pronominais têm como norma o complemento regido pela preposição de, enquanto as formas nãopronominais devem vir seguidas de complemento não-preposicionado.
140
que o seu não-reconhecimento pelas gramáticas e dicionários não tenha sentido (Luft,
2002, p. 399).
141
10 CONCLUSÃO
Neste trabalho, procurou-se examinar a tensão entre o que propõem os manuais
normativos e o que ocorre no uso real da língua escrita do português do Brasil, na primeira
metade do século XX (de 1900 a 1950), quanto à regência de alguns dos verbos mais
tratados pelos manuais normativos (atuais e mais antigos), a saber: pagar, perdoar,
chegar, ir, assistir, obedecer, esquecer(-se) e lembrar(-se). Paralelamente a essa
comparação, buscou-se um confronto com os resultados obtidos em pesquisa anterior
(Neves, 2004), realizada com corpus constituído de textos mais recentes (compreendidos
entre o período de 1951 a 2000).
Para a realização desta pesquisa, utilizou-se um corpus formado por textos de
língua escrita disponíveis no Laboratório de Lexicografia da Faculdade de Ciências e
Letras de Araraquara, UNESP (como já dito, especificamente os produzidos e/ou
publicados no período de 1900 a 1950). A amostragem foi selecionada utilizando-se todos
os tipos de texto em prosa (romanescos, jornalísticos, dramáticos, oratórios, técnicos), não
fazendo distinção entre eles, e todas as formas (pessoas e tempos) em que o verbo foi
conjugado.
Após a análise de cada verbo e seus respectivos complementos, fez-se uma
comparação entre o que efetivamente se encontrou nos textos e qual era a recomendação
normativa para a regência daquele verbo. Em seguida, compararam-se as duplas de verbos
com recomendações prescritivas semelhantes (pagar e perdoar; chegar e ir; assistir e
obedecer; esquecer(-se) e lembrar(-se)) e verificou-se se a porcentagem de obediência à
prescrição das duplas foi semelhante ou não, e por quê.
142
Realizado o estudo, um primeiro dado observado foi que, de modo geral, todos
eles apresentam uma elevada taxa de obediência (73%, 73%, 87%, 92%, 83%, 90%,
92% e 89%), o que mostra que, nos textos escritos do período de 1900 a 1950, o usuário
segue prevalentemente ao que recomenda a tradição normativa.
Apesar disso, a revisão bibliográfica dos trabalhos sobre regência verbal e a
análise dos verbos, mostram, primeiramente, que um estudo realmente abrangente sobre
verbos não pode deixar de lado a importância da semântica, tratando a questão da
transitividade unicamente sob a luz da sintaxe. Como afirma Luft (2002), “a noção de que
a semântica dita a regência – os traços semânticos do verbo é que prevêem a presença ou
ausência de complementos – é fundamental para compreender mudanças e variações de
regência verbal” (p. 13). Aliás, segundo Neves (2004), “essa é a lição geral de lingüistas
que se dedicaram à questão da estrutura argumental dos verbos, em todas as teorias” (p.
49). Neste trabalho, perfilhou-se essa idéia de que (não deixando de lado a sintaxe) o
conceito de transitividade não pode ser depreendido se não se partir da semântica, estando
nela implicada a pragmática, que dirige as escolhas. Assim, notou-se, que, em quase todos
os casos, a não-utilização do que recomenda a norma-padrão para regência verbal explicase pela aproximação semântica com algum outro verbo com regência diferente, o que faz
com que aquele acabe incorporando a regência deste. É o caso, por exemplo (como já dito
no item 8.6.1), do verbo assistir no sentido de “ver”, que acaba assimilando a regência
transitiva direta de seu sinônimo. Aliás, de acordo com Luft (2002, p. 79), a construção
desse verbo como transitivo direto não pode ser banida pelos gramáticos, já que, segundo o
autor, estes devem “registrar os usos da língua”. O mesmo ocorre com o verbo obedecer,
que sofre pressão semântica de seguir (Neves, 2004).
Também a variação preposicional ocorrida nos complementos verbais de ir e
chegar têm explicação semântica (como já visto nos itens 7.5 e 8.6.7): a escolha de uma ou
143
outra preposição para reger o complemento desses verbos não é feita totalmente ao acaso
pelo usuário, ou seja, cada preposição tem um valor semântico que influencia o usuário na
sua escolha. O fator observado mais importante é a utilização da preposição em (nãorecomendada pela norma no caso dos dois verbos) nos casos em que se tem a idéia de
“inserção em um lugar” (Neves, 2004), ou seja, com complementos que apresentam o traço
[fechado].
Quanto a esquecer(-se) e lembrar(-se), pode-se concordar com autores (como
Barreto, 1924 e Luft, 2002) que consideram que a não-obediência à prescrição, tanto para a
forma pronominal dos verbos quanto para a forma não-pronominal, ocorre devido a uma
espécie de “cruzamento sintático”, ou seja, utiliza-se ou não a preposição sem distinção
quanto ao uso do verbo com ou sem o pronome, daí os desvios da norma observados no
corpus estudado.
Pagar e perdoar, além de serem os verbos que mais apresentaram porcentagem
de desobediência à prescrição normativa (de 27%, para ambos), também são casos muito
especiais pelo fato de apresentarem as maiores taxas de não-obediência na pesquisa
realizada com textos mais recentes (Neves, 2004). Aliás, naquela pesquisa, o verbo
perdoar foi o único que apresentou uma porcentagem de desobediência maior do que a de
obediência (75%), enquanto pagar apresentou uma porcentagem de desobediência de
quase 50%. Como exposto nos itens 8.6.3 e 8.6.4, alguns manuais (como o de Luft, 2002 e
de Faraco e Moura, 1999) afirmam que, para esses dois verbos, é aceitável o uso do
complemento não-preposicionado, chegando Luft (2002) a afirmar, quanto ao verbo
pagar, que a sintaxe direta é uma “sintaxe evoluída (…) e, até literariamente, bem
documentada” (p. 388). Quanto a perdoar, o autor explica que a alteração de regência tem
explicação semântica, por influência dos verbos escusar ou desculpar, e poupar. Além
144
disso, mais uma vez, Luft (2002, p. 399) afirma que as gramáticas e dicionários não devem
continuar reprovando essa sintaxe, a qual, por ser usual, deve ser considerada “regular”.
Também se conclui, nesta pesquisa, que nenhum estudo lingüístico pode deixar
de considerar também a mudança lingüística ocorrida no decorrer do tempo, já que a
variação e a mudança, “longe de serem processos marginais e paralelos ao funcionamento
da linguagem, (…) estão na essência do funcionamento das línguas naturais, que, por
definição, são historicamente inseridas” (Neves, 2004, p. 68). Daí a grande contribuição
dos estudos sociolingüísticos. Desse modo, já nas obras de gramáticos tradicionais de peso,
como Bechara (1999) e Luft (2002), nota-se o reconhecimento da ação da mudança
lingüística quando se relaciona a obediência à prescrição normativa especialmente à
linguagem mais formal, o que comprova a influência do uso real nos manuais tradicionais
(Neves, 2004). Por esse motivo é importante a comparação entre estudos realizados com
textos de épocas diferentes. Essa comparação, aqui realizada, mostrou que, no geral, houve
uma diminuição na porcentagem de obediência à prescrição normativa, o que comprova a
hipótese exposta na Introdução deste trabalho de que o usuário vem preferindo, cada vez
mais, ao utilizar a regência verbal, abandonar as normas tradicionais e utilizar aquilo que
ele considera mais adequado ao contexto. No caso do verbo perdoar, o mais marcante de
todos, a comparação entre os resultados das duas pesquisas mostrou que, nas duas épocas
estudadas (primeira e segunda metades do século XX), os números praticamente se
inverteram: a obediência à norma passou de 73% a 25%.
Por fim, o estudo dos manuais tradicionais e as análises dos verbos (incluindo a
comparação entre os usos em diferentes épocas) – que mostram uma porcentagem elevada
de obediência à prescrição, mas cujos resultados permitem relacionar essa grande
obediência mais diretamente com as formas de linguagem mais tensa, como já dito na
Justificativa deste trabalho –, confirmam a hipótese de que a obediência à norma-padrão
145
“constitui um ajustamento a exigências sociais, e não uma parametrização de base
propriamente lingüística” (Neves, 2004, p. 75).
146
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SOARES, M. Linguagem e escola: uma perspectiva social. São Paulo: Ática, 1980.
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SOMERS, H. L. On the validity of the complement-adjunct distinction in valency
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TARALLO, F. A pesquisa sociolingüística. 2 ed. São Paulo, Ática. 1986.
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University of Pennsylvania, Pennsylvania, 1983.
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TAYLOR, J. R. Linguistic Categorization. Prototypes in Linguistic Theory. New York:
Oxford University Press, 1989.
TEIXEIRA, J. Norma lingüística e erro (Uma abordagem cognitiva). Revista Brasileira
de Humanidades, v. VII, 2003. pp. 125-131.
TERRA, E. Linguagem, língua e fala. São Paulo: Scipione, 1997.
THIBAULT, P. J. An Interview with Michael Halliday In: STEELE, R. &
THREADGOLD, T. (eds.). Language Topics. 1987. pp. 601-627.
URBANO, H. et alii (org.). Dino Preti e seus temas: oralidade, literatura, mídia,
ensino. São Paulo: Cortez, 2001.
TÔRRES, A.A. Regência verbal. 2 ed. Rio de Janeiro: Dias Vasconcelos, 1934.
VILELA, M. Gramática de valências: teoria e aplicação. Coimbra: Almedina, 1992.
VILELA, M. e KOCH, J. V. Gramática da língua portuguesa. 2 ed. Coimbra: Almedina,
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to Bible Translation. http:// www.ubs-translations.org/tictalk/tt36.pdf. Acesso em: 05 abr.
2005.
157
12 TEXTOS EXAMINADOS76
Romances:
ABD-R Cyro dos Anjos ABDIAS Circulo do Livro S/A - 1945 - 1963 - lr-1049
ABC-R Jorge Amado 7ª edição - Livraria Martins Editora: São Paulo, 1958 Ano de
Publicação: Páginas: de 29 a 234
ABP-R - A BICO DE PENA PORTO - LIVRARIA CHARDRON, DE LÉLO & IRMÃO
LTDA - LISBOA – PARIS -1904 COELHO NETTO
ACC-R Coelho Neto Apólogos - Contos para crianças - Quarta Edição Porto - Livraria
Chardron, de Lélo & Irmão LTDA - Lisboa - Paris -1924
AGM-R José Lins do Rêgo, Rio de Janeiro: Editora Livraria José Olympio, 1941
AMB-R CYRO DOS ANJOS LIVRARIA JOSÉ OLYMPIO EDITORA 8ª EDIÇÃO 1975
RIO DE JANEIRO.
AMS-R JORGE AMADO LIVRARIA MARTINS EDITORA - 4 EDIÇÃO - 1961 – SÃO
PAULO
AMV-R (idílio) Mário de Andrade. 3 ed: Editora S/A, 1972 [Ano do original: 1922]
ANP-R Octavio de Faria - 1944 Livraria José Olympio Editora - São Paulo/Rio de Janeiro
AN-R – ANGÚSTIA Graciliano Ramos. São Paulo: Martins, 1973. Ano do original: 1930
CAV-R - OS CAMINHOS DA VIDA ( MUNDOS MORTOS II ). OTAVIO DE FARIA
LIVRARIA JOSÉ OLYMPIO EDITORA - RIO DE JANEIRO – 1939 - Volume 1
76
As referências estão exibidas conforme informações encontradas no corpus, por ordem alfabética das
siglas.
158
CCR-R - CAMINHOS CRUZADOS - Érico Veríssimo. Porto Alegre: Editora Globo, 1956
[Ano do original: 1920]
CDE-R - CIDADE DE DEUS - Paulo Lins. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. [Ano
do original: 1930]
CFE-R - A CAPITAL FEDERAL - Coelho Netto 5 ed, 1924.
CGU-R - CANCIONEIRO GUASCA - J. Simões Lopes Neto, 1954 [Ano do original:
1920]
CI-R - A CIDADE SITIADA - Clarice Lispector. Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 1982.
[Ano do original: 1940]
CLA-R
-
CLARISSA
-
ERICO
VERÍSSIMO
EDITORA
GLOBO-
SÉRIE
PARADIDÁTICA 47a. EDIÇÃO. 1986 [Ano do original: 1933]
CLS-R - CLARÃO NA SERRA- Francisco Martins Ano do original: ???? ed???, São
Paulo: Círculo de Leitores, 1962.
CMA-R - A CIDADE MARAVILHOSA - NETO, Coelho. A Cidade Maravilhosa.
Companhia Melhoramentos de São Paulo, s/d.contos (1ª edição: 1928)
CN-R - CONTOS NOVOS - Mário de Andrade, 1978 [Ano do original: 1945]
CPT-R- A CASA DO POETA TRÁGICO - Carlos Heitor Cony Companhia das Letras,
1997 [Ano do original: 1928]
C-R - CAETÉS - Graciliano Ramos Ano do original: ???? São Paulo: Martins, 1965
DC-R - DOM CASMURRO. São Paulo: Melhoramentos, 1968 [Ano do original: 1923]
DIE-R - O DISCÍPULO DE EMAÚS - in Poesia Completa e Prosa Murilo Mendes Rio de
Janeiro: Editora Nova Aguilar S/A, 1994 [Ano do original: 1932]
DOI-R – DOIDINHO - José Lins do Rego, 1977 [Ano do original: 1936]
159
EJ-R - ESAÚ E JACÓ - Machado de Assis. São Paulo: W.M Jackson Inc. Editores
FEP-R - O FEITIÇO DA ILHA DO PAVÃO - João Ubaldo Ribeiro. Editora Nova
Primavera, 1997 [Ano do original: 1920]
FF-R - FOGO FATUO - COELHO NETTO PORTO ALEGRE - LIVRARIA
CHARDRON DE LELLO & IRMÃO LTDA - 1929
FMA-R - FRUTA DO MATO - Afrânio Peixoto Rio de Janeiro, Nova Aguilar; Brasília,
INL, 1976 [Ano do original: 1920]
FM-R - Fogo Morto - José Lins do Rêgo Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1943
HGS-T - HÁ UMA GOTA DE SANGUE EM CADA POEMA (ver lit) - Mário de
Andrade, 1972 [Ano do original: 1934]
HR-R - A Hora do Ruminantes - José Jacinto Viega 34ª Edição - 2001 Rio de Janeiro - RJ
- Brasil Editora Bertrand Brasil Ltda [Ano do original: 1915]
IF-R - INVERNO EM FLOR (in: Obra Seleta) - Coelho Netto. Rio de Janeiro: Editora José
Aguilar Ltda, 1958 [2a ed.: 1902]
IM-R - IMORTALIDADE (in: Obra Seleta) - Coelho Netto. Rio de Janeiro: Editora José
Aguilar Ltda, 1958 [Ano do original: 1926]
INF-R – INFÂNCIA - Graciliano Ramos Ano do original: São Paulo: Martins, 1970. [Ano
do original: 1940]
IN-R – INSÔNIA - Graciliano Ramos Livraria Martins Editôra: São Paulo, 1961 [Ano do
original: 1912]
JMI-R - João Miguel - Rachel de Queiroz. Editora Siciliano - 1932.
LOC-R - O LOUCO DO CATI - Dyonélio Machado Edição utilizada: 1979 [Ano do
original: 1942]
160
LRU-R - O Lodo das Ruas - Volume I - 1942 Octávio de Faria Livraria José Olympio
Editora – Rio de Janeiro
LSO-R - UM LUGAR AO SOL - Érico Veríssimo Edição de 1978 [Ano do original: 1940]
LUS-R - O LUSTRE - Clarice Lispector Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 1982. [Ano do
original: 1914]
MA-R - MEMORIAL DE AIRES - Machado de Assis volume 7 - Biblioteca Básica Verbo
- s/edição, s/ ano e local de publicação páginas: de 15 a 123
MB-R - MARIA BONITA - Afrânio Peixoto . Rio de Janeiro, Nova Aguilar; Brasília, INL,
1976 [Ano do original: 1914]
MCU-R - MACUNAÍMA - O HERÓI SEM NENHUM CARÁTER - Mário De Andrade,
1998 [Ano do original: 1932]
ME-R - MENINO DE ENGENHO - José Lins do Rego, 1932
NEG-R – NEGRINHA - Monteiro Lobato 9ª edição, São Paulo: Editora Brasiliense, 1959
[Ano do original: 1918]
NFE-R - Noite feliz - Contos - Fran Martins Edições Clã - 1946
NN-R - NUMA E A NINFA - LIMA BARRETO Edição de 1956
NP-R - NOVELAS PAULISTANAS - Antônio de Alcântara Machado Coleção Sagarana.2
ed., Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editôra, 1971 [Ano do original: 1942]
NT-R - A Noiva do Tropeiro - Sociedade Brasileira de difusão cultural Abílio Barreto, Rio
de Janeiro, 1942
OL-R - OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO - Érico Veríssimo Páginas: 85 a 273 Editora
Globo: Porto Alegre, 1956
161
OES-R - O espelho partido - O trapicheiro - Marques Rebelo O Trapicheiro - Primeiro
Tomo de O Espelho Partido - Anos 1936 -1937 Editora Nova Fronteira - Rio de Janeiro RJ Edições - 1959, 1984, 2002
OSP-R
-
O
Sargento
Pedro
-
O
SARGENTO
PEDRO
(TRADIÇÃO
DA
INDEPENDÊNCIA) - 3ª EDIÇÃO – 1976 XAVIER MARQUES EDIÇÃO GRD EM
COVENIO COM O INSTITUTO NACIONAL DO LIVRO MINISTÉRIO DA
EDUCAÇÃO E CULTURA 1976
PAP-R - PASSOS PERDIDOS - Dionélio Machado, São Paulo: Livraria Martins Editora,
s/d.
PB-R - PEDRA BONITA - José Lins do Rego, Rio de Janeiro: Editora Livraria José
Olympio, 1938
PC-R - PERTO DO CORAÇÃO SELVAGEM - Clarice Lispector 7.ed, Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1980. [Ano do original: 1929]
POL-R - PONTA DE LANÇA - Oswald de Andrade Ano do original: 1945
P-R – PUREZA - José Lins do Rego Rio de Janeiro: Editora Livraria José Olympio, 1937
PRA-R - PRAIEIROS - Xavier Marques Praieiros - 1936 - Porto Alegre Edição GRD - da
cidade do Salvador -Bahia
PRI-R - PRIMEIRO ANDAR - Mário de Andrade s/d
PRO-R - PRODÍGIOS - Dyonélio Machado. São Paulo: Editora Moderna, 1980. [Ano do
original: 1937]
QUI-R - O Quinze - Raquel de Queiroz, Livraria José Olympio Editora Rio 12ª Edição
1970 [Ano do original: 1930]
RA-R - OS RATOS - Dyonelio Machado . São Paulo: Ática, 1933
162
RCV-R - RELÍQUIAS DA CASA VELHA - Machado de Assis . São Paulo: W.M.
Jackson Inc. Editores, 1955 [Ano do original: 1936]
RD-R - Riacho Doce - José Lins do Rego, Rio de Janeiro: Editora Livraria José Olympio,
1939
REI-R - RECORDAÇÕES DO ESCRIVÃO ISAÍAS CAMINHA - Lima Barreto Ano de
publicação: 1909 São Paulo: Editora Brasiliense, 1909
REN-R - Os Renegados - Octavio de Faria Livraria 1947 José Olympio Editora - Rio de
Janeiro
SB-R - SÃO BERNARDO - Graciliano Ramos. Rio de Janeiro: Ed. Martins,1934
SC-R - SOLO DE CLARINETA - Erico Veríssimo 4ªedição. Rio de Janeiro: Editora
Globo, 1973 [Ano do original: 1926]
SER-R - OS SERTÕES - Euclides da Cunha. São Paulo: Abril Cultural, 1979 [Ano do
original: 1940]
SF-R - NAS SERRAS E NAS FURNAS - Valdomiro Silveira. Editora Civilização
Brasileira, 1931
SIN-R - SINHAZINHA - PEIXOTO, Afrânio. Romances Completos. Volume único.
Organização, introdução e notas de Afrânio Coutinho. Rio de Janeiro: Editora José de
Aguilar, 1962. [Ano do original: 1929]
SJ-R - SÃO JORGE DOS ILHÉUS - Jorge Amado 7ª Edição, Livraria Martins Editôra:
São Paulo, 1960 [Ano do original: 1944]
SV-R SEARA VERMELHA - Jorge Amado 44ª edição. Rio de Janeiro, Record, 1984.
[Ano do original: 1912]
163
TA-R - Tapera (Cenários Gaúchos) - Alcides Maya - 2ª edição - 1962 F.Briguiet & CIA.
Editores – Rio de Janeiro. [Ano do original: 1911]
TC-R - Três caminhos: Vejo a lua no céu, circo de coelhinhos, namorada. Marques Rebelo
Editora Tecnoprint S.A. 1933
TF-R - TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA - Lima Barreto 7.ª Edição, São
Paulo: Editora Brasiliense, 1969 [Ano do original: 1915]
THU-R - TERRITÓRIO HUMANO - JOSÉ GERALDO VIEIRA 1936 LIVRARIA
MARTINS EDITORA S.A - COVENIO COM O INSTITUTO NACIONAL DO
LIVRO/MEC
TN-R - O TOURO NEGRO - Aluísio de Azevedo São Paulo: Livraria Martins Editora,
1961 [Ano do original: 1936]
UMO-R - UMA MULHER COMO AS OUTRAS - PEIXOTO, Afrânio. Romances
Completos. Volume único. Organização, introdução e notas de Afrânio Coutinho. Rio de
Janeiro: Editora José de Aguilar, 1962. [Ano do original: 1928]
URU-R – URUPÊS - Monteiro Lobato São Paulo: Editora Brasiliense,1918
US-R – USINA - José Lins do Rego, 1973 [Ano do original: 1949]
VIA-R - VIVENTES DAS ALAGOAS - Graciliano Ramos 6ª edição. Rio de Janeiro/São
Paulo: Livraria Martins Editora, 1976 [Ano do original: 1947]
VM-R - VIDA E MORTE DE M. J. GONZAGA DE SÁ - Lima Barreto São Paulo:
Editora Brasiliense, 1919
VS-R - VIDAS SECAS - Graciliano Ramos 61ª edição, Rio de Janeiro/São Paulo: Editora
Record, 1991. [Ano do original: 1920]
164
LITERATURA DRAMÁTICA
RVE-D - O REI DA VELA - Fonte: ANDRADE, Oswald de. O Rei da Vela. São Paulo:
Difusão Européia do Livro, 1967. [Ano do original: 1949]
OSP-D - O Santo e a Porca - SUASSUNA, Ariano. O Santo e a Porca. Rio de Janeiro: José
Olympio, 2002. [Ano do original: 1939]
LITERATURA TÉCNICA
AAR-T - ÁLBUM DE ARARAQUARA - LT-280 -- Nelson Martins de Almeida São
Paulo: O Papel, 1948.
AA-T - ABASTECIMENTO DE ÁGUA - MEDIÇÃO E CONSUMO - JOSÉ FRANCO T.
HENRIQUES, 1942.
AHC-T -ANAIS HIDRO-CLIMATOLOGIA - TERMOCLIMATISMO SOCIAL - Dr.
Manoel Dias dos Santos Brandão
AR-T - ANTECIPAÇÃO À REFORMA POLÍTICA - Francisco Campos Ano do original:
1940 Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1940
ATC-T - ASPECTOS DA EVOLUÇÃO DA TEORIA DOS CONTRATOS - Darcy
Bessone de Oliveira Andrade Ano do original: 1949 São Paulo: Saraiva Livraria Editores,
1949
BCA-T - O BRASIL NA CRISE ATUAL - Azevedo Amaral São Paulo: Companhia
Editora Nacional, 1934
165
BL-T - O BRASIL NA LENDA E NA CARTOGRAFIA ANTIGA - Gustavo Dodt
Barroso Ano do original: 1941 São Paulo: Cia Ed. Nacional, 1941.
BRA-T - O BRASIL - Manuel Bonfim, 1935
BR-T - O BRASIL NA ADMINISTRAÇÃO POMBALINA - Antônio de Souza Pedroso
(Visconde de Carnaxide) São Paulo: Cia. Ed. Nacional, 1940
CAB-T - CAMINHOS ANTIGOS E POVOAMENTO DO BRASIL - J. CAPISTRANO
DE ABREU EDIÇÃO DA SOCIEDADE CASPITRANO DE ABREU - LIVRARIA
BRIGUET - 1930
CC-T - CINEMA CONTRA CINEMA - Joaquim Canuto Mendes de Almeida, 1931
CE-T - Contribuição dos Estudos da Pelagra, s/d
CH-T - CAPÍTULOS DE HISTÓRIA COLONIAL (1500-1800) - João Capistrano de
Abreu: Sociedade Capistrano de Abreu/Livraria Briguiet, 1954 [Ano do original: 1944]
DB-T - O Direito do Brasil - Joaquim Nabuco - IPÊ - Instituto Progresso Editorial S. A. São Paulo - 1949
DC-T - Direito Constitucional - Herculano de Freitas Ano do original: 1923
DES-T - DO DESQUITE (TEORIA GERAL DOCUMENTADA PROCESSO
JURISPRUDÊNCIA NACIONAL) - Tito Fulgencio Ano do original: 1923 São Paulo:
Livraria Saraiva/Saraiva & Companhia Editores, 1923 Páginas: 7 a 233
DPF-T - PUBLICAÇÕES DO DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA (1944-1946) Vários autores Ano do original: 1946 Volume XI, São Paulo: Faculdade de Medicina da
USP, 1946
166
DRA-T - DESCOBRIMENTO DO RIO DAS AMAZONAS - Gaspar de Carvajal, Alonso
de Rojas e Cristobal de Acuña Ano do original: 1941 São Paulo/Rio de
Janeiro/Recife,/Porto Alegre: Companhia Editora Nacional, 1941
DV-T - DETERMINAÇÃO DA VAZÃO DOS RIOS - P. V. Parigot de Souza, 1948
EHB-T - ESTUDOS SOBRE A HISTÓRIA DO BRASIL - Ernesto Ennes 5 ed., São
Paulo: Companhia Editora Nacional, 1947
EIN-T - UM ESTADISTA DO IMPÉRIO NABUCO DE ARAUJO (sua vida, suas
opiniões, sua época ){TOMO 1 E 2} - Tomo 1 - UM ESTADISTA DO IMPÉRIO
NABUCO DE ARAUJO ( sua vida, suas opiniões, sua época )EDIÇÃO DE 1936 Por seu
filho JOAQUIM NABUCO Tomo Primeiro - 1813 - 1866 COMPANHIA EDITORIA
NACIONAL - SÃO PAULO CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA, S/A EDITORA - RIO DE
JANEIRO A OPOSIÇÃO PARLAMENTAR (1853)
ELM-T - O ELOGIO DA MEDIOCRIDADE - Amadeu Amaral Ano do original: 1924 São
Paulo: Editora Nova Era, 1924
ENS-T - ENSAIO SOBRE AS CONSTRUÇÕES NAVAIS INDÍGENAS - Antônio Alves
Câmara Ano do original: 1937 Rio de Janeiro: Companhia Editora Nacional, 1937
EP-T - O EMPALHADOR DE PASSARINHO - Mário de Andrade Ano do original: ????
ed???, cidade???: editora???, ano??? São Paulo: Livraria Martins, 1943
EPT-T - O ESCÂNDALO DO PETRÓLEO - Monteiro Lobato Ano do original: ???? 4ª
edição, São Paulo: Companhia Editor Nacional, 1936
ESM-T - EVOLUÇÃO DA MÚSICA DO BRASIL - Mário de Andrade Ano do original:
??? ed???, cidade???: Editora Guaíra Limitada, 1941
167
ESP-T - A EDUCAÇÃO PUBLICA EM S. PAULO - Fernando de Azevedo Ano do
original: 1937 São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1937
ETP-T - Em torno da Personalidade de um Estadista: traços biográficos do Dr. Francisco
Marques de Góes Calmon. Bahia, Imprensa Oficial do Estado, 1928
FHB-T - FORMAÇÃO HISTÓRICA DO BRASIL - João Pandiá Calógeras Ano do
original: 1938 São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1938
FIG-T - FÍGADO, VIAS BILIARES E PÂNCREAS - Marcelo Royer Ano de Publicação:
1948 Páginas: de 15 a 155 Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1948
GAC-T - GASTROENTEROLOGIA CLÍNICA - Geraldo Siffert de Paula e Silva Ano de
Publicação: 1943 Páginas: de 15 a 413 Rio de Janeiro: Casa do Livro, 1943
HA-T - HEMATOLOGIA APLICADA - Raul de Paula e Silva Ano de Publicação: 1945
Páginas: de 17 a 379 São Paulo: Edigraf, 1945
HD-T - O HOMEM, ESSE DESCONHECIDO - Alexis Carrel Ano do original: ??? ed???,
cidade???: Editora Educação Nacional, 1937
IE-T - INSTALAÇÕES EOLIANAS PARA INSTALAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA Engº Eletr. Catulo Branco, 1935
LB-T - LIMITES DO BRASIL - FRONTEIRA COM O PARAGUAI - Hildebrando
Accioly Ano do original: 1938 Petrópolis: Companhia Editora Nacional,1938
LM-T - LÍNGUA E MÁ LÍNGUA: GRAÇAS DA FALA E NÓDOAS NA ESCRITA Agostinho de Campos. Livraria Bertrand, 1944
MAB-T - OS MITOS AFRICANOS NO BRASIL: CIÊNCIA DO FOLCLORE - A. J. de
Souza Carneiro Ano do original: 1937 Rio de Janeiro: Companhia Editora Nacional, 1937
168
MA-T - A MENTIRA NOS NORMAIS, NOS CRIMINOSOS E NOS LOUCOS - Luigi
Battistelli Ano do original: 1945 São Paulo: Saraiva & Cia Editores, 1945
NO-T - NOVAS EPANÁFORAS - José Lúcio de Azevedo Lisboa: Livraria Clássica
Editora, 1932
OPO-T - O MEU PORTUGAL - Guilherme de Almeida São Paulo:Companhia Editora
Nacional, 1933
PM-T - PRINCIPIOS DE MECÂNICA DOS SOLOS - KARL VON TERZAGHI s/d
PPH-T - PONTOS DE PARTIDA PARA A HISTÓRIA ECONÔMICA DO BRASIL José Gabriel de Lemos Brito 2ª ed., São Paulo: Cia Ed. Nacional, 1939
PRS-T - O PROBLEMA ALIMENTAR NO SERTÃO - Orlando Recife: Imprensa
Industrial, 1940
REL-T - RELIGIÕES NEGRAS - Edson Carneiro vol. 7, Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira S/A, 1936
REP-T - REFORMA DO ENSINO PRIMÁRIO - Rui Barbosa: Ministério da Educação e
Saúde, 1942
RF-T - REI FILOSOFO (VIDA DE D. PEDRO II.) - Pedro Calmon São Paulo/Rio de
Janeiro/Recife/Porto Alegre: Companhia Editora Nacional, s/d
RIM-T - A RIQUEZA MINERAL DO BRASIL - Fróes Abreu Petropolis: Companhia
Editora Nacional, 1937
RSF-T - O RIO SÃO FRANCISCO E A CHAPADA DIAMANTINA - Teodoro Sampaio.
Organização: José Carlos Barreto de Santana- São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
[Ano do original: 1936]
169
SEM-T - SEMIOLOGIA DO RIM, BAÇO E SANGUE - Tibúrcio Padilla - Traduzido por:
Dr. Drummond Alves Páginas: de 19 a 193 4ª Edição. Editora Guanabara: Rio de Janeiro,
1949
SI-T - SECREÇÕES INTERNAS - Henrique B. Del Castillo 4ª edição. Editora Guanabara:
Rio de Janeiro, 1949
SM-T - SEMIOLOGIA MÉDICA - Vieira Romeiro Ano de Publicação: 1941 8ª edição,
Rio de Janeiro: Editora Científica, 1948
SPP-T - SÃO PAULO NOS PRIMEIROS ANOS (1554 -1601) - AFONSO DE
ESCRAGNOLLE TAUNAY ENSAIO DE RECONSTITUIÇÃO SOCIAL EDITORA
PAZ E TERRA - 2003 [Ano do original: 1920]
SPS-T - SÃO PAULO NO SÉCULO XVI - AFONSO DE ESCRAGNOLLE TAUNAY
HISTÓRIA DA VILA PIRATININGANA EDITORA PAZ E TERRA - 2003 [Ano do
original: 1920]
TES-T - TERRA DE SOL (NATUREZA E COSTUMES DO NORTE) - Gustavo Barroso
Rio de Janeiro: Benjamim de Águila, 1913
THV-T - OS TIPOS HUMANOS NA VIDA E NA ARTE - Waldemar Berardineli Rio de
Janeiro: Organização Simões, 1954
TPM-T - TRATADO DE PATOLOGIA MÉDICA - Vieira Romeiro 2ª Edição, Rio de
Janeiro: Editora Guanabara, 1946
TP-T - TRADIÇÕES POPULARES - Amadeu Amaral São Paulo: Instituto Progresso
Nacional, s/d.
VAL-T - O VALE DO AMAZONAS A.C. - Tavares Bastos Editora Nacional: Rio de
Janeiro, 1937
170
VE-T - A VAIDADE: ENSAIO DE PSICOLOGIA E DE CRÍTICA - Luigi Battistelli São
Paulo: Saraiva & Cia. Editores, 1943
VOM-T - VOZES DO MUNDO - Genolino Amado São Paulo/Rio de Janeiro/Recife:
Companhia Editora Nacional, 1937
LITERATURA ORATÓRIA
ACD-O - ANAIS DA CÂMARA DOS DEPUTADOS - Congresso Nacional - Vários
Autores Ano do original: textos de 1900 a 1902 Volumes I e II, Imprensa Nacional: Rio de
Janeiro, 1902.
DA-O - Discursos Acadêmicos ( 1907 - 1913) - Volume II Civilização Brasileira S.A. Rio de Janeiro - 1935
DPA-O - Discursos Parlamentares - Rui Barbosa Ano do original: textos de 1901 in: Obras
completas de Rui Barbosa, Editora Imprensa Nacional: Rio de Janeiro, 1908
CRÔNICAS
BT-CR - BOITEMPO (A FALTA QUE AMA) - Carlos Drummond de Andrade Editora
Sabiá Ltda, 1968 [Ano do original: 1945]
CI-CR - CAMPANHA DA IMPRENSA - 1884 -1887 - JOAQUIM NABUCO
INSTITUTO PROGRESSO EDITORIAL S.A - SÃO PAULO - 10/AGOSTO/1949
171
CRE-CR - CRONICAS EFÊMERAS - PAULO BARRTE - ( JOÃO DO RIO) JOÃO DO
RIO NA REVISTA DA SEMANA - 1916 EDITORA GIORDANO - SÃO PAULO - SP
EPA-CR - Um episódio em Porto Alegre ( Uma fada no front) - Rubem Braga Editora
Record ( Rio de Janeiro 2002)
FCA-CR - OS FILHOS DA CANDINHA - Mario de Andrade in: Obras completas de
Mário de Andrade: Livraria Martins Editôra, 1942
PAU-CR - PAULICÉIA - RONDA DA MEIA NOITE - SYLVIO FLOREAL 1ª EDIÇÃO
DEZEMBRO DE 2002 - BOITEMPO EDITORIAL EDIÇÃO ORIGINAL - SÃO PAULO
- 1925
172
ANEXO 1 – FIGURAS
FIGURA 1
Verbo perdoar
182
200
180
160
140
120
100
80
60
32
12
40
20
0
Seguem a prescrição
Não seguem a prescrição
Não pertinentes
FIGURA 2
Verbo pagar
179
180
160
140
120
100
80
60
40
16
6
20
0
Seguem a prescrição
Não seguem a prescrição
Não são pertinentes
173
FIGURA 3
Verbo ir
317
350
300
o
c
o
r
r
ê
n
c
d i
e a
s
N
ú
m
e
r
o
250
200
150
103
100
9
50
0
Seguem a prescrição
Não seguem a prescrição
Não são pertinentes
FIGURA 4
Verbo chegar
180
180
160
140
120
100
80
47
60
40
7
20
0
Seguem a prescrição
Não seguem a prescrição
Não pertinentes
174
FIGURA 5
Acepções do verbo assistir
183
200
180
160
140
120
100
80
60
40
10
15
8
20
0
Ver
Ajudar
Morar
Caber a alguém
FIGURA 6
Verbo assistir no sentido de "ajudar", "prestar auxílio"
30%
Objeto direto
Objeto indireto
Com pronome oblíquo
60%
10%
175
FIGURA 7
Verbo esquecer-se (pronominal)
38%
Complementos oracionais
Complementos não-oracionais
62%
FIGURA 8
Verbo esquecer (não-pronominal)
15%
Complementos oracionais
Complementos não-oracionais
85%
176
FIGURA 9
Verbo lembrar(-se) - ocorrências por acepção
182
200
180
160
140
120
100
80
60
20
40
10
20
0
"recordar", "relembrar"
"trazer à lembrança", "sugerir"
"fazer recordar"
FIGURA 10
Verbo lembrar-se (pronominal)
33%
Construções oracionais
Construções não-oracionais
67%
177
FIGURA 11
Verbo lembrar (não-pronominal)
45%
Construções oracionais
Construções não-oracionais
55%
178
ANEXO 2 – TABELAS
179
180
181
182
183
184
185
186
187
188
189
190
ANEXO 3 – CORPUS
VERBO PERDOAR
1.
Vai mulher, eu também te perdôo (ANP-R)
2.
-Sou generoso, perdôo o resto. (NEG-R)
3.
Então julgue e perdoe. - Mas eu perdôo, padre! (REN-R)
4.
(...) sim, porque a amo acima de tudo, de meus parentes todos, todos os meus
filhos, meus e dela... pois bem, a ela mesma eu não esqueço e não perdôo ser
Moura... (SIN-R)
5.
Não a perdôo por se haver equivocado Olé! (THU-R)
6.
O Conde não tem razão, mas eu perdôo a si. (TN-R)
7.
Não perdôo, porque além de tudo, não é verdade. (TN-R)
8.
Perdôo-lhe toda a licença dos propósitos, toda a leviandade das aparências, pela
certeza ou pela fama de honestidade e pela perícia como doceira. (UMO-R)
9.
Ninguém perdoa ao quarentão que se apaixona por uma adolescente. (ABD-R)
10.
Só peço a Deus que êle tenha saúde e juízo. O mais a gente perdoa. (AGM-R)
11.
Perdoa, Eugênia, se me exaltei. (AMS-R)
12.
Fernanda sacode a cabe';ca com um sorriso do mais velho que perdoa a
travessura da criança. (CCR-R)
13.
(...) mas para os que podem estabelecer confrontos, perdoa-me, arteria da
civilização patricia; perdoa-me, avenida da elegancia e do espirito fluminense,
não passas de viella atarracada e sordida. (CFE-R)
14.
Deus, perdoa os meus pecados. (CLA-R)
15.
Perdoa! Perdoa! Não me batas. (CMC-R)
16.
(...) não faz moratórias, perdoa as dívidas integralmente, uma vez que o devedor
queira deveras emendar a vida e cortar nas despesas. (DC-R)
17.
-Perdoa, amiguinha; estava tão ansioso de saber a verdade... (EJ-R)
191
18.
Talvez te revoltes, como Cesário, mas não quero nem posso guardar, por mais
tempo, êsse segrêdo torturante e, se parecer-te estranho, perdoa-me. (IF-R)
19.
Até essa cidade tristoriba, então. Porque a tripulação não perdoa. (LOC-R)
20.
Papai é o melhor dos homens, mas não perdoa a adversário. (MA-R)
21.
0 mundo não perdoa grande vantagem a ninguém. (MB-R)
22.
Nos ataques que dá, não perdoa ninguém. (PB-R)
23.
Perdoa-me tu, realista sincero, há nisto também um pouco de realidade, e foi o
que pratiquei de acordo com o estado da minha alma: o que fiz foi cortar-lhe um
molho de cabelo. (RCV-R)
24.
Você não perdoa! Coitado! (REN-R)
25.
Adeus! Não! Perdoa! Atende! (TN-R)
26.
É homem céptico, tolerante, século XVIII, que tudo perdoa, porque procura tudo
compreender. (UMO-R)
27.
No sertão bárbaro, onde se perdoa facilmente o assassino, as ofensas à
propriedade são punidas com rigor excessivo, pois a fazenda é escassa e a
população cresce demais. (VIA-R)
28.
Não perdoa e tu sofrerás se não lhe prestares culto... (VM-R)
29.
Sabei, senhora, que o amor, que riem perdoa aos Pastores, me traz à vossa
presença, para que me concedais para esposa a bela Hemirena. (EHB-T)
30.
E a música, talvez por não se utilizar em sua mensagem, das circunvoluções e
labirintos da consciência que tudo perdoa, ainda conserva o pudor dos
irracionais. (ESM-T)
31.
Não perdoa quem passe e não lhe de um tabaco para o cachimbo. (MAB-T)
32.
(...) por outra, tinha a moral adequada às concepções espontâneas da massa, que
facilmente, perdoa a ausência de escrúpulos em troca da graça e da esperteza.
(TP-T)
33.
E o exemplo aí ficou na história política, como um salutar e prudente aviso.
Perdoa Câmara esta digressão. (DPA-O)
34.
Páginas a dentro, desenrola-se o drama de uma criatura que, nesta sombra, se
entregou, suando sangue, a um exame de consciência, e aqui se condena, ali se
192
perdoa, além se jusifica, e braceja, e luta, e geme, e soluça, em busca da
perfeição inatuigível (...). (PAU-CR)
35.
Jandira foi quem apurou essas coisas, com sua rede de informações, e nós as
perdoamos ao rapaz que, apesar de tais tolices, é inteligente, vivo, bom parceiro.
(AMB-R)
36.
Perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores.
(DOI-R)
37.
(...) perdoa as nossas dívidas, como nós perdoamos aos nossos devedores (RCVR)
38.
Ao jovem deputado nós já perdoamos. (DPA-O)
39.
Deus clemente, Senhor de misericórdia, que me perdoais, a mim, levando-me
convosco, apiedai-vos dos que penam por minha culpa por nêles haver eu
experimentado o elixir do Inferno (...). (IM-R)
40.
Poderia até figurar entre os otimos, no juizo dos homens que se perdoam uns aos
outros os pequenos arranhões no pacto conjugal, filhos da curiosidade adamica.
(NEG-R)
41.
Perdoam-se e canonizam-se os que ensangüentam. a pátria, atentam, à mão
armada contra o trono, e quer-se fazer um crime imperdoável de um escrito.
(EIN-T)
42.
(...) são maneiras de falar aplicadas a pessoas demasiado pacientes, que não
reagem às maldades de outrem, ou as perdoam facilmente, ou nem sequer dão
por elas. (LM-T)
43.
Nem lhe perdoei todo o tempo que me fez perder, tornando vão meu esforço
para, através dele, saber algo a respeito da moça. (AMB-R)
44.
Em verdade, um rói-me os livros, outro o queijo; mas não é muito que eu lhes
perdoe, se já perdoei a um cachorro que me levou o descanso em piores
circunstancias. (DC-R)
45.
Eu nobremente Iho perdoei e fui dormir antes de jantar. (MA-R)
46.
Reconciliei-me com ele e quase lhe perdoei o sestro, de enroscar e desenroscar
no dedo a corrente do relógio. (UMO-R)
193
47.
Tu me perdoarás, Cristo perdoou e Madalena era mais pecadora que eu, porque
enfim ela era mulher. (CCR-R)
48.
Mas perdoou logo. (CN-R)
49.
Perdoou o navio que agora balançava um pouco. (CPT-R)
50.
E a senhora vai perdoar, já perdoou. (C-R)
51.
Gostou da tinta e da côr, reconciliou-se com a forma, e apenas perdoou a
despesa. (EJ-R)
52.
(...) vendo-o disposto a acompanhar o troço, perdoou-lhe todas as culpas. (OSPR)
53.
Ela não perdoou então que a tivesses violado, embora no aceso da paixão. (PROR)
54.
Maria Cora, ao contrário do que lhe dissera, perdoou essas faltas, que aliás não
tiveram a extensão nem o vulto da aventura Dolores. (RCV-R)
55.
Perdoou-me a loucura de ontem? (UMO-R)
56.
0 mesmo, quando o esposo perdoou fatos de adultério, e descobriu em seguida
correspondência relativa a estes fatos. (DES-T)
57.
E houve a Bondade do Ricardo - Bondade Inteligente de quem compreendeu o
Sentido da Vida e tudo Perdoou. (PAU-CR)
58.
Os seus elementos inferiores nunca lhe perdoaram a radical incompatibilidade
com eles. (PAU-CR)
59.
Se ela perdoava, todos deviam perdoar. (ANP-R)
60.
Mas ele perdoava, o bom, o misterioso Mateus, trancando-se no banheiro. (CI-R)
61.
Sobretudo, não a perdoava. (CPT-R)
62.
Ele não perdoava a Feijó as ironias com que este recebera sua investidura
arquiepiscopal, arrastando-o a uma situação vexatoria perante a opinião publica.
(DOI-R)
63.
Entrava então em bolos, que o senhor não perdoava. (FMA-R)
64.
[Amâncio] forçava as pessoas a comprarem fiado, perdoava dívidas, zangava-se
com quem não aceitasse o perdão, tanto agrado até enjoava. (HR-R)
65.
Pela vida, não, que eu perdoava... (JMI-R)
194
66.
Tinha o rapaz um pé torto e não perdoava aos que não sofriam do mesmo defeito.
(LSO-R)
67.
(...) oh, tudo o que acontece é inocência, ao mesmo tempo era o que ela sentia e
perdoava. (LUS-R)
68.
Altamirano, de quem ele perdoava as safadices pela poesia, Julião, de quem ele
perdoava as lambanças e a prática comunista pela mordaz vivacidade (...). (OESR)
69.
Altamirano, generoso, perdoava com um sorriso sutil. (OES-R)
70.
Os gritos terríveis, enchendo o Açu. Joca Barbeiro não perdoava: -Do que ela
precisa eu sei, dizia êle para os outros debaixo da tamarineira. (PB-R)
71.
Então, sem tom implorativo, antes como quem lhe perdoava, entendeu dizer-lhe
que deixasse passar uns seis meses. (RCV-R)
72.
A redação não perdoava a menor falha da revisão. (REI-R)
73.
(...) de dentes de animais, de bentinhos, ou de nôminas encerrando cartas santas,
únicos atavios que perdoava a ascese exigente do evangelizador. (SER-R)
74.
Aquela febre que não perdoava, que eles temiam sobre todas as coisas. (SV-R)
75.
A cabroeira do Pilar não perdoava. (US-R)
76.
O Brasil de então, que apenas entrevira liberdade e soberania, não perdoava aos
que, acolhendo-se nelle, serviam para atormental-o, afastando-o sempre da
sonhada liberdade. (BRA-T)
77.
(...) vibrava e irritava-se sem medida sempre que servia de alvo à ironia de seus
adversários; a estes nunca perdoava. (FHB-T)
78.
Aberdeen não lhe perdoava a denuncia dos tratados; e Luiz Felipe horrorizava-se
com a idéia de uma expedição militar. (RF-T)
79.
Mas a imprensa, que não perdoava a Caxias o mandriando conservador, dera de
criticá-lo. (RF-T)
80.
O velho Cadoudal da penna, o irreductivel vendeano não lhe perdoava esse
crime. (PAU-CR)
81.
Ora, Cesário! E tu que não perdoavas as Moretti com a tua sátira. (IF-R)
82.
E naquela hora lhe perdoávamos muito de sua ruindade. (ME-R)
195
83.
E se todos perdoavam, era evidente que Ângela não podia ficar por mais tempo
afastada do filho, longe do lar, abandonada às incertezas da vida, aos perigos da
sua natureza excessiva descontrolada. (ANP-R)
84.
Tampouco os cangaceiros perdoavam. (SV-R)
85.
Demais, qualquer medida proposta contra os jesuítas encontraria os aplausos da
colônia, porque os dominadores, portugueses ou mamelucos, não lhes
perdoavam as sucessivas restrições (...). (PPH-T)
86.
E Chinoca perdoara o desdém, correra logo alvoroçada à gare, em vicilínea
vibração, mimosa e trêfega, impondo-se-lhe à vista, atraindo-lhe o olhar remorado
(...). (TA-R)
87.
Nem você me fará outra, nem eu lhe perdoarei nada mais. (RCV-R)
88.
Tu me perdoarás, Cristo perdoou e Madalena era mais pecadora que eu, porque
enfim ela era mulher. (CCR-R)
89.
A senhora acha que Carlos me perdoará... um dia? (ANP-R)
90.
Uma voz lhe dizia: “é uma loucura o que você está praticando... ninguém lhe
perdoará, ninguém, ninguém!”. (JUB-R)
91.
Trata-se do nosso ilustrado colega o amigo, o sul-rio-grandense Vivaldo Coaraci
(que nos perdoará esta pequena violação da reserva em que se deve manter a
correspondência particular). (TP-T)
92.
Se o pai também o perdoará, por tê-lo arrastado à situação em que ora se acha,
fazendo repousar o veredictum em uma falsidade ouvida dos lábios do próprio
filho, eu não o sei. (DPA-O)
93.
Que beleza! Ah! querido, quem não te perdoaria? (AMS-R)
94.
E em breve, ambos distraídos, de novo pareceram pensar na mesma coisa, no
amor falhado há poucos minutos - e ela nunca perdoaria. (CI-R)
95.
Eu é que lhe não perdoaria a indiferença. (IF-R)
96.
Tudo ela lhe perdoava e lhe perdoaria sempre. (JUB-R)
97.
Cristiano Ottoni não lhe perdoaria, a critica desfavorável ao seu compendio de
aritmética. (RF-T)
196
98.
Sabiam que os bichos-soltos não lhes perdoariam, inclusive Ercílio, filho da
própria traficante, também bicho-solto. (CDE-R)
99.
Invocara cansaço, sono, necessidade de dar um pequeno pulo no clube para
abraçar alguns amigos que saberiam pelo Torres da sua chegada e não lhe
perdoariam a ausência. (LRU-R)
100. Se saísse desastrado como o pai, não lhe perdoariam. (RF-T)
101. Pedira-lhe que perdoasse Ângela e ele prometera pensar sobre o assunto,
visivelmente inclinado a ceder e, talvez mesmo, a ir bem mais longe... (ANP-R)
102. Deus que o perdoasse e tivesse peida sua alma, mas, no momento, a vontade que
tinha era de ir denunciar a Ana todo o embuste daquela criatura pervertida,
destruidora. (ANP-R)
103. Que Deus lhe perdoasse, mas aqueles santos sem roupa... credo! (LSO-R)
104. Mas uma vez que era mal :sem remédio, que Deus lhes perdoasse aquela
impiedade.. . (NT-R)
105. A mãe pediu por ele e alcançou que o marido lhe perdoasse ele pediu à mãe o
preço da vela e cumpriu a promessa. (RCV-R)
106. No entanto, quaisquer que fossem as atenuantes invocadas, que Deus o perdoasse
se aquilo era o seu romance (...). (REN-R)
107. Que a perdoasse, pelas más palavras: mas era atroz (109). (RF-T)
108. Mas não seria o velho reinol quem havia de perdoar tal afronta, dizia Dona
Constança, com entusiasmo: deu combate sem trégua à tropa do garimpeiro,
unindo-se às forças de Dom Rodrigo de Meneses. (ABD-R)
109. Tobias então não podia perdoar que a amada do poeta rival fôsse tão aplaudida
quanto a sua deusa. (ABC-R)
110. Perdoar, dona Leonor?! (ANP-R)
111. No fundo há uma mesma luta: ontem contra a vontade esvaeceste de um rapaz
que atentou contra a vida por desespero, hoje contra a falta de espírito cristão de
uma família que não sabe ou não quer perdoar. (ANP-R)
112. (...) o irmão a pro curara na véspera para consultá-la sobre, a possibilidade dele
perdoar a Ângela. (ANP-R)
197
113. Meu pai - morto! E eu - perdoar? (ANP-R)
114. A senhora mesma, antes de sua filha intervir, estava disposta a esquecer, a
perdoar realmente. (ANP-R)
115. Escuta, Rení: não é você, sou eu que estou pedindo para você me perdoar...
(ANP-R)
116. Pode tá até com a mãe que eu não vou perdoar, não...! (CDE-R)
117. Mas comigo iam cinco ou seis damas elegantes capazes de se debochar mas de
não perdoar os excessos alheios, e era sem linha correr assim, abandonando-as,
atrás de uma freqüentadora dos bailes do Recreio. (CMC-R)
118. Só não conseguiu perdoar-se a si mesmo. (CPT-R)
119. Há de perdoar, mas é que esta outra gravura custou-me mais caro, redargüiu o
velho lojista. (EJ-R)
120. V. Excia. há de me perdoar o incomodo que lhe trouxe, vindo contar-lhe isto,
mas V. Excia. é sempre tão bom comigo, fala-me com tanta amizade, que eu me
atrevi... (EJ-R)
121. 0 doutor há de perdoar o meu silêncio, mas não quis entristec er a sua festa com
uma notícia. . . (IF-R)
122. Ela não amava o filho, mas sentia-se disposta a perdoar, a esquecer tudo, se
soubesse que havia para o seu coração um pouco de ternura e de afeto. (JUB-R)
123. Se por outro lado Deus egziste... deve ser um gentleman, e como gentleman
saberá perdoar-nos os pecados, tanto os pequenos como os grandes. (LSO-R)
124. Mesmo quando ele a abraçara ela o compreendera pestanejando, pronta a perdoar
no futuro as desgraças que lhe sucedessem. (LUS-R)
125. Não tinha que ceder, portanto, nem pedir perdão, nem perdoar. (OES-R)
126. ... não imitava um de seus amigos que rezava a mesma prece, sem todavia
perdoar aos devedores, como dizia de língua esse chegava a cobrar além do que
eles lhe deviam (...). (RCV-R)
127. -Nesse caso há de perdoar. (RCV-R)
128. Um Pinheiro Canguçu não devia esquecer, não podia perdoar. (SIN-R)
198
129. Chegando em Recife era para onde iria logo, na certa, falar com ele que não
virava o rosto a ninguém, que sabia perdoar as fraquezas, as misérias dos outros.
(US-R)
130. O portuguezismo, noz seus diversos Chalaças, não podia perdoar o legitimo
patriotismo de Tavares, que deixou testemunhos assim: (...). (BRA-T)
131. 0 necessário é que o fato implique a intenção de perdoar a ofensa pelo cônjuge
inocente e ciente dela. (DES-T)
132. A coabitação da mulher com o marido, depois dos fatos ocasionadores do
divorcio até o momento da ação , não constitui reconciliação se a sua conduta
exclui a sinceridade da intenção de perdoar e continuar a vida comum. (DES-T)
133. (...) com que procuro infundir nos ânimos daqueles, por quem devo responder, o
amor da honra, o horror da culpa, a inclinação às ciências, o perdoar a inimigos,
a compaixão da pobreza (...). (EHB-T)
134. A denúncia feita por um dos conspiradores, interessado em se fazer perdoar a
dívida que tinha para com a fazenda pública, seguiu-se a devassa. (FHB-T)
135. Mas o senso publico devia superar ressentimentos, perdoar ofensas. (RF-T)
136. Perdoar ao mau é dizer-lhe que o seja. (TP-T)
137. Tenho a honra de dirigir esta carta a V. Ex.2, para que se digno perdoar-me tê-lo
incomodado inutilmente a respeito do processo de Luisa L... (VE-T)
138. V. Ex. há de me perdoar que diga que o governo de Santa Catarina não
compreendeu o modo de intervenção. (ACD-O)
139. Senhores, sou forçado - e os nobres membros desta casa hão de perdoar-me - sou
forçado a apresentar os meus títulos de capacidade, como qualquer apresenta, que
se propõe a um concurso de primeiras letras. (DPA-O)
140. O que tem ela lucrado com a sua adesão cega ao legitimismo escravista, em ser o
centro da reação contínua, em nada perdoar, nada aprender, nada esquecer (...).
(CI-CR)
141. Ele teve a baixeza de não perdoar-me as minhas idéias políticas, ele que anistiou
o moedeiro falso Cândido Ribeiro: ha maior glória para mim? (PAU-CR)
199
142. Suponhamos que o artista brasileiro esteja um pouco... delirante, não haverá
possibilidade dos portugueses nos perdoarem por algum tempo este delírio ?
(EP-T)
143. Que me perdoe a jovem Gabriela, possível neta do Coronel Ataíde, amigo do
meu pai e homem de prol em Várzea dos Burítis. (ABD-R)
144. Deus me perdoe o desejo, que me relampeou no coração, de que o velho amigo
ficasse mais tempo de cama. (ABD-R)
145. Deus me perdoe. (AGM-R)
146. Perdoe-me mais uma vez então, senhora. (AMS-R)
147. Que Deus lhe perdoe, tanto ódio no coração, tanta maldade! (ANP-R)
148. Deus me perdoe se ouvi outra coisa! (CAV-R)
149. Perdoe-me e não guarde resentimentos das minhas doutrinas-são inoffensivas.
(CFE-R)
150. Deus me perdoe - pensa Clarissa - mas que vestido esquisito. (CLA-R)
151. (...) que Deus me livre e perdoe! (CLS-R)
152. Deus me perdoe mas estou pensando em Jesus... (CMC-R)
153. Levantamos os dois de um pulo, dando graças a Deus - que ele nos perdoe - pela
oportunidade de escaparmos daquela câmara de suplício. (CMC-R)
154. -Perdoe, minha senhora. Foi uma doidice. (C-R)
155. Perdoe a cincada, Bentinho, foi um modo de acentuar a perfeição daquela moça.
(DC-R)
156. (...) mas não é muito que eu lhes perdoe, se já perdoei a um cachorro que me
levou o descanso em piores circunstancias. (DC-R)
157. Perdoe-me, minha boa Dona Loló, sem o seu consentimento ter-lhe assim
mudado o sexo. (FMA-R)
158. -Meu senhor, perdoe ao negro fugido. (FM-R)
159. Êsse, Deus me perdoe, estou em dizer que se lhe aparecesse o próprio Espírito
Santo varava-o com um virote. (IM-R)
160. Deus me perdoe, mas essa mulher andou com coisas para o lado de meu marido
(LUS-R)
200
161. Perdoe-me. . . diga ... (MB-R)
162. Mas, doutor, perdoe-me a liberdade: o senhor escolhe mal as mulheres! (NEG-R)
163. Não, minha senhora. Não! Perdoe-me.. . (NN-R)
164. Perdoe, não fiz por mal. (OES-R)
165. É um bicho estranho, Alberto, sem amigos e sem Deus - que me perdoe! (PC-R)
166. Disse a voz alta e simpática: - Perdoe. (PC-R)
167. Deus me perdoe! (QUI-R)
168. Que Deus lhes perdoe ! (RCV-R)
169. -Decerto. -... e que a tal D. Helena (Deus lhe perdoe!) não estava tão inocente
como dizia. (RCV-R)
170. Me perdoe, “seu” inspetor! (REI-R)
171. Perdoe a indiscrição, quanto ganha sua sobrinha ensinando bê-a-bá? (SB-R)
172. Que William Shakespeare nos perdoe e que o velho Prof. Lindau Ferreira não me
queira ml por tudo isso! (SC-R)
173. É até, vosmincê me perdoe, um pouco “causo” da gente, dizer isso... (SIN-R)
174. Vosmincê me perdoe o mau ensino... (SIN-R)
175. Quero que me perdoe aquele tempo na Rua Alice. (THU-R)
176. Parecem mascarados, Deus me perdoe! (TN-R)
177. Aquilo, Deus me perdoe é bicho ruim inteirado. (URU-R)
178. Agi mal, confesso, minha falta é grave mas vim exatamente pedir que me perdoe.
(OSP-D)
179. Deus lhe perdoe! (AAR-T)
180. Em todo o caso a falta do compromisso é motivo do delinqüente não comparecer
à festa, ou desculpar-se, de maneira que a opinião publica perdoe. (ENS-T)
181. (...) haverá quem não perdoe nem a imprevidência, nem o tempo perdido, nem as
fraquezas, nem as incertezas, nem o mistério, com que foram dirigidos os nossos
negócios em Assunção. (VAL-T)
182. É, porém, sabido que há cinco meses a Câmara não se interessa pelos seus
trabalhos, e, o Senado que me perdoe que o diga, e o Senado isso também não
faz. (ACD-O)
201
183. Eu aprendi em matemática, Sr. Presidente, perdoe-me dizê-lo, aprendi nesta tão
suspeita matemática, que toda a vez que um raciocínio é logicamente desdobrado
em todos os seus corolários e se chega de determinada premissa a uma solução
absurda, é que a premissa é absurda. (ACD-O)
184. (...) voltamos à fase cartilaginosa, sem feitio, desclassificando-nos e, finalmente,
Deus me perdoe! (ACD-O)
185. Peço ao ilustre Deputado que me perdoe o movimento de mau humor (...). (ACDO)
186. O Sr. Moreira da Silva começa pedindo que a Câmara perdoe a insistência com
que discute o assunto da reorganização do Banco da República, embora só venha
reproduzir os argumentos com que sustentou o debate por ocasião da 2ª discussão.
(ACD-O)
187. Sabe-se, perfeitamente, que do nada se tira, perdoe-me o lugar comum. (ACD-O)
188. Perdoe-me V. Ex. -, dêsse artigo não constam nem podem constar as palavras a
que se deve o movimento de hilaridade. (DPA-O)
189. -Perdoe-me o nobre Senador. (DPA-O)
190. Tamanha lacuna, perdoe-me S. Ex. dizer-lho, o inabilitava, a meu ver,
radicalmente, o incompatibilizava, pelo menos, com êsse espírito jurídico, de que
eu tenho sido, na República, o pregador incessante. (DPA-O)
191. Perdoe-me o honrado Senador, não volto a discutir o assunto. (DPA-O)
192. Perdoe-me (DPA-O)
193. Perdoe-me o meu ilustre mestre: acha S. Ex. que isso é um argumento sério?
(DPA-O)
194. Perdoe a Câmara esta digressão. (DPA-O)
195. Perdoe, se lhe peço um favor, que é a minha salvação. (CRE-CR)
196. Perdoe-me o haver eu tanto demorado esta segunda carta. (PAU-CR)
197. Estou parafusando se serei capaz de o fazer - perdoe-me a imodéstia ou o
atrevimento. (PAU-CR)
198. Perdoe-me (PAU-CR)
199. Perdoe se venho dar-te um aborrecimento (...). (PAU-CR)
202
200. Perdoe-me haver digredido tanto o snr. meu compadre, que carrega mulher e
filhos, desarranjou-se, por haver falido a casa inglesa a que' pertencia. (PAU-CR)
201. Perdoem ao pobre tolo. (ABD-R)
202. Se, acaso, publicar um dia este caderno de confidências íntimas, perdoem me os
leitores as anotações de caráter muito pessoal que forem encontrando e que
certamente não lhes interessarão. (AMB-R)
203. Que me perdoem os abalos passados e os futuros. (AMB-R)
204. Perdoem se venho incomodar.. . (OSP-R)
205. Achei (perdoem-me se há nisto enfatuação), achei ali mais um efeito da lei da
evolução (...). (RCV-R)
206. Perdoem-me. (UMO-R)
207. Perdoem-lhe... (ACD-O)
208. Perdoem-me, portanto, aquêles, a cujo amor próprio as necessidades desta
situação me constrangem a desagradar. (DPA-O)
209. Talvez, amiga, que o ator eminente nunca tenha perdoado ao poeta o ter-lhe
tomado a primeira atriz que era igualmente mãe de uma filha sua. (ABC-R)
210. (...) na véspera, depois de ter procurado Ângela e de tê-la perdoado, (tal como
em tempos lhe aconselhara que fizesse) puserdes a refletir sobre a situação da
nora (...). (ANP-R)
211. (...) se Carlos tivesse. agido por si só, sem' se deixar influenciar pelo ponto de
vista de sua filha, teria... teria perdoado? (ANP-R)
212. De dia, ou de noite, dera alguma prova de tê-lo perdoado inteiramente? (ANP-R)
213. Tudo lhe seria perdoado, um dia? ... (ANP-R)
214. (...) para tentar se desculpar, ver se, pelo menos, consegue ser perdoado ... (LRUR)
215. No momento em que finalmente a beijara sentira-se ele próprio de repente livre,
perdoado além do que ele sabia de si mesmo, perdoado no que estava sob tudo o
que ele era... (PC-R)
216. Se o cônjuge inocente lhe houver perdoado. (DES-T)
217. Tudo será perdoado aos que amaram muito! (EP-T)
203
218. (...) e acredito terme-eis perdoado o aborrecimento que certamente vos causei
com um assumpto por demais arido. (...). (PAU-CR)
219. Vinha disposto a harmonizar a situação, perdoando e esquecendo tudo que fosse
possível, e, eis que Silvio pulava com quatro pedras na mão, querendo luta.
(ANP-R)
220. Vá perdoando estas palavras mal embrulhadas, e até amanhã, concluiu êle,
estendendo-lhe a mão. (EJ-R)
221. A opinião do Campos e do Aguiar é que o fazendeiro, mais tarde ou mais cedo,
acabará perdoando a filha. (MA-R)
222. E o mais surpreendente de tudo: como se ela tivesse escutado e risse depois,
perdoando - não como Deus, mas como o diabo - , abrindo-lhe portas largas para
a passagem. (PC-R)
223. (...) sem ser necessário que ele saiba que este fato é causa de divorcio, nem
considere que impede o divorcio perdoando (...). (DES-T)
224. (...) suspendesse a execução em andamento contra o requerente, perdoando-selhe então a multa em que incorrera, dada a sua pobreza e o fato de já ter “o
postigo tapado de taipa”. (SPP-T)
225.
Enganado por qualquer homem em negócio ou amizade, tu te deixaste sempre
enganar, sabendo, talvez antes dele próprio, que estavas -sendo enganado, e
perdoando de antemão. (CRE-CR)
VERBO PAGAR
1.
- Sabeis com que dinheiro vos pago ? (ACC-R)
2.
Mas no dia 10 eu te pago. -Quanto? (CDE-R)
3.
-Cinco minutos e está livre de mim, mas verá que lhe pago o sacrifício. (EJ-R)
4.
Moro em terra dele, não lhe pago foro, porque aqui morou meu pai, no tempo do
seu sogro. (FM-R)
204
5.
louvavam a generosidade de tão bom senhor que não ratinhava salários,
oferecendo um têrço mais, e pago à vista, do que lhe era pedido pelos jornaleiros.
(IM-R)
6.
Isaac mora na mesma rua, é companheiro de bonde. Um dia eu pago, outro dia ele
paga. (OES-R)
7.
bem à mostra pra o amigo que venha aumentar a despesa, bem oculto pra o
garção, que não vendo que o café se acha pago não virá levantar a louça. (RA-R)
8.
Pago o hotel, fiquei reduzido à última extremidade, com um curto prazo para dêle
retirar a minha insignificante bagagem. (REI-R)
9.
O Senhor Azevedo tinha-lhe pago pelo cento a quantia com que se compra uma
dúzia. (TF-R)
10.
Em dois anos estaria pago e a Bom Jesus aparelhada para 20 anos de safra e com
capacidade maior que a da São Félix. (US-R)
11.
Vinha recomendado de modo especial no Regimento dado a Cabral e pago a dez
escudos por mês. (BL-T)
12.
Tradicionalmente, esse imposto se confunde com o chamado “imposto de
patente” pago para ser advogado, pago para ser comerciante, pago para ser
médico, uma determinada taxa (DC-T)
13.
em largo sistema de compra de simpatias em torno do Imperador e na
administração imperial, sistema pago pelos diamantes doTijuco. (FHB-T)
14.
no propósito de apurarem se ás autoridades haviam ou não pago os devidos
tributos. (PPH-T)
15.
como simples praça do exército, com soldo pago pelo Senado da Câmara de
Olinda (P. da Costa, “Folclore Pernambucano”). (TP-T)
16.
o que quer dizer que o imposto não será pago e mais uma vez será iludida a
Câmara dos Deputados (ACD-O)
17.
Nesses encontros quantas vezes não tem pago com a vida o fiel cumpridor do
dever de manter o seu posto de vigilância (ACD-O)
18.
, deitado num divã turco, enfiado num “pijama” de seda, naturalmente pago pelos
outros, um velho venerável fumava um charuto. (CRE-CR)
205
19.
Ligada assim às três maiores casas editoras do pais, você terá sempre serviço bem
pago e conveniente. (PAU-CR)
20.
Joca, você aqui não paga. (AGM-R)
21.
Aí, paga uma cerva aí!-finalizou Cabeleira. (CDE-R)
22.
Demais, a casa era própria: terreno comprado; construção paga por ele. (CMA-R)
23.
Quer dizer que o senhor paga primeiro a despesa. (EJ-R)
24.
Esta tu me paga. (FM-R)
25.
Nem tudo o dinheiro paga, Nanhã! (IF-R)
26.
Nesta vida se faz, nesta vida se paga. (LSO-R)
27.
Aquela desgraçada me paga. (ME-R)
28.
Então o govêrno não tem tanta fôrça que o país paga para mantê-lo- como não
tinha tomado providências? (NN-R)
29.
A tradução, tão aborrecida e mal remunerada duma novela policial, marcha a
passo de cágado, nem adianta acelerá-la, porquanto não será paga antes do prazo,
que é relativamente dilatado. (OES-R)
30.
Acabada a caninha, paga a despesa, Manivela propõe: - Vamos?.... (PAP-R)
31.
-Não paga ninguém! (RA-R)
32.
Os velhos lembravam-se do “Mal das Vinhas”, do “Príncipe Ubá” e outros
dementados, constantes fregueses da secção paga do velho Jornal do Comércio.
(REI-R)
33.
Eu faço, e você continua a não crer; não paga a pena... (SIN-R)
34.
Se não abrir nóis arromba e não paga... (SV-R)
35.
(...) ali só há um homem que não trabalha e que não paga o lugar que ocupa (...).
(TN-R)
36.
Tranca-se e passa dias compondo a resposta, enérgica e longa, que é publicada na
matéria paga. (VIA-R)
37.
Mas como é que se paga o jantar? (OSP-D)
38.
Pois se o barulho todo é esse, a gente paga a porca! (OSP-D)
39.
A milícia era representada pela tropa paga, e pelas orderanças, espécie de guarda
nacional. (CH-T)
206
40.
(...) ou na Alfândega, quando importa a mercadoria, ou na Delegacia ou nas
coletorias, quando paga o selo de consumo. (DC-T)
41.
(...) o que nada tem, nada paga. (DC-T)
42.
E' assim que em Outubro ele escreve a Dantas, em uma carta na qual paga tributo
de saudade à morte de Landulfo Medrado : (...). (EIN-T)
43.
(...) transformando-se numa arte didática, sempre bem paga (...). (MA-T)
44.
(...) ela lhes paga a singela confidência com o doce e fertiizante contato de seus
úmidos lábios. (TES-T)
45.
(...) mas o gerente não quer saber de nada, e impõe-lhe este dilema: ou paga, ou
não sai. (TP-T)
46.
Assim, do Pará a Tabatinga, uma barrica de cerveja (custo, 17$600) paga 4$700,
e uma de farinha de trigo (custo, 18$000) paga 5$000. (VAL-T)
47.
(...) ninguém paga direitos, todos contrabandeiam, uns pelo gosto de menoscabar
a fiscalização, outros pelo exemplo. (ACD-O)
48.
O argumento seria verdadeiro se o Distrito organizasse os seus tribunais, decretase as leis do processo e nomeasse e paga-se seus juizes, como fazem os Estados.
(ACD-O)
49.
(...) porque o militar, mesmo depois de morto, tem direito à metade do soldo,
paga à sua
50.
família. (ACD-O)
51.
(...) enquanto que o de anatomia requer e não se lhe paga, porque o regulamento
diz que a regência dessa matéria é uma de suas obrigações e sem direito a
remuneração alguma. (ACD-O)
52.
Está, portanto, perfeitamente de acordo neste terreno com o nobre Deputado
porque como S. Exmo. sabe, na nossa tarifa, a mercadoria que menos paga, paga
80%, embora oficialmente se diga que paga apenas 20. (ACD-O)
53.
A taxa de 250 mil réis pode muito bem ser paga por um desses cavalheiros de
indústria que amam passar por jornalista. (EPA-CR)
54.
Um paga dívidas outro já anda sob as vistas do grande Barreto.(PAU-CR)
55.
O papel paga de direitos de entrada o dôbro do custo. (PAU-CR)
207
56.
(...) o meu cuidado principal é o beneficio daquelle a quem se presta o serviço,
daquelle que o paga, o consumidor. (PAU-CR)
57.
-De acordo, concluiu o outro. Se ela mandar retirar, que não manda, ofereça
quinze por cento em vez dos doze que pagamos. (C-R)
58.
Nos pagamos tal por tal. (HD-T)
59.
Ísis não consente que se lhe arranque o véu da face e os que tentam tal profanação
pagam caro o atrevimento. (CMA-R)
60.
Os médicos que já têm fama nos impingem os abacaxis, os clientes que não
pagam e ainda por cima assumem ares protetores. (OL-R)
61.
Ofereço juros que os bancos não pagam. (RVE-D)
62.
antigos Estados do sul daquele hoje formidável país devem à Europa, de
empréstimos externos, quatorze milhões de libras esterlinas, e que desde 1855 não
pagam juros (ETP-T)
63.
As mercadorias nacionais pagam 1/2 % mensalmente, sobre os direitos de
exportação (VAL-T)
64.
Senhores, o imposto que os cidadãos pagam é destinado à manutenção dos
serviços necessários à vida ordinária da administração (ACD-O)
65.
Os artistas que não residem no estado não pagam nenhuma taxa de inscrição,
entrando só com o frete e a embalagem. (EPA-CR)
66.
Pois, durante todo o trajeto, baldeação inclusive, não vi ninguém, paguei
maquinalmente ao condutor, dei maquinalmente o sinal de parada, na Praça.
(AMB-R)
67.
Paguei patente foi para isto. (FM-R)
68.
-Quem sabe se é porque ainda não lhe paguei o vale atrasado? (RA-R)
69.
-Está ai, filha, o doce da aposta. Perdi, paguei. Que aposta? (URU-R)
70.
Paguei trinta mil réis do Resto que a dita minha filha devia à Ama que deu de
mamar a seu filho Henrique (EHB-T)
71.
Eles, por mais que eu escondesse o leite, descobriram que o ano passado paguei
54 mil cruzeiros de imposto sobre a renda (PAU-CR)
72.
-Tu ainda não pagaste o doutor, Naziazeno. . . (RA-R)
208
73.
Êste silêncio foi o preço que pagou ao desejo de incorporar-se às esferas
dominantes”. (ABC-R)
74.
Alguns dormiam, outros liam jornais, apenas uma mulher, percebendo o
nervosismo dos novos passageiros, pagou a passagem e passou à dianteira do
ônibus. (CDE-R)
75.
Despediu-se de Soero, o bom camarada; pagou-lhe bem o serviço. (CMC-R)
76.
A verdade é que êle pagou o dôbro da viagem, e com razão, porque a cidade não
está segura, e a gente corre grande risco levando pessoas de um lado para outro...
(EJ-R)
77.
Norberto muito cedo, no dia seguinte, pagou a despesa de hotel, dele e do
companheiro. (LOC-R)
78.
Tirou dinheiro do bolso e pagou os dois meses atrasados que devia. (LSO-R)
79.
E foi Seu Dagoberto mesmo quem pagou. (NP-R)
80.
O Dr. Seixas pagou o chofer. (OL-R)
81.
E o alvorôço da meninada que o acolheu, e lhe arrebatou as compras, bem lhe
pagou as tristes horas do dia, curvado sôbre a pá, em tempo de morrer de calor e
cansaço.... (QUI-R)
82.
-Pagou? perguntei. -Pagou sim, apressou-se em responder Plínio de Andrade
(REI-R)
83.
Pagou a Seu Francisco, Filoca? (TC-R)
84.
Comprei-o quando Antero ficou com a fazenda de Areias a fim de beneficiar o
coitado do tio Tebá e nos pagou, a nós os outros herdeiros, as nossas respectivas
partes. (THU-R)
85.
A metade não pagou entrada... (VM-R)
86.
0 Brasil pagou caro esta omissão, e ainda hoje não resolveu o problema de sua
siderurgia. (PPH-T)
87.
A Contadoria da Guerra pagou grandes somas pela verba-etapa. (ACD-O)
88.
o gabinete pagou imediatamente com a sua existência, a barbaria das cenas
determinadas por um momento de irritação de parte de alguns soldados. (DPA-O)
209
89.
Dois comerciantes pagaram para tirarem o corpo dali e jogarem na Via Onze.
(CDE-R)
90.
Os olhos delinqüiram, os olhos pagaram ! (RCV-R)
91.
(…) que também não pagam, nem nunca pagaram foro a Câmara por ser terra,
que antes de existir a Vila já tinha dono (…). (EHB-T)
92.
em vez de sofrerem os capitalistas e os proprietários, sofrem os devedores, os
arrendatários, aqueles que pagam juros ou amortização, por mais capital que
receberam depreciado, os que pagaram rendas, aluguéis, etc. (ACD-O)
93.
Ela ia, porém, de amante em amante sem enxergar sequer os homens que a
tinham, sem que êles realmente a possuíssem pois seu coração estava muito longe
daqueles amôres que o dinheiro pagava. (ABC-R)
94.
(…) pedia-lhe dinheiro emprestado e também não pagava, com o intento de
provocar brigas e poder matá-lo sem ficar mal com a rapaziada do conceito.
(CDE-R)
95.
(…) já porque ali ninguém pagava o que comia, era o govêrno que pagava tudo.
(EJ-R)
96.
Sim, sim - o seu trabalho seria o de destruir esses falsos laços, de rompê-los a
todo custo, um a um, ainda que isto custasse um preço maior do que o que ela
pagava agora. (JUB-R)
97.
Recebido o ordenado no começo do mês, pagava as contas, as prestações, retinha
os miudos do bonde e pronto-ficava até o mês seguinte leve como um beija-flor.
(NEG-R)
98.
Êle pagava e recebia, depositava dinheiro, arbitrava os preços da matéria paga.
(REI-R)
99.
A maioria, porém, não pagava nunca. (SC-R)
100. Havia muito dinheiro, o governo pagava soldos dobrados, e, às vezes
gratificações, além do que havia também a morte sempre presente; e tudo isso
estimulava o divertir-se. (TF-R)
101. Mas o Dr. Pontual não lhes pagava os prejuízos da cana no campo, esperando
pela regularidade das máquinas. (US-R)
210
102. (…) mas antes lhe fazia dizer missas e fez fazer a sua confraria, a qual os
confrades não pagavam e ele a pagava. (CAB-T)
103. E, como dizia Azeredo Coutinho, sem contar os impostos, pois se pagava tanto
por uma arroba de ferro quanto por uma arroba de seda (PPH-T)
104. Daí por diante, além de me dar casa, comida e roupa lavada, me pagava o vinho
Granja União. (EPA-CR)
105. Pagavam bem, davam muito dinheiro a jogador de futebol. (AGM-R)
106. Proteger... Mas se ele estava dormindo numa casa cujo aluguel elas pagavam,
comendo uma comida que se comprava com o dinheiro delas?! (LSO-R)
107. Mas Jacqueline se dedicou tanto ao amante, que esqueceu os que pagavam e o
dinheiro começou a faltara (SJ-R)
108. Os juros que só alguns pagavam nos bons tempos. (RVE-D)
109. Os arrendatários pagavam quatro mil ducados à coroa. (CH-T)
110. por isso se procuravam estes por toda parte, e africanos se pagavam por qualquer
preço. (FHB-T)
111. (…)apesar de tudo, ainda obrigavam os índios a irem ao sertão buscar drogas para
os colonos, que lhes pagavam salários irrisórios. (PPH-T)
112. Pagara caro a brincadeira. (REN-R)
113. Faz-me êste favor, que te pagarei com juros capitalizados, sim? (PAU-CR)
114. Quando ele, é discutido e votado, ninguém sabe quanto pagará, como pagará e
quando pagará. (DC-T)
115. (…) o Governo terá de nomear professores, estranhos ao estabelecimento, aos
quais de pagará todas as vantagens inerentes ao cargo - ordenado e gratificação
superior aquela. (ACD-O)
116. Os assentistas pagarão o tabaco fino que fabricam os moradores a 1:6oo réis a
arroba, que é o maior preço porque o vendem. (PPH-T)
117. Cinco ou seis dias depois pagaria, com juro de cento por cento. (AN-R)
118. De mais a mais, a verdade era que os funcionários da Coroa não queriam
realmente incomodar Capitão Cavalo, por dele tomar peita que, se quisesse, não
211
pagaria e também por acharem que não valia a pena enfrentar tão grandes riscos
para desafiar homem tão poderoso (…) (FEP-R)
119. Disse-me de maneira um tanto agressiva que ia levar oxarope e que pagaria mais
tarde. (SC-R)
120. (…)o Brasil pagaria a D. João VI “pelos direitos dos donatarios das capitanias,
havia seculos incorporados á Nação (…). (BRA-T)
121. Quanto mais precisássemos de proteção, mais caro a pagaríamos. (BR-T)
122. No outro dia teria que fazer qualquer coisa para acabar com aquela história.
Laurentino e Floripes pagariam. Eram eles os criadores daquela miséria. (FM-R)
123. A 14 de junho desse mesmo 1598 convocavam-se os paulistanos para que
ouvissem o público pregão de que se pagariam quatro reais por taipal da igreja.
(SPP-T)
124. Pequeno foi informado sobre o aumento do preço da maconha, disse então a
Carlos Roberto que pagasse pelo quilo de maconha o que o matuto pediu. (CDER)
125. Quintanilha, que era o endossante, entendia não valer a pena pedir o favor por tão
escassa quantia (um conto e quinhentos), ele emprestaria o valor da letra, e o
outro que lhe pagasse, quando pudesse. (RCV-R)
126. Convinha ou não deferir um pedido do cura, quando lhes requererá um certificado
para o governador geral do Brasil, atestando que “havia já dois anos servia de
graça como pároco de São Paulo, fazendo muitos gastos”, sem que a fazenda real
lhe pagasse a mínima côngrua? (SPP-T)
127. Outro seria o dono de tudo o que era deles se não pagassem no dia os cobres da
usina. (US-R)
128. O povo começa a Ille pagar a sua solidariedade, amiga. (ABC-R)
129. Mas, aquela cujo papel naquela casa ninguém ignorava, devia pagar bem caro
seu pecado de mocidade. (ANP-R)
130. Vou dar ordem no escritório para pagar a anualidade. (CAV-R)
131. Estava bem porque iria pagar cerveja para a sua rapaziada, levava uma trouxa
para fazer uma surpresa, caso ninguém tivesse maconha. (CDE-R)
212
132. -E essa dívida é tu que vai pagar, tá me entendendo? (CDE-R)
133. Eu tenho uma porrada de coisa pra pagar, acho que não vai dar, não... (CDE-R)
134. Soam passos na escada. Outra vez a voz de Nestor: Pra pagar o que me fez!
(CLA-R)
135. E estou certo de que Espiridião será condenado a pagar tudo. Entro com a ação
por estes dias. (CLS-R)
136. (...) tinha um fraco por manteiga, não se amolava de pagar o excedente, gastou
dinheiro,
137. queria gastar dinheiro, queria perceber que estava gastando dinheiro, comprou
uma maçã bem rubra, oitocentão! (CN-R)
138. Quisera um modo de pagar a dívida contraída, outra moeda, que valesse tanto ou
mais, e não achava nenhuma. (DC-R)
139. Sabes que o dono da casa riu às bandeiras despregadas, já por quererem pagarlhe com pedras do calçamento, já porque ali ninguém pagava o que comia, era o
govêrno que pagava tudo. (EJ-R)
140. (...) diàriamente, o mordomo arrecadava barras das quais uma só daria para pagar
um trôço
141. de cem lanças que engrossasse o exército dos reis cristãos em marcha sôbre
Jerusalém. (IM-R)
142. Até cinco mil réis me deixa satisfeito. Mas eles têm de pagar alguma coisa.
Claro! (LOC-R)
143. Faltava dinheiro. Havia contas atrasadas a pagar. (LSO-R)
144. Tia Maria me disse: -Se êle deve, deve pagar. (ME-R)
145. Sabia que ela se sacrificara por ele, trabalhando para o sustentar, para para lhe
pagar o colégio... (OL-R)
146. Ia à cidade todas as quartas-feiras para um eterno tratamento dentário, compras e
pequenas obrigações caseiras, como a de pagar a conta do gás. (OES-R)
147. Vai pagar, Pagar e sair. (PAP-R)
148. No momento em que a tia foi pagar a compra, Joana tirou o livro e meteu-o
cuidadosamente entre os outros, embaixo do braço. (PC-R)
213
149. -Mas não queira me obrigar a pagar o que você deve!. . (RA-R)
150. Demais, uma letra de Gonçalves que se venceu dali a dias e que este não pôde
pagar, veio trazer ao espírito de Quintanilha uma diversão (RCV-R)
151. Quero pagar-lhe os seus benefícios. (RCV-R)
152. Florêncio ataranta-se, prontifica-se a pagar, do dinheiro cai e... (REI-R)
153. Parecia que jamais lhe passava pela cabeça a idéia de que, ao cabo de certo prazo,
tinha de pagar nos bancos as duplicatas emitidas pelas drogarias de Porto Alegre
(...). (SC-R)
154. (...) alguns levavam às vezes um ano para pagar sem juros medicamentos que
havíamos comprado ao prazo de sessenta ou noventa dias. (SC-R)
155. Chegou o tempo, seu Martins, do americano pagar o que a gente pedir. (SJ-R)
156. Mas êle não tinha capital para isso, o que possuía mal dava para pagar os
homens. (SJ-R)
157. Gostaria de poder ter vindo, deitar com êle, e ir-se, curada, leve, achando a tarde
bela ao morrer do sol, sem ter de dizer nada, sem ter que pagar. (SJ-R)
158. Diz que em São Paulo um homem ganha dinheiro, trabalhador é gente, por aqui
trabalhador não vale nada. tá sobrando, eles só quer pagar porcaria... (SV-R)
159. Naturalmente para pagar o quarto particular, a taxa da mesa operatória, os
médicos assistentes, os enfermeiros... (THU-R)
160. Também ia a negócios alheios, pagar cisas, extrair guias, coisinhas (URU-R)
161. E teria que pagar mais caro. (US-R)
162. Não posso pagar tudo, seu Abelardo. Talvez consiga um adiantamento para
liquidar... (RVE-D)
163. Deu o primeiro jantar, cobrou o preço. Caroba não pôde pagar porque não tinha
recebido o ordenado. (OSP-D)
164. (...) a immoralidade do Imperio nascente, a pagar polpudas porcentagens aos
Barbacenas e Gameiros, que as dividem com o proprio imperante, ou o
absolutismo do portuguez Vieira de Carvalho (Marquez de Lages), repetidamente
ministro. (BRA-T)
214
165. (...) patrulhas volantes tomaram todas as saídas e as Câmaras municipais
prometera pagar cem arráteis de ouro anualmente, da metrópole galardoada.
(CAB-T)
166. Estas só podem pagar mediante o crédito concedido pelo poder legislativo, ou
mediante a verba orçamentária por ele votada. (DC-T)
167. (...) na qual será mencionada a pensão alimentícia que o marido deve pagar à
mulher e aos filhos. (DES-T)
168. 0 seu ponto fraco, o escolho em que naufraga sua carreira, ás vezes sua vida, é a
divida, de que são escravos até a morte, que nunca acabam de pagar, mas eles
preferem, e muito, a divida ao lucro (...). (EIN-T)
169. (...) a taxa dos juros de todos os seus contractos a menos dois por cento ao ano,
fazendo-se pagar da diferença resultante dessa redução pela soma arrecadada e
recolhida durante o exercício, e levando a um “Fundo especial de redução de
juros” o saldo restante. (ETP-T)
170. D. Pedro, de fato, dava ordens diretas ao Tesouro para pagar tais ou quais
despesas, não previstas por lei. (FHB-T)
171. (...) ao passo que de uma impressão latina, deste mesmo ano, se hão de pagar 700
Res. (NO-T)
172. Estas cercas deitavam para o quartel das guarnições das frotas, por intermedio das
quais o ouro saia do país sem pagar os quintos. (PPH-T)
173. 0 ouro das minas, ainda drenado para Lisboa, daria para pagar esse
abastecimento e custear as despesas da revolução. (PPH-T)
174. Precisavam os vereadores acordar numa finta, mesmo quando houvesse a pagar
alguns cruzados. (SPP-T)
175. Depois, acerca da provínia peruana de Loreto, acontece que atualmente as
mercadorias entram o saem dali sem pagar direitos de alfândega ou outros
quaisquer. (VAL-T)
176. (...) obtiveram sentenças pelas quais o Tesouro teve de pagar mais do que por
acordo. (ACD-O)
215
177. Saturno não será. V. Ex. declarou no discurso, em resposta ao nobre Deputado
pelo Rio de Janeiro, o Sr. Custodio Coelho, que de fato as quantias a pagar,
amortizações atrasadas dos empréstimos de 1868 e 1897, não tinham aparecido
nos orçamentos e que, se aparecessem, haveria déficit. (ACD-O)
178. (...) logo abafada pela intervenção benéfica do Governo do Estado, que consegue
da diretoria a promessa de pagar o que deve a jornaleiros e a empregados
despedidos, promessa que, devo dizer, se cumpre quase sempre tarde e a más
horas (...). (ACD-O)
179. Como, pois, se pode autorizar o Governo a pagar a um banco aquilo que ele já
perdeu em um tribunal ? (ACD-O)
180. (...) devia a Fazenda Nacional << pagar ao Banco o que se liquidasse na
execução, sobre as mesmas bases que serviram para a liquidação operada entre o
Governo e os Bancos emissores da Bahia, S. Paulo e Norte; etc. (ACD-O)
181. (...) no momento da votação do Orçamento da Fazenda, me levantei para
encaminhar a votação da emenda que autorizava o Governo a pagar à viúva de
Manoel Soares Lisboa a importância das pedras por seu marido fornecidas ao
Estado quando empreiteiro da Estrada de Ferro de Porto Alegre e Uruguaiana.
(ACD-O)
182. (...) autoriza o Governo a mandar pagar ao Capitão de fragata honorário e 1º
tenente reformado Collatino Marques de Souza a quantia de 1:837$680, diferença
de soldo que deixou de receber desde 1870, data de sua reforma, até 1897 (...).
(ACD-O)
183. Nos jornais de sábado li que o Sr. Ministro da Fazenda mandará pagar aos seus
auxiliares de gabinete a gratificação correspondente a esta função, que se
acumularia com as vantagens dos cargos que eles exercem no Tesouro. (ACD-O)
184. (...) pode-se dizer, quando se trata de pobres operários qe mal tem às vezes um
teto velho, que moram em casa impossíveis de se habitar e que não tem coisa
alguma que o fisco municipal possa apreender para pagar-se das multas ! (ACDO)
216
185. (...) Manoel de Oliveira e Sá e autorizando a Comissão de Polícia a continuar a
pagar-lhe os vencimentos que atualmente percebe. (ACD-O)
186. Não se deixou os soldados pagarem despesa alguma. (LOC-R)
187. (…) que se enviavam para Lisboa e eram vendidas afim de se pagarem os
direitos da alfandega e as dividas contrahidas no Porto! (PAU-CR)
188. Da floresta parece –vir o eco da voz de Pórcia enlouquecida, clamando por
sangue que pague o sangue do seu filho. (ABC-R)
189. E agora, Miss, pague-me a interpretação, a oneirocrícia, como diziam os mestres,
com um pouco de música. (IF-R)
190. Deus lhe pague, minha Madrinha, Deus lhe pague! (QUI-R)
191. Agora, quando Caroba cobra o ordenado, ele diz que ela primeiro pague o jantar.
(OSP-D)
192. A dedução, portanto, deverá ser maior, e nunca inferior a 50 To, não sendo justo
que o comércio do Alto-Amazonas pague mais de metade das taxas que se
cobram nos portos do litoral (…). (VAL-T)
193. Quem quiser mandar cartas anônimas, políticas, particulares ou de qualquer
natureza, que ao menos pague o selo. (ACD-O)
194. Receio às vezes que cheguem da Europa as contas da despesa dele, e que, não
estando eu aí, não haja quem as pague. (PAU-CR)
195. Paguemos bem aos que distribuem justiça, temos dele muita necessidade (…).
(ACD-O)
196.
(…)”todos os Navios e embarcações, que entrarem nos portos dos Reinos, em
cada vez, que neles entrarem, paguem por cada uma das respectivas toneladas,
que constituem a sua lotação, duzentos réis”. (BR-T)
197. Procure um lugar para residir, nós ficamos pagando os seus ordenados. (AGM-R)
198. Fui uma boba, e agora estou pagando. Mas eu já estava ficando velha, sem tempo
dê começar de novo. (HR-R)
199. No mais tardar dentro de dois ou três dias já o Cotovia, que de tão longe vem,
estará pagando os direitos de entrada na rada de Tessalônica. (PRO-R)
217
200. Chegou a época dos exames para os quais se inscrevera com bastante
antecedência pagando as taxas. (THU-R)
201. Passara 10 anos ali na várzea, sozinho, sem peitica de fornecedores reclamando,
pagando o que queria pagar. (US-R)
202. (…) sob a vigilância fiscal da autoridade nacional, com o direito ou de entrar no
país, e então pagando o imposto, ou de sair, em retorno paga o país de onde
provieram, ou para um outro Estado estranho, com o qual nós nada temos. (DC-T)
203. (…) quando as nações mais prosperas estão pagando sete, e o Brasil e a
Municipalidade do Rio de janeiro já contrariam empréstimos externos até oito por
cento, tipo de noventa e oitenta e cinco. (ETP-T)
204. mandarão baixar do sertão à sua custa para lhes fabricarem farinhas e mais
mantimentos para os negros que houverem de meter naquele Estado, pagandolhes o seu trabalho na forma das ordens regias. (PPH-T)
205. Assim, pagando tão somente insignificante contribuição, ficam com o direito de
vender o cartão, que será recebido nas repartições dos correios, sem maior taxa.
(ACD-O)
206. Sem querer insistir sobre esta questão de auxílios impensados, não será caso de
perguntar se não é também nossa aprendizagem que estivemos pagando por tal
preço? (ACD-O)
207. Na casa grande está o Virgílio na parte que foi de papai e na outra disse-me há
dias o Virgílio que entrou um inquilino ocupando só meia casa e portanto
pagando só meio aluguel isto é 10$000. (PAU-CR)
VERBO IR
1.
Não possuo nenhum talento verbal, e sei que a exposição da matéria demanda
colorido, para que logre despertar o interesse de auditório, como o que vou ter,
pouco familiarizado com o assunto. (ABD-R)
218
2.
Valeu? Dá cá um beijo. –Venha lavar os pratos, Marina. -Já vou. E escapuliu-se
correndo. (AN-R)
3.
Eu vou invadir uma cachanga lá e tu pam, valeu? (CDE-R)
4.
(…) quando Bené avisou: -Aí, vou dar um pinote em casa, morou? (CDE-R)
5.
Não vou dizer que eu não conheço... -Pela cara de vocês... (CDE-R)
6.
Amanhã eu vou-me embora, Hei de ir, se Deus quiser; Quem de mim tiver
saudades Guarde p'ra quando eu vier. (CGU-R)
7.
Couto olha para a mulher com o rabo dos olhos: -Mas donde é que eu vou tirar
dinheiro, mulher? (CLA-R)
8.
Não era mêdo, mas por quê que a gente havia de ficar encurralado assim! É! é pra
êles depois poderem cair em cima da gente, (palavrão) ! Quer dizer: vou sim!
desafôro! (CN-R)
9.
Pode ser um bom remédio. -É o único, Bentinho, é o único! Vou já hoje conversar
com D. Glória, exponho-lhe tudo, e podemos partir daqui a dous meses, ou
antes... (DC-R)
10.
Que irias fazer lá? Em vez um, seriam dois em perigo. Não, não, eu vou sozinho.
(FEP-R)
11.
Mataram o homem e um companheiro dele. Vou dar notícia ao Major Ambrósio
do assucedido. (FM-R)
12.
-Não vou com esta história de cochichos. Vou-me embora. (FM-R)
13.
Pó de parar se quiser. Mas não vou ler correndo. (HR-R)
14.
Mas, ainda que vos pareça atrevimento, não tomeis por tal o que vos vou dizer.
(IM-R)
15.
Eu vou sair com ele. (LOC-R)
16.
Vou escrever amanhã pro velho. (LSO-R)
17.
-Agora que te agarro mesmo porque vou buscar a jararaca Elitê! (MCU-R)
18.
-Vou almoçar com o Castro. (NP-R)
19.
-E agora, que é que eu vou fazer com a menina em casa, nesse estado? (OL-R)
20.
Ah! quem me dera que Vosmecê o achasse! Eu vou na certeza de topar com o pai
de seu Pedro. (OSP-R)
219
21.
Vou tocar uma coisa mais alegre... (PC-R)
22.
-Bem, basta de filosofar-observa Lúcio Sílvio:-vou procurar Soêmio. (PRO-R)
23.
-Vou-me daqui, pensou ele, entrando em casa. (RCV-R)
24.
E que é que eu vou fazer com Eusébio? (REN-R)
25.
Agora, antes de tudo, veja se pode levantar e bamos embora p'r'a sua morada de
casa: eu vou junto. (SF-R)
26.
A voz de Jucundina a procura: -Marta! Marta! –Já vou, mãe... É só o tempo de
espiar mais uma vez as luzes na água (…). (SV-R)
27.
- Amanhã vou no dentista. (TC-R)
28.
-Há “baruio” na Côrte e dizem que vão “arrecrutá”. Vou pro mato... (TF-R)
29.
Não vou para a fazenda, preciso tomar choques elétricos! (THU-R)
30.
-Vou entroncar o nosso Direito administrativo no antigo Direito administrativo
português. (VM-R)
31.
E essa trapalhada de entrevista... Não vou, Caroba, não vou de jeito nenhum.
Afinal de contas, quem marcou a entrevista? (OSP-D)
32.
Não sei mais para onde vou, não sei mais onde estou, não sei mais quem sou!
(OSP-D)
33.
Também vou cantar a minha Nas débeis cordas da lira Hei de fazê-la rainha.
(HD-T)
34.
Continuando no mesmo tom, vou fazer um discurso rápido. (ACD-O)
35.
Vou mostrar ao meu nobre amigo, o Sr. Veiga, que, no tempo em que a queima
parecia dar frutos (…). (ACD-O)
36.
(…) não quero desde já assumir a responsabilidade daquilo que vou ler porque
não quero levar a questão para terreno verdadeiramente pessoal. (ACD-O)
37.
O Sr. Bueno de Andrada - Na biografia encontrou o contrário; vou passá-la a V.
Ex. para ler. (ACD-O)
38.
Vou submeter à votos o projeto n. 127, salvo as emendas. (ACD-O)
39.
Deputados. Feitas estas observações vou consultar o Senado sobre o requerimento
do nobre Senador pela Paraíba (…). (DPA-O)
220
40.
Particular, quer dizer, chauffeur familiar. Entre tantas coisas que lhe podem
interessar, vou contar-lhe uma grossa canalhice que há no seio de uma certa
família (…). (PAU-CR)
41.
Deu-me uma canastra que o Chico levou à Europa. Vou ao Getúlio e de lá verei
um cômodo. (PAU-CR)
42.
Vou finalmente conhecer a Fábrica Ford. (PAU-CR)
43.
Vou-me para não ver a chuva que vai desabar, e que molhará muitos amigos
meus Lima Barreto! (PAU-CR)
44.
Vou domingo para Águas da Prata, até o fim do mês. (PAU-CR)
45.
Mas onde vou eu agora buscar mais um jornal? (PAU-CR)
46.
é que ela lhe pedia: “onde vais, belo môço? (ABC-R)
47.
Não vais à missa? (CCR-R)
48.
-Vais ao baile do Clube? (PRI-R)
49.
Ou vais com eles para a Bahia, e lá irei juntar-me contigo. (PAU-CR)
50.
Vai ser duro conseguir a atenção da turma para os primeiros pontos, que melhor
ficariam no programa de filologia românica. (ABD-R)
51.
É em Castro Alves que São Paulo vai encontrar a política, o vibrar por causas
mais próximas, se afastar dos devaneios que conduziam ao reino da imaginação
delirante. (ABC-R)
52.
Muita coisa vai acontecer. (AGM-R)
53.
Aonde que você vai Fraulein! (AMV-R)
54.
Você vai ter de comer o pato sozinha! (ANP-R)
55.
-Como vai, Silva? (AN-R)
56.
Quem não vai sempre a esses lugares onde não pôde, não quer realmente ir?
(CAV-R)
57.
Noel vai até o seu gramofone, escolhe um disco, pô-lo no prato, fá-lo girar, ajusta
o diafragma e senta-se de novo na poltrona. (CCR-R)
58.
Vai até a janela, com a cabeça erguida, a água a borbulhar-lhe na bôca ., e assim
fica por alguns segundos. (CCR-R)
221
59.
Quem vai ao motel não vai duro, ainda mais no sábado, dia de gastar dinheiro.
(CDE-R)
60.
-Tu acha que minha mãe vai deixar eu sair essa hora? (CDE-R)
61.
Trocavam idéias sobre o que poderia acontecer a elas caso aceitassem a conversa
dos bandidos, pois para a bandidagem mulher que vai em boca-de-fumo é puta.
(CDE-R)
62.
-Meu irmão, daqui a dez anos ninguém vai segurar a gente, não. (CDE-R)
63.
Vai ver de perto a illusão, que é uma triste realidade. (CFE-R)
64.
Eu, não sei senão amar-te! Vai-se um suspiro, vem outro (…). (CGU-R)
65.
D. Eufrasina vai até a janela que dá para o pátio. (CLA-R)
66.
-Ó Couto-diz, com ar irônico-quando eu quiser mandar buscar a morte, quem vai
me fazer o obséquio és tu, sabes? (CLA-R)
67.
-Esse moço vai longe! (CLS-R)
68.
Será que o patrão vai-se embora? (CMC-R)
69.
Foi assim que sempre governaram, e assim vai bem. (C-R)
70.
Quando ele vai comigo, mamãe não lhe faz as mesmas graças. (DC-R)
71.
Nem sempre, explicou D. Cláudia; Batista é muito acanhado, vai de longe em
longe a S. Cristóvão, para não parecer que se faz lembrado, como se isto fôsse
crime. (EJ-R)
72.
-Mas ninguém toma banho aí, todos dizem que quem entra aí não sai. -Só quem
vai no fundo. (FEP-R)
73.
Ninguém vai abrir esse portão, vamo sair daqui e fechar tudo! (FEP-R)
74.
(…) podendo-se viajar da terra à lua, ao sol ou a Júpiter como se vai hoje a Paris
ou a Londres. (FF-R)
75.
-Então, Seu Torquato, como vai a vida? (FM-R)
76.
-Para onde vai? (FM-R)
77.
Vai lá - disse Nazaré, empurrando -o de leve. (HR-R)
78.
Tens vida longa, meu velho, digo-te eu. Quem escapou daquela vai ao centenário.
(IF-R)
222
79.
Umas vêzes vem rico que nem um príncipe e vai aparecer adiante em forma de
mulher (…). (IM-R)
80.
Emanuela vai-se embora. Pediu que você fosse vê-Ia. (JUB-R)
81.
Pois então o Djalma esteve com a rapariga, e não casa, não vai preso, não lhe
acontece nada?... (LOC-R)
82.
-Epa, moço. Aonde vai? (LSO-R)
83.
-Vai dar uma volta por ai, Vasco, e dentro de dez minutos, por amor de Deus, me
tira daqui desta maldita mesa, mas me tira nem que seja a sopapos! (LSO-R)
84.
(…) não vai a teatros, nem a festas públicas. (MA-R)
85.
-Caterina, me larga minha mão e vai-te embora que te dou mais tapa, Caterina!
(MCU-R)
86.
Domingo vai haver um jogo com o “Cruzeiro” e a partida é importante, muito
importante mesmo. (NFE-R)
87.
Você vai hoje na Sociedade? (NP-R)
88.
(…) ela veio pra festa, e mecê também vai... (NT-R)
89.
Você vai acabar logrando ela. (OL-R)
90.
O Brasil vai todo pelo mesmo caminho (…). (OES-R)
91.
E pra que minha senhora vai por esta mata, a estas horas? (OSP-R)
92.
Vai espichar-se, acomodar melhor a cabeça. . . (PAP-R)
93.
Vai fumar seu cigarro na rua, tomando um café. (PAP-R)
94.
Vai ocupar êsses vinte minutos que ainda lhe faltam, num giro, mais vagaroso
ainda, pelas quatro faces da praça. (PAP-R)
95.
A bondade vai longe, menino. (PB-R)
96.
Bento, vai à igreja e dá o caixão. (PB-R)
97.
Palavra vem, palavra vai, e foram às vias de fato. (PR)
98.
-Quem é que diz que Evandro vai casar? Ele te falou a respeito? (PRO-R)
99.
Como vai tudo pela Capital? (QUI-R)
100. Não vai voltar pra casa. (RA-R)
101. O indivíduo vai-se arrastando no estribo, agarrado aos balaústres (é um
bondezinho dos
223
102. antigos), à procura dum lugar certamente. (RA-R)
103. Vai até a cadeira donde dependurou o casaco com o colete. (RA-R)
104. (…) não entrei assim à toa, como um preto fugido, ou pedreiro sem obra, que não
sabe aonde vai. (RCV-R)
105. Ele vai querer saber, vai espionar... (REN-R)
106. Aqui vai, resumido, o caso do Jaqueira. (SB-R)
107. (…) e vai até ao vale de um ribeirão efêmero, ao qual deu o nome um dos
cabecilhas sertanejos que ali tinha a vivenda, “Macambira” . (SER-R)
108. O cacau vai aos vinte bagarotes êsse ano? (SJ-R) – PREÇO
109. Houve um tempo - vai muito distante - em que dona Augusta fôra uma rapariga
bonita e elegante. (SJ-R)
110. O compadre não vai dividir suas roças... (SJ-R)
111. Atenção! Vai começar! (SV-R)
112. Nós hoje vai dançar é com as moças e as dona da cidade. (SV-R)
113. É caro! Vai ao “Bonheur des Dames”... Dizem que tem cousas boas e é
pechincheiro. (TF-R)
114. E o quadro vai se chamar: “A Secretária”. (THU-R)
115. A gente de sociedade vai invadindo este ou aquele teatro, vai a gente alegre
mudando para essa ou aquela outra casa de diversões... (UMO-R)
116. Se existisse, porém, seria desprezado, pois quem vai morar na casa é o
proprietário-e não há razão para submetê-la ao gosto de pessoas estranhas. (VIAR)
117. Quem vai se regalar é o tal Cristiano de Bensaúde... o escritor... você sabe. (RVED)
118. Eu não convidei ninguém, você vai para o hotel de Dadá! (OSP-D)
119. Santo Antônio, o senhor vai me desculpar, mas foi um imprevisto! (OSP-D)
120. Somente depois de consolidado no poder é que o fascismo vai perdendo a sua
fisionomia de simples esforço empírico (…). (BCA-T)
121. Da serra do Mar desprende-se a da Mantiqueira, que mais pelo interior vai desde
o Estado do Paraná até Minas Gerais. (CH-T)
224
122. (…) e principiando da dita Vila na distância já mencionada vai acabar em o sítio
chamado Pinheiros mais de légua distante da Vila Aldeia de Índios de Sua
Majestade (…). (EHB-T)
123. Ou muito me engano, ou isto vai tão longe de uma profissão de fé como o
comentário do passante que se achou de repente (…). (ELM-T)
124. E como resultante deste recato, um tal ou qual desistimento de saber o que vai por
lá. (EP-T)
125. Não se sabe como e Para que se instituiu, e vai vivendo como pode, fará da orbita
de qualquer sistema inspirado (…). (ESP-T)
126. (…) a qual, absorvida e levada ao pâncreas por via sanguínea, vai agir como
poderoso estimulante desta glân,dula. (GAC-T)
127. Aqui onde a opinião é terra sáfara e o mormaço da corrupção vai crestando todos
os estímulos nobres, aqui a alma envelhece depressa. (HD-T)
128. Ele manda... a gente faz. Vai na frente, mas apressa os passos, porque ele tá
sambando, olhando paro chão, entretido na musica do assobio dele. (MAB-T)
129. (…) limpa de uma folha de papel e dando às mãos um movimento de vai-vem
amassa-se a amostra até formar vários rôlos finos (diâmetro de cerca de 3 mm)
(PM-T)
130. O curto trecho de cinco léguas, que vai das margens de Brumado, a oeste, até às
do rio de Contas, a leste, é todo ele um panorama dos mais encantadores que
temos percorrido (…). (RSF-T)
131. (…) do “inglês que vai ao Oriente deixa a consciência no Cabo da Boa Esperança
e a retoma na volta” (…). (SPS-T)
132. Dizem que ela murcha, fana-se, vai emagrecendo aos poucos, lentamente
fenecendo... e morre. (TES-T)
133. O pior é que este gênero de pesquisa, feita assim à ligeira e à solta, se por um lado
vai atraindo a atenção pública para as coisas da nossa terra (…). (TP-T)
134. Pela manhã, vai acordar a velha e pede-lhe as botijas. (TP-T)
135. (…) o seu modo de ser, sentindo como se fosse ela própria, vivendo à proporção
que vai compreendendo e escrevendo. (VOM-T)
225
136. Antes de entrar nas considerações que vai fazer sobre o projeto de que se ocupa,
precisa fazer sentir à Câmara (…). (ACD-O)
137. (…) porque quando não iam às feiras estavam isentas dos impostos, que hoje são
os seguintes que a Câmara vai ver. (ACD-O)
138. Mas não sei, Sr. Presidente, a razão porque a Comissão vai eliminar a
superfectação. (ACD-O)
139. O sistema é perigoso, pois que vai dando lugar secundário ao direito escrito.
(ACD-O)
140. O Sr. Valois de Castro - Sr. Presidente, chamo a atenção da Câmara para o projeto
que se vai votar e sobre o qual emitiu meu parecer, que figura na ordem do dia,
erradamente, como voto em separado. (ACD-O)
141. No discurso, diz apenas que vai substituir, mas não diz o modo como vai
substituir. (ACD-O)
142. O Congresso tem sido testemunha do modo como vai correndo esta questão nas
fronteiras do norte e dos ecos que ela suscita no seio das nações vizinhas. (DPAO)
143. Vai já por mais de cinco meses que, na capital da Bahia, a fôlha que lhe usa
dignamente o nome, levantou à eminência do supremo lugar no govêrno da
república a minha candidatura. (DPA-O) – TEMPO
144. Boa tarde! meu bem, como vai? (CRE-CR)
145. Antão você vai dá de mostrá pr'us ôtro que tu é uma disgraçada, quano num é!...
(FCA-CR)
146. Porque, sem contar que, segundo a tradição ameríndia, qualquer desgôsto que
brasileiro tenha, pronto, vai pro céu e vira estrelinha. (FCA-CR)
147. Vai sair daqui com os seus próprios pés! Este “Elixir” é infalível!. (PAU-CR)
148. A casa aluga-se por 35$ e ele vai ai para tratar da sua mudança. (PAU-CR)
149. Vai por este correio uma gramática chinesa que comprei em Chinatown. (PAUCR)
150. Como vai aproveitar a mim, faço votos que também aproveite a vocês a dura
lição. (PAU-CR)
226
151. Corno lá não vai aparecer esse trecho (que só a nós interessa), mando-o como
recordação duma passagenzinha dele que já anda esquecida . (PAU-CR)
152. O meu Rio é essencialmente carnavalesco e, ao que parece, vai pegando a
moléstia em todo o Brasil. (PAU-CR)
153. Mas estou com mêdo que o desenhista não faça você parecido- e mamãe vai ficar
danada. (PAU-CR)
154. Não sei como vai você de finanças -se melhor ou pior que o Brasil. (PAU-CR)
155. Cota vai dar a Chiquinha noticias dela e da gentinha miúda de casa. (PAU-CR)
156. Vamos ao relato do que houve em casa de Gabriela e que foi omitido, com a
digressão de ontem. (ABD-R)
157. -Meu filho, vamos embora! (AMV-R)
158. Vamos para dentro. (AN-R)
159. -Então, doutor, vamos nadar? (CCR-R)
160. -Vamos, menina, ligeiro com esse café-grita ela. (CLA-R)
161. Então, vamos? indaguei. - Para onde? - Para a tua casa. (CMC-R)
162. -Vão ao jantar? perguntaram -Vamos ao jantar. (C-R)
163. -Não, agora não, já nos vamos embora, mamãe e papai estão fazendo as
despedidas. (EJ-R)
164. Vamos desgovernados como Fatonte no plaustro de Apolo, comparou Anselmo.
(FF-R)
165. Vamos vê-Ia, meu filho. (IF-R)
166. Vamos dar uma volta, meu velho? (IF-R)
167. Nós já vamos para a mesa do jantar. (LRU-R)
168. Vamos andar!? (LUS-R)
169. -Vamos para outra sala que aqui está calor demais. (NP-R)
170. Tentarei. Mas vamos de torrinha. É mais barato. (OES-R)
171. Mas vamos a um cafezinho! (OES-R)
172. Vamos até o mar” - informou Norberto. (PAP-R)
173. Vamos batiza-la. (PRA-R)
174. Você já sabe, sinhá Aninha, que nós vamos todos pro S. Paulo? (QUI-R)
227
175. -Vamos à igreja? (RCV-R)
176. Vamos ao resto, Padre Silvestre. (SB-R)
177. Agora - disse Carlos Zude - vamos ouvir uma música de macumba.. . (SJ-R)
178. Vamos à Rua Clapp, varrer, espanar. (THU-R)
179. Vamos embora. (UMO-R)
180. Então vamos ajeitar tudo, porque o noivo chega já. (OSP-D)
181. Não foi a resposta clássica do “vamos ver, vamos pensar” e outras capadoçagens
assim. (EPT-T)
182. “Remexe, mocinha, vamos para o samba”. (MAB-T)
183. A descrição que vamos dar é a de uma forma de mediana gravidade, a que se
encontra geralmente na clínica. (TPM-T)
184. Vamos discutir a questão de fato. (ACD-O)
185. Vamos ver uma coisa. (EPA-CR)
186. Mais fracos que ele, vamos acameiradamente para a Sombra. (PAU-CR)
187. Vamos desembarcar daqui a pouco em Plata. (PAU-CR)
188. Perguntado si alguma hora dissera a certas pessoas que iam ouvir missa: onde
ides? não ides a ver Deus senão ao Diabo, disse que nunca tal disse. (CAB-T)
189. Entramos numa era socializante, em que vão caducando as distinções de castas e
certas palavras discriminativas caem em desuso ou são cautelosamente evitadas.
(ABD-R)
190. Sou fraca como devo ser : se a minha boca não conseguir domá-lo, meus olhos,
que vão cansados de chorar, ainda ,darão lagrimas por vós. (ACC-R)
191. Sim, meu filho, menos julgamento dos fatos que vão sucedendo ante seus olhos e
mais confiança no resultado final. (ANP-R)
192. Durante o jantar, Branco tentou em vão prestar atenção à conversa. (CAV-R)
193. Eu sei como tudo isto acaba: vão ambas para a rua ! (CFE-R)
194. E eles vão agüentar angu e bacalhau no lombo? (CLS-R)
195. Vão ver que é o gato que apanhou algum rato. (DC-R)
196. Se estão escondendo alguma coisa, então não vão também se abrir com Amâncio.
(HR-R)
228
197. Vão pra casa do diabo, canalha, sem-vergonha! (JMI-R)
198. É meio esquisito mas acho que vocês vão se entender. (LSO-R)
199. As geadas, por exemplo, vão-se acabando. (NEG-R)
200. Amanhã vão identificar a última prova, A de estatística. (OES-R)
201. São os mesmos que, por exemplo, só vão enxergar escabrosidade no grande filme
que é A Mulher do Padeiro. (POL-R)
202. Lá vão os seus pés, num martelar ligeiro e miudinho. (RA-R)
203. Ou até que possa falar de cabeça erguida - se é que seus dias vão durar até lá...
(REN-R)
204. Estas meninas vão para as suas casas e precisam ser despachadas... (SIN-R)
205. Vocês come o doce, vão tomar conta das porta, manda Arueira e Rubem vim
comer.. (SV-R)
206. As mundanas vão pouco a pouco invadindo os lugares do hábito das damas de
sociedade, em pouco só há mundanas... (UMO-R)
207. (…) os quais abrangem as temperaturas médias anuais, que vão desde 150 até 50
centígrados, ao passo que (…). (AHC-T)
208. (…) como as minas estão muito pelo sertão os que vão levam de carreto o
mantimento necessário (…). (CH-T)
209. (…) vários processos segundo os quais se realiza a sedimentação das ideas feitas,
vão sendo repetidos numerosamente, vão-se perpetuando e amontoando, e
tendem a fixar uma imagem tôda convencional, incompleta e falsa do extinto.
(ELM-T)
210. Tais cômputos vão até 1801. (FHB-T)
211. (…) são as que, dirigidas a um que de qualquer modo mereceu a injúria, vão
ofender outros, e muitos, que nada têm com o dissídio e a zanga que as fez subir
do fígado à boca. (LM-T)
212. (…) e por esta causa se vão mudando todos para roças e chácaras muito longe
desta cidade (…). (PPH-T)
213. Estes atravessam as paredes intestinais, e se vão fixar no tecido conjuntivo dos
músculos ou nas vísceras, aí formando os cisticercos. (SM-T)
229
214. (…)
examinar cuidadosamente a boca dos doentes que vão fazer uso do
mercúrio; tratar convenientemnte as cáries dentárias (…). (TPM-T)
215. Não, não é digno de legisladores que vão apresentar à Nação um código que vale
tanto como a Constituição. (ACD-O)
216. Todos os dias oficiais do exército vão para o Amazonas. (ACD-O)
217. Vão as emendas à Comissão de Saúde Pública, cujo parecer é lido em sessão de
19. (DPA-O)
218. Os basbaques não respeitam nada, vão apertando o círculo que ninguém não pode
mais nem dançar nem tocar. (FCA-CR)
219. A “Barca” saiu sem querer um romance em que vários personagens aparecem a
relanças e vão indo até o fim. (PAU-CR)
220. Êles aí vão, pela vida a dentro, a reacender luzes que se apagam (…). (PAU-CR)
221. Glória morava com os pais em Diamantina, mas sempre ia passar as férias com os
avós. (ABD-R)
222. Tobias não ia além dos quadros da burguesia progressista, nada mais queria senão
chegar até ela, ser um dos seus condutores. (ABC-R)
223. NA CASA do Cabo Candinho, a vitória de Joca ia repercutindo sôbre todos.
(AGM-R)
224. E Glicério se permite brincadeiras que eu próprio não ouso: chegou a dizer à
mana que ia promover lhe o casamento com o sacristão da capela de S. Sebastião.
(AMB-R)
225. Roberto Dutra ia entrar no quarto quando, deparando com padre Luís, tivera um
movimento de recuo e, percebendo provavelmente que não tinha sido visto,
afastara-se precipitadamente. (ANP-R)
226. Eu ia jogar pião, sozinho, ou empinar papagaio. (AN-R)
227. Onde ia, assim tão depressa? (CAV-R)
228. Mas o capitão Moreira, delegado de polícia, não ia nunca ao cinema e não
compreendia os romances. (CCR-R)
229. Lembra-se das manhãs em que ia buscar Noel para o levar à escola, pela mão.
(CCR-R)
230
230. (…) quando caiu da bicicleta no Barro Vermelho, e como eram belos os
domingos em que ia à missa e ficava até mais tarde na igreja participando das
atividades do grupo jovem, depois o cinema, o parque de diversões... (CDE-R)
231. (…) por várias vezes parara o carro nas imediações do ponto à fim de observar
aquela a quem amava de verdade e ia para casa se degenerar no sexo que se
obrigara a fazer com a esposa. (CDE-R)
232. Ia enfim vêr o mundo. (CFE-R)
233. (…) á proporção que a voz se ia tornando cava e profunda com um rumor
longisquo de trovões de estio. (CFE-R)
234. Quando fui, é que ia ver-te, Quando vim, não mais te via! (CGU-R)
235. Êle ia às nuvens, porém eu brincava! (CGU-R)
236. Quanto mais ele se aproximava na luz, mais ia se tor-nando impossível olhá-lo.
(CI-R)
237. A noite ia chegando, afogando em sombras os cabelos da serra. (CLS-R)
238. O velho já ia deitar-se. (CLS-R)
239. Não ia à cidade passear, as suas compras eram em regra feitas pelo marido,
precisava que a fita fosse muito falada para ela se abalar até ao cinema do bairro,
onde cochilava a bom cochilar. (CMC-R)
240. Ia voltar para a ponte superior, de lá teria a visão completa do cais. (CPT-R)
241. Ia neste ponto, esfregava as mãos e procurava meio de escapar-me, quando Luísa
chegou à porta, em companhia de D. Engrácia, D. Priscila e Vitorino. (C-R)
242. Respondi-lhe que ia pensar, e faríamos o que eu pensasse. (DC-R)
243. Os mesmos sapatos de um irmão das almas, que ia a dobrar a esquina da rua da
Misericórdia para a de S. José, pareciam rir de alegria, quando realmente gemiam
de cansaço. (EJ-R)
244. Tudo o que ela não quisera ia acontecer; lá ia o pai a uma presidência, e ela com
êle, e a recente inclinação ao jovem Pedro vinha parar a meio caminho. (EJ-R)
245. Não ia aceitar ver ninguém perder sua liberdade em troca da minha, muito menos
uma mulher de quem eu gostasse e que gostasse de mim. (FEP-R)
231
246. Pobre Marta, que já lhe ia enchendo a vida de alegria com as melhoras, com a
saúde que lhe voltava. (FM-R)
247. Com que cara ia voltar e dizer que Apolinário refugara o convite? (HR-R)
248. E ali ficavam distraídos até que o copeiro ia chamá-los para o almôço. (IF-R)
249. Ia à fonte por água, trazia ramos secos para prevenir-se no inverno (…). (IM-R)
250. (…) era menos o receio de ser preso que a convicção da própria insuficiência, a
certeza de que ia falhar. (IN-R)
251. Todo o mal-estar que sentia, toda aquela angústia que ia crescendo na sua alma,
rompeu de repente (…). (JUB-R)
252. Ele ia falar; mas ela adiantou-se: - Eu vou aí. (LOC-R)
253. Ele ia pela manhã a caminho da casa da tia, depois da missa. (LSO-R)
254. Quando queria com muita força ia pela estrada até o rio. (LUS-R)
255. Ia desconversar, quando a voz de Isabel os chamou, de longe, para a janta. (MBR)
256. Não ia às missas, não se confessava, mas em tudo que procurava fazer lá vinha
um se Deus quiser ou tenho fé em Nossa Senhora. (ME-R)
257. O Nogueira disse-me que ia ver... (NN-R)
258. Abalara, pois, uma hora antes e quando ia chegando à fazenda, reconhecera o seu
amo que descia, rumo da gameleira. (NT-R)
259. Ia à cidade todas as quartas-feiras para um eterno tratamento dentário, compras e
pequenas obrigações caseiras, como a de pagar a conta do gás. (OES-R)
260. Um dia ou outro ela ia ver. (PB-R)
261. Agora ia trabalhar. (PC-R)
262. Tinha um bordo voltado para ali, o gurupés lançado na presa arrufada ia
descrevendo uma curva de oeste a norte. (PRA-R)
263. A recepção que lhe fizeram, foi mais cerimoniosa que as outras era a primeira
vez que ali ia. (RCV-R)
264. A diferença é que esta lhe pareceu mais perto, e ele cuidou que, realmente, ia ver
a pessoa. (RCV-R)
232
265. Geralmente o rapaz ia à casa da tia, entre as duas e três horas raras vezes à noite.
(RCV-R)
266. Mas não era preciso tanto, porque o outro não pensava em coisa diferente ia aos
teatros, a ver se a achava, à rua do ouvidor, a alguns saraus, fez-se sócio do
Cassino. (RCV-R)
267. (…) ainda lhe pedia a vaidade a ilusão de passar por “homem de pena” nas
“partidas” de clubes dançantes e em outras festividades, onde ia sempre
representar o jornal e exercer a eloqüência, respondendo aos brindes feitos à
fôlha, assessorado pelo Orador Popular; e, além dêstes, quantos mais! (REI-R)
268. A mata ia enegrecendo. (SB-R)
269. A campanha incipiente ia agravar o seu aspecto. (SER-R)
270. A interpretação sempre dócil ao desejo ia percorrê-las, essas perspectivas,
triunfalmente. (SIN-R)
271. Quando ia a qualquer casa de mulheres públicas, avisava aos que estavam com
êle: - Eu vou à Associação Comercial ... (SJ-R)
272. Se não ia faltar para a primeira classe e só na cidade próxima o navio se
reabasteceria de leite. (SV-R)
273. Daí a pouco ia para o centro da cidade. (THU-R)
274. Ia replicar, metendo as balas no governo, mas o meu amigo cortou-me a palavra,
segredando-me rapidamente: - Cala-te! (TN-R)
275. (…) mudava a camisa, jantava, cochilava e, com a maIeta de viagem aliviada, ia
arrumar-se no trem da Great Western, saltar em outra cidade, levar à clientela o
escasso fornecimento de sonho. (VIA-R)
276. Ia perdendo a porca, por causa da mulher! (OSP-D)
277. (…) um dos fazendeiros ou qualquer pessoa capaz do interior em seu nome ia
pelos vizinhos recolher os bezerros dizimados (…). (CH-T)
278. A Câmara que se ia reunir, produto, por um lado, da reação conservadora e por
outro da abstenção liberal, era uma Câmara unânime (…). (EIN-T)
279. Dera na empresa alagoana um golpe irmão do que ia dar na empresa paulista.
(EPT-T)
233
280. A efervescência do sentimento local ia intensa, em 1849, e ainda se exacerbou
nos meses seguintes. (FHB-T)
281. Em 229é a ascite desapareceu, e tudo ia bem. (GAC-T)
282. Também do próprio meio em que se ia daquela formando lhe não proveio então
qualquer influxo mental que pudesse contribuir para distingui-la. (HD-T)
283. O catolicismo nos oferece exemplos admiráveis da ia do Totem a Tabú e, como
ele, o Feiticismo Afro-negro e a Mitologia Ameríndia. (MAB)
284. Andei “solo verde pino”: parecia-me que ia sob a mesma cheirosa sombra das
florestas da minha terra. (OPO-T)
285. Pela primeira vez ia atravessar o Atlântico uma esquadra sarda. (RF-T)
286. Foi, papai, aquele cachorro branco do Joaquim Teodoro que ia carregando as suas
alpargatas da beira do forno, lá na casa de farinha. (TES-T)
287. (…) desde o simples convite para jantar feito a quem lho tivesse sido
simplesmente apresentado, ia até à promessa .de nomear herdeira da sua fortuna
(não tinha filhos), cada criança que lho era dado conhecer. (VE-T)
288. (…) e assim ia permanecendo até que os acontecimentos o convenceram do
caminho errado em que estava. (ACD-O)
289. Disse em começo quanto de constrangimento me ia na alma, ao ter de quebrar os
laços do maior respeito pelo vulto eminente que elevou no estrangeiro o nome do
Brasil (…). (DPA-O)
290. (…) disfarçou tudo com um sorriso alvar, dizendo-me que não era nada, que ia
simplesmente tomar um banho de sol. (PAU-CR)
291. Nunca imaginei que fôsse da prisão que te ia mandar pêsames pela morte do
nosso grande Valdomiro (…). (PAU-CR)
292.
(…) tu talvez ficasses com igual expressão, simplesmente por saber que ias
dançar sábado. (EJ-R)
293. Eu e a Clotilde íamos para o fundo, para o sofá. (CMC-R)
294. Muitas vezes não íamos, muitas vezes - ternas e benfazejas noites! (OES-R)
295. O carteiro, certo de que íamos de passeio a Niterói, só em meio caminho teve
noticia de que pretendêssemos tocar no Madalena (…). (PAU-CR)
234
296. Ora, como é freqüente nas pequenas localidades, o incidente foi rendendo e, cada
dia, conversas iam e vinham. (ABD-R)
297. Zé Maria queixava-se de que os negócios iam mal. (CCR-R)
298. Grupos dispostos iam de fazenda em fazenda e arrancavam escravos das
senzalas e até dos troncos onde sofriam castigos e todos caminhavam (…). (CLSR)
299. Os estudos iam bem; como é que não iriam bem os estudos? (EJ-R)
300. (…) com os produtos enfezados do século ou iam para o bilhar, onde Cesário
experimentava efeitos admiráveis, procurando aplicar às tacadas princípios
infalíveis de matemáticas. (IF-R)
301. As paredes do quarto desmoronavam-se lentamente, selvagens nus iam dançar e
fazer caretas em tôrno da sua cama. (IN-R)
302. Lembrome da viagem de trem e de uns homens que iam conosco no mesmo
carro. (ME-R)
303. Ainda bem que iam em direção oposta à da zona onde se combatia... (OL-R)
304. De todos os que lá iam era o que tinha maior intimidade. (RCV-R)
305. As tropas iam escalar pelo sul a antemural que circunscreve Canudos. (SER-R)
306. Processionais e pretos - fraques e sobrecasacas -lá iam uns, os da gente da terra,
com o padre à frente (…). (TC-R)
307. Com o jornal debaixo do braço, iam ruminando grandes combinações de tostões
(…). (VM-R)
308. No meu tempo, as meninas eram recatadas. Iam às novenas. (RVE-D)
309. Logo sucediam os moradores que se iam retirando, e levavam duzentos carros.
(CH-T)
310. Desde a barra do São Lourenço começaram os Paiaguás e Guaicurus a perseguir
as pessoas que iam para Cuiabá ou de lá tornavam. (CH-T)
311. Então todos os alunos foram à Biblioteca Publica para saber porque os
integrantes, iam aos Estados Unidos; e leram “O imigrante e a comunidade” por
Abbott, “A terra prometida” por Mary Antin, “A formação de um americano” por
Jacob Mis. (ESP-T)
235
312. (…) embora diferissem nos termos e nas medidas, proporcionadas ao gênio e à
mentalidade dos países e das cortes perante os quais iam os diplomatas
acreditados. (FHB-T)
313. Os outros eram levantados do chão como poeira e iam entrando para a boca das
costas sem saberem como. (MAB-T)
314. Freqüentemente declarava ele, “não tinha o que requerer”, e lá se iam os oficiais
desapontados da longa e improfícua caminhada, a que os obrigara a convocação.
(SPP-T)
315. Iam eles num bote quando notaram a sereia. (EPA-CR)
316. (…) um para coleccionar os louvores e os aplausos que iam marulhar através da
imprensa
nacional,
outro
para
guardar
os
sedimentos
impressos
da
incompreensão, do despeito e da calúnia. (PAU-CR)
317. De um ou de outro modo, a conseqüência foi termos ajustado que uma noite
destas eu irei à sua casa. (ABD-R)
318. O Sr. Antônio Bastos - Não se impaciente V. Ex., irei lá. (ACD-O)
319. O seu mestre, o Maneco Borges, não lhe predissera o futuro: “Irás longe,
Ricardo. (TF-R)
320. É diferente, é precisamente o seguinte: hoje à noite, em determinado momento,
Rení irá até a porta do meu quarto, experimentará para ver se eu a deixei aberta...
(ANP-R)
321. Mas que irá fazer de toda que já tem? (OES-R)
322. Absorve, meu amor! Porque assim a cocaína irá até o infinito do teu cérebro!
(PAU-CR)
323. Além disso, onde iremos ficar? (EP-T)
324. Magistrados ou juristas irão para a agricultura ou as finanças (…). (UMO-R)
325. É desnecessário acrescentar que, mesmo sem estas judiciosas considerações, eu
iria à casa de Gabriela. (ABD-R)
326. E até mesmo para penetrar no quarto do agonizante, pois, segundo assegurava
Eulália, o Dr. Graça a isso certamente iria se opor... (ANP-R)
327. Que iria fazer entre eles? (CAV-R)
236
328. Berenice iria gostar, mas no fundo, no fundo, o tiraria como medroso. (CDE-R)
329. Saiu de casa sem responder à mulher que lhe perguntara se não iria tomar café, e
foi à procura de Pequeno. (CDE-R)
330. Ele iria para a vila, a cavalo. (CLS-R)
331. Também falavam de músicas e teatros, das festas próximas de Petrópolis, da
gente que ia naquele ano, e da que só iria em janeiro. (EJ-R)
332. Não iria até o hotel almoçar. (LOC-R)
333. Antes de executar algum ato ela “sabia” que “algo” iria contra ou que uma leve
onda lhe permitiria; tinha tanta vontade de viver que se tornara supersticiosa.
(LUS-R)
334. Por Isso, não sé, esta, como Leonel, estavam admirados de ver a mocinha naquela
boa disposição para o passeio, a falar dele sempre, a fazer preparativos, a castelar
o encanto que ele iria ter. (NT-R)
335. No dia que saísse dali? chegando ao Recife, iria com todos os filhos à igreja de S.
Severino dos Ramos. (PB-R)
336. Quando se lembrou de dizer que “iria até à morte” era tarde. (RCV-R)
337. À noite do tal dia, estouraria de revolta contra o que iria chamar, de então em
diante, de “mecanismo. do mundo”. (REN-R)
338. Sabia quando ele iria sublinhar a frase com um descair de lábios cansado e
doloroso, contando os dias de fome, na Europa. (THU-R)
339. Grande tempestade dali iria nascer. (BR-T)
340. (…) como portanto iria a ré confiar-se a uma criança de nove anos, idade que
teria Branca no tempo a que se refere a declaração? (NO-T)
341. Sendo assim eu iria para Londres por minha conta e risco procurar a vida. (PAUCR)
342. -Mas pois claro que não! Que irias fazer lá? (FEP-R)
343. Mudando de assunto, perguntou-me, em seguida, quando iríamos começar o
inquérito do centro. (ABD-R)
237
344. Iriam engordar nos ares de Cajueiros, fazenda das melhores da região, e
voltariam depois para as festas de fim de ano, os namoros com os moços da
cidade, os possíveis casamentos. (ABC-R)
345. Somente ele, Iô Pepeu e dois homens de Capitão Cavalo iriam para o boqueirão.
(FEP-R)
346. Iriam até o mar, voltariam no mesmo dia. (PAP-R)
347. A 27, convencionou-se a suspensão das hostilidades até fim de Dezembro de 615;
nem os franceses iriam ao continente, nem os portugueses à ilha, e evitariam
ambos entrar em contato com os índios de uma e outra jurisdição (…). (CH-T)
348. (…) então os etimologistas iriam colhendo, através das várias grafias de um
vocábulo na sucessão das épocas, a verdadeira e completa evolução oral de cada
um, e chegaria sem pena ao étimo procurado. (PAU-CR)
349. Receio que o incidente vá criar na jovem Gabriela pouco favorável disposição de
espírito a meu respeito. (ABD-R)
350. Não vá lá, Sr. Zorrilho, Para não ser caçoado! (CGU-R)
351. -Papai naturalmente há de querer ir também, mas é melhor que ele vá à casa do
padre; é mais bonito. (DC-R)
352. -Me compreende uma coisa disse Balduíno , o que eu peço é que, agora de tarde,
tu vá na Cambra e me desparrame umas tasquinhas dessa calda em cada porrão,
cada pote, cada moringa e cada vaso com água de beber que tenha lá. (FEP-R)
353. Vasco, vá comprar uma bolsa na farmácia, passe pelo café e traga gelo. (LSO-R)
354. Vá brincar lá fora. (ME-R)
355. Cintra encolheu os ombros. -Não digo que vá agora... Mas amanhã. (OL-R)
356. Vá brincar com os outros. (PB-R)
357. -Vá para o inferno, Gondim. (SB-R)
358. Vá retirar os invólucros prateados lã fora. (THU-R)
359. Vá passar alguns dias comigo. (VIA-R)
360. Nós precisamos de administradores ; onde a coroa os achar, os vá chamar, quer
sejam ou não membros da representação nacional (…). (EIN-T)
238
361. (…) para compensar o trabalho extraordinário do substituto e o nobre Deputado
diz que vá reclamar da congregação ! (ACD-O)
362. E' provável, porém., que eu não aceite, e vá para uma pensão. (PAU-CR)
363. Não me fujas assim; não te vás, sem me deixares ao menos uma palavra de
arrependimento!... (TN-R)
364. Ide-vos; que em tão mísera loucura Todo o passado bem tenho por sonho; Só é
certa a presente desventura. (HD-T)
365. Quanto à Espanha, achava natural que a Inglaterra e a França hesitassem em ir
acudi-Ia. (ABD-R)
366. Por enquanto, bastava estabelecer que, fosse como fosse, tinha de ir até ele e
pregar-lhe o Crucificado como a esperança que não podia abandonar. (ANP-R)
367. Aliás, Cândido confirmara: padre Luís não pudera ir ao famoso jogo de domingo
porque passara o dia de cama, com febre. (ANP-R)
368. Ao cinema, não deviam ir. (CAV-R)
369. Resignava-se em seu silêncio com o fato do rico ir para Miami tirar onda,
enquanto o pobre vai pra vala, pra cadeia, pra puta que o pariu. (CDE-R)
370. Israel mandou Bé ir embora e apontou a arma na direção do irmão, Dadinho fez a
mesma coisa. (CDE-R)
371. Faz tempos que recebi Um bilhetinho do Bento Pelo qual me convidava Para ir
a um casamento. (CGU-R)
372. Volta e meia tinha de ir a Barretos, a recados do pai, quando o não mandavam
longe, com outros, para trazer boiadas. (CMA-R)
373. Criou juízo e decidiu ir só. (CN-R)
374. (…) estenderia uma fila de canoas daqui até lá, por onde eu, parecendo ir à
fortaleza da Laje em ponte movediça, iria realmente até Bordéus, deixando minha
mãe na praia, à espera. (DC-R)
375. Escobar sorriu e disse-me que estava para ir ao meu escritório contar-me tudo.
(DC-R)
376. O pai abraçou-a com amor, e perguntou-lhe se queria ir para alguma província,
sendo êle presidente. (EJ-R)
239
377. -Mas tu não podes deixar de ir ao Sossego Manso! (FEP-R)
378. Então posso ir buscar-te amanhã, não é assim? (IF-R)
379. Nem todas as manhãs saíamos a cavalo. No entanto, era rara aquela em que
deixávamos de ir ao poço. (LRU-R)
380. As duas horas da tarde sentiu-se faminta e fraca; não gostava de ir a restaurantes,
ainda tinha um pouco de vergonha de comer na frente dos outros. (LUS-R)
381. Antes de ir para a mesa, escrevo a confirmação do que conjeturei de manhã;
Fidélia efetivamente acordou os ecos da casa e da rua. (MA-R)
382. Quando Suzi se vestia pra ir na feira, assobiava o fox-trote da moda pro
namorado ir também. (MCU-R)
383. Maria José falou: -Nós ainda queríamos ir no baile do Primor, papai... Será
possível? (NP-R)
384. Ninguém te obrigas a ir onde não queres. (OL-R)
385. Mas não pode ser: se até Custódio ainda lhe renovou o convite pra ir em sua
companhia a um restaurante do Braz... (PAP-R)
386. E a gente da Pedra Bonita preferia andar mais duas léguas até Dores a ir ao Açu
fazer compras ou ouvir missa. (PB-R)
387. A princípio sonhava com carneiros, com ir à escola, com gatos tomando leite.
(PC-R)
388. Bem que lhe sorrira a idéia de ir dormir num hotel mas . . e dinheiro? (PRI-R)
389. Foram até aos animais: as duas selas eram para homem. - Você tem mesmo
coragem de ir assim? (QUI-R)
390. Nem por isso deixei de ir lá jantar no dia seguinte. (RCV-R)
391. Não teve remédio senão ir lá uma noite. (RCV-R)
392. Mas ele já está de ir jantar com vocês sem prevenir? ... (REN-R)
393. O fim desta guerra se acabará na Santa Casa de Roma e o sangue há de ir até a
junta grossa. . . (SER-R)
394. Quando o dr. Antônio Pôrto teve que vender suas roças para ir para o Sul, ante o
escândalo pavoroso que dera sua mulher, saindo de casa atrás do amante (…).
(SJ-R)
240
395. Pecúlio é que está caindo a noite, a noite está fria e são horas do senhor ir para a
cama. (TC-R)
396. E José saiu do quarto, a pretexto de ir fumar lá fora, transpôs o corredor,
atravessou o jardim e se viu numa rua sem calçamento nem casas, por onde
andava às cegas, quase cambaleando, como a pedir socorro. (THU-R)
397. O melhor é ir a Laranjeiras. (UMO-R)
398. Pode ir buscá-lo quando quiser. (VIA-R)
399. Como era muito subjetivo queria ir de novo para a guerra contra o Reino do lado,
para no fim se fazer uma paz em que não haveriam de o ludibriar. (BR-T)
400. E com a sua habitual resolução de jurisconsulto, sempre pronto a ir até o extremo
limite do direito (…). (EIN-T)
401. Nomeou o conhecido diplomata Sir Charles Stuart, antigo embaixador em Paris,
para missão especial de ir a Lisboa explicar ao antigo aliado que a Grã-Bretanha
se via foiçada por seus interesses próprios a aceitar a Independência (…). (FHBT)
402. (…) com o Prof. Baceeili, conta tê-lo conhecido, há já muitos anos, quase no
princípio da sua carreira, quando costumava ir aos Abruzos tratar de certos
negócios seus “Na estação estival (…). (MA-T)
403. E todos os cristãos desejariam ir ali viver se lhes dessem licença. (SPS-T)
404. Arbitra em oito dias o tempo necessário para ir a vapor do Pará à primeira
cachoeira (Santo Antonio). (VAL-T)
405. (…) assuntos a ele deu seu voto favrável e a Câmara há de sustentá-lo, mesmo
para não ir ao encontro do que tem feito os Presidente da República e Prefeito
(…). (ACD-O)
406. (…) para no seu âmago ir descobrir o elemento rudimentar do cancro: (…).
(DPA-O)
407. Pedia eu, já que tínhamos de ir mesmo embora, que nos mandassem de navio e
não de trem. (EPA-CR)
408. Diz cousas de N. S. de Lourdes, Lino, que é da gente se ir confessar no convento
imediatamente. (PAU-CR)
241
409. Quis ir a Santos despedir-me de vocês, mas refleti que afinal o Rio não é HongKong ou outra capital do fim do mundo. (PAU-CR)
410. Amanhã sábado é a vez de irmos a Gaiety. (PAU-CR)
411. Os negros de suas terras, que já antes eram tratados de forma bem melhor do que
no resto da ilha, foram declarados livres e receberam permissão para irem
embora, se quisessem. (FEP-R)
412. (…) largavam a terra para irem viver onde tivessem remédio de vida, porquanto
não se podiam sustentar sem escravaria. (SPS-T)
413. Há cinco anos, apenas, deixaram seu casarão do Cruzeiro, indo instalar-se no
outeiro que domina o vale onde o velho Gutiérrez tinha sua cerâmica. (ABD-R)
414. Indo depois guardar o pano de pratos, parando agora um momento diante da
alcova de Ana, fechada a chave. (CI-R)
415. A velha não vai indo bem, não. Anda numa ciumeira danada. (FM-R)
416. Indo a sair, lembrou-me falar do cão ali sepultado. (MA-R)
417. Já vestira a boneca, já a despira, imaginara-a indo a uma festa onde brilhava entre
todas as outras filhas. (PC-R)
418. Por isto o infeliz, destinado à solicitude dos médicos, veio, impelido por uma
potência superior, bater de encontro a uma civilização, indo para a história como
poderia ter ido para o hospício. (SER-R)
419. Tomou-me o braço e íamos indo à varanda, quando Dona Veridiana, que vinha
entrando, nos disse: -Agora é tarde, para conversinhas. (UMO-R)
420. E foi assim que um dia, pela tarde, viu-se que vinha pelo rio uma anta morta, do
tamanho de urna mula, mandando o Capitão que alguns companheiros a
trouxessem, indo buscá-la em uma canoa. (DRA-T)
421. Aconteceu que ele, indo fazer uma viagem, voltou do caminho e contou à mulher
o motivo porque não a faria mais. (MAB-T)
422. Não se sabe até onde irá esta conduta das oposições dos Estados da Bahia e São
Paulo, congregados, se perturbará definitivamente a vida nacional indo até o
extremo de negar ao Poder Executivo as leis de meios (…). (ACD-O)
242
423. A “Barca” saiu sem querer um romance em que vários personagens aparecem a
relanços e vão indo até o fim. (PAU-CR)
424. Foram morar em Caxambu, creio, Ouvi a meu pai, certa vez, que o velho Ataíde
de Várzea dos Buritis sempre lastimava que tivessem ido plantar tão longe aquele
galho do antigo tronco. (ABD-R)
425. Mocotozinho e Pinha acreditavam terem subido no conceito do chefe, por terem
ido dar o ataque no São Carlos. (CDE-R)
426. Tinham ido para os estudos, eram doutores. (FM-R)
427. A bôca da fornalha parecia um açude ¡ com mais um palmo a casa de purgar teria
ido embora. (ME-R)
428. Pelo jeito dêle, conheceu logo que o negócio tinha ido mal. (QUI-R)
429. Talvez não tivesse ido esperá-lo devido a algum doente grave, talvez uma
operação. (SV-R)
430. A nação é realmente representada, porque se supõe que os que não concordaram
com essa representação teriam ido votar em sentido contrário (…). (DC-T)
431. Tendo ido à Comissão de Finanças, apresentou esta, em sessão de 25 de
novembro, o seguinte parecer n9 273 : (…). (DPA-O)
VERBO CHEGAR
1.
E chego à conclusão de que, quando não fôsse um poeta de grande envergadura,
ainda seria Pedro Luis um grande poeta só porque influenciou Castro Alves.
(ABC-R)
2.
Quando chegou à ilha do Pavão, Afonso Jorge Nzomba era o mais importante
negreiro ali jamais visto, vendendo dezenas de peças da Índia por mês, recebendo
em casa os bem-nascidos e ostentando luxo e riqueza raras vezes presenciados.
(FEP-R)
243
3.
Em dous minutos chego ali à Confeitaria da Estrada, e antes das nove estamos no
Recreio... (REI-R)
4.
Chego-me a um grupo de sete ou oito desses que estacionam nas imediações da
prostituição; todos querem falar ao mesmo tempo. (PAU-CR)
5.
Há muitos para quem o feijão com angu, diariamente, chega a ser um mito...
(ABD-R)
6.
Um sujeito chega, atenta, encolhendo os ombros ou estirando o beiço, naqueles
desconhecidos que se amontoam por detrás do vidro. (AN-R)
7.
A mesa já estava posta; Chega, chega, minha gente, A galinha é p'ra quem
gosta! (CGU-R)
8.
Todo homem chega a um ponto de sua existência em que deve escolher A
MELHOR PARTE, QUE -LHE NÃO SERÁ TIRADA. (DIE-R)
9.
(...) precisa deixar na terra o pêso do corpo e então, de degrau em degrau, chegase lá em cima. (IM-R)
10.
Chega de chá. Mande virar um cafezinho. (OES-R)
11.
Erisipela só dá com febre assim. Antônio, quando tem os ataques dêle chega a
ficar dizendo besteira. (P-R)
12.
O ordenado é pequeno, não chega para os livros. (SB-R)
13.
Por hoje chega. Vamos à Rua Clapp, varrer, espanar. (THU-R)
14.
Então vamos ajeitar tudo, porque o noivo chega já. (OSP-D)
15.
(...) logo se fizeram estalagens e logo começaram os mercadores a mandar às
minas o melhor que chega nos navios do Reino e de outras partes, assim de
mantimentos como de regalo e de pomposo para se vestirem (...). (CH-T)
16.
Chega a infantilidades de revolta, como nesta disposição de redondilhas, da
admirável “Nênia dos Penates” (...). (EP-T)
17.
(...) produz imediatamente uma coloração vermelho-violácea que chega ao
máximo de intensidade entre 10 e 30 segundos. (FIG-T)
18.
E, por isso que a gente, para enganar o dono dos matos, chega em casa e canta
(...). (MAB-T)
244
19.
A anúria reflexa dura poucas horas, excepcionalmente chega ou passa de 24
horas. (SEM-T)
20.
0 fogo chega ali, queima ferozmente os últimos hervanços secos, enrodilha-se nos
últimos arbustos (...). (TES-T)
21.
Quem nasceu para dez réis não chega a tostão. (TP-T)
22.
Começamos pelos monumentos, de modo que, quando um dêstes merecimentos,
extraordinários chega, com efeito, ao apogeu de seu valor, fica faltando
inteiramente à critica o meio de exprimir a verdade e de render ao progresso por
êle realizado a devida homenagem. (DPA-O)
23.
A coisa vai nesses têrmos por aí além e a tantas chega do Rio um telegrama como
o que o “Times” publicou ontem (...). (PAU-CR)
24.
Em 1879 chega realmente ao Rio o novo deputado e toma parte imediatamente
nos trabalhos preparatórios da câmara. (PAU-CR)
25.
Ali pelo oitavo chope, chegamos à conclusão de que todos os problemas eram
insolúveis. (AMB-R)
26.
Chegamos juntos ao escritório e Jurandir, na entrada, piscou o olho malicioso.
(OES-R)
27.
A hora de vésperas chegamos a uma aldeia que estava sobre uma barranca e, por
lhe parecer pequena e tão bem situada que se diria um recreio de algum senhor de
terra a dentro; mandou o Capitão que a tomássemos. (DRA-T)
28.
Ainda assim chegamos a Sento Sé a 28 de outubro, ao Remanso a 31, vila
próspera, construída sobre uma barranca alta, à margem esquerda (...). (RSF-T)
29.
Parece que chegamos a um tempo, em que só uma espécie de literatura é
possível: a dos grandes profetas de Israel anunciando as desgraças da pátria, a
literatura das Lamentações. (CI-CR)
30.
Chegam afinal. É um rancho pobre no fechado da mata. (ABC-R)
31.
Mas chegam bem, sim. (LOC-R)
32.
Não há dinheiro no Tesouro; ponham-se as notas recolhidas em circulação, assim
como se faz em casa quando chegam visitas e a sopa é pouca: põe-se mais água.
(TF-R)
245
33.
(...) nunca já mais serão pagos, porque as mulheres, corno eu, nem chegam a
agradecer, sem que lhe fiquem escrúpulos no decoro (...). (EHB-T)
34.
E para isto, como para tudo, há modas que chegam, frescas, e modas que passam,
cansadas. (LM-T)
35.
Em alguns casos, como ensina Strümpell, o estado de inflamação crônica das
amígdalas passa inadvertido, porque estas não chegam a hipertrofiar-se (...).
(TPM-T)
36.
É curiosa a puerilidade a que certas críticas chegam em dado momento. (DPA-O)
37.
Minha mulher percebera isso e prevenira-me, quando cheguei a casa para jantar:
(...). (ABD-R)
38.
Atravessei o jardim, subi a escada, cheguei à sala, aturdido. (C-R)
39.
(...) e tive-a, há horas apenas, quando cheguei a êste lugar que, por tudo que nêle
vejo, por milagre do Céu (...). (IM-R)
40.
Cheguei a ouvir o rumor do corpo caindo n'água. (P-R)
41.
Logo que cheguei ao ginásio, com o atraso de quase uma semana, o aluno Victor
Graeff-que viria a ser no futuro deputado pela União Democrática Nacional (...).
(SC-R)
42.
(...) devo informar à câmara que quando cheguei a Montevidéu no ultimo dia do
mês de Outubro de 1851 já estava feito o acordo entre o general Urquiza, Oribe e
suas tropas (...). (EIN-T)
43.
Quando cheguei em casa, estava desfatigado e pude esperar. . . até agora. (FCACR)
44.
Deu-me grande satisfação a tua amável cartinha de 8 do passado, pela qual fiquei
sabendo que chegaste bom de regresso à nossa querida terra (...). (TN-R)
45.
Anteontem, chegou-me também aos ouvidos que Mère Blandine investigava as
mesmas coisas, inquirindo velhos conhecidos meus. (ABD-R)
46.
Martinha chegou chorando. (AGM-R)
47.
Chegou o momento de ensinar o ciúme da mulher. (AMV-R)
48.
Carlinho Pretinho chegou dizendo que tinha um presunto nos Apês, fresquinho.
(CDE-R)
246
49.
Calmo chegou à favela cabreiro diante da possibilidade de alguém saber sobre o
que se dera na cadeia (...). (CDE-R)
50.
O médico chegou mesmo a comprar-lhe um saquinho de bombons, Lucrécia
olhava inquieta o céu escuro. (CI-R)
51.
Logo pelas 20 horas o sono chegou. (CMC-R)
52.
Depois chegou à porta: -O Dr. Liberato já veio, D. Maria? (C-R)
53.
Nem no primeiro dia de aula, quando apanhei, nem naquela surra da velha
Sinhazinha, o pranto me chegou com tal desespero, que me tapava a garganta.
(DOI-R)
54.
Chegou às sete horas e meia, entrou, subiu ao terraço e olhou para o mar. (EJ-R)
55.
Vitorino saltou da égua, amarrou o cabresto na cerca e chegou-se para perto da
tenda. (FM-R)
56.
O meu pai chegou agorinha de Itabaiana. (FM-R)
57.
Apareceu o negro Floripes na porta, chegou o boleeiro Pedro, e Seu Lula a gritar
com o capitão (...). (FM-R)
58.
Quando êle aqui chegou, tal como ainda hoje está, éramos nós crianças que
brincávamos vigiadas por aios. (IM-R)
59.
O maluco chegou-se mais para perto dele, encolhido. (LOC-R)
60.
Chegou a casa às três horas. (LSO-R)
61.
17 de Agosto Fidélia chegou, Tristão e a madrinha chegaram, tudo chegou. (MAR)
62.
Agora ela está chorando. Jiguê agarrou o herói e chegou o porrete com vontade
nele. (MCU-R)
63.
No canto direito parou. Veio vindo. Chegou. Enfim chegou. (NP-R)
64.
Chegou e telefonou. (OES-R)
65.
Então D. Eufrásia chegou na porta da cozinha e gritou para o quintal (...). (PB-R)
66.
O dinheiro chegou. (PB-R)
67.
Seguido pelos rogos da Silvina, que lhe suplicava deixasse a porca em paz
agarrou da espingarda, desceu ao quintal, chegou-se para a porca. (PRI-R)
68.
Chegou a desconfiar que era já sonho. (RCV-R)
247
69.
Chegou a obter, por dinheiro, que um dos melhores latinistas da península (...).
(RCV-R)
70.
Chegou e eu esperei ainda. Afinal, fui levado à sua presença. (REI-R)
71.
Meu pai chegou à casa mais cedo que de costume e já bastante alcoolizado. (SCR)
72.
(...) a trovoada abalou as serras, chegou rija ainda aos costados do morro, foi
vibrando por árvores e córregos. (SF-R)
73.
Ninguém sabe cuma chegou, apareceu num dia, só ela é que entende tudo que o
beato diz... (SV-R)
74.
A um que chegou metido num terno de linho mas de camisa de peito engomado e
sobraçando um guarda-chuva, Heitor rosnou lá do cadeirão lavrado de couro (...).
(THU-R)
75.
A nova de tais sucessos chegou á Porungada. (URU-R)
76.
Chegou primeiro um delegado de polícia, magro, fúnebre, de fala doce, óculos
pretos e modos de pastor protestante. (VIA-R)
77.
Ela me disse que desde que chegou aqui ainda não recebeu um tostão! (OSP-D)
78.
Chegou munido duma porção de recomendações de primeira ordem, entre as
quais uma carta, trazida de Áustria, duma cunhada do Ditador. (BR-T)
79.
Depois de receber as ordens do vice-rei do Peru, regressou e chegou ao Pará em
12 de Dezembro do ano seguinte. (CH-T)
80.
Nabuco chegou a dizer ao chefe do Gabinete que, se tal fizesse, ele se veria
forçado a afirmar o contra-rio. (EIN-T)
81.
Quando a notícia do movimento cartista chegou ao Rio, explodiu a satisfação
geral experimentada pelo povo (...). (FHB-T)
82.
Chegou-se assim à construção de casas gigantescas, que, num espaço restrito,
acumulam massas de indivíduos demasiado consideráveis. (HD-T)
83.
Enquanto estava nesse vexame, ela nadou, nadou, chegou em casa, contou aos
parentes o que acontecera, mas sem falar em Zambi-a-pongo. (MAB-T)
84.
Chegou-se a discutir gravemente se o silvícola era um ente racional. (PPH-T)
85.
(...) ainda hoje, não se chegou a uma solução inteiramente satisfactoria. (RIM-T)
248
86.
Uma manhã, estava sentado à porta quando chegou um vaqueiro perguntando
noticias de um animal sumido. (TES-T)
87.
Porquanto não chegou o Banco a constituir-se regularmente nem tornou efetivas
as prescrições de sua lei orgânica (...). (ACD-O)
88.
(...) será difícil encontrar exemplo nos anais diplomáticos de qualquer parte do
mundo; chegou a dissipá-Ias, dizendo ao Govêrno da Bolívia que eram
infundadas as suas dúvidas sôbre a propriedade boliviana naquele território.
(DPA-O)
89.
Mudou tanto que a mãe chegou a estranhá-la porque em casa ela já não era a
mesma menina humilde (...). (PAU-CR)
90.
Chegou hoje o dia de examinar a tradução de resolver sobre o prefácio. (PAUCR)
91.
RUY chegou mesmo a ir assistir aulas do Colégio Progresso e, de uma feita,
levou consigo o amigo Rodolfo Dantas, então Ministro. (PAU-CR)
92.
Vós viestes, sem duvida, porque, como rico senhor que sois, andais a caça e foi
seguindo o rastro ligeiro dalguma lebre arisca que chegastes a este ermo. (ACCR)
93.
(...) a princípio, chegaram a cogitar de expulsão (...). (ABD-R)
94.
Porém, no mesmo dia em que chegaram, colocaram uma boca-de-fumo no Bloco
Sete dos apartamentos novos. (CDE-R)
95.
Quando lá chegaram, falavam de bôca. (EJ-R)
96.
Chegaram-se para o caminhão, mesmo antes deste parar. (LOC-R)
97.
Fique sossegado que nós chegaremos a tempo. E chegaram. (NP-R)
98.
As últimas cargas de algodão chegaram ao descaroçador. (SB-R)
99.
E quando chegaram ao que eu sabia, as ave-marias do fim, tive vergonha de
juntar minha voz à das outras, embora Maria José me desse com o cotovelo e me
fizesse sinais de cabeça. (THU-R)
100. Em 1824, as coisas estiveram tão affeitas ao absolutismo que jornaes
governamentaes chegaram a pedir ostensivamente, em campanha evidentemente
encommendada (...). (BRA-T)
249
101. Muitas vezes houve o desejo e a inquietude de descobri-lo, tanto pelo mar como
pelos reinos de Quito e ruína chegaram a navegá-lo todo. (DRA-T)
102. (...) retiradas por operação, chegaram à conclusão de que a mesma flora (...).
(GAC-T)
103. Pessoas interessadas no deposito, abriram. um poço no local e chegaram a
extrafir algumas toneladas de minerio. (RIM-T)
104. Lembre-se V. da Mme Bovary e do Imortal, para não falar de vários cidadãos
gregos e romanos que só até nós chegaram graças ao amor ou ao ódio dos
escritores... (CRE-CR)
105. Antônio não chegava a perceber muito bem por que o tio não era um homem às
direitas. (ABC-R)
106. Parou perto da fonte que cantava; aquêle rumor de água chegava aos seus
ouvidos como doce carícia. (AGM-R)
107. Quando o aguaceiro chegava, o couro cru da cama do velho Trajano virava
mingau, tanta goteira havia (...). (AN-R)
108. (...) chegava até a ser, às vezes, careteiro e risonho como Red Skelton. (CMC-R)
109. Chegava-me para perto do Zé Ludovina, como se estivesse com medo de não
chegar até lá. (DOI-R)
110. (...) aquilo já fazia parte do cenário natural da noite, não chegava a perturbar o
sossego. (HR-R)
111. Em tempo de seca e fome chegava-se aos antigos senhores (...). (INF-R)
112. E agora que chegava o momento oportuno, eis que se calava, eis que se apegava a
todos os pretextos para não falar. (LRU-R)
113. A névoa dos altos chegava até os cajueiros. (ME-R)
114. E quando chegava para passar uns dias no Açu, tudo que era de Amâncio estava
no estado em que estava. (PB-R)
115. E a noite chegava de repente, rápida, como se alguém houvesse torcido um
comutador. (P-R)
116. Durante alguns dias andei aterrado e só muito tarde chegava a conciliar o sono;
tudo eram medos. (RCV-R)
250
117. Pensando bem mesmo, chegava a achar aquilo natural. (REN-R)
118. (...) gente que ninguém conhecia, que chegava diariamente, atraída pelo ouro dos
cacaueiros. (SJ-R)
119. Em outras tardes, logo que Polidoro chegava, saía a pé, pelas ruas dos arredores,
pelas praias até ao Campo de São Cristóvão. (TF-R)
120. Nas noites de reza chegava em casa que era uma lástima. (US-R)
121. 0 que surpreendia e chegava a causar assombro aos europeus (...). (BCA-T)
122. (...) a situação não havia melhorado, tanto que a população de colonos não
chegava a 3 000! (PPH-T)
123. (...) confundindo o teu sangue rubro com o rubro sangue dos soldados, chegavas
heróico, quase a morrer, aos acampamentos agitados ou silenciosos, pela vitória
ou pela derrota. (TA-R)
124. Pouco depois chegávamos ao colégio de minha irmã Felícia. (RCV-R)
125. Em cada fazenda que chegavam era uma festa. (ABC-R)
126. (...) o alto grau a que chegavam as coisas sobre a prateleira (...). (CI-R)
127. (...) mas conseguiu girá-las na direção dos índios, no momento em que eles já
chegavam ao largo da Intendência. (FEP-R)
128. (...) a cabeça descreveu uma série de movimentos parciais, incompletos, que nem
chegavam a inteirar um quarto de círculo. (LOC-R)
129. Afinal chegavam os dous retardatários, anunciando que nenhuma patrulha viera
mais a terra depois dos tiros. (OSP-R)
130. Chegavam, estropiados da jornada longa, mas felizes.(SER-R)
131. Em todos os vapores onde iam imigrantes era sempre a mesma coisa: chegavam
esfomeados, enterravam-se no peixe, morriam uns quantos de disenteria. (SV-R)
132. (...) os problemas econômicos e sociais, cada vez mais agudamente focalizados,
chegavam à conclusão de que a maquinaria do regimen representativo não
poderia ser utilizada satisfatoriamente (...). (BCA-T)
133. Basta dizer que chegavam a incitar os silvícolas à antropofagia. (SPS-T)
134. Realmente, houvera a carta, mas a comunicação do editor não me chegara a
causar desgosto (...). (ABD-R)
251
135. De onde surgira, como chegara até tão perto sem que o notasse, não sabia
explicar. (ANP-R)
136. Sérgio porém chegara quase a ter uni sobressalto e indagara logo a que horas
despertara. (ANP-R)
137. Naquele momento, eu não tive consciência de que chegara a um limite em minha
relação com o mundo (...). (CPT-R)
138. O Amaro antigo chegara no Santa Fé, com carta de parentes do capitão, de
Goiana. (FM-R)
139. Chegara a fazer pilhéria com Cleonice, aludindo ao seu noivado de mais de doze
anos. (LSO-R)
140. O tenente Percival, que, de tão entusiasmado com o seu “estudo”, contagiara os
outros e chegara a reunir em tôrno a si quase tôda a turma dos militares (...).
(PAP-R)
141. Conhecia aquêle menino desde que chegara em Pureza com o pai. (P-R)
142. Lourdes reagira, discutira, Lourdes chegara a brigar. (REN-R)
143. O telegrama do Dr. Aureliano chegara por um portador, avisava que a carta
tratava de assunto importante. (SV-R)
144. Lembrava-se bem daquele dia em que Iaiá Soares chegara em sua casa para
contar histórias do marido com mulheres. (US-R)
145. Chegara a contar nove engenhos (...). (PPH-T)
146. Chegáramos à sobremesa daquele meu primeiro almoço no engenho e embora eu
não tivesse a menor intimidade com ninguém (...). (PRI-R)
147. Era de esperar que estivesse mais próximo e, se ainda não estou, nem a milésimo
do caminho, nunca mais lá chegarei... (VM-R)
148. E de observação em observação chegarás a convencer-te de que a linguagem é o
espêlho do carácter. (ELM-T)
149. As suas vistas estavam talvez desde então voltadas para a presidência do senado,
à qual chegará em 1861 para fazer dela durante treze anos uma espécie de
presidência da câmara dos lords. (EIN-T)
252
150.
(...) o verdadeiro órgão linfopoiético do baço, chegaremos à conclusão definitiva
de que ele sofre um ciclo evolutivo semelhante ao dos demais órgãos
mielolinfopoiéticos. (HA-T)
151. Se bem andardes, sem um instante de descanso, lá chegareis com o dia. (IM-R)
152. Por fim chegarão ao cano de despejos de um convento de freiras que havia no
quintal (...). (BR-T)
153. Um dia qualquer êle chegaria em casa cheio de presentes e tôda a casa ficaria
alegre, feliz com a sua presença. (AGM-R)
154. (...) sempre a pensar na morte: “que não chegaria a ver o filho formado.” (IF-R)
155. Voltou cedo, às cinco horas da tarde, ficando satisfeito com a notícia de que
provavelmente o Heitor chegaria no dia 17. (THU-R)
156.
(...) e forçoso é confessar que chegaríamos, assim, a triste e desanimadora
conclusão de que o número dos ingratos é maior do que se pensa. (ACD-O)
157. Se não, chegariam sem um tostão a Pirapora e Jerônimo já soubera que muitas
vezes levavam mais de mês esperando condução (...). (SV-R)
158. Pórcia fica com o filho, guardada pelos cabras e brinca com a criança, ensi na-lho
as primeiras palavras querendo fazer uma surprêsa a Leolino quando êle
chegasse. (ABC-R)
159. Augusto ficava pane da noite no Calipso, sozinho, esperando que alguma coisa
parecida com Sônia chegasse ou passasse, seria um consolo. (CPT-R)
160. (...) como não desabou até que chegasse mais aliviada, acreditando que tenha
respondido para passar, passar na tangente (...). (OES-R)
161. Trepado na ribanceira, o coração aos baques. o menino mais novo esperava que o
bode chegasse ao bebedouro. (VS-R)
162. Respondia-lhes: nestes dias, e nestes permitia Deus que chegássemos e tudo se
achava certo. (CH-T)
163. E se naquele momento, chegassem os outros? (CAV-R)
164. Quatro anos depois insistia a Mesa. de Inspeção pela regularidade e propunha
chegassem ao Brasil os navios em Agosto e tornassem em janeiro . (NO-T)
253
165. Violante que, por esse tempo, teria pouco mais de trinta anos, seguiu de perto,
morrendo sem chegar a ver de novo os seus. (ABD-R)
166. Voz paulista, certa de chegar no fim da frase. (AMV-R)
167. Oito e meia. Preciso vestir-me depressa, chegar à repartição às nove horas. (ANR)
168. Dadinho conseguiu enganar a mãe por bastante tempo, dizendo que da casa do
amigo era mais rápido se chegar ao centro da cidade, e que, se fosse para casa
todo dia com aquela cadeira, iria ficar muito cansado. (CDE-R)
169. Inexplicavelmente com mais esperança, tentava agora excitar sua ira até chegar à
própria força, trotando atenta, experimentando tocar nos objetos (…). (CI-R)
170. Tamanho foi o seu enlevo que não viu chegar a patroa, já de volta. (CMC-R)
171. Diogo Antonio Feijo, visto haver certeza de que se acha em Pernambuco e
proximo a chegar a essa Côrte. (DÓI-R)
172. Quisera chegar a casa, por mêdo da rua, mas quisera também ficar na rua, por
não saber que palavras nem que conselhos daria aos seus. (EJ-R)
173. Tenho ainda que parar no Santa Rosa e preciso chegar cedo em S. Miguel. (FMR)
174. (…) tornaram-na defesa ao homem que não mais ousava chegar-lhe à orla para
lenhar, como dantes faziam tranqüilamente vilões e servos. (IM-R)
175. (…) a chegar até nós, cada palavra perfeitamente distinta. (LRU-R)
176. (…) e ela olhava pela janela do trem calculando quanto demoraria a chegar à
próxima estação, desejando enfim erguer-se e agitar um pouco as pernas cansadas
pela imobilidade. (LUS-R)
177. (…) aí José Lucas arranchara na véspera, afim de chegar ao Rio Manso no dia
imediato, como acabava de chegar. (NT-R)
178. Você sabe, senhor meu primo, que seu filho mais velho todos os dias, depois das
aulas, se mete na Exposição e só aparece minutos antes de você chegar? (OES-R)
179. Manivela resolve chegar-se mais pra junto do povo, calçar também o passeo de
lajes, molhado e luzidio. (PAP-R)
254
180. No seu entusiasmo de chegar à casa, como a um porto franco, Evandro minimiza
tempo e espaço. (PRO-R)
181. Compreenderam que ia chegar ao desenlace, e não quiseram perder uma sílaba
daquela parte da narração, em que iam saber da morte do imortal. (RCV-R)
182. Naquele instante mesmo, o que mais o espantava era que tivesse tido interesse
para escrever durante dias e dias, semanas e semanas, e chegar ao fim daquela
história fantástica, quase inverossímil. (REN-R)
183. Quando, transposta a capoeira e ao chegar a casa, o Celestrino se via livre
daqueles terrores, vinha-lhe uma fome desesperada (…). (SF-R)
184. Chegar fatalmente depois. 0 únio jeito que lhe resta ‚ arriscar, andar depressa
por aqui mesmo, passar em frente ao tira e, ao entrar nas primeiras ruas do bairro,
ganhar velocidade. (SJ-R)
185. Ao chegar ao último degrau olhou para cima e em minha direção. (UMO-R)
186. Para chegar aos venezianos, as madeiras de tinturaria do Oriente, sobretudo as
que davam a púrpura, eram trazidas a Bássora ou Alexandria pelos árabes. (BL-T)
187. 0 subsídio não vai chegar a um advogado, a um engenheiro, a um médico que
exerce a sua profissão, que tem um trabalho lucrativo e altamente remunerado.
(DC-T)
188. Ao chegar o cortejo a uma praça grande, em cujo centro tinham afincado uma
árvore armoriada com o brasão de Portugal, aí se deu a representação do combate
(…). (ESM-T)
189. Se existir oclusão do colédoco, a bile segregada pelo fígado impedida de chegar
ao intestino nem por isso deixa de ser segregada (…). (FIG-T)
190. (…) bastaria para destruir a peça folclórica, pois, de simples delegados de tribos
em confabulações para uma “aliança”, chegar-se-ía a uma guerra inconcebível.
(MAB-T)
191. Soubemos pouco depois que o Neco já os havia reclamado por meio de
emissários que acabavam de chegar. (RSF-T)
192. Chamemos x a quantidade em centímetros cúbicos da solução de sulfocianeto
empregada para chegar-se ao fim da reação. (SM-T)
255
193. Em seguida surge a gengivite, sobretudo junto dos grandes molares; esta cede, se
houver o cuidado de suprimir as aplicações de bismuto; em caso contrário, pode
chegar à estomatite ulcerosa, localizada ou generalizada. (TPM-T)
194. (…) as quais, porém, têm um limito determinado, provavelmente, pelo gênero do
mester, para chegar até aos variados o vastos hábitos de exibição e de ostentação,
acompanhados por fatos cada vez mais expressivos da degenerescência psíquica,
como se pode observar em algumas formas de vaidade criminal. (VE-T)
195. (…) encontrei os ofícios nefelibatas da Escola Correcional, que me obrigaram a
uma leitura apurada, sem chegar a compreende-los. (ACD-O)
196. (…) para a hipótese de ser irremissivelmente condenada a solução jurídica, e,
“mediante acordo geral da Conferência”, havermos de chegar a uma transação.
(DPA-O)
197. Ao chegar em Taubaté o R. disse a ela que tinha avisado o Lobato e era provável
que ele estivesse na estação para dizer-lhe adeus. (PAU-CR)
198. Ela não precisa da ortografia para chegar aos seus fins. (PAU-CR)
199. Antes de lá chegarmos, antes de legitimamente pensarmos em taci “requintes”
(...). (ESP-T)
200. E Leolino e Exupério não estão, quando chegarem será tarde. (ABC-R)
201. (...) lendo os nomes das estações, escondendo-se dentro de trens de cargas,
chegarem até onde viviam a Rosa e o Manuel. (THU-R)
202. Mas espere, então, que eu chegue lá, para avisar preto Roque e preto Benedito
que previnam os outros. (CLS-R)
203. (...) como foi a crise econômica do Brasil de 1760, chegue até hoje sem que se lhe
haja estudado a repercussão que teve em nossa história. (BR-T)
204. A nossa temos esperança que ao fim deste mês chegue aos 400. (PAU-CR)
205. Pois não é lamentavel que cheguemos a isto, que hesitemos nesse direito a ter
physionomia, e que nos illudamos quanto á necessidade de affirmação nacional?
(BRA-T)
206. Onde cheguem os germes e tentem alojar se, o organismo reage por inflamação
aguda. (TPM-T)
256
207. Mas a fisionomia de novo se lhe abriu, sorridente, por ter chegado, talvez, à
conclusão de que se enganara na interpretação de minhas palavras. (ABD-R)
208. Outro problema, no entanto, era afirmar até que limites a desgraça tinha chegado.
(ANP-R)
209. Logo informei disso o velho barão que, não percebendo que eu tinha chegado aí
pelo inglês, ficou tendo em alta consideração o meu saber malaio. (CMC-R)
210. Não me havendo chegado notícia das viagens de Gulliver, penso que a minha
gente liliputiana teve origem nas baratas e nas aranhas. (INF-R)
211. Tinham chegado no Parque Antártica. (NP-R)
212. Margarida teria chegado, a mãe e a irmã se acordariam com a sua entrada. (P-R)
213. Não era muito dinheiro, mas os homens fariam falta nas roças, agora que as
chuvas tinham chegado. (SJ-R)
214. Quando os brasileiros sensatos ainda hesitavam, os governantes portuguezes,
todos, já haviam chegado á convicção - de que o Brasil estava independente.
(BRA-T)
215. Havia, pois, chegado o momento de encarar e solver a interrogação abolicionista.
(FHB-T)
216. Quando a depressão da parede abdominal tiver chegado ao ponto desejado,
procura apalpar-se o rim em sua descida inspiratória. (SM-T)
217. A faculdade para autorizá-la está regulada no art. 2º, não se pode exercê-la senão
quando o cesso tem chegado à fase definida (...). (DPA-O)
218. (...) havendo-se a velha casa especializado ultimamente em livros espiritistas e
não chegando a causar perturbação a entrada de um ou outro esquivo freguês (...).
(ABD-R)
219. Tanto mais quanto já estão chegando colegas meus... (ANP-R)
220. Sinhana vinha chegando do quintal e esbarrou com a filha na cozinha. (CLS-R)
221. A maternidade, chegando ao meio-dia, era como uma aurora nova e fresca. (EJR)
257
222. Pelo resto do dia a casa esteve cheia de gente, uns se cansavam e iam embora,
outros iam chegando de fresco, todo mundo se apertando na varanda pequena
(...). (HR-R)
223. Depois da cena, sempre que a encontrava, ameaÇava-a das piores coisas
possíveis, chegando em casa irritado, sombrio (...). (JUB-R)
224. Sua esperança estava na varredeira da Limpeza Pública que vinha chegando.
(NP-R)
225. Foram se chegando para lá. (PB-R)
226. (...) o céu fazia economia de estrelas apagando-as, à medida que o sol ia
chegando para o seu ofício. (RCV-R)
227. Isso é peitica do diabo! Mas aos poucos Edna foi se chegando. (RD-R)
228. Acabou chegando à conclusão de que a mãe, por mero respeito humano (...).
(THU-R)
229. (...) as células fotoelétricas chegando a um percurso igual das curvas fornecidas
por esses aparelhos. (AHC-T)
230. Ele também é dos maiores peixes do Amazonas, chegando a ter 8, e mais pés de
comprimento, com quatro metros e mais de grossura. (ENS-T)
231. (...) sofriam a ação assoberbante do inicio e muita vez não resistiam, chegando a
assimilação no ponto de, é ainda Capistrano quem o afirma, “deixar o colono
furar os lábios e orelhas, matar os prisioneiros segundo os ritos e cevar-se em sua
carne.” (PPH-T)
232. (...) o procurador Álvaro Netto, chegando ao edifício do Concelho e ao notar a
ausência dos colegas, chamou à sua presença o escrivão da Câmara e tabelião, e
fez que registasse o seu protesto. (SPP-T)
233. Aqui chegando, Sr. Presidente, procurei apresentar um projeto de lei (...) (ACDO)
234. Chegando a Bahia, vi que a recentíssima reforma do ensino q. aliás não presta
para nada, acrescentara as escolas normais um curso de lições de coisas. (PAUCR)
258
VERBO ASSISTIR
1.
Assisto a uma discussão do barbeiro André Laerte com o negociante Filipe
Benigno. (AN-R)
2.
Inhor” não, assisto aqui, vai fazer um ano, em novembro. (FMA-R)
3.
Que fabricas tu? Não fabrico. Assisto às fabricações. (BT-R)
4.
(...) e refluxos dos desdobramentos, e assistes, do alto do destino feito de
orgulhos transfundidos em valores, à sinfonia desse íntimo entusiasmo que
repercute numa toada permanente (...). (PAU-CR)
5.
Está acostumada a permanecer horas e horas sem dizer palavra, quando assiste às
nossas reuniões, nos dias em que Jandira nos convoca. (AMB-R)
6.
Ora, pois, a que se assiste agora, no quarto acabrunhado de Iô Pepeu? (FEP-R)
7.
É engraçado mas êle quase que assiste, consigo, a êsse formar-se dum “sentido de
família”... (PAP-R)
8.
Quem considera as povoações do S. Francisco, das nascentes à foz, assiste à
sucessão dos três casos apontados. (SER-R)
9.
(...) e a cada um de nós que preza a boa fama de sua Pátria, assiste o direito de
censurar o escritor que tão mal corresponde ao apreço de seus compatriotas (...).
(TN-R)
10.
(...) e que, sendo um desmembramento da administração estadual, ao Estado
assiste não só o direito, mas o dever de controlar essa administração local (...).
(AR-T)
11.
(...) desde as liberdades com que moços e moças desenvolvem seus namoricos até
a quase indiferença com que se assiste a um escândalo conjugal (...). (CC-T)
12.
(...) Pedro Jansen “por uma gradinha do quarto em que assiste por onde dera a ela
mesma testemunha “procuração para se receber com o dito Pedro Jansen. (EHBT)
259
13.
(...) o ministro de Relações Exteriores, assiste, como representante do Brasil, o
barão d'Aguiar d'Andrada; o resultado, desta vez, é completo, e fica firmado em 3
de Fevereiro (1876). (EIN-T)
14.
Assim, se assiste à formação de dois aparelhos circulatórios, um proveniente da
área extra-embrionária e outro da área embrionária. (HA-T)
15.
Verseja também por espetáculos de comédias a que assiste, por festas a que vai,
por sucessos sem nenhuma importância, por beldades diversas, e por fim verseja
devotamente como um libertino arrependido ou antes medroso do inferno. (HDT)
16.
Assiste e dirige, engrandecendo e castigando, todas as épocas e todos os, seres.
(MAB-T)
17.
0 mundo assiste a uma porfia sublime, em que a preocupação dos povos
superiores dir-se-ia consistir em exibirem (...). (REP-T)
18.
(...) o programa da instrução que ao povo assiste o direito de reclamar dos que
trazem a seu cargo velar pelos interesses dele, mínimo de conhecimentos que o
Estado tem, por sua parte, o direito de exigir legitimamente de todos os cidadãos.
(REP-T)
19.
Quando a uremia chega ao seu período terminal assiste-se, nos urêmicos a uma
verdadeira fusão muscular. (SM-T)
20.
Outro doente assiste a um serviço de comemoração, por ocasião do aniversário da
morte de Eduardo V11 (...). (THV-T)
21.
(...) mas se o organismo reagir e vencer o ataque, assiste-se, neste caso, à volta do
organismo ao estado de alergia terciária. (TPM-T)
22.
Assiste-se, na maioria dos casos, à transformação cancerosa de uma leucoplasia
bucal: torna-se mais larga a placa, fende-se aqui e ali, torna-se irregular, cresce e
afinal se ulcera. (TPM-T)
23.
0 diagnóstico pode ser feito pelo primeiro indivíduo parasitado, que assiste à
saída. do verme (...). (TPM-T)
260
24.
As figuras e os clementes debatem-se em dramas humanos ou cósmicos, mas o
escritor assiste imperturbável a esses cataclismos da alma e do universo (...).
(VOM-T)
25.
Nada tem a dizer sobre a liberdade que lhes assiste. (ACD-O)
26.
(...) cujo parecer aguardo para apresentar, na discussão, os documentos em que se
estriba o direito que assiste ao cidadão Antônio de Castro Gandra, que a oito anos
aguardo o pagamento dessa quantia. (ACD-O)
27.
(...) e o legislador, o fator da lei, o criador do direito, assiste a isso acabrunhado e
impotente, vendo a sua própria obra abalada pelos alarmas saídos do seu próprio
seio ! (ACD-O)
28.
(...) com assento no Congresso Nacional, assiste o direito de, a exemplo do que se
dá com os magistrados em disponibilidade e os lentes jubilados (...). (ACD-O)
29.
(...) do disposto deste Regimento, ressalvando, no entretanto, o direito de crítica
que assiste ao Deputado. (ACD-O)
30.
A população de Macaé, com efeito, assiste quase diariamente a passeatas
marciais, que a cidade nunca viu e que não parecem ter justificativa na
necessidade de exercícios e instrução das forças que ali se acham e que para ali
foram para se entregarem à construção da respectiva fortaleza. (ACD-O)
31.
(...) no De natura rerum se assiste à representação de todas as lutas, de todas as
paixões, de todas as moléstias intelectuais e morais que afligiram a alma do povo
romano (...). (DA-O)
32.
Agora, se no exame das medidas que aqui se nos submetem, nos não assiste o
direito de lhes apreciar as razões com a independência mais completa (...). (DPAO)
33.
Que autoridade nos assiste, então. na esfera política, para fechar a questão e
reduzir, a golpes de penalidade, os dissidentes? (DPA-O)
34.
Sob esse ponto de vista, que é o do projeto, nos assiste direito, com títulos duas
vezes maiores que os da Bélgica, Portugal e Rumania (...). (DPA-O)
261
35.
Ainda contarei aqui o que me disse, outro dia, uma inteligente e dedicada
educadora sanitária sobre os quadros de miséria a que assiste diariamente. (EPACR)
36.
Às feias não lhes assiste o direito da curiosidade; basta-lhes, para viverem em
paz, a comodidade da feiúra. (PAU-CR)
37.
Desses picos donde a critica, volvida para a cordilheira dos seculos, assiste ao
succeder das migrações, das guerras, das conquistas (...). (PAU-CR)
38.
Adeus, querido e sábio Adour, que tão cedo compreendeu os homens e aprendeu
a viver na paz de quem, em seu cantinho na platéia, assiste à agitação dos atores
no palco da vida. (PAU-CR)
39.
Assistimos impassíveis á hegira vimos sair dos altares os santos venerados pelas
nossas mães e sorrimos. (CFE-R)
40.
Quererá você supor que o dia seguinte da guerra continue o panorama de
apodrecimento a que assistimos? (POL-R)
41.
Atualmente assistimos a um retrocesso diplomático caracterizado pelo isolamento
dos Estados (...). (BCA-T)
42.
Morrendo o esqueci, um carneiro era levado, - pelo menos até 1905, quando
assistimos a uma cerimonia dessas, - a acompanhar o préstito alegre do enterro
até o cemitério (...). (MAB-T)
43.
Assistimos a vosso lado todos os precedentes do tremendo passo, pela viva e
quente narrativa que dele fazeis (...). (DA-O)
44.
Mas, de outra parte, e por isso mesmo, senhores, quando assistimos a dias, como
os das nossas datas memoráveis /na Conferência de Haia, a dias como o de hoje
de confraternização entre todos os brasileiros (...). (DPA-O)
45.
Havia também uma pobre senhora que me disseram ser Lady M. .., e então
assistimos a cena mais extraordinária que tenho visto num salão. (PAU-CR)
46.
Os bem vizinhos de Naziazeno Barbosa assistem ao “pega” com o leiteiro. (RAR)
47.
Aí chegados assistem descalços à missa, terminada a qual o sacerdote benze a
bandeira, e o ramo, e entrega ao novo chefe. (ENS-T)
262
48.
Assistem, num vasto salão, à projeção de fitas cinematográficas. (PAU-CR)
49.
Assisti à inauguração e às sessões preparatórias. (CMC-R)
50.
Lembro-me disso porque assisti ao casamento a convite dos pais da moça. (NEGR)
51.
E assisti então a esta cousa inédita - o povo inteiro saltou das arquibancadas e das
gerais e entupiu a arena, até aparecer carregado do hotel, o grande farpeador.
(POL-R)
52.
Recordando deste angulo do tempo e do espaço as cenas a que assisti naquele
pátio, não posso deixar de concluir que elas tinham muito dos quadros de Bosch,
Bruegel e do Goya dos Caprichos (...). (SC-R)
53.
Não assisti. Adoeci e vim para o Brasil nas vésperas. (TF-R)
54.
Recordo-me que uma vez, por acaso, entrei numa pretoria e assisti um casamento
de duas pessoas pobres... (VM-R)
55.
(...) ali eu assisti, ha dias, a um dos espetáculos que mais são capazes de digna
ficar e revigorar o teatro corrupto e “gaga”: ,a representação de alguns “autos” de
Gil Vicente. (OPO-T)
56.
O Sr. Moreira da Silva (para uma explicação pessoal) - Sr. Presidente, assisti ao
debate travado neste recinto, tendo por objeto principal a personalidade política
do Sr. Dr. Campos Salles. (ACD-O)
57.
Assistiu ao processo (3) ao qual responderam os soldados, seus soldados!, e se
não aprovou o crime (...). (ABC-R)
58.
Emília assistiu à missa das cinco da manhã, para não ser vista. (AMB-R)
59.
Quando criança, não teve o trabalho de freqüentar a escola, nunca assistiu a uma
missa, não dava bom-dia a ninguém (...). (CDE-R)
60.
A moça assistiu-o acenar aliviado ao entrar pela primeira rua. (CI-R)
61.
Quem já assistiu aos exemplos edificantes de incompreensão, de desacordo, de
falta absoluta de sinceridade que eu presenciei, tem direito de desconfiar. (LRUR)
62.
Mas, enfim, o desembargador assistiu à ultima das moléstias do menino, que foi
em casa da madrinha (...). (MA-R)
263
63.
No dia seguinte, cedo, foi com verdadeiro entusiasmo que José Lucas assistiu à
partida de sua tropa, de pé, na esplanada do rancho, dizendo ao João Macota que
fosse tocando devagar. (NT-R)
64.
Rui de Leão assistiu às alegrias da vitória, e passou-se ao reino, onde casou com
uma senhora nobre de Lisboa. (RCV-R)
65.
Recorda-se de coisas aprendidas na prisão, das cenas violentas a que assistiu. (SJR)
66.
O general assistiu a batalha? (TF-R)
67.
De manhã, assistiu à missa; voltou com as freiras ao refeitório. (THU-R)
68.
Quem já não assistiu a uma dessas subitâneas desgraças que de golpe se abatem
(...). (LRU-R)
69.
Assistiu ao reconhecimento em Ascurra, tomando ainda porte rio reconhecimento
e tiroteio do alto do cordilheira e combate na mata de Guarataí. (AAR-T)
70.
Este, impossibilitado de comparecer, fez-se representar por um procurador, que
assistiu a algumas audiências. (CAB-T)
71.
Pedro I assistiu a elas, primeiro pelas confabulações maçônicas, depois pela ação
do clero e popular, cedendo à opinião que solicitava a sua permanência (...). (DCT)
72.
D. Manuel não só assistiu à batalha, mas até em Peterwerden tornou parte nela, e
em Outubro de 1716 saía ferido, coberto de glória, do ataque à Praça de
Temeswar. (EHB-T)
73.
(...) Memórias das vitorias alcançadas pelos Itaparicanos por Bernardino Ferreira
Nobrega, que a eles assistiu, o resumidamente por Ignacio Accioli de quem
transcrevemos a seguinte descrição (...). (ENS-T)
74.
Agradece ao nobre relator, que a seu lado assistiu com a maior atenção e
benevolência o seu longo discurso (...). (ACD-O)
75.
(...) e desde Zacarias a escravidão até forçar a mão a Rio Branco: quem assistiu a
essa ressurreição não tem medo que o esclavagismo possa conseguir do
Imperador que ele se lhe entregue como refém da monarquia. (CI-CR)
264
76.
Albino assistiu a algumas das provas e observa em que João José não tirou o
lugar “não suas Memórias por falta de talento”. (PAU-CR)
77.
Declamado nos teatros, nos salões, nas praças públicas, o ouviam, que a maior
parte dêles chegou até nós guardada pelos que o assistiram dizer. (ABC-R)
78.
A voz pública no Jacarandá e nas fazendas vizinhas murmurou: muitos
assistiram às zumbaias e exageraram as solicitações do bacharel à filha do André
(...). (MB-R)
79.
A solenidade assistiram o Exmo. Sr. Dr. Presidente da Província, o Dr. Miranda
Azevedo (Engenheiro Fiscal), Exmo. Sr. Visconde do Pinhal e Cel. Estanislau de
Oliveira (...). (AAR-T)
80.
Num destino Bimetálico, foram os três irmãos iguais: sacudidos na infância pelo
terremoto de 7 de Abril, assistiram de novo à queda de um trono, e comeriam em
silencio o pão do exílio, molhado de lagrimas. (RF-T)
81.
(...) se celebrizou como dono da mais certeira pontaria de tôdas aquelas terras,
quando o sertão assistia às mais espantosas cenas de crueldade e de coragem (...).
(ABC-R)
82.
Pouco a pouco eu assistia, também, à sua modificação. (CMC-R)
83.
Pedro, que assistia desde alguns instantes ao debate, interveio docemente para
dizer que os receios da mãe não tinham base (...). (EJ-R)
84.
(...) mandava amarrar um dêles à escada e assistia à surra, impassível como um
inquisidor, surdo aos gritos, às preces. (IF-R)
85.
O pai renascia nesses dias e Virgínia assistia-o assustada, com um desgosto
inquieto. (LUS-R)
86.
O fim do ano aproximava-se, as aulas chegavam a seu termo e Virgínia assistia às
lições sentada entre as vadias. (LUS-R)
87.
Assistia a suas palavras com curiosidade mas depois não podia fundir suas
descobertas consigo própria (...). (LUS-R)
88.
Essas razões criaram um arraial de mais de uma centena de casas, umas de
morada, outras de negócios, onde assistia uma população mesclada, de vendeiros
(...). (MB-R)
265
89.
A irmã continuava a lavar no tanque e Lúcio, o filho de Barba-de-Bode, assistia
encolhido a um canto a discussão entre os pais. (NN-R)
90.
Terrível como navalha voadora, o meu invento foi cortar a testa de Emanuel, que
da varanda, com ar de julgamento, assistia às minhas experiências aerostática.
(OES-R)
91.
E Evandro, vencida a prudência pelo direito que Ihe assistia de ter idéias e as
tentar divulgar, foi visitar Ascalon. (PRO-R)
92.
Vicente afastou-se e chamou o João Marreca, que de longe, a cavalo na cêrca do
curral, assistia à cena (...). (QUI-R)
93.
Assistia-as também o Conselheiro, ao lado do altar, atento e impassível como um
fiscal severo (...). (SER-R)
94.
A doente assistia tudo aquilo sem compreender e se interessar por aqueles
trejeitos e passes de tão poderosos homens que se comunicavam (...). (TF-R)
95.
Margaridona, em pé no corredor, encostada no portal, assistia de mãos cruzadas,
rodando os polegares. (THU-R)
96.
Um dia entrava no Odeon, assistia a um filme de lindar ou de Rigadin. (THU-R)
97.
Na próxima semana se veria livre de todas as desgraças a que assistia, de todas as
recordações que lhe atormentavam a vida. (US-R)
98.
(...) únicos habitantes de Portugal que o não temiam, porque estavam a coberto
dos seus arbítrios pelo juiz privativo que lhes assistia. (BR-T)
99.
(...) que a mesma correspondência continuou pelo decurso de dois anos,
escrvendo a justificante da cidade do Porto em que assistia. (EHB-T)
100. (...) Acdos os circunstantes com mil vivas e júbilos em o dito altar que estava
preparado em o qual assistia o reverendo padre vigário, revestido com a
sobrepeliz e estola em um livro (...).(EHB-T)
101. Era freqüentador habitual de S. Domingos, onde assistia à missa e repetidas vezes
se confessava. (NO-T)
102. (...) parecia-me que me assistia, pelo menos, algum motivo razoável e forte para
apresentá-la no Orçamento da Fazenda. (ACD-O)
266
103. Saci assistia a esse espetáculo, um pouco dominado pela idéia passageira de ser
homem naquele momento. (PAU-CR)
104. Nas missas de festa que assistíamos na vila, pouco víamos o padre no altar. (MER)
105. Os outros assistiam sem olhar. (CI-R)
106. Alguém real incomodava-o e sozinho ficava solto, nervoso. “Todos” pois
assistiam-no. (PC-R)
107. (...) vi duas moças afastarem-se um pouco para o interior do escritório da Gazeta
de Noticias, donde assistiam à passagem de cordões (...). (REI-R)
108. Sobre os sinais da enfermidade, referidos na correspondência do doente e das
pessoas que lhe assistiam, têm-se pronunciado alguns médicos, como Afrânio
Peixoto, Alberto MacBride e Augusto da Silva Carvalho. (BR-T)
109. (...) a favor do Conde de Oeiras, que podemos avaliar as fortes razões que
assistiam àqueles para inculcar este negócio das Chamadas Casas das janelas
Verdes lesão enormíssima. (EHB-T)
110. (...) os chamados sobrados, em que assistiam os vaqueiros das fazendas de gado
que ali se abriam: a população, vasqueira embora, ia-se espraiando. (FHB-T)
111. (...) porque de outro modo não conseguiria a conclusão das obras, assistiam
também ao construtor motivos de sobra para se mostrar descontente com a
impontualidade da sua cliente. (SPP-T)
112. (...) ou espectadores nesse drama da nossa política, a impressão de que assistiam
ao desenlace de uma crise nacional. (CI-CR)
113. Assistira ao casamento de Mário Soares, que vira nascer, com Leonor Cunha
Soares. (ANP-R)
114. (...) a festinha das Siqueira teria sido para Branco a mais de agradável, a mais
odiosa de quantas assistira naquele verão. (CAV-R)
115. Nem assistira à criação do município. (CLS-R)
116. Assistira lá à passagem do século. (DOI-R)
117. Um dia assistira a uma discussão da mulher com o vendedor de frutas, a
propósito de laranjas. (LSO-R)
267
118. (...) só se lembrou que estava ali o mar da escravidão moderna, o mar dos
negreiros; que assistira durante três séculos o drama de sangue, de opressão e de
morte, o sinistro drama do aproveitamento das terras da América pelas gentes da
Europa. (NN-R)
119. O Açu inteiro o que valia junto de Dioclécio, que tocava viola, que vira os
cangaceiros, que dormira em rêde com mulheres lindas, que assistira a milagres,
que cantava, que fazia versos? (PB-R)
120. Assistira a uma partida de futebol, tomara um copo de leite com sonho (ó tardes
de chuva da infância!) e pagara a passagem de ida e volta no bonde. (SC-R)
121. Durante ela, ao lado do marido, passeara, visitara, fôra a festas, e a teatros; mas
assistira tôdas essas cousas, sem muito se interessar por elas, sem receber
grandes ou profundas emoções de surprêsa (...). (VM-R)
122. Assistira, impassível, ás mutações, que, noutro clima, provocariam medidas
preventivas, represálias prontas. (RF-T)
123. Floriano não só fizera a campanha do Paraguay, como assistira ao seu desenlace
em Cerro Corá, ás margens do Aquidaban. (PAU-CR)
124. Eu sou o Ciro, extrema direita do primeiro tem, não assistirei às aulas do
Octacílio porque lá na fazenda em Barra Mansa lugar de preto ainda é no eito o na
senzala. (THU-R)
125. O orador dá parabéns ao Estado do Rio, porque não assistirá a mais este ato de
inqualificável desrespeito às leis. (ACD-O)
126. Se o estudo da involução do baço for feita histologicamente assistiremos a uma
atrofia do tecido linfopoiético (...). (HA-T)
127.
(...) não assistiria ao casamento, não queria saber dela. (MA-R)
128. Assistiria em São Paulo, dizia a provisão que o nomeava juiz, devendo incumbirse do despacho das apelações e mais papéis forenses não só deste lugar como das
demais vilas da Capitania. (SPP-T)
129. (...) cujos elementos estão esparsos no seio desta Câmara e no Senado, assistiria
quieto à situação que na Bahia se implantou? (DPA-O)
268
130. E se pudéssemos acompanhar a sua vida assistiríamos ao desdobramento
contínuo do mal (...). (SER-R)
131. Mesmo que os urubus viessem depois e cavassem o lugar, eles já estariam
distante, não assistiriam. (SV-R)
132. Seria melhor que Deus a matasse, a fazer com que assistisse a semelhantes
loucuras com a sua gente. (AGM-R)
133. (...) “em que ' lhe dava conta que w servir ao Imperador seu primo na guerra da
Hungria onde pedia” que lhe assistisse “com o que cá lhe dava e com o mais que
esperava da sua Real grandeza. (EHB-T)
134. Pediram-lhe as vítimas que lhes assistisse ao suplício; pôde então o Padre
Nóbrega encomendá-los, conforme a sua vontade. (SPS-T)
135. Se ele assistisse à sessão de ontem da Câmara dos Deputados reconheceria o
caminho que a idéia de emancipação tem feito nestes últimos anos. (CI-CR)
136. Se eles assistissem àquela inauguração, bem que haviam de sentir orgulho do
menino abandonado na Capela de Nossa Senhora das Dores de Cima da Serra!
(CLS-R)
137. (...) aplicassem os diretores toda a eficácia do seu zelo em persuadir todas as
pessoas brancas que assistissem nas suas povoações (...). (DB-T)
138. Para não perder de todo a caminhada, acedi a um convite que me fez esse colega e
fui assistir à sua aula de filologia românica. (ABD-R)
139. Ainda agora estamos a assistir a um bravo movimento de grande parte dos nossos
intelectuais pela “neutralidade na arte”. (ABC-R)
140. Uma vez viera ao Cabo Frio um team do Flamengo eêle fôra assistir ao jôgo.
(AGM-R)
141. Comi às pressas e sem vontade, voltando logo para a rua e tentando assistir a uma
sessão de cinema. (AMB-R)
142. E tornara a assistir, quase trinta anos depois, ao enlace de Carlos Soares com
Ângela do Amaral. (ANP-R)
269
143. Sempre abafando os passos, dirigi-me novamente ao fundo do quintal, com medo
daquela gente que nem me havia mandado buscar à escola para assistir à morte
de meu pai. (AN-R)
144. Sentia fissura de dar dois para se entocar e assistir a um filme debaixo das
cobertas numa lombra maneira. (CDE-R)
145. Mas como não tencionamos assistir, qualquer coisa serve. (CFE-R)
146. Toda a dor de cabeça da irmã era por causa de Lula, que veio a Santana assistir às
corridas de cavalos. (CLS-R)
147. Com a violência da cena, Segredo começou a latir, não estava habituado a assistir
a cenas assim, a gestos bruscos, palavras gritadas. (CPT-R)
148. A vizinhança veio para a rua assistir ao trabalho e parecia rir de mim. (EJ-R)
149. Morreu quando ela compreendeu o motivo de tanta visita fora de hora: aquela
gente esperava uma reação dos homens, e estava ali para assistir. (HR-R)
150. (...) sua intimidade mesmo violada parecia não ser possuída, inútil aspirar o seu
perfume, ver suas frescas roupas internas, assistir seu banho. (LUS-R)
151. Sim, ficar, assistir ao fim daquelas vidas com as quais ela nascera, reconstruir a
infância esquecida com a ajuda da memória do lugar, morar na Granja onde tivera
os seus maiores instantes, reconquistar, reconquistar. (LUS-R)
152. Invariavelmente, aos domingos, Leonel, Sinhaninha e Maria Preta iam assistir à
missa em Rio Preto, regressando à tardinha, quando não pernoitavam em casa de
Fulgêncio. (NT-R)
153. Mariquinhas descera de Magé para assistir mamãe e vigilar pelos quarenta dias
de resguardo sem feijão. (OES-R)
154. Um oficial entendeu-se com Barros Galvão, que veio, até à praia assistir à
montagem da peça. (OSP-R)
155. Tínhamos acabado de assistir num cinema a Noite Sem Lua de John Steinbeck.
(POL-R)
156. Era escrúpulo de calouro. 18 mais poético não assistir à operação dos queixos
quando se ama a uma mulher, mas,-ai triste!-nem por isso fica suprimida a
operação. (RCV-R)
270
157. (...) contudo, o porteiro disse-me que era melhor procurar o doutor Castro na sua
residência, que me ensinou; e eu fui assistir à sessão para encher o tempo e para
travar conhecimento com o misterioso trabalho de fazer leis para um país. (REIR)
158. Quando rapazote, sempre que me sentava na platéia dum teatro para assistir a um
espetáculo de magia, nunca me sentia tranqüilo (...). (SC-R)
159. O rapaz veio de dentro de casa para a porta de frente, a fumar um cigarro e
assistir ao delíquio da morena tarde sertaneja, quando Tomé, serviçal,
aproximou-se para dizer que não se ocupasse da janta, pois da casa grande lhe
viriam servi-la. (SIN-R)
160. Também os outros estavam misturados com os demais imigrantes na curiosidade
de assistir ao trabalho do mágico. (SV-R)
161. Era o médico do lugar, morava, porém, fora, na sua fazenda, e viera de “aranha”
com a sua filha, Nair, assistir o ofício religioso. (TF-R)
162. À saída esclareceu que Antero Correia demoraria mais uma semana em Belo
Horizonte para assistir à inauguração do Banco da Lavoura. (THU-R)
163. Em segundo lugar o matuto se sacrifica para assistir à festa (...). (VIA-R)
164. Se quiserem assistir a uma agonia alinhada esperem! (RVE-D)
165. Albuquerque Maranhão, mas em 1595 já elle apparece ao lado de Manoel
Mascarenhas, e depois será a figura principal na conquista do Rio Grande do
Norte, para dirigir e assistir, dalli, a acção de Soares Moreno no Ceará. (BRA-T)
166. (...) o olho da objetiva substitui, de uma vez, previamente, as vistas de todos os
espectadores do mundo que hão de assistir 6 fita.(CC-T)
167. Ao teatro e ao cinema, a humanidade vai para assistir à vida alheia, para viver a
vida dos outros. (CC-T)
168. Pode dar-se, por exemplo, o caso de um tratado a ser realizado na Capital da
República, para o qual seja escolhido um deputado ou senador, que pode
preencher as suas funções e ao mesmo tempo assistir às reuniões, para colaborar
no tratado (...). (DC-T)
271
169. Arnesto, Príncipe de Delos, que pela ocasião dos jogos públicos, a que devia
assistir, os esperava na mesma Ilha com prevenidos festejos, para celebrarem as
bodas (...). (EHB-T)
170. (...) se dançava até às sete da manhã o que o deixava “meio morto de lhe assistir”.
(EHB-T)
171. Não acha que é preciso pensarmos em promover uma cooperação eficaz da
família e da escola: a) convidando os pais, a assistir ás aulas e a interessar-se
“pela vida normal e não apenas nos “incidentes” dá escola; (...). (ESP-T)
172. Acabo de assistir em França, ao trabalho de formidável resistência que o grande
espírito de Ribot tem sabido opor ao déficit das importações sobre as exportações.
(ETP-T)
173. (...) razão pela qual, não raro, podemos assistir, em exame cuidadoso, a grande
variação numérica de cada um deles. (HA-T)
174. É relativamente fácil acompanhar o que sucede com a parte que contem Fe. e
assistir ao seu armazenamento; o mesmo não se dá com a segunda, que, como
veremos está diretamente correlata com a biligenese. (HA-T)
175. (...) dizendo que ele lutara com a fera brava e que era um valente, dançaram em
roda do defunto que, em pé, parecia assistir tudo aquilo. (MAB-T)
176. Nos candomblés de caboclo, o ritual é mais ou menos semelhante ao ritual gêgenagô, sendo mesmo possível, como tive oportunidade de assistir no candomblé
da Goméa, em São Caetanpi a coexistência das duas formas. (REL-T)
177. (...) delegado seu, vem dar, na escola, a lição de religião a todos os meninos que
desejem assistir. (REP-T)
178. Em 1877 - voltas que o mundo dá! - poderia D. Pedro II assistir nesse teatro
magnifico, a alegoria das Walkyrias. (RF-T)
179. Assim, em janeiro de 1555, foram-se, aos magotes , e em segredo, os índios de
São Paulo assistir a um festim canibalesco em Jeribatiba. (SPS-T)
180. Mas, que a pobre mãe não se dê o capricho de assistir ao batizado do pequeno
(...). (TP-T)
272
181. 0 mundo atormentado de crises não pois manter a tensão de nervos para assistir à
acumulação cada vez mais impressionante dos seus elementos de conflito. (VOMT)
182. Por trabalho com que me achava ocupado não pude assistir a última sessão da
Comissão, onde definitivamente se assinaram os diversos pareceres sobre as
emendas apresentadas. (ACD-O)
183. Os alunos matriculados deverão assistir a todas as aulas e exercícios práticos,
responder às argüições dos lentes e dos professores, as quais se farão pelo menos
três vezes mensalmente, etc. (ACD-O)
184. (...) sempre a poesia que nos faz penetrar nas profundezas da alma humana, como
os vulcões nos; fazem assistir ás revoluções internas do globo. (DA-O)
185. Fui casualmente assistir em tal rua à extração das loterias, e tive ensejo de
verificar que a máquina se acha materialmente viciada. (DPA-O)
186. O Senado acabava de assistir a um longo inventário das faltas (...). (DPA-O)
187. Quanto aos liberais, se não estão preparados para assistir à vitória dos
conservadores, a uma reação esclavagista profunda (...). (CI-CR)
188. Eu ainda não tinha tido a sorte de assistir a um grande incêndio, embora corresse
atrás dos bombeiros sempre que os via passar. (EPA-CR)
189. Não pretendo porém assistir regularmente as sessões da Câmara antes de acabado
o verão. (PAU-CR)
190. Hoje em comemoração do meu plena vamos ao S. José assistir o “Fan-Fan” e o
Champinhon à força. (PAU-CR)
191. Eu não podia morrer antes de assistir à queda do barrigudinho. (PAU-CR)
192. Vamos assistir ao soçôbro da Europa-e de DÓS se o rodamoinho das coisas que
afundam nos atrair! (PAU-CR)
193. E então a nossa República Judiciária está no fim e vamos breve assistir a um
segundo govêrno Hermes? (PAU-CR)
194. Eu tive a sorte de assistir desde o comêço a essa obra de polipeiro, e é com
grande prazer que hoje assisto ao encontro pessoal de Helmuth com Amaral (...).
(PAU-CR)
273
195. RUY chegou mesmo a ir assistir aulas do Colégio Progresso e, de uma feita,
levou consigo o amigo Rodolfo Dantas, então Ministro. (PAU-CR)
196. E nela vejo um aviso, convidando os amigos e parentes do saudoso Dr. Aurélio
Miranda para assistirem à missa de trigésimo dia, celebrada em intenção de sua
alma. (AMB-R)
197. Vi em uma Missão construir mais 10 canoas menores para varies serviços da
mesma Missão; e não obstante assistirem-lhes bons Mestres, e um Branco
vigilante, uma rachou de todo, e e perdeu, e nenhuma das nove saio sê grandes
buracos, e defeitos. (ENS-T)
198. Acolha-o o Apóstolo São Pedro, a que m Deus confiou as chaves do reino
celestial; assista-lhe o Apóstolo São Paulo,a quem o Senhor tornou um vaso de
eleição (...). (ANP-R)
199. (...) e se não quereis tirar-me a vda, nem livrar-me da sua crueldade, a vossa
grandeza me assista. (EHB-T)
200. Está bem, vocês querem assistir à minha morte, a meu assassinato! Pois assistam!
(OSP-D)
201. Nervoso, violento, mal -podia ser reonhecido como um zero por quem não tivesse
assistido à cena. (ANP-R)
202. Poucas vezes terei assistido a debate tão brilhante. (RCV-R)
203. Lembro-me de ter assistido, na meninice, a umas “carreiras” de cavalos (...). (TPT)
204. (...) realçar de modo extraordinário o brilho de uma carreira pública das mais
prometedoras, em todos os sentidos, a que o país tem assistido ultimamente. (CICR)
205. Gostara da partida. Depois foi chamado pelo Doutor Lourival, que estava
assistindo ao jôgo (...). (AGM-R)
206. Uma galeria de seres petrificados: Carlos assistindo calado, dona Leonor
assistindo calada, Pedro, Camilo, Tomás assistindo calados, todos complacentes,
inexistentes. (ANP-R)
274
207. Quando dobrou a esquina, viu um grupo de pessoas assistindo a duas mulheres
trocando palavrões. (CDE-R)
208. Assistindo à chegada de homens e máquinas, os cavalos mudavam pacientes a
posição das patas. (CI-R)
209. (...) uma especie de “defunto” assistindo á missa de corpo prezente. (DOI-R)
210. (...) mas o que não se vê de olhos fechados tem uma existência e uma força, como
o escuro, como o escuro, como a ausência, compreendia-se ela assistindo, feroz e
muda com a cabeça. (LUS-R)
211. (...) e que se concretizava na visão dela própria assistindo ao gosto sério de
Vicente em andar pelo aposento sabendo que ela estava presente (...). (LUS-R)
212. Sua jovem mulher empregava o ócio matrimonial fazendo visitas, correndo casas
de modas, assistindo a sessões cinematográficas. (NN-R)
213. Está assistindo à toda aquêle passar e repassar de povo. (PAP-R)
214. Mesmo naquele momento, percebendo a noite e seus próprios pensamentos
indistintos, ela ainda restava separada deles, sempre um pequeno bloco fechado,
assistindo, assistindo. (PC-R)
215. (...) naquela espantosa vigília, espreitando a decomposição, assistindo o
afastamento piorar, vendo aquele que nos foi tudo-amor, filho, pai, mãe, irmão-irse tornando a cada instante mais indiferente e longínquo, mais desconhecido,
mais intruso e terrível? (THU-R)
216. A cozinheira, que ainda estava na sala, de pé, assistindo os preparativos de tão
grande ousadia doméstica, acudiu com pressa: (...). (VM-R)
217. Henequin (informa ainda o Mss.) foi queimado pela Inquisição assistindo o Rei,
em 1741, ao auto da fé”. (EHB-T)
218. Assistindo-lhe à capitulação, D. Pedro II levara aos povos do sul a certeza de que
o trono não abandonara o país à sorte da guerra (...). (RF-T)
219. (...) é possível que estejamos assistindo indiferentemente ao desenrolar de todo
esse aviltamento (...). (DPA-O)
275
VERBO OBEDECER
1.
Aqui devem se trocar naturalmente umas primeiras frases de explicação-se êle der
espaço para tanto entre os dois! - porém obedeço a várias razões que obrigam-me
a não contar a cena do quarto. (AMV-R)
2.
O Sr. Carlos Cavalcanti - Obedeço a V. Ex. pois que sou escravo da lei.
Interromperei mais uma vez as considerações que venho fazendo em defesa do
Estado que tenho a honra de representar, tendo estudado o assunto que debatemos
(...). (ACD-O)
3.
Sérgio acompanha de longe seus gestos de mulher experiente e sensível, obedece
cegamente ao que lhe ordena. (ANP-R)
4.
Isso é autoridade. Eu mando, êle me obedece. (OL-R)
5.
(...) ela perdeu a sua glória e obedece a Satanás.(SER-R)
6.
(...) - definição restrita que obedece exclusivamente ao - conceito geoclimático e
não à noção antropo-climática (...). (AHC-T)
7.
0 Cod. Penal, anterior à constituição, seguindo a tradição da Constituição
monárquica, obedece em sua disciplina ao principio da personalidade da pena,
não admite punição de estranhos ao crime ou à contravenção, não conhece penas
infamantes. (DES-T)
8.
Mas, o ensino profissional, entre nós, sem coerência e sem finalidade, não
somente não obedece a nenhum “sistema especial de organização”, como se
encontra inteiramente isolado no “sistema geral do ensino”. (ESP-T)
9.
Esta diminuição, do número de elitrócitos obedece a duplo mecanismo: (...).
(FIG-T)
10.
Sabe-se que a transformação de uma célula estaminal em urna célula adulta
obedece, de maneira geral, ao seguinte mecanismo. (HA-T)
11.
Tod este processo de produção, de um lado, e de destruição, de outro., obedece a
um determinado ritmo e freqüência na unidade de tempo. (HA-T)
12.
(...) quase nada ou mesmo nada fica ao arbítrio do crítico, mas tudo obedece
lógica e naturalmente a um justo critério bem estabelecido. (HD-T)
276
13.
Dizendo gomitar, obedece o nosso povo à mesma fatalidade psíquica revelada na
resposta enérgica do miúdo Raminhos. (LM-T)
14.
Recebendo-as, obedece à mímica dos assistentes, que entoam cânticos guturais:
(...). (MAB-T)
15.
Gaitas, pandeiros e tambores em cena, o Boi dança obedece ao “vaqueiro”
montado ou não que anima o folguedo: (...). (MAB-T)
16.
Nesta disposição, dolorosa, porque fere só aos de menos recursos, obedece o
nosso substitutivo a uma necessidade faal em relação a esses (...). (REP-T)
17.
(...) como se reconhecesse que tudo obedece a leis irredutíveis e lia uma relação
ininterrupta de causa a efeito. (VOM-T)
18.
(...) porque só reconhece como pessoas jurídicas a União e os Estados; um código
em tais condições não obedece às exigências do nosso meio jurídico. (ACD-O)
19.
Os números vão mostrar que o câmbio entre nós não obedece, nunca obedeceu ao
meio circulante. (ACD-O)
20.
Não obedece ao mesmo processo intelectual a aquisição de um conhecimento,
num homem e numa criança. (ACD-O)
21.
É sabido que a taxa cambial obedece à lei geral da oferta e da procura. (ACD-O)
22.
(...) Considerando que a investidura nos cargos cujos vencimentos acabam de ser
equiparados obedece em geral às mesmas exigências de habilitação que nas
demais repartições localizadas na Capital Federal (...). (ACD-O)
23.
(...) entretanto que a um gesto inerme do polícia inglês obedece, como ao aceno
mágico de um talismã, no oceano rumoroso de Londres, a população mais livre
do globo. (DPA-O)
24.
A morte não te obedece nem a teu amor de dono. (BT-CR)
25.
Todos de olhos fechados! - Mandava Madalena no alto da caramboleira. - Bem
fechados! Obedecemos - eu, Pinga-Fogo e Emanuel. (OES-R)
26.
(...) adestrando os homens no uso igual das duas mãos nas várias funções,
obedecemos a sábio critério, de prudência e previdência em face à possível
inutilização do membro superior direito (...). (THV-T)
277
27.
Qualquer coisa nos impele um para o outro e nunca obedecemos o impulso.
(PAU-CR)
28.
E de súbito o menino imagina que ela é a princesa encantada, aquela a quem os
pássaros e os peixes obedecem, a que viaja num raio de luar e distribui a
primavera sôbre a terra. (ABC-R)
29.
Obedecem todos a um imperador. (MCU-R)
30.
Desceu, insistiu com a mulher para que levasse as filhas para o parque ao lado. Não obedecem. Fazem questão de ver o professor de piano. (THU-R)
31.
Não podemos e os Tribunais nos não obedecem. (EIN-T)
32.
(...) além de certos limites mínimos de concentração nos quais as relações do
tempo de coagulação obedecem à lei inversa. (HA-T)
33.
Essas alterações são freqüentes em determinado processo mórbido, porém, não
patognômicas, e obedecem a um determinado ritmo que pode ser esquematizado
como segue: (...). (HA-T)
34.
Todos esses fatos obedecem a uma lei histórica e social, pela qual o sentimento
de pátria se converte em ação ao impulso de crises (...). (PPH-T)
35.
O nobre Deputado está no direito de apresentar requerimentos, mas não tem o
direito de apresentá-los e depois negar número para a sua votação, porque estão
os seus requerimentos não obedecem ao desejo de servir à causa pública. (ACDO)
36.
Não obedeci; cheguei-me a ela. (DC-R)
37.
Então vamos para diante. Isto me pareceu desarrazoado: exigiam de mim trabalho
inútil. Mas obedeci. (INF-R)
38.
-E depois? -Tire de lá uma caixinha. Obedeci. (RCV-R)
39.
Obedeci, dando a cada letra o som que ela tem na nossa língua. (SC-R)
40.
Defronte, quando obedeci à francesa, e levantei os olhos, achei parados em mim
os de Helena Vaz, a Bageense. (UMO-R)
41.
A segunda observação é que, cada vez estou mais convencido de que acertei, isto
é, obedeci à lei, recusando a emenda do nobre Deputado (...). (ACD-O)
278
42.
Vai saindo com as mão pro alto bem devagarinho!- disse Carlinho Pretinho,
apontando o três oitão para o casal, que obedeceu sem hesitar. (CDE-R)
43.
Tonico obedeceu, depressa, aumentando o numero de vasilhas na mesa. (CLS-R)
44.
Pádua obedeceu; confessou que acharia forças para cumprir a vontade de minha
mãe. (DC-R)
45.
0 homem obedeceu humilhado, foi lá dentro e voltou com um bolo de trapos; e
para não fazer outra burrada, primeiro quis saber se aqueles panos podiam ser
usados. (HR-R)
46.
Me dê a bengala, eu disse! Vasco obedeceu. (LSO-R)
47.
Cícero obedeceu correndo. (NP-R)
48.
Menino, vem cá: vai-me procurar Calixto, já, sem demora. 0 rapaz obedeceu.
(OSP-R)
49.
A convocação do rapaz, a bem dizer um indiferente, seu chamado para participar
de empresa tão delicada obedeceu a uma razão de coerência: tomara parte na
primeira busca, anárquica, mas já com seu sentido. (PRO-R)
50.
Traga um mocho. O caixeiro obedeceu. (RCV-R)
51.
Ver as vacas! 0 guri obedeceu logo, tímido. (TA-R)
52.
Heitor desvencilhou-se do abraço, não obedeceu e dirigisse para o corredor.
(THU-R)
53.
Raul obedeceu sem uma palavra, desceu do automóvel fazendo-me uma cortesia.
(THU-R)
54.
Entre a paz de Westfalia e o encerramento das lutas napoleonicas no Congresso
de Viena, a olítica da Europa obedeceu a um sistema de combinações dinásticas
(...). (BCA-T)
55.
A este regime já obedeceu, talvez, a nau Bretoa (...). (CH-T)
56.
0 figurino a que obedeceu o seu gênio era da escola francesa. (EHB-T)
57.
D. Manuel II, seu sucessor imediato, ainda lhes obedeceu aos ditames até a sua
morte em 1521. (FHB-T)
58.
(...) o general, então, exautorando a própria palavra, obedeceu à intimação do
ditador. (FHB-T)
279
59.
A formação de seus Termos obedeceu, no geral, as regras etimológicas, na
maioria possíveis de exame (...). (MAB-T)
60.
Em Portugal, com os descobrimentos marítimos, quando obedeceu ao que
Antônio Sardinha chamou “a atração da lei dos litorais”, evidenciou-se uma
terceira causa determinante do desapego à !lavoura. (PPH-T)
61.
(...) mas a Comissão tem a pretensão de dizer que este projeto é o resultado de um
estudo acurado, quotidiano, afanoso, patriótico e que na sua elaboração não teve
ela outro intuito, nem obedeceu a outros sentimentos que não aos de seu senso
jurídico e seu patriotismo. (ACD-O)
62.
Os números vão mostrar que o câmbio entre nós não obedece, nunca obedeceu ao
meio circulante. (ACD-O)
63.
Este critério obedeceu a altos princípios de sabedoria. (ACD-O)
64.
(...) no Brasil, encarou a questão por outra face, e que, pronunciando-se
diversamente dos nossos vizinhos, não obedeceu a sentimentos menos
respeitáveis, nem, ainda, menos americanos. (DPA-O)
65.
Os três homens que bebiam cerveja não obedeceram de imediato. (CDE-R)
66.
As meninas obedeceram maquinais, sem vontade nenhuma de i-ir, preocupadas.
(CN-R)
67.
Obedeceram. Então ele fechou a portinhola com um estalido forte, recuou para a
calçada acenando adeus e se infiltrou. na multidão aglutinada ali. (THU-R)
68.
Quanto ao outro grupo de fontes, as captações obedeceram o mesmo criterio da
S. Roque. (AHC-T)
69.
Todas as relações diplomáticas com a Bolívia, e o Paraguai, obedeceram ao
mesmo conceito, assim traduzidas nos acordos de 1867 e de 1872. (FHB-T)
70.
Tôdas as disposições adotadas obedeceram a esta intenção e a ela continuaremos
a obedecer até o fim. (DPA-O)
71.
Era Antônio que não obedecia aos mandos da mãe para que fôsse dormir e que
ouvia embevecido e febril o tio contar a façanha tremenda (...). (ABC-R)
72.
Senhora Sousa Costa ali, ordenava ao inimigo tal serviço, o tigre japonês
obedecia servilmente. (AVM-R)
280
73.
O pessoal obedecia. Dez grãos em cada cova. (CLS-R)
74.
Caprichava, esforçava-me, mobilizava toda a minha paciência, e no fim a pena
obedecia aos meus pobres nervos, e a tinta marcava-me a condenação ao bolo.
(DOI-R)
75.
E Ana Teresa obedecia. (NP-R)
76.
A política de coronel não existe nos livros de Montesquieu nem Maquiavel; tinha
outros códigos; a outras leis obedecia. (RCV-R)
77.
Esperava o delegado, procurando devanear, sonhar, analisar-me, mas era em vão:
a inteligência não me obedecia. (REI-R)
78.
E aqui? Vire um Pouquinho. Obedecia. (TC-R)
79.
Constatamos depois que esse nível obedecia a um determinismo natural, de pleno
acordo com as leis das pressões hidrostáticas recíprocas. (AHC-T)
80.
Completaram harmônicamente a administração, pois tanto como Tomé de Sousa
ou Pero Borges, o padre Manuel da Nóbrega obedecia ao sentimento coletivo,
trabalhava pela unidade da colônia (...). (CH-T)
81.
Obedecia à necessidade de que as- administrações todas sentiam. (EIN-T)
82.
Nesse discurso tem-se também o * código da moral, a que Nabuco obedecia
como advogado. (EIN-T)
83.
Mesmo em Montevidéu, o exército de ocupação ficara partido a meio: metade,
portuguesa, obedecia a D. Álvaro da Costa e às ordens das Cortes (...). (FHB-T)
84.
A ambas essas preocupações obedecia o enviar duas missões especiais ao
estrangeiro (...). (FHB-T)
85.
Apavorado pelos liberais, obedecia a seus menores gestos, quanto mais a suas
exigências (...). (FHB-T)
86.
Em realidade, obedecia a dois dos três sentimentos dominantes, ou antes
preconceitos. causadores dos piores reveses da diplomacia argentina por aqueles
tempos. (FHB-T)
87.
Como êle tenha depois facultado a todos a reimpresão das suas obras, devemos
crer que esta
281
88.
rara generosidade obedecia a um pensamento de interesse pela doutrinação moral
dos seus patrícios. (HD-T)
89.
Além das diferenças econômicas e das diferenças de cor, o negro falava outra
língua, adorava outros deuses, observava outros costumes, obedecia a outra
organização de família ... (REL-T)
90.
S. Ex. disse que a decisão da Mesa não obedecia nem à letra do Regimento, nem
ao seu espírito. (ACD-O)
91.
Esse repórter não tem necessidade, nem interesse, de lançar sobre o humilde
deputado o labéu infamante de ser um homem interesseiro, de ser um homem que
aqui obedecia antes a seus interesses individuais do que aos interesses públicos
nacionais. (ACD-O)
92.
Como é que o Senado poderá desdizer-se, declarando à Câmara agora que seu
voto de então, não era sério, que o seu voto fôra um movimento de ocasião, que o
seu voto não obedecia a princípios, de moralidade, como se supõe? (DPA-O)
93.
Ferido, seguias de longo c tremular dos estandartes, obedecias à marcha das
retiradas, amavam-te os toques de avançar (...). (TA-R)
94.
Papai é quem mandava. Obedecíamos e uma única vez, no correr de um jantar,
uma voz desrespeitara-o (...). (TC-R)
95.
Mas se mandava nos homens e todos obedeciam, se viu obrigado a obedecer ás
abelhas que não se educaram um isto. (CN-R)
96.
Ninguém vigiava essa entrada, porque todos obedeciam à prática. (FEP-R)
97.
Quando queria carnear um boi, carneava. Tinha peões: e os peões lhe obedeciam.
(LSO-R)
98.
Os júris, as eleições, os padres, os juízes obedeciam às vontades do usineiro.
(US-R)
99.
Durante todo o ministério Paraná a Republica Argentina esteve dividida em dois
governos : ao da Confederação, com sede em Paraná, sob a presidência de
Urquiza, obedeciam as treze províncias (...). (EIN-T)
282
100. As embarcações menores eram de manejo mais fácil, e obedeciam melhor ao
velame e ao leme (...). (FHB-T)
101. Ao todo, na Inglaterra e País e Gales, em 1878, dois terços da população
obedeciam ao ensino obrigatório. (REP-T)
102. (...) direção financeira da nossa pátria, emitidas pelo Sr. Dr. Manoel Victoriano,
obedeciam a outro sentimento que não somente os interesses do seu crédito, do
seu presente e do seu futuro financeiro. (ACD-O)
103. Não, não obedecerei nunca! (RCV-R)
104. A determinação do montante obedecerá ás regras gerais da avaliação das causas,
despesas feitas (...). (DES-T)
105. (...) em se achando empenhadas na lide as minhas convicções liberais ou os altos
interesses do Estado, a minha atitude não obedecerá jamais a prevenções de
ambição ou comodidade, a prevenções de simpatia ou malquerença, a prevenções
de hostilidade ou timidez. (DPA-O)
106. Leal súdito de Sua Majestade, Obedecerão todos a sua vontade! (FEP-R)
107. Certamente obedeceria, sabendo que aquilo passaria a pertencer à história do
mundo que eu criava para ela. (CPT-R)
108. As tropas estavam a uma com o elemento civil. D. Pedro enviou uma mensagem
prometendo que obedeceria às leis. Foi rasgada pela populaça enfurecida. (FHBT)
109. Declarou-se formalmente: não obedeceriam a Câmara e o povo de São Paulo a
semelhante ordem, considerada ilegal. (SPP-T)
110. Moleza é o que queria dizer, que me deixasse de moleza, que me fizesse homem e
obedecesse ao que cumpria, em benefício dela e para bem da minha alma. (DCR)
111. Havia uma ambigüidade estranha no rosto onde o olho amortecido sonhava
sempre, uma determinação nos lábios como se ela obedecesse à fatalidade de uma
alucinação. (LUS-R)
112. (...) quem não obedecesse imediatamente à ordem, sofria castigo pronto, a
relhadas ou mesmo a 'pranchadas de espada. (FHB-T)
283
113. (...) história daquele tratado, se poderia admitir que ele obedecesse ao intento de
engrandecer a Bolívia à nossa custa, consignando a essa nação o território
septentrional ao paralelo 100 20 (...). (DPA-O)
114. O fantasma esteve um longo minuto esperando que nos levantássemos e
obedecêssemos. (INF-R)
115. Sabia que os próprios parceiros lhe tinham medo e era bom que sempre tivessem,
para que nunca se metessem a engraçadinhos e sempre lhe obedecessem. (CDER)
116. Que de futuro todos obedecessem com a mais dócil subserviência às ordens do
Ministro. (BR-T)
117. Mandava Collaço que, “na dita guerra, se a houvesse, lhe obedecessem em tudo o
que necessário fosse à guerra, sob pena de vinte cruzados de multa e um ano de
degredo no forte de Bertioga”. (SPS-T)
118. Quer a sua independência absoluta, não sabe obedecer. (ABP-R)
119. Falava de cabeça baixa, os olhos no chão, os músculos da cara imóveis, a boca
entreaberta, a voz branda, provavelmente pelo hábito de obedecer. (AN-R)
120. Mas se mandava nos homens e todos obedeciam, se viu obrigado a obedecer ás
abelhas que não se educaram um isto. (CN-R)
121. Sou servo, devo obediência ao meu senhor e aqui estou para obedecer. (IM-R)
122. Em vez de pensar ... ou de pensar que pensam, vocês devem é obedecer! (LRUR)
123. Agora você tem de me obedecer porque quem lhe mata a fome sou eu! (LSO-R)
124. Precisa fazer como ela quer, obedecer em tudo, ser bem boazinha pra ela. (NP-R)
125. E tolamente ele agia, falava, confuso e apressado em obedecer-lhe. (PC-R)
126. Obedecia quando era justo obedecer, desobedecia se não. (PRI-R)
127. Apesar das circunstancias em que ela se acha nas minhas mãos, refleti, e entendi
que devo obedecer ao desejo de Carlota. (RCV-R)
128. Posso casar. -Sem vontade, sem gosto, 60 por obedecer ? . . . (RCV-R)
129. Sem obedecer mais a imposição alguma, os lábios pressionavam a pele de Maura
(...). (REN-R)
284
130. Silveirinha dera-lhe uma ordem qualquer e como o velho se recusasse a
obedecer, meteu- lhe o braço, derrubando o aleijado. (SJ-R)
131. Tem que obedecer, que é que está pensando? (THU-R)
132. (...) a cujo critério se devem subordinar os critérios de natureza política e a cujas
exigências deve obedecer a estrutura e organização do governo local (...). (AR-T)
133. Dum lado ordens terminantes, às quais tinha que obedecer como um cadáver.
(BR-T)
134. Os homens reduzidos, então, pelo hábito de obediência ao poder de fato à
condição mais perfeita de seres capazes de obedecer à força abstrata da regra,
deslocam a força das mãos do poder (...). (DC-T)
135. (...) ela fosse determinada por nenhum motivo injurioso, sua determinação parecia
obedecer mais a ausência de afeição ao marido e a indiferença absolutamente
inexplicável para com a filha. (DES-T)
136. Chegou aquele assento a Vila de S. Paul o, e instaram em não obedecer, e assim
o fizeram os eclesiásticos tudo movido pelo dito Vigário (...). (EHB-T)
137. (...) pronto para mandar à via, e tanto mais ele atende ao casco, e ao fogo tanto
mais os circunstantes atendem para ele prontos a obedecer-lhe a qualquer voz,
nutro ou aceno (...). (ENS-T)
138. Contra essa sua vontade expressa, contra as normais que entendia dever
obedecer, contra essas suas manifestações decisivas, repelindo a política (...).
(ETP-T)
139. Que fazer, senão obedecer aos avisos dos que lhe diziam que sua ausência
poderia trazer catástrofes sobre o reino? (FHB-T)
140. Eram-lhe atribuídos os termos enérgicos da resposta de São Paulo à consulta do
Rio sobre se se deviam obedecer às ordens antibrasileiras das Cortes. (FHB-T)
141. Seu primeiro cuidado foi obedecer às regras do governo parlamentar, e organizar
gabinete com Bernardo, de Vasconcelos como chefe. (FHB-T)
142. (...) existia insuperável impossibilidade para o governo de se fazer obedecer pelos
fazendeiros, unanimemente hostis a tais medidas. (FHB-T)
285
143. Na orientação do Império, entretanto. tais decisões tinham de obedecer n duas
considerações convergentes (...). (FHB-T)
144. A própria paz, em seguida à capitulação incondicional do Recife, teria de
obedecer aos ditames da colônia muito mais do que às diretivas de Lisboa. (FHBT)
145. Ainda assim, demorou em adotar tal linha de conduta, e tornou pública sua
intenção de obedecer às Cortes que lhe exigiam a volta a Portugal. (FHB-T)
146. (...) proibir e refrear as violências de seus sequazes, e obedecer ã Constituição, e
às leis, ou ser deposto. (FHB-T)
147. Desde o início, Executivo e Legislativo entraram em conflito no modo de
obedecer à Lei Fundamental. (FHB-T)
148. Tudo em ordem a só obedecer a palavras oficiais proferidas pelo Rosas, através
de uma associação de bandidos, a Sociedad Popular Restauradora, vulgarmente
denominada a mazorca. (FHB-T)
149. Obedecer, observar ou ceder à política agressiva dos ingleses era trair a Pátria.
(FHB-T-)
150. Precisam, da ajuda de todo o corpo para obedecer ao cérebro. (HD-T)
151. Depois, atropeladas as massas, já não são os chefes que as arrastam, elas é que
levam à frente, obrigando-os a obedecer, os seus antigos chefes. (PPH-T)
152. (...) tivera razões líquidas para não servir de porteiro, mas como a Câmara agora o
forçava, a isto vinha obedecer. (SPP-T)
153. (...) acompanhariam o êxito ou a perda dos esforços praticados para obedecer às
ordeás de uma vontade clara, de unia ambição definida, de um instinto imperioso.
(THV-T)
154. Não pode obedecer a um plano nem ser traçado num schema. (VOM-T)
155. (...) sobre estas duas oficinas, que abrem exceção à regra geral, é que se
ventilaram dúvidas, consequentemente, para obedecer ao vencido (...). (ACD-O)
156. É evidente que o requerimento do Sr. Barbosa Lima só pode obedecer a dois fins.
(ACD-O)
286
157. A ela também me submeto, senhores, porque sou dócil de temperamento e
disciplinado pelo hábito de obedecer à lei e de distribuir justiça. (DA-O)
158. Senhores, as convenções nacionais não falam, deliberam atuando, mandam,
imperam, fazem-se obedecer absolutamente. (DPA-O)
159. (...) não desfalquei a autoridade do princípio por mim estabelecido, admitindo,
nesses casos, o arbítrio ao Govêrno de não obedecer aos atos da Justiça. (DPA-O)
160. Se for pela inconstitucionalidade, o Governo terá que obedecer, abrindo mão da
medida. (DPA-O)
161. Devia o Supremo Tribunal Militar Obedecer-lhe? Podia fazê-lo ? Não. (DPA-O)
162. (...) corte internacional de arbitramento são dois problemas de natureza
inteiramente diversas, que evidentemente devem obedecer, na sua solução, a
princípios distintos. (DPA-O)
163. E obedecer sem perguntar, e acreditar sem raciocínio. (EPA-CR)
164. E o senhor crê que basta um francês querer para as brasileiras obedecerem? (PRIR)
165. Farei com que compreenda a situação e me obedeça. (ANP-R)
166. Terá cânones privativos a que obedeça. (PRO-R)
167. (...) já talvez não contraste tanto com o ambiente, se harmonize com outras
fisionomias, obedeça a uma tonalidade geral e ache a sua atmosfera própria.
(PAU-CR)
168. Vá um programa, disse ele; obedeçamos ao conselho do mestre. (RCV-R)
169. Se pela constitucionalidade, obedeçam os cidadãos, submetendo-se à lei, pelos
tribunais declarada constitucional. (DPA-O)
170.
(...) chefe sertanejo acostumado a ser obedecido pelos homens da sua fazenda e
depois comandante acostumado a ser obedecido pelos seus soldados, o impedia
de aprovar o assassinato de um superior (...). (ABC-R)
171. Pois si você tivesse me obedecido casava com uma das minhas filhas e havia de
ser sempre moço e bonitão. (MCU-R)
172. Essa situação, para um homem habituado a ser sempre aceito, querido, admirado,
obedecido devia ser insuportável. (SC-R)
287
173. Precisava, para me considerar nobre, que meus avós tivessem obedecido a tôdas
as regras da nobreza. (VM-R)
174. (...) o ato do Tribunal criando um emprego, estabelecendo os vencimentos para
um empregado, não tem força para ser obedecido pelas repartições pagadoras.
(DC-T)
175. Minha direção está traçada pela independência dos princípios a que tenho
obedecido, seguindo a linha indefectível do meu proceder de sempre. (ETP-T)
176. A guerra de Rosas havia obedecido ao sentimento, geral e íntimo, de que as
agitações platinas tinham de terminar: o Uruguai estava arruinado (...). (FHB-T)
177. Chefes do tempo de Artigas, que haviam obedecido, sem se conforma. (FHB-T)
178. Habituara-se principalmente a insistir, obedecido, e prevalecer, convencendo.
(RF-T)
179. Disse-se, Sr. Presidente, que o voto do Senado tinha obedecido a uma coligação
entre frações divergentes e discordes no seio desta Casa. (DPA-O)
180. Dirigiu-se para lá com as pernas não obedecendo de pronto aos comandos do
cérebro. (CDE-R)
181. Foram todos obedecendo, se aproximando das escadarias, mas o maior número
longe da vista dos três homens, torcia caminho, iam se espalhar pelas outras
alamêdas do parque, mais longe. (CN-R)
182. Mas uma tarde, já ao escurecer, como obedecendo um comando secreto, todos os
cachorros cessaram o que estavam fazendo, farejaram o ar, limparam os pés e
dispararam no rumo da tapera, atropelando gente e se atropelando. (HR-R)
183. E o filho obedecendo ao pai. (PB-R)
184. Guiados pelas mesmas leis, obedecendo quase a um único critério, todos êles se
parecem; e, lido um, estão lidos todos. (REI-R)
185. É perfeitamente justo que as ,empresas de águas fixem especificações para os
aparelhos menores de 30 m3, obedecendo uma das normas, americana ou alemã
(...). (AA-T)
288
186. Não é fácil muitas vezes a localização da estação meteorológica nas estâncias
obedecendo as indicações constantes das instruções meteorológicas acima
referidas. (AHC-T)
187. (...) outras vezes é elaborada pelo próprio poder legislativo ordinário, obedecendo
a regras especiais, como é o caso, da Constituição Brasileira (...). (DC-T)
188. (...) até nos/casos em que dista muito de considerar-se roto completamente o
vinculo, obedecendo mais que tudo ao desejo de rompe-lo por outros motivos.
(DES-T)
189. (...) o progresso precipitado, não pode haver uma, conservação, que, obedecendo
ao espírito do tempo e da civilização, admita o progresso justificado pela
experiência ? (EIN-T)
190. Do mesmo modo, e obedecendo ao mesmo sentimento, revelado em seus
trabalhos legislativos, de romper todos os liames com a antiga metrópole (...).
(FHB-T)
191. Pena é confessar, para nós brasileiros, que tal situação durou até 1909, quando um
novo acordo foi assinado, obedecendo ao espírito culto e liberal do professor do
Brasil, Nilo Peçanha, e à visão superior e política do Barão do Rio Branco, como
secretário de Estado. (FHB-T)
192. Mas Oribe agia como general argentino, obedecendo ao ditador da Confederação,
e com este. sim, reconhecido pelo governo do Rio legítimo detentor da autoridade
no Prata, era normal e lógico entrarmos em negociações. (FHB-T)
193. A anainnese dêstes pacientes, embora obedecendo às regras gerais da semiologia
(...). (GAC-T)
194. (...) é esta a significação que se deve dar à variação volumétrica dos neutrófilos,
obedecendo à uniformidade de terminologia. (HA-T)
195. Este índice é estabelecido, segundo estes autores, obedecendo às seguintes
fórmulas: (...). (HA-T)
196. Obedecendo ao que, além do sistema político seguido, de firmar o absolutismo,
era a feição própria do seu temperamento dominador (...). (NO-T)
289
197. Se o homem é doido, então se esclarece que o mundo continua ajuizado,
obedecendo ás suas leis irmanáveis. (VOM-T)
198. (...) gera em meu espírito o mecanismo pelo qual funciona entre nós, obedecendo
aos preceitos regulamentares, o nosso atual sistema de ensino secundário. (ACDO)
199. (...) preocupação de manter a integridade do país, a sua unidade ética e política,
obedecendo-se à uma vista de conjunto que só o Governo da União pode dar-lhe.
(ACD-O)
200. Devemos procurar todos os meios de afastar o governo do mercado de câmbio,
obedecendo à lei básica da Economia Política, da oferta e da procura. (ACD-O)
201. E se o Congresso é bem inspirado, se o Govêrno é bem inspirado, se se trata de
um ato do Poder Executivo, obedecendo ao alcance dessa declaração (...). (DPAO)
202. Declaramo-nos até, abertamente, pelo princípio da classificação dos Estados,
obedecendo à consideração de que, em matéria de presas (...). (DPA-O)
203. Obedecendo à mª. consciência, sinto desgosta-lo tratando daquilo que talvez não
devera. (PAU-CR)
VERBO ESQUECER(-SE)
1.
Distraio-me, esqueço Marina, que algumas ruas apenas separam de mim. (AN-R)
2.
Eu é porque não ligo, mas um dia perco a paciência, azedo-me, esqueço família,
nome, conveniências o dou ai um estouro. (FF-R)
3.
O que me vale é a ausência, com que a esqueço. (UMO-R)
4.
Não me esqueço da Tese por alguns sustentada, de que as questões
constitucionais devem ser decididas pelo Supremo Tribunal Federal ? (ACD-O)
5.
Com os olhos fitos nas grandes questões, com o espirito, preoccupado, esqueçome da vida ingloria que arrastam esses despreziveis officiaes-maiores, esses
insolentes creados de casa nobre. (PAU-CR)
290
6.
Tu te esqueces decerto de que eu também sou uma criatura de carne e nervos.
(OL-R)
7.
Mas o senhor se esquece de que há compensações. (ABD-R)
8.
Só p'ra mandar saudades Para quem de mim s'esquece. (CGU-R)
9.
Você indo, disse ela, esquece-me inteiramente. (DC-R)
10.
Ele fica olhando para você, olhando, olhando... e esquece tudo mais, esquece que
os outros estão vendo, compreendendo perfeitamente... (LRU-R)
11.
(...) vai ver como em pouco tempo engorda esse rosto, esquece as maluquices e
fica uma boa menina. (PC-R)
12.
(...) se vai dizer qualquer cousa da égua “Maracanã”, não se esquece nunca de
escrever como refôrço ao nome da alimária: “a vitoriosa pensionista do stud São
Francisco”. (REI-R)
13.
(...) e sua mulher quando fala nêle, não se esquece de dizer: “Como Rui Barbosa,
o Chico...” ou “Como Machado de Assis, meu marido só bebe água.” (VM-R)
14.
Há pequenos factos que ninguém se esquece de repetir, atribuindo-lhes mais ou
menos francamente um valor de “pièces à conviction”. (ELM-T)
15.
Contudo ela não esquece o mundo real (...). (TP-T)
16.
(...) ultrajada pelo chefe da Nação no epílogo desse drama vergonhoso, esquece a
Constituição, estraçalha as suas páginas, e ele que deificou a justiça, ele que criou
o grande cenário para o Supremo Tribunal Federal (...). (DPA-O)
17.
E que todos nos preocupamos com o vulto da escravidão e esquecemos os
próprios “mestres”, geralmente filhos de Angola ou da Nigéria vindos antes ou
depois do 13 de Maio de 1888. (MAB-T)
18.
Enquanto adoram o Infante esquecem os tormentos e pensam na redenção futura,
no premio magnífico que lhes está reservado no céu e, retomando o cajado, lá vão
contentes, ao longo da estrada luminosa. (ABP-R)
19.
Têm-nos, os cronistas, sempre prontos na memória e não se esquecem de colocálos logo que venham a referir-se a dado e certo cavalo. (REI-R)
20.
Sujeito, como está, a amnésias, facilmente lhe esquecem os pormenores com que
adornou uma sua anterior narração (...). (MA-T)
291
21.
Veja que nem mesmo hoje esquecem o nosso amigo Fenelon. (PAU-CR)
22.
Esqueci-me desta triste figura e sonhei um temo idílio. (AMB-R)
23.
Li, na escola primária, uns carapetões interessantes no Gonçalves Dias e no
Alencar, mas já esqueci quase tudo. (C-R)
24.
Perdi-as de vista, esqueci-as logo, sacudido pela andadura que me desarrumava as
25.
entranhas (...). (INF-R)
26.
“Não dou confiança ao azar” - é pedaço duma letra de samba de que me esqueci o
resto. (OES-R)
27.
Aos POUCOS esqueci-me dos dias de fome passados a deambular pelas ruas da
cidade. (REI-R)
28.
Passou o tempo e um dia, já com doze anos, esqueci esse espírito cristão e,
provocado pelo meu irmão, reagi atracando-me com ele. (SC-R)
29.
Não a esqueci na firma; não a carreguei dependurada pela alça, por causa das
dúvidas. (THU-R)
30.
Esqueci de enumerar entre os presentes às reuniões o Almirante Wandenkolck, de
saudosa memória, que a elas assistia em nome da marinha nacional. (DC-T)
31.
E' possível que vos queixeis porque eu insisti, principalmente, no vosso perfil
como poeta e esqueci um pouco o publicista, o historiador. (DA-O)
32.
A valsa bonita que acaba fininho, esqueceste? (TC-R)
33.
Com o comentário feito, ontem, à margem das extravagâncias de minha inventiva,
esqueceu-me relatar o fim de Violante, que acaso interessará a alguma romântica
leitora. (ABD-R)
34.
Castro Alves esqueceu todas as suas divergências com o Império para dar à Pátria
o melhor de si mesmo. (AMS-R)
35.
Um olhar que Branco jamais esqueceu. (CAV-R)
36.
Armaram a barraca no quintal da casa de Thiago, que se esqueceu completamente
da namorada. (CDE-R)
37.
E dominada pelo enlevo, num momento em que a senhora saiu da sala a
providenciar sobre a arrumação das meninas, Negrinha esqueceu o beliscão, o
ovo quente, tudo, e aproximou-se da criatura de louça. (CMC-R)
292
38.
Não, leitor, não me esqueceu a idade da nossa amiga, lembra-me como se fôsse
hoje. (EJ-R)
39.
Esqueceu um ... (FMA-R)
40.
Ela esqueceu os seus mortos. (LSO-R)
41.
Esqueceu aquele sujeito horrível que vinha todas as semanas com a conta do
armazém; esqueceu o sofrimento de Fernanda. (LSO-R)
42.
E Vasco, avistando o camarada, esqueceu-se de que tinha vindo para jogar.
(LSO-R)
43.
Esqueceu-me trazer um elemento para a viuvez definitiva da moça, a própria
lembrança do marido. (MA-R)
44.
O papai s'esqueceu... (OL-R)
45.
Temo por Sílvio, que ele não esqueceu. (PRO-R)
46.
Ele avisou mamãe, que esqueceu de me dizer. - Tem graça! (REN-R)
47.
Quaresma ficou um instante pensativo, deixando de remover os galhos cortados;
em breve, porém, esqueceu-se e a preocupação dissipou-se. (TF-R)
48.
Não foi casado, esqueceu-se disso. (VM-R)
49.
(...) o Governo esqueceu as tradições de,111e (...) (EIN-T)
50.
Esqueceu-lhe que o Uruguai precedera o Caramuru de doze anos e que mais do
que estes se mostrava estreme de preocupações européias bebidas nas escolas.
(HD-T)
51.
Parece que o honrado Senador se esqueceu mui depressa das suas próprias
palavras. (DPA-O)
52.
Eduardo Prado esqueceu os Factos da Dictadura para ser um dos seus intimos.
(PAU-CR)
53.
Irás de novo aprendendo o que esquecestes, verás. (PRI-R)
54.
Mas logo o esqueceram, apenas os íntimos e as mulheres às quais dedica sonetos,
sabem que êle é alguém. (ABC-R)
55.
Eram estradas de ferro, bancos, fábricas, minas, estaleiros, navegação, edificação,
exportação, importação, ensaques, empréstimos, tôdas as uniões, todas as regiões,
tudo o que êsses nomes comportam e mais o que; esqueceram. (EJ-R)
293
56.
Oh! vocês por aqui! Então não se esqueceram da velha? (QUI-R)
57.
Os representantes das outras tribos, surpresos, debandaram, mas, perseguindo-os,
os da tribo do Lobo esqueceram-se dos da tribo da Lebre que já haviam prendido
e estes fugiram. (MAB-T)
58.
Um, escrevia-o, às claras e esquecia-o de propósito por todos os compartimentos
da casa, para que a família nele saciasse a curiosidade. (ABD-R)
59.
E não esquecia o desastre que tinham sido esses ambientes sem fé, mesmo
olhando-os do ponto de vista dos interesses humanos. (ANP-R)
60.
Mamãe, que policiava muito seu modo de conversar, já se esquecia de que ele era
um estranho. (CMC-R)
61.
Às vezes esquecia a vigilância, autorizava os passeios ao cercado, onde o
moleque José e os garotos vadiavam. (INF-R)
62.
Chegava a esquecer a expectativa ansiosa em que se encontrava; esquecia a
transferência; esquecia o Secretário. (LSO-R)
63.
Notava um arranhão no dedo e atenta à vida tudo esquecia assim como pelo sono
é esquecido o que se pensou um instante antes de adormecer. (LUS-R)
64.
Instantes depois de acabado o exame Pompílio esquecia a disciplina. (NN-R)
65.
Quando êle vinha, de tudo ela se esquecia. (P-R)
66.
Entretanto, havia, verificava-o cem vezes ao dia, havia uma providência solícita
que velava sobre ele, não lhe esquecia os hábitos e até de suas intimidades
aprendera o segredo. (SIN-R)
67.
O gostinho delas todas: “não tem religião, não tem fé, tinha que tomar um mau
caminho!”), afastava logo esses pensamentos, esquecia-os, absorvida no meu
enlevo. (THU-R)
68.
Se se oferecia portador, mandava-os buscar; e, quando, aqui chegavam e ela
preparava uma boa moqueca, esquecia-se de tudo, até que estava muito longe da
sua querida cidade de Tomé de Sousa. (VM-R)
69.
Em meio a todo aquele caos, não se esquecia o governo da metrópole de medidas
que, cedo ou tarde, acabariam por imprimir um impulso decisivo ao pais. (PPH-T)
294
70.
Improvisavam-se bailes, folguedos e jogos e durante êles as môças esqueciam a
seca de que vinham fugindo (...). (ABC-R)
71.
Os filhos e noras jamais esqueciam a boa mamãe, ora com flores, ora com os
doces de que ela mais gostava. (NEG-R)
72.
Seus amigos e êmulos não esqueciam que ele era filho de outra província (...).
(EIN-T)
73.
(...) ou vociferavam contra o enganador que as manchara e esquecera. (ABP-R)
74.
Zé Luís capitulara, esquecera, deixando a execução do compromisso assumido
para o dia seguinte e para o dia seguinte do dia seguinte. (CAV-R)
75.
Ali estava o mesmo rapagão forte da festa, com sorriso indefinido nos lábios, tal
como naquela noite e com sua voz mansa e pausada de que não se esquecera.
(CLS-R)
76.
Creu que o marido esquecera a data e ficou triste. (EJ-R)
77.
Começava a reconhecer aquele perfume, a razão por que lhe trazia a imagem de
um Pedro tão antigo, que a sua memória já quase esquecera. (JUB-R)
78.
(...) torceu o comutador, a luz jorrou com intensidade sobre os olhos amortecidos
pela escuridão, ela se surpreendia porque esquecera a mudança da lâmpada.
(LUS-R)
79.
Nunca se esquecera dêle, amara-o sem egoísmo, fôra fiel até o fim. (OL-R)
80.
A mulher, que esquecera a saboeira na mão, vendo-o pentear-se, coloca
igualmente em cima da mesa a saboeira com o sabão, e vai em direção ao
pequeno fogão de ferro. (RA-R)
81.
Esquecera-me de avisar que ia para São José dos Campos. (THU-R)
82.
Essa, que não esquecera o famoso banquete, nem a cena da iniciação, agora,
perto dos Inquisidores e à vista dos autos da fé, vivia no permanente susto de
qualquer revelação. (NO-T)
83.
Jamais esquecerei: uma branca e fina mão. (AMB-R)
84.
O espetáculo que se me revelou então, nunca, oh ! nunca mais o esquecerei!
(RCV-R)
85.
Se porém o negócio sair, não me esquecerei de remeter os cobres. (PAU-CR)
295
86.
Mas terás a tua profissão, a tua arte, e esquecerás. (AMS-R)
87.
Certas frases amargas dos tios, o olhar fixo de Vera, ferino e desesperado, os
dentes cerrados e as duas mãos nervosamente crispadas de Leopoldo Vilar, o
tremor de sua avó, Sérgio jamais os esquecerá. (ANP-R)
88.
Sim, mas quando um do grupo dos amigos de`' escuta falar na estátua ou mais
raramente no morto, jamais não se esquecerá de sentir (e às vezes proclamar) que
foi êle, Êle, quem ajudou a erguer... a memória do morto? (FCA-CR)
89.
Os estudantes não esquecerão mais êsse jovem de cabeleira negra e poderosa
voz. (ABC-R)
90.
Quis responder, quis dizer à comadre que Joca tinha coração, que não se
esqueceria de sua gente. (AGM-R)
91.
Tinha a esperança de que com o passar do tempo o policial militar se esqueceria
dele. (CDE-R)
92.
Certa serenidade indiferente e opaca deixava-lhe fáceis os movimentos e o resto
do dia simples - ela esqueceria, Virgínia, ela esqueceria. (LUS-R)
93.
O que jamais se esqueceria pois nem principiou a ser lembrado. (BT-CR)
94.
Ao mesmo tempo, descuraríamos e nos esqueceríamos do movimento, que é da
essência do Cinema. (CC-T)
95.
Mas estes não realizariam a encomenda razoavelmente diriam coisas do ofício
deles esqueceriam outras (...). (VIA-R)
96.
Que a não esquecesse nas suas orações, para que a sua alma não chegasse a penar
como penavam as da tela sinistra. (ABP-R)
97.
E Sarita recornendoulhe: “Não se esquecesse de mandar Inocêncio, muito cedo,
levar-lhe os vestidos, porque não havia de passear com aquela roupa.” (IF-R)
98.
Eu tinha má memória, nem me lembrava por que a chamara debruta. Mas não tão
má que a esquecesse. (PC-R)
99.
Era como se esquecêssemos que, dentro delas, havia muita angústia, muito
tormento, muita paixão e ódio. (NN-R)
100. Se ao menos eles esquecessem a sua presença... (CLA-R)
296
101. O discurso do nobre Deputado por Minas, defendendo o projeto, esqueceu-o e
fez, com o encanto da sua palavra, que os seus colegas também esquecessem o
assunto do debate. (ACD-O)
102. E é preciso não esquecer que nesse mesmo poema Castro Alves Se refere
exatamente a. estas vinganças nos chamados casos de honra. (ABC-R)
103. É admirável esse otimismo que a faz esquecer se da longa série de crises e
melhoras, experimentadas pela pobre irmã (...). (AMB-R)
104. (...) não convém esquecer que, nos últimos tempos, um outro fator veio agir
poderosamente, não cessando de aumentar em importância desde então. (ANP-R)
105. Ainda havia uma 'coisa essencial ~e padre Luís não a podia esquecer nem por um
momento: aquilo representava o fracasso das suas últimas esperanças, mais um
daqueles recentes insucessos que tanto o vinham desnorteando... (ANP-R)
106. Que significava, para ele, “esquecer? (CAV-R)
107. O sono faz a gente esquecer... (CCR-R)
108. Aparecem então as ambições politicas-é outro jogo, porque Balduino, apezar de
retirado, não póde esquecer, por gratidão, o seu inicio. (CFE-R)
109. Ela pensava que o velho Pombo ia esquecer... (CLA-R)
110. Eles procurariam o território neutro e comum do passado-e Segredo, de muitas
maneiras, podia ser a coisa mais neutra e comum do passado que cada um, a seu
modo, tentava esquecer. (CPT-R)
111. Desejava esquecer, não podia esquecer. (C-R)
112. Tudo isto me fazia esquecer a dura realidade do colégio do Seu Maciel. (DOI-R)
113. Tu só vai ter é que entrar lá, ficar por ali e ir aproveitando pra ir despejando
cadinho ali, cadinho aqui, sem esquecer vasilhame nenhum de água de beber.
(FEP-R)
114. 0 maravilhamento em que ficou fêz-lhe esquecer a dor imensa que o excruciava.
(IM-R)
115. Por momentos, parecia esquecer-se de tudo. (JUB-R)
116. Procurara esquecer, fixar o espirito em outra coisa. (LRU-R)
117. Esforçava-se por dormir, por esquecer. (LSO-R)
297
118. E os dois não falaram mais nisso, procuraram esquecer e esqueceram para
sempre sem sinal. (LUS-R)
119. Mas nunca poderia esquecer essa mulher encontrada num ônibus -
uma
verdadeira senhora, Esmeralda - quase a coisa mais forte da cidade. (LUS-R)
120. Isso mesmo, Dona Carmo disse que, se não foi uma noite cheia, foi s6 por Ihe
faltarmos o doutor Tristão e eu, mas que, ainda assim, o senhor teve o dom de nos
fazer esquecer. (MA-R)
121. A curiosidade me fez esquecer o negocio do João Coruja. (NEG-R)
122. Ela avançou a cabeça, olhou-o bem nos olhos e lhe disse com uma expressão que
êle nunca mais havia de esquecer. (OL-R)
123. Tem muitas coisas a esquecer - dentro do sono... (PAP-R)
124. Seria melhor se esquecer porque êle vinha sofrendo com as recordações. (PB-R)
125. Não esquecer de copiar as charadas que D. Antônia me pediu. (RCV-R)
126. De ordinário, o o estudo é também um recurso para os que têm alguma coisa que
esquecer na vida. (RCV-R)
127. Todos os recursos de que a Religião dispunha para fazer esquecer ou para anular,
ele os utilizara. (REN-R)
128. Essa piedade pelos brutos fazia mesmo esquecer, momentaneamente, o ódio aos
homens. (SIN-R)
129. Lucas chegou a esquecer os cabelos de oiro da jovem ao seu lado. (SV-R)
130. Mas, Deus do céu, ela não via, papai não via, ninguém via, que o único desejo do
meu coração era derrancar hábitos, esquecer a escravidão do sino, das rezas, da
cama feita? (THU-R)
131. Era melhor esquecer o nó e pensar numa cama igual à de seu Tomás da
bolandeira Seu Tomás tinha uma cama de verdade (...). (VS-R)
132. Não esquecer que no Rio Grande do Sul, ligado desde muito a S. Paulo pela
estrada de Lages, a palavra baiano tem ainda hoje significação semelhante à de
emboaba. (CAB-T)
133. Quer o governo um partido, mas um partido moralizado, que mantenha as idéias
conservadoras e de progresso ... quer o governo esquecer os ódios e
298
animosidades; políticas, estender, ampliar e regenerar o partido conservador, mas
não substitui]-o. (EIN-T)
134. É preciso não esquecer que quando este chegou da Europa, em 1921, falando em
“subjetivismo dinâmico” (...). (EP-T)
135. Porém é necessário não esquecer que este mecanismo facilita muito as trocas,
principalmente devido às diferenças de pressão de 02 entre o sangue e os tecidos.
(HA-T)
136. (...) especiais da náutica, da música, da gravura, da cirurgia, da artelharia, da
tipoprafia, da técnica ferro-viária, da engenharia e dê outras m ais - sem esquecer
o calão. (LM-T)
137. (...) a atitude de uma meditação conscienciosa ou de uma trabalhosa investigação,
para não esquecer nada da verdade ou para não acrescentar nada à realidade (...).
(MA-T)
138. Não se deve esquecer que muitas vezes um estreitamento do campo visual tem
uma origem traumática. (SI-T)
139. Em verdade convém não esquecer que, segundo o texto original de Chauffard, o
rechaço hepático só se obtém com fígados aumentados de, volume ou deslocados
(...). (SM-T)
140. Credo, meu Deus, que homem pru mode se esquecer das cousas que se passou !
(TES-T)
141. Mas é preciso não esquecer que, em alguns casos, trata-se de corticopleurite de
natureza bacilar (bacilo de Koch). (TPM-T)
142. É preciso não esquecer que as gastrites crônicas precedem, com muita
freqüência, o aparecimento da úlcera gástrica ou duodenal (...). (TPM-T)
143. Por outra: podem e devem ser encaradas assim, mas sob a condição de não se
esquecer o caráter incompleta e provisório da aquisição. (TP-T)
144. (...) o poeta moderno quer esquecer * fazer esquecer nos seus versos a vida que
ele e * humanidade. estão vivendo hoje. (VOM-T)
145. Foi ao meu lado que V. Exmo. fez as suas primeiras armas na melhor
solidariedade, e não posso esquecer a consideração que lhe devo. (ACD-O)
299
146. Entretanto, Sr. Presidente, eu não me furtarei a discutir o trabalho do ilustre
professor, que tem para mim uma grande qualidade: a de ser urbano, a de não
esquecer a cortesia, a de sentir que a primeira condição para que um trabalho
intelectual possa ser objeto de debate (...). (DPA-O)
147. Porque não devemos esquecer a Bíblia e aquela grave definição que decretou às
gerações por todos os séculos ser a mulher um: vas odorum... (CRE-CR)
148. A Província do Ceará não o há de esquecer quando for chamada a eleger nova
deputação. (PAU-CR)
149. Arranjas dez mil desculpas P'ra te esqueceres de mim... (CGU-R)
150. Se vos esquecerdes que sois gregos e latinos, tereis conseguido abalar a própria
estrutura do vosso ser. (DIE-R)
151. Angariando a boa vontade do vice-rei de então, Marquês do Lavradio, fundou,
com outros doutos que aqui encontrou, uma sociedade científica, cujo objeto
principal “era não esquecerem os seus sócios as matérias que em outros países
haviam aprendido, antes pelo contrário adiantar os seus conhecimentos”. (HD-T)
152. Faz com que êle esqueça a morte do pai, o boicote de que era vítima nos meios
literários da cidade, a inveja dos poetas conterrâneos, a tristeza de viver sózinho,
sem um amor (...). (ABC-R)
153. Nao se esqueça de que eu sou louco por peru com farofa. (CLA-R)
154. Não esqueça o seu velho Pádua, e, se tem algum trapinho que me deixe em
lembrança, um caderno latino, qualquer cousa, um botão de colete, cousa que já
lhe não preste para nada. (DC-R)
155. Não me esqueça o conselho, “seu” Lulu. (MB-R) = NÃO ESQUEÇA
156. Não se esqueça disto, e fale com meu pai André para que fiquem todos juntos.
(OSP-R)
157. Tomé... não se esqueça. de pôr mercúrio na bicheira da “Caraúna”. (SIN-R)
158. Não esqueça no rol, uma, mais modesta, mas cuja história é a do sentimento
feminino, heróico e fraco a um tempo. (UMO-R)
300
159. (...) é curioso que se esqueça a própria determinação regimental que proíbe que o
Deputado não possa votar todas as vezes que se tratar de assunto de interesse
pessoal (...). (ACD-O)
160. Compreenda e esqueça . (PAU-CR)
161. Não te esqueças que Eugênia Câmara te es- ra... (AMS-R)
162. Não te esqueças de enviar ao José Gonçalves a carta, q. para ele te remeti.
(PAU-CR)
163. Não esqueçamos também o perdigueiro. (AMV-R)
164. E' preciso que não nos esqueçamos de que as zonas sensíveis à pressão na parede
abdominal aparecem e desaparecem (...). (GAC-T)
165. Não nos esqueçamos, pois, que num antigo sifilítico toda dispepsia rebelde aos
regimes e aos tratamentos habituais, toda dispepsia tenaz, deve lembrar a hipótese
da forma dispéptica da sífilis do estômago. (TPM-T)
166. Não vos esqueçais que estava sentada, de costas para mim. (DC-R)
167. Não se esqueçam do Buraco Vão no Buraco ficando ! (CGU-R)
168. Mas não se esqueçam que clinicamente muito varia de doente para doente. (SMT)
169. Havia-me esquecido de contar o que o Dr. Carlos de Azevedo me disse, em sua
casa, esclarecendo um ponto para mim obscuro na história da velha família.
(ABD-R)
170. Teria esquecido? (ANP-R)
171. Diante dele. agora, esquecido de tudo mais que não fosse o seu caráter de
sacerdote, sentia-se contrafeio, culpado, merecendo a censura de todos. (ANP-R)
172. Tudo fica esquecido, o jardim, o jardineiro, a rapariga feia que foi levar migalhas
aos coelhos, os telhados da Floresta, o rio, as montanhas, o céu, tudo, até mesmo
Katie. (CCR-R)
173. Contribuiu muito para isso o fato de vir ele a receber uma herança de um seu
parente esquecido que vivia em Portugal. (CMC-R)
174. Poderiam ter-se esquecido. (DOI-R)
175. Porque Jorge havia esquecido a sua casa - as pequenas, trêfegas, saíram. (IF-R)
301
176. Nada que continuasse, de leve ou de longe que fosse, o céu aberto da fazenda,
essa atmosfera de sonho maravilhoso em que queria pode ficar mergulhado,
esquecido, o resto dos meus dias. (LRU-R)
177. (...) tudo desde o início longínquo e desaparecido, um esquecido que não se podia
precisar e que se repetia subitamente, de novo se perdendo. (LUS-R)
178. Contudo, esperava firmar-se e não havia esquecido de sua promessa a Bogóloff.
(NN-R)
179. Não era bom ter sido esquecido. (PAP-R)
180. Ora - procurou ele rir depois de um instante - , afinal eu quase tinha esquecido de
que falava com uma menininha... (PC-R)
181. Sofrerão muito se te mostrares esquecido. (PRI-R)
182. Venha cá, venha cá, disse ele; cuidei que já nos tinha esquecido. (RCV-R)
183. Cheia de prudência, não se tendo esquecido das lições anteriores, Maura deteve
os excessos do seu ardor para perguntar: (...). (REN-R)
184. Sim, andei às voltas também com um excelente ficcionista, hoje injustamente
esquecido, Maurice Baring, autor, entre outros romances, de Daphne Adeane.
(SC-R)
185. Comido o sal, troteou para o córrego, bebeu tempo esquecido, saiu da água e
deitou-se a uma sombra de ipê. (SF-R)
186. Ricardo apreciava pouco aquelas formas inferiores de vida, mas Quaresma ficava
minutos esquecido a contemplá-las numa demorada interrogação muda. (TF-R)
187. Raul preparou a pose, fez-me sentar na cadeira alta, gastou um tempo esquecido
me estudando o rosto, de frente, de perfil, de três quartos. (THU-R)
188. É capaz de Fabiano ter-se esquecido da vaca laranja. (VS-R)
189. (...) volume historiamos não encontramos escritor tão ricamente dotado do poder
de intuspecção e do de expressão como este esquecido paulista, que é decerto das
mais valiosas contribuições do Brasil Colonial para o cabedal literário da
Metrópole. (EHB-T)
302
190. Da classe, 75 % se ofereceram. para o trabalho executivo; cada grupo de dois, o
mapa da cidade, foi inspecionar um bairro e, de tal modo, que nem um curral ou
campo foi esquecido, mesmo o parque da cidade. (ESP-T)
191. Nos princípios do mundo havia uma velha muito velha que até parecia haver a,
morte se esquecido dela. (MAB-T)
192. Estou certo de que o Caxias não lia de ter esquecido Lopes. . . (RF-T)
193. V. Ex. sabe, Sr. Presidente, que após a descoberta do Brasil permaneceu este,
durante alguns anos, esquecido de seus descobridores, até que em 1532 D. João
III resolveu colonizá-lo (...). (ACD-O)
194. Hoje tudo está, não esquecido, mas perdoado, e a antiga Dissidência faz um só
todo com a antiga fração áulica do partido. (CI-CR)
195. Tudo isso vai ser esquecido - mas guarde na tua consciência que foi assim.
(PAU-CR)
196. Esquecendo-me das inclinações filológicas de Carlota, achei bom o pretexto e
falei-lhe ao jantar: (...). (ABD-R)
197. (...) (pude notar que, se está abalado em sua sensibilidade, se exprime na língua
natal, esquecendo-se da nossa, que fala mal, mas sempre fala para ser entendido).
(AMB-R)
198. Heitor entrou então no campo e se entregou ao jogo com afinco, esquecendo
qualquer outra preocupação. (ANP-R)
199. Correram pelos labirintos do casarão, passaram por diversas salas numa corrida
normal, esquecendo-se de que poderiam atravessar paredes e voar. (CDE-R)
200. (...) o exemplo do comandante é tudo na guerra e mestre Borges Lustosa,
esquecendo penico e chanfalho, foi à cozinha, deserta mas com lenha queimando
no fogão, apanhou uma acha flamejante e marchou para os falconetes com os
dentes rangendo e os bigodes eriçados. (FEP-R)
201. Vestindo-se lenta, esquecendo peças de roupa, temendo qualquer rumor, padecia
muito. (IN-R)
202. (...) ele morreria mesmo ignorando o que sucedera mas talvez não esquecendo...
(LUS-R)
303
203. Com ele distraiu-se um instante, esquecendo a raiva. (PC-R)
204. E, cheio de raiva, defendia o Vigário, exaltando-lhe as virtudes e esquecendo o
resto de propósito. (SB-R)
205. (...) poderá V. Maj. dar os últimos Remédios, mas nunca esquecendo os já
pedidos incontinente. (BR-T)
206. (...) um Castro Alves, tomando todas as liberdades, preferindo violentamente
umas tantas obras, esquecendo outras, traindo, fazendo as pazes. (EP-T)
207. Não esquecendo que isto é apenas uma anedota sugestiva, o que o general
deveria ter feito era verificar a freqüência dos vários tamanhos e sobretudo a
freqüência Máxima ou a “moda”. (THV-T)
208. O Sr. Barbosa Lima - V. Ex. está esquecendo os 30 e tanto mil contos da
Avenida. (ACD-O)
209.
Claro que o mal aconselhado, se tivesse saído bem sucedido, não diria nada,
esquecendo completamente o autor do conselho. (CRE-CR)
VERBO LEMBRAR(-SE)
1.
Lembro me de que, certa vez, corrigiu um dos nossos empregados. (AMB-R)
2.
Ainda agora me lembro Do tempo em que eu namorava. (CGU-R)
3.
E aqui para nós: eu me lembro da minha última encarnação. (C-R)
4.
Lembro-me, já te disse, - afirmou enfezado. (IF-R)
5.
E me lembro ainda muito bem da força irresistível com que a tristeza caia então
na sala (...). (LRU-R)
6.
Lembro-me de uma vàca malhada que morreu por uma malvadeza do meu primo
Silvino. (ME-R)
7.
Lembro-me que o portão era de ferro (...). (OES-R)
8.
Eu me lembro de mim sozinho (Aqui fazia esforços de rugas para lembrar). (PRIR)
304
9.
Lembro-me que em um dos últimos carnavais a que assisti, às oito e meia da
noite, vi duas moças afastarem-se um pouco (...). (REI-R)
10.
Lembro-me duma “carga de baionetas” que, meio a contragosto, tive de
comandar, de espada de pau em punho, um vago frio na boca do estômago. (SCR)
11.
Hoje em dia, sempre que vejo no cinema a cara do ator Richard Baseheart,
lembro-me da do “alemão” Kruel. (SC-R)
12.
Lembro-me de que naquela hora de despedida procurei não julgar meu pai, mas
simplesmente
13.
amá-lo, tentar compreendê-lo (...). (SC-R)
14.
Em geral, os leigos sã simplistas - e incrédulos. Lembro-me, por isso, oferecerlhes aqui uma explicação mais simples (...). (AAR-T)
15.
(...) e lembro-me de ter admirado na Galleria degli Uffizi, em Florença, um
quadro de Salvator Rosa - A mentira (...). (MA-T)
16.
A este respeito, lembro-me de um caso histórico, :que chegou ao meu
conhecimento por ocasião do primeiro centenário do nascimento de M.” de
Sevigné, quando foi publicada a sua célebre correspondência. (VE-T)
17.
Lembro ao nobre Deputado que a hora está dada. (ACD-O)
18.
Lembro-me a única vez que a vi, numa livraria com o conde Proso e Graça
Aranha. (CRE-CR)
19.
Não me lembro de nada. (PAU-CR)
20.
Mas não te lembras das palavras do gênio e do documento terrível que assinaste ?
(ACC-R)
21.
Choraste naquela noite do concêrto como uma criança com mêdo do bicho-papão,
lembras-te? (RD-R)
22.
Lembra-me, agora, a vaga história de um médico do sul de Minas, que a
conheceu em Belo Horizonte, quando ela concluía o curso no Colégio Cassão, e a
seguiu até Diamantina, para pedi-Ia em casamento. (ABD-R)
23.
Lembra me que, informado da morte de um compadre, não encontrou outras
palavras, senão estas, para exprimir à viúva sua grande dor (...). (AMB-R)
305
24.
Clarimundo não se lembra muito bem. (CCR-R)
25.
Lembra daquele motel que tu deu pra gente? (CDE-R)
26.
Lembra-se dum cartaz que viu certa vez na rua: uma preta vestida de vermelho
que anunciava uma marca de chocolate. (CLA-R)
27.
Lembra-me; disse que o teatro era uma escola de costumes. (DC-R)
28.
Não se lembra que o senhor foi lá vê-la? (DC-R)
29.
Esta cidade, em dias de festa, lembra-me a casa do Vicira em noites de víspora,
com a lâmpada belga, a caixa de musica o aqueles infamérrimos biscoitos do
padaria que tresandam à barata. (FF-R)
30.
Não sei se se lembra... No caminho que vem para cá... Logo na saída... Uma
enfiada de cidadezinhas ... (LOC-R)
31.
Diz muitas coisas longas, lembra os tempos de infância e de estudo, e no fim
insinua-lhe que venha contar-lhe as viagens. (MA-R)
32.
Lembra-se? - Ah! o dia em que o senhor passou pela fazenda? (NT-R)
33.
Lembra para o caso
os jardins de Mecenas, situados em plena área da
investigação, como de propósito. (PRO-R)
34.
Naziazeno não se lembra de ter visto aquela cara. -Rábula-você disse? (RA-R)
35.
Naquele dia, você se lembra, no Liceu todos soube do que houve. (REN-R)
36.
Você se lembra, Fernando? (TC-R)
37.
(...) e, quando lá voltamos, o homem já nem se lembra do que lhe dissemos a
primeira vez. (TN-R)
38.
Você se lembra da noite que passei em sua fazenda com Eurico? (OSP-D)
39.
Para isso, Nabuco lembra-se da reunião dos senadores, formando o Centro
liberal. (EIN-T)
40.
Não vos lembra mesmo outra teria que lhe tenha desviado a atenção solicitada
pêlos ideais educativos, como por uni imã a cuja força de atração não lhe fosse
possível escapar. (ESP-T)
41.
Lembra o efeito excessivo e estúpido da dinamite política ou social, quando, a
pretexto de castigar o tirano, se trucidam afinal pobres mulheres que passam lia
306
rua com os filhos ao colo e pobres crianças inocentes das culpas dos homens.
(LM-T)
42.
A mistura desprenderá cheiro de éter butírico, que lembra o ananás. (SM-T)
43.
Este catarro, de uma cor que lembra a cor das pérolas, apresenta-se sob a forma
de glóbulos não muito volumosos. (TPM-T)
44.
Não são de hoje as apreensões do orador, que lembra ter apresentado em 1896
um projeto reorganizando o exército. (ACD-O)
45.
Já, ninguém se lembra mais da mensagem inaugural de Abraham Lincoln, a 4 de
março de 1861, em que o malogrado presidente assim se expressava. (ACD-O)
46.
Ao ouvir o grilo de olhos fechados, a gente lembra os campos sob o luar, as
moitas molhadas de lagrimas de gozo da noite, a curva das estradas desertas.
(CRE-CR)
47.
São falsas como pratas de chumbo, e só entram na circulação porque metade dos
indívidvos não se lembra de lhes fazer o exame comparativo dos cunhos (...).
(PAU-CR)
48.
Lembramos neste congresso a necessidade de se reforçar a sugestão referida pelo
preclaro hidrologista, que representa, indubitavelmente, o pivot do problema
hidro-mineral brasileiro (...). (AHC-T)
49.
Há episódios que evidentemente lembram outros episódios de amor infeliz de
Pórcia. (ABC-R)
50.
Lembram-se de que deixei a mesa aborrecido com D. Glória. (SB-R)
51.
(...) que instruem a criança sobre as suas relações com o meio ambiente, eis o que
lembram as letras “b” e “c” do quesito. formulado. (ESP-T)
52.
Outros, alourados, fortes, de olhos azuis, lembram os holandeses. (TES-T)
53.
São acusações que lembram aquela leviandade, à que Anatole France, avec
laquelle les gens sérieux parlent des choses qraves. (PAU-CR)
54.
Por que não me lembrei de Carlota, que seria mais eficiente? (ABD-R)
55.
Lembrei-me do meu despeito, de palavras duras jogadas a D. Adélia meses antes
(...). (AN-R)
307
56.
Lembrei-me dos serões ali decorridos, recentes, mas que, em virtude das
perturbações que eu experimentava desde a véspera, se tornavam remotos e me
davam saudade. (C-R)
57.
E eu lembrei-me da morta, evoquei-a e senti-a comigo, senti-a e, alucinado ...
(IF-R)
58.
Me lembrei duma coisa-diz Duque depois: -O Alcides tem um penhor, um anel. .
. (RA-R)
59.
Lembrei-me de que os homens diante dele ficavam sempre numa atitude de
respeito. (SC-R)
60.
Lembrei-me que êles tinham vindo do Brasil todo, de todos os seus pontos, a
brigar, a roubar os seus parentes, as suas mulheres e os governos (...). (VM-R)
61.
A respeito do sr. general que protestou por Menotti del Picchia ter abusado do
nome dêle num romance, lembrei de tirar dos meus guardados esta carta que
encontrei numa revista alemã (...). (FCA-CR)
62.
Lembraste das anquinhas? (NEG-R)
63.
Supôs que a reunião da noite, que seria mais ruidosa, pudesse não me agradar explicou - e por isso lembrou-se do chá. (ABD-R)
64.
Lembrou-se dos seus tempos de praça. (AGM-R)
65.
(...) como se Armando o estivesse entendendo e seguindo, todas as invocações de
que se lembrou no momento. (ANP-R)
66.
Mais tarde arrependeu-se, como disse a Teotoninho Sabiá, lembrou-se de que o
velho nunca havia importunado ninguém. (AN-R)
67.
Lembrou-se, ainda, daquela vez que fora apanhar bambu para a festa junina do
seu prédio e tivera que sair voado porque o caseiro do sítio soltara os cachorros
em cima da meninada. (CDE-R)
68.
Lembrou, antes de matar o irmão de seu agressor, ter jurado vingança na hora em
que apanhara. (CDE-R)
69.
-Agora chegou a vez da porteira... não e, capitão? lembrou Miguel, que não se
esquecera da velha rusga e ainda tinha o desafio atravessado na garganta. (CLSR)
308
70.
Ela lembrou-se da família Cerqueira Costa, da qual vovó sempre fala. (CLS-R)
71.
Então o vigia lembrou que o japonês da outra margem tinha cachaça a venda.
(CN-R)
72.
A causa foi uma carta de Paulo, escrita ao irmão, e que êste se lembrou de
mostrar a Flora, dizendo-lhe que também a mostrara a mãe, e a mãe se zangara
muito. (EJ-R)
73.
Então D. Joaninha, a quem recorri, e me lembrou isso tudo, ofereceu-me para lhe
dar a sua jandaia... (FMA-R)
74.
Lembrou-se do conselho de Alípio, mas uma coisa dizia que aquele negro podia
prestar um serviço àquela hora. (FM-R)
75.
Cesário lembrou a carrocinha da chácara para o grosso do fardel: as garrafas
iriam acamadas em barça de folhagem, os pratos em angarilhas de capim. (IF-R)
76.
Lembrou-se de correr pelo mato no encalço do mateiro, intimá-lo de arma ao
peito a dizer-lhe tudo que sabia, mas perdera-o de vista no intricado do arvoredo.
(IM-R)
77.
Lembrou-se, de súbito, da manhã em que o encontrara pela primeira vez. (JUBR)
78.
Subitamente porem, lembrou-se: o Torre, ia com seu pai. (LRU-R)
79.
Mas eu não estou acusando ninguém! - lembrou Elsa com aborrecimento. (LRUR)
80.
Lembrou-se do dia em que chegara a casa molhado e bebera cachaça com medo
de apanhar uma pneumonia.... (LSO-R)
81.
Lembrou-se duma longínqua tarde de primavera e duma menina de quatorze
anos que brincava descalça debaixo dos pessegueiros floridos. (LSO-R)
82.
Lembrou-se da sua noite de pavor em Jacarecanga e sentiu-se outra vez
sufocado. (LSO-R)
83.
Antes de sair, com a mão no trinco da porta, aquela empertigada e cuidadosa
sensação do pó-de-arroz e da fragilidade de sua aparência, lembrou-se e com
lenta frieza pegou numa tesoura, cortou o talo de três flores, das flores duras e
309
opacas, prendeu-as ao decote do vestido, lá onde viviam seus seios grandes e seu
coração, velados. (LUS-R)
84.
Então lembrou-se: costumava atravessar o corredor em trevas sentindo o tapete
nos pés descalços, o pescoço endurecido de. medo... (LUS-R)
85.
Cada um se lembrou do que havia gasto, e sem proveito. (MB-R)
86.
Precisamos mudar isto, lembrou o moço, de volta dum passeio a S. Paulo. (NEGR)
87.
Voltando de novo ao Largo, lembrou-se de visitar mestre Flores, lá no alto, ao
lado da igreja. (NT-R)
88.
E lembrou-se dum filme de Charlie Chaplin. (OL-R)
89.
Nossa Padroeira... quem foi que já se lembrou este mês de ir se emendar a Ela?!
(OSP-R)
90.
Lembrou-se: sou a onda leve que não tem outro campo senão o mar, me debato,
deslizo, vôo, rindo, dando, dormindo, mas ai de mim, sempre em mim, sempre
em mim. (PC-R)
91.
Depois, lentamente, lembrou: - E o Tauape, comadre? (QUI-R)
92.
Estava tão contente com o jantar que levava e o espanto da mulher, que nem se
lembrou de presentear Joaninha com alguma jóia. (RCV-R)
93.
Lembrou-se então de que na beira do rio havia um refúgio digno dela. (RD-R)
94.
Maura deu um muxoxo e logo lembrou: Nós já conversamos sobre isso, ontem.
(REN-R)
95.
Foi então que Artur lembrou-se do moleque que mandara ao correio, no arraial,
buscar correspondência. (SV-R)
96.
Discutia sem nexo, querendo mostrar conhecimentos; ao jantar lembrou a sua
condição de vegetariano. (THU-R)
97.
O Dr. Juca lembrou-se de Clarinda. (US-R)
98.
Lembrou-se da marcha penosa que fizera através dela, com a família, todos
esmolambados e famintos. (VS-R)
310
99.
Não teria sido esta voz náutica, vinda da mesma raiz de “chegança”, dança pura,
que, por etimologia popular lembrou chamar de “chegança” às danças dramáticas
do mar? (ESMPT)
100. Lembrou-se Anchieta de abrir as pústulas variólicas; com a ponta de uma
tesoura, lavando-as depois com água muito quente, expediente que deu ótimos
resultados. (SPS-T)
101. O nosso amigo senador Azeredo lembrou há dias ao Presidente da República que
os Estados Unidos da América pagaram à Espanha quatro milhões de libras pelas
Filipinas (...). (DPA-O)
102. É um samba carioca da gema, que um dos portuguêses dançarinos se lembrou de
humanizar mais, com o canto. Intromete na melodia da gaila, quadrinhas do mais
puro e antidiluviano Portugal. (FCA-CR)
103. Lembraram-lhe o tipo de gente com quem sua mãe sempre recomendava não se
misturar. (CDE-R)
104. Lembraram-me as duas irmãs, de beleza diversa. (UMO-R)
105. (...) e ainda membros do Supremo Tribunal até agora não se lembraram de que a
minha qualidade de Senador da República me inibisse de advogar. (DPA-O)
106. Bem me lembrava de ter lido Gabriela e não Florisbela, mas ao mestre confuso
convinha revidar em tom de menoscabo (...). (ABD-R)
107. Muitas vêzes se lembrava de Deus, e o identificava com os devotos. (AGM-R)
108. Lembrava-se bem: devia a Heitor o que poucos seres humanos já deveram a
outro ser humano. (ANP-R)
109. Lembrava-me disso e apalpava com desgosto os meus muques reduzidos. (ANR)
110. Calaram-se, porém Alicate lembrava das balas que já haviam passado zunindo
em seus ouvidos, das vezes em que quase dançara durante as fugas. (CDE-R)
111. Lembrava-se bem da antiga questão entre José Gomes e Joaquim Costa. (CLS-R)
112. E lembrava-se das ruirias de uma igreja que vira afogada em mato, com arvores
enormes dentro a nave, rompendo o telhado com as frondes (...). (CMA-R)
311
113. Lembrava-se agora do restaurante, La Bersagliera, perto do porto, cinco minutos
de táxi, bom de peixes e frutos do mar. (CPT-R)
114. Mas hás de crer que, quando corri aos papéis velhos, naquela noite da Glória,
também me não lembrava já da toada nem do texto? (DC-R)
115. Nos momentos mais dificeis de sua ajitada carreira, quando a onda crespa dos
inimigos ameaçava envolvê-lo, Feijó ainda lembrava os tempos felizes vividos
na caza da rua da Freira (...). (DOI-R)
116. Lembrava-se da fúria que se apoderara dele quando o procurou para condenar as
ações de Deodato. (FM-R)
117. Nunca se prende a amor algum, não se lembrava de haver, jamais, detido os
olhos em rosto de mulher mais que o tempo de a ver para escolha do seu capricho
efêmero (...). (IM-R)
118. Era uma modinha antiga - Madalena se lembrava do tempo em que estivera em
moda, quase no limiar da sua adolescência. (JUB-R)
119. Emanuela lembrava ainda a sua vida. (JUB-R)
120. Só se lembrava de que chegara a casa junto com o morto, que ia numa maca
carregado por quatro homens. (LSO-R)
121. Lembrava-se de repente da morte do pai de Clarissa. (LSO-R)
122. Lembrava-se de “Luzes da Cidade”. (LSO-R)
123. (...) é claro, veio como amigo de Irene e não como diretor de jornal; não era um
grande jornalista, lembrava-se agora, era diretor de jornal. (LUS-R)
124. Lembrava-se de como pouco tempo antes de ir morar na cidade com Danie1
aceitara passar um mês numa fazenda longe da Granja (...). (LUS-R)
125. Depois que vim a saber as histórias de rainhas cruéis, as intrigas perversas das
Anas Bolenas, acreditava em tudo, porque me lembrava da Tia Sinhàzinha. (MER)
126. Ela se lembrava de ter ouvido um tiro no momento em que desmaiara. (NT-R)
127. Lembrava-me e ria do seu aforismo plástico: Quem ama a arte não freqüenta
museus (...). (OES-R)
312
128. Lembrava-se do ar distante do pai, no dia que estivera na casa do padre falando
para que êle voltasse para junto dêles. (PB-R)
129. Lembrava-se que nunca tivera namôro no Açu. (PB-R)
130. Lembrava-se delas e sabia que haveriam de achar Otávio feio naquele instante.
(PC-R)
131. Não a achou apenas - um farmacêutico da rua da Ajuda se lembrava de ter
vendido uma onça de qualquer droga, três dias antes, à pessoa que tinha os sinais
indicados. (RCV-R)
132. Lembrava-se da visita do Pastor Schmidt a seu pai. (RD-R)
133. De uma coisa se lembrava perfeitamente bem: em determinado momento (...).
(REN-R)
134. Apenas se lembrava dos olhos, do olhar, que eram bem dela, ou, tanto, que
absorvera toda a sua atenção para não olhar mais nada, nem mesmo dela... (SINR)
135. Para a maior parte era uma apaixonante questão de fôro, que lembrava aquêles
processos antigos do tempo da conquista da terra. (SJ-R)
136. O major apertava o manuscrito na mão e lembrava-se da sua casa, lá longe, no
canto daquela planície feia, olhando, no poente (...). (TF-R)
137. Um corpo que, devido às condecorações, lembrava descomunal bagre que
houvesse fuçado batéis de garimpeiros. (THU-R)
138. Lá ficara, há dois anos atrás, Pai Lucas dando com os braços para eles. Nem se
lembrava. (US-R)
139. Lembrava-se de ter visto o usineiro no tempo em que ia para a escola. (US-R)
140. Vira tanta coisa, fizera tanta coisa, e era só do que se lembrava, de coisas velhas,
de muito longe. (US-R)
141. Por isto, com insistência e franqueza apostólicas lembrava a el-rei a conveniência
de mandar um bispo, único meio de trazer ao aprisco as ovelhas e conter os lobos.
(CH-T)
313
142. Com isso a vida social se requintara, o teatro lírico resplandecia, o comercio
lembrava os empórios da Europa, a rua do Ouvidor era um trecho de Paris
entalado na modéstia portuguesa do velho Rio (...). (RF-T)
143. Lembrávamos fatos sucedidos vários dias antes e que, no entanto, pareciam data
da véspera. (LRU-R)
144. Vivia ali com eles desde que existia, desde que ele e ela se lembravam de
qualquer coisa - e sempre tratada como filha, como irmã... (ANP-R)
145. As músicas lembravam nitidamente as melodias em voga, mas as letras eram
personalíssimas. (OES-R)
146. Era toda retorcida, como se um vendaval a tivesse feito ficar assim. As
lembravam aqueles telhadinhos revirados para cima. (THU-R)
147. Repeti-lhe que, de fato, o trabalho não se realizaria antes dos exames, mas que eu
me lembrara de lhe telefonar porque acabara de estar com o Roberto Mendonça.
(ABD-R)
148. Lembrara-se daquela briga por causa de Neném, e sentia-se culpada. (FM-R)
149. Era só para mostrar que se lembrara de mim. (P-R)
150. Fiz, como verão, tôdas as hipóteses, mas nunca nenhuma me satisfez; entretanto,
para não cansar o leitor, eu lembrarei como Poe (creio eu) que a verdade está
sempre na hipótese mais simples, ao que Comte ajunta: a mais simpática. (VM-R)
151. Lembrarei apenas, e de fugida, que eu já cultivava uma espécie de vago
“simbolismo” ainda no tempo em que vários inimigos actuais do Parnaso (...).
(PAU-CR)
152. Em todo caso, se mais tarde ela não nos fizer lembrados aos que a virem,
lembrará ao menos o homem, em cuja honra a fizemos erguer aqui, bem perto de
nós (...). (AR-T)
153. Há uma grande variedade de elementos que caracterizam a feição afro-negra em
nosso Folclore, dos quais lembraremos mais alguns por ser um tal assunto muito
apresentado paginas adiante. (MAB-T)
314
154. Dona Tereza, por certo, lembraria que bem ela avisara da dificuldade de um
encontro marcado sem terem combinado um local fixo, a uma hora determinada.
(CAV-R)
155. Acaso nenhum deles se lembraria então da festa, nem da mocinha convidada,
nem do episódio da conversão. (NO-T)
156. As nomeações dos lugares políticos ou que possam influir na política recaíram em
homens do partido podendo eu rejeitarias ou lembrarias... (RF-T)
157. Nem D. Francisquinha, nem a irmã, nem o pai se lembrariam da outra. (P-R)
158. D. Ignez, ao despedir-se do filho, encheu-lhe os bolsos de rezas e amuletos,
pedindo-lhe que se lembrasse sempre do quadro que havia na capela domestica,
representando as almas do Purgatório, sofrendo nas chamas. espicaçadas por
demônios negros, entre monstros esvoaçastes. (ABP-R)
159. Embora não se lembrasse com nitidez daquele tempo - vivia-se tanto cada dia parecia-lhe estar agora sendo impaciente consigo mesma. (LUS-R)
160. Talvez não se lembrasse mais de Leolino... (SIN-R)
161. Numa ocasião em que a literatura médica trazia frequentes referências à estase
duodenal. isto é, quando o assunto estava em voga, era natural que nos
lembrássemos de tal condição patológica quando encontrávamos indivíduos
apresentando síndromes de tal feição. (GAC-T)
162. Que se lembrassem des dezesete... e quando Portugal não tivesse forças, a
Inglaterra o ampararia... (BRA-T)
163. A surpresa, misturada de confrangimento, que li nos seus olhos, fez-me lembrar
uma lenda hindu, segundo a qual Buda, criado até à adolescência nos jardins do
seu palácio (...). (ABD-R)
164. E agora não podia fazer mais nada para retirar aquelas expressões infelizes que só
faziam lembrar sua fuga, a te do velho Soares, enfim todo o “drama” que ela
própria desencadeara. (ANP-R)
165. Tentou se lembrar das alegrias pueris que morreram, uma a uma, a cada topada
que dera na realidade, em cada dia de fome que ficara para trás. (CDE-R)
315
166. 0 encontro deu-se em um baile; tal foi - para lembrar o primeiro ofício do
namorado, - tal foi a página inicial daquele livro, que tinha de sair mal composto
e pior brochado. (CMC-R)
167. Hás de lembrar-te delas; se não, relê o capítulo, cujo número não ponho aqui,
por não me lembrar já qual seja, mas não fica longe. (DC-R)
168. Foi uma dificuldade lembrar-me dela, porque a façanha do garoto me
envergonhava talvez e precisei extingui-la. (INF-R)
169. Eulalia sacudiu a cabeça em sinal de repreensão ao mau modo de Elsa e tornou a
lembrar a Silvinha que já era tarde. (LRU-R)
170. A velha esteve encantadora, a moça também e a conversação evitou tudo o que
pudesse lembrar a ambas a respectiva perda, uma do esposo, outra do filho
postiço. (MA-R)
171. Lembrar-me-ei de ti eternamente. (NT-R)
172. E José, não, Alberto, Alberto ou José? queria lembrar sofria. (PRI-R)
173. Quando hoje tento lembrar-me de certos episódios e pessoas de meu mundo de
criança, não me é nada fácil situá-los no território do passado. (SC-R)
174. Morreu agoniado e em silêncio, sem se lembrar de nada, senão talvez de se
defender desesperadamente, entre soluços e arquejos roucos, contra o veneno que
lhe queimava o corpo e lhe cegava os olhos. (THU-R)
175. Antes de tudo, precisamos lembrar que as Companhias ou as Municipalidades
exploradoras do comércio das águas minerais no Brasil (...). (AHC-T)
176. (...) ou quando não se tenha apresentado candidato por algum distrito, eleitoral, ou
este não o tenha naturalmente, e aquele cuja eleição lembrar o governo for bem
aceito. (EIN-T)
177. Diante de uma sintomatologia qual a apresentada linhas acima, o médico deve
lembrar-se da possibilidade de existir um processo ulceroso, em primeiro logar.
(GAC-T)
178. Nesse apólogo se exalta o habito de muitas tribos afro-negras fazerem o defunto
participar, em pé ou sentado, da cerimônia fúnebre em sua honra. (MAB-T)
316
179. Se alguma coisa me coubesse dizer, capaz de atenuar as carregadas cores deste
quadro, seria para vos lembrar que provavelmente nenhum país do mundo, nos
últimos dez anos, se aproxima deste na magnitude dos esforços empregados em
favor da educação. (REP-T)
180. (...) e para bem explicar os :caracteres particulares que esta síndrome pôde
apresentar conforme os casos, convém lembrar a composição da bile. (SM-T)
181. Convém lembrar que as ulcerações tuberculosas da garganta, na imensa maioria
dos casos, só aparecem em doentes de tuberculose pulmonar ou de tuberculose
intestinal. (TPM-T)
182. Não deixarei a propósito de lembrar a curiosíssima arvore de leite, de que falam
certos viajantes (...). (VAL-T)
183. Não entrando embora na indagação das razões de S. Ex., no que diz respeito às
acusações feitas a outras Comissões, tomo a liberdade de lembrar a V. Ex. que a
natureza dos trabalhos da Câmara (...). (ACD-O)
184. Deve lembrar que os remadores da Capitania de Mato Grosso, que fazem um
serviço fluvial muito menos pesado do que o do porto da Bahia, ganham,
entretanto, 60$000. (ACD-O)
185. V. Excia. deve se lembrar que ainda estamos no regímen do funding-loan. (DPAO)
186. Convém lembrar que àquela altura o Braga já era conhecido nacionalmente.
(EPA-CR)
187. (...) vale a pena lembrar fatos que sirvam para se lhe fazer no estrangeiro alguma
justiça.(PAU-CR)
188. E adeus, de teu amigo Lobato Areias, 15,8,1909 Heitor Recebi a tua carta de 12,
realização de um “projeto velho” e fico-te grato pelo te lembrares do exilado das
Areias. (PAU-CR)
189. Eram os grandes na ilha, estes que tinham mulheres e filhos para se lembrarem
deles. (US-R)
190. Seu Manuel, quando o senhor estiver no aperto, lembre-se de que eu avisei como
amigo. (HR-R)
317
191. Lembre-se que se aprendeu a ler com sua mãe, eu lhe, ensinei as letras e os
números. (THU-R)
192. Lembre-se de que Deus o fez homem como os outros. (LM-T)
193. Lembre-se porém o govêrno de que com a maior solenidade ele acaba de fazer
uma promessa a uma classe numerosa de desgraçados (...). (CI-CR)
194. Lembre-se que minha condição foi, “se a tradução me satisfizer.” (PAU-CR)
195. Só quero que tu te lembres Da hora em que te servi. Triste vida a de quem ama,
Tem tormentos que passar. (CGU-R)
196. Lembremos, apenas, que, após três anos de duro e sangrento sacrifício, a 5 de
janeiro de 1869, Assunção foi ocupada. (FHB-T)
197. Lembrem-se as palavras de Armitage, e que se completam assim, nas mesmas
paginas: “o que perdeu D. Pedro foi... (BRA-T)
198. Ok-responde ela, contente por se ter lembrado de dizer oquêi, como nas fitas
americanas. (CCR-R)
199. Das três far-se-ia urna só mulher (mais de uma vez me têm lembrado as “Vergini
delle rocce” de D'Annunzio, transpostas do aristocrático para o burguês...) (...).
(UMO-R)
200. Outro fato da circulação que deve ser lembrado, pois tem conseqüências na
patologia, é que o sangue entra no lóbulo por um sem-número de capilares
originados (...). (FIG-T)
201. (...) nem que a mesma linha continue depois pelo Ipané, rio que da mesma forma
não é lembrado em todo o Tratado. (LB-T)
202. (...) teve a fortuna de lograr as suas relações esse nosso comum amigo, tão
delicadamente lembrado por V. Ex. nas primeiras linhas da sua carta. (DPA-O)
203. Maria Clara neste momento salvou-me, lembrando à mãe o compromisso que
assumíramos de levá-la à primeira sessão do cinema do bairro, onde passam um
desenho animado. (ABD-R)
204. De repente, lembrando-se que precisava interromper tudo aquilo para falar com o
avo, sentiu-se perdido e numa rápida carreira foi para o quarto, atirou-se na cama
e pôs-se a chorar. (ANP-R)
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205. Estendeu-lhe a mão com intimidade, lembrando-lhe o passeio à Cachoeira.
(CMA-R)
206. E ele lembrando, sem vanglória, o heroísmo que praticou, a vê chorar. . . (HGST)
207. Que paixão, que nada! - assegurou Sé Luís, Lembrando-se das inumares vezes
em que vira Armando em companhias variadas, sempre novas e impossíveis de se
levar a sério... (LRU-R)
208. Ale caminha para as ruas centrais, lembrando-se de outras noites em que andava
por aquêles mesmos lugares em companhia de Olívia. (OL-R)
209. De tempos em tempos reuníamo-nos, Lotário e eu, em conselho e, vendo o cofre
vazio, lendo os avisos de bancos e lembrando-nos da data de vencimento de
duplicatas, tomávamos decisões drásticas... verbalmente. (SC-R)
210. Ela era a nossa Vêmis Loura. - Sim, estou me lembrando; mas não a
reconheceria porque já se vão diversos anos. - Pois as duas parecem gêmeas.
(THU-R)
211. As suas fezes são volumosas, de menor consistência e esbranquiçadas,
lembrando massa de vidraceiro. (DPF-T)
212. Não lhe seriam inferiores A Lástima, composta “na masmorra da Ilha das Cobras,
lembrando-se da família”, nem o feito à Rainha D. Maria I (...). (HD-T)
213. As parótidas não raro aumentam de volume e ficam meio dolorosas, lembrando o
aspecto das cachumbas. (TPM-T)
214. (...) estadista procurando resolvê-la por partes, começando pelo princípio, e
lembrando-se treze anos depois de 1871 desta célebre frase do sr. Saraiva sobre a
lei de 28 de Setembro: (...). (CI-CR)
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