a filosofia do amor em alain badiou - PUC-Rio

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Departamento de Filosofia
A FILOSOFIA DO AMOR EM ALAIN BADIOU
Aluno: Gabriel S. Wainer
Orientadora: Luisa Buarque
Introdução
Por que o amor é importante? Por que torná-lo objeto de estudo de um projeto de
iniciação científica em Filosofia? Por último, o que é o amor? Foi por essas perguntas que
acabei encontrando uma resposta intrigante no filósofo francês Alain Badiou, da qual
elaborarei nesse trabalho.
Objetivo
Fazer um estudo sobre a concepção de amor do filosofo Alain Badiou, contrapondo-a
com visões anteriores.
Metodologia
A partir de uma bibliografia selecionada pela orientadora e o aluno, fazer um
levantamento teórico das principais concepções acerca do tema e depois analisar criticamente
seus fundamentos filosóficos.
Conclusões
Geralmente nos acostumamos a tratar o amor por seus efeitos psicológicos ou através
de uma teoria das paixões. Quando dizemos que amamos algo ou alguém, nos referimos a um
determinado movimento do espírito cujo resultado reside em alguma espécie de necessidade
para com o sujeito ou o objeto do amor. O surgimento dessa paixão parecer ligar o serhumano necessariamente a esse outro, deixando-nos de certa forma vagando por devaneios de
desejo e elaborando estratégias para a sua conquista. Levamo-nos a crer que amor está ligado
ao desejo e que desejamos apenas aquilo que nos falta; logo, o amor estaria ligado a questão
da falta e da busca pelo preenchimento.
Esses dois aspectos descritos a cima encerram de maneira bem generalizada as
concepções de uma teoria das paixões e outra da psicanálise, mesmo que, de uma maneira ou
de outra, sempre amalgamadas de um psicologismo presente desde a antiguidade. Platão, no
Banquete, coloca diferentes discursos na boca de seus personagens, que vêm o amor desde o
deus primordial, fonte de movimento do mundo, até a visão de que Eros (amor) é o filho de
Pênia (carência) e Poros (recurso). O mito de que Sócrates “sabia que não sabia”, cai por terra
quando ele afirma que o amor era a única coisa da qual tinha conhecimento. O amor sempre
aspiraria ao Belo e ao Bem.
O que vamos encontrar em Badiou é uma abordagem estritamente racional, herdada da
concepção analítica de Jacques Lacan, de cuja tese ele faz críticas e reformula certos pontos
fundamentais.
Lacan em uma célebre conferência dos anos 60 afirma que “não existe relação sexual”.
O sexo, em si mesmo, é uma relação narcísica entre os dois sujeitos da relação, isto é, a
experiência do gozo é inteiramente individual, apenas mediada pelo corpo do outro. Portanto
existe uma crítica já em Lacan da finalidade do amor sendo o sexo. Como consequência, o
amor seria aquilo - quando não é meramente a realização de um desejo sexual - que
permanece depois da experiência do sexo. O amor suplementa a falta da relação sexual. É,
portanto, uma ilusão mental que preenche uma ausência ontológica. O ser, para Lacan, não há,
o que existe é apenas fato do dizer.
Departamento de Filosofia
Amor, segundo Badiou, é uma das quatro condições da filosofia. As outras três são a
política, a arte e a ciência. Por ser uma das condições, apresenta justamente a característica de
ser um evento que afirma: existe Verdade. A necessidade de defender o amor e de colocá-lo
como experiência paradigmática para o nascimento da filosofia é tão importante quanto à
necessidade de combater os sofistas contemporâneos.
O conceito de amor será construído por Badiou como uma categoria da filosofia. Essa
relação entre o amor e a filosofia continuará sendo problemática. O amor é justamente o
tratamento de um paradoxo. A regra implícita para esse procedimento é, em todo caso, de
coerência interna: sua categoria filosófica deve continuar compatível com seu conceito
analítico. Sua categoria de ve ser posta à prova contra uma ficção de uma história de amor
particular; que garanta que essa categoria filosófica admita dentro de seu conjunto as grandes
histórias de amor da mesma maneira que a sintaxe deve ser prenchida pelo conteúdo
semântico.
“Nenhum tema requer uma lógica mais pura do que amor”. [1]
Acredito que podemos tentar sintetizar o pensamento do senhor Badiou no seu Elogio,
que o amor é o processo de construção de verdade, a partir do engajamento existencial
recíproco com seu sujeito/objeto de amor. O que importa é reforçar o que ele insiste: que o
amor como um processo de construção de verdade, é um evento metafísico básico, de passar a
olhar o mundo a partir do prisma de Dois e não mais de Um.
Referências
1 - Badiou, Alain. Conditions. Paris: Éditions du Seuil, 1992. p.257.
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