GOVERNO DE SANTA CATARINA SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE SUPERINTENDÊNCIA DOS HOSPITAIS PÚBLICOS ESTADUAIS GERÊNCIA TÉCNICA DAS UNIDADES HOSPITALARES Florianópolis, outubro de 2011 GOVERNO DE SANTA CATARINA SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE SUPERINTENDÊNCIA DOS HOSPITAIS PÚBLICOS ESTADUAIS GERÊNCIA TÉCNICA DAS UNIDADES HOSPITALARES PROTOCOLO PARA PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE FERIDAS AGUDAS E CRÔNICAS Florianópolis, outubro de 2011 GOVERNO DE SANTA CATARINA SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE SUPERINTENDÊNCIA DOS HOSPITAIS PÚBLICOS ESTADUAIS GERÊNCIA TÉCNICA DAS UNIDADES HOSPITALARES PROTOCOLO PARA PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE FERIDAS: ELABORADO POR: Enfª Rosiléa Maria Silvestre APOIO: Enfª Carolina L. Cureau Enfª Marta Mitterer Enfª Nádia Morgana Klein Enfª Neide A. de Paiva Mattos GOVERNO DE SANTA CATARINA SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE SUPERINTENDÊNCIA DOS HOSPITAIS PÚBLICOS ESTADUAIS GERÊNCIA TÉCNICA DAS UNIDADES HOSPITALARES “A enfermagem é uma arte e para realizá-la como arte, requer uma doação tão exclusiva, um preparo tão rigoroso, como a obra de qualquer pintor ou escultor, pois o que é tratar da tela morta ou do frio mármore, comparado ao tratar o corpo vivo, o templo do Espírito de Deus?”. É uma das artes, “Poder-se-ia dizer, a mais bela das artes.” Florence Nightingale GOVERNO DE SANTA CATARINA SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE SUPERINTENDÊNCIA DOS HOSPITAIS PÚBLICOS ESTADUAIS GERÊNCIA TÉCNICA DAS UNIDADES HOSPITALARES SUMÁRIO 1 - INTRODUÇAO ............................................................................................................ 6 2 - OBJETIVOS ................................................................................................................ 7 3 - FILOSOFIA ................................................................................................................. 8 4 - PROTOCOLO ............................................................................................................. 9 4.1 - Protocolo para a Realização de Curativos ..................................................... 10 4.1.1 - Material Necessário ....................................................................................... 10 4.1.2 - Técnica para a Realização do Curativo ....................................................... 11 4.2 - Coleta de Secreção........................................................................................... 12 5 - ACESSO VENOSO PERIFÉRICO PROFUNDO ...................................................... 13 6 – FERIDAS LIMPAS .................................................................................................... 14 7 – FERIDAS INFECTADAS .......................................................................................... 16 8 - MANUTENÇÃO DA INTEGRIDADE CUTÂNEA ....................................................... 17 9 - CONCLUSÃO ........................................................................................................... 21 10 - REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA..............................................................................23 APÊNDICE I - DICAS PARA REALIZAÇÃO DE CURATIVOS ....................................... 24 1 - INTRODUÇÂO A pele é o maior órgão do corpo humano, por ser composta pelas três camadas de tecidos que envolvem, regulam a temperatura, recebem as sensações nervosas dentre outras importantes funções. Inúmeras alterações podem acometer a integridade desta especial estrutura, refletindo na maioria das vezes e de maneira acentuada, muitas das modificações e desajustes sofridos em diferentes órgãos, podendo ser influenciadas por diversas condições e patologias. Entre os diferentes tipos de lesões, as mais freqüentes encontradas são as úlceras venosas, as arteriais, as hipertensivas, as de pressão, as neurotróficas, e por último e nem por isso de menor importância que são as feridas cirúrgicas infectadas ou não. Diante da relevância do tema, conseqüências mórbidas, e por ter se transformado num importante vilão da indústria e comercialização de novas tecnologias da área da saúde, a Equipe Técnica da Gerência Técnica das Unidades Hospitalares de Santa Catarina sentindo a necessidade de atualização, direcionamento, conhecimento da relação custo – benefício e o reordenamento das ações referentes ao tratamento de feridas organizaram-se a criação do Protocolo de Pesquisa e prevenção no Tratamento de Feridas Agudas e Crônicas. O qual deu início a suas atividades no dia 29 de setembro de 2004, com revisão e adaptações a cada dois anos. 6 2 - OBJETIVOS O Protocolo tem por objetivos: Nortear os profissionais a desenvolver ações objetivando preservar acima de tudo a integralidade do indivíduo sob seu cuidado; Assistir aos pacientes e/ou usuários que necessitem de cuidado humanizado e especializado em tratamento de feridas; Promover a educação do cliente para a realização do auto-cuidado e prevenção de lesões tissulares; Facilitar e evitar desperdícios na hora da escolha do produto; Obter uma a avaliação contínua e sistemática da lesão; Garantir as atualizações contínuas profissionais envolvidas no processo; Padronizar a realização, utilização do material e produtos autorizados pelo MS, SES; Avaliar custo-benefício do uso de materiais; Realizar e divulgar trabalhos científicos. 7 3 - FILOSOFIA Desenvolver a coesão e a valorização da diversidade de papéis em busca da integralidade do indivíduo; A relação entre os profissionais e o paciente/cliente é baseada em respeito mútuo, dignidade e individualidade; O paciente/cliente é considerado um indivíduo dotado de conhecimento inerente a sua cultura; Auxiliar o profissional a indicar um tratamento adequado, bem como a humildade em reconhecer as próprias limitações e realizar um trabalho em parceria; A assistência está voltada para a prevenção e tratamento, buscando orientar as atividades de auto cuidado ao encontro da melhoria da qualidade de vida; Promover a prática, em consonância com a base científica, tendo o compromisso de aperfeiçoar recursos e oferecer qualidade na assistência; A atualização constante e a divulgação de novos conhecimentos são princípios fundamentais dos que de maneira direta e indireta utilizam este Protocolo. 8 4 - PROTOCOLO A fim de que a implantação de um esquema terapêutico resulte na sistematização da assistência, a maximização do potencial humano e a redução de custos se fazem necessário a construção de um protocolo básico a fim de elucidar a assistência com qualidade, relacionado ao tratamento de feridas agudas e crônicas. Estando o mesmo sujeito a quantas revisões e modificações sempre que necessário. Para (CÂNDIDO, 2006), no tratamento de ferida cutânea o mesmo produto não pode ser eficaz durante todas as fases de evolução do processo cicatricial e a todos os pacientes, daí a necessidade de acompanhamento, a fim de avaliar a necessidade de mudança da cobertura. Há uma miscelânea de produtos no mercado, porém, como disse o saudoso CÂNDIDO, “o melhor tratamento é aquele que dispomos no momento e acreditamos ser justo”. O profissional envolvido na assistência de portadores de lesão deve levar em consideração o estado psicológico e principalmente o nutricional do portador de solução de continuidade, considerados por estudiosos da área de grande relevância para que haja sucesso no fechamento da ferida. Ainda para CÂNDIDO, durante o tratamento da ferida cutânea, é importante não permanecer vinculado a proposições de condutas pré-definidas, mas sim buscar metodologias e soluções, originando procedimentos eficazes e diminuindo a diferença entre vantagens e desvantagens e custo e benefício. Portanto, ao se deparar com um portador de lesão, antes de decidir por qual cobertura utilizar, buscar sempre pelo bom SENSO e fazer uma análise acerca da integridade cutânea do paciente, por exemplo: tem propensão a lesão? Tem dificuldade de locomoção? É portador de alguma seqüela neurológica? Etc. Quando falo “cicatrizados em vários sentidos”, quero dizer que, na maioria das vezes, quando nós, profissionais da enfermagem, tratamos das lesões, acabamos tratando também de outras feridas que envolvem esta cicatrização, feridas da alma, do coração, e também do bolso (PRAZERES, 2009). 9 Não existem tecnologia nem cobertura milagrosa, se o profissional cuidador não tiver uma visão holística do estado paciente antes de decidir pelo tratamento. Durante o período de tratamento, deve-se enfatizar que a colaboração do paciente é determinante para uma cicatrização eficaz e sem seqüelas. 4.1 - Protocolos para a Realização de Curativos 4.1.1 - Material Necessário Luva de procedimento; Frasco de soro; Tesoura; Atadura de crepom; Pacote de curativo ou luva estéril; Gaze, chumaço ou compressa; Cobertura de escolha; Fita adesiva de escolha; Saco p/ lixo; Óculos; Avental se necessário; 10 Máscara. 4.1.2 - Técnica para a Realização do Curativo (asséptica) Realizar a anti-sepsia das mãos Preparo do material a ser utilizado Preparo do paciente na posição adequada Calçar luvas de procedimento (para retirada do curativo) e estéril para realização do mesmo Remover o curativo anterior, utilizando solução salina morna (SF o, 9%), para evitar a retirada do tecido recém formado. Observar a ferida para posterior registro Realizar a anti-sepsia da ferida com solução salina, utilizando frasco de soro de 100 ml perfurado, mantendo distância de aproximadamente 10 cm da lesão Aplicar curativo adequado conforme protocolo Aplicar curativo secundário, fixando-o corretamente Recomendar ao paciente os devidos cuidados Organizar a unidade do paciente 11 Desprezar os resíduos Fazer registros no prontuário 4.2 - Coletas de Secreção 4.2.2 - Material Necessário Luva de procedimento Frasco de soro Seringa 20 ml Agulha 40x12 Swab 4.2.3 - Técnica de Coleta Limpeza da lesão com solução salina Coleta do exsudato da ferida deslizando o swab pelo leito da mesma com técnica em Z, onde no mínimo 08 pontos dos bordos devem ser tocados. Identificar e encaminhar o mais rápido possível ao laboratório 12 5 - ACESSO VENOSO PERIFÉRICO PROFUNDO ACESSO VENOSO PERIFÉRICO Realizar anti-sepsia da pele com álcool a 70% e/ou clorexidina alcóolica a o, 5%%, três vezes consecutivas antes da punção. Troca do dispositivo: 72/96h ou quando apresentar sinais de infecção. CATETER CENTRAL DE . INSERÇÃO PERIFÉRICA - PICC CATETER Filme transparente de poliuretano – 1x/semana, se for com adesivo micropore, a cada dois dias. No caso de punção com PICC: Não trocar o cateter rotineiramente. (CCIH – HRSJ, 2006) ACESSO VENOSO PROFUNDO Realizar a anti-sepsia da pele com clorexidina alcóolica a 0,5%%, e/ou PVPI 10%. Após a anti-sepsia, aguardar dois minutos antes da inserção do cateter. CATETERES FLEBOTOMIA Realizar curativo com gaze estéril nas primeiras 24h, após, filme transparente de poliuretano com troca – 1x/semana ou qdo saturado. Fazer anti-sepsia cutânea na troca do curativo, respeitando a técnica asséptica. Obs.: Inspecionar diariamente o sítio de inserção do cateter, e curativo, no mínimo 1x/dia após o banho. Nota: “Não se recomenda a utilização de qualquer tipo de anti-séptico em ferida aberta” (BORGES et al 2001). 13 6 – FERIDAS LIMPAS FERIDAS LIMPAS Realizar limpeza abundante com soro fisiológico 0,9% morno, em jato. Secar somente a área peri-ferida. Se cavidade, retirar o excesso de solução sem esfregar. Ferida cavitária Exsudativa ( de 05 vezes/troca) Sem exsudato Colágeno com gaze não aderente por 3 dias; Alginato de cálcio e sódio por 7 dias e/ou saturado ou Hidrofibra e Hidropolímero por 7 dias e/ou quando saturado. Hidrocolóide transparente por 7 dias; Hidrogel com gaze não aderente por 3 dias; AGE 1x/dia. Hidrofibra ou Hidropolímero por 7 dias e/ou quando saturado Fibra de Alginato de cálcio e sódio + AGE e curativo secundário; Pasta de hidrocolóide + curativo secundário. NOTA: Não se esqueça de registrar sobre a ferida: Tipo de ferida: Ulcera de pressão, úlcera varicosa, úlcera diabética, escoriações, queimaduras, incisão cirúrgica, ortopédicas e cateteres venosos. Presença de: Sinais flogísticos – dor, calor, rubor e edema Grau da lesão: Grau I - Eritema sem lesão de pele; Grau II – Lesão superficial dermoepidérmica, com formação de vesícula, abrasão e ulceração; Grau III – Lesão da pele total; Grau IV – Exposição da fácia muscular, tendões e ossos. 14 Característica da lesão: Necrose, granulação, fibrina e/ou esfacelo Tamanho da lesão, profundidade, exsudato e tempo da lesão. 15 7 – FERIDAS INFECTADAS FERIDAS INFECTADAS Coletar exsudato conforme rotina (swab) Encaminhar imediatamente ao laboratório. Excesso de exsudato e odor fétido Realizar limpeza abundante com soro fisiológico 0,9% morno, em jato. Necrose tipo esfacelo (tecido desvitalizado) Necrose seca Utiliza-se carvão ativado com prata + curativo secundário. Independente das características da ferida, sempre utilizar técnica asséptica. Hidrogel com filme transparente ou Papaína de 8 a 10%%, após Desbridamento cirúrgico ou mecânico a beira do leito, Utilizar hidrogel com filme transparente e curativo secundário 1x/dia ou AGE + curativo secundário. Papaína 4 a 6%; (a fim de limpar a lesão) Alginato de cálcio + Bioclusive transparente e curativo secundário até saturar ou Hidrofibra Hidropolímero. Colagenase “MONO” até saturar. Ferida Limpa . Notas: Propiciando meios para o Curativo Ideal segundo (TUNER, 1982) Manter alta umidade na interface ferida/curativo – favorece o desbridamento de tecido desvitalizado; processo autóptico. Remover o excesso de exsudação - o excesso de umidade provoca a maceração da pele adjacente, além de aumentar o número de microorganismo na leão. 16 Permitir a troca gasosa – a hipóxia no leito da ferida cria uma área de baixa tensão de oxigênio e consequentemente estimula o crescimento de arcos capilares na ferida que trazem oxigênio com eles. Fornecer isolamento térmico – uma temperatura constante em torno de 37C estimula a atividade macrófoga e mitótica durante a granulação. Ser impermeável às bactérias – impede a contaminação da ferida, impede que as bactérias escapem para o ambiente. Ser isento de partículas e de tóxicos contaminados de feridas – partículas de algodão, gaze, pois estas renovam ou prolongam a reação inflamatória afetando a velocidade de cicatrização. Permitir sua remoção sem causar trauma na ferida – utilizando curativos que promova meio úmido, ou seja, curativo não aderente á superfície da ferida. 8 - MANUTENÇÕES DA INTEGRIDADE CUTÂNEA Identificação dos pacientes com risco para úlcera de pressão. Implementação de escala para mudança de decúbito e reposicionamento do paciente. Identificação dos pacientes portadores de incontinência urinária e/ou fecal Utilizar sabonete com ph neutro para realizar a limpeza da região genital (sabão comum – remove os lipídeos e o manto hidrolipídico da pele) Estar atento para o aparecimento de candidíase e outras infecções por fungos 17 Estabelecer rotina de verificação e possível troca de fraldas a cada 3 horas, no máximo. Em casos de pacientes com úlceras de pressão estágio III e IV, discutir a possibilidade de cateterismo intermitente para o sexo feminino e/ou sondagem vesical de demora se houver respaldo da CCIH, até a melhora parcial da lesão. Utilização do colchão piramidal com densidade de 28, 29 a 30 em pacientes acamados com diminuição da mobilidade, da atividade e da percepção sensorial. Utilização de aliviadores de pressão – coxim, travesseiro, almofada de gel para região sacra, “rolinho” para as mãos e etc. Aplicação de filmes transparente, por exemplo: (Opsite* Flexifix*) e/ou cremes ou loções, por exemplo: a base de AGE (AGE) nas áreas de risco aumentado para lesões. Atenção especial para pacientes com: doenças neuro-degenerativas, diabetes mellitus, desnutridos, idosos, diminuição da pressão arteriolar, stress emocional, fumantes e hipodérmicos. Pacientes com aparelhos gessados deverão ser observados em relação a: ponto de apoio do membro, pontos de pressão do aparelho gessado sobre a pele, perfusão do referido membro, integridade da pele que se mantém como apoio para o aparelho gessado. Realizar massagem suave na pele sadia, em áreas potenciais de pressão, com loção umectante e suave, por exemplo: (AGE). 18 Parecer da Nutrição: Avaliação e diagnóstico nutricional, definição da terapia nutricional (necessidades dietéticas, vias de acesso e uso de nutrientes específicos ao tratamento de feridas), acompanhamento e monitorização do estado nutricional e da terapia instituída. Manter a limpeza das roupas de cama, bem como mantê-las secas e bem esticadas. Não utilizar lâmpadas de calor sobre a pele, pois estimulam o ressecamento da mesma. Áreas hiperemiadas não devem ser massageadas, pois correm o risco de provocar solução de continuidade. Em caso de dúvidas quanto à utilização de algum produto, consulte um membro da comissão. A prescrição do curativo será realizada pelo médico e/ou enfermeiro obedecendo ao protocolo da instituição. Feridas limpas quanto menos manipular melhor. Quando a troca for mais de 1x/dia, avaliar a necessidade da limpeza com jato de soro fisiológico 0,9%. Alguns fatores que influenciam a cicatrização: Tamanho da lesão, virulência do microorganismo, a toxidade de drogas, agentes químicos, a citotoxicidades, os quimioterápicos, os radioterápicos, os corpos estranhos, as necroses, as infecções, os hematomas, os edemas, seromas, tensão na linha de sutura, baixo suprimento de oxigênio, 19 doenças metabólicas, deficiência protéica, idade, indicação inadequada do curativo, técnica do curativo incorreta, desnutrição, depressão e etc. Não utilizar colchão d’água, principalmente em pacientes com pouca ou nenhuma mobilidade – pode causar pneumonia. A avaliação da ferida a fim de certifica-se da eficácia do produto, deverá ser feita pelos enfermeiros da comissão no mínimo a cada 15 dias. O não cumprimento do protocolo implicará na comunicação interna ao CCIH. A utilização dos produtos descritos no protocolo deverá ser indicada pelo médico assistente e/ou enfermeiros da comissão de curativos, salvo os casos já avaliados e em andamento. O estado geral do cliente, a observação constante da ferida, a utilização correta do produto e bom entrosamento com a comissão de curativos, são essenciais para o sucesso na cicatrização. 20 9 - CONCLUSÂO Cuidar de feridas seja esta, aguda ou crônica, não se restringe apenas à troca de curativos e uso de produtos. Inclui: conhecimento troca de experiências e vivências, visão multi-profissional, interdisciplinar e bom senso. A ferida crônica persiste devido à resposta inflamatória crônica, a resposta inflamatória crônica persiste devido à presença de tecido desvitalizado, exsudato e bactéria, os quais são potentes agentes inflamatórios. A cicatrização não irá ocorrer até que estes agentes imunogênicos sejam removidos da ferida através de desbridamento e limpeza eficaz. A análise criteriosa do paciente, da lesão e dos pros e contras de cada técnica descrita conduzirá o profissional a escolher o/os método/s mais indicado/s para cada caso a fim de proporcionar melhores condições para reparação tecidual (GIOVANINI, 2008) Tentar, criar, inventar, inovar, deixar de lado a soberba, e pedir ajuda quando julgar necessário, respeitando os princípios éticos, e acima de tudo ter como princípio norteador que o paciente é o foco central de todo esse empenho, fará com que o objetivo da equipe seja satisfatório, e a necessidade do cliente atendido dentro de um contexto dinâmico e humanizado. 10 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de Condutas para Úlceras Neurotróficas e Traumática: série j. Cadernos de reabilitação em hanseníase; n. 2. Brasília, 2002. 54p. CÂNDIDO, L. C. Nova Abordagem no Tratamento de Feridas. São Paulo: Ed. SENAC, 2001. 282 p. CÂNDIDO, L. C. Tratamento clínico-cirúrgico de feridas cutâneas agudas e crônicas. São Paulo, Santos, 2006 21 CAROL, Dealey. Cuidando de Feridas. São Paulo: Ed. Atheneu, p. 256. 1996. CÓDIGO DE ÉTICA DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM – 2003 CCIH – HRSJ, Abril de 2006. GEOVANINI, Tema; JUNIOR OLIVEIRA, Afeu Gomes de. Manual de Curativos. 2. Ed. Ver. E ampl. – São Paulo: Corpus, 2008 INTERVENÇÃO do enfermeiro nas úlceras de pressão não infectadas em pacientes hospitalizados. ENFERMAGEM BRASIL. Ano 2 n.º 1 jan/fev. 2003. Pag. 17-22. Protocolo de Prevenção e Tratamento de Úlceras Crônicas e do Pé Diabético/ São Paulo: SMS, 2010. PRAZERES, Silvana Janning. Tratamento de feridas: Teoria e Prática. Porto Alegre: Moriá Editora, 2009. 22 APÊNDICE APÊNDICE A - DICAS PARA REALIZAÇÃO DE CURATIVOS PRODUTO A SER UTILIZADO TIPO DE FERIDA TROCA COBERTURA SECUNDÁRIA APRESENTAÇÃ O OBS Uso morno á temperatura corpórea evita o SF 0,9% Limpeza e Em média choque térmico, “Estimula o tratamento de de 4/4h, que provoca a processo de todos os tipos de evitando-se vosoconstricção autólise do tecido feridas. È o único a dos capilares. desvitalizado, agente de limpeza desidrataçã Cobertura não Frascos com 125, Evitar a limpeza graças à ação de totalmente seguro, o da ferida aderente estéril 250 e 500ml mecânica, pois uma enzima e é o tratamento de devido à danifica o tecido autolítica, a escolha para a presença de de granulação. hidrolase ácida”. maioria das feridas. sódio da Possui a mesma (CANDIDO, 2002) (DEALEY, 1996) solução. osmolaridade de sangue. (CANDIDO, 2002) Utilizar somente em pele ÍNTEGRA e de Antissepsia de pele Membranas ou mucosas para a integra. O uso da filmes introdução de clorexidina e o semipermeáveis, Peri cateteres e PVPI 10% ou PVPI são contrano caso de acesso Punção de fixadores Clorexidina indicados em profundo, curativo cateteres externos A alcoólica 0,5% feridas abertas, com gaze estéril Frascos de 1000 72/96h ou clorexidina e o Clorexidina aquosa pois são citolíticos nas primeiras 24h, ml quando PVPI em contato e tópica 2% e com isso e após, filme úmido com matéria Álcool 70% retardam o transparente e/ou orgânica perdem processo de micropore com seu poder anticicatrização. troca sempre que séptico, ou seja, (CANDIDO, 2002) úmido ou saturado. não agem na presença de matéria orgânica. QUANTIDA TIPO DE OPÇÕES DE TIPO DE TECIDO DE DE APRESENTAÇÃO OBSERVAÇÃO EXSUDATO COBERTURAS EXSUDATO Em áreas epitelizada, Ácidos graxos Frasco com 200 principalmente EPITELIZAÇÃO Nenhum Nenhum essenciais (AGE), ml em idosos, após higienização manter pele sempre hidratada Hidrocolóide Na falta de um transparente por 7 dos produtos, Seroso Placas GRANULAÇÃO Nenhum dias; limpeza com SF Sanguinolento Frascos Hidrogel com gaze 0,9% e papaína 2 não aderente por 3 a 4% 24 dias; AGE 1x/dia. GRANULAÇÃO Seroso Sanguinolento Pouco + Colágeno com gaze não aderente por 3 dias Placas Placas Fios GRANULAÇÂO Seroso Sanguinolento Moderado ++ Colágeno com gaze não aderente por 3 dias; Alginato de cálcio e sódio por 7 dias e/ou quando saturado GRANULAÇÂO Seroso Sanguinolento Grande +++ Hidrofibra Hidropolímero por 7 dias e/ou quando saturado Placas Fios GRANULAÇÂO Seroso Sanguinolento Abundante ++++ Hidrofibra Hidropolímero por 7 dias e/ou quando saturado Placas Fios GRANULAÇÂO Sanguinolento Moderado ++ Alginato de cálcio e sódio por 3 dias Placas Fios GRANULAÇÂO Sanguinolento Grande +++ Hidrofibra por 3 dias Placas Fios GRANULAÇÂO Sanguinolento Abundante ++++ Hidrofibra por 2 dias Outras opções de cobertura: alginato de cálcio, hidrofibra Na falta do produto, proceda a limpeza sempre com SF 0,9% morno e após gaze não aderente finalizando com gaze comum estéril Na falta do produto, proceda a limpeza sempre com SF 0,9% morno e após gaze não aderente finalizando com gaze comum estéril Na falta do produto, proceda a limpeza sempre com SF 0,9% morno e após chumaço estéril Na falta do produto, proceda a limpeza sempre com SF 0,9% e após gaze não aderente finalizando com gaze comum estéril Na falta do produto, proceda a limpeza sempre com SF 0,9% e após gaze não aderente finalizando com chumaço comum estéril Na falta do produto, proceda a limpeza 25 GRANULAÇÂO COM COLONIZAÇÂO OU INFECÇÂO Seropurulento Purulento Piosanguinolento Moderado ++ Cobertura impregnada com prata, troca quando saturado Placas GRANULAÇÂO COM COLONIZAÇÂO OU INFECÇÂO Seropurulento Purulento Piosanguinolento Grande +++ Cobertura impregnada com prata, troca quando saturado Placas GRANULAÇÂO COM COLONIZAÇÂO OU INFECÇÂO Seropurulento Purulento Piosanguinolento Abundante ++++ Cobertura impregnada com prata, troca quando saturado Placas Seroso Sanguinolento Serosanguinolento Pouco + Hidrogel com filme transparente por 2 dias Bisnagas Tubos NECROSE ÚMIDA/ESFACELO Seroso Sanguinolento Serosanguinolento Moderado ++ Papaína de 4 a 6% e/ou Colagenase MONO com filme transparente Creme Pomada Gel NECROSE ÚMIDA/ESFACELO Seroso Sanguinolento Serosanguinolento Grande +++ Hidrofibra e Hidropolímero por 7 dias e/ou quando saturado Placas NECROSE ÚMIDA/ESFACELO Seroso Sanguinolento Serosanguinolento Abundante ++++ Hidrofibra e Hidropolímero por 7 dias e/ou quando saturado Placas NECROSE ÚMIDA/ESFACELO Seropurulento Purulento Piosanguinoento Moderado ++ Cobertura com prata, troca quando saturado Placas NECROSE ÚMIDA/ESFACELO Seropurulento Purulento Piosanguinoento Grande +++ Cobertura com prata, troca quando saturado Placas NECROSE ÚMIDA/ESFACELO sempre com SF 0,9% e após gaze não aderente finalizando com chumaço comum estéril Na presença de tendões e/ou ossos, não utilizar carvão ativado com prata Atentar para coleta de exsudato a fim de avaliar a necessidade de terapia sistêmica. Atentar para evolução do processo cicatricial com fotografias no mínimo 21 dias. Antes da utilização do produto, proceda a limpeza com SF o 9% Papaína manipulada e a collagenase solicitar a farmácia Na falta dos produtos, limpeza com SF o, 9% e chumaço estéril Na falta dos produtos, limpeza com SF o, 9% e chumaço estéril O enfermeiro deve atentar para a necessidade de terapia sistêmica e comunicar o médico assistente. O enfermeiro deve atentar para a necessidade de terapia sistêmica 26 NECROSE ÚMIDA/ESFACELO Seropurulento Purulento Piosanguinoento NECROSE SECA/ESCARA - Abundante ++++ Cobertura com prata, troca quando saturado Placas Nenhum Hidrogel com filme transparente por 3 dias e papaína a 10% com filme Bisnaga Tubo e comunicar o médico assistente. O enfermeiro deve atentar para a necessidade de terapia sistêmica e comunicar o médico assistente. O conhecimento do estado normal facilita identificar o anômalo. Notas : 1- É utopia contar com todos esses produtos em nossos serviços. Não podemos esquecer de usar o bom senso. Temos de estar preparado para a improvisação. Inventar, tentar e experimentar, também faz parte do cotidiano do cuidador de feridas. (CÂNDIDO, 2002) 2 - A indicação do produto/curativo para o tratamento da ferida, será indicada pelo médico e/ou enfermeiro da comissão de curativos. Portanto, não utilize nenhum produto sem o conhecimento do médico assistente e do enfermeiro responsável pela comissão. 3 - Os antissépticos são contra-indicados no uso de feridas por vários autores por serem tóxicos para; Os leucócitos; Os fibroblastos e outras células ; Substâncias que participam do processo de cicatrização (Saúde do Adulto e do Idoso, MS). 4 - Os antibióticos tópicos são contra-indicados, pois levam o desenvolvimento da resistência bacteriana. O PVPI: Não age em presença de matéria orgânica; Eleva o nível sérico de iodo; Efeito nocivo sobre a glândula tireóide, quando absorvido pela pele; Altera o PH ótimo da pele. (Palestra proferida no dia 14 de outubro de 2004 no anfiteatro do HRSJ, pela Enfermeira Estomaterapêuta Silvana Mara J. Prazeres 27