DESENVOLVIMENTO DA DENTIÇÃO MISTA À PERMANENTE: A CONSEQUÊNCIA DA PERDA DE UM CANINO DECÍDUO INFERIOR www.institutowerneck.com Werneck EC*, Mattos FS, Silva ECJC, Marcondes KRN, Siqueira MC Resumo O apinhamento e as irregularidades no desenvolvimento da dentição continuam a ser um problema em pacientes jovens. Assim a gestão destes problemas desempenha papel relevante na prática ortodôntica. A perda precoce de caninos decíduos normalmente provoca diminuição do perímetro do arco, e inclinação dos quatro incisivos para o lado da perda. No caso clínico apresentado, paciente do gênero feminino, em fase de dentição mista, com idade de 7 anos e 06 meses ao início do tratamento, apresentava apinhamento ântero-inferior associado à atresia maxilar, mordida aberta anterior e desvio de linha mediana inferior por ausência do canino decíduo inferior direito. A paciente foi inicialmente tratada com aparelho expansor removível com grade impedidora de língua superior e inferior por 04 meses. Em seguida, foi solicitada a exodontia do canino decíduo inferior do lado esquerdo, com acompanhamento do caso por um período de três anos e oito meses, ocasião em que a paciente já apresentava dentição permanente completa até segundos molares, com todos os problemas anteriormente enumerados totalmente tratados. Desta forma podemos concluir que na hipótese da abordagem precoce, interceptando com critério os problemas diagnosticados, o desenvolvimento da dentição pode ocorrer de forma correta com excelente prognóstico no longo prazo. Introdução O desenvolvimento da dentição mista à permanente e as consequências que os desvios no trajeto eruptivo podem ocasionar, devem receber especial atenção do ortodontista. A intervenção precoce, muitas vezes facilita o tratamento ortodôntico posterior, minimizando o tempo de tratamento, além de prevenir que maloclusões mais severas não sejam estabelecidas e/ou perpetuadas. Desenvolvimento Clínico Fig 1: Fotos intra-bucais pré-tratamento. Nota-se a maxila atrésica, mordida aberta e perda precoce do canino direito com desvio da linha mediana para o lado da perda. Fig 5: Fotos extra-bucais de frente e perfil pré-tratamento. A Fig 2: Vista oclusal do modelo inferior pré-tratamento evidenciando a falta de espaço na região do elemento 83. B Fig 3: Fotos intra-bucais pós-tratamento. A) Correção da mordida cruzada e aberta (início) através do expansor conjugado à grade impedidora de língua (1/4 volta/semana por 4 meses). B) início da erupção dos caninos permanentes e correção espontânea da linha mediana após a exodontia do 73. Fig 6: Fotos extra-bucais de frente e perfil póstratamento (período de contenção) após a troca da dentição. Fig 4: Fotos intra-bucais pós-tratamento (fase de contenção) após a troca da dentição. Verificase a correção da linha mediana e intercuspidação favorável antes da Ortodontia fixa. Considerações Finais A perda do canino decíduo unilateralmente acarreta o desvio da linha mediana sendo um fator de relevância na demanda por exodontias assimétricas1,2. O planejamento da exodontia do dente decíduo pode resolver o apinhamento, promover alinhamento espontâneo e evitar o deslocamento da linha mediana3. No entanto, deve-se ter cautela pois apesar de melhorar o apinhamento este procedimento diminui o perímetro do arco, resultando em menor espaço para erupção dos caninos permanentes4. No caso clínico apresentado, o acompanhamento ocorreu por um período de três anos até que os segundos molares permanentes irrompessem em ambos os arcos, resultando em boa oclusão com necessidade mínima de nivelamento ortodôntico posterior. Referências Bibliográficas 1. Van der Linden P. Ortodontia - Desenvolvimento da dentição. São Paulo: Santos; 1986. 2. Peterson I. Incidence of displacement of the frontal median line after unilateral early extraction of a decicuos cuspid. Dtsch zahnarztl z 1980; 35(2): 301-2. 3. Stephens CD. The use of natural spontaneous tooth movement in the treatment of malocclusion. Dent Update. 1989; 16(8): 340-2. 4. Kau CH, Miotti FA, Hurzer W. Am J Orthod Dentofac Orthop. 2005; 127(5): 638-69.