Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro Avaliação Presencial – AP3 Período - 2010/1º Disciplina: Método, Ideologia e Ética na Organizações Coordenador da Disciplina: Luis Henrique Abegão Aluno (a): ............................................................................................................................ Pólo: .................................................................................................................................... Só serão aceitas respostas feitas a caneta esferográfica azul ou preta; Não será feita revisão da questão quando respondida a lápis. Boa sorte! 1. (Valor 2,0) RESPOSTA: Apesar das palavras moral e ética terem, etimologicamente, o mesmo significado - moral, do latim mores, e ética, do grego ethos, significam, ambas, costume, modo de agir -, há uma distinção conceitual entre elas. A moral representa o conjunto de valores adotados, de modo particular, por um grupo social, de forma a estabelecer, por conseqüência, uma distinção entre o que o grupo julga ser o bem e a virtude e aquilo que ele considera ser o mal e o vício. A ética se distingue da moral por não ter uma função normatizadora das situações particulares e cotidianas, e sim por exercer um papel de examinadora ou questionadora da moral e, por isso, é também denominada de filosofia moral. A ética, portanto, tem um caráter universal, diferentemente da moral, que está atrelada à cultura de um grupo social em particular. A ideologia capitalista reproduz certos valores, como o individualismo, a competição, o sucesso, o hedonismo, modificando e homogeneizando culturas; o que acarreta em uma nova ordem de valores morais baseada no primado do indivíduo. Como a função precípua da ética é a de garantir a emergência de valores universais, os comportamentos e valores referidos ao indivíduo desvalorizam e dificultam a reflexão ética Na verdade, esse é o impasse vivenciado por todos os filósofos morais da Modernidade: como garantir a universalidade da ética sem colocar em cheque a autonomia do indivíduo, ou seja, como estabelecer valores éticos universais capazes de exercer um papel de obrigação ou dever moral sem, com isto, ter que recorrer a preceitos heterônomos, seja metafísicos ou religiosos. No entanto, a exacerbação dessa individualização da relação com a esfera ética coloca em cheque a própria função da ética como garantia de uma obrigação moral baseada em valores universais. Como esperar, portanto, que tais valores tenham força de dever, quando o próprio indivíduo é a medida de seus atos? Esse impasse não se encontra totalmente equacionado pela filosofia moral contemporânea. Quanto à ideologia 2. (Valor 2,0) RESPOSTA: A pobreza vista apenas como privação de renda e, por conseqüência, como privação em relação ao consumo, reduz em muito a real situação de vulnerabilidade social que tais indivíduos vivenciam. Afinal, segundo Armartya Sen, a privação da liberdade econômica é apenas uma das dimensões da pobreza, que também revela uma privação de liberdade social. Muitas vezes, as pessoas que sofrem privação de liberdade econômica podem contar com uma rede de proteção social e com políticas públicas – incluindo os mecanismos de redistribuição de renda –, que oferecem facilidades econômicas alternativas e oportunidades sociais para o enfrentamento das condições desfavoráveis de vida, garantindo a elas uma certa participação e inserção social. No entanto, quanto menores são as oportunidades sociais e econômicas direcionadas a essa população fragilizada, menor será a possibilidade de exercício pleno da cidadania, o que acaba por acarretar privação de liberdade social. E o que se espera é que cada indivíduo possa desfrutar das liberdades econômica e social, pois somente desta forma conferese um verdadeiro sentido à vida. Em relação à liberdade econômica, Sen nos chama a atenção para o fato de que não basta apenas a ampliação de oportunidades e se não é possível aproveitá-las. Desse fato decorre a importância que o autor dá à ampliação da capacidades, juntamente com as oportunidades. 3. (Valor 2,0) RESPOSTA: Apesar de muitas vezes a ciência reivindicar um tipo de neutralidade quanto à sua susceptibilidade a influências externas nas pesquisas, ela é construída socialmente e está sujeita aos valores pessoais dos pesquisadores, influências políticas, interesses financeiros e comerciais, entre outros. Portanto, é muito difícil defender, de modo incondicional, a neutralidade da ciência ou pretender que se conquiste essa condição. Mesmo porque, sempre haverá a influência das convicções pessoais do cientista na avaliação de ações alternativas na condução de suas pesquisas. Sendo assim, devemos pensar na ética da ciência e da tecnologia tanto em relação aos métodos e procedimentos adotados para se chegar a um determinado resultado, como também no impacto que essas descobertas causariam na vida das pessoas ao longo do tempo, seja de forma física (como a agressão ao meio ambiente) como também de forma comportamental (afetando os modos de vida humana). Isso não quer dizer, porém, que o avanço científico não traga, efetivamente, progressos para a vida dos homens. A questão é de que maneira os resultados são conquistados e quais os potenciais impactos que eles podem acarretar para a preservação da vida humana e do planeta, levando em consideração a perspectiva da sustentabilidade. Outra consideração é quanto ao acesso aos resultados das pesquisas científicas, pois isso pode ser fonte de discriminação e até exclusão social, quando as novas tecnologias beneficiam apenas uma parcela da população e/ou quando as mesmas são utilizadas como fonte de dominação. 4. a) (Valor 2,0) RESPOSTA: O que precisa mudar é a perspectiva das organizações a respeito da sustentabilidade, de uma forma bastante ampla. A compreensão restrita de sustentabilidade, baseada apenas em aspectos econômicos e vinculada à idéia de continuidade das operações com rentabilidade, não é mais suficiente hoje em dia. As questões ambientais cobram das organizações a sua parcela de contribuição para a recuperação ou minimização dos impactos, seja os passivos ou potenciais. Da mesma forma, as empresas passam a ser cobradas ou, mais efetivamente, punidas por governos, órgãos reguladores ou consumidores, quando causam danos não só de ordem ambiental, mas também de ordem social, seja na relação entre empresas ou com os trabalhadores ou os consumidores. 4. b) (Valor 2,0) RESPOSTA: O princípio utilitarista, como orientação ética das organizações, coloca no centro das atenções os acionistas e a própria organização, na medida em que a lucratividade é o princípio norteador. Dessa forma, as demais relações da organização não são valorizadas da mesma forma, o que pode permitir abusos ou ações eticamente questionáveis. Isso não quer dizer que uma empresa com uma visão ética mais utilitarista não possa desenvolver ações de responsabilidade social direcionadas aos seus colaboradores e à comunidade, por exemplo. Se considerarmos que o princípio relativista, como orientação ética das organizações, leva em consideração a adoção de comportamentos difundidos na sociedade, este princípio pode ajudar a superar a crise da ética empresarial, caso os movimentos de difusão das práticas empresariais baseadas no princípio da virtude ganhem maior expressão social. Podemos dizer que o princípio da ética organizacional baseada na virtude é aquele que proporciona o melhor embasamento para as práticas empresarias, podendo contribuir enormemente com a superação da crise da ética empresarial, na medida em que consideram as questões relacionadas à natureza, ao governo, aos fornecedores, aos consumidores, a todos os atuais e futuros stakeholders e à sociedade, numa perspectiva sustentável