História da Classificação dos Seres Vivos

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Autores:
utores: Marina Rosa Stec dos Santos e Regiane Stafim da Cunha
História da Classificação dos Seres Vivos
A história da classificação dos seres vivos, assim como a de outros conhecimentos dentro
das Ciências, é formada por muitos personagens, de filósofos a naturalistas e até mesmo
médicos. Porém, é frequente que apenas um pesquisador seja lembrado e Carl vonLinné
(Lineu, em português) é o personagem mais lembrado e, erroneamente, considerado o
criador dos sistemas de classificação.
classificação. Veremos agora um pouco sobre esses outros
pesquisadores que ficam esquecidos e o motivo de Lineu ser tão lembrado.
O desenvolvimento dos sistemas de classificação é antigo, havendo registros desde a
Grécia Antiga, nas obras de Homero, Hipócrates e Heródoto, mas foi Aristóteles (384-322
(384
a.C.) que mais trabalhou no assunto, classificando os animais de acordo com o tipo de
d
reprodução e por terem ou não sangue. Teofrasto (371-287
(371 287 a.C.), que era discípulo de
Aristóteles, classificou as espécies de plantas conhecidas em quatro grupos, com base no
crescimento:
árvores,
arbustos,
sub arbustos
sub-arbustos
e
ervas.
Ele
também
as
separou
emmonocotiledôneas
nocotiledôneas e dicotiledôneas e sugeriu uma divisão das plantas com ou sem flores. O
médico grego Dioscórides (60 d.C.) agrupou as plantas segundo suas utilidades (as que
possuem raízes medicinais, ervas usadas como condimentos, plantas que forneciam perfumes,
per
etc.), além de, em alguns casos, agrupá-las
agrupá las pela semelhança externa. Estes três trabalhos
tiveram relevância por mais de mil e quinhentos anos e foram retomados no período
Renascentista (século XV e XVI).
No entanto, a partir dos séculos XV e XVI o número de espécies conhecidas aumentou
muito e novos critérios de classificação acabaram sendo desenvolvidos. O italiano Andrea
Cesalpino (1519 – 1603) elaborou um modelo de classificação baseado na aparência das
plantas, portanto, inspirado em Aristóteles
Aristóteles e Teofrasto, mas teve seu método criticado por
basear-se
se em apenas uma característica das plantas (os frutos) e não em várias, para fazer a
classificação. Já o inglês John Ray (1627 – 1705) propôs um sistema baseado em várias
características das plantas.. Inspirado por Teofrasto, Ray fortaleceu a separação das plantas
com sementes e das monocotiledôneas e dicotiledôneas, além de distinguir gimnospermas de
angiospermas e notou a separação das plantas que produzem e não produzem flores. O francês
Joseph Pitton
ton de Tournefort (1656 – 1708) defendeu uma classificação baseada nos caracteres
das flores, reunindo as plantas em grupos hierarquizados, ou seja, grupos maiores que
incluíssem grupos menores. Tournefort também criou uma regra simples para nomear gêneros
e espécies, onde os nomes das espécies de um mesmo gênero começavam com a mesma
palavra e diferenciavam-se pela segunda palavra, e formou cerca de 700 gêneros com base em
características florais, sendo a maioria adotada por Lineu e utilizada até hoje.
O médico sueco Carl vonLinné (1707 – 1778) é sem dúvidas o personagem mais
lembrado quando se trata do sistema de classificação do seres vivos. O objetivo de Lineu era
criar um sistema de classificação realmente novo, que facilitasse a descrição e unificasse os
diversos nomes que existiam na época. Assim é possível observar que ele não foi o primeiro a
classificar, mas sim quem tentou organizar um sistema padrão, pois considerava os já
existentes muito confusos. Lineu reuniu sistema de classificação, sistemática de descrição e
normas para a nomeação das espécies e gêneros, o que permitia uma rápida identificação das
espécies. Contudo, estas propostas não surgiram juntas, de uma vez só, sendo fruto de longos
anos de estudo. Mas é importante considerar que a ideia de classificação, descrição e
nomeação não surgiram na mente de Lineu, mas sim foram reunidas e amadurecidas em sua
mente, com bases nos trabalhos de outros pesquisadores.
Lineu queria conhecer todas as espécies para poder realizar seus trabalhos, assim
enviou naturalistas para vários lugares e estes trouxeram espécies do mundo todo. Lineu
trabalhou principalmente com plantas, utilizando características das flores, principalmente as
estruturas para a reprodução sexuada, pra construir o sistema de classificação, algo que já era
estudado antes dele. Ele estabeleceu 24 classes de plantas. Quando o sistema usado pra
classificar plantas foi aceito, passou a ser usado também para classificar animais.
Outro aspecto que Lineu apontava como importante era a sistemática e a
nomenclatura. A sistemática ordena as plantas em grupos maiores, que são compostos por
grupos menores. Ou seja, há a divisão primária em gêneros, ordens e classes, e a secundária,
constituída por espécies e suas variações, que hoje em dia apresenta mais divisões: reino, filo,
classe, ordem, família, gênero e espécie.Lineu padronizou também a nomenclatura,
estabelecendo regras para o nome do gênero, classe e ordem: esses nomes deveriam ser
formados por apenas uma palavra, deveriam possuir uma raiz grega ou latina, não deveriam
ser alterados e nem usados diminutivosou designações poéticas e não deveriam ter pronúncia
difícil. Lineu foi criticado por trocar nomes criados por outros botânicos. Ele também adotou
a nomenclatura binomial, ou seja, quando uma espécie fosse descoberta, esta levaria primeiro
o nome do gênero seguido por uma só palavra, que não deveria mais ter a função de
descrever, como era antes usada, mas só para distinguir a espécie (ex.: Rosa canina). Essa
nomenclatura foi estendida também aos animais. A nomenclatura pré-lineana (nomenclatura
polinomial) mantinha nomes muito compridos, difíceis de memorizar, além de exigir
alterações quando novas espécies fossem descobertas (ex.: Rosa sylvestrisalba cum rubore
folio glabro - Rosa silvestre branca com folhas avermelhadas sem pelos).
Portanto, a grande contribuição de Lineu foi, com base em estudos anteriores, elaborar
uma nomenclatura coerente e uma classificação de fácil uso; definir uma terminologia
descritiva, com termos modernos; e aumentar o vocabulário técnico para descrever os
organismos. Apesar de ser o mais conhecido, Lineu não foi o primeiro a propor a
classificação dos seres vivos, mas foi quem, por meio da contribuição de vários outros
estudiosos de outras épocas, conseguiu elaborar um sistema que ainda é utilizado. Esses
episódios mostram que as ideias e teorias não nascem prontas, mas são construídas e alteradas
ao longo do tempo.
Referências:
Texto adaptado e modificado por Marina Rosa Stec dos Santos e Priscila Furmann Wolf, do
Projeto Pibid:Prestes et al. As origens da classificação de plantas de Carl von Linné no
ensino de biologia. Filosofia e História da Biologia, v. 4, p. 101-137,2009. Disponível em <
http://www.abfhib.org/Livros/fhb4.htm> Acessado em abril de 2013.
Outras fontes: <http://www.cda.sp.gov.br/Crianca/class_servivo1.htm> Acessado em abril de
2013.
<http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Seresvivos/Ciencias/bioclassifidosse
resvivos.pph>. Acessado em abril de 2013
Glossário:
Monocotiledôneas e Dicotiledôneas: na botânica estes nomes são utilizados para
classificar diferentes tipos de plantas. O material que irá nutrir o embrião, para que possa se
desenvolver e crescer encontra-se nos cotilédones. A planta pode ter apenas um cotilédone ou
dois cotilédones.
Gimnospermas: plantas que não produzem frutos. Por exemplo: a Araucária ou
Pinheiro-do-Paraná.
Angiospermas: plantas que produzem frutos. Por exemplo: laranjeira, abacateiro,
limoeiro, entre outras.
Sistema de classificação: maneiras de classificar ou organizar plantas ou animais, por
exemplo, por meio de suas características.
Sistemática de descrição: são termos e formas de descrever os organismos, facilitando
a classificação e identificação.
Nomeação ou nomenclatura: sistema de regras para dar nomes aos animais, plantas,
fungos, bactérias e outros grupos.
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