Alguns exercı́cios amais para vocês (as resoluções dos exercı́cios anteriores começam na próxima pagina): • Seja A um domı́nio. Mostre que se A[X] é Euclidiano então A é um corpo (considere o ideal (a, X) onde a ∈ A − {0}). • Sejam I, J dois ideais de um anel comutativo unitário A, e defina I + J := {i + j : i ∈ I, j ∈ J} IJ := { n X ik jk : n ∈ N, i1 , . . . , in ∈ I, j1 , . . . , jn ∈ J}. k=1 Mostre que I +J e IJ são ideais de A. Os ideais I e J são ditos “coprimos” se I + J = A. Mostre que se I, J são coprimos então IJ = I ∩ J. Usando o teorema de isomorfismo mostre que se I, J são coprimos então A/IJ ∼ = A/I × A/J (teorema chinês dos restos). • Em Q[X], calcule o inverso de X 6 − 2 modulo 2X 3 + 1 e viceversa. • Seja vi : Q[X] → C definido por vi (P (X)) := P (i). Mostre que Im(vi ) = a−ib 1 = (a+ib)(a−ib) . Q[i] é um corpo. Dica: escreva a+ib • Seja I = {α ∈ Z[i] : N (α) é par}, o conjunto dos inteiros gaussianos de norma par (lembre-se que N (a + ib) := a2 + b2 e mostrei hoje que Z[i] é Euclidiano com ϕ = N ). Mostre que I E Z[i] e encontre um gerador de I (que é um ideal principal pois Z[i] é Euclidiano). • Mostre que (2) não é um ideal maximal de Z[i] (Dica: 2 = (1 + i)(1 − i)). • Seja f : A → B um homomorfismo de aneis comutativos unitários e suponha que A, B 6= {0}. Mostre que se A é um corpo então f é injetiva. • Seja f : C → C um homomorfismo de aneis tal que f (r) = r para todo r ∈ R. Mostre que tem somente dois casos: f é a identidade ou f (a+ib) = a − ib. Dica: calcule f (i)2 + 1. • Seja A 6= {0} um anel comutativo unitário tal que A/I é um domı́nio de integridade para todo ideal I de A diferente de A. Mostre que A é um corpo. Dica: dado a ∈ A diferente de zero considere o ideal (a2 ). 1 Resoluções. 1. 19/04/16. Seja G um grupo abeliano aditivo e seja R = End(G) o conjunto dos homomorfismos de grupo G → G (os endomorfismos de G). Mostre que R é um anel (em geral não comutativo) com as operações +, ◦ definidas por (f + g)(x) := f (x) + g(x) e (f ◦ g)(x) := f (g(x)) (soma e composição). A soma é associativa pois ((f + g) + h)(x) = (f + g)(x) + h(x) = (f (x) + g(x)) + h(x) = f (x) + (g(x) + h(x)) = f (x) + (g + h)(x) = (f + (g + h))(x) para todo x ∈ G, logo (f + g) + h = f + (g + h). O elemento neutro de + é a função nula, f (x) = 0 para todo x ∈ G. O oposto de f é −f definido por (−f )(x) := −f (x). Se trata de endomorfismos de G. A composição ◦ é associativa pois ((f ◦g)◦h)(x) = (f ◦g)(h(x)) = f (g(h(x))) = f (g◦h(x)) = (f ◦ (g ◦ h))(x). O elemento neutro de ◦ é a função identidade, f (x) = x para todo x ∈ G (é um endomorfismo de G). Propriedades distributivas: • (f ◦(g+h))(x) = f ((g+h)(x)) = f (g(x)+h(x)) = f (g(x))+f (h(x)) = (f ◦ g)(x) + (f ◦ h)(x), logo f ◦ (g + h) = f ◦ g + f ◦ h. Observe que usamos o fato que f respeita a operação de G. • ((f +g)◦h)(x) = (f +g)(h(x)) = f (h(x))+g(h(x)) = (f ◦h+g◦h)(x), logo (f +g)◦h = f ◦h+g ◦h. Observe que aqui usamos simplesmente a definição de soma em R. 2. 19/04/16. Seja G o grupo aditivo cı́clico Z/nZ = {0, 1, 2, . . . , n − 1}. Mostre que End(G) (definido no exercı́cio acima) é um anel comutativo. Sabemos pelo exercı́cio anterior que End(G) é um anel com + e ◦. Se f ∈ End(G) e m + nZ ∈ G então m é uma soma 1 + 1 + . . . + 1 logo (identificando m com a classe m + nZ) f (m) = f (1 + 1 + . . . + 1) = f (1) + f (1) + . . . + f (1) = mf (1), assim f é completamente determinado pela imagem de 1, f (1) (observe que mf (1) é um produto em Z/nZ visto como anel). Se f, g ∈ End(G) então f ◦ g(m) = f (g(m)) = f (mg(1)) = mg(1)f (1), e g ◦ f (m) = g(f (m)) = g(mf (1)) = mf (1)g(1), então como g(1)f (1) = f (1)g(1) (pois Z/nZ, visto como anel, é comutativo) obtemos f ◦ g = g ◦ f . Isso mostra que End(G) é um anel comutativo. Observe também que End(Z/nZ) (o anel dos endomorfismo do grupo aditivo Z/nZ) é isomorfo a Z/nZ (o anel quociênte Z/nZ) via o isomorfismo ϕ : End(Z/nZ) → Z/nZ definido por ϕ(f ) := f (1). 3. 19/04/16. Mostre que Z/nZ com as operações (x + nZ) + (y + nZ) := (x + y) + nZ e (x + nZ) · (y + nZ) := xy + nZ é um anel comutativo. É um domı́nio de integridade? Já vimos em sala de aula que Z/nZ é um anel quociênte comutativo. Observe que se n não é primo então existem a, b inteiros maiores de 1 tais que ab = n, assim no quociênte (a + nZ)(b + nZ) = n + nZ = 0, logo Z/nZ não é um domı́nio de integridade. Por outro lado se n = p é primo então 2 Z/nZ é um domı́nio de integridade, pois um produto (a + pZ)(b + pZ) é igual a zero se e somente se ab ∈ pZ, isto é, p divide ab. Mas como p é primo, e divide ab, p divide um entre a e b, logo uma das classes a + pZ e b + pZ é zero. Isso mostra que Z/nZ é um domı́nio de integridade se e somente se n é um número primo (e nesse caso se trata de um corpo pois um domı́nio de integridade finito é sempre um corpo: veja o próximo exercı́cio). 4. 19/04/16. Seja A um domı́nio de integridade de cardinalidade finita. Mostre que A é um corpo. [Dica: dado a ∈ A diferente de zero considere a função A → A dada pela multiplicação por a.] Dado a ∈ A diferente de zero, queremos mostrar que a tem inverso em A, em outras palavras, que existe b ∈ A tal que ab = 1. Considere a função f : A → A dada por f (x) := ax. Ela é injetiva pois se f (x) = f (y) então ax = ay logo a(x − y) = 0 e como a 6= 0 e A é um domı́nio de integridade, obtemos x − y = 0, isto é, x = y. Isso mostra que f é injetiva. Como A é um conjunto finito, o princı́pio da casa dos pombos mostra que f é sobrejetiva, assim existe b ∈ A tal que f (b) = 1, isto é, ab = 1. 5. 19/04/16. Sejam A, B aneis e seja A × B o produto direto de A e B, com as operações (a, b) + (c, d) = (a + c, b + d) e (a, b)(c, d) = (ac, bd), elementos neutros (0, 0) e (1, 1). Mostre que A × B é um anel e que não é um domı́nio de integridade. A verifica que A × B é um anel é facil. Não é um domı́nio pois (1, 0) 6= (0, 0), (0, 1) 6= (0, 0) mas (1, 0)(0, 1) = (0, 0). 6. 19/04/16. Dado um domı́nio de integridade A, mostre que f : A → K(A), a 7→ a1 é um homomorfismo injetivo de aneis. Temos f (1) = 1/1, f (a + b) = a/1 + b/1 = (a + b)/1 e f (ab) = ab/1 = (a/1)(b/1), logo f é homomorfismo de aneis. É injetivo pois ker(f ) = {0}, de fato se f (a) = 0 então a/1 = 0, isto é, a · 1 = 1 · 0 logo a = 0. 7. 26/04/16. Seja f : A → B um homomorfismo de aneis e seja J um ideal de B. Mostre que f −1 (J) = {a ∈ A : f (a) ∈ J} é um ideal de A. É verdade que se I é um ideal de A então f (I) é um ideal de B? Seja I := f −1 (J). É claro que 0 ∈ I pois f (0) = 0 ∈ J. Se x, y ∈ J então f (x + y) = f (x) + f (y) ∈ J pois f (x), f (y) ∈ J logo x + y ∈ I, e se x ∈ I e a ∈ A então f (ax) = f (a)f (x) ∈ J pois f (a) ∈ B, f (x) ∈ J e J é um ideal de B, logo ax ∈ I. Em particular escolhendo a = −1 obtemos que se x ∈ I, −x ∈ I. Isso mostra que I é um ideal. Se I é um ideal qualquer de A então em geral f (I) não é um ideal de B, por exemplo considere a inclusão f : Z → Q, f (z) := z. É claro que Z é ideal de Z mas f (Z) = Z não é ideal de Q (pois os únicos ideais de Q são (0) e Q, sendo Q um corpo). 3 8. 26/04/16. Seja f : A[X] → A a função definida por f (P (X)) := P (0). Mostre que f é um homomorfismo de aneis e que I = ker(f ) = {XP (X) : P (X) ∈ A[X]}. Mostre que A[X]/I ∼ = A. f é homomorfismo de aneis pois f (0) = 0, f (1) = 1 e f (P (X) + Q(X)) = P (0) + Q(0) = f (P (X)) + f (Q(X)) e f (P (X)Q(X)) = P (0)Q(0) = f (P (X))f (Q(X)). f é sobrejetivo pois se a ∈ A então visto a como polinômio (constante) temos f (a) = a. Vamos mostrar que I = ker(f ) = {XP (X) : P (X) ∈ A[X]}. A inclusão ⊇ é facil pois f (XP (X)) = 0P (0) = 0, vamos mostrar a inclusão ⊆. Seja F (X) ∈ I = ker(f ) (isto é, F (0) = 0), escrevemos F (X) = a0 + a1 X + a2 X 2 + . . . + an X n , assim F (0) = 0 significa a0 = 0, logo F (X) = a1 X +a2 X 2 +. . .+an X n = X(a1 + a2 X + . . . + an X n−1 ). Logo escolhendo P (X) = a1 + a2 X + . . . + an X n−1 obtemos que F (X) pertence a {XP (X) : P (X) ∈ A[X]}. O fato que A[X]/I ∼ = A segue do teorema de isomorfismo. 9. 26/04/16. Sejam A(X) = 6X 4 + X 2 + 1, B(X) = X 2 − 2 em Z[X]. Faça a divisão com resto de A(X) por B(X). 6X 4 + X 2 + 1 6X 4 − 12X 2 13X 2 + 1 13X 2 − 26 27 X2 − 2 6X 2 + 13 Obtemos que A(X) = B(X)Q(X)+R(X) onde Q(X) = 6X 2 +13 (quociênte) e R(X) = 27 (resto). 10. 26/04/16. Sejam A(X) = −2X 5 − 2X 4 − 6X 3 − X 2 − X − 3, B(X) = −X 2 − X − 3 em Z[X]. Faça a divisão com resto de A(X) por B(X). −2X 5 − 2X 4 − 6X 3 − X 2 − X − 3 −2X 5 − 2X 4 − 6X 3 −X 2 − X − 3 −X 2 − X − 3 0 −X 2 − X − 3 2X 3 + 1 Obtemos que A(X) = B(X)Q(X)+R(X) onde Q(X) = 2X 3 +1 e R(X) = 0. Em outras palavras B(X) divide A(X). 11. 26/04/16. Seja A um domı́nio de integridade e sejam P (X), Q(X) ∈ A[X]. Mostre que o grau(P (X)Q(X)) = grau(P (X)) + grau(Q(X)). Escrevemos P (X) = an X n + P 0 (X) e Q(X) = bm X m + Q0 (X) com grau(P ) = n, grau(Q) = m assim an 6= 0, bm 6= 0 e grau(P 0 ) < n, grau(Q0 ) < m. Fazendo o produto P (X)Q(X) obtemos an bm X n+m + 4 R(X) com grau(R(X)) < n + m, e como A é um domı́nio de integridade e an 6= 0, bm 6= 0, obtemos an bm 6= 0 logo grau(P (X)Q(X)) = n + m. 12. 26/04/16. Escreva e demonstre o teorema de isomorfismo para espaços vetoriais sobre R. Se V é um espaço vetorial e W é um subespaço, V /W = {v + W : v ∈ V } é um espaço vetorial com a multiplicação por escalar dada por a(v + W ) := av + W (para todo a ∈ R, v ∈ V ). Consegue calcular dim(V /W )? Um homomorfismo de espaços vetoriais (sobre um corpo k) é uma função linear f : V → U entre espaços vetoriais V, U . Seja W = ker(f ). V /W = {v +W : v ∈ V } é um espaço vetorial com multiplicação por escalar dada por a(v + W ) := av + W (observe que para definir V /W não precisamos de nenhuma condição ulterior em W , basta que W seja um subespaço). Temos que ϕ : V /W → U dada por ϕ(v + W ) := f (v) é um isomorfismo de espaços vetoriais: de fato, é um isomorfismo de grupos aditivos pelo teorema de isomorfismo de grupos, e é k-linear pois ϕ(a(v + W )) = ϕ(av + W ) = f (av) = af (v) = aϕ(v + W ). Logo V /W ∼ = Im(f ). Lembre-se que dim(V ) = dim(ker(f )) + dim(Im(f )) e ker(f ) = W , logo dim(V /W ) = dim(Im(f )) = dim(V ) − dim(W ). 13. 28/04/16. Usando o algoritmo de Euclide encontre um gerador do ideal (360, 12705) de Z (ideal gerado). 12705 360 1 0 12705 0 1 360 1 −35 105 −3 106 45 7 −247 15 Os quociêntes são 35, 3, 2. O algoritmo terminou pois o próximo resto seria zero (15 divide 45). Obtemos que 12705 · 7 + 360 · (−247) = 15 = M DC(12705, 360). 14. 28/04/16. Usando o algoritmo de Euclide encontre um gerador do ideal (X 5 + 2X 3 + X 2 + 1, X 2 + X − 2) de Q[X] (ideal gerado). Em outras palavras, encontre o maior divisor comum dos dois geradores. X 5 + 2X 3 + X 2 + 1 1 0 1 1 6 A(X) X2 + X − 2 0 1 −X 3 + X 2 − 5X − 16 X 3 + 16 X 2 − 65 X + 1 B(X) 5 X 5 + 2X 3 + X 2 + 1 X2 + X − 2 −6X 2 + 10X + 1 8 11 3X − 6 1935/384 1 3 3 2 onde A(X) = 1 − 16 (− 94 X + 141 64 ) e B(X) = −X + X − 5X − (− 6 X + 5 9 141 1 2 6 X − 6 X + 1)(− 4 X + 64 ). 384 A(X) Observe também (mesmo que não seja pedido do exercı́cio) que 1935 384 5 3 2 2 é o inverso de X + 2X + X + 1 no anel Q[X]/(X + X − 2) e 1935 B(X) é o inverso de X 2 + X − 2 no anel Q[X]/(X 5 + 2X 3 + X 2 + 1). O maior divisor comum entre X 5 + 2X 3 + X 2 + 1 e X 2 + X − 2 é 1 (observe que o maior divisor comum é definido a menos de multiplicar por um elemento invertı́vel, isto é, uma constante não nula). Eles são polinômios coprimos. Isso implica que (X 5 + 2X 3 + X 2 + 1, X 2 + X − 2) = (1) = Q[X]. 15. 28/04/16. Seja A um anel (comutativo unitário) e seja f : A[X] → A a função definida por f (P (X)) := P (0), isto é, f (a0 + a1 X + . . . + an X n ) := a0 . Usando o teorema de isomorfismo, mostre que A[X]/(X) ∼ = A (onde (X) é o ideal principal gerado por X). Se trata do exercı́cio 8, pois (X) = {XP (X) : P (X) ∈ A[X]}. A única coisa diferente é a notação (X). 16. 28/04/16. Seja B um anel (comutativo unitário) e seja A um subanel de B. Dado b ∈ B considere a função vb : A[X] → B definida por vb (P (X)) := P (b): vb (a0 + a1 X + . . . + an X n ) := a0 + a1 b + . . . + an bn . Mostre que se trata de um homomorfismo de aneis. Considere agora o caso A = R e B = C, b = i (assim i2 = −1). Mostre que ker(vi ) é o ideal principal gerado por X 2 + 1 (Dica: dado P (X) ∈ ker(vi ) faça a divisão com resto de P (X) por X 2 +1). Usando o teorema de isomorfismo, deduza que C∼ = R[X]/(X 2 + 1). Esse exercı́cio foi resolvido em sala de aula (notas de aula do dia 3 de maio). 17. 03/05/16. Qual é o núcleo de vi : Z[X] → C, P (X) 7→ P (i)? Aplique o teorema de isomorfismo para escrever Z[i] como quociênte de Z[X]. Vamos mostrar que ker(vi ) = (X 2 + 1). Para fazer isso mostraremos as duas inclusões. Se P (X) ∈ (X 2 + 1) então P (X) = (X 2 + 1)A(X) com A(X) ∈ Z[X] e vi (P (X)) = vi ((X 2 + 1)A(X)) = (i2 + 1)A(i) = 0 pois i2 = −1. Isso mostra ⊇. Agora mostraremos a inclusão ⊆. Seja P (X) ∈ ker(vi ), e fazemos a divisão com resto de P (X) por X 2 + 1 (pode ser feita, embora Z[X] não seja um domı́nio Euclidiano, pois o coeficiente de grau máximo de X 2 + 1 é 1, que é invertı́vel em Z!), obtendo P (X) = Q(X)(X 2 + 1) + R(X) com R(X) = 0 ou grau(R(X)) < 2. Se R(X) 6= 0 então grau(R(X)) < 2 logo R(X) = a + bX com a, b ∈ Z, assim R(i) = P (i) − Q(i)(i2 + 1) = 0 (pois P (X) ∈ ker(vi )) implica que 0 = R(i) = a+bi. Se b = 0 então a+bi = 0 implica a = 0 assim R(X) = 0, 6 o que é falso, então b 6= 0 e a + bi = 0 implica i = −a/b ∈ Q, contradição. Logo R(X) = 0 e P (X) = Q(X)(X 2 + 1) ∈ (X 2 + 1). Isso mostra que ker(vi ) = (X 2 + 1), logo pelo teorema de isomorfismo Z[i] = Im(vi ) ∼ = Z[X]/(X 2 + 1). 18. 03/05/16. Calcule o núcleo de vi+1 : Q[X] → C, vi+1 (P (X)) := P (i + 1). Seja α := i + 1. Observe que (α − 1)2 = −1, logo α é raiz do polinômio (X −1)2 +1 = X 2 −2X +2. Por outro lado, α não é raiz de um polinômio de grau 1 pois se aX + b ∈ Q[X] tem α como raiz, aα + b = 0 implica que α = −b/a ∈ Q, contradição. Logo X 2 −2X +2 é um polinômio de grau mı́nimo entre os polinômios que têm i+1 como raiz, logo ker(vi+1 ) = (X 2 −2X +2) (veja a demonstração do fato que os ideais de um domı́nio Euclidiano são principais, notas de aula do dia 28 de abril). Pode-se mostrar que ker(vi+1 ) = (X 2 − 2X + 2) também mostrando as duas inclusões como feito no exercı́cio anterior. 19. 03/05/16. Seja A um domı́nio de integridade e sejam a, b ∈ A. Mostre que (a) = (b) se e somente se existe um elemento invertı́vel u ∈ A tal que b = au. Suponha (a) = (b), assim a divide b e b divide a. Escrevemos b = ac e a = bd, assim a = bd = acd logo a(1 − cd) = 0. Como A é um domı́nio de integridade, isso implica que tem dois casos: a = 0 ou 1 − cd = 0. No primeiro caso a = 0 assim (a) = (0) = {0} e (a) = (b) implica que b = 0 logo b = a · 1 (pois a = b = 0) e podemos escolher u = 1. Suponha agora que a 6= 0, assim estamos no segundo caso, 1 − cd = 0, assim cd = 1, logo c é invertı́vel. Como b = ac, podemos escolher u = c. Agora suponha que b = au com u invertı́vel. Para mostrar que (a) = (b) basta mostrar que a divide b e b divide a. Como b = au, é claro que a divide b. Por outro lado como u é invertı́vel a = bu−1 logo b divide a. 20. 03/05/16. Conte os ideais de Z/12Z. Pelo teorema de correspondência, os ideais de Z/12Z = Z/(12) correspondem aos ideais de Z que contêm (12), e como os ideais de Z são principais (sendo Z um domı́nio Euclidiano), um ideal que contem (12) tem a forma (a) onde a é um divisor de 12, isto é, a ∈ {±1, ±2, ±3, ±4, ±6, ±12}. Como 1 e −1 são invertı́veis, pelo exercı́cio anterior (a) = (−a) logo as possibilidades para (a) são (1), (2), (3), (4), (6), (12), assim Z/12Z tem 6 ideais. O mesmo argomento mostra que o número de ideais de Z/nZ é igual ao número de divisores positivos de n (isso é razoavel pois no caso de Z/nZ todos os subgrupos aditivos são ideais, e o número de subgrupos de um grupo cı́clico Cn é o número de divisores positı́vos de n). 21. 03/05/16. Mostre que Z/nZ é um corpo se e somente se n é um número primo. Veja o exercı́cio 3 acima. 7 22. 03/05/16. Mostre que se n > 1 é um inteiro, (n, X) E Z[X] não é um ideal principal. Suponha por contradição que (n, X) seja principal, (n, X) = (P (X)) para algum P (X) ∈ Z[X]. Em particular P (X) divide n e X, logo a única possibilidade é P (X) = 1 (como no caso já visto de n = 2), em particular (n, X) = (P (X)) = (1) = Z[X], logo existem A(X), B(X) ∈ Z[X] tais que nA(X) + XB(X) = 1. Substituindo X = 0 obtemos nA(0) = 1, contradição pois n é um inteiro maior doque 1 e A(0) é um inteiro (os únicos inteiros invertı́veis são 1 e −1). 23. 03/05/16. Mostre que (X) é um ideal maximal de Q[X] (considere v0 ). Usando v0 (o homomorfismo de substituição v0 (P (X)) := P (0)), já vimos que Q[X]/(X) ∼ = Q (nos exercı́cios 8 e 15). Logo Q[X]/(X) é um corpo (sendo um anel isomorfo a Q, que é um corpo), então (X) é um ideal maximal de Q[X] (lembre-se que A/I é um corpo se e somente se I é um ideal maximal). 24. 03/05/16. Mostre que (X 2 − 1) não é um ideal maximal de Q[X] (quantos ideais tem o quociênte?). Como visto em sala de aula, o quociênte Q[X]/(X 2 − 1) tem quatro ideais (correspondentes aos divisores 1, X − 1, X + 1, X 2 − 1 de X 2 − 1), logo não é um corpo (um corpo tem somente dois ideais, os dois ideais triviais (0) e (1)), logo (X 2 − 1) não é um ideal maximal (lembre-se que A/I é um corpo se e somente se I é um ideal maximal). 25. 03/05/16. Seja a ∈ R. Mostre que R[X]/(X − a) ∼ = R. Queremos aplicar o teorema de isomorfismo. Para fazer isso, considere va : R[X] → R, o homomorfismo de substituição va (P (X)) := P (a). Ele é sobrejetivo pois se r ∈ R então r é um polinômio constante e va (r) = r. Para deduzir que R[X]/(X −a) ∼ = R usando o teorema de isomorfismo falta mostrar que ker(va ) = (X − a). Vamos mostrar isso mostrando as duas inclusões. Se P (X) ∈ (X − a) então P (X) = Q(X)(X − a) para algum Q(X) ∈ R[X] logo va (P (X)) = va (Q(X)(X −a)) = Q(a)(a−a) = 0, assim P (X) ∈ ker(va ). Isso mostra que (X − a) ⊆ ker(va ). Mostraremos agora que ker(va ) ⊆ (X − a), seja então P (X) ∈ ker(va ). Queremos mostrar que X − a divide P (X), e para fazer isso fazemos a divisão com resto de P (X) por X − a (no domı́nio Euclidiano R[X] - lembre-se que se k é um corpo, k[X] é um domı́nio Euclidiano) esperando que o resto seja 0. Sejam então Q(X), R(X) in R[X] tais que P (X) = (X −a)Q(X)+R(X) e grau(R(X)) < 1 ou R(X) = 0. Temos então R(X) = P (X)−(X −a)Q(X) logo R(a) = P (a) − (a − a)Q(a) = P (a) = 0 pois P (X) ∈ ker(va ). Mas se R(X) 6= 0 então como grau(R(X)) < 1, R(X) é um polinômio constante não nulo com a como raiz, o que não é possı́vel. Isso mostra que R(X) = 0 assim P (X) = (X − a)Q(X) pertence ao ideal principal (X − a). 26. 03/05/16. Encontre o inverso de 691 + I no anel Z/I, onde I = (1039). 8 Aplicando o algoritmo de Euclide temos 1039 1 0 1 −1 2 −137 139 −276 691 0 1 −1 2 −3 206 −209 415 1039 691 348 343 5 3 2 1 Os quociêntes são 1, 1, 1, 68, 1, 1. Logo −276 · 1039 + 415 · 691 = 1, assim o inverso de 691 + I no anel Z/I é 415. De maneira analoga, se J = (691) o inverso de 1039 + J em Z/J é −276 + J. 27. 03/05/16. Encontre o inverso de X 5 − 3 + I no anel Q[X]/I, onde I = (X 2 + 2). Aplicando o algoritmo de Euclide temos X5 − 3 1 0 1 −(X/4 + 3/16) X2 + 2 0 X5 − 3 1 X2 + 2 3 −X + 2X 4X − 3 1 + (X/4 + 3/16)(X 3 − 2X) 41/16 Os quociêntes são X 3 − 2X, X/4 + 3/16. O algoritmo termina aqui pois 41 16 o próximo resto seria zero, de fato 4X − 3 = 16 · 41 (4X − 3) (observe que u = 41/16 é invertı́vel em Q[X], então ele divide todo polinômio). Logo −(X/4 + 3/16)(X 5 − 3) + (1 + (X/4 + 3/16)(X 3 − 2X))(X 2 + 2) = 41/16 assim reduzindo modulo X 2 + 2 obtemos que −(X/4 + 3/16)(X 5 − 3) ≡ 41/16 modulo X 2 + 2. Multiplicando pelo inverso de 41/16 obtemos que 16 − 41 (X/4 + 3/16)(X 5 − 3) ≡ 1 modulo X 2 + 2 (na verdade seria modulo 16 16 2 2 2 41 (X + 2), mas observe que os ideais ( 41 (X + 2)) e (X + 2) são iguais 16 pois 41 é invertı́vel - veja o exercı́cio 19 acima). Logo o inverso de X 5 −3+I no anel Q[X]/I é − 16 41 (X/4 + 3/16) + I. 9