Belo Horizonte, 29 de novembro de 2011

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Belo Horizonte, 29 de novembro de 2011
Aftosa: Comissão divulga resoluções sobre foco no Paraguai – MAPA
Os membros da Comissão Sul-Americana para a Luta Contra a Febre Aftosa (Cosalfa)
anunciam, nesta quarta-feira, 30 de novembro, as ações corretivas a serem executadas
para combater a febre aftosa no continente após o foco notificado recentemente no
Paraguai. O tema será discutido nos dias 29 e 30 de novembro por representantes dos
11 países integrantes da comissão – Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia,
Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Venezuela e Uruguai – durante a 4ª Reunião
Extraordinária da Cosalfa. No encontro, os participantes também vão analisar o impacto
da reaparição da doença na América do Sul no Plano de Ação 2011-2020 do Programa
Hemisférico de Erradicação da Febre Aftosa (PHEFA).
JBS descarta formar joint venture na China – Diário do Comércio e da Indústria
(DCI)
O presidente da holding J&F Participações e do conselho de administração da empresa
de carnes JBS, Joesley Batista, descartou a formação de uma joint venture para atuar
no mercado chinês, ao contrário do que fizeram seus concorrentes, Marfrig e BRF Brasil
Foods. "Temos três escritórios e uma fábrica de couro na China. Não pensamos em
fazer joint venture naquele país, vamos caminhar sozinhos. A China é muito grande, a
demanda está crescendo em todos os setores, e acho que em carne não será
diferente", disse o executivo, no 7º Congresso Paulista de Jovens Empreendedores, na
Fiesp.
Segundo Batista, o Brasil resolveu pendências quanto à questão sanitária com a China
e agora entrou em um processo de habilitação de fábrica. "Hoje estamos vendendo
mais frango, mas as vendas de carne bovina brasileira estão aumentando", explicou.
Batista disse também que espera um Natal bom no Brasil e que já está sentindo
resultados em vendas da campanha institucional de marketing, que está em veiculação
somente em São Paulo, há cerca de um mês.
Uma meta ambiciosa para a balança comercial – Valor Online
A presidente Dilma Rousseff tem manifestado crescente preocupação com os reflexos
da deterioração da crise internacional sobre a economia brasileira em 2012. Pessimista
com a evolução dos problemas na zona do euro e nos Estados Unidos, a presidente
surpreendeu ao cravar a meta de elevar as exportações a US$ 276 bilhões no próximo
ano para mitigar o esperado aperto nas contas externas. Os dados de outubro já
revelaram a retração dos financiamentos internacionais.
A meta é ambiciosa sob vários aspectos, considerando os resultados recentes, as
previsões do mercado financeiro e a expectativa para a economia mundial. É verdade
que a balança comercial está surpreendendo neste ano e batendo sucessivos recordes.
No início do ano, a previsão era que o saldo comercial seria de módicos US$ 8 bilhões;
agora, a expectativa é que vai a US$ 28 bilhões. Até outubro, a diferença positiva entre
exportações e importações acumulava US$ 25,4 bilhões, o maior resultado no período
desde o início da crise internacional, em 2007; incluindo-se as três primeiras semanas
de novembro, o saldo já chegou a US$ 26,7 bilhões.
As exportações atingiram o recorde em média diária até outubro, totalizando US$ 212,1
bilhões; com as três primeiras semanas de novembro, chegam a US$ 225,7 bilhões.
Com mais um mês de negócios, as exportações podem fechar o ano perto de US$ 240
bilhões. Daí para os US$ 276 bilhões almejados pela presidente seria um aumento de
15%, nada espantoso perto dos quase 30% deste ano.
O desempenho surpreendente da balança comercial brasileira neste ano tem sido
sustentado pelo forte aumento dos preços dos produtos exportados, especialmente das
commodities. Os produtos básicos, que representam 39% da pauta de exportações,
tiveram os preços reajustados acima das importações, favorecendo os termos de troca.
O minério de ferro, a soja em grão e o petróleo, as três commodities mais exportadas
pelo Brasil, exemplificam bem a situação. As exportações de minério de ferro
aumentaram apenas 4% em quantidade neste ano até outubro, mas saltaram 51% em
valor, totalizando US$ 34,5 bilhões, porque o preço do produto subiu 46%. No caso da
soja em grão, o aumento de 33% do preço do produto fez com que a receita com a
exportação aumentasse 37%, para US$ 14,7 bilhões, apesar de a quantidade
embarcada ter sido ampliada em apenas 3%. No caso do petróleo, a quantidade
exportada cresceu 4%, mas o valor exportado avançou 46%, para US$ 17,5 bilhões,
porque o preço do produto teve reajuste de 40%.
De acordo com dados da Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex),
publicados pelo Valor, os preços dos produtos brasileiros exportados aumentaram 25%
na média, neste ano até outubro.
No entanto, tudo indica que 2012 não deverá ser tão bom quanto 2011 para o comércio
internacional e o principal motivo é o menor crescimento global, que terá impacto direto
na redução dos preços dos produtos exportados. Na verdade, segundo a Funcex, o
preço médio dos produtos brasileiros exportados, que vinham subindo desde 2009,
recuaram 1% em setembro e outubro em comparação com agosto.
É bastante provável uma recessão na zona do euro, destino de cerca de 20% das
exportações brasileiras; a economia dos Estados Unidos, que absorve 10%, deverá
ficar mais fraca; e a China, que abocanha 17,5% das vendas externas, está
desacelerando.
De acordo com especialistas consultados pelo Valor, o preço médio das exportações
brasileiras pode cair 10% em 2012. Como as importações concentram-se mais em bens
manufaturados, cujos preços são menos voláteis e devem cair menos, os termos de
troca do comércio exterior brasileiro deixarão de ser tão favoráveis e o superávit
comercial deve diminuir. A expectativa desses mesmos especialistas é que o saldo da
balança comercial brasileira possa cair até pela metade, para US$ 15 bilhões a US$ 20
bilhões.
Do lado positivo, há a desvalorização do real, que favorece as exportações. Mas esse
não é um ponto líquido e certo, dada a volatilidade dos mercados. Para atingir o
objetivo de ampliar as exportações, o governo Dilma deve retomar velhas promessas de
desonerar as vendas externas e eliminar os conhecidos gargalos de logística e
infraestrutura.
Para analistas, BC cortará juro em mais 0,5 ponto – O Estado de SP
Márcia de Chiara
Antes da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central
(BC), que termina amanhã, os economistas não consideram que os técnicos do BC
tenham uma difícil tarefa pela frente. Isto é, cortar juros para reanimar a economia sob o
risco de dar mais combustível para aumento de preços, mesmo considerando que a
inflação não esteja morta.
A rápida desaceleração do ritmo de atividade, captada pelo próprio índice do BC, o IBCBr, espécie de indicador antecedente do Produto Interno Bruto (PIB), que fechou o
terceiro trimestre com queda de 0,3% ante o trimestre anterior, já descontadas as
influências sazonais, dá respaldo para que o Copom reduza em 0,5 ponto porcentual a
taxa básica de juros, de acordo com a maioria dos analistas de mercado. Hoje, os juros
básicos estão em 11,5% ao ano.
"A batalha da inflação está mais ou menos ganha para 2012", diz o economista-chefe
da LCA Consultores, Bráulio Borges. Segundo ele, o cenário atual é mais confortável
para o corte de juros, do ponto de vista da inflação, olhando para o movimento dos
preços na margem, mesmo com o reajuste do mínimo de 14,3% para 2012 e da
resistência dos preços dos serviços.
Para sustentar esse argumento, ele diz que a inflação neste mês e no próximo deve
girar em torno de 0,5%. Essa estimativa indica uma variação anual entre 4,5% e 5,0%
para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Borges considera que a própria
desaceleração do ritmo de atividade deve segurar a inflação. "O BC está olhando para
o cenário da economia para frente, não para a inflação corrente, que indica um IPCA de
6,5% neste ano."
Além disso, ele considera que a nova Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), que vai
balizar o cálculo do IPCA a partir de janeiro, deve reduzir entre 0,2 e 0,3 ponto
porcentual a inflação para o ano que vem, que ele projeta em 5,2%. Segundo o último
Boletim Focus, do BC, divulgado ontem, o mercado espera alta de 5,56% para o IPCA
em 2012.
Conflito. Para a economista Zeina Latif, o velho conflito entre inflação e crescimento na
hora de optar pelo corte na taxa de juros não é válido para o quadro atual da economia
brasileira. "De fato, fomos surpreendidos pela crise e o cenário vai piorar daqui para
frente", alerta a economista. Segundo ela, o fraco desempenho do terceiro e do quarto
trimestres deste ano e do primeiro trimestre do ano que vem já está dado.
Há uma piora da confiança do empresário, choque de investimento e diminuição da
atividade da indústria, que já afetam a produção de veículos, observa. Esse quadro de
forte desaceleração da atividade deve moderar os aumentos de preços, prevê. "Por
isso, o BC pode cortar lentamente os juros para garantir a inflação na meta."
Já para o sócio da RC Consultores, Fabio Silveira, a situação atual do BC nesta reunião
do Copom é "mais delicada". "O grande desafio hoje é calibrar juros para ter
crescimento de 3% em 2012, com inflação de 4,8%." Nesse sentido, ele avalia que
seria necessário um corte maior de juros, de 0,75 ponto porcentual, para não afetar o
ritmo de atividade no segundo semestre de 2012.
Apesar da forte desaceleração, Silveira destaca alguns riscos inflacionários para o ano
que vem, como os contratos indexados ao IGP-M, como os aluguéis. Outro risco de
pressão inflacionária pode ocorrer com os alimentos, cujos preços são formados no
mercado internacional. Se a alta do dólar persistir, o impacto nos preços em reais pode
ocorrer no primeiro trimestre de 2012.
Devagar com a louça – O Estado de SP
José Paulo Kupfer
Em menos de três meses, a crítica agressiva ao início de um ciclo de cortes na taxa
básica de juros pelo Banco Central (BC) deu lugar a argumentos em linha com a ideia
de que o Comitê de Política Monetária (Copom) poderia até acelerar o ritmo de queda.
Essa hipótese passou a frequentar as análises mais recentes dos departamentos de
pesquisa de bancos e consultorias de mercado, embora não como a mais provável.
Como não parece ser esta a disposição da autoridade monetária, seria irônico, mas não
descabido, imaginar que, dependendo do andar da carruagem, o BC possa agora vir a
ser criticado por excessiva cautela no afrouxamento monetário. Depois da tempestade
de críticas, vem a ironia.
O tempo mostrou que, na volta do parafuso, o BC não errou ao "antecipar" o início do
corte nos juros. Mas, por todos os motivos, poderia errar se acelerasse agora. Não só
as incertezas na economia global ou as possibilidades de contágio da economia
doméstica recomendam ação ativa, mas cautelosa. Os desequilíbrios econômicos
tipicamente brasileiros exigem sintonia muito fina na política econômica. Tudo sugere
que o acertado é ir devagar com a louça.
O ambiente em que a economia brasileira navega, apesar de todas as incertezas, está
razoavelmente circunscrito a um intervalo não muito aberto. Crescimento entre 3,5% e
4%, com uma inflação na casa dos 5,5%, eis o que se pode esperar, em cenários sem
rupturas, para 2012. Não chega a ser o sonho macroeconômico de um país que almeja
e precisa incluir mais gente - e, antes disso, manter incluídos os que ascenderam
recentemente -, mas, sobretudo diante das circunstâncias adversas da economia
global, dá para o gasto.
Tentar trazer a inflação para os 4,5% do centro da meta, no fim de 2012, como insiste
em anunciar o BC, e levar a economia a crescer 5%, como passou a declarar a
Fazenda, exigiria esticar a corda provavelmente além dos benefícios que o movimento
poderia proporcionar. Com a peculiaridade de que cada ponta da corda teria de puxar
para o lado oposto, num caso de inviabilidade física.
Nem sempre as combinações de política macroeconômica com o objetivo duplo de
manter a inflação sob controle e estimular o crescimento são fadadas ao fracasso,
como alguns podem imaginar. Mas, sem dúvida, os limites para essa ação combinada
são estreitos e dependentes do quadro vigente. Na economia brasileira do momento, há
espaço para esses movimentos combinados, mas as margens, tanto do lado monetário
quanto do lado fiscal, são apertadas.
No lado monetário, esses limites são dados pela perspectiva de que a inflação não
desande, mas também não despreocupe. A permanência do emprego e da massa
salarial ainda em níveis altos, se bem que em ponto menor, contribui para manter
pressão de demanda, principalmente no setor de serviços. Além disso, mesmo com
tendência à moderação nesse segmento e de alguma redução na contaminação dos
preços internos pelo vaivém das commodities internacionais, uma provável, ainda que
não agressiva, desvalorização mais contínua do real pode contribuir para neutralizar o
rumo baixista da trajetória dos preços.
Diante desses limites e com a certeza de que o risco de que a crise global promova
turbulências no mercado interno de crédito já é mais do que uma hipótese, a fórmula da
política monetária parece dispor de apenas um roteiro: a necessária moderação nos
cortes da taxa Selic - até 9% ou 10% ao ano, na metade de 2012 - obrigará a uma
reversão gradual e de acordo com as necessidades, das medidas macroprudenciais
vigentes. Como, aliás, começou a ser feito em meados de novembro e há espaço para
prosseguir.
No lado fiscal, o limite deve vir de uma dupla restrição: uma esperada redução no ritmo
da arrecadação, amplificada pela intensificação nas isenções para setores específicos e
pelos impactos do aumento do salário mínimo nos gastos correntes do governo. O
estreitamento do canal fiscal leva as projeções para 2012 a convergirem para um
superávit primário de 2,5%, abaixo da meta de 3,1%, que, diga-se, será alcançada em
2011.
A chave da política econômica em 2012 se chama investimento. Infelizmente, mais do
que empurrá-lo ladeira acima, o esforço será recuperar o terreno perdido em 2011.
Difícil acreditar, contudo, que o governo conseguirá, em ano eleitoral, conter seu
consumo corrente, para justamente alargar o espaço do investimento, pelo menos nos
níveis requeridos. O resumo da história é que a tentação de nadar na direção de um
afrouxamento mais rápido no lado fiscal pode levar a economia a morrer na praia.
Os limites do crescimento – O Estado de SP
José Márcio Camargo
Entre o início dos anos 90 e 2005, o Brasil viveu um intenso processo de reformas
estruturais. Abertura da economia, fim da reserva de mercado para informática,
privatizações, reformas do Estado, da previdência social, do crédito, Lei de
Responsabilidade Fiscal, programas de transferência de renda condicionados à
frequência das crianças às escolas, etc. Os resultados foram uma forte queda da
relação dívida pública/PIB, melhoria do nível educacional da população, universalização
do ensino fundamental e expressivos aumentos de produtividade e da taxa de
investimento da economia.
Uma revolução dessa dimensão não é feita sem custos. Setores que sobreviviam em
razão dos elevados níveis de tarifas e de restrições não tarifárias às importações
desapareceram. Ao mesmo tempo, houve forte queda dos preços dos bens de capital e
aumento dos investimentos. Inovações tecnológicas que normalmente vêm
incorporadas aos bens de capital foram introduzidas na economia e setores que tinham
vantagens comparativas claras, como a agroindústria e setores intensivos em recursos
naturais, tiveram desempenho espetacular.
O ajuste do mercado de trabalho a essa nova realidade não foi fácil. As inovações
tecnológicas e mudanças da estrutura produtiva transformaram drasticamente a
estrutura da demanda por ocupações. Como é difícil mudar a qualificação da mão de
obra no curto prazo, os resultados foram um descompasso entre oferta e demanda por
trabalho durante um longo período e a persistência de elevados níveis de desemprego,
que passou de 5% da força de trabalho, no final dos anos 80, para 13%, no final dos
anos 90. Com o passar dos anos, a estrutura de oferta de qualificação se adaptou à da
demanda, em razão da universalização do ensino fundamental, dos programas de
treinamento e qualificação e da entrada de uma nova geração, mais educada, no
mercado de trabalho, o que fez com que a taxa de desemprego retornasse a 6% da
força de trabalho.
Com os ganhos de produtividade e a lenta, mas persistente, adaptação da estrutura da
qualificação da força de trabalho, foi possível ao País crescer a taxas próximas a 4,5%
ao ano nos últimos dez anos, sem gerar pressões inflacionárias insustentáveis. Ante
esse desempenho relativamente favorável, o processo de reformas - que deveria
prosseguir na direção do aumento da qualidade do sistema educacional público, do
reforço das condicionalidades dos programas de transferência de renda, do
aprofundamento das reformas do mercado de trabalho e da previdência social e da a
criação de instituições para incentivar os investimentos privados em infraestrutura
(PPPs, por exemplo) - foi interrompido. Concentraram-se esforços em políticas que
privilegiaram o aumento do consumo, como os programas assistencialistas (não
condicionados) de transferência de renda (o governo federal gasta hoje três vezes mais
com esses programas que com investimentos, 16,7% ante 6,85% do gasto total,
respectivamente), aumentos do salário mínimo e dos gastos correntes do governo,
deixando de lado as preocupações com ganhos de produtividade e aumento dos
investimentos.
Essa mudança foi, provavelmente, um dos fatores que fizeram com que a redução da
desigualdade e da pobreza, que já vinha ocorrendo desde o início dos anos 90, tenha
se intensificado, constituindo-se num importante fator positivo dessa estratégia. Mas, ao
abandonar as reformas, não foram criados incentivos adequados ao contínuo aumento
do investimento (em capital físico e humano - educação e saúde) e da poupança
(recursos financeiros e tempo dos jovens dedicado à educação), reduzindo a taxa de
crescimento de longo prazo. Com os baixos níveis de poupança e investimento e o fim
da capacidade ociosa, a economia atingiu seu limite de crescimento, dado por uma taxa
de investimento de 17,5% do PIB e crescimento de 2,2% da força de trabalho. Como
para gerar 1 ponto de porcentagem (p.p.) de crescimento do PIB são necessários 4,5
p.p. de crescimento do estoque de capital (aproximadamente a média internacional da
relação entre investimento e aumento do PIB para países como o Brasil), ou 0,6 p.p. de
aumento do emprego, sem ganhos de produtividade a taxa de crescimento sustentável
está um pouco abaixo de 4% ao ano. Usar as políticas monetária, creditícia e fiscal para
forçar essas restrições apenas gera mais inflação.
O colunista Celso Ming está em férias.
Professor do Departamento de Economia da PUC/Rio, Economista da Opus
Investimentos.
Safra e importação pressionam leite no país – Valor Online
Alda do Amaral Rocha
O início da safra em importantes regiões de produção do país e as crescentes
importações de leite em pó colocam pressão no mercado nacional de leite. Neste mês,
os produtores brasileiros receberam, em média, R$ 0,822 pelo litro do leite (entregue
em outubro), segundo a Scot Consultoria. No mês anterior, haviam recebido, em média,
R$ 0,841 por litro.
Rafael Ribeiro, analista da Scot, afirma que a oferta cresceu com o aumento da
produção nas bacias leiteiras do Centro-Oeste, Sudeste, Nordeste e Norte do país. Este
ano, acrescenta, as chuvas atrasaram um pouco - tradicionalmente começam em
setembro -, mas isso não impediu a pressão de oferta.
De acordo com Ribeiro, a demanda menor neste período do ano também influencia a
queda dos preços. "O atacado [de leite longa vida] está sem sustentação desde
outubro", afirma. A razão é que houve formação de estoques no varejo, segundo ele.
Pelo levantamento da Scot, o preço do leite longa vida no varejo paulista caiu de R$
2,40, em média, em outubro para R$ 2,32 o litro em novembro. No atacado, saiu de R$
1,86 para R$ 1,79 o litro na mesma comparação.
Laércio Barbosa, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Leite Longa Vida
(ABLV), afirma que o produto começou a cair em setembro, depois de atingir pico de R$
1,95 o litro no atacado. Hoje está na casa dos R$ 1,65, informa. Para ele, "a safra
influencia", mas a recente queda está relacionada também ao avanço das importações
de leite em pó este ano. "As empresas deixaram de produzir leite em pó e produziram
mais longa vida", diz.
Entre janeiro e outubro deste ano, o país importou US$ 507 milhões em produtos
lácteos, um aumento de 113,4% sobre igual período de 2010, segundo dados do
Ministério da Agricultura.
O real valorizado ante o dólar durante a maior parte do ano tirou a competitividade do
produto brasileiro e acabou favorecendo as exportações de lácteos dos vizinhos do
Mercosul, como Uruguai e Argentina, ao Brasil.
As compras do Uruguai foram as que mais cresceram, já que com a Argentina vigora
um sistema de cotas que limita as importações de leite em pó daquele país. Neste ano,
os argentinos tentaram ampliar a cota de 3.300 toneladas mensais para até 5 mil
toneladas, mas o Brasil não concordou. Só este mês, um acordo entre os setores
privados dos dois países definiu a cota em 3.600 toneladas por mês.
Segundo Bruno Lucchi, assessor técnico da Comissão Nacional da Pecuária de Leite
da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), as vendas de leite em pó
do Uruguai para o Brasil ganharam espaço neste ano. Em setembro, foram 4.475
toneladas e em outubro, 5.500 toneladas, um recorde.
Além de incomodar o setor de leite brasileiro, o avanço uruguaio também já gera
reclamações dos argentinos. De acordo com Lucchi, em 2008, quando o Brasil importou
30 mil toneladas de leite em pó, 74% foram provenientes da Argentina e 15% do
Uruguai. Este ano, até outubro (74,7 mil toneladas), 54,5% vieram da Argentina e 39%
do Uruguai.
Ele observa que as importações de queijo também cresceram este ano, aumentando a
concorrência com a indústria nacional.
Ribeiro, da Scot, diz que a expectativa é de que oferta de leite para processamento siga
em alta até fevereiro. A notícia favorável aos produtores é que os custos devem cair, já
que as boas condições das pastagens reduzem a necessidade de suplementação com
grãos.
AGORA VAI? – Jornal Zero Hora
Já há algum tempo o Brasil tenta rastrear todo seu rebanho bovino e bubalino
Já há algum tempo o Brasil tenta rastrear todo seu rebanho bovino e bubalino. É, aliás,
condição indispensável para frigoríficos e pecuaristas interessados em exportar para os
mercados que pagam mais pela carne. Experiências anteriores não foram muito bemsucedidas sobretudo porque transferiam para os produtores a maior parte do custo da
rastreabilidade. Agora, Ministério da Agricultura e governo do Estado se unem nem
poderia ser de outra maneira para alcançar uma meta ousada: rastrear 14 milhões de
cabeças de gado no Estado.
Pelo tamanho do rebanho gaúcho, muito menor do que o do Brasil Central, a
experiência pode servir de teste e, mais adiante, de modelo para o resto do país. Mas,
novamente, é importante que os custos da rastreabilidade não recaiam exclusivamente
sobre os produtores. O investimento, que não é pequeno, tem de ser dividido por toda a
cadeia produtiva.
Quanto à necessidade de o país ter todo seu rebanho rastreado, já passou da hora. Os
consumidores brasileiros também merecem essa garantia de qualidade.
Controle de gado obrigatório no RS
Terneiros nascidos no segundo semestre de 2012 darão início a projeto que servirá de
modelo
Com os recursos garantidos por emenda apresentada ao orçamento da União, o projeto
de rastreamento do rebanho gaúcho começa a ganhar fôlego. A partir do segundo
semestre do ano que vem, terneiros nascidos no Estado deverão receber brinco com
chip, em uma iniciativa modelo, a ser adotada também no restante do país.
Diferentemente do que ocorre hoje, a identificação dos animais será obrigatória e
subsidiada pelo governo – ou seja, será gratuita –, em um investimento de R$ 100
milhões. Para 2012, a bancada gaúcha já destinou uma emenda ao orçamento da
União no valor de R$ 20 milhões. Um acordo entre os parlamentares prevê a
reapresentação da emenda nos próximos quatro anos, para que o programa não seja
interrompido.
– Faremos uma legislação estadual que torne obrigatório o rastreamento, também
definindo as regras para a implementação. A ideia é que entre março e abril a
Assembleia possa votar – afirma o secretário estadual da Agricultura, Luiz Fernando
Mainardi.
Uma das ações do Programa de Valorização da Carne Gaúcha, o projeto de
rastreabilidade tem como meta atingir 100% do rebanho gaúcho – hoje em 14 milhões
de cabeças de gado.
– Os animais serão rastreados por faixa etária. Vamos começar pela geração nascida
no segundo semestre, usando como referência o modelo exitoso do Uruguai – explica a
coordenadora da Câmara Setorial da Carne Bovina da Secretaria Estadual da
Agricultura, Anna Suñé.
No Estado, um grupo técnico da Secretaria Estadual de Agricultura e vem trabalhando
nas definições do projeto. Conforme Anna, uma das questões avaliadas é de como será
feita a transferência dos dados daquele produtor que hoje já tem o gado rastreado e
utiliza a Base Nacional de Dados.
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