O DESENVOLVIMENTO DA AFETIVIDADE DO EDUCANDO DURANTE O PERÍODO DA PUBERDADE. Autora: Franciele Brozoski. PIBIC-CNPq-UNICENTRO-ICV. Orientadora: Cláudia Cabral Rezende, e-mail: [email protected]. Universidade Estadual do Centro-Oeste/Departamento de Pedagogia/ Guarapuava, PR. Grande área: Ciência Humanas 70000000. Sub área: Ensino-aprendizagem. 70804001. Palavras-chave: Teoria Psicogenética, Adolescência, Desenvolvimento Humano. Resumo O texto em questão traz e discute conceitos fundamentais da teoria psicogenética de Henri Wallon, buscando uma melhor compreensão da dimensão afetiva e de sua importância no desenvolvimento da criança, focando, principalmente, o desenvolvimento da afetividade na fase da adolescência, especificamente quando ocorre o período da puberdade. Pretendeu-se investigar como ocorrem as relações de afetividade e qual a sua relevância durante a puberdade, destacando, para isso, os estágios do desenvolvimento da teoria psicogenética. Esse texto é o resultado de uma pesquisa de iniciação científica, de cunho qualitativo, investigativo e de natureza bibliográfica. Procura oferecer contribuições para que pais e educadores possam entender melhor cada fase do desenvolvimento e, assim, desenvolver uma melhor relação de afetividade com seus filhos e educandos, principalmente durante a adolescência, considerando as transformações que ocorrem no período da puberdade. Introdução Esse estudo procurou investigar, analisar e compreender como é tratado o tema puberdade, considerando as relações de afetividade ocorridas na adolescência, conforme a realidade cultural e socioeconômica dos educandos. Buscou-se investigar como ocorre o desenvolvimento dos aspectos afetivo, cognitivo e motor dos adolescentes, na fase da puberdade. De acordo com Galvão (2007), Wallon considera que o desenvolvimento da pessoa completa, integrada ao meio em que está inserida, deve estar relacionado ao desenvolvimento dos seus aspectos afetivo, cognitivo e motor. Afirma que jamais podemos dissociar o biológico e o social, pois considera esses aspectos complementares, desde o nascimento. Esclarece que Wallon investigou sobre o conceito da afetividade tratando, dentre outros, do estágio da puberdade e das relações de afetividade presentes na adolescência, considerando que, na fase da adolescência ocorrem modificações fisiológicas impostas pelo amadurecimento sexual, o que provoca profundas transformações corporais, acompanhadas pelo desenvolvimento psíquico, marcado pela vinda de um fenômeno importante em que o jovem adquire a posse da Anais da XIX Semana de Iniciação Científica 25 e 26 de setembro de 2014, UNICENTRO, Guarapuava –PR, ISSN – ISSN: 2238-7358 função reprodutora e a capacidade de exercitar a função sexual que vai se efetivando ao longo desse estágio. Nesta fase, muitas transformações acontecem e, durante elas, o adolescente tende a expressar seus sentimentos através de manifestações apresentadas em seu comportamento. Por isso, muitas vezes, ele busca expressar essa mudança através de atividades que consomem energia, devido à falta de habilidade para lidar com as emoções que são consideradas altamente orgânicas, alterando a respiração, os batimentos cardíacos e, até o tônus muscular, tendo momentos de tensão e distensão que ajudam o ser humano a se conhecer. (Galvão, 2007) Muitas vezes, os adolescentes buscam informações sobre as relações de afetividade e sobre a puberdade nas escolas, mas, nem sempre eles recebem todas as informações que desejam. Em muitas escolas o tema não é abordado com a devida clareza e, assim, os alunos, geralmente, ficam com duvidas sobre o referido assunto. Quando suas dúvidas não são sanadas na escola, muitos adolescentes acabam buscando algumas informações por meio de amigos e, nem sempre, essas informações estão corretas. Portanto, a instituição escolar deve procurar transmitir todas as informações possíveis para seus alunos, para que eles possam saber o necessário sobre essa fase cheia de mudanças. Diante disso, esse estudo buscou investigar como está sendo suprida a necessidade de compreensão dos alunos sobre esse assunto, através de pesquisas bibliográficas sobre como ocorrem suas atitudes durante esta fase de transformações e como o meio que os rodeia pode influenciar a esse respeito. Também buscamos investigar como educadores podem contribuir para uma melhor compreensão desta fase, considerando a importância da afetividade durante o processo de aprendizagem e desenvolvimento do ser. Revisão de literatura Foi realizada uma pesquisa qualitativa, de cunho bibliográfico, referente à temática, através de leituras de textos científicos que abordem a questão, fundamentada na teoria psicogenética elaborada por Henri Wallon, na tentativa de encontrar respostas ao problema sugerido. Conforme Nascimento (1998), a teoria psicogenética de Henri Wallon (1879-1962) é considerada complexa. Tomando a dialética como fundamento epistemológico, Wallon buscou compreender o desenvolvimento infantil por meio das relações estabelecidas entre criança e o meio, privilegiando a pessoa em sua totalidade, nas suas expressões singulares e na relação com os outros. A psicologia abordada por Wallon buscou compreender o desenvolvimento infantil a partir das relações que a criança estabelece com o ambiente. Para Wallon (1995), o desenvolvimento infantil inclui-se num contexto onde as relações interpessoais, culturais e históricas são favorecidas, definindo o ser humano como geneticamente social. O autor analisa a impossibilidade de dissociação entre o ser biológico e o ser social, justificando que, no homem, tais aspectos são estreitamente complementares, desde o nascimento, concluindo que a vida psíquica só pode ser concebida considerando as relações recíprocas do biológico e do social. Anais da XIX Semana de Iniciação Científica 25 e 26 de setembro de 2014, UNICENTRO, Guarapuava –PR, ISSN – ISSN: 2238-7358 A teoria psicogenética de Wallon é considerada de suma importância para a educação, pois compreende a criança como ser completo. Diante desta abordagem, a afetividade é fundamental para o desenvolvimento infantil. De acordo com Nascimento (1998), a afetividade, o movimento e a inteligência constituem campos funcionais entre os quais se distribui a atividade da criança. Quase que indiferenciados no princípio do desenvolvimento vão, aos poucos, diferenciando-se. O mesmo processo da indiferenciação para a diferenciação acontece na constituição da pessoa. A teoria de Wallon proporcionou inúmeras contribuições à educação. Em suas ideias pedagógicas propôs que a escola voltasse mais para o pensamento e as dimensões sociopolíticas, apoderando-se do papel de transformação da sociedade. Descrição e discussão dos dados O período da puberdade e a fase da adolescência são apresentados, na teoria psicogenética de Wallon, como a última movimentada etapa que separa a criança do adulto que virá a ser. Nesse período ocorrem mudanças fisiológicas impostas pelo amadurecimento sexual, causando profundas transformações corporais auxiliadas pelo desenvolvimento psíquico, frisado pela vinda de um episódio muito importante: o adolescente passa a possuir o papel reprodutivo e a capacidade de exercitar a função sexual que vai se efetivando ao longo desse estágio. A fase da puberdade é um período muito agitado, pois o período de transição que ocorre da infância para adolescência deixa os pensamentos e a vida do indivíduo conturbados. Ao perceber que seu corpo está mudando, a criança não compreende o porquê de tantas transformações e acontecimentos ficando, muitas vezes, sem saber como agir frente a tal situação. Quando a criança entra na puberdade, raramente ela está preparada para as transformações que ocorrem em seu corpo. Cabe ressaltar que a puberdade faz parte da adolescência e, nas escolas, algumas vezes, a importância da puberdade na adolescência é deixada de lado, desconsiderando as dificuldades de compreensão das transformações que estão ocorrendo com o educando. Para o autor, na fase da adolescência existe a apoderação da consciência das várias possibilidades que o futuro mostra: tudo pode ser tentado, investigado, conhecido, imaginado, mudado. Embora nesse mesmo tempo, o jovem se torna consciente das limitações pessoais e externas do presente, impostas pelo meio em que vive. Conduzido pelas novas necessidades, o jovem combina e alterna o espírito de dúvida, de invenção, de descoberta, de construção, de aventura e criação: apreensão metafísica e científica das pessoas, de sua origem, das causas e destino. Conclusão Há muitas maneiras de auxiliar os adolescentes na compreensão dessa etapa da vida. Nas relações familiares, deve-se esclarecer aos pais e familiares sobre a importância da compreensão deste período, para que busque estabelecer relações mais atenciosas e Anais da XIX Semana de Iniciação Científica 25 e 26 de setembro de 2014, UNICENTRO, Guarapuava –PR, ISSN – ISSN: 2238-7358 pacientes, respeitando este momento de transição da criança para a vida adulta, dando espaço e apoio ao adolescente. Conhecer bem cada adolescente, os seus pontos fortes e fracos, seus medos e suas fraquezas, suas relações de amizade é um grande passo para que os pais compreendam melhor a etapa que seu filho está passando, não deixando de dar o devido espaço para que cada adolescente, durante a fase da puberdade, passe a se conhecer melhor por si só, conhecendo, assim, suas limitações e possibilidades. Os pais devem ajudar e esclarecer ao adolescente o que é a autêntica liberdade, diferenciandose da libertinagem. O educador pode contribuir com muitas ajudas positivas para os educandos, nesta fase conturbadora. Guiá-los para poderem se adaptar às suas condutas, para que eles tenham inspirações mais nobres e íntimas e que descubram dentro de si sentimentos bons e desenvolvam melhor sua sensibilidade; que aprendam a ficar sozinhos e procurarem o silêncio, para que possam perder seus medos e trabalhar o seu autoconhecimento; ajudá-los para que possam descobrir o respeito e o valor que tem a intimidade; fazer com que o adolescente reflita com mais rigor, evitando o que for superficial, percebendo de forma mais crítica a realidade. Neste período deve haver muita paciência, carinho, compreensão e amor, evitando conflitos violentos. Sempre deve procurar manter a calma e a serenidade para que possa haver diálogo com o adolescente. Esse estudo procurou contribuir para que estudantes de licenciatura, profissionais da educação e pais possam compreender os estágios desenvolvimento, especificamente a adolescência, para que possa elaborar novas formas de atuação que contribuam para o desenvolvimento e a aprendizagem do jovem, considerando a relevância da afetividade nas relações com crianças e adolescentes durante o processo educacional. Agradecimentos Agradeço imensamente à atenção, dedicação e paciência de minha orientadora, Profª Dra. Cláudia Cabral Rezende, por todo carinho durante a produção de nosso trabalho. E a UNICENTRO por proporcionar esse tipo de oportunidade de produção acadêmica. Referências NASCIMENTO, M.L.B.P. A criança concreta, completa e contextualizada: a psicologia de Henri Wallon.In CARRARA, K. Introdução à psicologia da educação: seis abordagens. 1998. WALLON, Henri. A evolução psicológica da criança. Lisboa (Portugal): Edições 70, 1995. GALVÃO, I . Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. 16. ed. Petrópolis, RJ Vozes, 2007. Anais da XIX Semana de Iniciação Científica 25 e 26 de setembro de 2014, UNICENTRO, Guarapuava –PR, ISSN – ISSN: 2238-7358