RAF Revista de Administração da Fatea Ed. 3, No.3 – janeiro/dezembro 2010 Revista de Administração da Fatea, v. 3, n. 3, p. 2-107, jan./ dez., 2010. O E-commerce como Estratégia no Processo de Expansão dos Negócios de Pequenas Empresas Diana Aires da Silva: [email protected] Prof. Me Ronaldo Emerick Moreira: [email protected] Resumo Este artigo aborda o e-commerce como estratégia no processo de expansão dos negócios de pequenas empresas, bem como algumas estratégias de Marketing Digital que, por sua vez, são imprescindíveis ao conhecimento de todo empresário que deseja obter sucesso. O Comércio eletrônico cresceu muito nos últimos anos; empresas diversas, cada vez mais, têm se adequado à essa irreversível realidade: o uso da Internet para fins comerciais e não somente como meio de informação. No Brasil, é fato comprovado que pequenas empresas não sobrevivem no mercado por muito tempo devido às elevadas cargas tributárias, ou até mesmo porque não suprem ou se adaptam às necessidades do mercado. Enfim, depois da leitura deste artigo, teremos o discernimento de poder concordar que, muitas vezes, o e-commerce, se modelado estrategicamente, é bem mais que uma estratégia de expansão de negócios, ou seja, poderá ser a solução de problemas que muitos empresários desejam. Palavras-chave: E-commerce, Business to consumer, Web 2.0. Abstract This article discusses the e-commerce tool to assist in the expansion of small business enterprises as well as some strategies for Digital Marketing, which in turn are essential to the knowledge of any business that wants to succeed. The e-commerce has grown in recent years, several companies, increasingly have been adequate’ for this irreversible fact, Internet use for business purposes and not only as a means of information. In Brazil, it has been proven that small business do not survive in the market for a long time due to high tax rates or even because they do not supply or adapt to market needs. Anyway, after reading this article, we have the insight to be able to agree that often, ecommerce, the strategic model, is more than a tool for business expansion, or may be the solution of problems that many employers want. Key-words: E-commerce, Business to consumer, Web 2.0. Revista de Administração da Fatea, v. 3, n. 3, p. 2-107, jan./ dez., 2010. 97 INTRODUÇÃO Baseando-se no novo perfil do consumidor brasileiro, nota-se a criação de um mercado consumidor em massa, forte e cada vez mais complexo. De acordo com a Revista Exame (Abril 2008), estima-se que o consumo anual no Brasil deve aumentar de 780 bilhões de dólares em 2007 para um trilhão em 2012. A estimativa procede de um estudo realizado por meio de uma pesquisa embasada no crescimento econômico, multiplicação de empregos, acesso ao crédito e elevação da renda da população brasileira. Contudo, cabe ser ressaltado neste artigo, o crescimento dos negócios baseados na Internet. O Consumidor brasileiro passou a comprar mais e a buscar serviços pelos meios eletrônicos, por questões de comodidade, preço baixo e escassez de tempo. Essa é uma nova tendência que a princípio foi chamada de “nova economia”. O termo “nova economia” originou-se pelo surgimento de novas tecnologias de informação, que foram as grandes responsáveis pela abertura de novos mercados. A internet, irreversível, foi a grande precursora dessa nova economia. A partir dessa nova tendência, pode-se notar o surgimento significativo do uso da Internet pelas empresas como forma de agregar vantagem competitiva aos negócios. Esse novo ambiente de negócios, uma integração de virtualidade e conhecimento, fez com que surgisse a terminologia e-business (negócios eletrônicos). Dentro deste contexto é importante ressaltar que, para diferentes finalidades, a internet fornece diferentes protocolos de comunicação, e entre os mais comuns está o uso do protocolo (HTTP://), que permitirá o usuário navegar pela Web. As empresas deram um novo rumo aos seus negócios, passaram a desfrutar das vantagens da Web, seja usando-a como canal de informação, comunicação, plataforma de transações comercias ou para prestação de serviços. Em seu livro “e-business” (2005), Franco Jr. aborda os diferentes tipos de segmentos econômicos ou áreas de atuação do e-business. Segue abaixo exemplos de algumas delas: e-banking: Disponibiliza ao cliente acesso aos diversos serviços bancários; e-auction: São os leilões eletrônicos que se baseiam no modelo convencional, porém são realizados pela internet; e-directories: É o serviço padrão lista telefônica, ou seja, disponibiliza ao usuário consultas por nome comum, nome da empresa e endereço; e-gambling: O segmento corresponde aos cassinos eletrônicos, com apostas reais em dinheiro (cartão de crédito ou de débito); e-learning: Corresponde ao ensino a distância; e-trade: Compra e venda de ações pela internet; e-procurement: É o sistema de procura itens para fornecimento e cotação de melhores preços. São portais que reúnem grandes compradores e fornecedores. e-commerce: Mais conhecido como comércio eletrônico, esta segmentação é a que mais cresce no Brasil, e será cuidadosamente mais detalhada no decorrer do artigo. Fora desse ambiente sem fronteiras e virtual, encontram-se as empresas tradicionais, sejam elas grandes, médias ou pequenas. Cada uma com seus diferentes tipos de negócios e estratégias, mas que, contudo, se deparam diariamente com essa nova maneira de comprar produtos pela internet. Algumas empresas sentem a necessidade de mudança, outras desconhecem tamanha oportunidade do comércio eletrônico. Por fim, há as empresas mais arrojadas que investem pesado em aplicativos Revista de Administração da Fatea, v. 3, n. 3, p. 2-107, jan./ dez., 2010. 98 de TI, e muitas vezes acabam alterando totalmente seus processos, funções e formas de realizar os negócios. Sabem do lucrativo, porém incerto, desfecho da venda eletrônica. O objetivo deste artigo é levar ao conhecimento dos empresários de pequenas empresas do varejo, as vantagens na migração para o comércio eletrônico, bem como abordar as estratégias de Marketing Digital, que são peças chaves para o sucesso de um comércio eletrônico. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 O E-commerce versus E-business O termo e-commerce começou a ser usado no Brasil a partir de 2000 e refere-se às vendas virtuais das empresas para os consumidores finais, “business to consumer” (B2C), as transações entre as empresas, “business to business” (B2B), e a venda eletrônica de bens e serviços por consumidores diretamente a outros consumidores, “consumer to consumer” (C2C). James A O’Brien (2004), e Kenneth C Laudon e Jane P Laudon (2004), definem essas três categorias como básicas ou as principais do comércio eletrônico. Franco Jr (2005), define e-commerce como o sistema de gerenciamento da rede de operações de vendas, o que implica relacionamento com clientes, entrega de produtos ou serviços. Dessa forma, o e-commerce tem profunda relação com o e-SCM, o e-ERP e com o e-CRM. Esses conceitos estão diretamente ligados a estrutura interna da empresa virtual com o todo e para melhor esclarecimento, definamos aqui o significado de “ERP”, “SCM” e “CRM”. Sabe-se que no ambiente de e-business, do qual o e-commerce faz parte, utilizam-se a Internet, intranets, extranet e outras redes para apoiar cada etapa do processo comercial (O’BRIEN, 2004). E nesse processo de apoio comercial, os softwares tornam-se indispensáveis, entre eles está o ERP (Enterprise Resource Planning), que modela e automatiza muitos processos de negócios, compartilhando informações vindas de diferentes setores, tais como: contabilidade, recursos humanos, logística, entre outras áreas (LAUDON; LAUDON, 2004). O software de SCM (Supply Chain Management) gerencia a cadeia de suprimentos, ou seja, a empresa que fabrica e vende seus produtos precisa comprar matéria-prima, e o software dispõe e localiza os melhores fornecedores. Já o CRM (Customer Relationship Management) é uma disciplina empresarial e também tecnológica que usa sistemas de informação para coordenar todos os processos de negócios que circundam as interações da empresa com seus clientes em vendas, marketing e serviços (LAUDON; LAUDON, 2004). Contudo, tratando-se de e-business, quando sistemas como ERP, SCM e CRM se integram diretamente pela internet, intranet ou extranet, favorecendo ao mercado virtual, recebem a nova terminologia de e-ERP, e-SCM e e-CRM. O conceito de comércio eletrônico aborda diferentes idéias sobre suas potencialidades e estratégias de sucesso. As empresas podem usar o comércio eletrônico como parte de sua estratégia de vendas para (B2B) ou para inovar em relação a suas vendas para o consumidor (B2C). A distinção das segmentações B2C e B2B dentro do e-commerce, embora tenham propósitos semelhantes, é extremante importante não confundi-las, pois elas representam ações diferentes dentro do e-commerce. Os negócios baseado no business to consumer (B2C), desde o princípio da Web, refere-se as transações online entre empresa e consumidor final e foi um dos pilares da Revista de Administração da Fatea, v. 3, n. 3, p. 2-107, jan./ dez., 2010. 99 revolução tecnológica que a internet proporcionou. Ao unir clientes e fornecedores em um mesmo ambiente virtual, o B2C passou a ser a nova maneira de realizar o comércio. Essa nova maneira impôs um novo estilo comercial entre consumidores e vendedores, que precisaram se adaptar a essa nova maneira de contratar serviços e adquirir produtos. O comércio virtual altera a estrutura utilizada em uma loja tradicional, como, por exemplo, redução de despesa com aluguel, manutenção do local, equipamentos, recursos pessoais, transporte, despesas com água, luz, impostos, etc. No Brasil, grandes sites como, por exemplo, a americanas.com e submarino.com são líderes de vendas pela internet. Eles diversificam produtos e os vendem a preços baixos, que atraem muito o consumidor. A agilidade da entrega e também a segurança do site são alguns requisitos básicos para a conquista do consumidor. Em antecipação às ações direcionadas ao público da internet, as ofertas de serviços ou produtos, as transações baseadas no business to business (B2B) entre empresas já passavam a experimentar novos meios de se relacionarem e de executarem seus negócios. Os softwares ERPs (Enterprise Resource Planning) trouxeram possibilidades de organização e controle das transações. Esses softwares trouxeram ferramentas de controle; as companhias puderam entender, em detalhes, o funcionamento de suas áreas de Estoque, Finanças, Recursos Humanos, Administrativa etc. Com o surgimento da internet, bem como as intranets e extranets, as empresas ganharam tempo e competitividade, passaram a se comunicarem mais. O e-commerce do tipo B2B é o lado atacadista e de suprimentos do processo comercial, no qual as empresas compram, vendem ou comercializam com outras empresas (O’BRIEN, 2004). Os negócios para o Varejo Virtual (B2C) a terminologia usada baseia-se justamente nas transações comerciais pela Web para consumidores finais, assim como já mencionado anteriormente. Esta nova maneira de comprar, na qual o cliente não precisa ir até as lojas tradicionais para comprar, faz com que as lojas virtuais invistam em questões relacionadas à segurança, qualidade de atendimento, facilidade de acesso ao site e também na logística do produto. Muitos fabricantes de produtos estão realizando suas vendas diretamente para o consumidor final, ou seja, para o varejo. Vendendo diretamente a consumidores ou reduzindo o número de intermediários, as empresas podem conseguir lucros mais altos, cobrando preços mais baixos (LAUDON; LAUDON, pag. 117). Para estimular a venda de um só livro, livrarias virtuais como a Amazon dispõem em seu site ferramentas para seduzir o cliente, tais como: comentários de críticos, opinião dos leitores, cotação de vendas entre outros, e isso tem atraído a atenção do consumidor. Uma loja de varejo na Web deve ser administrada como uma empresa tradicional e como um Web Site. A maioria das empresas de hospedagem de e-commerce oferece aplicativos e serviços para administração de tal. Alguns dados sobre os o comércio eletrônico no Brasil demonstram crescimento e amadurecimento dos negócios nesse setor. No período de 2001 até 2008, o volume de vendas no varejo cresceu 15 vezes, e com potencial de crescimento maior para os próximos anos, conforme comparações dos resultados do ano de 2009, no qual as vendas estão em torno de R$ 10 bi. A estabilização e o crescimento da economia estão favorecendo o fortalecimento das classes C e D, que passam a ter acesso a internet e, conseqüentemente, maior potencial para o consumo. Pode-se estimar que as compras realizadas pela internet devem se intensificar, direcionando a demanda para outros produtos; além de livros, produtos de higiene e Revista de Administração da Fatea, v. 3, n. 3, p. 2-107, jan./ dez., 2010. 100 beleza e também produtos eletro-eletrônicos. Essas observações são evidencias do aumento do número de pessoas com acesso à internet, em 2001 eram 19,4 milhões de pessoas e em 2008 esse numero aumentou para 62,3 milhões de internautas. Ano Faturamento Variação 2009 (previsão) R$ 10 bilhões 22% 2008 R$ 8.20 bilhões 30% 2007 R$ 6.30 bilhões 43% 2006 R$ 4.40 bilhões 76% 2005 R$ 2.50 bilhões 43% 2004 R$ 1.75 bilhões 48% 2003 R$ 1.18 bilhões 39% 2002 R$ 0.85 bilhões 55% 2001 R$ 0.54 bilhões Figura 1.0: Volume de vendas no varejo virtual Fonte: e-Bit Compilação www.e-commerce.org.br. Não considera as vendas de automóveis, passagens aéreas e leilões on-line. Produtos mais vendidos% em 2007 Livros, Revistas, jornais 17% Saúde e Beleza 12% Informática 11% Eletrônicos 9% Eletrodomésticos 6% Figura 1.1: Produtos mais vendidos no varejo on-line no Brasil Fonte: Levantamento mensal realizado pela empresa e Bit www.ebitempresa.com.br / Compilação: www.e-commerce.org.br Explode o número de Internautas brasileiros Usuários de 16 anos ou mais - (em milhões de habitantes) 62,3 19,4 2002 31,9 32,9 2004 2006 2008 Figura 1.2: Aumento da quantidade de pessoas conectadas Fonte: IBOPE/GNET – Acesso com linha telefônica Revista de Administração da Fatea, v. 3, n. 3, p. 2-107, jan./ dez., 2010. 101 4. SEGURANÇA E PRIVACIDADE No ambiente do comércio eletrônico, um fator é decisivo para a conquista de clientes; a segurança; tanto das informações dos consumidores quanto das transações dos comerciantes. Diversas medidas podem ser tomadas como, por exemplo, os recursos do Secure Socket, SyberCash e do Secure Eletronic Transaction, todos métodos de criptografia de dados (codificar e embaralhar os dados). Este último vem se tornando o método padrão de pagamentos seguros na Grande rede, porém, os altos investimentos ainda afastam os empresários dessa nova tecnologia de software. A facilidade de efetuar pagamentos através da rede e o surgimento de outras técnicas criptográficas, junto das existentes hoje, expandirão bem mais o uso do dinheiro digital. Conforme Franco (2005), os sistemas de criptografia fornecem um elevado nível de confiança, integridade e autenticidade à informação que está circulando pela Internet. Através da criptografia, apesar das informações trafegarem em via pública, existe privacidade às mensagens e aos dados armazenados, à medida que são incompreensíveis para quem não tem acesso à chave criptográfica. Os aplicativos de comércio eletrônico de hoje transmitem dados confidenciais como número de cartão de crédito, utilizando a tecnologia Secure socket layer - SSL, que é de segurança e criptografia de dados. Quando um site implementa a tecnologia SSL, o endereço da página na Web começa com HTTPS:// e a maioria dos navegadores exibe um cadeado como ícone de segurança no navegador de internet. As tecnologias desenvolvidas orientadas para a segurança de acesso e do trafego das informações na web são essenciais em termos estimular o comércio eletrônico e, conseqüentemente, para os sistemas de pagamento on-line. As formas de pagamento eletrônico surpreendem em relação à quantidade, qualidade de serviços e evolução de segurança. Esta modalidade permite as intermediações financeiras entre empresas e empresas (B2B), ou entre empresas e consumidores (B2C). O quadro abaixo apresenta algumas das modalidades utilizadas: Sistemas Cartões de Crédito Dinheiro Digital Descrição Sites seguros conservam a Informação Moeda Digital usada para micropagamentos Enviam dinheiro a sites ou pessoas não equipadas Peer-to-Peer para aceitar cartão de crédito Cartões Inteligentes Microchip armazena dinheiro digital Pagamento Eletrônico de Faturas Transferência eletrônica de Fundos Boleto Bancário Emissão do Boleto por e-mail ou impressão Quadro 01: Modalidades de sistemas de pagamentos Fonte: LAUDON, Kenneth C; LAUDON, Jane P. Sistemas de informação gerenciais: administrando a empresa digital. 4. ed. São Paulo: Pearson-Prentice Hall, 2004. Esses sistemas de pagamento vão dos mais “simples” aos mais complexos, passando basicamente por uma rede de servidores composta pelo cliente, pela qual solicita ao negociante o pedido e, enfim, sendo direcionado até o servidor de pagamento, onde se conclui a compra. Daí se dispõe de diversas possibilidades de pagamentos como o cartão de débito em pontos de venda no varejo, ligadas aos bancos até telefones ou computadores pessoais em rede. Revista de Administração da Fatea, v. 3, n. 3, p. 2-107, jan./ dez., 2010. 102 5. SUCESSO NO E-COMMERCE Deve se dar a devida importância à estratégia que a empresa utilizará como forma de agregar vantagem competitiva em relação à concorrência, para isso O’Brien (2004) descreve em seu livro: .. a otimização de recursos é o fator chave para o sucesso de uma empresa virtual, como por exemplo, a seleção e preço, desempenho e eficiência do atendimento, aparência e impressão causada pelo site, propaganda e incentivos à compra, atenção pessoal, relações comunitárias, e segurança e confiabilidade. Segue abaixo uma tabela com Fatores do sucesso no e-commerce, segundo James. A O’Brien. Seleção de produtos atraentes, preços competitivos, garantia de satisfação e suporte ao cliente após a venda; Navegação, sondagem e compras rápidas e fáceis, e pronta remessa e entrega; Aparência e Impressão. Loja na Web, áreas de compra do Web site, páginas do catálogo multimídia de produtos e características de compra atraentes; Propaganda dirigida nas páginas da Web e nas promoções por e-mail, descontos e ofertas especiais, incluindo propaganda em sites associados; Páginas da web pessoais, recomendações personalizadas de produtos, notícias por email e propaganda na Web, suporte interativo para todos os clientes; Comunidades Virtuais de clientes, fornecedores, vendedores de empresas e outros, por meio de grupos de notícias, salas de bate-papos e links para sites semelhantes; Segurança de informações do cliente e nas transações do Web site, confiabilidade das informações sobre os produtos, e suprimento confiável do pedido. 6. ESTRATÉGIAS DO E-COMMERCE Nesse capítulo será abordada a importância do Marketing digital dentro do comércio eletrônico. O marketing digital é uma maneira de fazer marketing usando os recursos digitais disponíveis, como, por exemplo, a internet. Como Marketing não é só propaganda, dá-se a devida importância ao plano de negócios de uma empresa virtual antes de realização de qualquer investimento. Conforme Conrado Adolpho em seu livro “Google Marketing”, os investimentos em Internet ainda são muito tímidos no Brasil devido à insegurança em decorrência do “Estouro da Bolha” em Maio de 2001. Esse episódio ficou assim chamado devido a falência de algumas empresas ponto.com que, no final da década de 90 tiveram seus negócios super valorizados na Bolsa de valores (NASDAQ). Quando descoberto que muitas dessas empresas tinham seus negócios falhos e que não haveria possibilidade de retorno financeiro algum, as ações na NASDAQ começaram a despencar, assim aconteceu o estouro da bolha. O prejuízo ficou estimado em trilhões de dólares. Só empresas bem estruturadas como o Google, Yahoo, Amazon, entre outras, conseguiram manter-se no mercado virtual. Nessa época os pop-ups e os banners dominavam a publicidade e muita gente perdeu dinheiro por não saber usar os recursos da internet a favor da marca e dos bons resultados financeiros para a empresa. Revista de Administração da Fatea, v. 3, n. 3, p. 2-107, jan./ dez., 2010. 103 Com isso percebe-se nos dias de hoje que já não é mais importante ter somente os recursos do marketing digital, é preciso saber usá-los corretamente a favor da empresa, a favor do comércio eletrônico. Não basta ter um site, hoje é preciso conectar todas as ferramentas em prol do relacionamento direto com o cliente. O marketing digital possui diversas estratégias para atrair o consumidor, seja para realizar a compra de um produto, ou para conquistá-lo em uma possível visita ao site. Entre elas estão a distribuição autorizada dos e-mails; marketing informativos como as Newsletters; Banners com publicidade da empresa; animações em flash para destacar determinados produtos. Pode-se inserir nesse contexto o Marketing de Busca, que são estratégias para posicionar o site de e-commerce nas primeiras posições da pesquisa Google. Contudo, nada tem revolucionado mais nos últimos anos como a Web 2.0, em relação à interatividade da empresa e ao consumidor. 6.2 Home Page Embora a venda on-line tenha real e lucrativa vantagem, se comparada a loja tradicional, o comércio varejista, segundo uma pesquisa divulgada pela Associação comercial de São Paulo (ACSP), é o que menos investe em sites próprios. A pesquisa aponta também que 34% das empresas estão fora do universo digital e não tem site próprio, além de 64% não utilizar o e-commerce como canal de venda por receio ou por desconhecer as vantagens. Como o objetivo do artigo é levar ao conhecimento dos empresários as vantagens na migração para o comércio eletrônico, nesse sub-capítulo será enfatizada a importância da etapa inicial do e-commerce: a criação de uma Home Page (primeira página do site) bem estruturada. A Home Page dará acesso a todas outras páginas do site através de links, e para construí-la é necessário o conhecimento básico em linguagem HTML (Hypertext Markup Language), que significa linguagem de marcação de Hipertexto, própria da Internet. É possível também criar Home Page com recursos de programas que facilitam o desenho da página do site, tais como: Microsoft Front Page e Dreamweaver. A Home Page e demais páginas deverão ser publicadas na Internet por empresas que prestam serviços de hospedagem e também manutenção de Web Sites. É valho lembrar que existem empresas que não cobram pelo serviço de hospedagem, entretanto, as limitações dos recursos do site deverão ser verificadas. A criação da Home Page poderá ser feita pelo próprio empresário, caso tenha conhecimento, ou então, por empresas prestadoras de serviços. No mercado existem muitas empresas prestadoras de serviços de Web que criam sites conforme a necessidade do empresário, porém, cabe a esse optar pelo tipo de investimento que melhor lhe convém. A nova onda está na criação de Home Page com layout personalizado, capaz de chamar a atenção do cliente logo na primeira visita, seja contendo animações flash fáceis de carregar, links para fóruns de discussões, blogs, chats e redes rede sociais. Tratando-se de Web site de e-commerce, a Home Page deverá mostrar as facilidades de pagamento (cartões de crédito ou boleto bancário), assim como também apresentar um detalhado catálogo de produtos. Revista de Administração da Fatea, v. 3, n. 3, p. 2-107, jan./ dez., 2010. 104 6.3 Desenvolvendo uma loja na Web Fica claro que, antes de se lançar uma loja de varejo na Internet, deve-se construir o Web Site de e-commerce. Uma loja virtual poderá contratar uma empresa que lhe prestará serviços com hospedagem e manutenção de Web site B2C ou contratar um seu próprio provedor de serviços de Internet (ISP). A etapa básica é: Registrar o domínio (nome do site); desenvolver o conteúdo que deseja publicar e hospedar-se em servidores conectados à internet 24 horas por dia. 6.4 Ferramentas que os aplicativos de comércio eletrônico podem fornecer Hoje, o mercado oferece diversos aplicativos de e-commerce que, por sua vez, fornecem soluções para gerenciamento total de uma loja virtual. Os recursos fornecidos são muitos e o preço varia conforme sua utilização. Quanto maior for o investimento, mais recursos a loja disponibilizará ao cliente. Passando pelos recursos mais simples até os mais complexos temos: Possibilidade de cadastrar produtos, departamentos e sub-departamentos; Controlar estoque de mercadorias ; Controlar pedidos e pagamentos; Implantar meios de pagamentos; Cadastrar e-mails; Cadastrar clientes; Possibilidades de pesquisas de produtos; Relatórios de “palavras mais procuradas”; Promoção de produtos mais vendidos; Criação de departamentos e sub-departamentos; Áreas especiais para fabricantes ou patrocinadores; Controle de clientes cadastrados; Administração de preços; Help Desk; Múltiplos usuários administrativos; CRM integrado; Cálculo de frete automático; Gerenciador de arquivo; Cadastro detalhado de produtos; Relatórios administrativos; Relatório de visitação no site; Estatísticas; Busca por pedidos, clientes ou produtos. 6.5 Web 2.0 no Site A web 2.0, segundo o criador dessa terminologia, Tim O’Reilly a define como: ... é a mudança da internet como plataforma e um entendimento das regras para obter sucesso nessa Revista de Administração da Fatea, v. 3, n. 3, p. 2-107, jan./ dez., 2010. 105 nova plataforma. Entre outras, a regra mais importante é desenvolver aplicativos que aproveitem os efeitos de rede para se tornarem melhores quanto mais são usados pelas pessoas, aproveitando a inteligência coletiva. As redes sociais são a prova de que a internet mudou com o surgimento da Web 2.0, pois além dela ter ganhado mais recursos que favorecem o relacionamento entre as pessoas, está sendo aperfeiçoada e usada como estratégia de marketing para as empresas que buscam o fortalecimento da marca e lucratividade para os negócios. Mudou-se a forma de se fazer publicidade em Web Sites, pois os banners e as animações em flash não são mais as únicas ferramentas capazes de chamar a atenção do consumidor. A revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios (Agosto 2009) trouxe uma reportagem interessante sobre como ferramentas como Google, Twitter, Orkut, Skipe e blogs podem ajudar expandir ou montar uma empresa. Vale ser lembrado que essas ferramentas são recursos da chamada Web 2.0. 7. METODOLOGIA DA PESQUISA Conforme o autor do livro “Metodologia Científica”, Lino Rampazzo (2001), a pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de referências teóricas já publicadas (em livros, revistas, etc.). Pode ser realizada independentemente, ou como parte de outros tipos de pesquisa. Este artigo, portanto, traz como parte da pesquisa bibliográfica, a pesquisa exploratória, com análise e discussões embasadas em dados secundários oriundos de artigos, sites, livros e revistas relacionados a temas como: e-business, e-commerce e também Marketing Digital. Deve ser ressaltado que, para cada idéia relevante de diferentes autores, foi usada como forma de organização a técnica da documentação geral, que contribuiu para o bom registro das referências bibliográficas, definição das palavras-chaves, bem como o desenvolvimento do trabalho. 8. ANÁLISE E DISCUSSÕES A recente pesquisa divulgada pela empresa e-Bit, mostrada na figura 1.1 deste artigo, mostra como o comércio eletrônico tem crescido desde o famoso episódio do “estouro da bolha”, ocorrido em maio de 2001. Em 2008, o e-commerce no Brasil fechou o ano com um crescimento de 30%, o que equivale a um faturamento de R$ 8,2 bilhões para a economia brasileira. A previsão para 2009 é positiva, pois o comércio eletrônico talvez ultrapasse a casa dos R$ 10 bilhões, supondo um crescimento de 22% em relação a 2008 e, em média, demonstrando um crescimento anual de 40%. Entre os produtos mais vendidos em 2007, aparecem em primeiro lugar os livros, revistas e jornais, seguidos de produtos de saúde e beleza, Informática, eletrônicos e eletrodomésticos. Ao analisar a figura 1.4, percebe-se um dos motivos que contribuiu para o bom resultado do e-commerce em 2008: a explosão do número de internautas brasileiros. Só no Brasil são R$ 62,3 milhões de usuários que, em média, passam conectados 40 horas por mês. Se comparado a todos os outros países do mundo, o Brasil é líder em tempo de Revista de Administração da Fatea, v. 3, n. 3, p. 2-107, jan./ dez., 2010. 106 navegação, ficando a frente de países como EUA, Reino Unido, França, Japão e Austrália. 9. CONCLUSÃO Diante da nova realidade presenciada com a revolução do uso da internet, nada mais empreendedor que transformar a velha maneira de se fazer negócios em poderosos e lucrativos empreendimentos virtuais. O e-commerce, no ano de 2008 movimentou cerca de R$ 8,20 bilhões na economia brasileira pelas vendas de produtos no varejo. Segundo uma pesquisa do IBOPE divulgada pela Revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios de Agosto 2009, o Brasil hoje possui 62,3 milhões de internautas, e é líder mundial em tempo de navegação por pessoa na internet. Essa informação supõe o quanto o comércio eletrônico poderá crescer ainda mais nos próximos anos. A internet como plataforma mudou, pois trouxe novos recursos que alimentam as necessidades empresariais e acima de tudo as necessidades humanas, entre elas as de relacionamento e comunicação. A maneira de se fazer marketing na internet também mudou, e isso favoreceu muito as vendas do comércio eletrônico, que passou ter credibilidade por oferecer segurança e privacidade das informações do cliente na rede. O artigo abordou a necessidade de análise dos recursos tecnológicos, propaganda na internet e estudo de caso do mercado, antes da abertura e investimentos de qualquer negócio. Trouxe a conhecimento o conceito de Web 2.0 que é uma nova plataforma O artigo servirá como base de conhecimento para os empresários que já possuem suas lojas, seus pequenos empreendimentos voltados ao varejo, mas que desconhecem a oportunidade de expansão dos negócios proporcionada pela internet e principalmente pelo Comércio Eletrônico. Revista de Administração da Fatea, v. 3, n. 3, p. 2-107, jan./ dez., 2010. 107 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ADOLPHO, Conrado. Google Marketing: o guia definitivo do marketing digital. 2. ed. São Paulo: Novatec, 2008. 459 p. AMOR, Daniel. A (r) evolução do e-business: vivendo e trabalhando em um mundo interconectado. São Paulo: Makron Books, 2000. BORNIA, Antônio C.; DONADEL, Cristian M.; LORANDI, Joisse A. A logística do comércio eletrônico do B2C (business to consumer). In: XXVI ENEGEP – ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 2006, Fortaleza, CE. Anais XXVI Enegep. Fortaleza: Abepro, 2006. p. 1-8. CLARO, José A. C. Santos. Propaganda da Pequena Empresa pela Internet. In: XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 2002, Salvador, BA. Anais XXV Intercon. Salvador: UniSantos, 2002. p. 1-17. CORRÊA, Elisa; GOTARDELO FILHO, Wilson. Ferramentas para montar ou expandir sua empresa na rede. Revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios, n. 247, p. 7477, Ago. 2009. 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