UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO – UFMA CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS – CCSo CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DISCIPLINA: PLANEJAMENTO EM COMUNICAÇÃO DOCENTE: PABLO DIAS São Luís 2007 ANDRÉ GARROS DOS SANTOS - co0156-78 BARBARA PIAZERA SILVA COSTA - co07154-76 DANIELA JULIAN PIEDADE RIBEIRO - co0128-74 GEYLSON ANTÔNIO DE SOUSA PAIVA - c07158-80 JOCK DEAN LIMA DA SILVA – co07124-70 RAFAEL TELES SANTOS - co07103-65 THAMIRYS DOS SANTOS SILVA - co07134-72 Trabalho apresentado na disciplina de Planejamento em Comunicação do curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Maranhão - UFMA ministrada pelo Professor Pablo Dias para obtenção da segunda nota. 2 SUMÁRIO 1 Introdução..................................................................................................................... 2 Um breve diálogo sobre ciência e comunicação....................................................... 3 Definindo alguns conceitos......................................................................................... 3.1 O que é método?..................................................................................................... 3.2 O que é técnica?...................................................................................................... 3.3 O que é instrumento?............................................................................................. 3.4 O que é pesquisa?.................................................................................................. 4 Tendências metodológicas.......................................................................................... 5 Tipos de métodos......................................................................................................... 6 Tipos de pesquisas....................................................................................................... 6.1 Bibliográfica............................................................................................................. 6.2 Experimental............................................................................................................ 6.3 Descritiva não-experimental.................................................................................. 6.4 Exploratória............................................................................................................. 6.5 Descritiva................................................................................................................. 6.6 Laboratorial.............................................................................................................. 6.7 Campo...................................................................................................................... 6.8 Acadêmica............................................................................................................... 6.9 Mercadológica......................................................................................................... 6.10 Fundamental/Aplicada.......................................................................................... 6.11 Qualitativa.............................................................................................................. 6.12 Quantitativa............................................................................................................ 6.13 Pesquisa e Comunicação..................................................................................... 7 Procedimentos, técnicas e instrumentos................................................................... 8 Conclusão...................................................................................................................... Referências....................................................................................................................... p. 4 p. 5 p. 6 p. 6 p. 6 p. 7 p. 7 p. 8 p. 9 p. 11 p. 11 p. 11 p. 12 p. 12 p. 12 p. 13 p. 13 p. 14 p. 14 p. 15 p. 15 p. 16 p. 16 p. 17 p. 18 p. 19 3 1 INTRODUÇÃO Nada começa do nada! Esta talvez seja uma frase capciosa, mas quem sabe esta não seja a frase ideal para iniciar este trabalho cujo tema é métodos e técnicas de pesquisa. Toda pesquisa deve passar por uma fase preparatória de planejamento devendo-se estabelecer certas diretrizes de ação e fixar-se uma estratégia global. A realização deste trabalho prévio é imprescindível. Ocorre que toda pesquisa requer métodos e técnicas específicos para a obtenção dos resultados desejados e dependendo do método e técnica adotados utilizaremos, também, certo instrumento que nos permita alcançar nossa meta. A ciência se apresenta como um processo de investigação que procura atingir conhecimentos sistematizados e seguros. Para alcançar este objetivo é necessário que se planeje o processo de investigação, isto é, traçar o curso de ação a ser seguido no processo da investigação científica. Não é, porém, necessários que se sigam normas rígidas. A flexibilidade deve ser a característica principal neste planejamento de pesquisa, para que as estratégias previstas não bloqueiem a criatividade e a imaginação crítica do investigador. Afirma-se que não existe método científico estabelecido previamente. Existem critérios gerais orientadores que facilitam o processo de investigação. Quando tratamos, então, de pesquisa em comunicação (cujo curso que tem este trabalho como objeto de estudo) há meios muito mais específicos com os quais trabalhamos. 4 2 UM BREVE DIÁLOGO SOBRE CIÊNCIA E COMUNICAÇÃO Quando falamos em métodos, técnicas, pesquisa e instrumentos não podemos ou não conseguimos incluir neste conjunto a palavra ciência. Daí porque decidimos incluir neste trabalho um breve comentário sobre ciência, tentando fazer, ainda, uma ponte com a comunicação. Santaella (2001, p. 103), diz que “a ciência empírica é um discurso abstraído e construído a partir da complexidade do mundo fenomenal que envolve, a partir da constituição de um objeto científico, uma ruptura com o mundo "vivido"”. Com o advento do cientificismo no séc. XVII tornou necessário metodizar os estudos que passariam a depender de pesquisas e técnicas específicas. Assim surgiam as teorias científicas que tinham como função representar de forma articulada por linguagens e códigos específicos as contrições que ligavam os fenômenos entre si. Eram deixadas de lado as impressões que se tinham se tal fenômeno e em seu lugar ficavam os conceitos formalizados, as teorias. Em 1962, com a publicação do livro Estrutura das Revoluções Científicas Kuhn um físico norte-americano, ficou conhecido como um intelectual voltado para a história e a filosofia da ciência, principalmente por trabalhar a idéia de paradigma. Nas últimas décadas do séc. XX o termo paradigma expandiu-se como um verme com alto poder reprodutivo, passando a se utilizado mesmo em publicações científicas de alto prestígio e não por acaso a utilização deste termo passou a indicar diferenças entre orientações epistémicas e metodológicas no domínio da pesquisa em ciências sociais. A comunicação, ou melhor, a Comunicação Social trata-se mais um conhecimento que se insere no contexto dos estudos das chamadas ciências sócias, no caso da comunicação podemos dizer que é uma ciência social aplicada. Dessa forma, enquanto ciência, a comunicação também desenvolveu seus métodos e técnicas de estudo. E quando afunilamos para o Planejamento em comunicação podemos notar com mais praticidade a importância desses métodos e técnicas. 5 3 DEFININDO CONCEITOS Há um sem número de definições para os termos método, técnica e instrumento. Podemos defini-los sob os mais diversos vieses. Pode ser sob o viés da técnica, da ciência etc. Aqui utilizaremos os conceitos que, a nosso ver, mais se adequam ao campo disciplinar que estudamos: a comunicação. 3.1 O que é método? Metodologia é o temo que define o estudo dos métodos, mas o que é método? O conceito que trabalharemos aqui é o de Rudio (1992, p. 15): Embora enfatizando o valor da criatividade, convém lembrar que a pesquisa científica não pode ser fruto apenas da espontaneidade e intuição do indivíduo, mas exige submissão tanto aos procedimentos do método quanto aos recursos da técnica. O método é o caminho a ser percorrido, demarcado, do começo ao fim, por fases ou etapas. E como a pesquisa tem por objetivo um problema a ser resolvido, o método serve de guia para o estudo sistemático do enunciado, compreensão e busca de solução do referido problema. Examinando mais atentamente, o método da pesquisa científica não é outra coisa do que a elaboração, consciente e organizada, dos diversos procedimentos que nos orientam para realizar o ato reflexivo, isto é, a operação discursiva de nossa mente. Há um consenso metodológico nas pesquisas empíricas, experimentais, estatísticas e quantitativas e isso é percebido facilmente quando analisamos, mesmo superficialmente, trabalhos de metodologia científica nas áreas das ciências sócias ou psicologia, social ou educacional e até nas ciências formais ou naturais. Por isso a definição de Rudio foi escolhida como referência, pois é abrangente e justa. Método, do grego methodos, met' hodos que significa, literalmente, caminho para chegar a um fim. 3.2 O que é técnica? Técnica é o procedimento ou o conjunto de procedimentos que têm como objetivo obter um determinado resultado, seja no campo da ciência, da tecnologia, das artes ou em outra atividade. Estes procedimentos não excluem a criatividade como fator importante da técnica. A técnica implica no conhecimento das operações, como o manejo das habilidades, tanto das ferramentas como os conhecimentos técnicos e a capacidade de improvisação. 6 De acordo com Adriano Duarte Rodrigues, a história da relação homem/técnica pode ser dividida em dois períodos: o da minoridade, quando o uso do saber do artesão e do aprendiz era movido pelo instinto, pelo hábito, e o da maioridade, quando o homem toma consciência da tecnicidade. Esse conhecimento, por sua vez, pode ser ainda dividido. Num primeiro momento, do fim da Idade Média ao fim do século XVII, o enciclopedismo técnico desenvolve os elementos técnicos, que não possuem autonomia. Nos séculos XVIII e XIX, o período das Luzes, desenvolvem-se os indivíduos técnicos (maquinismo industrial), que já funcionam autonomamente. O século XX é a era da cibernética, das técnicas da informação, enfim, dos sistemas técnicos. A palavra se origina do grego techné cuja tradução é arte. A técnica, portanto, confundia-se com a arte, tendo sido separada desta ao longo dos tempos. 3.3 O que é instrumento? Objeto simples ou constituído por várias peças, que se usa para executar uma obra, levar a efeito uma operação mecânica, fazer alguma observação ou mensuração (em geral trabalhos delicados e de precisão); dispositivo, apetrecho, ferramenta. Em sentido mais amplo ou figurado: recurso ou pessoa que se utiliza para chegar a um resultado; meio, intermediário. O termo instrumento encontra no mundo digital um significado novo. Deixa de ser um instrumento palpável para ser um objeto, uma função. Portanto, em suma, instrumento é todo o meio utilizado para se realizar determinada atividade. No âmbito da pesquisa, seus métodos e técnicas ele é o caminho que se utiliza para conduzir os trabalhos de pesquisa em sua mais ampla aplicação. 3.4 O que é pesquisa? Uma pesquisa é um processo de construção do conhecimento que tem como metas principais gerar novos conhecimentos e/ou corroborar ou refutar algum conhecimento pré-existente. É basicamente um processo de aprendizagem tanto do indivíduo que a realiza quanto da sociedade na qual esta se desenvolve. A pesquisa como atividade regular também pode ser 7 definida como o conjunto de atividades orientadas e planejados pela busca de um conhecimento. Atualmente, também se entende pesquisa como qualquer busca realizada por meio da internet. 4 TENDÊNCIAS METODOLÓGICAS Ao longo dos séculos com o avanço do conhecimento científico e com a reorganização do conhecimento empírico, em virtude da cristalização do cientificismo, diversas tendências metodológicas foram sendo formuladas. Não há metodologias hegemonias, mas uma série de estudos a respeito e os diversos autores que trataram do assunto nunca chegaram a um consenso. Carvalho (2000, p. 43-69) apresenta as tendências metodológicas sob um critério histórico. No século XIX, o positivismo de Comte e o materialismo histórico-dialético de Marx com sua concepção de realidade social a partir de uma interpretação materialista da dialética hegeliana entre outras influências. No século XX, o neopositivismo e sua crença de que “haveria uma linguagem, a da ciência, capaz de exprimir universalmente o que a experiência nos oferece”. A femenologia de Husserl e sua postulação de que “o conhecimento é o resultado da interação entre o que o sujeito observa e o sentido que ele fornece à coisa percebida”. Temos ainda o estruturalismo e a busca das leis que presidem às estruturas das mais diversas ordens. A partir da segunda metade do século XX outras tendências se notabilizaram. A escola de Frankfurt com sua crítica aguda contra a razão instrumental alimentada pela sociedade capitalista. O grupo dos expoentes da epistemologia contemporânea com os férteis debates que geraram entre si e a partir de suas obras: Popper, Kuhn, Feyrerabend e Lakatos. E por fim duas outras tendências também são consideradas por diversos autores são o pragmatismo que começa com Peirce e estende-se até Rorty no presente e é caracterizado pela descrença no fatalismo e pela certeza de que só a ação humana, movida pela inteligência e pela energia, pode alterar os limites da condição humana. Este paradigma filosófico caracteriza-se, pois, pela ênfase dada às consequências - utilidade e sentido prático - como componentes vitais da verdade. E o construcionismo, que, a partir de seus 8 fundadores, Scheler e Mannhein, leva em consideração o papel estruturados operado pela linguagem, considerando que tanto o sujeito quanto o objeto do conhecimento são construções sociais e históricas. 5 TIPOS DE MÉTODOS Os tipos de métodos considerados neste estudo seguirão as orientações de Demo (1985, p. 21-22, 52). O autor privilegia o método dialético por ser mais correto para as ciências sociais, pois, “sem deixar de ser lógico, demonstra sensibilidade pela face social dos problemas”. O método dialético parte dos fundamentos propostos por Marx, especialmente nas suas Contribuições à Crítica da Economia Política. Os fundamentos deste método repousam na crença de que “toda formação social é suficientemente contraditória para ser historicamente superável”. Demo considera, ainda, os métodos a seguir: o empirismo, o positivismo, o estruturalismo e o sistemicismo. O empirismo originou-se da busca de superação da especulação teórica em prol da observação empírica, podendo incluir o teste experimental e a mensuração quantitativa. Segundo Fiske (1990, p. 135), o método empírico, baseado no raciocínio indutivo, na sua versão experimental, apresenta os seguintes propósitos: (a) colecionar e categorizar fatos objetivos ou dados; (b) levantar hipóteses para explicá-los; (c) eliminar, tanto quanto possível, qualquer interferência de elemento humano nesse processo; (d) construir métodos experimentais para testar e provar ou refutar a confiabilidade dos dados e das hipóteses. Uma vez que o método das ciências naturais, por excelência, é o método experimental, baseado na observação, experimentação e mensuração, essa seqüência e suas exigências são, para o positivismo, as únicas cientificamente aceitáveis. As metodologias positivistas propõem para todas as ciências a reprodução do modelo das ciências exatas e naturais, acreditando na objetividade e neutralidade do conhecimento, e no estabelecimento da verdade como algo factível e definitivo. Nessa medida, positivismo e empirismo, na maior parte das vezes, se unem sob vários aspectos. 9 O estruturalismo, por sua vez, disseminado entre várias das ciências sociais, na psicanálise e até mesmo na filosofia, nasceu das descobertas lingüísticas de Saussure sobre a língua como um sistema de leis estruturadas de acordo com prescrições internas. Já o sistemismo se alimenta da teoria dos sistemas e de concepções funcionalistas. Sob sua ótica, todo fenômeno organizativo é um sistema de partes concatenadas que mantêm e recobram o equilíbrio graças à retroalimentação e dinamismo de recomposição dos seus elementos. Tomando por base a divisão de Lakatos e Marconi (1992) os métodos, são: o indutivo, dedutivo, hipotético-dedutivo e o dialético. O indutivo é aquele que parte de premissas particulares em direção a premissas gerais e cuja aproximação dos fenômenos caminha, assim, para planos cada vez mais gerais. O dedutivo parte de premissas gerais, teorias e leis, para predizer a ocorrência dos fenômenos particulares. Iniciando-se pela percepção de uma lacuna nos conhecimentos, o método hipotético-dedutivo levanta uma hipótese acerca dessa lacuna e através da inferência dedutiva testa a predição de fenômenos abrangidos pela hipótese. O dialético, como já visto anteriormente nos estudos de Demo, penetra nos fenômenos através de sua ação recíproca, da contradição inerente a todo fenômeno e da mudança dialética que ocorre na sociedade e na natureza. Nessa medida, esse método problematiza o conhecimento "dentro de um contínuo em constantes mudanças" e inacabamento "que contém um todo que abarca contrários em incessantes conflitos". (LAKATOS e MARCONI, ibid.: 106, BASTOS, ibid.: 75-76). Marconi e Lakatos ainda apresentam outros métodos: histórico, estatístico, estruturalista, funcionalista, comparativo, etnográfico, tipológico, monográfico ou estudo de caso etc. Nesse nível, a diversidade impera e as escolhas só podem ser feitas tendo em vista a adequação do método ao tipo de problema que a pesquisa visa trabalhar. Sendo assim podemos dizer que há certas repetições quanto aos tipos de métodos, mas essas repetições ocorrem em virtude de haver vários princípios operando nas classificações que os diversos autores elaboram. Há, assim, uma quase unanimidade na consideração de dois níveis metodológicos, o nível lógico e o nível das especificidades. Do nível 10 propriamente lógico, derivam os métodos indutivo, dedutivo, hipotético-dedutivo e o dialético, embora seja discutível se a dialética é, de fato, um tipo de lógica. As regularidades no nível das especificidades se apóiam em outros tipos de princípios, entre os quais, do mais abstrato para o mais concreto, destacando-se os sistemas e correntes filosóficas que trabalham com os fundamentos do conhecimento, mesmo sem estarem diretamente lidando com metodologia, acabam por gerar métodos de pesquisa. 6 TIPOS DE PESQUISAS O planejamento de uma pesquisa depende tanto do problema a ser investigado, de sua natureza e situação espaço-temporal em que se encontra, quanto da natureza e nível de conhecimento do investigador. Assim pode haver um número sem fim de tipos de pesquisa. 6.1 Pesquisa Bibliográfica Desenvolve-se tentando explicar um problema através de teorias publicadas em livros ou obras do mesmo gênero. O objetivo deste tipo de pesquisa é de conhecer e analisar as principais contribuições teóricas existentes sobre um determinado assunto ou problema, tornando-se um instrumento indispensável para qualquer pesquisa. Pode-se usá-la para diversos fins como, por exemplo: - Ampliar o grau de conhecimento em uma determinada área; - Dominar o conhecimento disponível e utilizá-lo como instrumento auxiliar para a construção e fundamentação das hipóteses; - Descrever ou organizar o estado da arte, daquele momento, pertinente a um determinado assunto ou problema. 6.2 Pesquisa Experimental Neste tipo de pesquisa o investigador analisa o problema, constrói suas hipóteses e trabalha manipulando os possíveis fatores, as variáveis, que se referem ao fenômeno observado. A manipulação na quantidade e qualidade das variáveis proporciona o estudo da relação entre causas e efeitos de um determinado fenômeno, podendo-se controlar e avaliar os resultados dessas relações. 11 6.3 Pesquisa Descritiva Não - Experimental Este modelo de pesquisa estuda as relações entre duas ou mais variáveis de um dado fenômeno sem manipulá-las. A pesquisa experimental cria e produz uma situação em condições específicas para analisar a relação entre variáveis à medida que essas variáveis se manifestam espontaneamente em fatos, situações e nas condições que já existem. A decisão de se utilizar à pesquisa experimental ou não-experimental na investigação de um problema vai depender de vários fatores: natureza do problema e de suas variáveis, fontes de informação, recursos humanos, instrumentais e financeiros disponíveis, capacidade do investigador, conseqüências éticas e outros. Devem-se avaliar as vantagens e as limitações que apresentam um e outro tipo de pesquisa. Kerlinger (1985, p. 127) apresenta três vantagens da pesquisa experimental. A primeira é a fácil possibilidade de manipulação das variáveis isoladamente ou em conjunto; a segunda é a flexibilidade das situações experimentais que otimiza a testagem dos vários aspectos das hipóteses; a terceira é a possibilidade de replicar os experimentos ampliando e facilitando a participação da comunidade científica na sua avaliação. Como limitações, Kerlinger aponta a falta de generalidade, pois um resultado evidenciado em uma pesquisa experimental de laboratório nem sempre é o mesmo obtido em uma situação de campo onde há variáveis muitas vezes desconhecidas ou imprevisíveis que podem intervir nos resultados. Por esse motivo, os seus resultados devem permanecer restritos às condições experimentais. 6.4 Pesquisa Exploratória Outro tipo de pesquisa que tem grande utilização, principalmente nas áreas sociais. Nela não se trabalha com a relação entre as variáveis, mas com o levantamento da presença das variáveis e de sua caracterização quantitativa ou qualitativa. Seu objetivo fundamental é o de descrever ou caracterizar a natureza das variáveis que se quer conhecer. 6.5 Pesquisa descritiva 12 A pesquisa descritiva usa padrões textuais como, por exemplo, questionários para identificação do conhecimento. O IBGE realiza pesquisas descritivas. A pesquisa descritiva tem por finalidade observar, registrar e analisar os fenônemos sem, entretanto, entrar no mérito de seu conteúdo. Na pesquisa descritiva não há interferência do investigador, que apenas procura perceber, com o necessário cuidado, a freqüência com que o fenômeno acontece. 6.6 Pesquisa laboratorial Comumente, este tipo de pesquisa é confundido com pesquisa experimental, o que é um equívoco. Embora a maioria das pesquisas de laboratório seja experimental, muitas vezes as ciências humanas e sociais lançam mão de pesquisa de laboratório sem que se trate de estudos experimentais. Na verdade, o que caracteriza a pesquisa de laboratório é o fato de que ela ocorre em situações controladas, valendo-se de instrumental específico e preciso. Tais pesquisas, quer se realizem em recintos fechados ou ao ar livre, em ambientes artificiais ou reais, em todos os casos, requerem um ambiente adequado, previamente estabelecido e de acordo com o estudo a ser realizado. A Psicologia Social e a Sociologia, freqüentemente, utilizam a pesquisa de laboratório, muito embora aspectos fundamentais do comportamento humano nem sempre possam ou, por questões de ética, nunca devam ser estudados e/ou reproduzidos no ambiente controlado do laboratório. 6.7 Pesquisa de campo A pesquisa de campo procede à observação de fatos e fenômenos exatamente como ocorrem no real, à coleta de dados referentes aos mesmos e, finalmente, à análise e interpretação desses dados, com base numa fundamentação teórica consistente, objetivando compreender e explicar o problema pesquisado. Ciência e áreas de estudo, como a Antropologia, Sociologia, Psicologia Social, Psicologia da Educação, Pedagogia, Política, Serviço Social, usam freqüentemente a pesquisa de campo para o estudo de indivíduos, grupos, comunidades, instituições, com o objetivo de compreender os mais diferentes aspectos de uma determinada realidade. Como qualquer outro tipo de pesquisa, a de campo parte do levantamento bibliográfico. Exige 13 também a determinação das técnicas de coleta de dados mais apropriadas à natureza do tema e, ainda, a definição das técnicas que serão empregadas para o registro e análise. Dependendo das técnicas de coleta, análise e interpretação dos dados, a pesquisa de campo poderá ser classificada como de abordagem predominantemente quantitativa ou qualitativa. Numa pesquisa em que a abordagem é basicamente quantitativa, o pesquisador se limita à descrição factual deste ou daquele evento, ignorando a complexidade da realidade social (Franco, 1985:35). 6.8 Pesquisa acadêmica A pesquisa acadêmica é realizada no âmbito da academia (universidade, faculdade ou outra instituição de ensino superior), conduzida por pesquisadores que, via de regra, são também professores universitários. A pesquisa acadêmica é um dos três pilares da atividade universitária, junto com o ensino e a extensão, visando a produzir conhecimento especificamente para uma disciplina acadêmica pré-existente. Visa relacionar os aspectos objetivos e subjetivos da realidade que envolve o objeto a ser pesquisado. 6.9 Pesquisa mercadológica Para melhor atender um mercado-alvo, as organizações devem dispor de informações relevantes sobre seu campo de atuação, seu negócio, sua concorrência e especialmente seus clientes. O processo de Pesquisa de Marketing consiste na definição do problema e dos objetivos de pesquisa, desenvolvimento do plano de pesquisa, coleta de informações, análise das informações e apresentação dos resultados para administração. Ao realizarem pesquisa as organizações devem decidir se devem coletar os dados ou usar dados já disponíveis. Devem também decidir sobre qual será a abordagem da pesquisa (observação, grupo focal, levantamento, experimental) e que instrumento (questionários ou dispositivos mecânicos) usar. A principal razão para uma organização adotar a pesquisa de mercado é a descoberta de uma oportunidade de mercado. Uma vez com a pesquisa concluída, a empresa deve, cuidadosamente, avaliar suas oportunidades e decidir em que mercados entrar. Os mercadólogos dependem ainda da pesquisa de mercado para determinar aquilo que os consumidores querem e 14 quanto estão dispostos a pagar. Eles esperam que este processo lhes confira uma vantagem competitiva sustentável. 6.10 Pesquisa fundamental e aplicada A pesquisa fundamental tem por função aumentar a soma de saberes disponíveis, saberes esses que, em algum momento, nunca se sabe quando, serão utilizados para a solução de problemas empíricos. A história da ciência está cheia de exemplos dessa espécie. Nessa medida, a pesquisa fundamental tem por função criar quadros teóricos de referência e mantê-los, tanto quanto possível, livres dos mal-ententidos e das anemias que a impaciência e negligência teóricas costumam produzir. . A motivação principal das pesquisas aplicadas, por seu lado, está na sua contribuição para resolver um problema. Para tal, ela aplicará conhecimentos já disponíveis, mas das aplicações podem resultar não apenas a resolução do problema que a motivou, mas também a ampliação da compreensão que se tem do problema, ou ainda a sugestão de novas questões a serem investigadas. É em razão disso que os verdadeiros pesquisadores não fazem pesquisa ad hoc, mas a fazem pela vida afora. 6.11 Pesquisa qualitativa Pesquisa qualitativa é basicamente aquela que busca entender um fenômeno específico em profundidade. Ao invés de estatísticas, regras e outras generalizações, a qualitativa trabalha com descrições, comparações e interpretações. A pesquisa qualitativa é mais participativa e, portanto, menos controlável. Os participantes da pesquisa podem direcionar o rumo da pesquisa em suas interações com o pesquisador. As pesquisas qualitativas são exploratórias, ou seja, estimulam os entrevistados a pensarem livremente sobre algum tema, objeto ou conceito. Elas fazem emergir aspectos subjetivos e atingem motivações não explícitas, ou mesmo conscientes, de maneira espontânea. São usadas quando se busca percepções e entendimento sobre a natureza geral de uma questão, abrindo espaço para a interpretação. Parte de questionamentos como: “Qual conceito 15 novo de produto deveria ser criado em uma determinada categoria?” e “Qual é o melhor posicionamento de comunicação para esse produto?” , por exemplo. 6.12 Pesquisa quantitativa A pesquisa quantitativa é um método de pesquisa social que utiliza técnicas estatísticas. Normalmente implica a construção de inquéritos por questionário. Normalmente são contatadas muitas pessoas. Os profissionais de marketing normalmente usam a informação assim obtida para desenhar estratégias e planos de marketing. A metodologia quantitativa, de modo geral, é a mais utilizada em pesquisa de mercado e opinião. Esta metodologia permite mensurar opiniões, reações, sensações, hábitos e atitudes, etc., de um universo (público-alvo) através de uma amostra que o represente de forma estatisticamente comprovada. As amostras podem ser aleatórias ou por cotas (extratos pré-definidos de sexo, idade, classe social, região etc). O método quantitativo orienta para a utilização de questionários estruturados predominantemente elaborados com questões fechadas (lista de respostas pré-codificadas). A pesquisa quantitativa permite dimensionar mercados, definir share, conhecer o perfil sócio demográfico, social e econômico de uma população, entre outras possibilidades. Em toda pesquisa quantitativa, sem exceção, é necessário calcular a margem de erro para o grau de confiança que se pretende. Assim, o cliente pode tomar as suas decisões com a segurança desejada. A pesquisa quantitativa é realizada a partir de entrevistas individuais, apoiadas por um questionário convencional (impresso) ou eletrônico (Computador ou Pocket PC). 6.13 Pesquisa e comunicação Há ainda outras classificações para tipos de pesquisas. Segundo Demo (1985, p. 23-26): teórica, metodológica, empírica e prática. 16 Na área da comunicação, especificamente, DeVito (1997, p. 60, 147, 199, 228) dividiu as pesquisas em três tipos: descritiva, histórico-crítica e experimental. A descritiva tem por propósito descrever algo: comportamentos, atitudes, valores etc. a pesquisa histórico-crítica tenta reconstruir o passado para melhor compreender os fenômenos. A experimental já foi tratada acima. 7 PROCEDIMENTOS, TÉCNICAS E INSTRUMENTOS Geralmente os tipos de métodos definem os tipos de pesquisa. Métodos incluem procedimentos, técnicas e instrumentos, mas os três últimos não se confundem com o primeiro visto que estes são partes daquele. Em cada uma das fases do método, o pesquisador deve usa recursos que constituem técnicas de pesquisa, como: seleção da amostra, construção dos instrumentos da pesquisa entre outros. A análise e interpretação dos dados implicam técnicas próprias. Em pesquisas experimentais, procedimentos, técnicas e instrumentos são definidos. Comumente são usadas técnicas de observação que pode ser assistemática, sem planejamento prévio; ou sistemática que é planejada, estruturada, controlada, pois planejada e controlada a observação pode ser considerada científica. Há ainda a observação documental, que se reporta ao uso de bibliotecas. As técnicas também envolvem a definição da população e amostragem, o controle das variáveis, o instrumento de pesquisa e as técnicas estatísticas. Envolvem ainda a determinação das variáveis que serão controladas. A coleta de dados também se faz a partir de uma série de prescrições, cujos instrumentos mais usados são os questionários, os formulários e as entrevistas que podem ser estruturadas, padronizadas, contendo perguntas que seguem um roteiro pré-estabelecido, ou não estruturadas, despadronizadas, consistindo de uma conversa informal, alimentada por perguntas abertas. Esses instrumentos são usados quando informações não podem ser obtidas por outros meios. A interpretação dos dados não é menos baseada em técnicas do que os demais passos da pesquisa. Ela implica em classificação e categorização dos dados, processo de codificação, representação numérica dos dados e técnicas de análise de conteúdo. 17 Uma das técnicas mais comumente usadas em pesquisas são as entrevistas. É uma técnica clássica usada pelas ciências sociais. A entrevista é uma técnica dinâmica e flexível, útil para apreensão da realidade humana. A grosso modo podemos entender entrevista como técnica de recolha da informação que utiliza a forma de comunicação oral e que permite quer uma análise intensiva quer extensiva. Existem basicamente três tipos diferentes de entrevista. A entrevista aberta que é essencialmente exploratória e flexível, não havendo seqüência pré-determinada de questões e parâmetros de respostas. A semi-aberta origina-se numa matriz, num roteiro de questões-guia que dão cobertura ao interesse da pesquisa. A fechada realiza-se a partir de questionários estruturados, com perguntas iguais para todos os entrevistados. Há, sem dúvidas, um número sem fim (talvez) de técnicas, métodos e instrumentos a serem utilizados dependendo do tipo de pesquisa adotado. 8 CONCLUSÃO Discutimos ao longo deste trabalho os métodos, as técnicas, os procedimentos e os instrumentos adotados em diversos tipos de pesquisas, também, diferenciadas neste estudo. Percebemos que há uma infinidade de tipos de métodos e técnicas a serem utilizados e que cabe ao pesquisador escolher o melhor método e técnica para seu trabalho, pois uma escolha errada implica erro em todo o trabalho de pesquisa. Estas opções abrigam tanto estratégias de pesquisa como estratégias aplicadas à resolução de problemas. 18 REFERÊNCIAS SANTAELLA, Lúcia. Comunicação e pesquisa: projetos para mestrado e doutorado. São Paulo, SP: Hacker Editores, 2001. 216 p. DUARTE, Jorge. Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação. Jorge Duarte, Antônio Barros – organizadores. São Paulo, SP: Atlas, 2005. 19