eutanásia - Gospel Mais

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EUTANÁSIA
MATANDO OS DOENTES, OS DEFICIENTES
E OS IDOSOS EM NOME DA COMPAIXÃO
Perspectiva do Futuro Próximo
Baseada em Fatos Passados e Recentes
Julio Severo
Dedico esta obra à minha mãe Regina, que cultivou em
mim o amor à leitura desde cedo e sempre me apoiou em
meus projetos diante de Deus.
Os direitos autorais dos desenhos utilizados neste livro pertencem ao
cartunista americano Chuck Asay, que bondosamente me deu permissão
para usá-los.
1
INTRODUÇÃO
Eutanásia é um termo pouco conhecido e compreendido no Brasil, mas é uma prática bem real em alguns países ricos. Depois de ler e estudar livros, artigos e documentos de países que já estão enfrentando a questão, coletei as informações que achei mais relevantes para os leitores brasileiros. Dei sempre preferência às informações que são menos acessíveis ao público. Durante dois anos passei muitas horas diárias estudando e pesquisando o assunto em livros e na Internet. Além disso, tive contato pessoal com especialistas americanos no assunto, como o Dr. Jack Willke e o Dr. Brian Clowes.
Há tantos estudos, pesquisas e relatos pessoais registrados neste livro que o leitor terá condições de fazer sua própria avaliação. Procurei cobrir o assunto de forma breve, mas bem analisada. Com as informações aqui disponíveis, não será difícil compreender o que de fato está acontecendo no Hemisfério Norte. Vamos ver então o motivo por que a eutanásia está se tornando uma questão tão importante.
A diminuição da população jovem e a crescente longevidade dos idosos têm sido características do progresso econômico e tecnológico dos países avançados. Hoje, em todos esses países, os idosos são a parte da população que mais cresce. Treze por cento da população dos EUA têm 65 anos (em 1900 eram só 4% e em 1950 só 8%). Em 2040 haverá um idoso para cada americano. A Europa e o Japão estão enfrentando um maior aumento da população idosa. Atualmente, os idosos representam mais de 16% da população da Europa e Japão, e esse número poderá ultrapassar os 30% antes de 2040.
Os cientistas sociais calculam que em 2050 a população idosa com mais de 80 anos na Alemanha, Japão e Itália 2
estará em número igual ou superior ao da população com menos de 20 anos, uma transformação social nunca antes vista em toda a História da humanidade. Ainda mais problemático é o fato de que a classe trabalhadora ficará cada vez menor em todo o mundo industrializado nos próximos anos. Nas próximas cinco décadas, as projeções mostram que a população trabalhadora da Alemanha cairá para 43%, a da França para 25%, a do Japão para 36% e a da Itália para 47%.
Em todos os países desenvolvidos, as populações idosas imporão pressões imensas no orçamento público. Muitos países europeus enfrentam a possibilidade de um futuro com uma economia decadente e padrões de vida mais baixos. Nos Estados Unidos, por exemplo, as projeções indicam que em breve o sistema de seguridade social começará a pagar mais aposentadorias do que arrecada dos trabalhadores em contribuições para a previdência social. De acordo com uma estimativa recente, os gastos em saúde em 2030 poderão consumir aproximadamente um terço de toda a produção econômica dos EUA. Isso não é saudável para a economia de nenhum país.
O debate sobre a questão da eutanásia está avançando exatamente no meio desse contexto social complicado. Os gastos públicos vão aumentar nos próximos anos, principalmente nas despesas com os idosos e outras pessoas vulneráveis, como os deficientes e os doentes. E então, o que realmente acontecerá? A questão do aborto pode dar uma importante pista para entendermos o futuro. O aborto está hoje legalizado nos países ricos, porque a única solução que viram para alguns problemas econômicos e sociais foi a eliminação de bebês indesejados. Matar, nesse caso, se tornou uma medida médica e legal para resolver problemas pessoais e sociais.
1
1Global
Aging Initiative (Center for Strategic and International Studies: Washington DC:
junho de 2000), p. 16.
3
A vida é um processo que não pára: começa na concepção e continua até a morte natural. O processo de desvalorização da vida humana, quando começa, também vai até o fim. Geralmente, esse processo começa trazendo a aceitação social e legal do aborto, e termina trazendo a aceitação social e legal da eutanásia. Uma sociedade que assume o direito de eliminar bebês na barriga de suas mães — porque eles são indesejados, imperfeitos ou simplesmente inconvenientes — achará difícil eventualmente não justificar a eliminação de outros seres humanos, principalmente os idosos, os doentes e os deficientes. Não é de estranhar então que a eutanásia esteja avançando exatamente nos países ricos, onde há anos o aborto se tornou uma prática protegida por lei. Se a lei permite a eliminação da vida antes do nascimento, por que não permiti­la também, pelas mesmas razões, depois do nascimento?
Joseph Fletcher, que é um pastor liberal, escreveu:
É ridículo aprovarmos eticamente a eliminação da vida subumana no útero que permitimos nos abortos terapêuticos por motivos de misericórdia e compaixão, mas não aprovarmos a eliminação da vida subumana das pessoas que estão morrendo. Se temos a obrigação moral de eliminar uma gravidez quando o exame pré­natal revela um feto muito deficiente, então temos também a obrigação moral de eliminar o sofrimento de um paciente quando um exame cerebral revela que o paciente tem câncer avançado.
2
Num artigo no jornal Atlantic Monthly, o Dr. Fletcher
chegou a defender o direito de os pais escolherem a
eutanásia para um filho que nasce com a síndrome de
Down.
Contudo, todo esse assunto envolvendo a eliminação de doentes e idosos é relativamente estranho nos países menos 3
2
Dr. C. Everett Koop & Dr. Francis A. Schaeffer, Whatever Happened to the Human
Race? (Crossway Books: Westchester-EUA, 1983), p. 60.
3 Eileen Doyle, A Pro-Life Primer on Euthanasia (American Life League: Stafford, EUA, 1996).
4
avançados. Ainda que tenham graves problemas em seu sistema de saúde e ocorram muitas mortes por negligência e falta de recursos, esses países não estão preparados para aceitar a eutanásia. O Brasil, por exemplo, é bem menos aberto à idéia de apressar a morte dos idosos do que a Europa e os EUA porque não temos uma sociedade que valoriza o aborto legal, embora instituições americanas estejam financiando grupos brasileiros que promovem sua legalização. A realidade é que, onde não há leis permitindo matar bebês na barriga de suas mães, dificilmente haverá apoio para a idéia de apressar a morte de pessoas deficientes, doentes crônicas ou idosas. Além disso, de modo geral, países como o Brasil sempre tiveram dificuldade de aceitar leis ou costumes sociais a favor da eutanásia. Ao que tudo indica, só a elite brasileira é que procura se igualar aos liberais radicais americanos e europeus em questões importantes como aborto, diretos homossexuais, eutanásia e liberação sexual das crianças.
Este livro irá ajudar você a entender o que está ocorrendo principalmente na Europa, pois tudo o que afeta um país, pode também afetar outros. E o mais importante é que aqueles que aprendem com os erros do passado ou com os erros dos outros poderão evitá­los.
5
ENTENDENDO A QUESTÃO
Se um repórter parasse dez pessoas na rua e perguntasse o que é eutanásia, provavelmente ele receberia dez respostas diferentes. As respostas poderiam incluir “boa morte” ou até mesmo algum tipo de comida chinesa!
Há muitas pessoas que não têm idéia alguma do que significa eutanásia, embora seja umas das questões mais polêmicas da nossa época. E para confundir o público, os defensores da eutanásia estão conseguindo de modo bem inteligente atrair o apoio dos meios de comunicação. Para os noticiários de TV, jornais e revistas, eutanásia nada mais é do que oferecer compaixão a quem está sofrendo.
No entanto, por trás dessa compaixão está a realidade: a eutanásia, na prática, significa uma ação ou falta de ação com o objetivo de acabar com o sofrimento e com a pessoa que está sofrendo.
É importante que se compreenda que o objetivo dessa nova tendência não é só eliminar o sofrimento físico e psicológico de um doente. O pretexto que está sendo cada vez mais usado para justificar essa tendência é a necessidade de eliminar a carga emocional e financeira que os membros da família e a sociedade em geral sofrem por causa de um doente.
Eutanásia não quer dizer deixar o doente renunciar a tratamentos médicos dolorosos ou aos atuais meios tecnológicos da medicina para atacar as doenças. Apesar disso, os que defendem a eutanásia quase sempre fazem referências a essas situações. Quando eles dizem que tudo o que querem é que os idosos, os deficientes e os doentes crônicos tenham a liberdade e o direito de escolherem o que quiserem, eles estão apenas tentando fazer com que o suicídio seja visto como uma opção natural para escapar dos problemas. 6
A História de Michael
Michael Martin tem 41 anos, é casado e pai de família. Ele sorri de gratidão quando seus parentes entram no seu quarto. Ele ri das piadas e reage às pessoas que estão a sua volta. Em 15 de janeiro de 1987, Michael sofreu danos cerebrais num acidente de carro. Mary, a esposa de Michael, quer que a sonda de alimentação seja removida para livrá­lo dessa situação. Por isso, ela levou o problema para os tribunais. O caso merece atenção porque ela está solicitando judicialmente a morte de um marido mentalmente incompetente, mas que tem consciência e não é doente terminal.
Mary Martin afirma que ela apenas quer honrar o que ela diz ser o desejo de seu marido antes do acidente: poder morrer com dignidade. Antes de recorrer aos tribunais para ganhar o direito de “deixar” seu marido morrer, ela consultou a Sociedade Hemlock, um grupo que promove a eutanásia. Os tribunais têm de decidir se ele tem ou não o direito de receber alimento e água para continuar vivendo. No entanto, a mãe e a irmã de Michael estão fazendo tudo para salvá­lo.
O irmão e a irmã de Mary, George e Sue, se uniram à mãe e à irmã de Michael para salvá­lo. Eles disseram que a decisão de “deixar” Michael morrer é o mesmo tipo de decisão que Salomão teve de tomar em 1 Reis 3:16­28. Salomão conseguiu descobrir quem era a mãe verdadeira da criança porque ela demonstrou tanto amor pela criança que ela preferiu dá­la em vez de vê­la morrer. Eles disseram: “Recorrer a tratamentos que só adiam ou prolongam a vida de alguém que já está morrendo seria além do necessário. Não seria ético prolongar a morte de Michael. Mas o que estão querendo é remover a sonda de alimentação dele, e isso causará sua morte”.
7
Michael não tem problema de depressão, frustração nem ira. Ele sempre demonstra um espírito de cooperação e jamais tentou arrancar sua sonda. Entretanto, Mary quer que ele “morra com dignidade”. “Contudo”, perguntam George e Sue, “haveria alguma dignidade no fato de Michael morrer de fome e sede, sozinho no seu quarto, sentindo falta de cuidados e consciente de como esse tipo de morte é horrível? O valor da vida de Michael é absoluto. Sua vida não perde o sentido só porque ele não pode estar em casa ou ser produtivo. Quando a hora chegar, ele merece morrer do jeito certo, cercado de amor e de cuidados.”
4
Figura 1: — E aí? Será que ela está morta mesmo? — Não sei por que é que
temos de ficar esperando. — Será que não podemos fazer algo para apressar
as coisas?
4O
caso de Michael apareceu na edição de verão de 1995 da revista Living, publicada
por Lutherans for Life, EUA.
8
Mas nem sempre uma pessoa no estado físico de Michael tem o apoio dos familiares. Muitas vezes, os parentes não aparecem ou simplesmente não existem. Em tal situação de abandono, muitas pessoas, mesmo sem terem nenhum tipo de doença, prefeririam morrer.
Só mesmo os familiares é que têm condições de lutar por quem está sob a ameaça da eutanásia. Veja o caso de um menino inglês:
Parentes de um menino deficiente estão cumprindo pena
de prisão depois de salvá-lo. Eles impediram os médicos de lhe
dar diamorfina para lhe apressar a morte. Raymond Davies,
Julie Hodgson e Diane Wild, tio e tias do menino David Glass,
foram presos no começo de 2000 por discussão com a equipe
médica em outubro de 1998. David estava com infecção no
peito, entrou em coma e começou a ficar sem respiração. Os
parentes ajudaram a manter a respiração dele e sua mãe,
Carol Glass, removeu a diamorfina. Os médicos reconheceram
que a remoção da diamorfina salvou a vida do menino.
Contudo, a família foi informada de que tudo o que foi feito era
somente para ajudá-lo a morrer sem sofrer… Carol Glass agora
sente profundo ressentimento das instituições legais e médicas
que, em vez de ajudarem os mais fracos, tentaram acabar com
a vida de seu filho e depois castigaram cruelmente sua família.
5
O que mais vem depois…
A ameaça da eutanásia pode parecer estar longe agora, principalmente para nós que vivemos no Brasil, pois os casos noticiados até o momento envolvem apenas doentes estrangeiros em circunstâncias raras. Mas esses exemplos isolados são de importância crucial, pois os grupos pró­
eutanásia os usarão para estabelecer maior abertura para novos princípios sociais.
Os grupos pró­aborto, velhos aliados da causa da eutanásia, sempre agiram dessa maneira. Em seus 5
John Smeaton, Prison After Saving Their Boy’s Life, artigo publicado no jornal britânico
Pro-Life Times, setembro de 2000.
9
argumentos a favor da legalização do aborto, eles usam os casos raros e excepcionais para ganhar a simpatia do público e dos legisladores. Foi assim que eles conseguiram tornar o aborto legal nos EUA e na Europa: se concentrando na questão das mulheres que engravidam como conseqüência de estupro ou incesto. Hoje mais de 1 milhão de crianças são abortadas anualmente só nos EUA, e a maioria absoluta desses abortos não tem nada a ver com estupro, com incesto ou com defeitos congênitos, etc. Tem a ver simplesmente com os desejos da mãe.
De modo semelhante, o movimento pró­eutanásia não está tentando persuadir a população a apoiar a morte de todos os mais idosos e dos doentes que dependem da medicina para sobreviver. Se eles ousassem começar suas atividades desse jeito, ninguém lhes daria atenção. O ponto inicial de suas estratégias é sempre usar os casos raros para criar um clima de aceitação para suas idéias.
Evangélicos pró-eutanásia
O movimento pró­eutanásia quer convencer as pessoas de que chega um momento em que o doente precisa dos médicos para ajudá­lo a morrer. É assim que muitos estão sendo enganados e levados a aceitar essa prática como um tratamento médico.
Na Suíça, o Pr. Rolf Sigg confessa que matou mais de 300 pessoas que, assim ele alega, estavam sofrendo de maneira insuportável. O Pr. Sigg fundou a organização Saída, em 1982, cuja missão é “preparar” os doentes terminais para seu fim e lhes dar uma dosagem fatal de drogas. Nos EUA, alguns pastores e livros evangélicos apóiam a posição de que o suicídio pode ser uma forma aceitável e compassiva de “ajudar” alguém a morrer depressa. Até mesmo algumas denominações protestantes 6
6Dr.
Paul Marx, Special Report (HLI: Front Royal-EUA, junho de 1999), p. 6.
10
estão se abrindo cada vez mais para esse tipo de raciocínio. Veja o seguinte caso publicado num livro protestante americano:
7
Alfred era um índio americano, nascido e criado numa reserva
tribal. Quando se tornou adulto, ele foi viver numa cidade grande
e se tornou um membro ativo de uma igreja na vizinhança onde
morava. Depois de algum tempo, seus amigos começaram a
notar que ele estava freqüentemente doente, até que um dia o
encontraram desmaiado no chão de sua casa. Ao ser internado e
recobrar a consciência, ele estava tão perturbado que tentou
arrancar as sondas do próprio corpo. Sua doença era grave, mas
havia possibilidade médica de tratá-la. Seus amigos disseram
que Alfred havia recentemente falado de seus sonhos com a
morte, e eles estavam apoiando sua decisão de não querer viver
mais. Ele acabou arrancando todos as sondas e, como a equipe
médica não quis intervir, ele morreu.8
Acerca do caso de Alfred, o Pr. Bruce Hilton expressou a seguinte queixa:
É triste que nenhum dos amigos de Alfred parecia estar em
posição de ajudá-lo a achar curandeiros indígenas. É triste
também que o hospital não conseguiu arranjar um jeito de trazer
um curandeiro ou feiticeiro que Alfred pudesse aceitar…9
Todos os fatos indicam que o homem era solitário e espiritualmente necessitado. Evidentemente, sua igreja cristã (qualquer que fosse) não preencheu sua necessidade mais profunda de conhecer Jesus. Pelo contrário, ele parecia ainda estar aberto às práticas de feitiçaria indígena de seu passado. O Pr. Hilton achava que a presença de um curandeiro ou feiticeiro poderia tranqüilizar o índio, tirar da cabeça 7Sally
B. Geis & Donald E. Messer, How Shall We Die? Helping Christians Debate
Assisted Suicide (Abingdon Press: Nashville-EUA, 1997), p. 25.
8Sally B. Geis & Donald E. Messer, How Shall We Die? Helping Christians Debate
Assisted Suicide (Abingdon Press: Nashville-EUA, 1997), pp. 53,54.
9Sally B. Geis & Donald E. Messer, How Shall We Die? Helping Christians Debate
Assisted Suicide (Abingdon Press: Nashville-EUA, 1997), p. 62.
11
dele a disposição de se matar e até dar­lhe esperança de cura. O estranho é que, sendo evangélico, ele apoiasse tal idéia, mesmo sabendo pela Bíblia que Jesus é o incomparável Médico. Jesus nunca ajudou ninguém a cometer suicídio. Ele não só curava os doentes mais graves, mas também até ressuscitava os mortos!
A Bíblia diz que Jesus não mudou nada (cf. Hebreus 13.8). Sem dúvida alguma, ele deseja, através de seus servos, visitar os doentes e os aflitos. Se algum cristão fiel tivesse tido a oportunidade de visitar e orar por aquele índio, haveria um final diferente. Haveria bênção, não maldição. (Cf. Tiago 5.14­16)
O fato mais importante por trás do suicídio de Alfred não foi sua doença em si, mas sua falta de esperança. Ele estava deprimido, e a depressão pode levar qualquer pessoa, doente ou saudável, ao suicídio. Além disso, a abertura de Alfred ao ocultismo indígena demonstra que provavelmente ele estava sendo oprimido por demônios de doença, depressão e morte
A tragédia maior é que os cristãos liberais ao seu redor não puderam oferecer nenhuma esperança para ele. A característica mais fascinante entre os liberais, evangélicos ou católicos, é que eles estão dispostos a aceitar as tendências “culturais” sem questionar (tais como a eutanásia, o aborto, o homossexualismo, a bruxaria, etc.), e ao mesmo tempo questionam o poder de Jesus de curar sobrenaturalmente hoje e os dons de cura e milagres que ele deu à sua igreja.
O colunista social Cal Thomas escreveu: “É de grande importância cultural quando a Igreja Cristã perde seu poder moral e se torna prisioneira — em vez de líder e libertadora — das tendências culturais”. Os cristãos são chamados para liderar as tendências culturais positivas e libertar a sociedade das influências negativas. Quando não 10
10Citado
in: Living (Lutherans for Life: Benton-EUA, inverno de 1995), p. 15.
12
conseguem preencher essa função, eles acabam sendo arrastados pelas tendências negativas.
13
O QUE É EUTANÁSIA?
A palavra grega “eutanásia” literalmente significa “morte bonita” ou “morte feliz”. E quem é que poderia ser contra o desejo de morrer bem e feliz?
O Dr. J. C. Willke, em seu livro Assisted Suicide & Euthanasia, diz: “As palavras são importantes. É comum, quando abordam esse assunto, as pessoas procurarem o significado da palavra eutanásia e saber que sua tradução é ‘boa morte’. Mas precisamos ignorar e rejeitar essa tradução, pois não tem nada a ver com o que está acontecendo em nossos dias. A eutanásia hoje ocorre quando o médico mata o paciente”.
No uso moderno, eutanásia quer dizer causar diretamente uma morte sem dor a fim de acabar com o sofrimento de vitimas de doenças incuráveis ou desgastantes. Em outras palavras, é matar sob a alegação de um sentimento de compaixão. A eutanásia, como o aborto legal, é um método em que matar representa uma solução.
11
O que não é eutanásia
Permitir que uma pessoa morra quando o curso da doença é irreversível e a morte é obviamente iminente por questão de horas ou dias não é eutanásia. Os pacientes têm a liberdade de recusar tratamentos médicos que não lhes trarão cura nem alívio para o sofrimento. Quando o doente não está em condições de falar por si mesmo, a família tem o direito de recusar tratamentos caros que não terão nenhum benefício para impedir o andamento da doença.
Quando um paciente está realmente morrendo, os médicos podem e devem usar o bom senso para avaliar a 11J.
C. Willke, Assisted Suicide & Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA,
1998), p. 1.
14
situação. Se os tratamentos não estão trazendo nenhuma cura e só estão ajudando a adiar a morte inevitável, os médicos podem descontinuar os tratamentos para permitir que o doente tenha uma morte natural. Nenhuma dessas ações é eutanásia. Mas eles têm a responsabilidade de dar conforto para o paciente e permitir que ele tenha uma morte pacifica.
O que é eutanásia
Eutanásia é a ação deliberada de causar ou apressar a morte do doente. Essa ação pode ocorrer das seguintes maneiras:
• Decisão médica de administrar uma injeção letal no doente, com ou sem consentimento. • Decisão médica de não dar a assistência médica básica ou o tratamento médico padrão. Por exemplo, não dar a uma criança deficiente a mesma assistência que é dada a uma criança normal.
• Decisão médica de dar ao doente uma droga ou outro meio que o ajude a cometer suicídio. Nessa situação específica, quem realiza o ato letal não é o médico, mas o próprio paciente. O médico apenas fornece os meios.
Há uma diferença
O ponto mais difícil nos debates sobre a eutanásia é que a grande maioria das pessoas não sabe a diferença entre assistência e tratamento. Como muitas vezes não se entende até onde a medicina deve intervir ou não na vida de um doente, é importante compreender a diferença entre assistência e tratamento.
15
O que é assistência?
A assistência supre as necessidades básicas de todas as pessoas, doentes ou saudáveis: nutrição, hidratação (água), calor humano, abrigo e apoio emocional e espiritual. O alimento e a água são necessidades básicas de todos os seres humanos, não tratamento, e sua retirada provoca ou apressa a morte. Isso é inaceitável na ética médica, já que a medicina tem a missão clara de destruir a doença, não o doente. O alvo é sempre dar assistência para o doente, nunca matá­lo. Enquanto o paciente está em condições de receber nutrição, essa necessidade tem de ser plenamente suprida. A retirada da nutrição só é possível quando o doente está perto da morte e seu corpo não consegue mais metabolizar o alimento. Nessas circunstâncias, a alimentação pode ser inútil e sobrecarregar excessivamente o organismo do doente. Em todos os outros casos, a assistência jamais deve ser negada.
Há pacientes que não têm condições de receber
alimento pela boca normalmente. Dar comida e água para
eles através de uma sonda de alimentação é considerado
assistência normal. A ética médica tradicional estipula
que as sondas de alimentação sejam usadas quando há
necessidade, a não ser que o paciente esteja prestes a
morrer ou não esteja em condições de metabolizar o
alimento devido à sua doença (como câncer metastático
pervarsivo) ou haja uma patologia (por exemplo,
aderências no estômago) que torne impossível ou
perigoso introduzir uma sonda. Sondas de alimentação
são simples e eficientes para fornecer alimentação e
água, e não incomodam, não causam dor nem custam
caro. Remover a sonda ou não aceitá-la para dar
alimentação e água quando é necessário com certeza
provocará a morte do paciente. Nesse caso, ele morrerá
não de sua doença, mas de desidratação e fome. É uma
morte extremamente desumana.
12
12
Eileen Doyle, A Pro-Life Primer on Euthanasia (American Life League: Stafford, EUA, 1996).
16
É muito difícil cuidar de alguém que está morrendo de
desidratação e fome. A pessoa tem convulsões, a pele e
as mucosas secam, causando feridas que apodrecem e
sangram. O aparelho respiratório seca, causando grossas
secreções que tapam os pulmões e provocam uma
respiração angustiosa. Todos os órgãos acabam ficando
fracos e a morte vem então, depois de um agonizante
período de 5 a 21 dias.
A escritora Eileen Doyle disse:
13
Matar-se de fome é a mesma coisa que colocar uma arma
na própria cabeça. A causa da morte é a intenção de acabar
com a própria vida. Qualquer argumento que permita a
remoção das sondas de alimentação poderia ser também
aplicado para a recusa de alimento e água para pessoas em
condições de ingeri-las.
14
13
14
Eileen Doyle, A Pro-Life Primer on Euthanasia (American Life League: Stafford, EUA, 1996).
Eileen Doyle, A Pro-Life Primer on Euthanasia (American Life League: Stafford, EUA, 1996).
17
Figura 2: A História do Bom Samaritano, Versão Moderna
— Deus do céu! — Qual é o problema dela, doutor? — Muitas
coisas! — De que ela precisa para permanecer viva? — No
mínimo, ela precisa desse alimento e água! — Agora ela pode ir
em paz!
Por que tantos doentes são alimentados por sonda e
não pela boca? A alimentação por sonda diminui o tempo
necessário para as enfermeiras alimentarem o paciente
pela boca, economizando tempo e reduzindo os custos.
O que é tratamento?
O alvo do tratamento médico é curar ou controlar os problemas crônicos ou agudos de saúde. Na maior parte das situações os médicos usam o tratamento padrão, e em situações mais sérias eles têm de aplicar tratamentos mais fortes. O tratamento padrão envolve o uso de medicamentos e cirurgias para aliviar os problemas de saúde ou outros problemas provocados por acidentes ou doenças. Quando o 18
tratamento se torna medicamente inútil ou quase não traz benefício, o caso deve ser avaliado levando­se em consideração os melhores interesses do paciente. Nos casos terminais, o tratamento mais útil é trazer conforto ou aliviar as dores do paciente.
É uma opção saudável, no caso de alguém que já está
morrendo, a remoção de tratamentos muito fortes que só
causam dor e prolongam desnecessariamente um tempo
bem curto de vida. Morte natural significa permitir que o
paciente morra em conforto e paz. Observe que se os
mesmos tratamentos fossem removidos de uma pessoa
que tem grande chance de viver por mais tempo, tal ação
seria eutanásia. Exemplos desse tipo são os milhares de
recém-nascidos que morrem anualmente nos EUA porque
os médicos não permitem que eles recebam alimento e
água. Se não fosse por esse ato médico, esses bebês
poderiam viver anos.
15
Quem deve decidir?
Quando um doente está impossibilitado de falar por si mesmo, a família tem a responsabilidade de tomar as decisões no lugar dele. A questão mais importante não é avaliar o que é melhor para nós ou se valerá a pena deixá­lo viver de uma maneira considerada improdutiva pelos padrões de um mundo que não teme nem obedece a Deus. Precisamos decidir o que é melhor para a pessoa que está doente.
Nessa situação, o cristão tem a responsabilidade de buscar a vontade e a presença de Deus em tudo o que faz, pois a decisão de dar ou não a vida pertence somente a ele (cf. Deuteronômio 32.39). Portanto, a base de qualquer decisão é se determinado tratamento trará benefício ou sobrecarregará a vida de um paciente, não se a vida de um paciente é inútil ou difícil de suportar.
15
Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. Pro-Life Library CD-Rom. 
2000 Human Life International.
19
Como muitas outras pessoas que estudam muito para aprender, Christine Skiffington está se esforçando e avançando muito em seu estudo da língua francesa. Não há nada de raro nisso, exceto que seis anos antes ela estava em coma, depois de sofrer hemorragia cerebral. Ela não mostrou absolutamente nenhum sinal de consciência e não conseguia se comunicar. Ninguém esperava que ela se recuperasse e os médicos queriam remover o alimento e os líquidos dela, a fim de lhe apressar a morte, mas seu marido não deu consentimento. Os médicos ainda não conseguem explicar como Christine, que tem 61 anos, saiu do coma. Ela teve uma recuperação total e já está tirando carteira de motorista. Esse caso mostra que as pessoas que trabalham na medicina não são infalíveis e que há sempre a possibilidade de uma recuperação. Mas a questão mais importante não é essa. O ponto chave é que ninguém deve ajudar a empurrar outro ser humano para a morte. Como ser humano, Christine Skiffington tinha o direito à vida — mesmo que ela não se recuperasse totalmente.
16
O APERTO DA MÃO DA ESPOSA
Lorraine Lane tinha 42 anos quando desmaiou ao ir para casa depois do trabalho. Os médicos diagnosticaram que um derrame a tinha deixado com danos cerebrais graves. O marido Neil queria honrar o pacto de “direito de morrer” que o casal tinha feito antes do derrame. Depois de um ano, ele ficou tão desesperado para livrar a esposa do “inferno em vida” que ele lutou para ganhar uma ordem judicial que obrigaria os médicos a remover a alimentação e líquidos dela. Mas o Sr. Lane mudou de idéia depois que sua esposa apertou a mão dele quando ele estava na cama ao lado dela. Ele disse: “Eu não poderia viver com o pensamento de que Lorraine estava consciente do que estava acontecendo e consciente de que ela estava sendo praticamente abandonada para morrer de fome”. (Daily Mail [Inglaterra], 18 de julho de 2000)
16
Pro-Life Times, novembro de 2000, pp. 1,2.
20
A questão da dor
Se não fosse pela existência da dor, provavelmente não haveria nenhum movimento pró­eutanásia no mundo. Na Holanda, o espectro de sofrer dores agonizantes e a solução misericordiosa da eutanásia são os grandes responsáveis pela aceitação da morte deliberada de pacientes em hospitais. Quando pensam em eutanásia, muitas pessoas pensam em fuga do sofrimento.
O Dr. Jack Willke diz:
A questão central é que é possível controlar a dor. É possível
aliviar as dores dos pacientes em todos os casos, com a exceção
de uma fração muito pequena de situações. A chave de tudo é o
médico. Se ele não sabe controlar a dor e não pode, ou não quer,
tomar o tempo para aprender, então a “solução simples” do
médico é matar o paciente quando ele não puder matar a dor.17
Vivemos numa época em que a medicina se desenvolveu a tal ponto que já é possível aliviar o sofrimento de pessoas que estão sofrendo as dores mais intensas. Anestesistas e outros especialistas afirmam que a medicina hoje pode dar adequado alívio paliativo em 99% dos casos. Mas muitos pacientes são impedidos de obter o alívio de suas dores porque alguns médicos acham que eles ficarão viciados aos medicamentos analgésicos e porque também muitos profissionais médicos não receberam um treinamento adequado na área de controle de dores e sintomas.
Kathleen Foley é responsável pela área de alívio às dores no Centro de Câncer Memorial Sloan­Kettering em Nova Iorque. Ela declarou:
18
Vemos freqüentemente pacientes encaminhados para nossa
Clínica que, por causa de dores incontroláveis, pedem que os
médicos os ajudem a se matar. Mas é comum vermos tais idéias
e pedidos desaparecerem quando eles recebem um tratamento
17J.
C. Willke, Assisted Suicide & Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA,
1998), p. 90.
18Teresa R. Wagner, To Care or To Kill (Family Reserch Council: Washington, D.C.,
1999), p. 5.
21
que lhes traz alívio de suas dores e outros sintomas, usando uma
combinação de métodos farmacológicos, neurocirúrgicos,
anestésicos e psicológicos. 19
Um escritor fala
Se a medicina hoje tem tantos recursos disponíveis para aliviar o sofrimento físico dos doentes sem matá­los, então por que os médicos não os usam? O escritor Wesley Smith
recentemente escreveu um livro chamado Cultura da
Morte, onde ele mostra o que está acontecendo com a
medicina nos Estados Unidos. Em entrevista ao noticiário
eletrônico WorldNetDaily, ele explica que a maioria das
pessoas não sabe que um pequeno mas influente grupo
de filósofos e autoridades da área de saúde está
trabalhando intensamente para transformar as leis e o
sistema de saúde. Ele afirma que, sob a incitação de
especialistas em bioética, a indústria da saúde está
abandonando sua prática tradicional de não fazer mal aos
pacientes e está agora adotando um sistema
completamente utilitário que legitimaria a discriminação
contra — e em alguns casos até o assassinato de — as
pessoas mais fracas e mais indefesas da sociedade. A
seguir os melhores trechos da entrevista:
Pergunta: Como é que a classe médica está mudando?
Resposta: O que está acontecendo é que há um movimento
ideológico chamado o “movimento de bioética”, que está nos
afastando da medicina cujo juramento profissional é “não fazer
mal” (e a maioria das pessoas querem que seus médicos sigam
essa medicina) e está nos levando para uma medicina baseada
na tão chamada “qualidade de vida”.
P: Uma das coisas assustadoras que você menciona em seu
livro é toda essa conversa sobre “direito de morrer”… não
queremos ficar presos a máquinas de suporte de vida; temos o
direito de morrer. Mas você escreve que a tendência mais
19Teresa
R. Wagner, To Care or To Kill (Family Reserch Council: Washington, D.C.,
1999), p. 10.
22
recente não é só o “direito” de morrer, mas um “dever de
morrer”.
R: Sim. O movimento de bioética está nos levando em direção
ao dever de morrer. O motivo por que logo de início já falo
sobre filosofia é porque é a filosofia que fortalece as próprias
políticas e planos que descreverei daqui a pouco. Você e eu
pensaríamos, assim creio eu, que o fato de nós sermos seres
humanos é algo exclusivo e especial no mundo. Mas de acordo
com a ideologia da bioética, a coisa não é bem assim, pois
somos mera vida biológica. Não há nada especial no fato de
sermos seres humanos. Portanto, os especialistas em bioética
— não todos, mas os que mais chamam a atenção no
movimento — decidiram que temos de distinguir o que é que
torna a vida humana — ou qualquer outro tipo de vida —
especial. E eles chegaram a uma conclusão, que é realmente
prejudicial e discriminatória.
A questão deles não é se o fato de você ser humano é
importante, mas se você é uma “pessoa”. Assim, para eles há
alguns humanos que são pessoas, e todas as pessoas têm o
que você e eu chamamos de direitos humanos. Mas as nãopessoas humanas não têm direitos humanos.
P: E quem é que está decidindo classificar certas pessoas
assim?
R: Os especialistas em bioética estão criando essas decisões, e
estão ensinando isso nas universidades mais importantes.
P: Quem lhes deu o direito de decidir o que é certo e errado?
R: É uma boa pergunta. Quem foi que decidiu que os filósofos
— pois é principalmente isso que eles são — devem decidir
nossa ética médica e nossas políticas de saúde pública? Mas se
der uma olhada na comissão presidencial de bioética, adivinhe
quem é que está ocupando essas posições? Dê uma olhada na
maioria das posições de bioética nas universidades. Ali estão
pessoas como Peter Singer, da Universidade de Princeton.
P: Esse cara é louco.
R: Peter Singer exemplifica o movimento sobre o qual estou
falando… Ele é um australiano, o que chamam de “filósofo
moral”. Mas no caso dele, esse termo é contraditório. Ele é
conhecido principalmente por duas coisas. Primeira, ele é o
criador do moderno movimento dos direitos dos animais. Na
década de 70 ele escreveu um livro chamado “A Liberação dos
Animais”, e o livro oferece a suposição de que os seres
humanos e os animais têm igual e inerente valor moral.
23
Portanto, não se pode usar animais em pesquisa de animais e
coisas desse tipo… Ele também não gosta que as pessoas os
comam. Segunda, ele é o mais famoso defensor mundial da
legalização do assassinato de recém-nascidos.
Ora, não estou falando sobre aborto. Singer e seu guia
espiritual, Joseph Fletcher, poderiam chamar aborto. Aliás, eles
chamam “aborto pós-nascimento”.
P: Se os pais deles praticassem o que eles agora ensinam…
R: No passado Peter Singer disse que os pais deveriam ter 28
dias para decidir ficar com seus filhos recém-nascidos ou matálos. Agora ele expandiu esse prazo para um ano. Essa atitude é
baseada em sua idéia de que a criança recém-nascida não é
uma pessoa. Conforme crê Peter Singer, o recém-nascido não é
um ser consciente… Outros especialistas em bioética discutem
o assunto de modo diferente. Alguns acreditam que… uma
pessoa é um ser que pode fazer decisões morais e dar
prestações de contas moralmente, por exemplo, num crime.
Mas a conclusão a que isso leva é à atitude de decidir quais
seres humanos são melhores do que os outros.
P: Estou completamente aturdido com o fato de que as
pessoas poderiam chegar a desperdiçar um minuto escutando
esse imbecil do Singer.
R: Ele tem menos tato do que outros. Mas ele não pertence a
uma minoria isolada. Ele exemplifica o movimento. Ele é o
presidente da Associação Bioética Mundial. Talvez esse não
seja o nome exato da organização, mas ele está na segunda
universidade mais prestigiosa nos EUA e uma das mais
conceituadas no mundo. Ele é um dos mais respeitados
especialistas em bioética em posição de autoridade…
P: Devíamos simplesmente não dar nenhuma atenção aos
esquerdistas radicais como Singer. Por que não fazemos isso?
Que tipo de impacto esses especialistas em bioética podem ter
em mim e em você?
R: Eles são os indivíduos que estão criando leis. Se você for a
um tribunal para resolver uma questão de bioética, adivinhe
que é que dá testemunho no tribunal? Os especialistas em
bioética! Quando o ex-presidente Clinton estava decidindo o
que fazer acerca da pesquisa de células-troncos [retiradas de
bebês], adivinhe que é que fez essas decisões com base nas
recomendações dos especialistas de bioética? A pessoa que
preside a comissão de bioética do presidente é o presidente da
24
Universidade de Princeton, responsável pela presença de Peter
Singer na universidade.
P: Então eles são uma panelinha.
R: É uma panelinha de elite. Eles estão nas universidades mais
importantes: Harvard, Yale, Georgetown. A Universidade de
Georgetown publica a Revista de Ética do Instituto Kennedy,
que é uma das principais revistas para os especialistas em
bioética no mundo inteiro.
P: Então esses caras ensinam os estudantes de hoje que estão
se preparando para ser os médicos de amanhã?
R: Sim. Todos os médicos que se formam passam por um
treinamento de bioética. E o motivo por que escrevi o livro
“Cultura da Morte” é que a maioria das pessoas não concorda
com a bioética. A [atual] ética médica e os valores de saúde
pública não refletem… nossa convicção de que toda vida
humana é sagrada e tem os mesmos direitos. Como disse
Thomas Jefferson: “Afirmamos que essas verdades são
evidentes para todos, que todas as pessoas são criadas
iguais”. Os especialistas em bioética rejeitam essa idéia porque
de acordo com a bioética a pessoa tem de provar merecer o
direito de ser considerada uma “pessoa”. Se não acredita em
mim, permita-me lhe ler algo de um especialista em bioética
chamado John Harris. O artigo dele saiu publicado na Revista
de Ética do Instituto Kennedy. É sobre isso basicamente que
estamos falando. Então gostaria de levar você para as
conseqüências, para onde esse tipo de pensamento conduz. O
que quero dizer é que as pessoas entre nós que são mais
vulneráveis, as mais fracas — são literalmente empurradas
para a morte. Veja aqui o que Harris diz sobre o direito de ser
uma pessoa: “Muitos, ainda que não todos, dos problemas da
ética de assistência de saúde pressupõem que temos uma
opinião sobre os tipos de seres que têm algo que poderíamos
considerar como de valor moral máximo”. Ora, você e eu
diríamos que todos os seres humanos têm valor, certo?… Veja
o que mais ele diz: “Ou se isso parece apocalíptico demais,
então com certeza precisamos identificar os tipos de indivíduos
que têm o valor moral mais elevado”. Mas os especialistas em
bioética estão dizendo isso, e as pessoas parecem pensar que
tudo o que eles dizem está certo só porque eles são das
universidades mais conhecidas… Dê uma olhada no modo
como o jornal The New York Times e outros membros dos
principais meios de comunicação fazem reportagem sobre
25
Peter Singer. Eles fizeram pouco caso de suas declarações de
que precisamos ganhar o direito de matar bebês e as tacharam
como fora de contexto. Eles o exaltam como um homem com
idéias novas e grandes.
P: Parece que há um grupo de acadêmicos arrogantes e
pretensiosos que está agora ditando o modo como a medicina
será praticada.
R: É porque esse país está sofrendo de uma horrível doença
chamada “especialitis”. Achamos que as únicas pessoas que
sabem tudo são os “especialistas”, e as pessoas de certo modo
pararam de acreditar que seus próprios valores podem ser
importantes e podem desempenhar uma parte nessas
questões. Quando dizem que alguns de nós não são pessoas,
então o que podemos fazer com as pessoas que não são
consideradas “pessoas”? Será que poderemos tirar proveito
delas como se fossem recursos naturais?
P: Isso é o que esses palhaços diriam. Aliás, basicamente eles
vêem as não-pessoas como campo para o cultivo de órgãos e
partes do corpo que podem e devem ser colhidos para serem
usados sempre que as pessoas de maior valor moral precisem
desses órgãos.
R: E aí está o ponto mais importante. Tom Beechum — um
importante bioético que escreveu um dos principais livros
escolares de bioética “Os Princípios da Ética Biomédica” — diz:
“O fato de que muitos seres humanos não são pessoas ou são
menos do que pessoas plenas… os torna moralmente iguais ou
inferiores a alguns seres não humanos [animais]. Se dá para
defender essa conclusão, precisaremos repensar nossa opinião
tradicional de que esses seres humanos infelizes não podem
ser tratados do mesmo modo que tratamos semelhantes seres
não humanos. Por exemplo, eles poderiam ser usados
como matéria humana para pesquisas e fontes de
órgãos”.
P: Por favor conte-nos o caso, registrado em seu livro, de
Christopher e seu pai.
R: Christopher Campbell era um jovem de 17 anos que sofreu
um acidente de carro. Ele ficou inconsciente por três semanas.
De repente ele começou a ter uma febre alta e horrível, e seu
pai John diz ao médico: “Trate a febre do meu filho. Ele está
com 40 graus de temperatura, e está subindo para 41”. O
médico respondeu ao pai: “De que vai adiantar? Seu filho não
está consciente. Sua vida já terminou”. E quando o pai
26
continuou a insistir, o médico chegou ao ponto de rir na cara
dele.
P: Como você ficou sabendo desse caso?
R: Esse pai desesperado me ligou porque eu havia escrito um
livro anterior, Forced Exit (Morte Forçada), sobre a eutanásia.
Ele me sondou e disse: “Ei, o que posso fazer?” Então lhe dei
algumas dicas, e adivinhe o que aconteceu? Ele conseguiu
tratamento para seu filho… ele saiu do coma, está aprendendo
a andar e é hoje um conselheiro para adolescentes em
situação de risco.
P: E pode-se definir esses adolescentes em risco como
qualquer infeliz que teve de ser tratado pelo homem que era o
médico de Campbell.
R: Agora esse jovem está levando uma vida bem produtiva, e
está trabalhando muito para se recuperar fisicamente, pois ele
teve ferimentos bem graves na cabeça. Mas esse jovem estaria
morto hoje porque o médico não se importava o bastante com
sua vida para reduzir uma febre.
P: Lamentavelmente, o caso dele não é incomum. Diga-nos da
senhora de 90 anos cujo médico não queria lhe dar
antibióticos.
R: Uma mulher me telefonou para dizer: “Minha mãe tem 92
anos. Ela está com uma infecção terrível, e o médico não quer
lhe dar antibióticos”. Então fiz a pergunta óbvia: “Por que?” Ela
respondeu: “O médico me disse: ‘De todo jeito sua mãe vai
morrer de infecção. Bem que poderia ser essa.’”
P: Conte-nos o caso do bebê Ryan do Estado de Washington.
R: O bebê Ryan nasceu prematuramente com problema nos
rins. Ele precisava de diálise de rins. O pai era um imigrante
vietnamita e, como não é de surpreender, ele não era visto
como uma pessoa de influência. Como sabemos, não se faz
essas coisas para um presidente. Inicialmente, se faz esse tipo
de coisa para gente que não pode revidar. Mas esse pai
revidou. Os médicos lhe disseram: “Chegou a hora de seu bebê
morrer. Muito embora você não queira, estamos removendo
dele a diálise de rins”. O pai conseguiu um advogado e obteve
um mandado judicial.
P: Explique o que aconteceu com o pai.
R: Pelo fato de que o pai obteve o mandado, os médicos o
entregaram às autoridades públicas, afirmando que o pai, não
os médicos, estava prejudicando a criança impedindo-a de
morrer.
27
P: E o que aconteceu?
R: Apareceu um médico diferente que tomou conta do caso.
Ele colocou o bebê num hospital diferente, e ele ficou melhor.
A verdade é que após várias semanas o bebê não mais
precisou de diálise de rins. A criança acabou morrendo aos 4
anos, porém por razões que nada tinham a ver com os rins.
Aliás, ele teve uma infância bem feliz. Se tivessem deixado os
médicos imporem seus valores e moralidade no bebê, ele teria
morrido com a idade de duas semanas.
P: No seu livro há alguns casos horríveis de pacientes que
foram forçados a morrer porque removeram a água deles.
R: Há mesmo. E é uma situação terrível — principalmente se o
paciente está consciente. A desidratação mata em 14 dias,
porém é um problema que dá para resolver facilmente. Antes
era a família que decidia remover a água e o alimento. Mas
agora a história é diferente. Há um caso na Califórnia
envolvendo Robert Wendland. Robert consegue andar de
cadeira de rodas pelos corredores do hospital. Ele consegue
escrever a letra “R”. Ele consegue dizer sim ou não com a
ajuda de botões. Ele sofreu um horrível acidente de carro e é
hoje um deficiente físico cognitivo. Estão agora decidindo
diante da Suprema Corte dos EUA se podem remover a água
dele para ele morrer, o que levará 14 dias. A Corte de Apelos
disse que os médicos têm o direito de remover a água dele…
20
20
Wesley Smith, em entrevista ao noticiário eletrônico WorldNetDaily de 11 de
fevereiro de 2001 (www.wnd.com). O texto foi traduzido e adaptado por mim e alguns
trechos importantes foram destacados em negrito por mim.
28
A HISTÓRIA DA EUTANÁSIA MODERNA
Se o homem perder a vontade de respeitar algum aspecto
da vida, ele perderá a vontade de respeitar a vida por
completo.
Dr. Albert Schweitzer.
21
A maioria das pessoas que apóia a idéia da “eutanásia voluntária” acha que o que se quer fazer é apenas acabar com as dores insuportáveis de alguém que já está morrendo. Aliás, algumas organizações de eutanásia parecem ter sido fundadas com esse objetivo. Mas se desejamos entender o moderno movimento pró­eutanásia, suas origens e conseqüências, precisamos conhecer um pouco de seu nascimento. O movimento pró­eutanásia surgiu na Inglaterra, por volta de 1900, com base nas teorias de Charles Darwin de que os fracos devem morrer e de que só os mais fortes são dignos de viver. Darwin cria que o ser humano é apenas um animal evoluído que veio do macaco. A teoria da evolução foi o fator mais importante por trás das campanhas inglesas que mostravam que, para muitas pessoas, não valia a pena continuar vivendo ou que suas vidas eram apenas uma carga para si mesmas e para os familiares. Muitos ingleses que apoiaram a eutanásia no começo acreditavam que o objetivo era acabar com o sofrimento inútil. Mas logo ficou claro que o objetivo era acabar com as pessoas inúteis.
As raízes do nazismo
Então em 1922 na Alemanha, muito antes de o nazismo começar seu avanço, o jurista Karl Binding e o psiquiatra Alfred Hoche escreveram Legalizando a Destruição da Vida 21
Veja o capítulo 106 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. ProLife Library CD-Rom. 2000 Human Life International.
29
Sem Valor. Esse livro tentava provar que o sustento das pessoas inúteis causava despesas pesadas para o governo e para as famílias e recomendava a eutanásia para os deficientes físicos e mentais.
Nessa época respeitados homens da classe médica, jurídica e psiquiátrica começaram a aceitar a idéia de que a eutanásia era uma opção compassiva de eliminar os que, de acordo com a ética deles, tinham uma vida que não produzia nada. Eles foram influenciados por opiniões que diziam que uma morte apressada seria de grande benefício para pacientes em certas categorias. Os médicos alemães, que eram considerados os mais avançados do mundo, começaram a promover a noção de que o médico deveria ajudar seus pacientes a morrer. A elite da classe médica defendia sterbehilfe, que em alemão significa “ajuda para morrer”, para os doentes incuráveis e isso era considerado wohltat, um ato misericordioso.
22
O começo da eutanásia nazista
Ao mesmo tempo, as leis alemãs passaram a permitir uma prática que decisivamente conduz à eutanásia: o aborto médico. Sob a ditadura nazista, a Alemanha foi o primeiro país europeu a legalizar o aborto. A nível mundial, a Rússia comunista foi o primeiro e a Alemanha o segundo. O Código Penal Alemão de 1933 diz:
O médico pode interromper a gravidez quando ela ameaça a
vida ou a saúde da mãe e ele pode matar um bebê (na barriga
da mãe) que tem probabilidade de apresentar defeitos
hereditários e transmissíveis.23
O primeiro caso de prática da eutanásia na Alemanha foi o de um recém­nascido cego e deformado. O próprio pai pediu que seu filho deficiente fosse morto, pois ele achava 22J.
C. Willke, Assisted Suicide & Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA,
1998), p. 6.
23Dr. & Mrs. J. C. Willke, Abortion: Questions & Answers (Hayes Publishing Company,
Inc.: Cincinnati-EUA, 1990), p. 193.
30
que uma vida com graves deficiências físicas não tinha sentido. A triste condição física do bebê foi amplamente divulgada pela imprensa. E muitos, aproveitando a oportunidade, fizeram campanhas para ganhar o apoio do público para a eutanásia. Em resposta a essas campanhas, Adolf Hitler autorizou um médico a dar uma injeção letal no bebê. Esse caso passou a ser usado, com a colaboração de alguns pediatras, para matar todos os recém­nascidos que tinham algum defeito. Logo os doentes mentais de todas as idades foram colocados na categoria de pessoas com vida inútil, e assim 275 mil pacientes alemães com doenças mentais acabaram sendo cruelmente mortos. Em 1935, o Dr. Arthur Guett, Ministro da Saúde no governo nazista, disse:
Temos de acabar com o conceito enganoso de “amor ao
próximo”, principalmente com relação às pessoas inferiores e
aos que não têm uma vida social normal. É o supremo dever do
governo dar vida e meios de sobreviver somente para os que
são saudáveis…24
Por longo tempo, as execuções foram mantidas em segredo do povo por um sofisticado sistema de acobertamento. Tudo ocorria de forma rotineira e profissional: os especialistas em psiquiatria aprovavam os que deveriam ser sentenciados à morte e o governo cuidava do resto. Basta mencionar que a única coisa que o povo sabia era que os pacientes eram transportados para a Fundação de Caridade para a Assistência Institucional, e não mais voltavam. Na verdade, eles eram levados para câmaras de gás. A primeira câmara desse tipo foi projetada por professores de psiquiatria de 12 importantes universidades alemãs. Os pacientes eram mortos com gás 25
24Citado
em Dr. Paul Marx, And Now… Euthanasia (Human Life International:
Washington, D.C., EUA, 1985), p. 70.
25Dr. & Mrs. J. C. Willke, Abortion: Questions & Answers (Hayes Publishing Company,
Inc.: Cincinnati-EUA, 1990), p. 229.
31
ou injeção letal na presença de especialistas médicos, enfermeiras e psiquiatras.
O programa de eutanásia havia se tornado tão normal que os especialistas não viam mal algum em participar. O Prof. Julius Hallervordern, famoso neuropatologista (tão conhecido que determinada doença do cérebro leva seu nome: a doença de Hallervordern­Spatz) solicitou ao escritório central do programa o envio de cérebros de vítimas de eutanásia para seus estudos microscópicos. Enquanto as vitimas ainda estavam vivas, ele dava instruções sobre como os cérebros deveriam ser removidos, preservados e mandados para ele. Ao todo ele obteve das instituições psiquiátricas de eutanásia mais de 600 cérebros de adultos e crianças.
As autoridades afirmavam manter o programa de eutanásia por puras motivações humanitárias e sociais. Inicialmente só os alemães tinham o “privilégio” de pedir ajuda médica para morrer, porque o governo alemão não queria conceder esse ato de “compaixão” para os judeus, que eram desprezados. É importante observar que os médicos alemães eram convidados, não forçados, a participar desse programa. Os médicos jamais recebiam ordens de matar pacientes psiquiátricos e crianças deficientes. Eles recebiam autoridade para fazer isso, e cumpriam sua tarefa sem protesto, muitas vezes por iniciativa própria. Sua classe e literatura os havia condicionado a ver tudo como normal.
Em setembro de 1939, entrou em vigor a Ordem de Eutanásia de Hitler para toda a sociedade alemã:
26
27
28
26Os
especialistas envolvidos no programa de eutanásia eram tão importantes e
famosos que até hoje seus nomes são mencionados na literatura psiquiátrica, médica e
jurídica internacional. Ver J. C. Willke, Assisted Suicide & Euthanasia (Hayes Publishing
Co.: Cincinnati-EUA, 1998), p. 37.
27J. C. Willke, Assisted Suicide & Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA,
1998), p. 47.
28J. C. Willke, Assisted Suicide & Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA,
1998), pp. 8,9.
32
A autoridade dos médicos é aumentada para incluir a
responsabilidade de aplicar uma morte misericordiosa às
pessoas que não têm cura.29
E em 1940 uma lei foi proposta que dizia:
Qualquer paciente que esteja sofrendo de uma doença incurável
que leve à forte debilitação de si mesmo ou de outros pode,
mediante pedido explícito e com a permissão de um médico
especificamente nomeado, receber ajuda para morrer
(sterbehilfe) de um médico.30
Pouco tempo depois foram considerados inúteis não só os doentes, os “indesejados sociais” e os opositores políticos, mas também pessoas de outras raças e religiões. E assim começou o Holocausto de 6 milhões de judeus, com suas tristes conseqüências até hoje.
Logo que a 2 Guerra Mundial terminou, o programa de eutanásia legal da Alemanha nazista se tornou conhecido no mundo inteiro. Foram reveladas tantas atrocidades que os grupos pró­eutanásia no resto do mundo foram obrigados a parar suas campanhas e atividades. A História se repete…
Contudo, anos depois, quando muitos dos horrores do nazismo foram esquecidos, esses grupos voltaram a trabalhar, com novas estratégias, para defender e legalizar o que eles chamam de “o direito de morrer”. Em 1972, o Dr. Philip Handler, presidente da Academia Nacional de Ciências dos EUA, declarou que já era hora de o governo elaborar uma política nacional para eliminar os recém­
nascidos defeituosos .
Em 1973, os EUA legalizaram o aborto, cuja prática hoje é permitida, por qualquer mãe americana que quiser, até o momento do nascimento da criança. Anualmente, são 31
29Dr.
& Mrs. J. C. Willke, Abortion: Questions & Answers (Hayes Publishing Company,
Inc.: Cincinnati-EUA, 1990), p. 193.
30J. C. Willke, Assisted Suicide & Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA,
1998), p. 10.
31Dr. Paul Marx, And Now… Euthanasia (HLI: Washington DC, 1985), p. 71.
33
realizados mais de 1 milhão de abortos nos hospitais e clínicas americanas. No mesmo ano em que o aborto foi legalizado, um famoso pediatra revelou que 14% das mortes de recém­nascidos no Hospital Yale­New Haven eram causadas deliberadamente.
Em 1977, a maioria dos cirurgiões pediátricos, respondendo a uma pesquisa, disseram que não fariam nada para salvar a vida de uma criança deficiente. E em 1982, num caso noticiado amplamente pela imprensa americana, um hospital de Bloomington permitiu deliberadamente, com a aprovação dos pais, médicos e juizes, que um menino recém­nascido com a síndrome de Down não recebesse alimento nem água.
O bebê, que nasceu em 9 de abril de 1982, tinha dois problemas físicos: a síndrome de Down e um esôfago mal formado que impedia o alimento de chegar até o estômago. Embora não fosse possível corrigir medicamente o primeiro problema, poderia­se resolver facilmente o segundo com uma cirurgia de baixo risco que ligaria o esôfago ao estômago. Mas os pais não deram permissão para o bebê ser operado nem permitiram que ele recebesse alimentação intravenosa. Dezenas de casais se ofereceram para adotar e ajudar a criança, porém os pais rejeitaram essa assistência. No berço do bebê foi colocado um aviso para as enfermeiras: “Não o alimente”. Dois dias depois os ácidos de seu estômago começaram a lhe corroer os pulmões e a criança começou a cuspir sangue. Quando as enfermeiras ameaçaram abandonar o hospital em protesto contra essa situação, o bebê foi transferido. Levou seis dias para ele dar o último suspiro, e ele chorou incontrolavelmente durante seus últimos quatro dias de vida. A pediatra Dr.ª Anne Bannon diz o que aconteceu:
32
O corpinho fino e encolhido do bebê Doe estava deitado
passivamente
nos
lençóis
do
hospital.
Extremamente
32John
Whitehead, Arresting Abortion (Crossway Books: Westchester-EUA, 1985), p. 4.
34
desidratado e com a pele seca e cianótica, ele respirava de
modo fraco e irregular. De sua boca seca demais para fechar
estava escorrendo sangue…33
Na mesma época em que os médicos estavam deixando o bebê Doe morrer de fome, em Maryland um veterinário foi multado em 3.000 dólares por deixar um cachorro morrer de fome. Sua licença foi suspensa por seis dias. Um bebê não deveria merecer mais valor do que um cachorro? Margaret Mead declara:
34
A sociedade está sempre tentando transformar os médicos em assassinos — matando a criança deficiente no nascimento, deixando comprimidos de dormir ao lado da cama do paciente de câncer… É o dever da sociedade proteger os médicos de tais pedidos.
35
A idéia de que há tipos de vida que não são dignas de viver é a grande responsável pela propagação da moderna eutanásia, principalmente o ato de matar de fome e sede pacientes de hospitais. O menino com a síndrome de Down, por exemplo, teve de morrer porque os pais, o pediatra e o juiz achavam que ele precisava preencher as mínimas condições necessárias de qualidade de vida para ter o direito de continuar existindo. No passado, a permissão legal de matar um bebê cego e deformado abriu o caminho para a eutanásia se tornar uma prática comum na Alemanha nazista. Hoje nos EUA e em outros países avançados os cientistas médicos usam em suas experiências bebês que nascem vivos de abortos legais. Esses bebês não são considerados nem tratados 33William
Brennan, Dehumanizing the Vulnerable (Loyola University Press: ChicagoEUA, 1995), p. 36.
34 Senador Jeremiah Denton, em discurso sobre a Resolução 101 do Senado
americano. Congressional Record, 97th Congress, 2nd Session, Volume 128, Nº 66,
maio de 26, 1982, pp. S6143-S6145. Citado no capítulo 110 de: Dr. Brian Clowes, The
Pro-Life Activist’s Encyclopedia. Pro-Life Library CD-Rom.  2000 Human Life
International.
35 Citado no capítulo 112 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia.
Pro-Life Library CD-Rom. 2000 Human Life International.
35
como seres humanos. E agora há os casos de recém­
nascidos deficientes que são deliberadamente assassinados. Tudo como conseqüência direta da legalização do aborto. Essa indiferença para com a vida humana está começando a inclinar os países desenvolvidos a ver com bons olhos o ato médico de apressar a morte de doentes em coma ou depressão. O Dr. Franklin E. Payne Jr, médico particular e professor universitário na área da medicina, diz
O aborto se tornou o procedimento cirúrgico mais comum nos
Estados Unidos. A aceitação do aborto foi a primeira mudança
importante na ética médica que levou às crueldades da
Alemanha nazista. Mais tarde, “apelos em favor da eutanásia
começaram a aparecer mais freqüentemente nos artigos e livros
escritos por médicos”.36
36
Franklin E. Payne Jr, Biblical/Ethical Medics (Mott Media Inc: Milford, EUA, 1985), p. 3.
36
Figura 3: — O próximo!
37
No Canadá, o mesmo médico pioneiro na legalização do
aborto agora luta para legalizar a eutanásia. Ativistas
homossexuais também entraram nessa luta. O Dr. Brian
Clowes, autor da famosa Pro-Life Activist’s Encyclopedia nos
EUA, diz: “A eutanásia segue o aborto tão certamente quanto
a noite segue o dia”. Seria de estranhar o fato de que todos 37
38
39
os líderes pró­eutanásia nos EUA e na Europa trabalharam ativamente para a legalização do aborto em seus países? Nick Thimmesch escreveu na revista Newsweek que os mesmos indivíduos que lutaram para legalizar o aborto agora fazem campanhas para permitir a eliminação de pessoas adultas. Ele disse: “Incomoda­me o fato de que os eugenicistas na Alemanha organizaram a destruição em massa de pacientes mentais, e nos Estados Unidos os indivíduos a favor do aborto agora também trabalham em organizações que promovem a eutanásia”. O médico que hoje aceita matar uma criança inocente na barriga da mãe, amanhã aceitará matar adultos idosos ou doentes. 40
37
Morgentaler To Campaign For Euthanasia, Lifesite Daily News, 26 de janeiro de
1998, Toronto, Canadá.
38 House Of Commons Debates Euthanasia, Lifesite Daily News, 5 de fevereiro de 1998,
Toronto, Canadá.
39 Citado no capítulo 106 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. ProLife Library CD-Rom. 2000 Human Life International.
40 Citado no capítulo 110 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. ProLife Library CD-Rom. 2000 Human Life International.
38
COMO OS ADEPTOS DA EUTANÁSIA AGEM
Os nazistas queriam eliminar os indivíduos inúteis da sociedade, mas havia um problema: a Alemanha tinha uma forte e antiga tradição evangélica luterana de tratamento compassivo para com os idosos, os enfermos e os doentes mentais. A fim de mudarem o modo como o povo via essa questão, os nazistas contrataram os melhores especialistas da indústria do cinema na Alemanha. Tudo foi feito com o máximo que os recursos cinematográficos permitiam na época: efeitos sonoros e visuais, e uma voz de narrador profissional. O objetivo era simples. Convencer o público de que os seres humanos pertencem ao mundo natural, onde até mesmo os animais fracos e doentes são mortos para dar espaço para os animais mais fortes. Os filmes nazistas fascinaram multidões de alemães mostrando um quadro frio e triste da vida “vegetativa” e improdutiva de pacientes em instituições de doenças mentais. Num dos filmes, um especialista explica que o governo tinha gastos enormes para manter esses deficientes vivos, enquanto outras áreas do país estavam desesperadamente precisando de recursos. Assim, o público era levado a concluir que o melhor que podemos fazer pelos fracos é deixar a natureza seguir seu curso, trazendo doenças e morte para eles.
Nas escolas alemãs, os livros de matemática apresentavam, em termos exagerados, as despesas médicas dos doentes crônicos. Os estudantes eram ensinados a calcular os custos que esses doentes davam para o país e descobrir propósitos mais produtivos em que esse dinheiro poderia ser investido com maior eficiência. Os jornais se referiam aos doentes crônicos como indivíduos inúteis que só serviam para comer. Foi assim que Hitler conseguiu fazer com que a Alemanha aceitasse sem remorsos a morte 39
de 275 mil pacientes alemães, antes de começar a assassinar em massa a população judaica.
41
A História realmente mudou?
Contudo, será que a história mudou? Nas escolas americanas de hoje alguns pais já estão percebendo como a educação pública quer preparar os alunos para aceitar novas maneiras de tratar a vida humana. O Sr. Larry Johnson conta como sua filha foi obrigada na escola a assistir, com outros estudantes, a um filme “educacional” com o tema “Quem Deve Decidir Quem Tem o Direito de Viver?” O filme mostrava um bote salva­vidas prestes a afundar, porque havia pessoas demais. Para que o bote não afunde e a fim de que algumas pessoas possam sobreviver, alguém terá de ser atirado ao mar. Os alunos têm de escolher quem terá de ser sacrificado: o médico, o deficiente, o jovem, o idoso ou o advogado.
O bote salva­vidas representa nosso planeta, que os especialistas acham que tem habitantes demais e poucos recursos. A solução é eliminar as pessoas improdutivas que só consomem esses poucos recursos. É desse jeito que a eutanásia e o aborto legal estão sendo sutilmente ensinados às crianças como meios de salvar nosso planeta do excesso de velhos e bebês.
Essas idéias contam hoje com ampla aceitação no meio das elites sociais e têm o apoio financeiro de grandes organizações. Os grupos pró­eutanásia mais visíveis são a Federação Internacional de Planejamento Familiar e a Sociedade Hemlock. Derek Humphrey, co­fundador da Hemlock, expressa um ponto de vista comum: “A liberdade individual exige que todos as pessoas tenham o direito de controlar o próprio destino… Essa é a liberdade civil 42
41Arne
Christenson, First Abortion, Then Euthanasia in New Wine (Mobile-EUA, março
de 1986), p. 36.
42Child Abuse in the Classroom, editado por Phyllis Schlafly (Crossway Books:
Westchester-EUA, 1985), p. 63.
40
máxima… Se não pudermos morrer por nossa própria escolha, então não somos um povo livre…” A morte não é mais uma inevitabilidade ou tragédia. Agora querem que a tragédia se transforme em direito civil. A estratégia do movimento pró­eutanásia é fazer, através de propagandas, com que as pessoas se acostumem com o assunto da eutanásia. Essa estratégia também tem sido usada em outras questões sociais como o aborto, os direitos homossexuais e a liberação sexual das crianças. Os que estão interessados em promover essas práticas têm primeiramente de bombardear constantemente o público com seus termos peculiares, e assim as pessoas se acostumam. E o que acontece então?
No Canadá, uma médica aplicou uma injeção letal num paciente com câncer terminal. A enfermeira a denunciou, ela foi julgada e acabou sendo apenas repreendida pelo juiz. Alguém é morto, mas ninguém é condenado. Nem mesmo a imprensa tentou desaprovar tal ato. Que tipo de mensagem essa atitude transmite para o público?
Um estudo cientifico mostra que os casos de morte de pacientes com ajuda de médicos que recebem muita publicidade acabam estimulando outros a imitarem. Nesse estudo, um médico aplicou uma injeção letal numa paciente com leucemia. Depois que esse caso foi extensivamente noticiado pelos meios de comunicação, houve um grande aumento no número de pacientes de leucemia que “morreram”. Outro caso envolvia uma paciente em coma cujos médicos removeram os aparelhos de sustentação da vida. Logo depois da notícia dessa morte, houve um aumento de quase 60% de pacientes em coma “morrendo”. Os sociólogos há muito tempo têm observado que as pessoas gostam de copiar os outros, e o exemplo 43
44
43
Euthanasia: The Myth of Mercy Killing, POLICY CONCERNS (Concerned Women for
America: Washington DC, 1997), p. 1.
44 Andrew Coyne, Murder Most Inappropriate, National Post Online (Southam Inc.:
Canadá, 2 de abril de 1999).
41
público de certas condutas leva a atos semelhantes. É o efeito imitação.
Num mundo em que os seres humanos não temem a Deus e não respeitam a vida humana desde o momento da concepção, não é de admirar que alguns queiram acreditar na mentira de que existe o direito de morrer ou o direito de decidir quem tem de morrer. E toda essa confusão começou por causa da legalização do aborto nos países chamados “avançados” — avançados materialmente, mas moralmente deficientes.
Um ativista pró­eutanásia comentou o seguinte caso:
45
Um aidético em estado terminal da doença ligou para nós aqui
na Sociedade Hemlock do Norte do Texas. Ele estava sofrendo
muito… ele acabou revelando em nossa conversa por telefone
que ele cria que provavelmente iria para o inferno, e isso o
estava deixando angustiado… Mencionei para ele uma pesquisa
recente que mostra que quase 50% dos americanos crêem na
existência do inferno, mas que só 4% acham que acabarão indo
para lá. Com a ajuda da biblioteca local, consegui uma cópia
dessa pesquisa para mandar para ele, juntamente com uma
tabela de dosagem de drogas [para cometer suicídio]. Esta deve
ser a primeira vez que a Sociedade Hemlock ajudou alguém a
experimentar uma “dupla libertação”: libertação de uma
intolerável doença terminal e de uma intolerável crença
teológica.46
“Não os mate. Convença-os a se matar!”
Por razões óbvias, os ativistas pró­eutanásia não podem dizer que estão reivindicando o direito de matar os doentes, os deficientes e os idosos. Pelo contrário, eles lutam para convencer a todos de que os doentes, os deficientes e os idosos precisam ganhar o direito legal de morrer. A estratégia deles é: “Não os mate. Convença­os a se matar!” 45
Adrian Humphreys, Doctors Fall Prey to Assisted Suicide ‘Copycat Effect’, Sudy
Suggests. Fallout from Two Deaths, National Post Online (Southam Inc.: Canadá, 21 de
maio de 1999).
46Citado in: Living (Lutherans for Life: Benton-EUA, verão de 1995), p. 13.
42
Não é sem motivo, pois, que a propaganda pró­eutanásia frise slogans como o direito de morrer com dignidade. Quem é que não é a favor de uma morte com dignidade? Mas esses slogans adquirem um sentido diferente quando são usados pelos liberais ou quando são interpretados por juizes sem princípios morais. O direito de morrer pode parecer um termo maravilhoso — até percebermos que legalmente significa que podemos nos matar ou que alguém pode nos matar, mesmo que não queiramos morrer.
A verdade é que ninguém precisa de um direito para morrer, pois a morte é inevitável. Todos, sem exceção, acabarão morrendo. Mas o movimento pró­eutanásia, buscando uma intervenção humana mais direta no processo da morte, procura manipular nossas emoções e mentes para que aceitemos o ato de matar ou apressar a morte de certas pessoas. Então por que eles escondem suas verdadeiras intenções? Porque percebem que o público não está preparado para aceitar tudo o que eles querem. Por isso, eles são obrigados a usar só termos que apelam para os nossos sentimentos.
O escritor cristão C. S. Lewis inventou o termo “verbicídio” para denotar o assassinato de uma palavra. É isso o que os defensores da eutanásia têm feito com a linguagem da “compaixão” e “misericórdia”. Eles encobrem o homicídio deliberado que alguns médicos estão cometendo. Eles o encobrem com frases positivas como: alívio da dor, preservar a qualidade de vida, morte com dignidade, eutanásia voluntária, o direito de morrer. Na questão do aborto, eles defendem a “interrupção voluntária da gravidez”.
Pode­se dizer que enquanto de um lado o diabo oferece suicídio sob o rótulo de “morte com dignidade”, do outro lado o Senhor Jesus nos oferece a oportunidade de viver uma vida em abundância e com dignidade até a morte, e 47
47
Euthanasia: The Myth of Mercy Killing, POLICY CONCERNS (Concerned Women for
America: Washington DC, 1997), p. 2.
43
muito mais depois! Jesus disse: “O [diabo] só vem para roubar, matar e destruir; mas eu vim para [as pessoas] tenham vida e vida completa”. (João 10.10 BLH)
Além disso, a Bíblia diz que o diabo é mentiroso (João 8.44). Sendo mentiroso, ele traz morte com o pretexto de promover vida, compaixão, etc. Sua especialidade é o uso de palavras inteligentes para propósitos ocultos. Mas seus alvos são diretos. Na 3ª Conferência sobre Eutanásia, o Dr.
Marvin Kohl disse: “Em alguns casos, principalmente em
certos casos de eutanásia, a moralidade exige o
assassinato dos inocentes”.
48
O Dr. Morte
O mais popular defensor da eutanásia nos EUA é o Dr. Jack Kevorkian, mais conhecido como Dr. Morte. Ninguém tem feito mais para legalizar a eutanásia nos EUA do que ele. E ele sempre fez tudo alegando que estava apenas ajudando doentes terminais a escapar de algum sofrimento físico insuportável.
Entretanto, numa análise realizada de 69 suicídios cometidos sob a supervisão do Dr. Morte, chegou­se à conclusão de que 75 por cento desses pacientes não eram doentes terminais quando o Dr. Morte os ajudou a morrer. Além disso, em cinco casos a autópsia não conseguiu confirmar nenhuma doença física. Muitos desses pacientes que cometeram suicídio eram mulheres divorciadas ou pessoas que nunca casaram. A autópsia revelou que só 17, entre os 69 pacientes, eram doentes terminais, com uma probabilidade de viver menos de seis meses.
49
48
Eileen Doyle, A Pro-Life Primer on Euthanasia (American Life League: Stafford, EUA, 1996).
Study Finds Trends in Kevorkian Deaths, notícia online da Reuter de 6 de dezembro
de 2000.
49
44
Figura 4: HOJE: O Dr. Morte inventa a máquina de suicídio
AMANHÃ: — Não estou me sentindo bem hoje, querida! — Quer
que eu ligue para o médico? — Não estou tão doente assim!!
Palavras que desvalorizam
É claro que, sendo seguidores daquele que veio para matar, roubar e destruir, os defensores da eutanásia tomam muito cuidado. Em público, eles só dizem o que as pessoas gostam de ouvir. Como não tem nada de bonito em suas práticas, o movimento pró­eutanásia sabe que precisa escolher muito bem seus slogans. O diabo mais feio pode se esconder por trás da aparência do anjo mais lindo! O objetivo é nos convencer da falta de sentido de continuar vivendo doente sem desfrutar os prazeres da vida. É fazer­
nos ver com verdadeira repugnância o estado de doença e fraqueza dos deficientes e idosos. Eles se referem ao estado dos doentes nos piores termos possíveis.
45
Contudo, existe uma ligação muito íntima entre as palavras empregadas para designar negativamente as pessoas vulneráveis de hoje e do passado. Quando os que defendem o aborto e a eutanásia comparam suas vítimas aos animais, eles estão apenas repetindo o mesmo vocabulário de desprezo que os opressores nazistas e comunistas do passado empregavam contra suas vítimas.
Figura 5: EUTANÁSIA — Humm! — Eutanásia parece coisa de nazista! Use um
termo mais suave! MORTE COM DIGNIDADE — Humm! — Não sei… “morte”
parece brusco demais! Use um termo mais obscuro! DESCONTINUAÇÃO DE
UNIDADES DE CARBONO HOMO SAPIENS BIOLOGICAMENTE RESISTENTES
Os defensores da eutanásia costumam frisar motivações humanitárias (livrar o doente da agonia prolongada de uma morte dolorosa) para sustentar suas propostas. Mas, de vez em quando, eles não conseguem esconder suas reais motivações e empregam designações que descrevem os pacientes crônicos dependentes como “parasitas”. Um 46
eticista escreveu que “o único modo eficiente de garantir que muitos pacientes biologicamente resistentes realmente morram é não lhes dando nutrição”. Sua maneira de falar mostra o paciente como alguma espécie que teima em respirar e ficar agarrada à vida com a ajuda de equipamentos médicos. O Dr. William Brennan revela a atitude que já está tomando conta dos que cuidam de doentes crônicos:
50
Uma enfermeira que estava colocando um homem em coma numa
cadeira disse: “Este parasita está me esgotando”.
Quando um paciente idoso com grave debilitação é colocado no setor
de emergência, é comum o pessoal do hospital dizer: “Aí está um
parasita de verdade”.51
Muitos na classe médica que não têm consciência do valor absoluto da vida como presente de Deus simplesmente preferem ver os vulneráveis doentes crônicos como “vegetais” ou indivíduos em “persistente estado vegetativo”. O filósofo John Lachs afirma: “Não consigo me convencer de que os vegetais inconscientes nos hospitais sejam de algum modo seres humanos”. Pessoas em grave estado de saúde são consideradas parasitas e vegetais porque o uso desses nomes nos permite desprezá­las com mais facilidade e não vê­las como criaturas humanas. Assim fica mais fácil aprovar medidas “médicas” para eliminá­las.
Veja as designações empregadas contra as pessoas mais fracas:
52
50William
Brennan, Dehumanizing the Vulnerable (Loyola University Press: ChicagoEUA, 1995), p. 101.
51William Brennan, Dehumanizing the Vulnerable (Loyola University Press: ChicagoEUA, 1995), p. 102.
52William Brennan, Dehumanizing the Vulnerable (Loyola University Press: ChicagoEUA, 1995), p. 102.
47
“Nenhum criança recém-nascida deve ser declarada humana até
passar certos testes”. (Dr. Francis Crick, 1978)53
“Vejo os pacientes como objetos de trabalho”. (Declaração de uma
enfermeira que cuidava de idosos, 1977)
54
“Há um monte de lixo [pacientes] esta manhã”. (Declaração de um
médico do setor de emergência, 1979)
55
“Os seres humanos recém-nascidos não são pessoas”. (Filósofo
Michael Tooley, 1983)
56
“A maioria dos defeitos de nascença só são descobertos depois do
nascimento. Se uma criança não fosse declarada viva até três dias
após o nascimento, o médico poderia permitir que a criança morresse
se os pais assim decidissem e evitar muita infelicidade e sofrimento.
Creio que essa é a única atitude racional e compassiva que se deve
ter”. (Dr. James Watson, eticista americano, 1973) 57
O Dr. Robert Williams, da Faculdade Médica do Estado de Washington,
afirmou que os bebês não deveriam ser considerados pessoas no
primeiro ano de vida. 58
O Profº John Lachs, da Universidade Vanderbilt, disse que alguns
recém-nascidos deficientes só têm aparência humana. Ele aconselhou
que se pode matá-los como animais. 59
“Um recém-nascido é apenas um organismo com um potencial para
adquirir qualidades humanas…” (Dr. Milton Heifitz, chefe de
neurocirurgia, Centro Médico de Los Angeles, em testemunho diante
do Congresso americano em 23 de março de 1976) 60
53William
Brennan, Dehumanizing the Vulnerable (Loyola University Press: ChicagoEUA, 1995), p. 6.
54William Brennan, Dehumanizing the Vulnerable (Loyola University Press: ChicagoEUA, 1995), p. 7.
55William Brennan, Dehumanizing the Vulnerable (Loyola University Press: ChicagoEUA, 1995), p. 7.
56William Brennan, Dehumanizing the Vulnerable (Loyola University Press: ChicagoEUA, 1995), p. 7.
57 Citado no capítulo 109 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. ProLife Library CD-Rom. 2000 Human Life International.
58 Journal of the American Medical Association, 11 de agosto de 1969. Citado em Eileen Doyle, A Pro-Life
Primer on Euthanasia (American Life League: Stafford, EUA, 1996).
59 New England Journal of Medicine, Vol. 294, no. 15. Citado em Eileen Doyle, A Pro-Life Primer on
Euthanasia (American Life League: Stafford, EUA, 1996).
60 Citado no capítulo 110 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. ProLife Library CD-Rom. 2000 Human Life International.
48
“Há pouca evidência de que acabar com a vida de um bebê nos
primeiros meses depois de sua extração do útero poderia ser vista
como assassinato… Pareceria mais ‘desumano’ matar um chimpanzé
do que um bebê recém-nascido, já que o chimpanzé tem maior
capacidade mental. Não se pode considerar assassinato a destruição
de uma forma de vida que tem menos capacidade mental que um
macaco” (Winston L. Duke, físico nuclear, 1972) 61
“Se os médicos conseguirem fixar na mente das pessoas que é um
crime trazer crianças doentes ao mundo, então as leis eugênicas… que
são vistas agora como intromissões sinistras na liberdade das pessoas
viriam a ser aceitas com naturalidade” (Declaração do Dr. H. Pall na
Alemanha pré-nazista de 1921). 62
Os nazistas também agiam assim
Entretanto, a maneira como os atuais defensores da eutanásia vêem os doentes não é novidade. Em 1936 a palavra “vegetal” apareceu numa propaganda nazista promovendo a eutanásia para uma mulher que sofria de esclerose múltipla. Na propaganda havia a pergunta: “Se fosse aleijado, você ia querer vegetar para sempre?”
Essas pequenas atitudes de desprezo médico e social contra as pessoas vulneráveis acabaram levando ao ato de desprezo máximo: a aceitação legal da morte desses seres humanos infelizes. E uma atrocidade foi conduzindo a atrocidades maiores. O Dr. Leo Alexander, especialista médico americano, participou como membro do Tribunal de Crimes de Guerra em Nurembergue, Alemanha, em 1949. A missão desse tribunal internacional era investigar e condenar as atrocidades dos nazistas. O Dr. Leo disse:
63
Ficou claro para todos nós que os crimes de grandes proporções que
estávamos investigando tinham começado com pequenas proporções.
No início houve apenas uma mudança na atitude dos médicos. Eles
começaram a aceitar a idéia do movimento pró-eutanásia de que há
tipos de vida que não são dignas de viver. No começo os médicos
61
Citado no capítulo 110 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. ProLife Library CD-Rom. 2000 Human Life International.
62 Journal of the American Medical Association, agosto de 1972. Citado em Eileen Doyle, A Pro-Life
Primer on Euthanasia (American Life League: Stafford, EUA, 1996).
63William Brennan, Dehumanizing the Vulnerable (Loyola University Press: ChicagoEUA, 1995), p. 103.
49
colocaram nessa categoria apenas os doentes crônicos e graves. Mas
aos poucos essa categoria foi ampliada para incluir os que não
produziam nada na sociedade, os que tinham alguma ideologia
indesejada, os que pertenciam a raças indesejadas e, no final, todos os
que não eram alemães.
64
William L. Shirer entrevistou um juiz nazista condenado à morte no Tribunal de Nurembergue. O juiz começou a chorar e disse: “Como foi que tudo isso chegou a esse ponto?” O Sr. Shirer respondeu: “Chegou a esse ponto a primeira vez em que o senhor autorizou a morte de uma vida inocente”.
Telford Taylor, principal advogado de acusação em Nurembergue, descreveu os importantes médicos que foram julgados e condenados por assassinato:
65
[Esses médicos]… são acusados de assassinato, torturas e outras
atrocidades cometidas no nome da ciência médica… Eles não fizeram
isso por sede de sangue ou por dinheiro.… Eles não são homens
ignorantes. A maioria deles são médicos treinados e alguns deles são
famosos cientistas. As idéias pervertidas e os conceitos distorcidos que
causaram essas selvagerias não morreram. Não se pode destruí-los
pela força das armas. Para que possamos impedir esse câncer de se
espalhar no meio da humanidade, temos de arrancar essas idéias e
conceitos pelas raízes, desmascarando-os completamente.
66
A condenação desses criminosos foi aprovada por toda a classe médica mundial e fez com que todos tomassem medidas para garantir que os atos dos médicos nazistas nunca mais fossem repetidos. Como um passo importante, eles reafirmaram o princípio ético básico de sua profissão: o médico não deve matar seus pacientes.
Em junho de 1947, a Associação Médica Mundial declarou sua posição com relação aos crimes dos médicos nazistas:
67
64William
Brennan, Dehumanizing the Vulnerable (Loyola University Press: ChicagoEUA, 1995), p. 71.
65J. C. Willke, Assisted Suicide & Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA,
1998), p. 2.
66J. C. Willke, Assisted Suicide & Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA,
1998), pp. 13,14.
67J. C. Willke, Assisted Suicide & Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA,
1998), p. 5.
50
As provas apresentadas nos julgamentos dos médicos criminosos de
guerra chocaram a classe médica. Esses julgamentos mostraram que
os médicos culpados desses crimes contra a humanidade não tinham a
consciência moral e profissional que se espera dos membros da
honrosa profissão médica. Eles abandonaram a ética médica
tradicional que sustenta o valor e a santidade de todo ser humano
individual.
A Comissão de Crimes de Guerra classificou da seguinte forma os
crimes que os médicos cometeram:
•
Experimentos sem consentimento em pessoas, com a autorização
de autoridades elevadas com o pretexto de realizar pesquisas
científicas…
•
Experiências sem consentimento realizadas
médicas…
•
por autoridades
Seleção e assassinato deliberado de prisioneiros…
•
Assassinato deliberado de pacientes enfermos ou doentes mentais
e de crianças em hospitais…
Pelo que foi dito acima, é evidente que os médicos realizaram
experimentos desumanos… para pesquisas de doenças. No curso dos
experimentos e na aplicação de suas descobertas,
eles
deliberadamente mataram pessoas… Eles usaram mal seu
conhecimento médico e prostituíram as pesquisas científicas. Eles
desprezaram a santidade e a importância da vida humana…
68
No entanto, é triste ver que depois de todas essas medidas e esforços para proteger a dignidade da vida humana, cientistas americanos e europeus de hoje não sentem a menor compaixão em suas experiências com seres humanos vivos, principalmente bebês que nascem vivos de abortos legais. O Dr. Brian Clowes escreve: “Bebês viáveis que são abortados depois de seis meses de gestação são, é claro, os mais valiosos para pesquisa porque são os mais desenvolvidos. Num experimento, vários bebês viáveis de mais de 6 meses de gestação foram removidos vivos do útero por aborto de histeretomia…” E imaginar que tudo 69
68War
Crimes and Medicine, reproduzido com a permissão da Associação Médica
Britânica e distribuído por The Medical Education Trust, Inglaterra, s.d.
69Dr. Brian Clowes, The Facts of Life (HLI: Front Royal-EUA, 1997), p. 240.
51
isso ocorreu como conseqüência direta da legalização do aborto! As raízes sempre produzem árvores, sejam boas ou más.
Crimes de grandes proporções não nascem do nada. É por isso que é preciso sempre cortar o mal pela raiz, bem no seu começo. Vale a pena lembrar que bem antes de o nazismo dominar a Alemanha e legalizar a eutanásia, muitos médicos alemães já alertavam que ajudar doentes em situação grave a ter uma morte mais apressada seria apenas o primeiro passo para a classe médica passar a aceitar uma ética que valoriza a morte como solução para certos pacientes. Em 1914, o médico alemão M. Beer escreveu o livro Ein Schoner Tod: Ein Wort zur Euthanasiefrage (Uma Morte Bela: Uma Palavra de Alerta sobre a Questão da Eutanásia). O Dr. M. Beer avisou que ajudar os pacientes a morrer seria só o primeiro passo para algo pior:
A aceitação de leis que permitem uma morte misericordiosa voluntária
para os casos de doentes incuráveis… diminuirá o respeito pela
santidade da vida humana, e quem é que vai garantir que essas leis
não serão ampliadas para incluir outros casos?
70
Tendências atuais que desvalorizam a vida humana
70J.
C. Willke, Assisted Suicide & Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA,
1998), p. 7.
52
Parece que em cada geração há uma tendência diferente para desvalorizar a vida humana. Em nossa época, por exemplo, há um movimento que promove na ONU a Carta da Terra, um tipo de documento constitucional internacional cujo propósito é preservar o meio ambiente e respeitar todas as formas de vida. O documento Earth Charter Status Report faz referência não só ao valor da vida humana, mas também ao “valor intrínseco de todas as outras formas de vida”. Isto é, todos têm o mesmo valor: homens, animais, plantas, etc. Colocar os seres humanos, criados conforme a imagem de Deus, no mesmo nível das outras criaturas sem espírito é abrir as portas para a desvalorização da vida humana.
Não é de estranhar, pois, que o documento Carta da Terra recomende “que todas as pessoas tenham acesso a uma assistência de saúde que promova a saúde sexual e a reprodução responsável”. O documento Green Agenda (Agenda Verde), do movimento ecológico, define basicamente essa assistência de saúde como “planejamento familiar acessível para homens e mulheres, inclusive… educação sexual, anticoncepcionais e aborto legal”. Saúde sexual ou reprodutiva é um jargão muito usado pela ONU e pelas entidades de planejamento familiar. Significa, entre outras coisas, a prestação de planejamento familiar, anticoncepcionais e aborto legal, inclusive aos adolescentes. A Carta da Terra também menciona a necessidade da “igualdade de gênero”, um termo que abrange não só o sexo masculino e feminino, mas também o homossexualismo.
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71
Earth Charter Status Report (Earth Charter International: San José, Costa Rica,
2000), p. 86.
72 Earth Charter Status Report (Earth Charter International: San José, Costa Rica,
2000), p. 66.
73 Green Agenda, Principles and Policy Proposals on Environment and Development by
the Greens in the European Parliament on the Occasion of the United Nations
Conference on Environment and Development (UNCED) in Rio de Janeiro in June 1992
(publicado em abril de 1992), p. 14.
74 Earth Charter Status Report (Earth Charter International: San José, Costa Rica,
2000), p. 66.
53
Fazem parte desse movimento em defesa da ecologia a entidade budista Soka Gakkai, o Instituto Paulo Freire, Mikhail Gorbachev, o ex­frei Leonardo Boff e uma variedade de outros socialistas. Sua missão também é promover o respeito às religiões dos índios (que é uma maneira sutil e encoberta de protegê­los do evangelismo cristão e impedi­
los de serem libertos de sua idolatria demoníaca). Os índios adoram o planeta Terra como um ser espiritual vivo, sem saberem realmente que sua adoração é dirigida a espíritos de escuridão. Em vez de permitir que os índios sejam libertos de sua idolatria, os ambientalistas querem que a escuridão espiritual deles influencie a sociedade. O Earth Charter Status Report contém um hino de louvor à Terra e menciona um encontro para a educação ecológica onde crianças de escolas públicas ofereceram hinos hindus, cristãos e muçulmanos de adoração à Terra. O que pensam realmente os ecologistas? Vamos dar uma olhada num ambientalista bem conhecido. O maior defensor dos direitos dos animais hoje é o Professor Peter Singer, que é tão radical que nem come carne. Ele disse: “Matar um recém­nascido deficiente não é a mesma coisa que matar uma pessoa. Muitas vezes não é, de forma alguma, errado”. Ao observarmos a diferença que ele faz entre recém­nascido e pessoa, dá para perceber que na opinião dele a criança indefesa e inocente não é uma pessoa. Já na opinião de Troy McClure, defensor dos direitos dos deficientes físicos, o Professor Singer é “o homem mais perigoso do mundo hoje”.
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75
Earth Charter Status Report (Earth Charter International: San José, Costa Rica,
2000).
76 Earth Charter Status Report (Earth Charter International: San José, Costa Rica,
2000), p. 40.
77 Earth Charter Status Report (Earth Charter International: San José, Costa Rica,
2000), p. 41.
78 Earth Charter Status Report (Earth Charter International: San José, Costa Rica,
2000), p. 19.
79 C.H. “Max” Freedman, The Greatest of Two Evils, Celebrate Life (American Life
League: Stafford-EUA, março/abril de 2000), p.26.
54
Assim, para “salvar” a Terra, ecologistas como o Sr. Singer estão dispostos a promover até o aborto legal e o assassinato de crianças recém­nascidas! Que dificuldade alguém assim teria para apoiar a eutanásia? Para eles, o mais importante é defender o meio ambiente e a vida dos animais. Eles realmente chegam ver o crescimento da população humana como um câncer destruindo tudo.
Contradições difíceis de entender
Há um paradoxo que muitos consideram irracional e até bizarro nas atitudes sociais de hoje com relação ao valor da vida humana. Os mesmos países ricos que são contra a pena capital para os criminosos culpados de assassinato são, inexplicavelmente, a favor dessa mesma pena para bebês inocentes que se encontram na barriga de suas mães. E agora lutam para estender essa pena aos doentes, aos deficientes e aos idosos. Querem livrar os culpados dessa pena, sob a alegação de que é um meio cruel de a sociedade castigar indivíduos perigosos. Ao mesmo tempo, não querem livrar os idosos, sob a alegação de que a eutanásia é um meio “misericordioso” de livrá­los do sofrimento. Querem, além disso, que as autoridades civis se envolvam nessa área, quando a Bíblia deixa bem claro que o papel do governo e das leis civis não é castigar os bons, mas os maus.
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80
Dr. C. Everett Koop, The Right to Live, The Right to Die (Life Cycle Books: TorontoCanadá, 1980), p. 38.
55
“Porque as autoridades civis não são terror para [as pessoas de] boa conduta, mas para [os de] má conduta. Você não quer ter medo daquele que está em autoridade? Então faça o que é certo e você receberá a aprovação e o elogio dele. Pois ele é o servo de Deus para o seu bem. Mas se você errar, [tenha medo dele e] receie, pois ele não veste e leva a espada inutilmente. Ele é o servo de Deus para executar Sua ira (castigo, vingança) sobre o malfeitor”. (Romanos 13:3­4 Bíblia Ampliada em inglês)
A espada era usada como um instrumento para castigar e matar. Embora a Palavra de Deus esclareça que as autoridades têm permissão de Deus para usar a espada contra os criminosos, não há nenhum apoio na Bíblia ao uso da espada contra os inocentes, nem para a prática do aborto nem da eutanásia. Isso é contrário aos princípios de Deus.
Na Europa, onde a execução de criminosos assassinos foi há muito tempo abolida, a execução de bebês na barriga de suas mães é legalmente mantida como um direito sagrado das mulheres. Nos EUA, os mesmos líderes sociais e meios de comunicação que lutam para salvar da pena capital o pequeno número de indivíduos condenados por assassinatos brutais também lutam incansavelmente para proteger a execução brutal dos mais que 1 milhão de crianças que são legalmente abortadas todos os anos! Isso sem mencionar que nada é feito contra a crescente prática de assassinar bebês recém­nascidos nos hospitais.
56
Na França mais da metade dos médicos que cuidam de recém­nascidos afirmou, numa pesquisa, que freqüentemente administram drogas para acabar com a vida de recém­nascidos que têm algum problema médico incurável. Parece que salvar a vida dos culpados é a preocupação mais importante dos ativistas sociais de hoje. As mesmas sociedades que, por motivo de compaixão,
se opõem à pena de morte para assassinos desumanos
agora a estão aplicando, por motivo de “compaixão”, em
bebês indefesos. Tudo indica que os idosos serão os
próximos na fila.
A tendência de combater a pena de morte para os culpados e defendê­la para os inocentes é não só um mistério, mas talvez também o maior desafio e contradição da nossa geração. E é estranho também que cientistas que estão tão ansiosos para encontrar vida em outras planetas não sintam o mínimo remorso de fazer experiências em bebês vivos. Estão com tanta vontade de descobrir e preservar formas de “vidas” que não conhecem quando não se preocupam em preservar e proteger a vida mais importante que já conhecem.
81
81
Pro-Life E-News, 22 de junho de 2000, Canadá.
57
A EUTANÁSIA NA HOLANDA
Victor Hugo, autor de A História de um Crime, disse: — O mal que
se comete por uma boa causa continua sendo mal. Então lhe perguntaram: — Até mesmo quando faz sucesso? Respondeu ele: — Principalmente quando faz sucesso.
82
A questão da eutanásia está agora sendo debatida em muitos países avançados, mas é só na sociedade holandesa que podemos encontrar exemplos de ampla aceitação para a prática de injetar em doentes drogas que causam a morte.
O que em breve a eutanásia significará para a classe médica e para a sociedade? Atualmente, a Holanda é o único país em que podemos achar respostas para essas perguntas.
A eutanásia foi legalizada na Holanda no ano 2000. Mas mesmo quando não era legal, os hospitais a praticavam, com a devida discrição. Durante muitos anos, a prática da eutanásia foi amplamente utilizada enquanto o sistema legal do país fazia de conta que não via os médicos que insistiam em que seus pacientes estavam melhores mortos do que vivos. Se antes esses médicos tinham poucas preocupações com a justiça, hoje eles têm muito menos, pois a Holanda se tornou o primeiro país do mundo a aprovar leis que vêem o assassinato de pacientes como tratamento médico legítimo.
O que realmente está ocorrendo na Holanda? É o que vamos ver a seguir, com a ajuda de informações oficiais de documentos governamentais. Em 1990, o governo holandês criou uma comissão especial para realizar uma pesquisa nacional a fim de apurar oficialmente a extensão da prática da eutanásia. Os resultados só saíram em 10 de setembro 82
Veja o capítulo 106 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. ProLife Library CD-Rom. 2000 Human Life International.
58
de 1991, e logo ficou claro que esse relatório final continha as mais valiosas informações sobre a eutanásia. Embora os membros dessa comissão fossem pesquisadores a favor da eutanásia, suas conclusões não conseguiram esconder o impacto real dessa prática. A definição usada no relatório é que eutanásia significa deliberadamente causar a morte de uma pessoa por ação ou omissão, com ou sem seu pedido, sob a alegação de livrá­la do sofrimento de uma doença ou de uma vida imperfeita.
Sob essa definição, os holandeses mortos pela eutanásia chegam a um número de mais que 25 mil por ano, o que corresponde a 20% de todas as mortes. O relatório indica, porém, que esse cálculo não leva em consideração a eliminação deliberada da vida de recém­nascidos deficientes, crianças doentes, pacientes psiquiátricos e aidéticos.
Dos 25 mil casos de eutanásia, 13 mil foram provocados passivamente, isto é, os médicos não deram aos pacientes tratamentos para lhes salvar a vida. Os outros 12 mil casos foram provocados ativamente, isto é, os pacientes foram mortos porque receberam drogas que lhes causaram parada cardio­respiratória. Pelo menos 1.000 casos de eutanásia ocorrem anualmente sem um pedido formal do paciente. Não é de admirar que outro estudo mostrasse que aproximadamente 60 por cento dos idosos em asilos tenham medo de sofrer uma eutanásia “involuntária”.
De acordo com as informações publicadas no relatório, em 1990 morreram 14.691 pessoas de eutanásia involuntária. Eutanásia involuntária quer dizer o ato de apressar a morte de pacientes que não desejam ser mortos. Isso significa que os médicos tomaram a decisão de 83
84
85
83Dr.
Richard Fenigsen, A Gentle Man Speaks of Fear, Population Research Institute
Review (PRI: Baltimore-EUA, março-abril de 1994), p. 8.
84Idem.
85 Susan Martinuk, Dutch take bold step back into dark ages with euthanasia, The
Province (Canadá). Pro-Life E-News, 6 de dezembro de 2000.
59
abreviar a vida deles. Em 45% dos casos ocorridos em hospitais, a eutanásia foi praticada não só sem o conhecimento dos pacientes, mas também dos familiares. Desse número, 8.750 pacientes morreram porque lhes foi removido, sem seu conhecimento, todo tratamento para lhes prolongar a vida e 5.941 morreram porque receberam, sem saberem nem consentirem, injeções letais na veia. Além disso, 1.400 pessoas que sofreram a eutanásia ativa e involuntária estavam em perfeitas condições mentais. Em 8% dos casos, os médicos realizaram esse tipo de eutanásia mesmo sabendo que a medicina tinha alternativas para os pacientes. Os motivos que os médicos mencionaram para tirar a vida de seus pacientes sem o conhecimento deles foi “baixa qualidade de vida”, “nenhuma esperança de melhoria” e “os familiares não agüentavam mais”.
Casos reais
O que acontece na Holanda é que quando uma pessoa é internada num hospital, um médico avaliará sua qualidade de vida e então conforme sua decisão pessoal (sem perguntar nada ao doente) lhe dará uma injeção que o fará parar de respirar e fará com que seu coração pare de bater. O relatório dessa comissão do governo é o primeiro reconhecimento oficial de que a eutanásia involuntária é praticada na Holanda. Veja um exemplo:
Quatro enfermeiras de um hospital de Amsterdã confessaram ter
matado muitos pacientes inconscientes injetando-lhes doses fatais de
insulina, sem o consentimento ou o conhecimento deles. Os
funcionários do hospital apoiaram totalmente as enfermeiras e
perdoaram os assassinatos devido às motivações “humanitárias”
delas…
86
Em vez de ficarem chocados com o que está acontecendo em seu país, a população holandesa em geral está agora questionando se os doentes mentais têm o 86Dr.
Brian Clowes, The Facts of Life (HLI: Front Royal-EUA, 1997), p. 134.
60
direito de viver e 90% dos estudantes de economia apóiam a eutanásia compulsória como meio de controlar os custos.
Hoje todos os estudantes de medicina recebem treinamento formal para colocar a eutanásia em prática, e a Real Sociedade Holandesa de Farmacologia distribui um “manual” de eutanásia para todos os médicos. Esse “manual” contém receitas de venenos indetectáveis que os médicos podem colocar na comida ou injetar de tal maneira que seja impossível detectá­los durante uma autópsia. Os diretores de hospital orientam os médicos a dar injeções letais nos pacientes idosos cujas despesas são altas. Isso é feito sem o conhecimento e o consentimento do doente e da sua família. Parece não haver muita preocupação para eliminar as dores do paciente, apenas sua vida. Peer
Neeleman, especialista holandês em anestesia, diz: “Muitos hospitais nem mesmo têm um serviço de combate à dor. As faculdades médicas mal ensinam como combater a dor e outros sintomas, enquanto os futuros médicos são ensinados a praticar a eutanásia”.
Em novembro de 1999, num encontro em Brasília, o Dr. Jack Willke contou um caso real que ele conheceu em sua visita à Holanda:
87
88
89
Um médico clínico geral deu entrada no hospital a uma senhora com
câncer e completou o diagnóstico na sexta-feira da semana em que
ela foi internada. O câncer havia se espalhado e provavelmente não
havia cura, mas a paciente não estava se sentindo mal e tinha ainda
condições de levar uma vida independente. Ela havia sido informada
de que seu caso seria avaliado na segunda-feira, quando então
decidiriam o melhor tratamento para ela. O médico que estava
cuidando dela saiu de folga no fim de semana. Na segunda-feira de
manhã, voltando ao hospital, ele fez seu trabalho de rotina de visitar
os quartos dos pacientes e quando ele parou para ver a senhora com
câncer, ele encontrou outro paciente na cama dela. Ele chamou o
87Rita
Maker, Euthanasia: Killing ou Caring? (Life Cycle Books: Toronto-Canadá, 1991),
p. 10.
88Dr. Brian Clowes, The Facts of Life (HLI: Front Royal-EUA, 1997), p. 132.
89 Pieter Huurman & Laurel T. Hughes, The Shocking Practice of Euthanasia in Holland,
documento apresentado na 4ª Conferência Internacional sobre os Direitos Humanos e
as Questões Sociais, Vida, Aborto e Eutanásia (Haia, Holanda, 8-12 de dezembro de
1998).
61
médico residente e perguntou para onde haviam mudado sua
paciente, porém foi informado de que haviam aplicado a eutanásia
nela um dia antes. “Mas ela não era doente terminal”, disse ele. O
outro respondeu: “Sim, sei disso, mas não havia cura para ela e, de
qualquer modo, estávamos precisando da cama que ela estava
ocupando”.
90
Na cidade de Roterdã, um amigo médico do Dr. Willke tinha sob seus cuidados um idoso com uma séria doença. A esposa cuidava dele em casa e ele não tinha problemas de dor. Ele pegou bronquite e, enquanto o médico estava fora, a esposa do paciente teve de chamar um médico do hospital para examiná­lo. O médico veio, examinou­o, deu­lhe uma injeção e uma hora depois o paciente estava morto, para total consternação da viúva e do médico pessoal, pois o doente não queria ser morto.
Outro caso envolvia um senhor muito rico que vivia só com a esposa numa cidadezinha holandesa. Ele não estava doente, mas precisava de certos cuidados. Em certa manhã, o pastor o visitou às 9h. O médico veio às 10h, deu­lhe uma injeção e o matou. O carro da funerária chegou às 11h para remover o corpo. A viúva e os filhos rapidamente dividiram o dinheiro e as propriedades e se mudaram para a França. Nenhuma pessoa da cidadezinha acredita que o senhor rico havia pedido ajuda para ser morto. Contudo, embora a viúva e o médico afirmem que ele queria morrer, a única testemunha que poderia falar a verdade está morta.
Em seu livro Tough Faith, Janet & Craig Parshall contam outro caso:
91
Uma mulher de 50 anos, ex­assistente social, estava com depressão. Ela tinha saúde, mas pediu para ser morta dois meses depois que seu filho morreu de câncer. Ela tinha também sofrido maus­tratos de seu marido. Ela estava regularmente se tratando com um psiquiatra. Dois meses depois durante o 90Esse
caso real também encontra-se registrado no livro do Dr. Willke, Assisted Suicide
& Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA, 1998), p. 86.
91J. C. Willke, Assisted Suicide & Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA,
1998), p. 95.
62
tratamento, ela pediu que o psiquiatra a ajudasse a morrer… seu pedido foi atendido.
92
Idéias nazistas: antes e depois
Quando os soldados de Hitler invadiram a Holanda em 1940, os médicos holandeses receberam aviso de que eles seriam obrigados a participar do programa de eutanásia para eliminar os gastos das crianças deficientes, os doentes crônicos e incuráveis, etc., nos hospitais e instituições mentais. A maioria deles se recusou a colaborar com esse programa, e alguns foram presos e ameaçados de morte. Mas todos os médicos se uniram e o programa foi fechado.
O aborto e a eutanásia eram questões repugnantes para eles. Parece que o fator mais importante que deu sucesso à resistência dos médicos e da população holandesa em geral aos nazistas foi que naquela época o povo holandês, que na maior parte era evangélico, tinha alicerces éticos sólidos na Palavra de Deus.
Entretanto, hoje a história é diferente. Embora ainda sejam em grande parte evangélicos, os holandeses agora não vão à igreja nem colocam a Palavra de Deus acima de tudo em suas vidas. Pode­se dizer que quando um povo perde o respeito e a obediência aos mandamentos de Deus, então perde­se o respeito pelo valor da vida humana. O resultado? Os médicos holandeses estão matando deficientes, recém­nascidos, pacientes em coma e até mesmo pessoas deprimidas (mas completamente saudáveis) sem que haja nenhum tipo de intervenção da polícia ou dos tribunais para castigar os responsáveis.
O mais estranho é que quando os nazistas os forçaram, eles não quiseram. Agora que não há nazistas para forçá­
los, eles é que querem… No começo, os especialistas 93
94
92
Janet & Craig Parshall, Tough Faith (Harvest House Publishers: Eugene, EUA, 1999),
p. 213.
93J. C. Willke, Assisted Suicide & Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA,
1998), pp. 86,87.
94Special Report (HLI: Front Royal-EUA, novembro de 1998), p. 4.
63
holandeses afirmavam que a eutanásia só era justificável em caso de doença terminal. Hoje, até mesmo pessoas sem nenhuma doença física são vítimas da eutanásia. Um adolescente deprimido, por exemplo, se matou com as drogas letais que um psiquiatra lhe forneceu. Em outro caso, um médico prescreveu uma dose letal de medicação para uma viúva que estava seriamente deprimida por ter perdido o marido e os filhos, e ela se matou. O caso foi parar no Supremo Tribunal da Holanda, mas ninguém foi punido.
Embora a sociedade holandesa seja vista como uma sociedade avançada sem abusos dos direitos humanos, os holandeses foram condicionados a ver de modo negligente e despreocupado a questão da eutanásia. O Dr. Hank Jochemsen, famoso eticista médico holandês, disse: “A justiça não percebe nem enxerga a maioria dos casos em que os médicos intencionalmente abreviam a vida dos pacientes, por ato ou por omissão”. O que a eutanásia legal fez na Holanda não foi simplesmente dar aos doentes terminais a liberdade de se matar, mas aumentar vastamente o poder dos médicos sobre a vida e a morte de seus pacientes terminais ou não. As próprias leis que foram criadas para proteger o direito à vida dos seres humanos agora são sutilmente usadas para a eliminação das pessoas que são consideradas indignas de viver. E no nome da compaixão, médicos treinados para curar e prolongar a vida estão abreviando e até matando as vidas que eles deveriam proteger. Matar o paciente como meio de cura está se tornando um procedimento médico aceitável em alguns países chamados avançados.
O que aconteceu com muitos médicos holandeses é que, ao aplicarem a eutanásia num paciente, eles liberaram uma 95
96
95
J. C. Willke, Assisted Suicide & Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA,
1998), p. 93.
96J. C. Willke, Assisted Suicide & Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA,
1998), p. 91.
64
incontrolável força invisível que inevitavelmente leva à morte de suas próprias consciências e integridade ética e moral: o pecado. O pecado sempre produz morte, de todos os tipos e em todas as áreas, para aqueles que o praticam (cf. Romanos 6.23a). E o ato de matar, que está incluído nos Dez Mandamentos, é um dos piores pecados (cf. Êxodo 20.13). Um médico ou enfermeira que tolera a eutanásia terá dificuldade de lutar para salvar a vida de todos os pacientes necessitados sob sua responsabilidade.
Depois de tantos anos de convivência com a
eutanásia, a sociedade holandesa agora tende a aceitar o
que no passado seria impensável: eutanásia para
crianças. Todos os anos são registrados pelo menos 50
casos de recém-nascidos deficientes que ficam,
deliberadamente, sem tratamento médico. A maioria dos
médicos que trabalham nessa área está chamando essa
prática de um modo compassivo de acabar com a vida
desses bebês.
A mentalidade pró-eutanásia é tão forte que um
defensor dos direitos humanos afirmou que ele não tinha
liberdade de falar contra a eutanásia mesmo numa
universidade fundada por evangélicos. Como membro da
Igreja Cristã Reformada, ele disse: “Esta é uma
universidade nominalmente cristã, mas os meus colegas
são bem contrários às minhas idéias… A idéia de que
essas crianças [deficientes] são um peso é imposta a nós
por opiniões que valorizam o desenvolvimento pessoal e o
direito de escolher. Os pais ficam apavorados [com a
perspectiva de gastar sua vida em favor de um filho
deficiente] e eles procurarão um médico que lhes dê uma
‘saída’”. Pais holandeses fiéis a Deus, que têm filhos
deficientes, não os estão colocando em instituições, onde
suas vidas correm perigo. Eles os estão criando com o
valor que Deus lhes dá. Esses pais são um exemplo de luz
e esperança no meio da escuridão moral de seu país.
97
97
Mindy Belz, Dutch Treat, revista World (23 de maio de 1998).
65
De todos os países na Europa, é incrível que seja
justamente na Holanda que a prática da eutanásia tenha
sido aceita a tal ponto que a classe médica, o governo, as
igrejas e o povo mal lastimem o que está acontecendo. A
Holanda foi o único país a tomar uma posição contra o
programa nazista de eutanásia, quando todos os médicos
holandeses entregaram suas licenças em protesto. Agora
são os médicos holandeses que estão fazendo as próprias
coisas que eles tanto abominaram na 2 Guerra Mundial. O
que aconteceu?
A eliminação de vidas está ocorrendo hoje em grande
escala na Holanda, onde a eutanásia e o suicídio com
assistência médica são praticados pelos médicos. Embora
as normas médicas e legais estabeleçam que o paciente é
que tem de escolher a morte, mais de 40 por cento dos
médicos holandeses aplicam a eutanásia em pacientes
que não desejam morrer. O que está acontecendo na
Holanda mostra que não é possível permitir o assassinato
e o suicídio só em determinadas circunstâncias. O mal,
quando
é
liberado,
tende
a
se
descontrolar,
principalmente quando ocorre na privacidade do médico
com o paciente.
A Holanda moderna se orgulha de suas idéias liberais.
Se a Holanda não existisse, os liberais teriam de inventála. Esse país tem sido visto como um modelo por sua
aceitação
das
drogas,
da
prostituição,
do
homossexualismo e do suicídio com ajuda médica. O
governo holandês até financiou o barco do aborto, cuja
missão é navegar em águas internacionais, perto de
países em desenvolvimento, para oferecer aborto.
98
99
100
98
Eileen Doyle, A Pro-Life Primer on Euthanasia (American Life League: Stafford, EUA, 1996).
Leon R. Kass, “Dehumanization Triumphant”, artigo publicado na revista First
Things, agosto/setembro de 1996.
100 Fonte: Pro-Life Infonet de 26 de junho de 2001
99
66
Nem todo holandês é a favor…
O motivo real dos ataques cometidos contra a vida
humana e contra a moralidade e a decência na Holanda é
que muitas igrejas cristãs holandesas se tornaram
secularizadas e indiferentes. De modo geral, a população
cristã holandesa não mostra interesse em assumir uma
posição cristã clara e forte a favor da vida humana. O Dr.
Bert Dorenbos, presidente da organização Clamor pela
Vida, crê que fortes pregações de reavivamento e muita
oração são o único meio de resgatar sua nação. O que
está acontecendo na Holanda é um aviso e sinal para o
mundo. Para que a Holanda possa se libertar da
eutanásia e suas maldições, as igrejas evangélicas, até
agora mudas em sua responsabilidade de dar um bom
testemunho para a sociedade, terão de abrir o coração
para o Espírito Santo e a boca por Cristo.
Mas nem todos os holandeses concordam com a eutanásia. Herman van der Kolk, advogado holandês,
comenta:
101
A eutanásia e o suicídio são meios de terminar a vida humana sem levar em consideração que a vida humana na terra é só parte da vida total, pois toda vida humana tem um destino eterno. A vida na terra é uma preparação para a eternidade. Ninguém pode decidir quando é que deve ocorrer o momento adequado para a transição, nem a própria pessoa nem ninguém mais. Só Deus pode decidir o momento adequado. Embora seja errado dar um fim numa vida, ajudar alguém a morrer é igualmente errado pois rouba a decisão das mãos de Deus.
102
Para o médico que não crê em Deus e na vida eterna, tudo não passa de ilusão. Um médico holandês disse que quando a dose não é suficiente para matar, o paciente geralmente tem alucinações com o inferno. Médicos
holandeses que praticam a eutanásia são orientados a
103
101
Pro-Life E-News. 5 de dezembro de 2000.
Herman van der Kolk, Update on the Slippery Slope on Euthanasia since 1997 (Juristen Vereniging Pro
Vita: Driebergen-Rijsenburg, Holanda, 1998).
102
67
buscar aconselhamento antes e depois de matar seus
pacientes. Eles buscam essa ajuda de psicólogos cuja
especialidade é tratar médicos que regularmente
praticam a eutanásia em pessoas. A descrença em Deus
não os livra de problemas com a própria consciência.
O Dr. Karel F. Gunning é presidente da Federação
Mundial dos Médicos que Respeitam a Vida Humana, cuja
sede fica na cidade de Roterdã, Holanda. Ele diz:
104
É claro, precisamos ajudar os pacientes que estão
morrendo, mas temos de ajudar a acabar com o sofrimento,
não com a vida. Se aceitarmos o assassinato de um paciente
como solução num caso específico, encontraremos centenas
de outros casos em que o assassinato também poderá ser
considerado como solução aceitável… a partir do momento em
que o médico tiver permissão de matar o primeiro paciente,
será uma questão de pouco tempo antes que ele mate o
segundo ou terceiro.
105
O médico holandês I. van der Sluis disse:
A vida não é uma qualidade. A morte não é um direito. E
esperar que a eutanásia permaneça voluntária não é ser
realista. Os médicos que praticam a eutanásia nos matarão com
nosso consentimento se tiverem permissão para fazer isso. E
nos matarão sem consentimento se não conseguirem
permissão. A eutanásia não é um direito. É a abolição de todos
os direitos.
106
Herbert Hendin, um médico americano que escreveu o livro Seduced by Death (Seduzido pela Morte) observa que 103
Pieter Huurman & Laurel T. Hughes, The Shocking Practice of Euthanasia in Holland,
documento apresentado na 4ª Conferência Internacional sobre os Direitos Humanos e
as Questões Sociais, Vida, Aborto e Eutanásia (Haia, Holanda, 8-12 de dezembro de
1998).
104 Veja o capítulo 109 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. ProLife Library CD-Rom. 2000 Human Life International.
105 Karel F. Gunning, Human Rights and Euthanasiain the Netherlands, documento
apresentado na 4ª Conferência Internacional sobre os Direitos Humanos e as Questões
Sociais, Vida, Aborto e Eutanásia (Haia, Holanda, 8-12 de dezembro de 1998).
106 Veja o capítulo 109 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. ProLife Library CD-Rom. 2000 Human Life International.
68
“a Holanda avançou de suicídio assistido para eutanásia; de eutanásia para os doentes terminais para eutanásia para os doentes crônicos; de eutanásia para doentes físicos para eutanásia para pessoas depressivas; e de eutanásia voluntária para eutanásia involuntária”. O Dr. Hendin afirma que toda restrição legal contra a eutanásia é quebrada impunemente. E a crescente aprovação entre os médicos holandeses de matar crianças está estimulando uma ação política para legalizar mais a eutanásia, e o partido socialista, que ocupa o ministério da saúde, está propondo que as crianças de mais de 12 anos tenham o direito de pedir eutanásia. 107
Eutanásia para o mundo inteiro?
A questão da eutanásia na Holanda é um problema que ameaça se expandir para toda a Europa e o mundo. A cidade de Haia, na Holanda, é hoje a sede da Corte Criminal Internacional (CCI), cuja função é julgar tudo o que a ONU interpreta como violação dos direitos humanos. É uma ironia bizarra que um tribunal internacional se
localize num país com o mais agressivo programa de
genocídio contra os idosos e deficientes. Nenhuma outra
nação “democrática” permite a eutanásia e o suicídio com
assistência médica na medida em que a Holanda aceita. E
essa prática está se tornando tão comum que os médicos
holandeses testemunham publicamente que participam
de casos em que crianças deficientes são mortas.
É possível entender a despreocupação da CCI com a
eutanásia holandesa como um dos sinais mais claros de
que há uma tendência cada vez maior a favor da
eutanásia nos países ricos. No Canadá, por exemplo, há
casos em que enfermeiras perderam o emprego porque
108
107
108
Mindy Belz, Dutch Treat, revista World (23 de maio de 1998).
Lifesite Daily News. 16 de julho, 1998, Toronto, Canadá.
69
escolheram não participar de procedimentos de aborto ou
atos de eutanásia.
Pouco antes do estabelecimento da CCI, Concerned
Women for America, organização evangélica presidida por
Beverly LaHaye , avisou:
109
110
A ONU planeja estabelecer um tribunal criminal mundial
com implicações de longo alcance para os cidadãos… Pela
primeira vez, um tribunal da ONU terá autoridade e poder para
julgar indivíduos de países membros da ONU. O tribunal
internacional terá jurisdição sobre casos de crimes de guerra,
genocídio e crimes contra a humanidade. Embora essa meta
pareça logicamente aceitável, recentes conferências mundiais
da ONU revelam que as definições que a ONU emprega são
sempre vagas e muitas vezes enganadoras. Por exemplo,
muitos grupos estão trabalhando para definir o aborto e a
conduta homossexual como “direitos humanos fundamentais”.
De acordo com essa definição, a Corte Criminal Internacional
poderá condenar indivíduos por cometer “crimes contra a
humanidade”. Portanto, dá para imaginar que uma pessoa que
proteste contra o aborto legal ou um pastor que fale contra a
homossexualidade poderá ser julgado por “crimes contra a
humanidade”, por “intolerância” e por “violações dos direitos
humanos fundamentais”.
111
As feministas e outros grupos radicais estão lutando para que a CCI coloque a oposição ao aborto legal como violação dos direitos humanos. Como esse tribunal tem jurisdição sobre todas as pessoas dos países que assinaram seu documento de compromisso, inclusive o Brasil, há o perigo de que, se for aprovada uma lei protegendo o aborto legal, os cristãos e outras pessoas que defendem a vida humana desde a concepção até a morte natural poderiam perder sua proteção legal e serem levados a julgamento internacional. Ativistas gays holandeses tentaram 109
Conscience Legislation Presented, LifeSite Daily News. 11 de fevereiro de 1999.
Toronto, Canadá.
110 Ela é co-autora de O Ato Conjugal, um dos livros mais vendidos da Editora Betânia.
111 The United Nations, Sovereignity, Concerned Women for America (www.cwfa.org), 15
de abril de 1998, Washingtton DC.
70
recentemente levar o papa a esse tribunal, apenas porque ele reconheceu corretamente que o homossexualismo é pecado. Não se sabe com certeza de que maneira a CCI usará sua autoridade futuramente.
Os frutos da medicina socializada
A profissão médica de hoje se preocupa mais com a questão econômica do que os médicos do passado. A disponibilidade do suicídio com ajuda médica é mais rápida e barata do que qualquer outra forma de tratamento médico. Por isso, os pacientes holandeses pobres ou cujos tratamentos são muitos caros são pressionados a “escolher” o suicídio com ajuda médica ou então são simplesmente “despachados” para a eternidade sem aviso prévio.
Ser idoso e doente na Holanda é uma experiência de
dar medo, pois os idosos sabem que são oficialmente
“descartáveis”. Eles são descartáveis porque a motivação
principal do sistema de saúde holandês não é a
assistência de saúde em si, mas a redução dos custos.
Esse é o legado mais desumano da ameaça chamada
medicina socializada. Pare para pensar na situação
delicada de um idoso holandês de 60 anos que
simplesmente não pode deixar de buscar assistência
médica num hospital. Ele está bem ciente dos seguintes
fatos:
Todo médico holandês recebe treinamento formal em
eutanásia nas faculdades de medicina. O custo exato de
cada tipo de tratamento para todas as doenças ou
ferimentos comuns é conhecido de antemão e registrado
para fácil referência e análise em cada caso individual.
Portanto, com base nas informações desses registros, o
médico clínico geral já tem a orientação do hospital para
aplicar, sem consentimento, injeções letais em pacientes
idosos cujo tratamento é considerado “caro demais”.
112
112
Veja o capítulo 109 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. ProLife Library CD-Rom. 2000 Human Life International.
71
O número de asilos para doentes e velhos na Holanda
diminuiu mais que 80 por cento nos últimos 20 anos, e a
expectativa de vida dos poucos idosos que permanecem
em tais asilos está se tornando cada vez mais curta. A
eutanásia involuntária é administrada até mesmo em
pacientes que não estão em fase terminal. A eutanásia
involuntária também é administrada para vítimas de
acidente e pessoas com reumatismo, diabetes, AIDS e
bronquite.
113
Problema tipo exportação?
Contudo, se tudo isso está ocorrendo nos países ricos,
por que os países em desenvolvimento deveriam se
preocupar? Porque a Europa e os EUA costumam sempre
exportar suas idéias e soluções para os outros países.
Pode-se dizer que a eutanásia é um problema tipo
exportação, pois sendo um país economicamente
avançado, a Holanda tem sido vista como modelo para o
mundo imitar. Maurice De Wachter, diretor do Instituto de
Bioética em Maastricht, declarou de forma preocupante
que “A Holanda é o que eu chamaria de um experimento
de ética médica que servirá de precedente… Há uma
prática crescendo [na Holanda] em que os médicos se
sentem à vontade ajudando os pacientes a morrer — em
outras palavras, eles se sentem à vontade matando os
pacientes”.
114
113
Veja o capítulo 109 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. ProLife Library CD-Rom. 2000 Human Life International.
114 John Henley, Associated Press. "Dutch Euthanasia Rule Stirs Ethical Conflicts." The
Oregonian, 11 de fevereiro de 1993, pág. A9. Citado no capítulo 112 de: Dr. Brian
Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. Pro-Life Library CD-Rom.  2000 Human
Life International.
72
Figura 6: — Desligue o aparelho de respirar, doutor! Esse homem assinou um
documento que declara que ele não quer ser mantido vivo por meios
artificiais! — Tudo bem! — Ele ainda está respirando! — Remova-lhe a
alimentação. Ele morrerá de fome em duas semanas! — Ué? O que você está
fazendo com o travesseiro, doutor? — Matar de falta de oxigênio é um ato
mais misericordioso do que matar de falta de alimento, não acha? — Boa
idéia, doutor!
Em 1990, houve o encontro da Federação Mundial das Sociedades do Direito de Morrer, na cidade de Maastricht, Holanda. Representantes de grupos a favor do “direito de morrer” da Colômbia, Espanha, Israel, Índia, África do Sul, Suécia, França, Bélgica Canadá, EUA e Japão se reuniram para aprender com os mestres holandeses a arte de praticar a eutanásia.
A Federação Mundial das Sociedades do Direito de Morrer tem como alvo espalhar a mensagem pró­eutanásia 115
115
Rita Maker, Euthanasia: Killing ou Caring? (Life Cycle Books: Toronto-Canadá,
1991), p. 8.
73
no mundo inteiro. Essa mensagem parece estar produzindo efeito nos médicos. Veja essa reportagem:
INGLATERRA: A POLÊMICA SOBRE
OS DOENTES ABANDONADOS PARA MORRER
Recentemente foi publicado na imprensa inglesa um
debate sobre as pessoas idosas nos hospitais cujo boletim
médico estava marcado com a instrução de não ressuscitar em
caso de crise. O que parece é que agora a idéia de abandonar
pessoas à morte não se limita aos idosos. Conforme informou o
jornal Telegraph (30 de maio de 2000), há a mesma atitude
com os deficientes, até mesmo os jovens. As crianças e os
jovens com problemas sérios de saúde internados são
marcados com a instrução de que os médicos não devem
ressuscitá-los se eles tiverem uma crise. A desculpa é que a
qualidade de vida deles seria tão limitada que não vale a pena,
de acordo com a opinião de algumas autoridades hospitalares,
mantê-los com vida.
Essa situação recebeu a atenção dos meios de
comunicação no caso do menino David Hargadon. Ele não
podia andar nem falar e os médicos tentaram convencer seus
pais a lhes dar permissão para deixar de dar assistência
médica ao menino, com o objetivo de deixá-lo morrer.
Conforme sua mãe comentou, os médicos os criticaram muito
por insistirem na continuidade do tratamento médico de seu
filho. Com apenas um ano de idade, David havia pego
pneumonia e embora estivesse internado num hospital os
médicos queriam negar-lhe o tratamento com antibióticos. A
mãe não aceitou isso e David sobreviveu. Um ano depois o
menino ficou novamente doente e os médicos voltaram a dar a
opinião de que deveriam deixá-lo morrer. Sua mãe não cedeu a
essas sugestões e os médicos tiveram de curar o menino.
Casualmente David morreu com a idade de doze anos, porém
sua mãe afirmou que ele gozou muitos anos de vida, apesar de
que o desejo dos médicos era deixá-lo morrer.
Referindo-se a esse caso, Richard Kramer, líder de uma
campanha de caridade em favor de doentes mentais, disse que
estava preocupado. Kramer observou que parece que a opinião
dos médicos é que os doentes com dificuldades para aprender
não são dignos do mesmo respeito que as outras pessoas.
Kramer declarou que é difícil avaliar a dimensão do problema,
porém expressou a preocupação de que alguns médicos
74
poderiam tomar esse tipo de decisão sem consultar os pais ou
a família.
116
Em 1999 a polícia de Londres, Inglaterra, investigou mais de 60 casos de aposentados idosos que morreram por falta de água e alimento em hospitais. Num dos casos, uma mulher de 80 anos foi para o hospital bem de saúde e alegre, mas com um problema de dor no joelho. Ela foi colocada em sedativos e ficou sem alimento até morrer. Em 1997, em Copenhagem, Dinamarca, a polícia acusou uma enfermeira e um médico de assassinato. Eles mataram 22 pessoas num asilo para idosos.
Apesar de que a Europa, principalmente a Holanda, esteja caminhando para um futuro mais aberto para a eutanásia, vale a pena lembrar aqui a recomendação da Assembléia Parlamentar do Conselho da Europa sobre os direitos dos doentes e dos que estão morrendo. A recomendação, que foi adotada em 1976, diz:
117
118
O médico deve fazer todo tipo de esforço para aliviar o sofrimento e ele não tem nenhum direito, mesmo em casos que lhe parecem desesperadores, de apressar intencionalmente o curso natural da morte.
119
116
Boletim eletrônico n.º 47, Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família (9 de maio de
2000).
117 Involuntary Euthanasia Rampant In England, Lifesite Daily News, 6 de dezembro de
1999, Toronto, Canadá.
118 Lifesite Daily News, 23 de outubro, 1997, Toronto, Canadá.
119 Matthijs de Blois, Euthanasia and the Right to Life (Dutch Lawyers Association Pro Vita: Odijk,
Holanda, 1998).
75
QUEM SUSTENTARÁ OS IDOSOS ?
Recentemente a CNN noticiou:
ESTOCOLMO — O lendário campeão sueco de tênis Bjorn
Borg pediu aos europeus que “produzissem” mais bebês a
fim de garantir que existam pessoas suficientes no futuro
para financiar as pensões dos aposentados do continente.
O jornal Dagens Industri publicou na sexta-feira passada um
anúncio em inglês em que Borg aparece rodeado de
parteiras.
“Temos um problema delicado no mundo ocidental: não
estão nascendo bebês suficientes”, diz o tenista no jornal.
“Se não acontecer nada drástico imediatamente não haverá
ninguém capaz de trabalhar para garantir nossas
pensões…”
120
Muitos especialistas que alertavam o mundo sobre
uma possível explosão demográfica agora se encontram
sem explicações convincentes para suas alegações.
Ninguém sabe como é que os países ricos conseguirão
sair das dificuldades que foram criadas por décadas de
campanhas que diziam aos casais que trazer mais seres
humanos ao mundo equivaleria a trazer mais problemas.
Agora o problema é justamente o contrário. A principal
preocupação das próximas décadas será um tamanho de
população economicamente ativa bem abaixo do normal
nas regiões ricas do mundo. Conforme mostra a ONU, a
maioria das nações industrializadas terá de abrir suas
portas para milhões e milhões de trabalhadores dos
países menos ricos para preencher as necessidades
econômicas de populações ricas envelhecidas.
ONU DIVULGA ADVERTÊNCIA DE QUE EM FUTURO PRÓXIMO A
POPULAÇÃO DE VÁRIOS PAÍSES RICOS ESTARÁ ABAIXO DO NÍVEL
NORMAL
120
http://cnn.com.br/2001/curiosidades/03/12/bjorn/index.html
76
Nova Iorque, 31 de março de 2000 — Indo contra décadas de
advertências sobre taxas de fertilidade altas e explosão demográfica, a ONU
publicou recentemente um relatório de um problema novo: declínio de
população. O Secretariado da Divisão de População da ONU diz em seu
relatório Replacement Migration que em muitos países a única esperança
de manter os atuais níveis de populações trabalhadoras é abrir as portas
para os imigrantes em números que muitos podem achar alarmantes.
O estudo examinou dados demográficos de oito países: França,
Alemanha, Itália, Japão, República da Coréia, a Federação Russa, o Reino
Unido e os Estados Unidos. O relatório reflete decisões políticas feitas por
governos durante meio século para diminuir a taxa de fertilidade de seus
cidadãos. O resultado é que muitos países estão experimentando um
fenômeno novo chamado "fertilidade abaixo do nível de substituição", que
significa que os casais não mais estão tendo bebês suficientes para
substituir os atuais trabalhadores. A ONU informou que 61 nações estão
agora com uma fertilidade bem baixa e o nível populacional de outros
países também já está se aproximando dessa situação crítica.
As conseqüências a longo prazo da baixa fertilidade são o
envelhecimento elevado da população e eventual declínio da população
jovem. Além disso, esses países enfrentam o problema da diminuição no
número total de trabalhadores entre 15 e 65 anos. O estudo prediz que o
número necessário de imigrantes para equilibrar a diminuição da população
é elevado. Os níveis de imigrantes necessários terão de ser muito grandes
para compensar as populações dos países ricos que estão envelhecendo e
diminuindo. O Japão, por exemplo, precisará receber 10 milhões de
imigrantes por ano para compensar o esvaziamento dos cidadãos em idade
ativa de trabalho. A União Européia precisará de 13 milhões por ano. O
relatório afirma que os líderes políticos terão nas próximas décadas de lutar
com muitas questões críticas por causa de dois fatores: envelhecimento da
população e resistência a imigração em massa. Já se considera a
possibilidade de que as leis estabeleçam que os trabalhadores se
aposentem com mais idade. Haverá também mudanças nos benefícios
médicos e previdenciários, e os trabalhadores ativos terão de pagar mais
para o sustento financeiro dos aposentados.
121
A única solução que a ONU consegue indicar para a grande perda de população jovem nos países ricos é receber mais imigrantes dos países em desenvolvimento. Mas talvez nem isso baste. O Sr. Paul Hewitt, diretor do projeto Iniciativa do Envelhecimento Global do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais em Washington, me explicou: “Soube recentemente que 17 por cento da população da Suíça nasceu no exterior. Mas o que é significativo é que 121 Conforme informações divulgadas pelo C-FAM, um instituto de defesa da família e dos
direitos humanos que monitora as atividades na ONU. Nova Iorque, 31 de março de 2000.
77
nada disso será suficiente para resgatar dramaticamente o sistema de aposentadoria dos idosos”.
122
O futuro dos EUA e da Europa
No curso dos próximos 25 anos, informa o boletim americano Population Research Institute Review, a estrutura de idade da população mundial continuará a mudar e os idosos serão uma parte cada vez maior da população total do mundo. As projeções oficiais das Nações Unidas indicam que na Europa e América do Norte a população idosa de mais de 65 anos crescerá e chegará a um total de 1 bilhão e 300 mil pessoas no ano 2025, enquanto a população de 0 a 14 está diminuindo sem parar. O envelhecimento da população e a diminuição no número de nascimentos e de jovens nos países desenvolvidos são um dos problemas mais dramáticos que o século 21 terá de enfrentar. Só na Alemanha há hoje quase 400 mil cidadãos com mais de 90 anos de idade. Em 2030 os idosos do Japão, Alemanha e Itália poderão passar dos 40% da população geral.
Os países da Europa já estão sentindo os profundos efeitos demográficos por causa do baixo índice de natalidade: Há um número cada vez menor de jovens na força de trabalho. O resultado é que haverá menos trabalhadores ativos para sustentar mais aposentados. Essa situação criará grande pressão nos sistemas de seguridade social e planos de aposentadoria. Causará também um enorme aumento nos custos de assistência à 123
124
125
122
Comunicação pessoal do Sr. Paul Hewitt para Julio Severo através de email, em 7
de julho de 2000.
123Population Research Institute Review (PRI: Front Royal-EUA, agosto-setembro de
1999), p. 4.
124Drª Nafis Sadik, Making a Difference: Twenty-five Years of UNFPA Experience (Fundo
de População das Nações Unidas: Nova Iorque-EUA, 1994), p. 48, 49.
125Situação da População Mundial (Fundo de População das Nações Unidas: Nova
Iorque-EUA, 1998), p. 11.
78
saúde. Não é sem razão, pois, que os países europeus estão sofrendo forte pressão para aceitar a eutanásia. Conforme as projeções da ONU, a Europa será a região do mundo mais atingida pelo envelhecimento. No ano de 2050, haverá quase três pessoas acima de 65 anos para cada jovem de menos de 15 anos. Um em cada três europeus terá mais de 60 anos. As outras regiões mais atingidas pelo envelhecimento serão a América do Norte, a Oceania, a Ásia e a América Latina, nessa ordem. O Prof. Michel Schooyans, da Universidade de Louvain na Bélgica, acha que essa situação “causará migrações incontroláveis, o colapso dos sistemas de previdência social e educação, conflitos entre as gerações mais jovens e as mais velhas…”
A situação européia é tão crítica que o Presidente da França, Jacques Chirac, exclamou: “A Europa está desaparecendo… Logo nossos países estarão vazios”. O perigo maior é que esse esvaziamento da população européia abrirá espaço e oportunidades para as multidões de muçulmanos ansiosos para habitar o continente europeu. Por séculos os muçulmanos tentaram invadir e dominar a Europa, sem sucesso. Contudo, hoje enquanto os europeus estão brincando de sexo, as famílias imigrantes muçulmanas estão multiplicando seus bebês aos milhares e educando­os fielmente na sua religião. Já que até os casais evangélicos europeus não mais desejam se multiplicar e criar uma geração para Jesus, as famílias muçulmanas querem aproveitar e encher o território europeu com seus próprios jovens para avançar o islamismo.
126
127
128
129
126
Dr. Brian Clowes, The Facts of Life (HLI: Front Royal-EUA, 1997), p. 300.
Research Institute Review (PRI: Front Royal-EUA, agosto-setembro de
1999), p. 4.
128Michel Schooyans, We Have Met the Enemy and He Is Us in Celebrate Life (American
Life League: Stafford-EUA, 1999), p. 13.
129George Grant, Grand Illusion: The Legacy of Planned Parenthood (Adroit Press;
Franklin-EUA, 1992), p. 39.
127Population
79
Mark Steyn escreveu no jornal Chicago Sun­Times de 27 de fevereiro de 2005:
“Os problemas da Europa — seus programas sociais que já estão fora das
possibilidades econômicas, sua demografia que já está no leito de morte, sua
dependência de números de imigrantes que nenhuma nação estável já conseguiu
absorver com sucesso — foram todos criados pela própria Europa. As projeções
de alguns especialistas indicam que 40 por cento da população da União Européia
será muçulmana no ano 2025. O que já é realidade é que semanalmente mais
pessoas freqüentam as orações de sexta nas mesquitas do que os cultos de
domingo nas igrejas cristãs”.
130
Problemas econômicos na área da saúde
Ao comentar a situação européia, um jornal britânico escreveu em 1993:
A História mostra que a diminuição da população jovem é um
fenômeno que pode colocar a economia em crise e até destruí-la. Essa
diminuição põe uma pesada carga sobre os jovens, que terão de
sustentar um número cada vez maior de velhos. Essa situação, em vez
de abrir espaço para a prosperidade, tende a fazer com que as
sociedades sejam destruídas, por causa da diminuição da compra e
venda de produtos e serviços e da diminuição das oportunidades.
131
Será que uma população jovem cada vez menor conseguirá continuar pagando as despesas médicas dos idosos? Hoje debate­se a questão da necessidade de controlar os gastos na assistência hospitalar aos idosos, e esse debate só tende a aumentar, pois vários problemas econômicos graves ameaçam em futuro próximo sobrecarregar completamente o sistema de saúde pública.
A preocupação maior é o fato de que as despesas geralmente aumentam nos últimos meses de vida de um idoso. Alguns países já estão colocando limites de idade para certos tratamentos. Quando consideram a questão da prestação de serviços de saúde, os especialistas médicos agora vêem os fatores econômicos como mais importantes do que as necessidades das pessoas. As elevadas despesas 130
http://www.suntimes.com/output/steyn/cst-edt-steyn27.html
Keane, Population and Development (HLI: Australia, 1994), p. 34
131Eamonn
80
que alguns pacientes dão estão levando muitos políticos, hospitais e médicos a verem a eutanásia como uma alternativa fácil e barata para resolver problemas econômicos. Na Suíça, o departamento de saúde de
Zurique autorizou oficialmente suicídios com assistência
médica nos asilos para idosos. No entanto, por motivos
óbvios, o governo não mencionou a questão dos gastos
dos idosos, mas preferiu se limitar a afirmar que a medida
foi tomada para “valorizar o direito de autodeterminação”
dos idosos.
Um ativista pró­eutanásia declarou:
132
A maioria dos estudantes de economia, principalmente economia na
área médica, concorda que é urgente e absoluta a necessidade de conter
os gastos médicos. A questão que nos divide é de que modo deveremos
fazer isso. O primeiro passo é admitir a cruel necessidade de racionar a
assistência médica. O segundo é limitar a assistência médica… Como é
que decidiremos quem deverá receber os escassos recursos médicos?… O
que deveremos mais considerar, obviamente, é a idade.
133
As sociedades de hoje que por motivos econômicos apóiam a limitação de nascimentos terão no futuro de apoiar, pelos mesmos motivos, a limitação no número de doentes, deficientes e idosos e outras pessoas que dão despesas pesadas para o governo.
Mais velhos, menos jovens
Em vários países avançados, as autoridades estão começando a se preocupar com o fato de que hoje há mais mortes do que nascimentos e mais idosos do que crianças. Uma das conseqüências mais sérias do envelhecimento da população é o risco de o sentimento de solidariedade entre as gerações sofrer danos. Essa perda de solidariedade poderia fazer com que as gerações brigassem para ver quem é que ficará com os recursos econômicos ou em quem esses 132
Pro-Life E-News, 21 de agosto de 2000.
Willard Gaylin. Citado no capítulo 106 de: Dr.Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s
Encyclopedia. Pro-Life Library CD-Rom.  2000 Human Life International.
133
81
recursos serão investidos: nos mais jovens ou nos mais velhos. É exatamente por causa da preocupação com os fatores econômicos que a eutanásia está ganhando a simpatia dos europeus e americanos materialistas.
Não há dúvida de que os idosos serão os candidatos mais fortes à eutanásia futuramente. Desde que começou a apoiar leis de aborto, os EUA e a Europa aprenderam a conviver com o desrespeito ao valor da vida humana. E esse desrespeito poderá se estender a qualquer grupo de pessoas que não se encaixar nos padrões da sociedade ou que for um peso grande demais para o estilo de vida egoísta, consumista e materialista das pessoas de hoje.
Por causa de fatores econômicos, os pais que escolheram ter menos filhos para ter mais bens materiais poderão algum dia não só ter menos pessoas para sustentá­
los, mas também enfrentar seus filhos igualmente materialistas que, por causa de fatores econômicos semelhantes, apoiarão a eutanásia para ajudar a sociedade a ter menos “velhos inúteis que só dão despesas”.
O envelhecimento da população vem sendo acompanhado pela destruição do sistema de apoio familiar tradicional que sustentava em casa as crianças, os dependentes e os idosos. Nos países desenvolvidos, a valorização de bens materiais é mais alta do que uma estrutura familiar tradicional onde a maior riqueza são os filhos e a própria unidade da família.
O Instituto de Pesquisa de População nos EUA, em seu boletim de janeiro de 2000, alerta:
134
Neste ano, pela primeira vez na História, haverá nos países industrializados mais pessoas com 60 anos do que crianças com a idade de até 14 anos. O crescimento da população idosa levará os velhos a dependerem mais de um número cada vez menor de jovens trabalhadores para sustentá­los… Com a queda mundial nas taxas de natalidade, o número de trabalhadores diminuirá. 134Situação
da População Mundial (Fundo de População das Nações Unidas: Nova
Iorque-EUA, 1998), p. 4.
82
As conseqüências econômicas da diminuição da população jovem virão em seguida. Conforme diz o economista Peter Drucker, são necessários trabalhadores para garantir a prosperidade e a estabilidade econômica de qualquer país. Em muitas nações por todo o mundo, será difícil, ou até mesmo impossível, uma população trabalhadora cada vez menor sustentar um número cada vez maior de aposentados.
135
O mesmo boletim dá a informação de que nos Estados Unidos a população economicamente ativa está diminuindo: “No começo de novembro de 1999, Alan Greenspan, Presidente do Federal Reserve, apresentou um relatório declarando que a diminuição no número de trabalhadores estava ameaçando a competitividade de mercado e a produtividade americana”. Uma das soluções que ele apontou para resolver esse grave problema é permitir a entrada de mais imigrantes nos EUA.
136
Por que há menos trabalhadores jovens?
Há muitos fatores que estão contribuindo para o baixo número de nascimentos hoje. As pessoas estão casando menos e os que querem se casar preferem entrar no matrimônio mais tarde, em grande parte para continuar estudando mais tempo. Enquanto no passado recente, e até nos tempos bíblicos, o casamento ocorria geralmente antes dos 18 anos para a mulher, hoje é bem depois dos 20 anos. Embora se casem mais tarde, os jovens estão tendo experiências sexuais cada vez mais cedo. Há também o crescimento no número de divórcios. E as famílias que sobrevivem à onda de divórcios e separações estão tendo menos e menos filhos. O que mais tem desanimado as famílias de hoje de querer mais que dois filhos são as responsabilidades profissionais do pai e da mãe que trabalham fora. Talvez a mudança mais profunda a atingir 135Population
Research Institute Review (PRI: Baltimore-EUA, janeiro-fevereiro de
2000), p. 10.
136Population Research Institute Review (PRI: Baltimore-EUA, janeiro-fevereiro de
2000), p. 8.
83
as famílias seja o relacionamento entre o casal e o trabalho profissional fora do lar nas décadas recentes. Essa mudança reflete a participação das esposas e mães no mercado de trabalho. A proporção de mulheres casadas que trabalham fora aumentou em todos os países industrializados. Na Austrália, por exemplo, a percentagem de mulheres casadas no mercado de trabalho fora do lar pulou de 29 por cento em 1966 para 53 por cento em 1998. Metade das mães australianas com filhos de menos de 4 anos de idade trabalham fora agora. No Reino Unido, em 60 por cento dos casais com filhos as mães trabalham fora. Nos Estados Unidos, a participação no mercado de trabalho das mulheres casadas com filhos de menos de 6 anos aumentou de 18 por cento em 1960 para 59 por cento em 1993. Mulheres casadas que trabalham fora costumam ter um ou dois filhos, ou às vezes nenhum. Isso bem pode explicar a diminuição no número de nascimentos.
A eutanásia, felizmente, não é realidade entre nós. Apesar de não ser economicamente tão avançado quanto as nações européias, o Brasil não está enfrentando a difícil situação de envelhecimento da população e escassez de jovens que a Europa já está começando a sofrer. Esse é o motivo mais importante para a ausência da eutanásia em nosso país. Mas o índice de natalidade está caindo entre nós, graças aos investimentos em massa que os EUA e a Europa fazem para reduzir a população jovem dos países menos desenvolvidos. Milhões de dólares são gastos para financiar a expansão dos programas de planejamento familiar, educação sexual e aborto legal no Brasil. Se essa situação continuar, futuramente o Brasil também terá de se preocupar com questões como envelhecimento da população, escassez de jovens e… eutanásia.
137
137
Kevim & Margaret Andrews, Rebuilding a Culture of Marriage, The Family in
America (The Howard Center: Rockford, EUA, outubro de 1998), p. 3.
84
Família: previdência natural
O dever dos filhos é retornar seu amor e assistência quando seus pais precisarem depender da ajuda de outros por causa da idade, pobreza ou doença. Há o exemplo bíblico do Rei Davi, que manteve os pais consigo e cuidou deles em sua velhice.
O Dr. Allan Carlson, presidente do Howard Center e líder evangélico pró­família, diz:
Nos séculos antes da existência da aposentadoria pública, os incentivos econômicos dentro da família uniam fortemente as gerações. Os adultos em seus anos produtivos sustentavam seus pais na velhice deles, pois essa era uma obrigação que o sistema cultural impunha. Ao mesmo tempo, esses adultos tinham um forte incentivo para gerar e criar filhos, para garantir a própria segurança e assistência no futuro. Em resumo, a família tradicional incentivava o nascimento de filhos. Contudo, sob o regime de seguro social cujo foco é a aposentadoria dos idosos, os incentivos mudaram. Comumente, agora os benefícios são pagos assim: através de impostos, a renda é transferida dos atuais trabalhadores para os atuais aposentados. Por causa disso, os laços de segurança econômica entre três gerações da família foram cortados. Hoje, ainda que um indivíduo não tenha nenhum filho, ele conseguirá melhorar seu padrão de vida sem interferência e sem sofrer conseqüências no futuro, pois os impostos já são compulsoriamente descontados da renda e da folha de pagamento. Aliás, a reação lógica então se torna: “Filhos custam muito dinheiro e tempo e fazem muito barulho. Que outra pessoa tenha os filhos que me sustentarão na minha velhice”.
138
O conceito de previdência social, com seu sistema de aposentadoria, tem uma existência relativamente recente. Nasceu há poucas décadas e não tem probabilidade de durar muitos anos. Por séculos o que existia era a “previdência natural”: Os filhos cuidavam dos pais na velhice e quanto mais filhos e filhas um homem tinha, 138
Dr. Allan Carlson, The Family, Public Policy & Democracy, The Family in America
(The Howard Center: Rockford, EUA, agosto de 1998), p. 4.
85
melhor “assistência” ele teria na velhice. Se os filhos eram cristãos fiéis a Jesus, os pais tinham o conforto e a segurança de passar seus últimos dias no acolhimento da própria família em vez de ficarem abandonados e deprimidos em algum asilo ou instituição de caridade.
Um dos Dez Mandamentos, por exemplo, ordena o respeito aos pais. E Jesus explica que uma maneira de respeitar os pais é dedicar uma parte de nossos recursos para ajudá­los. Respeitar, nesse sentido, seria também acolhê­los, uma prática que as famílias evangélicas do passado nunca deixaram de lado. E Jesus fortemente repreendeu os religiosos de sua época que não queriam praticar tal respeito. Ele disse que não devemos evitar essa responsabilidade nem mesmo com a desculpa de servir a Deus (cf. Mateus 15:3­6).
Hoje não precisamos mais “honrar” nossos pais, pois pensamos que o governo já faz isso através da previdência social. Mas até quando o governo terá condições de sustentar os idosos? Os governos europeus já estão enfrentando sérias dificuldades nessa área, porém mesmo que as famílias européias escolhessem cuidar de seus parentes idosos, por quanto tempo seria possível sustentá­
los?
Enquanto a família européia de um século atrás era constituída normalmente de um casal com uma média de seis filhos, a família européia de hoje é composta somente por uma ou duas crianças. Assim, se um casal europeu de hoje fosse precisar dos filhos para ajudá­los na velhice, eles só teriam um ou dois… Esse é um dos motivos por que os europeus acham mais fácil colocar os idosos em asilos.
A Bíblia diz: “Mas, se alguma mulher cristã tem viúvas na sua família, deve cuidar delas…” (1 Timóteo 5:16a BLH) Tanto o homem quanto a mulher devem honrar os pais, mas o significado óbvio dessa passagem é que Deus entregou principalmente às mulheres cristãs a 86
responsabilidade de tomar conta dos parentes dependentes. Mas o papel da mulher hoje tem sido tão radicalmente mudado pelas idéias feministas que as esposas têm tantas responsabilidades fora do lar que não lhes sobra tempo, e muitas vezes nem interesse, para desempenhar plenamente o importante chamado do lar que Deus lhes deu.
O livro De Volta Ao Lar, escrito pela ex­feminista Mary Pride, revela o motivo por que as famílias não mais são a principal fonte de assistência aos parentes dependentes:
Mas as pessoas esperam cada vez mais que o governo desempenhe
essa responsabilidade. O demógrafo Joseph McFalls, da Universidade
de Temple, comenta: “As famílias estão renunciando a algumas de
suas funções e as estão entregando ao governo. As famílias
costumavam ser responsáveis pela educação dos filhos e pela
assistência aos idosos. Mas agora é o governo que faz as duas coisas”.
O Dr. Allan Carlson diz:
Até mesmo o movimento de mulheres casadas entrando no
mercado de trabalho em décadas recentes tem uma ligação
especial com governos preocupados principalmente com
programas sociais. Os dados mais claros vêm da Dinamarca, e
mostram que o número de donas de casa nesse país diminuiu
em 579 mil mulheres, entre 1960 e 1981. Nesse período, o
número de empregados no setor público aumentou para 532
mil. Ao mesmo tempo, dois terços da expansão da força de
trabalho na Dinamarca ocorreram em apenas três áreas:
creches e assistência aos idosos (25%); hospitais (12%); e as
escolas (27%). Ajunte todos esses dados, e o que dá para ver é
mulheres deixando as tarefas de criar os filhos e cuidar dos
idosos no lar, a fim de trabalharem para o governo nos
mesmos tipos de empregos. Contudo, há uma diferença: elas
fazem esse trabalho com menos eficiência, pois as crianças e
idosos de quem elas agora cuidam não são parentes delas e
elas não têm nenhum interesse verdadeiro neles. Além disso,
elas recebem seus salários dos fundos obtidos mediante a
cobrança de mais impostos…
139
139
Dr. Allan Carlson, The Family, Public Policy & Democracy, The Family in America
(The Howard Center: Rockford, EUA, agosto de 1998), p. 5.
87
Esposas que trabalham, geralmente, preferem ter o
menor número possível de filhos. Essa preferência está
colaborando para trazer um futuro onde haverá menos
trabalhadores jovens para sustentar os aposentados.
Hoje os especialistas em questões demográficas
acham que está para vir uma situação de ameaça, onde
haverá muitos recursos, mas um número insuficiente de
pessoas para organizar e alimentar a maioria dos idosos.
Já que a mentalidade pró-eutanásia está se espalhando
em vários países, principalmente na Holanda, há razões
para nos preocuparmos que slogans tais como “morrer
com dignidade” e “morte com compaixão” serão
defendidos normalmente como uma solução para resolver
o complicado problema de sustentar uma população de
aposentados grande demais.
88
CONTROLE DA MORTALIDADE ?
Está ocorrendo um acontecimento sobre o qual é difícil falar,
mas sobre o qual é impossível permanecer de boca fechada.
Edmund Burke, estadista
inglês
140
Anos atrás, um seriado de TV apresentava uma perspectiva interessante de como seria a sociedade do futuro. O filme mostrava o drama de um jovem e uma moça para escapar de uma sociedade onde todas as áreas da existência humana eram controladas. Não havia desemprego nem miséria, pois todos os cidadãos desfrutavam o bem­estar que o sistema lhes proporcionava. Os homens e as mulheres podiam uns se entregar aos outros para prazer, alegria e diversão, sem se preocupar com as responsabilidades de um lar, crianças e idosos, porque o sistema tomava conta de tudo.
Essa sociedade tinha a liberdade de viver uma vida sexual totalmente livre da gravidez, pois a contracepção era perfeita. Além disso, havia um setor especial encarregado de criar um número planejado de bebês, que eram concebidos em laboratório. A única participação das pessoas na criação da vida era a doação dos espermatozóides e dos óvulos para fecundação. A fecundação, gestação, nascimento e criação estavam sob a responsabilidade dos especialistas autorizados pelo sistema. Na vida particular dos cidadãos, o sexo só existia para o prazer.
As pessoas tinham sido educadas a aceitar a procriação como uma das áreas de planejamento social do sistema. Com relação aos idosos, o sistema havia cegado 140
Citado no capítulo 112 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia.
Pro-Life Library CD-Rom. 2000 Human Life International.
89
completamente as pessoas à realidade da morte. Quando começava a mostrar os primeiros sinais de envelhecimento, por exemplo, um homem era condicionado a ansiar pela passagem de um ritual que a sociedade aceitava sem questionar.
Nesse ritual, todos se reuniam para celebrar, enquanto o homem entrava num círculo esotérico e desaparecia sob efeitos especiais. Esse desaparecimento era visto como uma experiência que marcava a passagem do homem para um nível de realização pessoal. A verdade é que todos os que alegremente entravam no misterioso círculo esotérico nunca mais voltavam. O ato de lançar a própria vida para o desconhecido havia se tornado motivo de celebração… e todos esperavam algum dia entrar nesse desconhecido. Mas o que eles não percebiam é que essa experiência era a morte. Por trás de tudo, a morte planejada era apenas um instrumento do sistema para controlar os gastos e o bem­
estar social.
Nessa sociedade futura, a liberdade de viver uma vida sexual sem filhos, sem casamento e sem velhice era vista como direito e privilégio. Todas as pessoas eram planejadas, da concepção à morte. A vida da população era totalmente controlada, do começo ao fim, sem que ninguém parasse para questionar que tudo o que eles haviam aprendido a ver como direitos e privilégios era, na verdade, a vontade das autoridades que governavam por trás daquele sistema.
Até que ponto esse sistema está longe da realidade?
Será que as tendências atuais poderiam, de alguma
maneira, levar a sociedade a um sistema desse tipo? O
editorial de uma revista médica comentou:
…o que prevalecerá no final é a nova ética de valor relativo, em vez de valor absoluto… pois o ser humano busca alcançar sua qualidade de vida desejada… Não se sabe ainda exatamente qual o papel que a medicina desempenhará quando essas mudanças ocorrerem. Mas é certeza que a medicina se envolverá 90
profundamente. O papel da medicina com relação à mudança nas atitudes para com o aborto pode bem ser uma amostra do que está para ocorrer… Podemos antecipar que os papéis da medicina mudarão mais à medida que os problemas do controle da natalidade e seleção de nascimentos se estenderem inevitavelmente à seleção da morte e controle da mortalidade à nível de sociedade e de cada pessoa… 141
Nascimentos planejados, mortes planejadas
Margaret Sanger disse:
Meu propósito não é depreciar os esforços dos socialistas
cujo alvo é criar uma nova sociedade, mas em vez disso frisar
o que me parece a maior e mais negligenciada verdade de
nossa época: Todos os esforços para criar um novo mundo e
uma nova civilização só terão sucesso quando a educação
sexual for incorporada como parte integral das políticas
mundiais e a importância fundamental do controle da
natalidade for reconhecida nos programas de ajuda financeira
às nações necessitadas.
142
141
4.
142
Franklin E. Payne Jr, Biblical/Ethical Medics (Mott Media Inc: Milford, EUA, 1985), p.
Margaret Sanger, The Pivot of Civilization (Brentano: Nova Iorque-EUA, 1922).
91
Figura 7: PESSOAS…
…COMO OS FANÁTICOS DA EXPLOSÃO POPULACIONAL AS VÊEM!
— Mais bocas para alimentar!
92
…COMO DEUS AS VÊ! — Cabeças para pensar! — Corações para
amar! — Mãos para trabalhar!
Um dos fatos mais marcantes do século XX foi que, graças ao controle da natalidade, pela primeira vez se tornou possível controlar eficientemente a fertilidade humana. Assim, tendo acesso aos modernos meios contraceptivos, os casais passaram a ter menos filhos e, como resultado direto, houve uma diminuição gradativa no tamanho da população, principalmente entre os mais jovens. Embora a população jovem do Brasil esteja também começando a diminuir devido a esse fator, essa tendência é mais acentuada na Europa e EUA, onde as famílias têm em média 1 ou 2 filhos. Muitos analistas consideram a situação atual dos países industrializados preocupante. Enquanto nesses países a população jovem está diminuindo devido ao uso em massa do planejamento familiar e do aborto legal, a população idosa está aumentando num ritmo sem precedentes. A conseqüência é que o número de aposentados está crescendo e o número de trabalhadores ativos, que sustentam todo o sistema de previdência social, está cada vez menor. Assim, agora até mesmo a rica Europa se encontra na difícil situação de gastar quase metade do seu PIB na previdência social.
143
BAIXA FERTILIDADE AMEAÇA APOSENTADORIA DOS IDOSOS NA
UNIÃO EUROPÉIA
Continua a aumentar o número de evidências de que anos
de políticas de controle populacional estão cobrando seu preço.
Líderes políticos da Europa acreditam que seus sistemas de
previdência social já estão começando a se desmoronar.
144
SISTEMAS DE PREVIDÊNCIA SOCIAL DA EUROPA PRONTOS
PARA SE DESMORONAR
143Population
Research Institute Review (PRI: Baltimore-EUA, janeiro-fevereiro de
1994), p. 4.
144 Nova Iorque, 4 de maio de 2000. Fonte: C-Fam.
93
O presidente da Comissão Européia, o italiano Romano
Prodi, recentemente advertiu os governos que por volta do ano
2025 quase um terço da população européia estará recebendo
aposentadoria. Prodi também advertiu que quase todas as
aposentadorias vão ser cobertas à custa dos governos, isto é, à
custa dos europeus que pagam impostos.
145
Para aliviar o problema da crescente diminuição da população economicamente ativa, países como Austrália, Japão, França, Nova Zelândia, Reino Unido e Estados Unidos estão estudando medidas para aumentar a idade de aposentadoria. De acordo com o Fundo de População das Nações Unidas, em breve o Canadá e a Finlândia só poderão dar aposentadoria para os que têm mais de 70 anos. No Japão, a idade atingirá o ponto mais elevado: 74 anos. França, Alemanha, Portugal, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos estão entre os países que precisarão elevar a idade mínima de aposentadoria para 67 anos ou mais.
Contudo, até mesmo essas medidas poderiam não resolver totalmente o problema. De acordo com o Banco Mundial, os sistemas de aposentadoria, financiados por contribuições deduzidas dos salários, não conseguirão funcionar por muito tempo. Existe uma incerteza considerável com relação ao futuro desses sistemas.
O Prof. Michel Schooyans, da Universidade de Louvain, na Bélgica, comenta:
146
147
Além disso, alguns confiáveis especialistas na elaboração de políticas
governamentais têm levantado a questão das despesas das pessoas
idosas nas sociedades desenvolvidas. Explicando de outra maneira, a
questão é se manter os idosos vivos é útil para a sociedade ou se os
“imperativos econômicos” recomendam recorrer à eutanásia.
148
145
Nova Iorque, 4 de maio de 2000. Fonte: C-Fam.
da População Mundial (Fundo de População das Nações Unidas: Nova
Iorque-EUA, 1998), p. 45.
147Idem, p. 46.
148Michel Schooyans, The Totalitarian Trend of Liberalism (Central Bureau: St. LouisEUA, 1995), p. 16.
146Situação
94
Embora já tenha provado as amargas conseqüências da eutanásia nazista no passado, a Alemanha corre o risco de considerá­la novamente, ainda que de forma mais atualizada e discreta, pois a previdência social alemã não terá condições de sustentar por muito tempo uma população idosa que não pára de crescer. A taxa de natalidade alemã hoje é menos de 2 filhos por família. Essa taxa, uma das mais baixas no mundo, equivale a um gradual suicídio demográfico.
O sociólogo Dr. Paul Marx revela que um dos responsáveis pelo baixo número de nascimentos na nação alemã são os 400 mil abortos cirúrgicos realizados legalmente todos os anos e os incontáveis milhões de micro­
abortos causados pela “pílula antibebê” (assim os alemães chamam a pílula anticoncepcional). Os serviços de saúde dão a pílula gratuitamente para meninas de 12 a 20 anos.
149
Crescimento do Islamismo na Alemanha
Com seus 82 milhões de habitantes e com mais mortes do que nascimentos, a Alemanha depende totalmente da imigração estrangeira para sobreviver no futuro. Há hoje 8 milhões de estrangeiros, principalmente muçulmanos, vivendo na Alemanha. Berlim é agora a segunda maior cidade muçulmana do mundo e 45% da cidade de Mannheim é muçulmana.
Os milionários muçulmanos estão comprando importantes companhias alemãs e o resultado é que 14% da Daimler­Benz pertencem ao Kuwait, 49% da Krupp pertencem ao Irã e 25% da Hoechst AG pertencem a um consórcio de países muçulmanos produtores de petróleo.
Há mais de 2 mil mesquitas e casas de orações para muçulmanos e o islamismo não só está crescendo, mas 150
151
149Dr.
Paul Marx, Special Report (HLI: Front Royal-EUA, junho de 1999), p. 4.
p. 5.
151Abd al-Masih, Is An Islamic World Empire Imminent? (Light of Life: Villach-Austria,
1994), p. 40, 41.
150Idem,
95
também é uma das três religiões com maior número de membros em toda a Alemanha. Antigo berço da Reforma protestante, a Alemanha está se tornando agora o berço de uma multiplicação muçulmana na Europa sem precedentes.
Algum dia os alemães se tornarão uma minoria dentro de seu próprio país, uma minoria constituída em grande parte por uma multidão de idosos economicamente inativos. Tudo porque as famílias de hoje se recusam a criar uma nova geração.
De acordo com os cálculos do conhecido demógrafo e historiador Pierre Chaunu, evangélico francês, a Alemanha está com o índice de natalidade tão baixo que corre o risco de chegar ao fim do século XXI com apenas 12 milhões de habitantes de sangue alemão, um número que é bem inferior aos 16 milhões de habitantes da cidade de São Paulo. O Dr. Chaunu escreveu em 1985:
152
153
Desde 1964 (o ano em que a maioria dos países europeus começou a
crescer economicamente), chegamos a um processo de colapso
reprodutivo jamais visto antes na História… A população européia está
morrendo rapidamente. A Alemanha pode ser considerada um país
morto, pois sua situação é irreversível (1 filho por mulher alemã,
enquanto uma média de 2 filhos por mulher é necessário para
substituir uma geração). Como é que podemos explicar essa implosão
e destruição demográfica? É óbvio que a maior parte da culpa pode
ser atribuída à revolução contraceptiva que começou em 1960.
154
Graças à contracepção e ao aborto legal, a Alemanha não terá futuro, só velhos. A solução para sustentá­los, através da previdência social, seria o governo aceitar anualmente milhões de imigrantes jovens dos países menos desenvolvidos ou então aceitar o controle da mortalidade para resolver o problema da sobrecarga econômica.
Utilizando os mesmos argumentos dos grupos pró­
aborto legal, os grupos pró­eutanásia espalhados pela 152Dr.
Paul Marx, Special Report (HLI: Front Royal-EUA, maio de 1999), p. 2.
Chaunu, Die Verhütete Zukunft. Citado em Dr. Paul Marx, Confessions of a
Prolife Missionary (HLI: Gaithersburg-EUA, 1988), p. 156.
154Citado in Dr. Paul Marx, Faithful for Life (HLI: Front Royal-EUA, 1997), p. 224.
153Pierre
96
Alemanha já estão oferecendo suas respostas “compassivas” a esse problema. Assim, a mesma “ética” que é usada para não permitir a “entrada” no mundo de bebês indesejados é usada para permitir a “saída” deste mundo de pessoas que não mais lhe são úteis. Enfim, a tecnologia “médica” dominando a vida humana do começo ao fim, controlando quem deve nascer e quem deve morrer.
Embora a Alemanha seja hoje líder absoluto na Europa e um dos países mais importantes do mundo, seu desenvolvimento econômico é forte à custa de fatores que a levarão ao colapso. Em 1995 houve 20 mil mais mortes do que nascimentos na Alemanha. Poucos nascimentos hoje significam menos trabalhadores e menos desenvolvimento amanhã. O médico alemão Dr. Alfred Häussler disse:
A pior característica desse trágico desenvolvimento é que ninguém
percebe e pára para analisar as causas desse desenvolvimento, pois
ninguém quer mudar seu estilo de vida. E até mesmo a Igreja Cristã e,
acima de tudo, o governo não estão preocupados.
155
As famílias muçulmanas preferem mais filhos a fim de expandir sua religião, enquanto os casais cristãos — mais preocupados com as coisas materiais do que com as coisas eternas — têm famílias cada vez menores. Infelizmente, nos países ricos de maioria cristã a sociedade vive para satisfazer os próprios prazeres e vê os idosos, os bebês e os deficientes como insuportáveis cargas financeiras.
No livro World Muslim Population Growth, de Abd al­
Masih, há a seguinte informação: “O islamismo está se expandindo hoje em todos os aspectos da vida e começou uma campanha mundial em todos os continentes. No entanto, o crescimento dessa religião não se baseia principalmente em atividades missionárias, trabalhos sociais ou guerras santas, mas no aumento natural 156
155Medizin
und Ideologie, junho de 1998, p. 3. Citado em Dr. Paul Marx, Special
Report, outubro de 1998, p. 2.
156Don Feder, Pagan America (Huntington House Publishers: Lafayette-EUA, 1993), p.
39.
97
mediante uma elevada taxa de natalidade” (o destaque é meu). Por causa de suas famílias que não param de aumentar, no mundo inteiro o islamismo está crescendo mais depressa do que todas as outras religiões. Abd al­Masih, ex­muçulmano e agora missionário evangélico, só vê uma maneira de os cristãos da Europa enfrentarem o avanço do islamismo em seus países:
157
158
Encorajar os cristãos a praticar de maneira positiva o
planejamento familiar: Devemos incentivar as famílias cristãs a ter
mais filhos. É errado crer que as famílias crentes devem ser as
primeiras a praticar o controle da natalidade. Pelo contrário, as
famílias evangélicas precisam nos dar filhos nascidos de novo, crentes
dispostos a servir onde for necessário, a fim de preencher as
necessidades cada vez maiores que o Reino de Jesus tem de servos
fiéis.
159
O Sr. Abd tem razão. Não faz sentido as famílias evangélicas serem as primeiras a praticar o planejamento familiar de modo negativo, enquanto as famílias muçulmanas estão aumentando como rebanhos. O conselho dele revela uma das melhores estratégias missionárias para enfrentar não só o avanço muçulmano, mas também enfrentar um futuro onde os governos terão menos condições de manter a previdência social e onde muitos idosos serão obrigados a depender mais dos filhos para a sobrevivência. Os muçulmanos que imigraram para
os países ricos estão usando os recursos desses países
para sustentar suas famílias numerosas. As famílias
cristãs não deveriam ser mais inteligentes do que eles?
As origens do controle de nascimentos
A partir do século XX, apesar de sua forte tradição cristã, os EUA e a Europa adotaram a visão da família pequena, porém os países muçulmanos continuaram tendo 157Pubicado
por Light of Life, Austria, 1990, p.3.
al-Masih, Is An Islamic World Empire Imminent? (Light of Life: Villach-Austria,
1994), p. 63.
159Abd al-Masih, The Main Challenges for Committed Christians in Serving Muslims
(Light of Life: Villach Austria, 1996), p. 74.
158Abd
98
famílias grandes. Embora Deus queira que os justos se multipliquem (cf. Salmo 107.38,41), a vontade dele é que os maus não deixem descendentes (cf. Salmo 37.28b,38). Embora ele queira que as famílias cristãs sejam grandes (cf. Salmo 107.38,41), o desejo dele é que as famílias dos maus encontrem a salvação em Jesus ou então diminuam completamente (cf. Salmo 37.38).
Entretanto, o que está acontecendo é justamente o contrário. Os muçulmanos estão praticando o planejamento de maneira bem positiva, enchendo assim o mundo com seus descendentes e ameaçando ocupar o espaço vazio que as nações “cristãs” estão querendo deixar para eles. Tudo isso porque os cristãos, com sua prática negativa de planejamento familiar, estão deixando como herança descendentes insuficientes para habitar a Europa futuramente. Uma muçulmana na Europa declarou: “Quanto mais filhos tivermos, melhor. Quando houver suficientes muçulmanos no mundo, então teremos a vitória mundial”.
As primeiras propagandas no século XX a promover a aceitação do controle da natalidade também tinham como alvo legalizar a eutanásia. De acordo com o líder presbiteriano George Grant, foi Margaret Sanger, feminista americana adepta da teosofia e do espiritismo, quem inventou o termo “controle da natalidade” e fundou a maior organização mundial especializada nessa área, a Federação Internacional de Planejamento Familiar.
Sanger não só esteve por trás da invenção da pílula anticoncepcional, mas também por trás das primeiras campanhas para convencer os governos a fornecer o planejamento familiar através de seus serviços de saúde. Ela cria que a aceitação do planejamento familiar acabaria levando à realização de um de seus maiores sonhos para a total liberação das mulheres: a legalização do aborto. Para 160
160Dr.
Brian Clowes, The Facts of Life (HLI: Front Royal-EUA, 1997), p. 132.
Special Report (HLI: Front Royal-EUA, novembro de 1998), p. 291.
99
ela e seus amigos socialistas, o aborto deliberado nada mais era do que uma prática de controle da natalidade para libertar as mulheres de uma vida dedicada à família. Coincidência ou não, o aborto é legal e amplamente praticado hoje justamente nos países avançados que mais usam os métodos de planejamento familiar e onde as mulheres são mais liberadas! O livro Grand Illusions, best­seller evangélico nos Estados Unidos, mostra que Sanger “apoiava abertamente os programas de eutanásia, contracepção, esterilização, aborto e assassinato de recém­nascidos da Alemanha nazista. Ela disse:
161
162
As riquezas individuais e nacionais estão sendo tiradas do
desenvolvimento e progresso da civilização, porque estamos pagando
o sustento de uma classe de pessoas que não pára de se multiplicar,
pessoas que jamais deveriam ter nascido.
163
Sanger queria destruir o Cristianismo e levar as pessoas a entrar numa “Nova Era”. Em seu primeiro jornal, The Woman Rebel (A Mulher Rebelde), ela confessou: “O controle da natalidade atrai os radicais mais avançados do socialismo porque sua prática mina a autoridade das igrejas cristãs. Algum dia espero ver a humanidade livre da tirania do Cristianismo…” A Enciclopédia Britânica define
controle da natalidade assim: “A limitação voluntária da
reprodução humana, usando tais meios como a
contracepção, a abstinência sexual, a esterilização
164
165
161Veja
dois livros escritos pelo Rev. George Grant: Killer Angel: a biography of planned
parenthood’s founder Margaret Sanger [Anjo Assassino: a biografia de Margaret
Sanger, a fundadora do planejamento familiar], publicado em 1995 por Ars Vitae Press
& The Reformer Library; e Grand Illusions: The Legacy of Planned Parenthood [Grandes
Ilusões: O Legado do Planejamento Familiar, publicado em 1992 por Adroit Press.]
162P. 61.
163Elasah Drogin, Margaret Sanger: Father of Modern Society (CUL Publications: New
Hope-EUA, 1989), p. 52.
164George Grant, Grand Illusion: The Legacy of Planned Parenthood (Adroit Press;
Franklin-EUA, 1992), pp. 64.
165George Grant, Grand Illusion: The Legacy of Planned Parenthood (Adroit Press;
Franklin-EUA, 1992), pp. 64, 65.
100
cirúrgica e o aborto provocado. O termo foi inventado em
1914-15 pela feminista americana Margaret Sanger”.
Em seu livro The Pivot of Civilization, Sanger fez vários elogios a Annie Besant, famosa teósofa do século XIX, que pregava que a causa dos problemas sociais da fome e desemprego eram as famílias numerosas. De acordo com Sanger, Besant foi pioneira nas campanhas para educar os casais a ter menos filhos. Em seu empenho de disseminar
informações sobre o planejamento familiar, ela se inspirou
no trabalho teosófico de Besant.
Hoje as maiores organizações internacionais de planejamento familiar tentam educar as pessoas a ver o aborto e a eutanásia como “direitos”. Nos países ricos, o termo direitos é constantemente invocado em favor da mulher grávida que não quer ter seu bebê e em favor de quem deseja ajuda médica para cometer suicídio, enquanto o direito fundamental à vida dos inocentes envolvidos é constantemente quebrado. Como disse um conhecido cristão: “A escolha em favor da vida não é questão de escolha pessoal, mas uma necessidade fundamental de uma sociedade justa e moralmente íntegra”.
166
A realidade da ligação entre aborto e eutanásia
Por mais estranho que possa parecer, a verdade é que o aborto e a eutanásia são questões bem ligadas. O Dr. Joseph Fletcher, pastor evangélico liberal, comenta:
Na ética médica a questão é: O que significa pertencer à raça
humana? Essa questão surge no começo e no fim da vida. Quando é
que podemos considerar que um ser humano nasce e morre? Suspeito
que não haja respostas. Os problemas do aborto e da eutanásia, de
modo direto ou indireto, colocam em risco a ética da iniciativa médica,
pois esses problemas são eticamente os mesmos e estão totalmente
ligados.
167
166
Veja o livro: Margaret Sanger, The Pivot of Civilization (Brentano: Nova Iorque-EUA,
1922).
167Dr. Paul Marx, The Death Peddlers (Saint John’s University: Collgeville-EUA, 1971), p.
168.
101
Em toda a Europa e Estados Unidos o aborto já foi legalizado e agora o envelhecimento de suas populações está sendo acompanhado por um crescente interesse no assunto da eutanásia. Há um fato quase assustador nessas duas práticas sociais. A prática de controlar quem deve nascer inevitavelmente levará à prática de controlar quem deve continuar vivo entre os idosos, os deficientes e os doentes.
168
Figura 8: — Ahh! Estou exausta! Estou cuidando de uma pessoa que não
consegue fazer absolutamente nada por si! — O tempo todo tenho de trocar
suas roupas de cama! Ela não pode andar nem falar! Ainda por cima, ela
ainda tem ataques de irritação… — Ela vai morrer? — Sim, acho que um dia
ela acabará morrendo… — O Dr. Morte está certo! A sociedade tem de tomar
algumas decisões difíceis com relação a esses idosos doentes! — Idosos? Eu
estava falando de minha neta de 3 meses!
Jacques Attali, ex­presidente do Banco Europeu, declarou: 168A
exceção é Malta, hoje o único país europeu cujas leis ainda protegem plenamente
os bebês na barriga de suas mãe. Cf. Dr. Brian Clowes, The Facts of Life (HLI: Front
Royal-EUA, 1997), p. 299.
102
Logo que passa da idade dos 60-65 anos, o ser humano já não tem
capacidade de viver uma vida produtiva e então custa muito dinheiro
para a sociedade… Aliás, do ponto de vista da sociedade, é preferível
que a “máquina” humana pare de repente, em vez de ir se
deteriorando aos poucos… A eutanásia se tornará um dos
instrumentos essenciais das sociedades futuras. De acordo com o
modo socialista de raciocinar, a questão deve ser resolvida da
seguinte forma: As pessoas devem ter liberdade, até mesmo a
liberdade fundamental de cometer suicídio. Portanto, na sociedade
socialista o direito ao suicídio, direta ou indiretamente, é um valor
absoluto.
169
Concordando com essa maneira de pensar, John
Hardwaig, professor de ética médica e filosofia social na
Universidade Estadual do Leste do Tennessee, EUA,
declarou:
No futuro, as pessoas poderão ter a responsabilidade de
terminar a própria vida [mesmo] que não tiverem uma doença
terminal… Elas poderão ter o dever de morrer até mesmo
quando prefeririam viver.
170
Outro especialista médico, o Dr. Robert H. Williams,
declarou numa revista médica:
Nossos planos para impedir o crescimento da população da
terra devem incluir a prática da eutanásia… Portanto, já que
devemos limitar o índice de aumento da população, devemos
também considerar bem a qualidade e a quantidade de
pessoas que são geradas… Sem dúvida não receberemos apoio
de todas as religiões, e seria melhor não forçá-las a aceitar
nossas idéias, a menos que a posição dessas religiões afete a
sociedade de modo negativo. Parece que a tentativa de
realizar mudanças importantes que permitam a eutanásia só
será uma decisão prudente depois que tivermos feito
importantes progressos em mudar as leis e as políticas sociais
sobre essa questão.
171
169Population
4.
Research Institute Review (PRI: Baltimore-EUA, março-abril de 1992), p.
170
"Is There a Duty to Die?" Hastings Center Report, March/April 1997. Citado em Dr.
Brian Clowes, Pro-Life Library CD-Rom.  2000 Human Life International.
171 Robert H. Williams, M.D. "Numbers, Types and Duration of Human Lives."
Northwest Medicine, July 1970, pages 493 to 496. Citado no capítulo 112 de: Dr. Brian
103
Não há dúvida que a humanidade está caminhando para uma sociedade futura onde tudo será controlado: não só os nascimentos, mas também as mortes deverão ser “planejadas”, de acordo com as futuras políticas de planejamento familiar e eutanásia. Aliás, nos países desenvolvidos, o aborto e a eutanásia são muitas vezes vistos como direitos agora. O documento To Care or To Kill?, do Family Research Council de Washington DC, diz:
Não se deixe enganar: Apesar do incessante clamor sobre direitos,
estamos realmente vivendo numa cultura de abandono. Nessa cultura,
a aceitação do suicídio com ajuda médica e da eutanásia é quase
inevitável. O alicerce de tudo isso, é claro, foi a legalização do aborto.
O aborto legal ensinou (e continua a ensinar) a sociedade a abandonar
as mães, e as mães a abandonar seus filhos. O divórcio (maridos e
esposas deixando ou abandonando uns aos outros) envia a mesma
mensagem. O compromisso de cuidar de outras pessoas… não mais
existe. As pessoas de hoje simplesmente não toleram aqueles que elas
não querem.
172
Direitos especiais estão sendo inventados com o propósito de levar a sociedade a se sentir na obrigação de limitar quem merece nascer e quem merece permanecer vivo entre os idosos, os deficientes e os doentes, a fim de que os recursos sociais sejam preservados.
Por que os idosos estão tão expostos à eutanásia hoje?
Porque as famílias perderam a visão de suas responsabilidades, principalmente com relação às futuras gerações (as crianças) e as gerações anteriores (os parentes idosos). Vale a pena repetir aqui a perspectiva do livro De Volta Ao Lar:
Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. Pro-Life Library CD-Rom.  2000 Human
Life International.
172 Teresa R. Wagner, To Care or To Kill? A Primer on the Moral, Policy, and Legal
Issues of “Assisted Suicide”, Euthanasia and Death on Demand (Family Research
Council: Washington, DC (EUA), 1999), pp. 5,6.
104
O demógrafo Joseph McFalls, da Universidade de Temple, comenta:
“As famílias estão renunciando a algumas de suas funções e as estão
entregando ao governo. As famílias costumavam ser responsáveis pela
educação dos filhos e pela assistência aos idosos. Mas agora é o
governo que faz as duas coisas”. Ele usa esse argumento para
demonstrar que no futuro o governo poderá intervir na área da
reprodução. Na China, por exemplo, desde a década de 70 o programa
de planejamento familiar do governo inclui esterilização e aborto, à
força, para todos os casais que já têm um filho. A política oficial do
governo comunista chinês proíbe as famílias de terem mais que um
bebê e pune até com torturas os “infratores”. Por isso, muitos
evangélicos chineses estão abandonando seu país, não só por causa
da perseguição religiosa, mas também por causa da política de
controle da natalidade. Em outros países do terceiro mundo, há
governos usando todos os tipos de medidas para forçar os casais a
utilizar o controle da natalidade, com o apoio da Federação
Internacional de Planejamento Familiar. Já na Holanda o governo é
“indiferente” à rotineira prática da eutanásia nos hospitais. (Eutanásia
é o ato de matar um doente, ou “ajudá-lo” a morrer, sob a alegação de
lhe aliviar as dores e o sofrimento.) Os médicos holandeses estão
aplicando a eutanásia principalmente em pacientes idosos. Isso mostra
claramente o que acaba acontecendo quando a família renuncia às
três responsabilidades que Deus lhe deu: o papel de mãe, a educação
das crianças e a assistência aos idosos.
Se não tomarmos uma posição bíblica agora, achando
que o problema não é nosso, perderemos a oportunidade
de viver profeticamente nesta geração e, principalmente,
perderemos a oportunidade de criar uma geração
profética para Jesus. O fato é que, mais cedo ou mais
tarde, os problemas que já estão aparecendo no horizonte
dos países ricos poderão se estender a outras nações.
Veja a seguinte notícia divulgada pela CNN:
BRASIL: CAI NÚMERO DE JOVENS E AUMENTA O DE IDOSOS, DIZ
IBGE
RIO DE JANEIRO (CNN) — O Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) divulgou, nesta sexta-feira, uma análise
denominada de “Tábua da Vida”, em que analisou a expectativa de
vida da população. O resultado, com base em dados dos últimos 50
anos, é de que os jovens já não são maioria e que os velhos são,
cada vez mais, um número maior entre os habitantes do Brasil.
Em 1940, segundo o IBGE, 42 por cento da população eram de
jovens de até 15 anos. Em 1999, esta faixa etária diminuiu para 30
por cento. Já os velhos, a faixa acima de 60 anos, passaram de
quatro para oito por cento. Uma projeção para daqui a 20 anos
105
revelou que esta tendência se manterá, ficando a população de
jovens em apenas 24 por cento e a de idosos, em 12 por cento…
O processo de transformação demográfica que vem levando a um
gradual envelhecimento da população tem, como uma das causas
principais, o declínio acentuado da fecundidade nas últimas
décadas.
A queda da fecundidade fez com que a média de filhos por mulher,
no país, caísse de 6,2 em 1950 para 2,3 em 1999…
173
173
http://www.cnnbrasil.com/2000/brasil/12/01/ibge/index.html
106
SUICÍDIO: A PORTA PARA ESCAPAR
DE UMA VIDA CHEIA DE PROBLEMAS?
O Dr. James Dobson, psicólogo de fama internacional, diz:
…o aborto legal está trazendo como conseqüência a diminuição no
número de jovens. Isso criará problemas enormes para nós daqui a
alguns anos. À medida que um grande número de pessoas for
chegando aos 50, 60 e 70 anos nos próximos anos, experimentaremos
uma crise grave no fornecimento da assistência à saúde. Haverá
menos trabalhadores jovens para sustentar essa multidão de gente se
aposentando, sobrecarregando assim a geração mais jovem com uma
pesada carga financeira.
174
O Dr. Dobson mencionou como o Dr. C. Everett Koop, ex­Ministro da Saúde dos EUA, vê essa situação:
Considere a pressão que se acumulará sobre um homem de 40 anos
que tem uma filha de 20 anos na faculdade e uma mãe de 60 anos
com câncer. O homem será responsável por todas as contas médicas
de sua mãe. Se a mãe precisar de quimioterapia e várias cirurgias
durante o avanço de sua doença, ele perderá a casa própria e sua filha
terá de sair da faculdade. Mas sua mãe não deixou de dar atenção a
esse fato. Ela já se sente uma carga para sua família, porém sua
doença agora ameaça levar a família à falência. Contudo, há uma
solução! Se, num gesto de honra, ela sair da vida um pouco mais cedo,
ela poderá proteger o bem-estar daqueles que ela ama. É desse modo
que muitos na geração mais idosa sofrerão uma pressão irresistível
para aceitar o suicídio com a ajuda de médicos.
175
174Adaptado
1990), p. 81.
175Idem.
de: Dr. James Dobson, Children At Risk (Word Publishing: Dallas-EUA,
107
Figura 9: Estou muito doente, mas estou disposta a gastar até o último
centavo de minha fortuna para melhorar. Como meu único herdeiro e
conselheiro, você tem alguma sugestão, querido? — Eu recomendaria o Dr.
Morte, vovó!
Nos EUA, o Estado do Oregon foi o primeiro a legalizar a eutanásia. Ali, os pobres e os vulneráveis têm acesso à assistência médica para cometer suicídio, mas ao mesmo tempo não têm acesso a muitos outros serviços médicos necessários. O Plano de Saúde do Oregon dá cobertura total ao suicídio com assistência médica, mas não dá cobertura adequada para o alívio de dores, etc. Em vez de ganharem mais opções durante uma fraqueza física, os pobres descobrem que têm opções mais limitadas, porque cuidar de sua saúde, nessas circunstâncias, custaria muito para a família e para o governo. Eles acabam sentindo, e com razão, que a vida deles é uma carga para os familiares. 108
Eles procuram então sair do caminho dos outros da forma mais barata.
Um fator bastante revelador sobre o Oregon é que as pesquisas religiosas mostram que esse é o Estado americano em que a população vai menos à igreja. Na opinião dos defensores da eutanásia, é muito difícil uma pessoa que não crê em Deus aceitar a idéia de que a vida é sagrada. Mas o problema maior hoje não é exatamente um ateísmo declarado, porém um humanismo bem camuflado. Humanismo é a idéia de que o próprio ser humano pode tomar suas decisões, até mesmo decisões de vida ou morte, sem ter de consultar ou se submeter a Deus. Ele pode até crer vagamente em Deus, mas obedece principalmente a seus desejos e vontades humanas.
Em que os humanistas acreditam? É o que vamos ver a seguir nos seguintes trechos extraídos diretamente do documento Manifesto Humanista:
176
Manifesto Humanista II:
•
Os humanistas crêem que o deísmo tradicional, principalmente fé
num Deus que as pessoas acham que as ama e cuida delas, um Deus
que as ouve e entende suas orações, é algo fora de moda que não
pode ser provado.
•
Promessas de salvação eterna ou medo de um inferno eterno são
ilusões prejudiciais que apenas distraem nossa atenção das coisas
importantes do presente, da nossa auto-realização…
•
Para aumentar a liberdade e a dignidade humana, os indivíduos
têm o direito de experimentar plena liberdade civil em todas as
sociedades. Isso inclui reconhecer que os indivíduos têm o direito de
morrer com dignidade e o direito à eutanásia e ao suicídio.
177
•
O direito ao controle da natalidade, ao aborto e ao divórcio devem
ser reconhecidos.
178
176
HLI Reports (HLI: Front Royal-EUA, fevereiro de 2000), p. 16.
Sedlak, Parent Power!! (Publicado pelo autor: Nova Iorque, 1992), p.
95,96,98.
178Idem, p. 97.
177James
109
Os humanistas acham que cada pessoa tem o direito de decidir moralmente o que é certo e errado para si, sem nenhuma interferência, até mesmo em questões de vida ou morte. Assim, o controle da natalidade, o aborto e a eutanásia se tornam direitos. Embora Deus tenha a sabedoria e a autoridade de decidir aspectos importantes da vida melhor do que limitados seres humanos, eles não vêem razão por que as pessoas não podem decidir livremente nessas áreas. Eles também não reconhecem o valor bíblico e social de um casamento que dura até a morte dos cônjuges. Aliás, eles não vêem nada de errado em casais se divorciando, casais vivendo juntos sem se casar, mulheres fazendo aborto e homossexuais “se casando”…
A noção de que cada pessoa tem a liberdade pessoal de decidir seus próprios valores morais é um conceito basicamente socialista e é evidente na maior parte das tentativas de legalizar certas práticas como se fossem “direitos”: aborto, homossexualismo, pornografia, eutanásia, drogas… Para a mente humanista ou socialista, não há dificuldade de aprovar o suicídio para os idosos doentes, pois não faria sentido o governo gastar dinheiro com pessoas que nunca poderão contribuir economicamente para a sociedade.
Nova Era
Embora os humanistas (que afirmam não crer em Deus) pareçam ser a principal força por trás das propagandas pró­eutanásia, há muitos “religiosos” envolvidos, principalmente os seguidores da Nova Era. De acordo com a jurista americana Constance Cumbey, os ecologistas e os adeptos da Nova Era, para acabar com o que eles chamam de explosão demográfica, defendem o aborto legal, o “controle da mortalidade” e a limitação forçada do tamanho 110
das famílias através do controle da natalidade. A Dr.ª Constance mostra como eles entendem o “controle da mortalidade”:
179
Os
adeptos da Nova Era apóiam as medidas legais e médicas para
aplicar a eutanásia, matar os pacientes de fome e retirar dos doentes
os aparelhos que os mantêm vivos.
180
Um aspecto desumano e cruel da sociedade moderna
é que o meio ambiente se tornou mais importante do que
as próprias pessoas que foram criadas para dominar e
usar a natureza. Isso tudo é conseqüência das idéias da
Nova Era. Há mais preocupação com os derramamentos
de petróleo, que ameaçam matar peixes, do que com a
eutanásia, que ameaça matar seres humanos vulneráveis.
Há mais preocupação com um ovo de águia do que com
um bebê que sofre ameaça do aborto legal. Para “salvar”
o que chamam de animais em extinção, alguns
ecologistas estão dispostos a extinguir seres humanos
inocentes.
Randall Baer, que foi um dos líderes mais destacados da Nova Era e hoje viaja extensivamente desmascarando esse movimento, diz:
Pelo fato de justificar vários tipos de assassinato, a filosofia da Nova
Era abre as portas para o fanatismo nazista. Com base na filosofia da
reencarnação e karma, a Nova Era consegue facilmente justificar o
aborto, a eutanásia, a esterilização racial e até mesmo assassinatos.
Essa filosofia diz que a alma é imortal. Portanto, a morte realmente
não existe. O que acontece é que a alma passa por uma reciclagem
antes de entrar num corpo em cada reencarnação. Metade da
população mundial hoje acredita nessa filosofia.
No infame livro Out on a Limb, de Shirley MacLaine, o mestre dela,
David, analisa o caso dos ônibus que sofreram um terrível acidente
numa estrada nas montanhas do Peru e o possível sentido desses
desastres. Ele responde: “Não há morte de verdade. Por isso, não há
nenhuma vítima”. De acordo com essa filosofia, o sofrimento é uma
ilusão, a morte é uma ilusão e as vítimas são uma ilusão. De acordo
179Constance
Cumbey, The Hidden Dangers of the Rainbow (Huntington House, Inc.:
Lafayette-EUA, 1983), p. 56,190.
180Idem, p. 119.
111
com essa definição, seja qual for a situação pela qual as pessoas
passem, tudo é bom para elas.
Com relação ao aborto, por exemplo, a Nova Era dá várias desculpas
para justificar esse ato de matar inocentes… Entre outras, essas
desculpas incluem:
•
Depois do aborto, a alma da criança poderá, através da
reencarnação, ser reciclada e colocada no corpo de outro feto algum
tempo mais tarde…
O que é mais perigoso e pervertido na Nova Era é que sua filosofia dá
desculpas totalmente lógicas para matar os inocentes e cometer todos
os tipos de injustiça… A lógica dessa filosofia é que, por ser imortal e
nunca morrer, a alma simplesmente fica se reencarnando…
181
A Bíblia mostra bem claramente que depois da morte as pessoas terão de prestar contas a Deus: “Cada pessoa tem de morrer uma vez só e depois ser julgada por Deus”. (Hebreus 9.27 BLH) Isso deveria ser suficiente para desanimar qualquer pecador de querer apressar para si mesmo ou para outros a ida para a eternidade. Contudo, os ensinos da Nova Era livram seus seguidores desse grave incomodo na consciência: “O seguidor da Nova Era… antecipando mais reencarnações, tem menos dificuldade de aceitar a eutanásia ativa quando uma existência terrena específica se torna incomoda demais…”
O moderno movimento Nova Era, que hoje possui uma vasta rede de organizações, começou em 1875 com a fundação da Sociedade Teosófica da Sra. Helena Petrovna Blavatsky. Seus seguidores criam na teoria da evolução e em espíritos guias. “Antes de morrer em 1891, a Sra.
Blavatsky escolheu sua discípula britânica Annie Besant
como sua sucessora. Besant, que havia sido uma cristã
devota antes de se encontrar com Blavatsky, se tornou
uma espírita dedicada depois. James Webb escreve: ‘A
Sra.
Besant
passou
por
uma
transformação
182
183
181Randall
N. Baer, Inside the New Age Nightmare (Huntington House, Inc.: LafayetteEUA, 1989), pp. 166,167.
182 The Howard Center/The Religion & Society Report/October 1990 Vol. 7, No.10.
183 Constance Cumbey, The Hidden Dangers of the Rainbow (Huntington House, Inc:
Lafayette-EUA, 1983), p. 44
112
extraordinária. Antes ela era esposa de um pastor
anglicano, depois virou uma propagandista de controle da
natalidade e teosofia… Arthur Nethercot, que escreveu a
biografia dela, disse que o modo rápido como a Sra.
Blavatsky dominou a Sra. Besant indica algum elemento
de lesbianismo no relacionamento’”. De acordo com a
Enciclopédia Britânica, Besant se destacava por seu
trabalho socialista.
O famoso escritor inglês Gilbert K. Chesterton
comentou: “A Sra. Besant, num artigo interessante,
anunciou que havia só uma religião no mundo, que todas
as religiões eram somente versões ou deturpações dela e
que ela estava bem preparada para dizer qual era. De
acordo com a Sra. Besant, essa Igreja universal era
simplesmente o eu”. O pensamento de Besant, uma das pioneiras da Nova Era, revela um tipo de humanismo religioso. Enquanto os humanistas afirmam que Deus não existe, os adeptos da Nova Era acreditam que o eu, isto é, nós mesmos somos Deus! Tanto o humanismo quanto a Nova Era acabam levando ao mesmo fim: o ser humano passa a ser o centro de tudo. Assim sendo, ele tem autoridade própria para controlar e decidir tudo.
Besant elogiava todas as religiões, como se todas
fossem iguais. Assim ela elogiou Maomé: “É impossível
para alguém que estuda a vida e o caráter do grande
Profeta da Arábia, que sabe como ele ensinou e como ele
viveu, não sentir reverência por esse Profeta poderoso,
um dos grandes mensageiros do Supremo”.
Besant escolheu trabalhar especialmente na Índia
para daí promover a Nova Era para o mundo. Foi também
na Índia, em 1953, que Margaret Sanger escolheu lançar
a Federação Internacional de Planejamento Familiar, cuja
diretoria incluía pessoas com fortes ligações com o
184
185
186
184
Lively/Abrams, Homosexuality in the Nazi Party. Lively Communications, Inc., Box 5271,
Salem, OR 97304.
185 Gilbert K. Chesterton, Ortodoxy (Dod, Mead & Company: Nova Iorque-EUA, 1908).
186 Annie Besant, The Life And Teachings of Muhammad, Madras, 1932, p. 4.
113
trabalho de Besant.
Por que a escolha da Índia?
Conforme a Sra. Blavatsky escreveu: “Os cristãos e os
cientistas têm de ser obrigados a respeitar seus
superiores da Índia”. Na verdade, ela muito respeitava o
profundo espiritismo da religião hindu.
Margaret Sanger nunca deixou de elogiar o trabalho
teosófico de Besant. Ela disse:
187
188
Quando foi julgada na Inglaterra em 1877 por publicar
informações sobre contraceptivos, a Sra. Annie Besant disse
sem rodeios: “Não tenho dúvida alguma de que se
permitíssemos que a natureza agisse entre os seres humanos
do mesmo modo como age no mundo animal, haveria
resultados melhores. Entre os animais selvagens, os mais
fracos ficam em situação difícil e os doentes perdem na corrida
da vida. Os animais velhos, quando ficam fracos ou doentes,
são mortos. Se as pessoas exigissem leis permitindo que os
doentes morressem sem a ajuda da medicina ou da ciência, se
os fracos fossem eliminados, se os velhos e inúteis fossem
mortos, se deixássemos morrer de fome os incapazes de obter
alimento para si mesmos, se tudo isso fosse feito, a luta pela
existência entre as pessoas seria tão real quanto é entre os
animais selvagens e sem dúvida alguma como conseqüência
produziria uma raça mais elevada de seres humanos. Mas
estamos dispostos a fazer isso ou a permitir que isso seja
feito?”
189
Eutanásia como suicídio
A maneira de pensar de Besant conduz diretamente à eutanásia, ainda que os ativistas da eutanásia de hoje não sejam tão ousados quanto ela a ponto de expor tão claramente suas idéias. Eles preferem se expressar de modo mais camuflado. Eles usam o seguinte argumento:
187
Veja: Katharine O'Keefe, American Eugenics Society 1922-1994 (Copyright February 3, 1993 by
Katharine O'Keefe).
188 Constance Cumbey, The Hidden Dangers of the Rainbow (Huntington House, Inc:
Lafayette-EUA, 1983), p. 44
189 Margaret Sanger, Woman and the New Race (Brentano: Nova Iorque-EUA, 1920).
114
Os indivíduos têm direito de cometer suicídio. Portanto, já que são
autônomos e governam a sim mesmos, eles têm direito à assistência
médica para se matar.
190
Se realmente cressem em plena autonomia, os defensores da eutanásia apoiariam a assistência de suicídio para todos, até mesmo para pessoas totalmente saudáveis. Mas o que a realidade mostra é que eles apóiam (pelo menos publicamente) o suicídio assistido apenas para os doentes terminais, os deficientes ou dependentes.
A defesa de um direito de morrer para os fracos e dependentes, mas não para os jovens e saudáveis, reflete a prontidão dos defensores da eutanásia para abandonar aqueles que estão em necessidade (não respeito pela autonomia) e ignora o grito de socorro que um pedido de suicídio representa.
A pergunta mais importante que devemos fazer com relação à eutanásia é: Quem é dono do nosso corpo? Somos nós? “Será que vocês não sabem que o corpo é o templo do Espírito Santo, que vive em vocês e foi dado por Deus? Vocês não pertencem a vocês mesmos, pois Deus os comprou e pagou o preço. Portanto, usem os seus corpos para a glória dele”. (1 Coríntios 6.19­20 BLH)
Agostinho, grande líder cristão do quarto século, escreveu:
191
Os cristãos não têm autoridade de cometer suicídio em circunstância
alguma. É importante observarmos que em nenhuma parte da Bíblia
Sagrada há mandamento ou permissão para cometer suicídio com a
finalidade de garantir a imortalidade ou para evitar ou escapar de
algum mal. Aliás, temos de compreender que o mandamento “Não
matarás” (Êxodo 20.13) proíbe matar a nós mesmos…
192
A Bíblia menciona vários casos de suicídio, sem fazer nenhum comentário direto. A posição cristã contra o 190Teresa
R. Wagner, To Care or To Kill (Family Reserch Council: Washington, D.C.,
1999), p. 11.
191Teresa R. Wagner, To Care or To Kill (Family Reserch Council: Washington, D.C.,
1999), p. 11.
192Dr. Brian Clowes, The Facts of Life (HLI: Front Royal-EUA, 1997), p. 122.
115
suicídio tem origem não nesses incidentes, mas no ensinamento bíblico geral de que quem dá a vida é Deus. O indivíduo que comete suicídio, então, está assassinando a vida que Deus lhe deu.
Todos os suicídios que a Bíblia registra são casos de indivíduos que de alguma forma se afastaram de Deus: Abimeleque (Juízes 9.50­55), Saul (1 Samuel 31.1­6; 1 Crônicas 10.1­14), Aquitofel (2 Samuel 17.23), Zimri (1 Reis 16.15­20) e Judas (Mateus 27.5; Atos 1.18). Não é possível incluir aqui o caso de Sansão, pois o plano principal dele não era tirar a própria vida, mas matar seus inimigos, ainda que isso significasse morrer junto com eles.
Tudo indica que Abimeleque, Saul, Aquitofel, Zimri e Judas cometeram suicídio para escapar do sofrimento e, no final, foram para um lugar de sofrimento muito maior: o inferno.
Compromisso com Deus diminui risco de suicídio e morte
O suicídio é uma decisão que, depois de cumprida, não deixa espaço algum para volta e arrependimento. É importante lembrar que, por maior que sejam os problemas pessoais, por maior que seja o sofrimento físico, enquanto a pessoa está viva ela pode clamar a Deus e receber uma resposta. Deus promete que quando o chamarmos com sinceridade e persistência, ele nos responderá e estará conosco nas horas de aflição (cf. Salmo 91.15). Ele quer trazer a cura miraculosa de que precisamos, mas ainda que não consigamos tomar posse dela aqui, Jesus promete estar com seus seguidores fiéis até o fim, até mesmo nos piores sofrimentos (cf. Mateus 28:20). É melhor se entregar a ele em fé, do que se entregar às idéias de suicídio.
Até mesmo estudos seculares mostram que a pessoa que se apega a Deus tem maior proteção emocional contra pensamentos de suicídio. O Dr. Paul Vitz diz:
116
O compromisso religioso reduz a probabilidade de suicídio. Um estudo de grande escala (Comstock & Partridge, 1972) constatou que aqueles que não freqüentavam uma igreja tinham uma inclinação ao suicídio dez vezes maior do que aqueles que freqüentavam. Doze estudos mais recentes têm demonstrado que um compromisso religioso reduz muito a tendência comportamental de ver o suicídio como uma saída dos problemas. Os que tinham um compromisso religioso experimentaram menos impulsos suicidas (Minear & Brush, 1980­81; Paykel e outros, 1974) e atitudes mais críticas para com o suicídio (Bascue e outros, 1983; Hoelter, 1979). Além do mais, a nível nacional nos EUA as taxas de suicídio estão ligadas a uma redução na freqüência à igreja (Martin, 1984; Stack, 1983a: Stark e outros, 1983). Esse único fator é um indicador mais eficaz para indicar taxas de suicídio do que fatores tais como desemprego (Stack, 1983a). 193
Uma pesquisa americana afirma:
Não só é verdade que a família que ora unida permanece unida, mas a família, ou pessoa, que ora vive mais — ponto final. Ouvir o Evangelho na igreja pode significar boas notícias, de um modo diferente, para quem freqüenta uma igreja: um novo estudo constatou que quem vai a igreja tem menos risco de morrer. Escrevendo no boletim Demography, Robert A. Hummer, Richard G. Rogers, Charles B. Nam e Christopher G. Ellison observam que uma longa linha de estudos associa a vida religiosa à saúde mental e física. Tal caso é realidade mesmo quando se leva em consideração fatores como diferenças de comportamento entre quem vai e não vai a igreja (por exemplo, quem vai a igreja tem menos inclinação de se envolver com drogas, álcool ou em conduta sexual de alto risco). Um dos estudos observou a ligação ente a mortalidade e os feriados religiosos: os idosos têm menos chance de morrer quando se aproxima a data de seus mais importantes feriados religiosos. O estudo em questão usou dados do arquivo National Health Institute Survey and the Multiple Cause of Death para examinar a 193
Paul Vitz, A Preferential Option for the Family: Political and Religious Responses,
Family in America (The Howard Center for Family, Religion & Society: Rockford, IL, EUA,
junho de 1998), p. 4.
117
conexão entre freqüência a uma igreja e mortalidade numa amostra de 21.204 adultos.
194
194
“Go to Church, Live Longer”, pesquisa publicada em Family in America (The Howard
Center for Family, Religion & Society: Rockford, IL, EUA, agosto de 1999), p. 1 (encarte
new research).
118
DEPRESSÃO: A ORIGEM DO DESEJO DE MORRER
Emil Brunner disse: “O que o oxigênio é para os pulmões, a esperança é para o sentido da vida”. A falta de esperança ou sentido na vida quase sempre acaba levando à depressão. Esse problema sério atinge até mesmo jovens que não têm deficiência física.
O maior causador da depressão em muitos casos é o sentimento de solidão. Esse sentimento pode estar presente de diferentes maneiras em pessoas de todas as idades. Nenhuma criança ou adulto é imune a seus ataques.
Pesquisas revelam que a solidão é o maior problema que os adolescentes de hoje enfrentam. Em seu livro Lonely, But Never Alone (Solitário, Mas Nunca Sozinho), Nicky Cruz concluiu:
195
Embora alguns suicídios sejam provocados por drogas, a maioria dos
suicídios e tentativas de suicídio tem como origem a infelicidade, o
medo ou a solidão. Os que recorrem ao suicídio sentem-se sós no
mundo.
196
O especialista em ética Paul Ramsey diz: “Se o ferrão da morte é o pecado, o ferrão de quem está morrendo é a solidão. O abandono sufoca mais do que a própria morte, e dá mais medo”. As mudanças nas atuais estruturas sociais estão deixando as pessoas mais vulneráveis à solidão.
Há um século, a maioria absoluta dos lares era normalmente composta de muitas crianças e jovens, e os avós. Havia muita companhia. O centro da vida espiritual e social era o lar. Como não havia ainda o moderno sistema 197
195Citado
por Billy Graham. Revista Decision (Billy Graham Evangelistic Association:
Minneapolis-EUA, 1990), p. 1.
196J. Oswald Sanders, Facing Loneliness (Discovery House Publishers: Grand RapidsEUA, 1988), pp. 35,36.
197 Beth Spring & Ed Larson, Euthanasia, Spiritual, Medical & Legal Issues in Terminal
Health Care (Multnomah Press: Portland, Oregon (EUA), 1988), p. 173.
119
de previdência social, os idosos eram sustentados pelos filhos e conviviam com os netos. As crianças nasciam na própria casa, e os amigos e os parentes ficavam ao redor da mãe grávida.
O lar era o lugar em que os parentes deficientes recebiam carinho e assistência material e espiritual. O lar também era o lugar em que os parentes doentes ou idosos morriam no aconchego da família, não no ambiente frio e indiferente dos agitados hospitais. Por causa dessa união familiar, a grande maioria das pessoas não estava aberta a aceitar o suicídio como solução para o sofrimento. A força da família prevalecia contra as más idéias e influências.
Em seu livro When Is Right To Die? (Quando é Certo Morrer?), Joni Eareckson Tada, que ficou paralítica do pescoço para baixo por causa de um grave acidente, diz:
Jamais foi a intenção do nosso Criador que carregássemos
sozinhos uma carga de sofrimento. Esse é o propósito de as pessoas
viverem espiritualmente unidas — Deus deliberadamente planejou
as pessoas para precisarem umas das outras. Se queremos que
nossas necessidades mais íntimas sejam supridas, temos de nos
unir com pessoas de esperança e fé.
198
Joni reconhece que temos necessidade de companhia de pessoas de fé e esperança. No passado recente, a maior parte dos lares cristãos supria bem tal necessidade e era um lugar onde crianças, jovens, adultos e idosos riam e choravam juntos, trabalhavam e brincavam juntos. Mas agora as pressões são tantas que os lares têm menos espaço para crianças e mais espaço para o materialismo. As tendências sociais estão tornando os lares um lugar tumultuado onde é difícil encontrar companhia. Essa mudança carrega dentro de si não só as sementes da desolação, mas também têm causado distanciamento entre as pessoas dentro da própria família, o que é um solo fértil para a solidão.
198Citado
in: Living (Lutherans for Life: Benton-EUA, inverno de 1995), p. 13.
120
Considere, por exemplo, a solidão que existe na vida das famílias chinesas, onde os casais só têm autorização de ter um único filho, que passará grande parte de sua infância não no lar, mas em instituições estatais de educação. Mesmo que a criança pudesse permanecer mais em casa, não haveria ninguém para cuidar dela, pois as leis e costumes atuais chineses, seguindo fielmente as idéias socialistas, estabelecem que tanto o marido quanto a esposa têm a obrigação de sair para trabalhar fora no mercado de trabalho.
A política de planejamento familiar do governo socialista da China só permite um filho por casal, e toda gravidez extra é sentenciada a um aborto médico forçado pelas autoridades. As conseqüências futuras? A população idosa terá, de modo geral, só um filho vivo para ajudá­los. O futuro da China será dominado por multidões de idosos solitários.
Dificuldades para as famílias de hoje
Além disso, o congestionado modo de vida nos conjuntos habitacionais populares desencoraja o desenvolvimento de relacionamentos calorosos e duradouros com outras famílias no conjunto. O estilo de vida das pessoas que vivem em apartamentos também impede a formação desses relacionamentos íntimos tão essenciais para o desenvolvimento saudável de uma família que está crescendo.
Nesse tipo de estrutura social, o idoso acaba inevitavelmente sendo colocado num asilo. Os homens e as mulheres que vivem confinados em asilos são solitários porque estão separados dos amigos e familiares. Na Europa e EUA, o padrão agora é o idoso fora ou distante da família. Uma das conseqüências é que os idosos estão recorrendo às drogas. O noticiário da CNN de 14 de janeiro de 2001 revela:
121
Aumenta o número de idosos alcoólatras e dependentes de drogas
nos EUA. Um estudo realizado pelo governo norte-americano
revelou que 17 por cento das pessoas com idade acima de 60
anos nos Estados Unidos são dependentes de álcool e de drogas
que exigem prescrição médica.
199
Além da solidão, outra questão séria é que uma
população idosa tende a enfrentar mais doenças crônicas
e necessitar de mais assistência. As despesas com a
saúde também são elevadas na velhice.
Agora que os especialistas estão acordando para a
realidade de que o governo não poderá sustentar por
muito tempo os idosos, seria o momento ideal de a família
voltar a assumir sua responsabilidade tradicional para
com os parentes dependentes. Nenhuma instituição
governamental ou particular consegue se igualar à
assistência de carinho e atenção que só uma família
saudável pode oferecer. Mas as famílias estão diminuindo,
em grande parte devido ao sucesso das práticas
negativas de planejamento familiar. E em muitos casos o
divórcio está destruindo os lares. A família enfrenta
grandes dificuldades para desempenhar seu papel
tradicional de cuidado de crianças e idosos.
Uma das dificuldades é que as famílias estão sofrendo
importantes mudanças. De acordo com a tendência de
hoje, as esposas jamais devem depender do marido, nem
os idosos depender dos filhos adultos, nem as crianças
pequenas depender dos pais. Em vez disso, os cidadãos
são condicionados a depender do governo. Para as
esposas, o governo dá condiçóes para trabalhar fora. Para
as crianças, creches. Para os idosos, asilos. Assim, a
família se torna até certo ponto descartável. Mas o
governo não tem conseguido preencher as funções
espirituais e emocionais que a família foi divinamente
projetada para preencher, principalmente quando está
unida a Deus.
199
http://cnn.com.br/2001/saude/01/12/dependencia/index.html
122
Por que as pessoas querem a eutanásia
A desestabilização da família é o principal motivo do aumento dos casos de depressão nos idosos, doentes e deficientes nos países ricos. E, na maioria dos casos, a depressão é a responsável pelos desejos e atos de suicídio. É um fato bem conhecido que muitas tentativas de suicídio são uma forma que um indivíduo encontrou de expressar sua necessidade de socorro. O termo “depressão” tem dois significados relacionados. Uma pessoa saudável normal sofre mudanças de temperamento e fica deprimida às vezes, mas esse não é o tipo de depressão que os psiquiatras discutem e tratam. Diz­se que uma pessoa está deprimida quando a profundidade ou duração da depressão vai além do que as pessoas saudáveis experimentam. Os psiquiatras definem a depressão como uma desordem mental caracterizada por prolongados sentimentos de desespero e rejeição, muitas vezes acompanhados de cansaço, dores de cabeça e outros sintomas físicos.
De acordo com a CNN, a Organização Mundial de
Saúde prevê depressão como segunda maior causa de
morte em 20 anos. A depressão será a segunda maior
causa de morte e incapacidade no mundo, principalmente
nos países industrializados, até 2020, e os distúrbios
mentais e neurológicos, como Alzheimer e epilepsia, que
já afetam 400 milhões de pessoas, deverão aumentar nos
próximos 20 anos, alertou a Organização Mundial de
Saúde.
Assim, enquanto por motivos econômicos e demográficos alguns políticos, filósofos e médicos estarão justificando a eutanásia como solução, fatores como a depressão poderão dar aos doentes e aos idosos a disposição necessária para aceitá­la.
200
201
200J.
C. Willke, Assisted Suicide & Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA,
1998), p. 103,104.
201 http://cnn.com.br/2001/saude/01/09/depressao/index.html
123
Os defensores da eutanásia promovem o chamado “direito de morrer” como uma forma melhor e mais aceitável de cometer suicídio. A depressão, grave doença crônica e opressão espiritual tornam o suicídio uma opção para quem se encontra doente e desgostoso com a própria existência. Mas, já que o termo suicídio parece pesado e desagradável, o direito de morrer passou a ser utilizado como uma palavra substituta, embora tenha basicamente o mesmo significado e as mesmas conseqüências.
Eutanásia, medicina e a Palavra de Deus
Contudo, quando examinamos essa questão com a ajuda do Espírito Santo e sua Palavra escrita, podemos ver bem claramente que a autoridade de dar ou tirar a vida pertence somente a Deus. A autoridade dele também abrange os doentes, os deficientes, os recém­nascidos com graves problemas de saúde, etc. (cf. Êxodo 4.11).
Não só a Bíblia, mas também os homens mais íntegros da medicina sempre reconheceram que não compete ao ser humano julgar o valor de uma vida inocente, principalmente nas situações envolvendo vulnerabilidade física, emocional e espiritual. Para esses homens, a preservação da vida e da saúde sempre foi a meta mais importante da medicina. Hipócrates, considerado o pai da medicina, disse:
Não darei a ninguém nenhum medicamento mortal, mesmo que me
peçam, nem darei conselhos nesse sentido. Da mesma forma, não
darei a uma mulher nada que produza aborto.
202
Essa declaração também é conhecida como juramento de Hipócrates, que os estudantes de medicina sempre fizeram. Esse antigo juramento coloca o médico na posição de protetor, não destruidor, da vida. A Associação Médica Mundial é clara com relação às responsabilidades dos 202Dr.
& Mrs. J. C. Willke, Abortion: Questions & Answers (Hayes Publishing Company,
Inc.: Cincinnati-EUA, 1990), p. 189.
124
médicos e recomendou que os profissionais da medicina façam o seguinte juramento:
Comprometo-me solenemente a consagrar minha vida para servir a
humanidade… Exercerei minha profissão com consciência e dignidade.
Minha principal consideração será a saúde do meu paciente… Manterei
o máximo respeito pela vida humana, desde o momento da
concepção.
203
A Associação Médica Americana declarou, em 1997, que a depressão clínica é a maior evidência de que o doente terá desejo de cometer suicídio e mostrou que a grande maioria dos que se matam não escolheu o suicídio por causa de algum problema de dor física intratável. Só 4% dos suicidas são doentes terminais, e geralmente eles estão sofrendo de alguma doença mental tratável. O problema de dor insuportável não é o fator responsável pela esmagadora atitude pró­suicídio nos países avançados. A Associação Médica Americana diz: “Não há nenhuma prova de que um número crescente de doentes esteja morrendo com dores intensas. Pelo contrário, os meios potenciais para controlar a dor progrediram recentemente… As dores da maioria dos doentes terminais podem ser controladas durante o processo em que o paciente está morrendo sem que se precise recorrer a doses pesadas de sedativos e anestesia. Para um número bem pequeno de pacientes, pode ser necessário fazer o doente dormir mediante sedativos em seus últimos dias de vida a fim de impedi­lo de sofrer dores intensas… Considerando o fato de que há hoje mais e mais meios de controlar as dores, não é de surpreender que as reivindicações de suicídio mediante assistência médica não estejam vindo principalmente de doentes que estão buscando alívio de dores físicas… Os sintomas de 203Dr.
& Mrs. J. C. Willke, Abortion: Questions & Answers (Hayes Publishing Company,
Inc.: Cincinnati-EUA, 1990), p. 190,191.
125
intolerável dor física não são o motivo por que a maioria dos pacientes pede a eutanásia”.
A principal causa da depressão em pacientes
terminais são as dores que não foram controladas ou
foram mal controladas. As pessoas conseguem agüentar
razoavelmente até certo ponto quando acreditam que a
dor será eliminada, mas se o paciente perde a esperança
de que a dor será controlada e crê que a dor nunca
acabará, ele pode acabar em séria depressão. É uma
situação infeliz, principalmente porque os atuais recursos
da medicina permitem controlar as dores físicas.
O desespero leva o doente depressivo a recorrer a qualquer meio que o livre do sofrimento, inclusive uma morte deliberada. O movimento pró­eutanásia se aproveita dos casos mais tristes de pessoas doentes para atacar o respeito tradicional pela santidade da vida humana e para defender o “direito de morrer” para elas. Não há dúvida que muitos doentes depressivos não desprezariam a oportunidade de receber o direito de morrer. Uma pessoa desesperada, doente ou saudável, é capaz de fazer qualquer coisa para fugir do sofrimento.
204
205
As limitações da medicina
Há muitos recursos modernos para controlar as dores físicas, porém precisamos entender e reconhecer que há também necessidades espirituais e que o ser humano, tendo ou não um diploma de médico, não tem todas as respostas e soluções para o sofrimento dos outros ou até de si mesmo. Só Deus tem essas respostas. Ele tem soluções adequadas para todas as nossas necessidades, físicas ou não.
Apesar de que a medicina oferece muitos recursos, não devemos fazer como Asa, que “confiou nos médicos” (cf. 2 204J.
C. Willke, Assisted Suicide & Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA,
1998), p. 109,110.
205 Robert L. Sassone, How To Protect Your Loved Ones From Pain (American Life
League: Stafford, EUA, 1996), capitulo 2.
126
Crônicas 16:12b). Só Deus consegue intervir plenamente na área do sofrimento humano. Só ele merece nossa total confiança. E é preciso considerar também o fato de que há médicos que recorrem ao espiritismo em favor de seu trabalho e pacientes. Conheço médicos que colocam debaixo da cama de seus pacientes hospitalizados objetos de contato para a atuação de espíritos na vida do paciente que está sobre a cama. Ainda que o médico tenha boas intenções, sem perceber o paciente assim acaba sendo envolvido por forças da escuridão que inspiram pensamentos de suicídio e morte. A revista Physician de novembro/dezembro de 2000 traz alguns artigos interessantes e úteis sobre a influência da Nova Era e espiritismo em muitos tratamentos médicos ou nos próprios médicos.
Mas, mesmo sem envolvimento espírita, os médicos não são perfeitos. Às vezes em sua limitação, eles chegam realmente a se contradizer. Janet e Graig Parshal, em seu livro Tough Faith, apresentam uma cronologia das posições que a medicina tem assumido, por exemplo, na questão do consumo do sal e a hipertensão:
Em 1950, os médicos diziam que o sal causa a hipertensão.
Em 1960, eles diziam que o sal não causa a hipertensão.
Em 1970, eles diziam que o sal causa a hipertensão.
Em 1980, eles diziam que, na realidade, o sal alivia a hipertensão.
Em 1998, a revista oficial da Associação Americana de Medicina avaliou 114 estudos nessa questão e concluiu que o sal não afeta a hipertensão de nenhum modo. Se às vezes há contradições assim, o que poderia ocorrer em situações mais sérias envolvendo a própria vida de um paciente? A medicina não é perfeita. O que os médicos 206
206
Janet & Graig Parshal, Tough Faith (Harvest House Publishers: Eugene-EUA, 1999),
p. 21.
127
aceitam hoje como solução poderá ser amplamente condenado por médicos de amanhã.
O Dr. Payne, que trabalha como médico há anos, afirma:
Outro problema com a ciência médica é sua natureza, que está sempre mudando. É comum os estudantes de medicina aprenderem que 50 por cento do que lhes ensinam será obsoleto dentro de cinco anos. Já que o treinamento que eles recebem para alcançar esse conhecimento requer mais cinco ou dez anos depois da sua formação universitária, é evidente que seu trabalho médico de tempo integral após a formação não lhes permitirá ter o tempo necessário para permanecerem em dia com todas as novidades.
207
A quem recorrer?
Idealmente, os médicos deveriam fazer o possível para trazer alívio para o doente no sofrimento, sem nunca perderem de vista que as decisões de vida ou morte, o socorro e o alívio mais importantes estão nas mãos de Deus. É ele quem pode ministrar a cura mais importante, para o espírito, alma e corpo. Por isso, tanto pacientes quanto médicos precisam reconhecer a necessidade de se colocar debaixo da autoridade daquele que tem total controle sobre a vida e a morte.
A Bíblia é bem clara que o Senhor é quem guarda, preserva, protege e cuida da nossa vida: “O Senhor te guardará de todo o mal; ele guardará a tua vida”. (Salmo 121:7) O prazer e alegria de Deus é criar, não matar, socorrer, não destruir. Especificamente com relação à depressão, Deus “é socorro bem presente na angústia” (cf. Salmo 46:1). Nos momento de maior tristeza e falta de esperança, ele está de braços aberto para nos ajudar. Basta que o chamemos, pois ele promete responder. Ele promete 207
40.
Franklin E. Payne Jr, Biblical/Ethical Medics (Mott Media Inc: Milford, EUA, 1985), p.
128
nos visitar e estar conosco nas horas de aflição. Ele promete também nos livrar e dar honra (cf. Salmo 91:15). Quase todos os que tentam ou chegam mesmo a cometer suicídio sofrem de depressão. O suicídio não é um fenômeno que não foi estudado. Especialistas na área de suicídio estão de acordo em que a principal causa para as idéias de suicídio são as doenças mentais, embora os cristãos tenham a noção correta de que muitas vezes a origem desses pensamentos é demoníaca. Mas, independentemente da posição cristã, estudos indicam que 95 por cento de todos os que tentam ou cometem suicídio sofrem de alguma desordem mental diagnosticável. O pedido de morte deles na maioria das vezes representa o clamor de alguém pedindo socorro.
Os doentes (inclusive os que sofrem de doenças terminais) ou as pessoas saudáveis pedem a morte como uma maneira de expressar seu pedido de ajuda. É a depressão que os estimula a desejar a morte, não uma doença mortal. E a depressão pode ser tratada.
Tragicamente, a depressão muitas vezes não é diagnosticada nos pacientes, apesar de que o diagnóstico e o tratamento geralmente eliminam o desejo de morrer. A resposta correta para as pessoas que pedem ajuda para se matar com ajuda médica é o diagnóstico e o tratamento da depressão que está estimulando o desejo de morrer.
Não se deve supor que a depressão se limita só às pessoas que não conhecem Jesus. Joni Eareckson Tada, que dirige um ministério evangélico para deficientes, registrou uma experiência que teve:
Hoje de manhã eu tive muita dificuldade de sair da cama. Minha
paralisia estava me deixando com raiva. Balancei a cabeça e
resmunguei de ódio: “Meu corpo é só sofrimento. Eu o odeio!”
Mas minha atitude foi horrível, porque o inimigo tem profundo ódio do
meu corpo e tudo o que eu estava fazendo era concordar com ele. Ele
se enche de alegria quando critico meu corpo. E ele gostaria de levar
você a fazer a mesma coisa. Quer você esteja se aproximando das
129
dores finais de uma doença terminal, quer você esteja em depressão
profunda, o diabo sente prazer quando nos ouve falando mal do nosso
corpo.
Por que? Porque nosso corpo, mesmo estando coberto de rugas ou
gordura, e apesar dos danos sofridos com doenças ou a velhice, foi
feito conforme a imagem de Deus. Nosso coração, mente, mãos e pés
estão marcados com o toque das mãos do Criador. Não é de estranhar,
nem um pouco, que o diabo queira que nós matemos nosso corpo.
Eu recitava a conhecida e antiga verdade de que “Deus tem um plano
para nosso corpo de carne e sangue”. É por isso que o diabo considera
o meu corpo uma ameaça. Ele entende que quando entrego a Deus
meu corpo (embora esteja paralítico), meus pés e mãos se tornam
armas poderosas contra as forças da escuridão.
A sociedade não são as autoridades que se reúnem para inventar
tendências políticas e culturais. A sociedade somos nós. Nossas ações
e decisões são importantes. O que fazemos ou não afeta todos os que
estão ao nosso redor.
208
Na Bíblia vemos exemplos de homens de Deus que tiveram de vencer a depressão em suas circumstâncias particulares. Elias foi um deles. Depois de derrotar os seguidores do deus Baal e ver a manifestação da glória de Deus, ele ficou muito alegre e realmente achava que todos, inclusive o Rei Acabe e sua esposa Jezebel, o apoiariam no seu desejo de conduzir o povo de Israel de volta aos caminhos de Deus. Mas não foi o que aconteceu…
“O rei Acabe contou à sua esposa Jezabel tudo o que Elias havia
feito e como havia matado à espada todos os profetas do deus Baal.
Aí ela mandou um mensageiro a Elias com o seguinte recado: -Que
os deuses me matem, se até amanhã a esta hora eu não fizer com
você o mesmo que você fez com os profetas! Elias ficou com medo
e, para salvar a vida, fugiu com o seu ajudante para a cidade de
Berseba, que ficava na região de Judá. Deixou ali o seu ajudante e
foi para o deserto, andando um dia inteiro. Aí parou, sentou-se na
sombra de uma árvore e teve vontade de morrer. Então orou assim:
-Já chega, ó Deus Eterno! Acaba agora com a minha vida! Eu sou um
fracasso, como foram os meus antepassados. Elias se deitou
debaixo da árvore e caiu no sono. De repente, um anjo tocou nele e
disse: -Levante-se e coma. Elias olhou em volta e viu perto da sua
cabeça um pão assado nas pedras e uma jarra de água. Ele comeu,
208Citado
in: Living (Lutherans for Life: Benton-EUA, verão de 1995), p. 12.
130
e bebeu, e dormiu de novo. O anjo do Deus Eterno voltou e tocou
nele pela segunda vez, dizendo: -Levante-se e coma; se não, você
não agüentará a viagem. Elias se levantou, comeu e bebeu, e a
comida lhe deu força bastante para andar quarenta dias e quarenta
noites até o Sinai, o monte sagrado. Ali ele entrou numa caverna
para passar a noite, e de repente o Deus Eterno lhe perguntou: -O
que você está fazendo aqui, Elias? Ele respondeu: -Ó Eterno, Deus
Todo-Poderoso, eu sempre tenho servido a ti e só a ti. Mas o povo
de Israel quebrou a sua aliança contigo, derrubou os teus altares e
matou todos os teus profetas. Eu sou o único que sobrou, e eles
estão querendo me matar! O Deus Eterno disse: -Saia e vá ficar
diante de mim no alto do monte. Então o Eterno passou por ali e
mandou um vento muito forte, que rachou os morros e quebrou as
rochas em pedaços. Mas o Eterno não estava no vento. Quando o
vento parou de soprar, veio um terremoto; porém o Eterno não
estava no terremoto. Depois do terremoto veio um fogo, mas o
Eterno não estava no fogo. E depois do fogo veio uma voz calma e
suave. Quando Elias ouviu a voz, cobriu o rosto com a capa. Então
saiu e ficou na entrada da caverna. E uma voz lhe disse: -O que
você está fazendo aqui, Elias? Ele respondeu: -Ó Eterno, Deus TodoPoderoso, eu sempre tenho servido a ti e só a ti. Mas o povo de
Israel quebrou a sua aliança contigo, derrubou os teus altares e
matou todos os teus profetas. Eu sou o único que sobrou, e eles
estão querendo me matar! Então o Deus Eterno disse: -Volte para o
deserto que fica perto de Damasco. Chegando lá, entre na cidade e
unja Hazael como rei da Síria. Unja Jeú, filho de Ninsi, como rei de
Israel e unja Eliseu, filho de Safate, de Abel-Meolá, como profeta,
para ficar em lugar de você. As pessoas que não forem mortas por
Hazael serão mortas por Jeú, e todos os que escaparem de Jeú serão
mortos por Eliseu. Mas eu deixarei sete mil pessoas vivas em Israel,
isto é, todos aqueles que não adoraram o deus Baal e não beijaram
a sua imagem”. (1 Reis 19:1-18 BLH)
Embora tenha ficado tão deprimido que quisesse morrer, Elias abriu espaço em sua vida para o Deus que em tudo intervém. E ele recebeu um socorro, animo e chamado especial na visitação sobrenatural que Deus lhe fez. Tempo de depressão, lembremo­nos, é tempo de abrir a vida para a visitação sobrenatural de Deus.
131
O QUE É A MORTE ?
As questões do começo e do fim da vida humana são agora muito difíceis de responder. Havia um tempo em que os médicos sabiam como responder a essas questões. Mas isso foi bem antes de se descobrir que tanto o começo quanto o fim da vida podiam ser explorados através de uso de órgãos de bebês abortados ou de pacientes adultos cerebralmente mortos, mas com o coração ainda batendo.
Para aliviar o peso de nossa consciência e livrar­nos de nossas preocupações com relação à retirada de órgãos de seres humanos ainda vivos, criou­se a definição de morte cerebral. O conceito de morte foi redefinido a fim de atender a outros propósitos. Agora existe uma nova idéia de fim da vida: morte com o coração batendo. A primeira mudança importante que ocorreu foi quando alguns especialistas médicos, atendendo a propósitos ideológicos e comerciais, redefiniram o começo da vida. Se antes toda a classe médica sabia que a concepção ocorre no momento em que o espermatozóide se une ao óvulo, hoje o novo conceito diz que a concepção acontece bem depois dessa união: só quando o óvulo já fertilizado se implanta na parede do útero. Essa redefinição do começo da vida teve como objetivo acalmar os casais que usam a pílula “anticoncepcional” e outros métodos hormonais. Esses métodos não só impedem o espermatozóide de se unir ao óvulo, mas também têm a função de impedir a implantação do ser humano já concebido. Mas, de acordo com a mudança de sentido que a palavra concepção sofreu, essa última função é hoje considerada efeito “anticoncepcional” normal. 209
209Veja
o capítulo “Old Lies and New Labels: When Contraception Is Abortion” do livro
Blessed Are the Barren, escritos por Robert Marshall e Charles Donovan (Ignatius Press:
San Francisco-EUA, 1991).
132
No entanto, as mudanças não param por aí. Agora alguns na classe médica consideram o começo da vida apenas após o parto. Assim fica mais fácil fazer experiências com quem ainda não nasceu ou retirar­lhes os órgãos ou simplesmente matá­los.
Nos EUA, onde o aborto legal é feito por milhões de mulheres, há um procedimento em que os médicos tiram, quase na hora do parto, o corpo inteiro do bebê do útero, menos a cabeça. Então enfiam um tubo na cabeça da criança e sugam­lhe o cérebro, para que ela nasça morta. Isso é considerado aborto de nascimento parcial e é legalmente permitido, porque “muitos cientistas médicos dizem não saber se a vida começa antes ou depois do nascimento”.
O bebê pode nascer e continuar vivbendo ou ser morto, conforme o médico quiser, já que a medicina americana não considera como pessoas os seres humanos que ainda não saíram da barriga de suas mães. E toda essa confusão começou porque resolveram mudar completamente o conceito do que é a concepção de um bebê, a fim de que não tivéssemos nenhuma preocupação com os seres humanos que a pílula estava impedindo de se implantar no útero. Aliás, muitas mulheres estão tendo micro­abortos sem nem mesmo saberem. Agora a mesma confusão envolvendo as questões do começo da vida atingiram também as questões do fim da vida. Morte cerebral e doação de órgãos4
O Dr. Koop diz:
A chegada da era do transplante de órgãos trouxe outros problemas para a prática da medicina, especificamente com relação à questão ética e moral da prolongação da vida e de seu extermínio. …a questão da 133
eliminação de uma vida para possibilitar um transplante de órgão para outra pessoa…
210
Wesley Smith, em entrevista ao noticiário eletrônico
WorldNetDaily, disse:
Estão debatendo a questão da redefinição da morte a fim de
que sejam declarados mortos os que estão permanentemente
inconscientes. Estão debatendo isso bem seriamente nos meio
mais elevados da área médica de transplante de órgãos.
211
O Dr. Cícero Galli Coimbra, do Departamento de
Neurologia e Neurocirurgia da Universidade Federal de
São Paulo, diz:
Nas últimas décadas, o grande aumento no número de
transplantes, decorrente dos avanços da medicina, e a
conseqüente busca por doadores de órgãos, deu maior
importância à questão do diagnóstico de morte cerebral.
No entanto, apesar de toda a experiência dos profissionais
de saúde e de toda a tecnologia incorporada à medicina ao
longo do tempo, o diagnóstico de morte cerebral ainda envolve
muitos pontos polêmicos. Já foram propostos vários critérios
para esse diagnóstico, mas ainda são grandes os debates entre
os especialistas quanto à sua validade e ao seu uso prático.
Nos últimos anos, a retirada para transplantes de órgãos de
pacientes recém-declarados mortos acirrou ainda mais a
polêmica em torno do tema.
Cerca de 10 mil brasileiros jovens sofrem, todos os anos,
traumatismo craniano grave, que evolui para a chamada morte
cerebral. Esses jovens compõem a quase totalidade dos
doadores de órgãos no país, e a maioria, ao tempo do
acidente, está na fase mais produtiva de sua vida, após ter
investido por longo período em educação e formação
profissional. Sua morte súbita e prematura semeia dor,
212
213
210
C. Everett Koop, The Right of Live, The Right of Die (Life Cycle Books: Ontário,
Canadá, 1980), p. 128.
211 Wesley Smith, em entrevista ao notícia eletrônico WorldNetDaily de 11 de fevereiro
de 2001 (www.wnd.com)
212 Cícero Galli Coimbra, Ciência Hoje, Vol. 27, Nº 161, p. 33.
213 Cícero Galli Coimbra, Ciência Hoje, Vol. 27, Nº 161, p. 31.
134
desolação e muitas vezes desamparo entre seus familiares,
com conseqüências sociais irreparáveis ao longo de décadas.
No entanto, grande parte dessas perdas poderia ser evitada.
Um tratamento relativamente simples e não-invasivo, a
hipotermia (resfriamento do corpo de 37°C para 33°C por
apenas 12 a 24 horas), pode recuperar até 70% dos pacientes
nessa situação, a ponto de retomarem a vida normal. O uso da
hipotermia também evitaria um dos testes empregados hoje no
diagnóstico de morte cerebral (ou morte encefálica): o
chamado ‚teste da apnéia, ou seja, o desligamento do
respirador mecânico por até 10 minutos.
O pior é que, nesses pacientes recuperáveis, a aplicação do teste da apnéia pode reduzir drasticamente a circulação sangüínea cerebral, tornando a lesão só então irreversível. Não é exagero dizer que o teste da apnéia induz a morte (que deveria apenas diagnosticar) nessa parcela de pacientes em coma e com reflexos cefálicos ausentes, tornando inúteis os exames confirmatórios feitos em seguida.
214
215
As primeiras tentativas de transplantes de órgãos foram feitas na década de 1950. Na época, os órgãos eram removidos depois que o coração do doador tinha parado de bater, mas a maior parte dos transplantes não tinha êxito. Em entrevista ao periódico HLI Reports, o Dr. Paul Byrne disse:
Hoje os órgãos são tirados enquanto o coração está batendo e
enquanto a circulação e a pressão do sangue estão normais. O doador
não está morto antes da retirada do coração batendo ou do fígado. Há
uma ficção legalizada para se determinar a morte: “morte cerebral”.
216
Embora muitos cristãos sintam que o transplante do coração e do fígado não seja algo eticamente certo, devido ao fato de que esses órgãos só podem ser transplantados quando são removidos de pessoas vivas, o Dr. Byrne diz que há órgãos que podemos doar com segurança:
214
Cícero Galli Coimbra, Ciência Hoje, Vol. 27, Nº 161, p. 27.
Cícero Galli Coimbra, Ciência Hoje, Vol. 27, Nº 161, p. 28.
216HLI Reports (HLI: Front Royal-EUA, 1998), p. 8.
215
135
Só os tecidos (tais como as córneas, as válvulas do coração, os ossos e
a pele) são úteis para transplante depois da morte. Num gesto de
solidariedade, uma pessoa pode dar um órgão quando há um par (por
exemplo, doar um dos dois rins para alguém que está em necessidade
desesperadora). A retirada do órgão não deve causar morte ou
mutilação que debilite o doador.
217
Uma pergunta que precisamos fazer como cristãos é: Será que a alma não está mais presente num corpo considerado “morto” pelo atual critério médico de morte cerebral, mas cujo coração ainda bate?
Essa é uma questão importante porque o sistema de valores atual não reconhece que a dignidade do ser humano vem do fato de que ele foi criado conforme a imagem de Deus. Um exemplo é a lei de “doação” compulsória de órgãos no Brasil, que durou até o ano 2000. Essa lei tornava obrigatoriamente todo brasileiro “doador” involuntário, a menos que o cidadão pudesse registrar em cartório sua vontade de proteger seu corpo contra esse tipo de ataque à sua integridade física.
Quando era diretor executivo da Associação Evangélica Brasileira, o Pr. Luciano Vergara disse que essa lei era “uma invasão da individualidade pelo Estado, em nome do altruísmo”. Havendo “morte cerebral”, o governo não se preocuparia com o valor da alma eterna, mas permitiria, conforme diz o Prof. Michel Schooyans, a “canibalização dos corpos para selvagemente remover e transplantar órgãos sem o consentimento das vítimas”. A maioria absoluta dos cidadãos brasileiros optou por não aceitar tal intromissão em suas vidas. Embora o governo esteja agora tentando usar estratégias menos autoritárias para obter fontes de órgãos, não é possível ter muita esperança nessa área, pois até em países muito mais avançados do que o Brasil a 218
219
217Idem.
218Luciano
Vergara, Doação de órgãos: livre arbítrio em jogo, Revista VINDE de março
de 1997, p. 44.
219Michel Schooyans, The Totalitarian Trend of Liberalism (Central Bureau: St. LouisEUA, 1995), p. 18.
136
doação de órgãos se transformou em comércio lucrativo. Vejamos o caso dos EUA:
MORTOS SÃO USADOS PARA PRODUTOS
Famílias são informadas que doar os órgãos de um amado é um presente
de vida, mas o jornal Orange County Register descobriu que o material
retirado dos mortos está sendo processado e transformado em produtos
médicos que geram centenas de milhões de dólares para as companhias
americanas, apesar da existência de leis que impedem a obtenção de
lucro com partes de corpo”. A Lei de Transplante Nacional de Órgãos de
1984 proibiu lucros com a venda de tecidos, mas as companhias e os
bancos de tecidos sem fins lucrativos têm permissão de cobrar taxas
razoáveis para manipular e processar os órgãos. A lei não define o que é
uma cobrança razoável. “A lei nunca foi testada em tribunal. Ninguém
nunca decidiu o que está sendo vendido e o que não está”, disse Jeanne
Mowe, diretora executiva do Associação Americana de Bancos de Tecidos.
Os bancos de tecidos sem fins lucrativos podem, de um único cadáver,
obter órgãos úteis para até 100 pacientes. Os órgãos são então vendidos
para companhias que fazem produtos usados por médicos e dentistas, e
os bancos e negócios têm parte nos rendimentos.
As famílias do morto, que são incentivadas a fazer a doação, geralmente
são informadas sobre os órgãos vitais, tais como corações ou rins, mas a
maior parte dos produtos derivados do morto não tem nada a ver com o
propósito de salvar vidas: A pele do cadáver pode ser usada para cirurgias
cosméticas, tais como ampliação dos lábios e alisamento de rugas. Um só
corpo pode dar material no valor de mais de 34.000 dólares para os
bancos de tecidos sem fins lucrativos, incluindo pele, tendões, válvulas do
coração, veias e córneas que então são fornecidas para médicos e
hospitais por mais de 110.000 dólares. Quando os ossos são removidos do
mesmo corpo, um cadáver pode valer 220.000 dólares.
Embora se possa argumentar que pessoas estejam ganhando aumento de
vida com as doações, o dinheiro obviamente é uma parte grande do
negócio: As duas maiores companhias de tecido comerciais tiveram um
lucro de 142.3 milhões em vendas no ano passado e cada uma paga a seu
diretor um salário anual de mais de 460.000 dólares, conforme mostra o
relatório. Os outros quatro maiores bancos de tecidos sem fins lucrativos
vão ter um lucro de 261 milhões em vendas este ano.
[17 de abril de 2000 — Associated Press]
220
VÍTIMAS DE QUEIMADURAS NA FILA À ESPERA DE DOADORES
Vítimas de queimadura que estão esperando doações de pele que
potencialmente podem salvar suas vidas freqüentemente se acham na fila
atrás de pessoas que estão aguardando cirurgias cosméticas. As leis
federais asseguram que rins, corações e outros órgãos internos vão para
pacientes em necessidade maior, mas as leis não abrangem a pele. A
220
LifeWire – 25 de abril, 2000. Boletim distribuído por Lutherans for Life.
137
maior parte da pele doada é usada para procedimentos que podem
esperar, tais como apagar os vincos de riso no rosto, aumentar os órgãos
sexuais ou sustentar bexigas, o Orange County Register informou num
exame dos lucros feitos de órgãos doados.
Dos 139 centros de queimadura nos EUA, 11 têm seus próprios bancos de
pele. Outros centros de queimadura são obrigados a pagar qualquer preço
que os bancos estejam cobrando. A companhia LifeCell Corp., de New
Jersey, tem 20 bancos de tecidos que regularmente fornecem pele, que a
companhia usa para produzir AlloDerm, um produto originalmente
desenvolvido para ajudar a reconstruir a pele das vítimas de queimadura.
LifeCell agora calcula que os rendimentos anuais potenciais com o
AlloDerm em cirurgias reconstrutivas e cosméticas cheguem a 200
milhões, 10 vezes mais do que a companhia poderia ganhar ajudando
vítimas de queimadura. Enquanto isso, os hospitais que estão tentando
localiza peles para salvar a vida de uma vítima de queimadura estão tendo
dificuldades cada vez maiores em achar tecidos de pele para seus
pacientes, pois mais e mais bancos de tecidos estão usando os tecidos
para propósitos mais lucrativos.
[18 de abril de 2000 — Associated Press]
221
Série de reportagens investigativas: O jornal Orange County Register
publicou um exame minucioso do negócio de doação de órgãos. Os
repórteres notam: “O que descobrimos pode surpreender ou perturbar
você. Descobrimos partes de corpos doados indo parar em linhas de
montagem onde os tecidos humanos sãos transformados em produtos
lucrativos. Em outros casos, corpos são enviados para laboratórios e
testados de maneiras que você nunca poderia imaginar. Em tudo isso há
um tema comum: bancos de tecidos sem fins lucrativos e instituições de
pesquisa não explicam para as famílias como os corpos vão ser usados”.
222
221
LifeWire – 25 de abril, 2000. Boletim distribuído por Lutherans for Life.
“The Body Brokers”, Orange County Register, 16 a 20 de abril de 2000. Http://www.
Ocregister.com/health/body/index.shtml)
222
138
Figura 10: — Sei que é um momento difícil para a senhora. Mas pelo menos
você pode se consolar com o fato de que os órgãos de seu filho anencefálico
[sem cérebro] servirão para o bem de outros! — [burp] Falou e disse!
Escândalo de comércio de órgãos em vários países
Vejamos agora o caso da Inglaterra, que é outro país avançado: HOSPITAL BRITÂNICO CONFESSA A RETIRADA DE MAIS ÓRGÃOS
Um hospital que retirou órgãos de corpos de crianças sem
consentimento confessou que não disse a história toda aos pais logo que
o escândalo se tornou conhecido. Pais de crianças que morreram no
Hospital de Crianças Alder Hey em Liverpool foram informados no
outono passado que órgãos, incluindo corações e cérebros, haviam sido
removidos para pesquisa. Mas agora eles foram informados que vários
outros órgãos e tecidos foram removidos, sem seu consentimento, e o
Hospital pediu desculpas pela angústia adicional causada.
Uma investigação foi iniciada pelo Dr. Liam Donaldson, para apurar o
que foi que aconteceu no Alder Hey, onde estão armazenados os
corações de 2.000 crianças.
139
Michael, o filho de quatro meses de Jan Robinson, morreu no Hospital
Alder Hey há 10 anos de doença congênita do coração. Ela foi informada
em outubro passado que o coração, o cérebro, o fígado, os pulmões, o
rim, o baço e o intestino de seu filho tinham sido removidos.
Mas funcionários do hospital agora disseram a ela que a traquéia, o
esôfago, o diafragma, o estômago, a bexiga e a parte de conexão,
inclusive músculo e osso, também foram removidos.
Outro pai foi informado que a língua e os testículos de seu filho foram
removidos. A diretora do Hospital Alder Hey, Judith Greensmith, disse
que o problema todo não foi revelado no começo a fim de proteger os
pais de mais angústias. Mas ela confessou que essa política de
procedimento tinha sido um erro e pediu desculpas aos pais. “Mas agora
decidimos que os pais devem saber a verdade”.
223
Notícia divulgada no Canadá: PESQUISADORES QUEREM EXPERIMENTOS EM SERES HUMANOS
COM MORTE CEREBRAL
GLASGOW, Escócia, 27 de julho de 2000 (LSN.ca) — O diretor
da empresa escocesa que clonou a ovelha Dolly quer
experiências genéticas em pacientes com morte cerebral. O
jornal Daily Record da Escócia informou ontem que o Dr. Ron
James, para conferir se são seguros, gostaria de ver órgãos
de porco geneticamente modificados transplantados em
pacientes. Sua empresa, a PPL Therapeutics, já clonou
porquinhos e acredita que órgãos de porcos poderiam ser
transplantados para humanos dentro de quatro anos. O Dr.
James reconheceu que haveria oposição do público geral a tal
idéia…
Essa proposta com certeza intensificará a controvérsia em
torno da questão da morte cerebral. Como o Parlamento
Canadense buscou maneiras de aumentar a doação de
órgãos no Canadá, uma comissão parlamentar foi informada
de que os doadores de transplante de coração devem estar
vivos. A Dra. Ruth Oliver, uma psiquiatra de Vancouver que
foi declarada clinicalmente morta em 1977 no Hospital Geral
Kingston depois de sofrer hemorragia interna no cérebro,
disse à comissão que ela é “um testemunho vivo de que as
pessoas sobrevivem”. O Dr. John Yun, um oncologista de
Richmond, B.C., testificou para a comissão que a coleta de
órgãos é o ímpeto atrás da teoria de morte cerebral aceita
pela classe médica desde 1968. Dez anos atrás o Dr. Yun
223
Fonte: Pro-Life E-News. Informação distribuída por Dave’s Digest de 15 de maio de
2000.
140
trabalhou numa unidade de UTI mantendo pacientes
cerebralmente mortos em sistemas de suporte de vida para
transplantar os órgãos deles. O Dr. Yun agora acredita que
essa atividade era errada. “Não devemos pular para a
conclusão de que uma definição duvidosa de morte — a
hipótese médica de morte cerebral — é realmente morte”,
disse ele.
224
Notícia da República Tcheca: Uma invetigação no maior centro de transplantes em
atividade no mundo, localizado na República Tcheca, revelou
que pelo menos 49 pacientes foram declarados mortos
prematuramente, a fim de que seus órgãos pudessem ser
removidos. Num dos casos, relata o jornal London Telegraph,
uma vítima de 18 anos de acidente de carro foi declarada
“cerebralmente morta” e “foi levada para a sala de operações,
onde ele começou a respirar e tossir antes que os cirurgiões
começassem a remover os órgãos dele. As provas indicam que
o mercado de órgãos humanos está prosperando.
225
Questões importantes sobre a doação de órgãos
Acerca da questão da doação de órgãos, a Dr.ª Karen Poehailos, médica americana, comenta: Com relação à doação de órgãos vitais que existe hoje, órgãos como o coração, os pulmões, o fígado e o pâncreas devem ser retirados de um doador com um coração batendo. Após a cessação da circulação, esses órgãos perdem rapidamente sua viabilidade para transplante, e não é possível retirá­los com rapidez suficiente do doador para que sejam úteis. Será que podemos chamar de morta uma pessoa que está com o coração batendo? Isso traz a questão da “morte cerebral” — que é definida como o estado em que o cérebro perdeu irreversivelmente todas as suas funções. A determinação de morte cerebral é o meio estabelecido por lei para permitir que o 224
LifeSite Daily News, Toronto, Canadá, 27 de julho de 2000. Notícia divulgada online.
Pro-Life E-News, 7 de junho de 1999. Para ler o artigo completo:
http://www.telegraph.co.uk/et?
ac=000271261842766&rtmo=kJeN1Cop&atmo=99999999
225
141
médico torne uma pessoa candidata a uma doação de órgão. Infelizmente, isso não é tão simples como parece.
Primeiro, a classe médica não chegou a um acordo com relação ao critério exato que se deve usar para definir “morte cerebral”. Os testes para determinar a morte cerebral avaliam certas funções das diferentes partes do cérebro (os reflexos, a capacidade de respirar espontaneamente, etc.). Os médicos podem também incluir um eletroencefalograma (EEG) — um teste para avaliar a atividade elétrica no cérebro. Algumas instituições médicas exigem um EEG para determinar uma morte cerebral, outras não. Algumas exigem um teste de fluxo de sangue para o cérebro, outras não. Além disso, não é necessário que o cérebro inteiro esteja morto para que o médico declare cerebralmente morto um paciente que tem reflexos autônomos que controlam a temperatura e a taxa de batimento cardíaco. Portanto, se algumas partes do cérebro ainda estão funcionando, duvido que a morte cerebral, conforme a definição que agora há, realmente exista.
Conheço o caso de um menino que sofreu um grave acidente. No exame inicial, que incluiu um EEG, os médicos determinaram que o cérebro dele estava morto. No exame seguinte, que foi realizado seis a oito horas depois, seu exame ainda estava coerente com esse diagnóstico, mas agora seu EEG mostra alguma atividade. Ele acabou sobrevivendo, embora gravemente ferido. Se ele estivesse num hospital que não exigisse um EEG, baseados nos exames clínicos os médicos teriam removido os órgãos dele. É trágico que ele esteja vivo hoje em péssimas condições físicas e não pôde ter uma recuperação mais plena, mas quem somos nós para dizer que a vida dele não tem valor? 226
Uma holandesa, que recebeu um transplante de
coração, expressou muito sentimento de culpa com a
morte da outra pessoa. O coração de um homem deu-lhe
condições de permanecer viva. “Mas e se o homem ainda
226
Revista Celebrate Life, edição de março-abril de 2000 (American Life League:
Stafford-EUA), p. 13.
142
estava vivo quando lhe removeram os órgãos?” É uma pergunta difícil de responder.
Mas mesmo excluindo a possibilidade de que o doador
realmente estava vivo, é preciso saber que um
transplante não é uma solução perfeita. Helen van
Tilburg, da cidade de Utrecht, na Holanda, recebeu um
novo rim de transplante. Mas ela terá de fazer outro
transplante porque seu corpo rejeitou o novo órgão. Ela
comenta: “O período após o transplante não é um
paraíso. Depois da operação, a gente tem tomar
comprimidos constantemente para impedir o corpo de
repelir o novo órgão. Aliás, a gente suprime o sistema de
defesa do próprio corpo. Isso não é bom. Além disso, os
medicamentos causam ainda outros efeitos colaterais
indesejáveis”.
“Um ser humano é mais do que seu corpo”, diz o
cardiologista van Lommel. Ele indica as experiências do
psicólogo Bosnak, que em seu trabalho trata pessoas que
adquirem uma estrutura de caráter totalmente diferente,
depois de receberem o coração ou outros órgãos vitais de
alguém. Um exemplo semelhante encontra-se no livro
Heart and Soul — The Prodigious Consequences of a
Heart Transplant (Coração e Alma — As Conseqüências
Assombrosas de um Transplante de Coração) escrito por
Claire Sylvia. Ela recebeu um novo coração quando tinha
48 anos. Depois da operação, coisas estranhas
começaram a acontecer. Em seus sonhos ela via um
jovem. Ela tem uma forte sensação de que o órgão veio
dele. De repente ela passou a ter desejo de frango e
cerveja, que ela nunca antes apreciava. O livro provoca
questões sobre a relação entre espírito, alma e corpo.
227
228
227
Algemeen Dagblad, Aspects of Euthanasia, Suicide, Organ Donation, Gender
Selection and Abortion, documento apresentado na 4ª Conferência Internacional sobre
os Direitos Humanos e as Questões Sociais, Vida, Aborto e Eutanásia (Haia, Holanda, 812 de dezembro de 1998).
228 Algemeen Dagblad, Aspects of Euthanasia, Suicide, Organ Donation, Gender
Selection and Abortion, documento apresentado na 4ª Conferência Internacional sobre
os Direitos Humanos e as Questões Sociais, Vida, Aborto e Eutanásia (Haia, Holanda, 812 de dezembro de 1998).
143
Sylvia está convencida de que quando os órgãos vitais de
um corpo são transplantados para outro corpo, tais coisas
como desejos, sentimentos e talvez até memórias e
sonhos também sejam transplantados.
É interessante notar que a Bíblia diz que do coração
procedem as saídas da vida (cf. Provérbios 4:23). É,
porém, a questão da morte cerebral que mais causa
confusão. Van Lommel diz: “O que realmente é a morte?
Ainda que um médico declare alguém morto, os cabelos e
unhas dessa pessoa continuam crescendo… O que os
outros chamam de morte cerebral, eu chamo de começo
do processo da morte. Será que deveríamos interromper
esse processo?”
É um fato impressionante que a grande maioria das
enfermeiras holandeses que têm um trabalho muito
envolvido com as operações de doações de órgãos evite
assinar documentos doando seus próprios órgãos. Durante as incisões que os médicos fazem nos pacientes cerebralmente mortos durante a remoção dos órgãos, as enfermeiras não se sentem bem com algumas reações físicas dos pacientes. De acordo com dois médicos
britânicos,
doadores
de
órgãos
considerados
cerebralmente mortos podem sentir dor enquanto os
órgãos estão sendo removidos.
As palavras “vida” e “morte” não têm mais sentido
sólido. O termo “morte”, pela tradição e pela lógica,
significava a total e irreversível cessação da respiração e
circulação. Mas alguns grupos médicos criaram uma nova
definição de morte com o puro propósito de atender suas
próprias conveniências. Eles querem que seres humanos
229
230
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Algemeen Dagblad, Aspects of Euthanasia, Suicide, Organ Donation, Gender
Selection and Abortion, documento apresentado na 4ª Conferência Internacional sobre
os Direitos Humanos e as Questões Sociais, Vida, Aborto e Eutanásia (Haia, Holanda, 812 de dezembro de 1998).
230 Algemeen Dagblad, Aspects of Euthanasia, Suicide, Organ Donation, Gender
Selection and Abortion, documento apresentado na 4ª Conferência Internacional sobre
os Direitos Humanos e as Questões Sociais, Vida, Aborto e Eutanásia (Haia, Holanda, 812 de dezembro de 1998).
231 Pro-Life E-News, 21 de agosto de 2000.
144
que estão respirando e que têm batidas cardíacas possam
ser mantidos vivos com o único objetivo de lhes saquear
órgãos.
A nova definição, geralmente chamada “morte cerebral”, é a irreversível cessação de todas as funções do cérebro inteiro. Alguns médicos raciocinam da seguinte maneira: “Bebês que nascem sem cérebro são considerados mortos. Portanto, não há motivo algum para considerar os pacientes em coma como melhores do que esses bebês anencefálicos”.
De acordo com o Dr. Brian Clowes, há propostas de trabalhar mais a questão da morte cerebral, pois um corpo sustentado por sistemas artificiais de suporte de vida poderia ser usado para pesquisas com drogas, desenvolvimento de novas técnicas cirúrgicas, treinamento para cirurgiões iniciantes e como depósitos de sangue e órgãos. Tais experiências não seriam difíceis de ocorrer, já que muitos bebês que nascem vivos dos abortos legais nos EUA são usados em laboratórios em experimentos de diversos tipos. Kathleen Stein escreveu na revista Omni:
“Com os grandes avanços na tecnologia de suporte de
vida e transplante de órgãos, os mortos hoje têm
realmente muita ‘proteína’ para nos oferecer — na forma
de órgãos e partes do corpo. Somos os canibais
modernos”.
É por esse e outros motivos que médicos e cientistas
de diversos países assinaram recentemente um
documento que alerta quanto aos perigos do moderno
conceito de morte cerebral:
232
233
MOVIMENTO CONTESTA USO DO CRITÉRIO DA MORTE CEREBRAL
232
Veja o capítulo 110 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. ProLife Library CD-Rom. 2000 Human Life International. Veja também o Capítulo 10:
“Fetal Experimentation and Tissue Transplantation”, Dr. Brian Clowes, The Facts of Life
(HLI: Front Royal-EUA, 1997).
233 Veja o capítulo 110 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. ProLife Library CD-Rom. 2000 Human Life International.
145
Condenação de procedimento usado em transplantes tem apoio de
19 países
José Mitchell — Jornal do Brasil — 12/12/2000
PORTO ALEGRE — Uma declaração internacional contra a adoção da
morte cerebral como justificativa para retirada de órgãos vitais
destinados a transplante, assinada por 117 cientistas, médicos,
psiquiatras e advogados de 19 países, começou a ser divulgada
ontem pela internet, denunciando que “pessoas condenadas à morte
pela chamada morte encefálica não estão certamente mortas, mas
ao contrário, estão certamente vivas”.
O documento, que será divulgado esta semana pelos órgãos de
imprensa, deverá ter fortes reflexos inclusive no Brasil, um dos
países que mais realizam transplantes no mundo, e reaviva a
polêmica sobre a morte cerebral. Segundo um dos signatários da
declaração, o neurologista Cícero Galli Coimbra, da Escola Paulista
de Medicina, os critérios adotados para determinar se há morte
cerebral não têm base científica.
Coimbra considera “homicida” o teste da apnéia, que consiste na
retirada dos aparelhos em pacientes mantidos vivos por meio de
respiração artificial. Esse é um dos meios utilizados no Brasil para
determinar se ocorreu ou não morte cerebral…
Mandamento — Segundo cientistas, entretanto, a morte cerebral
detectada pelos atuais critérios não é garantia de que isso
efetivamente ocorra. O documento, assinado entre outros pelo
presidente da Federação Mundial dos Médicos que Respeitam a Vida,
o holandês Karel Gunning, e especialistas como os médicos ingleses
David Evans e David Hill e o médico japonês Yoshio Watanabe,
afirma que a adesão… à proibição imposta por Deus na lei natural
moral “impedem os transplantes de órgãos vitais únicos como ato
que causa a morte do doador e viola o quinto mandamento: não
matarás”.
Médicos como… Paul Byrne, dizem que os parâmetros para a
constatação da morte cerebral “não são consenso” na comunidade
científica. Eles ressaltam que já surgiram mais de 30 protocolos
sobre a definição e testes relativos à morte cerebral, só na primeira
década após o primeiro transplante, em 1968, acrescentando que,
desde então, os transplantes cresceram “de forma permissiva”.
O documento… acrescenta ainda que nem as exigências científicas
têm sido rigorosamente aplicadas para comprovação da morte
cerebral, enquanto cresce o número de cientistas que questionam o
uso desse critério como comprovação do fim da vida.
146
Uma alma eterna
As pessoas no mundo ao nosso redor vivem de acordo com o seguinte ditado: “Comamos e bebamos porque amanhã morreremos”. (2 Coríntios 15.32 BLH) Assim, se alguém não mais consegue aproveitar os prazeres da vida terrena, a sociedade acha que não há motivo para continuar vivendo. Aliás, a sociedade realmente acha que esse tipo de existência é morte. Mas o que é a morte, afinal? A Bíblia diz que “o corpo sem o espírito está morto”.
Outra versão bíblica moderna diz: “Um corpo que não respira está morto”. A Palavra de Deus diz que enquanto o ser humano respira, com a ajuda de meios artificiais ou não, há um espírito presente que pode, mesmo no último instante, ser alcançado por Deus.
Milhares de pessoas morrem diariamente sem conhecer Jesus como Salvador. Os últimos momentos de uma alma perdida podem ser uma experiência mais dolorosa do que qualquer sofrimento físico. Um rapaz, no leito de morte, agonizou espiritualmente durante dias antes de morrer. Horrorizado, ele dizia que se sentia escorregando e caindo numa escuridão sem fim. Ele pedia socorro e sua mãe católica me contou chorando que ela não sabia o que fazer para atender as súplicas do filho. Se esse rapaz já não estivesse morto, eu ou algum outro cristão poderia visitá­lo e orar com fé, de modo que o Espírito Santo tivesse a oportunidade de tocá­lo de alguma maneira. Mesmo nas situações mais difíceis, onde o doente não fala, não ouve e não reage aos estímulos externos, o Espírito Santo tem o poder de mostrar a glória de Deus a ele, contanto que haja um cristão intercessor orando com fé (cf. Marcos 9.23 e Tiago 5.16).
234
235
234Tiago
2.26 BLH.
2.26 God’s Word. Copyright 1995 by God’s Word to the Nations Bible Society.
Usado com permissão.
235Tiago
147
Podemos dizer que enquanto há vida, há sempre a esperança de recorrer a Deus e ser tocado por ele. Ele pode intervir, até mesmo quando o coração pára de bater. Mas ele sempre pode se manifestar mais intensamente nas outras situações.
De acordo com a Bíblia, morrer é partir para a eternidade. A morte ocorre quando o espírito da pessoa deixa o corpo e parte para o Céu ou para o inferno. Esse é um aspecto da questão em que nenhum especialista tem a palavra final. A decisão final por direito deve ser deixada com Deus.
Nos casos envolvendo “morte cerebral” ou coma, tudo indica que o espírito continua presente, embora a maioria das autoridades médicas não reconheça a autoridade da Bíblia nessa questão. Mas mesmo desconsiderando a ignorância bíblica dos médicos, eles realmente não entendem plenamente o que é a morte. O Dr. C. Everett Koop, uma das maiores autoridades médicas dos EUA, observou: “…em termos médicos, deve­se declarar que embora a morte pareça iminente para um médico e ele saiba que é impossível evitá­la com todos os recursos da medicina que estão à sua disposição, não dá para predizer com exatidão o tempo da morte. Quanto mais cedo um médico tenta predizer uma morte, menos precisas são suas predições”.
A verdade é que a ciência médica, sendo finita em sua sabedoria, muitas vezes calcula mal. O jornal Daily Mail de 18 de julho de 2000, da Inglaterra, relata: “Quase metade dos pacientes considerados em ‘estado vegetativo’ em conseqüência de danos cerebrais foram diagnosticados de maneira errada, de acordo com um alarmante estudo científico. As descobertas… indicam que muitos pacientes que são diagnosticados como em persistente estado vegetativo podem na realidade estar conscientes do que 236
236
C. Everett Koop, The Right of Live, The Right of Die (Life Cycle Books: Ontário,
Canadá, 1980), p. 110.
148
ocorre ao seu redor…” Assim é fácil perceber que mesmo com toda a tecnologia moderna ainda não é possível entender tudo sobre uma pessoa logo antes da morte ou se ela está mesmo morrendo. Há alguns anos, uma propaganda pró­eutanásia mencionava um homem que, de acordo com os médicos, só tinha duas semanas de vida. Depois de quatro anos, o homem ainda estava vivo. E há também outros casos interessantes:
237
Pesquisadores médicos têm realizado muitos estudos abrangentes
para apurar quantas pessoas no chamado “coma irreversível”
realmente saíram do coma.
Um estudo envolvendo 84 pessoas, consideradas em “persistente
estado vegetativo” pelos médicos, mostrou que 41% delas recobraram
a consciência dentro de seis meses e 58% recobraram a consciência
dentro de três anos. Um segundo estudo, envolvendo 26 crianças que
ficaram em coma por mais de três meses, constatou que 20 delas
acabaram recobrando a consciência…
Num caso dramático, os médicos atestaram não só o coma, mas
também a “morte cerebral” de Harold Cybulski, um avô de 79 anos
que vive em Barry’s Bay, Canadá. O hospital só estava aguardando a
família dar o último “adeus” para desligar os aparelhos que o
mantinham vivo. Mas quando seu neto de dois anos de idade correu
para dentro do quarto e gritou “Vovô”, o Sr. Cybulski acordou, sentouse e pegou o netinho no colo!
Seis meses depois, ele estava levando uma vida completamente
normal, inclusive dirigindo o novo carro que ele vinha querendo
comprar antes de entrar em coma.
Os médicos de Cybulski não conseguiram dar “nenhuma explicação”
pela sua recuperação instantânea.
238
O testemunho do Sr. Cybulski apareceu originalmente numa publicação presbiteriana americana. Provavelmente, alguém estava orando por ele ou ele mesmo era um homem de muita oração. Os milagres de Deus jamais acontecem por acaso. Em outro caso fora do comum, a CNN noticiou em 21 de dezembro de 2000:
237Don
Feder, Pagan America (Huntington House Publishers: Lafayette-EUA, 1993), p.
175.
238 Dr. Brian Clowes, The Facts of Life (HLI: Front Royal-EUA, 1997), p. 113.
149
MULHER QUE ACORDOU DE UM COMA DE 16 ANOS AINDA SE
RECUPERA LENTAMENTE
COCHITI PUEBLO, Novo México (EUA) — Há um ano, exatamente em 21 de dezembro de 1999, Patrícia White Bull acordava, após passar 16 anos em coma profundo, sentando na cama pedindo que a enfermeira parasse de arrumar os lençóis. Desde então, Patricia vem se recuperando…
Esposa de pastor sai do coma
Os médicos nem sempre conseguem predizer com precisão qual será o resultado final de uma doença. Em 29 de março de 1986, Jacqueline Cole, uma mulher de meia idade esposa de um pastor presbiteriano, sofreu um forte derrame. A filha dela, que estava com ela quando tudo aconteceu, recorda: “Ela levantou o braço num momento e disse: ‘Christina, estou tendo um derrame. Consigo usar o braço, mas não consigo senti­lo.’ Então ela disse: ‘Não quero viver como alguém diferente do que eu era.’” Depois disso ela desmaiou, entrou em coma e passou a viver com um aparelho de respirar e uma sonda de alimentação.
Quarenta e dois dias depois, o marido de Jaqueline pediu ao juiz John C. Byrnes autorização para desligar o aparelho de respirar. “Tem de ser feito”, ele testificou, “pois creio que ela não desejaria continuar a existir neste estado atual. Mesmo que tivesse uma mínima chance de recuperação, creio que ela não desejaria viver uma existência que não fosse a vida de qualidade, plena e rica que ela sempre teve.” O médico então descreveu a condição de Jaqueline como “virtualmente sem esperança, e que as chances de ela ter uma recuperação neurológica razoavelmente satisfatória eram provavelmente uma em 1 milhão”. Mesmo que tal recuperação ocorresse, acrescentou o médico, “eu suspeitaria fortemente que ela ficaria com os dois lados paralizados, que ela teria dificuldades de 150
movimentar ambos os braços ou pernas e que ela continuaria a precisar de assistência total”.
No entanto, depois de ouvir esses argumentos, o Juiz Byrnes hesitou. O juiz indicou que havia a necessidade de mais testemunhos de médicos com relação ao estado de saúde de Jaqueline… O marido dela foi orientado a voltar mais tarde, com melhores argumentos. Mas ele jamais retornou.
Seis dias depois, o marido dela recordou num programa de TV: “Eu estava no quarto com um amigo nosso, que veio principalmente para ver a Jaqueline pela última vez… Ele a chamou pelo nome, e ela abriu os olhos”. Ela havia saído do coma. Em seis meses, ela se recuperou quase completamente, com a exceção do uso das pernas e alguma perda de memória de curto período. Ela até se lembrou de momentos durante o seu estado de coma. “Era como nadar numa superfície e eu podia ouvir parcialmente o que falavam. Lembro­me principalmente do meu marido. Ele aparecia e depois ia afundando. Isso é tudo o que lembro”. Graças à hesitação do Juiz Byrnes, ela teve chance de viver novamente.
239
Outros casos surpreendentes
Teisa Franklin, uma menininha de quase dois anos de
idade, engoliu uma quantidade imensa de drogas
antidepressivas em 4 de fevereiro de 1988 e entrou em
coma profundo. Depois de um exame, os médicdos no
Hospital Mercy declararam o cérebro dela clinicamente
morto e afirmaram que ela seria uma boa candidata para
a doação de órgãos. No entanto, só 18 horas depois de
entrar em coma, ela começou a se recuperar e, em 11 de
fevereiro, só uma semana após o incidente quase fatal,
ela foi liberada do hospital.
240
239
Beth Spring & Ed Larson, Euthanasia, Spiritual, Medical & Legal Issues in Terminal
Health Care (Multnomah Press: Portland, Oregon (EUA), 1988), pp. 78-79.
240 Veja o capitulo 106 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. ProLife Library CD-Rom. 2000 Human Life International.
151
Os bebês gemeos Scott e Jeff Mueller nasceram em
1981 tendo uma mesma perna e intestino grosso. Eles
estavam completamente desenvolvidos da cintura para
cima. A médica de serviço, Petra Warren, decidiu que eles
não eram dignos de viver e colocou o seguinte aviso no
berço:
Não
os
alimente.
Várias
enfermeiras
desobedeceram a essa ordem e alimentaram os gemeos
dando-lhes água com açucar. Isso salvou a vida deles.
Uma operação cirúrgica, relizada no Hopital Memorial
Infantil de Chicago, conseguiu com sucesso separá-los no
ano seguinte. Scott morreu de problemas cardiacos em
1984, mas Jeff está indo bem e vive uma vida normal.
Carrie Coons, de 86 anos, do Estado de Nova Iorque,
foi declarada em “estado vegetativo absolutamente
irreversível” pelos médicos depois de sofrer derrame e
hemorragia cerebral em novembro de 1988. Por quase
cinco meses, ela não falou nem mostrou sinal algum de
atenção. A irmã dela de 88 anos e vários médicos e
advogados pediram que os juizes permitissem a remoção
da sonda de alimentação dela. O médico dela, o Dr.
Michael Wolff, especialista na medicina geriátrica de fama
nacional nos EUA, declarou que não havia nenhuma
esperança para a situação dela e que não havia nenhuma
chance de recuperação. Os juizes deram permissão para
deixar de alimentá-la, para que ela pudesse morrer.
Contudo, dois dias depois da permissão concedida, ela
despertou e começou a comer e a falar. O neurologista
Ronald Cranford, conselheiro da Casa Branca em
questões de eutanásia, declarou: “É um caso dramático.
Mostra que nessa questão nós basicamente jamais
estamos lidando com certezas”.
Em seu livro Biblical/Medical Ethics, o Dr. Franklin E. Payne Jr. conta um caso:
241
242
241
Veja o capítulo 106 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. ProLife Library CD-Rom. 2000 Human Life International.
242 Veja o capítulo 106 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. ProLife Library CD-Rom. 2000 Human Life International.
152
Em dezembro de 1979, “Mack”, um policial em serviço, levou três tiros. As complicações desses ferimentos incluíam aspiração (seus pulmões inalaram o conteúdo de seu estômago) e parada cardíaca. Esses eventos causaram graves danos cerebrais e durante sete meses, Mack não reagiu a estímulos. Os médicos não deram nenhuma esperança para a recuperação da consciência dele. Na época, com o consentimento dos médicos e da família, o aparelho de respiração foi desligado, e pararam de lhe dar medicamentos anticonvulsão e antibióticos. A surpresa foi que Mack conseguiu respirar sem a ajuda de equipamentos. Em outubro de 1981, um médico… rotineiramente disse: “Respire fundo”. Para o espanto do médico, Mack fez isso! Ele pôde também abrir e fechar os olhos. Então ele passou a receber reabilitação mais intensiva. Hoje, ele tem 95% de sua capacidade intelectual que tinha antes da tragédia, embora não possa usar os braços e as pernas. O médico de Mack concluiu que a recuperação dele foi “a maior surpresa que já tive como um neurologista… virtualmente tudo na literatura médica indica que pacientes em estado vegetativo entre três e seis meses depois de danos isquêmicos (sem oxigênio) no cerébro têm um prognóstico essencialmente sem esperança.
243
Há cinco anos, John Kerkhoffs, de Limburg, Holanda,
entrou em coma depois de uma operação. “O cerébro do
seu marido está morto”, disse o neurocirurgião à esposa
Marga Kerkhoffs. O médico tentou ajudá-la a entender
que mesmo que John se recuperasse do coma — que era
uma chance bem remota — ele levaria uma vida
vegetativa. Em resumo, na opinião do médico, já era
praticamente o fim da vida de John. Os médicos
procuraram convencer Marga e seus dois filhos a doar os
órgãos saudáveis de John. A família estava sofrendo muita
pressão e confusão num momento emocionalmente difícil.
O pai ainda parecia muito vivo. Nenhum parente de John
sentia que ele estava morrendo. Eles sabiam que a
situação era séria. Mas morto? A esposa Marga não
aceitou a pressão para a doação de órgãos. Ela disse: “Se
John morrer, vamos deixá-lo morrer em seu próprio
243
Franklin E. Payne Jr, Biblical/Ethical Medics (Mott Media Inc: Milford, EUA, 1985), p.
203.
153
tempo”. Ele passou uma semana de coma e
experimentou dias medonhos, mas sobreviveu. Quando
saiu do coma, John Kerkhoffs contou: “Acho que sonhei
que eu havia sido raptado. De certo modo, lutei para
salvar minha vida. Era como se eu sentisse uma ameaça
enorme contra a minha vida. Mas eu não podia fazer
nada. Em certo momento, [acordei e] vi-me deitado,
conectado a todos os tipos de equipamentos médicos”.
Em cada um dos casos citados e em dezenas de outros
que não são publicados anualmente, médicos condenam
a uma morte dolorosa pessoas que eles têm certeza de
que não se recuperarão. O fato é que, em pelo menos 50
por cento desses casos, os pacientes se recuperaram,
parcial ou completamente. É óbvio, então, que ao lidar
com pacientes considerados em “estado vegetativo”, não
há certezas médicas.
É evidente que a principal motivação dos hospitais e
médicos é economizar os recursos financeiros e controlar
os gastos, não cuidar o melhor possível de uma vida
humana. É realmente irônico ou trágico que as
sociedades
consideradas
desenvolvidas
gastarão
literalmente milhões em campanhas para defender
animais em extinção ou investirão em campanhas contra
a execução legal de perigosos criminosos, mas não
mostrarão a mesma preocupação na defesa de pacientes
cujo único crime é serem considerados como indivíduos
com uma vida indigna de viver.
Enquanto médicos que não temem a Deus consideram
apenas o lado físico do ser humano, o médico cristão sabe
que, na perspectiva de Deus, o espírito é o mais
importante. Jesus disse: “A vida é espiritual…” (João
6:63a)
Quem não entende que nossa vida é
244
245
244
Algemeen Dagblad, Aspects of Euthanasia, Suicide, Organ Donation, Gender
Selection and Abortion, documento apresentado na 4ª Conferência Internacional sobre
os Direitos Humanos e as Questões Sociais, Vida, Aborto e Eutanásia (Haia, Holanda, 812 de dezembro de 1998).
245 God’s Word. Copyright 1995 by God’s Word to the Nations Bible Society. Usado com
permissão.
154
fundamentalmente espiritual, com um destino eterno
para o Céu ou para o inferno, realmente não conseguirá
entender as questões mais importantes sobre a morte e a
vida.
Vida após a morte
A Palavra de Deus diz que há uma eternidade depois da morte, e há até experiências humanas que comprovam tal realidade. Anos atrás tive contato com Gerald Laney. Ele fazia parte da gangue de motoqueiros Ghost Riders (Motoqueiros Fantasmas) nos EUA e sua tarefa era fazer cobranças. Na noite de 11 de outubro de 1980, ele recebeu ordens de dar um susto num homem de negócios da cidade de Kingsport, no Tennessee, e cobrar a dívida de drogas que ele estava devendo para a gangue. Gerald ficou escondido atrás de algumas plantas no jardim da casa do homem e quando ele saiu do carro, Gerald se mostrou a ele. O homem abriu fogo e acertou quatro tiros. Gerald também abriu fogo e matou o homem na hora. Ao ser levado gravemente ferido para o hospital, Gerald foi declarado morto pelos médicos. Enquanto seu corpo estava morto, Gerald conta a estranha experiência que ele teve:
Lembro-me de começar a flutuar logo que saí do meu corpo, que
estava deitado na cama do hospital. Flutuei para cima, atravessei o
teto do hospital e fui em direção ao espaço. Passei por milhões de
estrelas e perguntava para mim mesmo o que estava acontecendo.
Depois disso fui parar num lugar tão escuro que eu não conseguia ver
a própria mão diante do rosto. Então comecei a cair cada vez mais
rápido, até ver o brilho de chamas. A medida que eu ia chegando
perto, esse brilho ia ficando maior e mais quente, e estava soltando
um cheiro horrível, como de carne queimando. Ouvi milhares de gritos
e pessoas chorando de dor.
Então percebi que eu estava indo para o inferno. Costumava rir e dizer
que o inferno não existia, embora meu pai me ensinasse que minha
alma viveria para sempre com Deus no Céu ou com Satanás no inferno
em tormento eterno.
155
Aí estava eu, um jovem de apenas 28 anos de vida, me aproximando
das chamas do inferno. Sabia que se eu chegasse ali, não haveria mais
volta. Implorei o perdão de Deus e pedi-lhe uma chance para falar
para as outras pessoas o que vi e que Deus é real. Depois disso,
acordei do coma e os médicos me disseram que eu tinha muita sorte
de estar vivo.
246
Por causa dos graves ferimentos a bala, Gerald estava aleijado e não conseguia andar. Ele se sentia um vegetal. Além de tudo, ele acabou sendo condenado por assassinato e enviado para o Corredor da Morte, onde presos perigosos aguardam a aplicação da pena de morte.
Sua perna, que fora ferida a bala, começou a doer e a apodrecer. Os médicos do hospital da prisão recomendaram amputação. Gerald começou a se sentir como uma carga para sua família e, vendo que a situação só ficaria pior, tomou a decisão de cometer suicídio. Ele tentou se enforcar e cortar as veias, mas se lembrou do que Deus havia lhe mostrado sobre o inferno.
Ele dobrou os joelhos e pediu que Deus lhe mostrasse seu amor e operasse um milagre em sua vida, dando­lhe saúde e força. Ele orou a noite inteira e a manhã seguinte. À tarde, ele começou a sentir de volta a perna. Dois dias depois, os ferimentos e problemas desapareceram completamente.
Hoje Gerald sabe que está vivo para dar testemunho do que Deus fez em sua vida. Ele sabe o que é realmente a morte e que devemos nos preparar antes de entrar na eternidade.
Decisões de vida ou morte diante da eternidade
Em sua existência natural, o homem acha a morte um mistério. Hoje, graças aos avanços da medicina, a experiência da morte pode ser manipulada conforme os desejos de cada pessoa. Vivemos num mundo que só 246Adaptado
do folheto State of Tennessee says: This is Gerald Laney’s Future. Gerald
says: Jesus is the answer, s.d. Adaptado também da fita The Enforcer, cuja gravação
contém o testemunho completo de Gerald.
156
valoriza os prazeres da vida e que nos ensina a nos libertar do sofrimento a todo custo. Embora seja considerado absurdo um jovem rico, bonito e saudável tirar a própria vida, porém parece ser mais fácil aceitar o fato de um deficiente cometer suicídio. Só porque o progresso da medicina nos permite hoje manipular a vida humana de todas as maneiras possíveis, as pessoas acham que o sofrimento e a privação de uma vida de prazeres lhes dá o direito de usar os recursos da medicina para escolher a morte. Idealmente, os recursos da medicina deveriam ser usados para aliviar a dor do paciente que está morrendo sem privá­lo da consciência de si mesmo. Quando a morte se aproxima, as pessoas devem estar em condições de satisfazer suas obrigações morais e familiares e, principalmente, precisam da oportunidade de estar em plena consciência a fim de se prepararem para ter um encontro com o Salvador Jesus Cristo. Afinal, a entrada na eternidade é um assunto muito sério. Em outros casos, são os parentes e amigos que têm a responsabilidade de clamar a Deus em favor de alguém inconsciente que está morrendo.
A eutanásia torna­se mais grave quando médicos e legisladores usam sua autoridade para decidir quem deve viver e quem deve morrer, principalmente em casos envolvendo remoção de órgãos. O ser humano encontra­se assim não só na posição de conhecedor do bem e do mal, mas também na posição de poder fazer o bem ou o mal (cf. Gênesis 3.5).
Embora as pessoas possam decidir o que quiserem, com ou sem a ajuda da tecnologia, só Deus tem a autoridade para determinar o que deve ou não ser feito nas questões vitais. Não se colocar debaixo dessa autoridade, ou não reconhecê­la plenamente na Palavra de Deus, é se colocar no lugar do próprio Deus. Quando o ser humano pensa que também pode exercer tal autoridade, de acordo com sua 157
maneira de pensar, ele acaba inevitavelmente usando­a para a morte. Só Deus tem plena autoridade sobre a vida e a morte, e ninguém pode usá­la sem sua direta permissão. “Saibam todos que eu, somente eu, sou Deus; não há outro deus além de mim. Eu mato e eu faço viver; eu firo e eu curo. Ninguém pode me impedir de fazer o que quero”. (Deuteronômio 32.39 BLH)
Talvez o mais importante é que em cada situação de vida ou morte Deus pode e quer intervir, desde que o nome de Jesus seja invocado em oração e sinceridade de espírito. A pessoa que, em nome da “compaixão”, intervém para ajudar alguém a morrer mais depressa a fim de livrá­lo do sofrimento está tirando de Deus a oportunidade de agir. Até mesmo no momento da morte, Jesus pode salvar (Lucas 23.42­43). Sem mencionar que para curar uma pessoa, Deus não precisa remover os órgãos de outro ser humano com o coração batendo. Deus não precisa matar para curar! E a cura de Jesus está sempre disponível para quem a busca.
158
OS CRISTÃOS E A EUTANÁSIA
247
Embora possa parecer que a tecnologia moderna até certo ponto criou o dilema da eutanásia, a verdade é que muitas civilizações antigas praticavam tanto a eutanásia ativa quanto a passiva, principalmente nos doentes, nos recém­nascidos defeituosos e nos idosos. As filosofias da Grécia e de Roma idealizavam o suicídio como uma forma nobre de morrer. Até mesmo o assassinato não era condenado em todas as sociedades antigas, e muitas vezes os doentes eram abandonados para morrer ou para se virarem sozinhos. Aliás, na época do Novo Testamento a sociedade romana normalmente valorizava o ser humano somente conforme sua posição social, nacionalidade, etc.
Em contraste, quando esteve no mundo Jesus Cristo demonstrou, de muitas maneiras, um padrão de vida bem diferente dos valores sociais da época. Ele vivia em obediência à Palavra de Deus, que ensina que o ser humano foi criado conforme a imagem de Deus. A Palavra de Deus também contém leis que condenam o assassinato (Gênesis 1.26; 9.6; Êxodo 20.13). Jesus confirmou a validade dos ensinos do Antigo Testamento sobre a questão do assassinato e ainda levou esse princípio mais adiante (Mateus 5.21­22). Ele não só se opunha ao diabo que mata, mas também destruia suas obras que matam. Os Evangelhos mostram Jesus curando, até mesmo das piores doenças, muitos homens e mulheres das mais baixas condições sociais.
Ao descrever o Dia do Juizo, a Bíblia diz que o Rei Jesus dirá para as pessoas que vivem conforme Deus acha certo:
247Muitas
das informações deste capítulo foram adaptadas dos capítulos 5 e 6 de: Beth
Spring & Ed Larson, Euthanasia, Spiritual, Medical & Legal Issues in Terminal Health
Care (Multnomah Press: Portland, Oregon (EUA), 1988). Notas adicionais neste capítulo
referem-se a outras obras que inclui para uma compreensão melhor.
159
“Venham, vocês que são abençoados pelo meu Pai! Venham e recebam o Reino que, desde a criação do mundo, foi preparado pelo meu Pai. Pois eu estava com fome, e vocês me deram comida; estava com sede, e me deram água. Era estrangeiro, e me receberam nas suas casas. Estava sem roupa, e me vestiram; estava doente, e cuidaram de mim. Estava na prisão, e foram me visitar”. (Mateus 25.34­36 BLH)
Essas pessoas de bom coração, sem entender o que Jesus queria dizer, perguntam:
“Senhor, quando foi que o vimos com fome e lhe demos comida ou com sede e lhe demos água? Quando foi que vimos o senhor como estrangeiro e o recebemos nas nossas casas ou sem roupa e o vestimos? Quando foi que vimos o senhor doente ou na prisão e fomos visitá­lo?” (Mateus 25.37­39 BLH)
Essa revelação é importante para quem quer agradar a Deus. Em resposta, Jesus mostra o que acontece quando obedecemos a essa revelação: “Eu afirmo que, quando vocês fizeram isso ao mais humilde dos meus irmãos, de fato foi a mim que fizeram”. (Mateus 25.40 BLH)
Os cristãos do passado e a eutanásia
Jesus fez essa revelação importante para cristãos que viviam numa época em que a sociedade romana aceitava a eutanásia e o aborto. Nos primeiros três séculos depois da morte e ressurreição do Senhor Jesus, os cristãos praticavam esse ensino sem hesitação. Os primeiros cristãos não seguiam os valores “éticos” das sociedades em que viviam. Eles seguiam os valores éticos do Reino de Deus. Henry Sigerist, respeitado historiador de medicina da Universidade Johns Hopkins, descreve a transformação que o Cristianismo produziu então: Para os gregos do quinto século antes de Cristo e para [as gerações] que vieram depois, a saúde era considerada o bem mais elevado… O homem doente, o aleijado ou o fraco só 160
poderiam esperar consideração da sociedade enquanto seu estado de saúde tivesse condições de melhorar. A melhor maneira de proceder para com os fracos era destruí­los, o que era feito com frequência…
Coube ao Cristianismo a responsabilidade de introduzir a mudança mais revolucionária e decisiva na atitude da sociedade para com os doentes. O Cristianismo veio ao mundo como uma religião de cura… O [Evangelho] tinha como alvo os pobres, os doentes e os aflitos e lhes prometia cura e restauração, tanto espiritual quanto física. O próprio Cristo não havia realizado curas? Essa nova atitude inspirou os ensinamentos e atividades do Cristianismo no Império Romano. Os primeiros líderes cristãos, inclusive Policarpo (70­160), Justino Mártir (100­165), Tertuliano (160­220) e Jerônimo (345­419), incentivavam os cristãos a cuidar dos doentes. A partir de então, os cristãos se tornaram conhecidos por sua disposição de tratar de pessoas doentes, inclusive de vítimas de pestes, que eram abandonadas pela sociedade. Os historiadores Darrel W. Amundsen e Gary B. Ferngren observam: “Os primeiros hospitais vieram a existir, no quarto século, por causa da preocupação dos cristãos com todas as pessoas, principalmente os mais necessitados, pois o ser humano tem a imagem de Deus”.
A Bíblia ensina que o ser humano foi criado conforme a imagem de Deus e que Jesus morreu para salvar toda a humanidade. Esse ensino inspirou os primeiros cristãos a ter um grande respeito pelo valor e dignidade da vida humana. Eles não só cuidavam dos doentes, mas também denunciavam práticas sociais romanas como aborto, assassinato de recém­nascidos, eutanásia e suicídio. “A verdade é que nós, cristãos, não temos permissão de destruir o que foi concebido na barriga de uma mulher, pois o homicídio é proibido”, assim escreveu Tertuliano no segundo século.
161
Além do aborto, que era muito praticado, a sociedade romana também achava normal matar crianças indesejadas ou abandoná­las a morrer expostas ao sol, chuva, noite, etc. Amundsen e Ferngren comentam: “Depois de sua legalização no quarto século, o Cristianismo aos poucos foi introduzindo importantes mudanças no clima moral do mundo romano. Começando com Constantino, os sucessivos imperadores cristãos aprovaram leis com o objetivo de proteger os recém­nascidos. Contudo, a influência mais importante não veio das leis do Império, mas dos Concílios da Igreja, que condenaram o aborto, o assassinato de recém­nascidos e o abandono deles para morrer”.
Os primeiros líderes cristãos, de Justino Mártir a Agostinho de Hipona (354­430) assumiram um posicionamento igualmente forte contra a eutanásia.
Agostinho afirmou: “Os cristãos não têm autoridade de
cometer suicídio em circunstância alguma. É importante
observarmos que em nenhuma parte da Bíblia Sagrada há
mandamento ou permissão para cometer suicídio com a
finalidade de garantir a imortalidade ou para evitar ou
escapar de algum mal. Aliás, temos de compreender que
o mandamento ‘Não matarás’ (Êxodo 20.13) proíbe matar
a nós mesmos”.
É evidente que Agostinho estava se referindo também
à eutanásia. Por exemplo, para refutar a idéia social de
que o suicídio é um meio normal de acabar com as dores
e aflições do corpo, Agostinho citou passagens bíblicas
sobre nossa responsabilidade de aguardar o céu com
paciência (Romanos 8.24-25), e afirmou: “aguardamos
‘com paciência’, precisamente porque estamos cercados
pelos males que a paciência deve tolerar até que
cheguemos aonde… não mais haverá nada para tolerar”.
Poucos sabem que Agostinho enfrentou uma seita
cristã no Norte da África que apoiava a idéia do suicídio
como uma forma de martírio voluntário. Essa seita via o
162
suicídio como uma maneira de entrar mais rápido na
presença de Deus. Essas idéias não são totalmente
rejeitadas hoje. Muitos cristãos espiritualmente mal
orientados nos EUA e na Europa cedem à tentação de
permitir que a eutanásia seja aplicada num membro da
família, sob a alegação de que o apressamento da morte
os fará ficar com Deus mais rapidamente. Alguns, para
não enfrentar a realidade do que estão fazendo, até citam
passagens de Paulo: “A vida para mim é Cristo, e a morte
é lucro”.
248
Os cristãos do passado e o sofrimento
Os filósofos da época viam o sofrimento como um mal
a ser evitado a todo custo, e não é sem razão que
ninguém achava anormal um doente grave cometer
suicídio para fugir do sofrimento. Mas Agostinho era fiel à
idéia bíblica de que a vida aqui na terra representa
somente uma fase até chegarmos à eternidade, onde
viveremos para sempre com Deus ou sem ele. Como usar
o suicídio como solução para fugir do sofrimento humano
e depois evitar na eternidade o Deus que tem autoridade
de decidir o destino de nossa vida?
No caso do cristão, Jesus várias vezes avisou seus
seguidores de que eles sofreriam perseguição (Mateus
5.10-12; Marcos 10.28-31; João 15.20). As cartas dos
apóstolos indicavam o sofrimento físico como um meio de
teste, cujo resultado final seria maturidade espiritual e
capacidade de resistir melhor aos ataques do diabo
(Romanos 5.1-5; Hebreus 12.7-11; Tiago 1.2-8; 5.10-11; 1
Pedro 4.12-13). Em sua carta à igreja da cidade de
Corinto, Paulo descreveu seu próprio sofrimento: “O
sofrimento que suportamos foi tão grande e tão duro, que
já não tínhamos esperança de escapar de lá com vida.
248
Brian P. Johnston, Combatting Euthanasia’s Thin Edge Assisted Suicide. documento
apresentado na 4ª Conferência Internacional sobre os Direitos Humanos e as Questões
Sociais, Vida, Aborto e Eutanásia (Haia, Holanda, 8-12 de dezembro de 1998). O Sr.
Johnston é diretor do Conselho Pró-Vida da Califórnia, que faz parte do National Right
to Life Committee dos EUA.
163
Nós nos sentíamos como condenados à morte. Mas isso
aconteceu para nos ensinar a confiar não em nós mesmos
e sim em Deus, que ressuscita os mortos”. (1 Coríntios
1.8-9 BLH)
Paulo não se desesperava ao ponto de acolher a idéia
do suicídio, porque “ainda que o nosso corpo vá se
gastando, o nosso espírito vai se renovando dia a dia. E
essa pequena e passageira aflição que sentimos vai nos
trazer uma enorme e eterna glória, muito maior do que o
sofrimento. Porque nós não fixamos a nossa atenção nas
coisas que se vêem, mas nas que não se vêem. O que
pode ser visto dura apenas um pouco, mas o que não
pode ser visto dura para sempre”. (2 Coríntios 4.16-17
BLH)
O Império Romano se desmoronou logo após a morte
de Agostinho em 430, e a Europa entrou na Idade Média.
Nesse período, que durou aproximadamente mil anos,
houve muitas guerras e o sistema social e econômico
ruiu, piorando assim as condições de saúde e
sobrevivência das populações. De 541 a 767, dezesseis
pestes bubônicas varreram a Europa. Em meio aos graves
sofrimentos humanos, os cristãos se apoiavam na Palavra
de Deus para enfrentar seus sofrimentos individuais.
Bede, líder cristão inglês desse período, escreveu
vários relatos de doenças e sofrimento. Alguns relatos
apresentavam pessoas dedicadas a Deus sendo
sobrenaturalmente curadas por Deus, outros descreviam
pessoas morrendo rapidamente ou sofrendo anos antes
de morrer — mas todos entregavam o controle de suas
vidas a Deus: “Por isso os que sofrem porque esta é a
vontade de Deus devem, por meio das suas boas ações,
confiar completamente no Criador, que sempre cumpre as
suas promessas”. (1 Pedro 4.19 BLH)
Para encorajar e cultivar a fidelidade a Deus no meio
das circunstâncias difíceis, Bede usou o exemplo do Bispo
Benedito, que sofreu uma prolongada doença terminal:
“Durante três anos, Benedito aos poucos foi ficando tão
164
paralisado que da cintura para baixo estava tudo sem
vida”. Apesar do longo tempo de sofrimento que sua
doença lhe causou, Benedito sempre procurava “se
ocupar louvando a Deus e ensinando os irmãos”.
Doenças fatais dolorosas como a doença que fez o
Bispo Benedito sofrer tantos anos de agonias eram
comuns durante a Idade Média, por causa da falta de
medicamentos e tranqüilizantes eficientes. Apesar disso,
nenhum cristão procurava apressar a própria morte a fim
de escapar das dores de uma doença terminal. Eles
preferiam se entregar totalmente aos cuidados de Deus.
Basicamente, o pensamento depois da Reforma era
esse também. Os cristãos se entregavam sempre a Jesus,
não às doenças.
A eutanásia e as igrejas de hoje
Enquanto hoje muitas igrejas americanas e européias
se encontram mergulhadas em idéias e práticas fora dos
princípios bíblicos e até apóiam a morte para as pessoas
mais oprimidas e indefesas, muitas igrejas nos países
menos ricos estão vivendo uma realidade diferente:
muitos milagres estão ocorrendo através da visitação do
Espírito Santo. Essas igrejas são instrumento de salvação,
perdão, restauração, cura e libertação e é isso mesmo
que as pessoas oprimidas recebem quando lá vão. O
Evangelho é inimigo da doença, não do doente, e
apresenta um Jesus vivo que mata a doença, não o
doente. Talvez os cristãos de países como o Brasil
precisem lembrar aos cristãos dos países ricos o motivo
por que Jesus veio ao mundo: destruir as obras do diabo,
não destruir as pessoas que são oprimidas por ele.
O fato é que as igrejas que se abrem para um forte
contato com Deus, principalmente na área da cura
espiritual,
física
e
emocional,
conseguem
verdadeiramente abençoar a vida das pessoas. Mas
igrejas que não têm esse tipo de abertura correm o risco
165
de acabar se abrindo para outros tipos de “solução” para
o problema do sofrimento humano.
Enquanto as igrejas cristãs dos países ricos estão
ocupadas
tentando
descobrir
se
o
casamento
homossexual e o aborto são opções bíblicas, igrejas de
países pobres, com toda sua simplicidade, estão cheias de
testemunhos de salvação, cura e libertação, pelo simples
fato de que as congregações são encorajadas a buscar a
Deus com fé e se abrir para a visitação do Espírito Santo.
É fácil ver que uma fé verdadeira não tem espaço para a
perspectiva do mundo que tolera a eutanásia. Muitas
vezes missionários americanos e europeus voltam para
seus países de origem e contam o que Deus faz no campo
missionário, grandes bênçãos e milagres que raramente
eles vêem na própria pátria.
Geralmente, embora reconheçam que há o momento
de “partir para Jesus”, cristãos mais simples e fiéis a Deus
sabem que a melhor maneira de encarar o sofrimento é
buscando a Deus com todas as forças e tomando posse
das promessas da Palavra de Deus. A característica mais
marcante de muitos cristãos em países pobres,
principalmente onde há muita perseguição, é forte
confiança no poder de Deus para restaurar a saúde e à
vezes desconfiança dos médicos. Esse tipo de
desconfiança é saudável num aspecto: mantém o cristão
afastado dos problemas e dilemas do aborto e eutanásia
que atingem os médicos. Ainda que ocorram muitos
milagres
entre
os
cristãos
de
países
menos
desenvolvidos, a abertura ao poder sobrenatural do
Espírito Santo não está limitada a eles. Cristãos de
diferentes denominações, às vezes das igrejas mais
tradicionais nos países ricos, experimentam visitações
incríveis de Deus. Mas essas visitações têm sido muito
mais freqüentes nos países onde há mais perseguição ao
Evangelho.
A verdade é que os cristãos fiéis à Palavra de Deus
têm dificuldade de ver a morte como um meio de fugir do
166
sofrimento. Eles vêem a morte como o “último inimigo”,
não como uma amiga. A morte é conseqüência do pecado
e o cristão deve resisti-la, não abraçá-la. O pastor
presbiteriano Paul Fowler escreve com relação ao aborto:
“Os temas da vida e da morte aparecem em toda a Bíblia
como alvos totalmente contrários. Deus é o Criador da
vida. A morte é a perda da vida que Deus criou”.
Quem tem o direito de tirar a vida inocente?
Ainda que não tivesse promessa alguma na Palavra de
Deus para nos ajudar no sofrimento, ainda assim o cristão
fiel respeitaria e honraria o que Deus diz:
“Não mate”. (Êxodo 20:13 BLH)
“Maldito seja aquele que matar outro… à traição!…
Maldito aquele que receber dinheiro para matar uma
pessoa inocente!…” (Deuteronômio 27:24,25 BLH)
“Ele [o homem perverso] se esconde… e mata
pessoas inocentes”. (Salmo 10:8 BLH)
“Existem sete coisas que o Deus Eterno detesta e
que não pode tolerar: …mãos que matam gente
inocente…” (Provérbios 6:16-18 BLH)
Além do testemunho da Palavra de Deus, há também
o testemunho de cristãos sinceros. O Rev. G. Campbell
Morgan (1863-1945) comentou sobre o mandamento de
não matar. Ele diz:
QUEM TEM O DIREITO DE TERMINAR A VIDA?
Deus é soberano sobre a vida de cada pessoa. Esse é o
alicerce mais importante da estrutura social. A Palavra de
Deus mostra claramente que a vida humana é sagrada. Deus
a criou de maneira misteriosa e magnífica em seu começo e
possibilidade, completamente além do controle da
compreensão dos seres humanos…
167
A revelação que Deus fez ao homem prova que ele tem
um propósito para toda pessoa e para a raça humana…
Terminar uma só vida é colocar a inteligência e sabedoria do
homem acima da sabedoria de Deus.
As questões da morte são tão imensas que não há
pecado contra a humanidade e contra Deus que seja tão
grave quanto o pecado de tirar a vida. Esse breve
mandamento declara a primeira lei fundamental acerca da
vida humana, tão clara e vital que exige atenção máxima.
A vida é um presente que Deus deu… Esse mandamento,
pois, com palavras muito simples, mas de maneira severa,
envolve a vida de cada ser humano com uma gloriosa Lei. Dá
somente a Deus o direito de terminar a vida que ele deu.249
Perguntaram ao evangelista Billy Graham: “Por que
tantas pessoas são contra a idéia de ajudar no suicídio de
uma pessoa que tem uma doença crônica e está sem
esperança de recuperação? Parece uma boa opção, e eu
mesmo não ia querer continuar vivendo se estivesse
nessa situação”. Graham, então com 81 anos de idade,
respondeu: “O motivo principal é que foi Deus quem nos
deu a vida, e só Ele tem o direito de tirá-la. A vida é um
presente sagrado de Deus. Não estamos aqui
simplesmente por acaso. Foi Deus quem nos colocou aqui.
Assim como Ele nos colocou aqui, só Ele tem a autoridade
de nos levar embora, e quando tomamos essa autoridade
em nossas mãos, violentamos Seus propósitos cheios de
sabedoria. Não se deve destruir a vida arbitrariamente”.
250
Agostinho disse:
Nenhuma pessoa deve infligir em si mesma morte voluntária, pois isso seria fugir dos sofrimentos do tempo presente para se atirar nos sofrimentos da eternidade… Nenhuma pessoa deve acabar com a própria vida a fim de obter uma vida melhor depois 249
“Who has the right to end life?”, artigo publicado na revista Decision (Billy Graham
Evangelistic Association: Winnipeg, Canadá, junho de 2000 [edição canadense]), p. 34.
250 Lifesite Daily News, 7 de setembro de 1999, Toronto, Canadá.
168
da morte, pois quem se mata não terá uma vida melhor depois de morrer.
251
Paganismo nas igrejas
O motivo por que muitas igrejas cristãs dos países
ricos estão se fechando para os mandamentos de Deus e
se abrindo para idéias a favor do aborto, eutanásia e
homossexualismo é a volta do paganismo. Quando
pensamos na palavra pagão, o que surge na mente?
Imaginamos pessoas da antiguidade que adoravam
árvores? Essa noção está fora de moda. Conforme diz o
Dr. Robert George, da Universidade de Princeton, o termo
“pagão” agora se aplica melhor aos americanos e
europeus ricos bem estudados de hoje — inclusive muitos
que vão à igreja.
A definição de paganismo de George foi apresentada
num encontro recente do Toward Tradition, um grupo que
reúne judeus ortodoxos e cristãos conservadores. Ele
disse que o paganismo não está confinado ao passado,
onde povos primitivos ofereciam sacrifícios ao sol. Para
ele, a tentação de adorar falsos deuses é permanente e
constante.
A essência do paganismo é a idolatria — a adoração
de deuses falsos no lugar do único Deus verdadeiro. Mas,
lamentavelmente, muitos cristãos modernos caem em
práticas pagãs e nem mesmo percebem, e alguns até
freqüentam igrejas que realmente as promovem.
Como sabemos que os europeus e americanos se
paganizaram? George diz que há um teste a prova de
falhas: “Os deuses falsos exigem o sangue dos inocentes.
Quando há o assassinato de pessoas inocentes e justas…
não é o Deus de Israel que se está adorando”. Mas os
deuses falsos dos pagãos modernos são ainda mais
251
St. Augustine, The City of God. Taken from "The Early Church Fathers and Other
Works" originally published by Wm. B. Eerdmans Pub. Co. in English in Edinburgh,
Scotland, beginning in 1867. (LNPF I/II, Schaff).
169
sanguinários. “Hoje”, George diz, “as crianças antes do
nascimento, na hora do nascimento e os recém-nascidos
defeituosos são… sacrificados aos deuses falsos da
escolha, autonomia e liberação. Eles são sacrificados em
altares de aço inoxidável, por sacerdotes em roupas
cirúrgicas”. E os defensores da eutanásia e do suicídio
com ajuda médica são seus irmãos na fé.
Em contraste, George observa, os cristãos fiéis…
adoram o Senhor da vida — o Deus que dá a todos os
seres humanos (por mais humildes e pobres que sejam)
— uma dignidade sublime”. É por esse motivo que “a vida
de toda pessoa inocente é… de, maneira igual, inviolável
sob a lei moral”.
Os pagãos modernos — inclusive a maioria dos
cristãos e judeus secularizados — escondem sua ideologia
pagã num disfarce de honestidade e boas ações. Eles
falam de compaixão, até mesmo quando desculpam seu
apoio ao aborto legal e à eutanásia. Na verdade, o que
eles estão adorando não é o Deus de compaixão, mas os
falsos deuses que trazem morte.
É fato histórico que toda civilização que sacrifica
crianças aos deuses se condena à destruição. A Bíblia
descreve como até grandes impérios desabaram porque
derramaram sangue inocente. Alguns anos atrás, um
americano visitou uma senhora cristã na Índia e
perguntou o que ele poderia fazer para ajudá-la. Ela
respondeu: “Volte para os Estados Unidos e ajude a deter
a matança dos bebês inocentes. Apresse-se, enquanto há
tempo, ou o seu país sofrerá o juízo de Deus”.
É importante que saibamos discernir o que está
acontecendo nos EUA e Europa, pois devido a ensinos e
práticas antibíblicas muitas igrejas americanas e
européias apóiam os sacrifícios pagãos sem sentir peso
na consciência.
252
252
Todo esse texto sobre paganismo moderno foi adaptado da mensagem Innocent
Blood: The Demand of Paganism, BreakPoint with Charles Colson,Commentary
#001208 - 12/08/2000.
170
Igreja e sociedade
É importante também compreender que nenhuma
sociedade fica parada. Todas as sociedades costumam
mudar de direção. Ou avançam para mais perto dos
padrões que estão de acordo com os princípios
estabelecidos por Deus, ou se afastam deles.
Em Mateus 5, o Senhor Jesus nos deu a missão de ser
o sal da terra e a luz do mundo. É a responsabilidade de
todos os cristãos influenciarem a sociedade com os
princípios de Deus. Se não fizermos isso, a sociedade se
afastará mais e mais dos padrões de Deus. Se deixarmos
de influenciar a sociedade, há o risco de que as igrejas
cristãs sejam influenciadas pelo mundo. O mundo dará o
exemplo e a direção e as igrejas seguirão o mundo e seus
padrões.
A outra possibilidade é que ainda que permaneçam
firmes, se as igrejas deixarem de influenciar a sociedade,
a sociedade aos poucos vai se afastar das igrejas. Então o
mundo achará as igrejas mais estranhas em seus valores
e costumes. Esse distanciamento deixará as igrejas tão
isoladas socialmente quanto uma ilha solitária no meio do
oceano Pacífico. Quando isso chega a acontecer, o que
ocorre em seguida é que os cristãos acabam sendo
chamados de extremistas, fundamentalistas ou radicais
quando tentam defender valores importantes. Tal é o que
vem ocorrendo com relação ao aborto, homossexualismo,
eutanásia, etc.
Uma das questões mais importantes que devemos
considerar é de que maneira o assassinato de pessoas
inocentes, através do aborto legal e da eutanásia, pode
afetar negativamente a sociedade. Deus diz: “Portanto,
não profanem com crimes de sangue a terra onde vocês
253
253
Dr. Albertus van Eeden, Abortion and Euthanasia in South Africa, documento
apresentado na 4ª Conferência Internacional sobre os Direitos Humanos e as Questões
Sociais, Vida, Aborto e Eutanásia (Haia, Holanda, 8-12 de dezembro de 1998).
171
vivem, pois os assassinatos profanam o país. E a única
maneira de se fazer a cerimônia de purificação da terra
onde alguém foi morto é pela morte do assassino”.
(Números 35:33 BLH) Nessa passagem, Deus indica que
se a sociedade não tomar medidas sérias contra o
assassinato de pessoas inocentes, o derramamento desse
sangue poderá abrir brechas espirituais para os demônios
espalharem maldições e morte pela sociedade. O Bispo
Robson Rodovalho diz: “Ondas de homicídios, acidentes
de trânsito, estupros, desempregos e outras tragédias
semelhantes são ondas que têm origem em ações
demoníacas”.
A Igreja de Jesus Cristo conhece realidades espirituais
e terrenas que precisa transmitir e aplicar na sociedade.
Mas de que modo os cristãos, como igreja e indivíduos,
podem realmente fazer uma diferença na sociedade em
questões como o aborto e a eutanásia? Intercedendo
pelas pessoas envolvidas e confrontando as forças
espirituais, as leis e as tendências sociais que as
favorecem. O Bispo Robson afirma: “Quando há
realmente esse ministério de intercessão e confrontação,
haverá evangelização. É aí que o poder do Evangelho
precisa moldar, transformar e fazer a diferença da
cultura”.
254
255
254
Robson Rodovalho, Quebrando as Maldições Hereditárias (Editora Koinonia: Brasília,
1992), p. 83.
255 Robson Rodovalho, Quebrando as Maldições Hereditárias (Editora Koinonia: Brasília,
1992), p. 91.
172
A IMIGRAÇÃO COMO SOLUÇÃO?
Os países ricos estão com uma população jovem cada vez mais reduzida e com uma população idosa que, por causa dos avanços tecnológicos na área da saúde, vive mais e mais anos recebendo aposentadoria e sobrecarregando financeiramente os serviços de saúde. Esses países só vêem duas opções para tentar deter os problemas econômicos que já estão aparecendo no horizonte: incentivar as mulheres a ter famílias maiores ou incentivar em grande escala a entrada de imigrantes em seus países. Sem essas opções, a única perspectiva seria a aceitação compulsória da eutanásia para todos os idosos a partir de determinada idade, a fim de impedi­los de esgotar os recursos econômicos nacionais. Numa reunião sobre imigração em
1 de agosto de 1999, Antonio Fazio, o presidente do
Banco da Itália, frisou a importância de aumentar a índice
de
natalidade
e
imigração
para
garantir
o
desenvolvimento econômico e social.
Um importante documento mostra:
256
Os rápidos avanços na área da tecnologia médica, juntamente com as crescentes expectações sociais com relação à assistência e à cura, garantem que os gastos de assistência de saúde para os grupos de todas as idades continuarão a crescer mais rápido do que a economia na maioria dos países desenvolvidos. Essa tendência de custos é de maneira especial explosiva porque os idosos consomem entre três e cinco vezes mais serviços de saúde per capita do que as pessoas mais jovens.
257
Em face desses problemas, os governos teriam de aumentar a idade de aposentadoria e fazer com que os 256
(Immigrants are Positive Resource for Country, Zenit News Service, notícia
divulgada na internet pela 1999, American Life League, Inc,)
257Documento Global Aging: The Challenge of the New Millenium (Center for Strategic
and International Studies: Washington DC: 1999), p. 10.
173
trabalhadores trabalhem mais horas. Mas ao que tudo indica, nem isso seria suficiente para resolver plenamente a sobrecarga de uma população idosa grande demais. A Europa, por esse motivo, é forçada a receber 4 milhões de imigrantes anualmente para compensar a diminuição da população trabalhadora jovem. Além disso, os europeus jovens terão de trabalhar mais horas para sustentar a previdência social e os idosos, com as medidas sociais que serão tomadas, terão de trabalhar mais anos e esperar a aposentadoria mais tarde na vida. O próprio conceito de idoso terá de ser modificado para que se alcance essa meta.
258
259
Quem quer mais bebês?
Ainda que as esposas americanas e européias começassem agora a ter famílias numerosas, os resultados só começariam a aparecer daqui a uns 25 anos. Essa seria uma solução de longo prazo, mas nos EUA e Europa as famílias são materialistas demais para verem a chegada de mais crianças no lar como um investimento para o futuro do país. Aparentemente, no mundo materialista de hoje, só o cristão fiel a Deus conseguiria ver uma família numerosa como bênção (cf. Salmo 127:3­5). Apesar dos importantes incentivos financeiros do governo da Alemanha, França e Japão para os casais que tiverem mais filhos, muito poucas famílias estão aproveitando a oportunidade.
A grande maioria das esposas nesses países trabalha
fora e não quer trocar um estilo de vida profissional e
materialista por uma vida dedicada ao lar e aos filhos.
Essa mudança de comportamento foi provocada por
vários fatores. A Europa e os EUA sofreram décadas de
campanhas desanimando os casais de querer famílias
grandes. Ainda que Annie Besant tenha sido a principal
258Documento
Global Aging: The Challenge of the New Millenium (Center for Strategic
and International Studies: Washington DC: 1999), p. 17.
259Documento Global Aging: The Challenge of the New Millenium (Center for Strategic
and International Studies: Washington DC: 1999), p. 23.
174
responsável pelo lançamento desse tipo de propaganda
no século XIX, foi só Margaret Sanger quem conseguiu
aplicar com êxito as idéias de planejamento familiar de
Besant. As duas, em seu radicalismo, jogavam sobre as
famílias numerosas a culpa de todos os males sociais,
desde a criminalidade até a fome. Com o tempo, até
muitos casais evangélicos passaram a acreditar mais nas
teorias delas do que nas promessas de Deus nos Salmos
127 e 128. Hoje a Europa e os EUA exportam e financiam
essas campanhas no mundo inteiro, inclusive no Brasil.
Imigração em massa: uma necessidade crescente
A revista Veja de 1 de agosto de 2001 alerta: “As economias da Europa, dos Estados Unidos e até do Japão precisam dos pobres, dos deserdados e dos aventureiros do Terceiro Mundo… Não se trata de humanitarismo. As razões são puramente econômicas. Sua lógica é simples. Os imigrantes, por mais pobres que sejam, geram riquezas nos lugares que os acolhem.”
Embora a aceitação da imigração em massa não agrade a muitos americanos e europeus, eles são, devido às circunstâncias, obrigados a aceitá­la, para o bem da própria economia de seus países. Isso traz uma perspectiva interessante para eles e para nós. Mais do que nunca, eles vão precisar de nós para ajudá­los. Pode­se dizer que o futuro deles não mais pertence aos descendentes insuficientes que eles estão deixando, mas a todos nós, do Brasil e de outros países em desenvolvimento, que estivermos dispostos a emigrar para seus países. A imigração é agora vista como uma necessidade indispensável para a sobrevivência econômica das nações ricas. Um documento das Nações Unidas declara:
260
As projeções das Nações Unidas indicam que nos próximos 50 anos as populações de virtualmente todos os países da 260
Artigo A Solução que Vem de Fora, p. 80.
175
Europa e Japão enfrentarão declínio da população jovem e aumento da população idosa. Esses novos desafios… exigirão novas e mais abrangentes avaliações… com relação à migração internacional.
261
Diante dessas tendências na estrutura da população, o documento propõe migração de substituição para oito países com baixa fertilidade (França, Alemanha, Itália, Japão, República da Coréia, Federação Russa, Reino Unido e Estados Unidos) e duas regiões (Europa e União Européia). O documento diz: “Migração de substituição refere­se à migração internacional que um país precisa para compensar a diminuição da população jovem e o aumento da população idosa causados por baixas taxas de natalidade e mortalidade”.
Essa informação oficial da ONU nos ajuda a entender que, quer aceitem ou não sua realidade, os EUA e a Europa precisarão mais cedo ou mais tarde abrir suas portas para milhões de imigrantes — apenas para manter seu elevado padrão econômico. Nesse debate, não se coloca a questão do papel econômico do imigrante para livrar os idosos da eutanásia, porque a preocupação principal dos países ricos parece ser proteger seu próprio materialismo, não a vida humana.
A questão da imigração traz oportunidades importantes para os países ricos e para nós no Brasil. O jornalista americano Matt Marshall, num artigo publicado na revista alemã Deutschland, conta o caso de um brasileiro que se aventurou como imigrante e alcançou muito mais do que queria:
262
261Replacement
Migration: Is it a Solution to Declining and Ageing Populations?
(Department of Economic and Social Affairs/Population Division/ United Nations: New
York-USA, 20 de março de 2000).
262Replacement Migration: Is it a Solution to Declining and Ageing Populations?
(Department of Economic and Social Affairs/Population Division/ United Nations: New
York-USA, 20 de março de 2000).
176
Romildo Wildgrube veio à Alemanha em 1992 em busca de trabalho. Encontrou emprego no Ministério federal dos Transportes, mas bem cedo o trabalho ficou monótono. A sua verdadeira paixão era o computador, diante do qual passava as noites, ampliando seus conhecimentos em alta tecnologia. Desiludido com a falta de perspectiva profissional, Wildgrube foi para os EUA em 1996. Enquanto ainda estudava inglês, encontrou uma colocação numa empresa de computação no Vale do Silício, onde ganhava 8 dólares por hora. Após seis meses, assumiu outro emprego em computação e passou a ganhar 25 dólares por hora. Em 1999, ele estava dirigindo o departamento de suporte de computador de uma jovem empresa de Internet, ganhando um salário de mais de 100.000 dólares por ano e, em pouco tempo, já possuía milhares de ações de diversas empresas. O valor dessas empresas subiu para mais do dobro do seu salário anual. Ele comprou uma casa na baía de São Francisco. Para ele, o “o sonho” americano tornou­se realidade. Mas Wildgrube fez mais — ele criou empregos nos EUA. Contribuindo para cobrir a necessidade de especialistas em computação de empresas americanas, ele ajudou outra empresa de computação a conquistar e firmar sua posição no mercado on­line internacional. A empresa Double­Click experimentou um crescimento enorme e se expandiu logo depois para outros países. Para preencher suas necessidades empresariais, a empresa teve de contratar mais empregados para a área de marketing e vendas, na maior parte americanos formados em áreas acadêmicas mais leves, como literatura, economia ou administração de empresa. Sem a afluência de estrangeiros com as respectivas experiências técnicas, essa empresa não teria conseguido essa expansão e sucesso — e os americanos não teriam conseguido emprego. Os americanos não estavam em condições de assumir esses empregos devido à falta de formação específica. E como a revolução da Internet começava a explodir, não havia tempo suficiente disponível para esperar até que jovens americanos tivessem concluído a devida formação nas escolas. Hoje, Wildgrube trabalha em outra empresa, onde a maioria de seus colegas de trabalho é russa. Ele e seus companheiros também ajudaram essa empresa a dar uma boa arrancada no mercado, o que teve como resultado a contratação de mais pessoas — 177
por exemplo, Sean Murphy, de 25 anos, um americano que trabalha no setor de publicidade da empresa.
263
A necessidade de mais trabalhadores nos países avançados está abrindo as portas de oportunidades para brasileiros com iniciativa como Romildo Wildgrube. Romildo teve a possibilidade de emigrar e, em vez de tirar o emprego de americanos, ele acabou contribuindo para a criação de mais empregos para eles. O jornalista Marshall avalia o desempenho e a iniciativa de Romildo: “Contribuindo para a implantação de empresas no setor das novas tecnologias, ele também contribuiu para que surjam novos empregos, que algum dia serão ocupados por jovens americanos”.
As leis americanas permitem que empresas americanas tragam todos os anos em torno de 115.000 especialistas estrangeiros para trabalhar nos EUA por um limitado período de tempo, embora o número de vagas de trabalho ultrapasse 300.000.
Na Alemanha, o país mais forte da Europa hoje, a situação não é diferente. O jornalista Marshall comenta:
264
Na Alemanha existem atualmente 75.000 vagas de empregos sem cidadãos alemães treinados para preenchê­las. Segundo uma estimativa, essa escassez de trabalhadores subirá, em poucos anos, a 500.000 vagas. Além disso, há ainda outro problema: nas próximas três décadas o número de alemães com mais de 60 anos aumentará 50%, ao passo que o número de alemães entre 20 e 60 anos provavelmente diminuirá 50%, causando assim uma sobrecarga enorme no sistema de aposentadoria e bem­estar social da Alemanha. Se esse espaço vago não for preenchido com imigrantes, a Alemanha terá de optar por uma sociedade envelhecida, por uma economia de crescimento lento e nível elevado de preços. Um relatório publicado recentemente pelas Nações Unidas afirma que a Alemanha precisa anualmente de 500.000 263
Matt Marshall, Green Card Initiative (Societäts-Verlag: Frankfurt, Alemanha,
junho/julho de 2000), pp. 9,10.
264 Matt Marshall, Green Card Initiative (Societäts-Verlag: Frankfurt, Alemanha,
junho/julho de 2000), p. 10.
178
imigrantes, se quiser manter estável o nível demográfico de sua população. Estima­se que nos próximos 50 anos a população alemã diminuirá entre 20 e 60 milhões de pessoas. E como no futuro também vai ser preciso varrer as ruas, dirigir os ônibus do transporte coletivo e executar as atividades administrativas do governo, temos de fazer uma pergunta: como é que sobrará pessoas para trabalhar para as empresas voltadas para a inovação?
265
O jornal inglês Telegraph de 21 de julho de 2000 diz: “Sob a ameaça de uma população que está diminuindo, a Alemanha terá de importar milhões de trabalhadores migrantes para manter sua posição como a maior potência econômica da Europa”. O governo da Alemanha tem tomado medidas para permitir a entrada anual de centenas de milhares de trabalhadores estrangeiros. Se as famílias alemãs tivessem tido mais filhos, haveria hoje perspectiva de trabalhadores suficientes para sustentar a economia e preencher os milhares de vagas de empregos que existem. Mas ainda que os casais alemães se dispusessem a ter famílias grandes agora, levaria anos até a nova “safra” estar pronta para o mercado de trabalho. Então, a solução mais imediata para impedir o colapso da economia são os imigrantes.
Até nos EUA, com todo o seu avanço tecnológico, há hoje mais de 300.000 de vagas de empregos no setor de tecnologia que os próprios americanos não estão conseguindo preencher. Parece não haver trabalhadores suficientes para essas funções. Por isso, empresas americanas estão lutando na justiça a fim de que a lei permita a distribuição anual de centenas de milhares de vistos especiais para que especialistas de outros países possam se instalar definitivamente nos EUA.
266
267
265
Matt Marshall, Green Card Initiative (Societäts-Verlag: Frankfurt, Alemanha,
junho/julho de 2000), p. 10.
266 James Drake & Julius Strauss, Shrinking population threatens German economy:
www.telegraph.co.uk
179
Trabalhadores imigrantes oferecem muitos benefícios
A necessidade mais urgente no momento é de trabalhadores bem qualificados. Mas à medida que o tempo vai passando, a necessidade de jovens trabalhadores aumenta dramaticamente. Até mesmo setores menos especializados do mercado de trabalho nos EUA e Europa enfrentarão escassez de todos os tipos de trabalhadores, pois pessoas terão de ser contratadas para construir casas e prédios e outros serviços, como encanadores, eletricistas, etc. A probabilidade quase certa é que essa necessidade abrirá espaço para milhões de jovens que imigram em busca de melhores empregos. Um efeito positivo para o imigrante é que geralmente sua renda aumenta com um emprego numa nação avançada. Uma vantagem para os países desenvolvidos é que geralmente os imigrantes são jovens e contribuem positivamente para sustentar o sistema de aposentadoria dos idosos.
De acordo com o Dr. Julian Simon, economista
americano de fama internacional, a imigração de pessoas
de países pobres traz muitos benefícios para os países
ricos: maior produtividade, padrão de vida mais elevado e
um abrandamento da pesada sobrecarga social causada
por crescentes proporções de dependentes idosos. E é
claro que os imigrantes também se beneficiam. Até
mesmo os países de origem se beneficiam com as
transferências de dinheiro que os imigrantes mandam
para suas famílias, e os laços de amizade entre os dois
países melhoram.
Em seu livro The Ultimate Resource (O Recurso
Máximo), o Dr. Simon mostra que os imigrantes pagam
muito mais impostos do que os custos dos serviços de
assistência social e educação escolar que eles usam.
268
267
Matt Marshall, Green Card Initiative (Societäts-Verlag: Frankfurt, Alemanha,
junho/julho de 2000), p. 11.
268 Julian L. Simon, The Ultimate Resource, People, Materials, and Environment (College of Business and
Management, University of Maryland: College Park, EUA, s.d.). Dr. Brian Clowes, Pro-Life Library
CD-Rom. 2000 Human Life International.
180
Aliás, em média a família imigrante usa menos os serviços
de assistência social e paga mais impostos do que em
média paga a família natural do país. O motivo é que os
imigrantes não são velhos, cansados e sem experiência.
Geralmente, eles estão no auge da idade de trabalhar. O
Dr. Simon consegue provar que os imigrantes acabam de
diversas maneiras contribuindo positivamente para a
economia do país.
Havia época em que o interesse principal dos países ricos nos países pobres era as matérias­primas: indústrias americanas e européias buscavam ouro, prata, etc. A partir de hoje, essas indústrias estarão atrás de outro artigo de valor: jovens trabalhadores. Grandes empresas estão pressionando os governos da Europa e EUA para facilitar a entrada legal de trabalhadores estrangeiros em seus países.
Milhões de imigrantes trabalhando nos países ricos poderiam ajudar a evitar o colapso da economia e a sobrecarga do sistema de aposentadoria. Em parte a sobrecarga econômica está encorajando a aceitação da eutanásia, mas o maior culpado é a ausência de valores morais. O colapso da economia é previsto para um futuro não longe, porém o colapso da família e dos valores morais já é uma realidade inegável nos países ricos.
Diversas tendências hoje indicam que a aceitação legal ou social da eutanásia para os idosos em grande escala fará parte do futuro dos países ricos. É claro que os imigrantes poderão representar uma solução parcial ou ampla para o complicado problema da falta de jovens para sustentar o sistema de previdência e saúde pública, que são o principal apoio ao idoso. Mas é difícil analisar neste momento se a presença deles conseguirá afetar de alguma maneira como os europeus e americanos vêem a questão da eutanásia, aborto, etc.
269
269
Julian L. Simon, The Ultimate Resource, People, Materials, and Environment (College of Business and
Management, University of Maryland: College Park, EUA, s.d.). Dr. Brian Clowes, Pro-Life Library
CD-Rom. 2000 Human Life International.
181
Imigração missionária profética
O imigrante temente a Deus poderá desempenhar um papel importante em futuro bem próximo. Deus realmente poderá levantar “missionários” brasileiros para emigrar para os EUA e Europa. Deus lhes dará uma visão, unção e caráter profético que lhes permitirá dar um testemunho forte que defenda os bebês contra o aborto, as crianças e jovens contra o ativismo gay e os idosos e doentes contra a eutanásia. Sem mencionar que eles evitarão a contaminação dos valores sociais modernos que estão enfraquecendo os cristãos dos países ricos. Precisamos pois aproveitar essa oportunidade, pois até os ativistas homossexuais dos EUA estão lutando para que gays de países pobres possam imigrar para os EUA. Deus já está levantando brasileiros para o evangelismo internacional. Há hoje missionários brasileiros em muitos países necessitados e fechados para os missionários dos países ricos. Brasileiros estão sendo levantados para evangelizar muçulmanos, budistas, animistas, etc. Essa tendência está de acordo com a observação e discernimento de David Wilkerson, em seu livro profético Set the Trumpet to Thy Mouth. Ele diz:
270
Deus não precisa dos EUA para evangelizar o mundo. Falhamos nessa missão. Nosso país gasta mais dinheiro anualmente em comida de cachorro do que em missões… Um grande exército de testemunhas de todas as nações divulgará o Evangelho para todo o mundo. É a colheita final do Senhor. Agora mesmo o Espírito de Deus está levantando um grande número de testemunhas na China. A América do Sul e a África serão totalmente evangelizadas por testemunhas poderosas de seus próprios países. O México e a América do Sul estão abertos ao Evangelho, e Deus está levantando jovens evangelistas. Eles não precisarão de juntas missionárias, ordenação, grande 270
Veja o capítulo 117 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. ProLife Library CD-Rom. 2000 Human Life International.
182
quantia de dinheiro e equipamentos pomposos. Eles viverão com muito pouco dinheiro, como viviam os primeiros cristãos. Em curto tempo, eles cobrirão a terra com o Evangelho. E eles indicarão o juízo ardente de Deus sobre a despreocupada, rica e moderna Babilônia como sinal de que o fim está perto.
271
David Wilkerson diz: “Creio que a Babilônia moderna são os Estados Unidos, inclusive sua sociedade corrupta e seu sistema eclesiástico adúltero”. Essa perspectiva não está longe da realidade, pois os EUA têm há muito tempo se empenhado, através de meios diplomáticos, financeiros e políticos, na luta para legalizar o aborto em todos os países, inclusive no Brasil. Hoje o aborto, amanhã a eutanásia. O Rev. Wilkerson realmente acha que Deus usará cristãos dos países menos desenvolvidos para repreender os erros da moderna Babilônia. E já que Deus está levantando tantos brasileiros para o evangelismo internacional, o que o impediria de levantar profetas também?
272
O chamado de Deus para a imigração
Deus algumas vezes chama seus servos para uma imigração profética. Veja o caso de Abraão:
“Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai­te da tua terra, da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. Eu farei de ti uma grande nação; abençoar­te­ei, e engrandecerei o teu nome; e tu, sê uma bênção. Abençoarei aos que te abençoarem, e amaldiçoarei àquele que te amaldiçoar; e em ti serão benditas todas as famílias da terra. Partiu, pois Abrão, como o Senhor lhe ordenara, e Ló foi com ele. Tinha Abrão setenta e cinco anos quando saiu de Harã. Abrão levou consigo a Sarai, sua mulher, e a Ló, filho de seu 271
David Wilkerson, Set the Trumpet to Thy Mouth (World Challenge, Inc: Lindale, EUA,
1985), p. 26.
272 David Wilkerson, Set the Trumpet to Thy Mouth (World Challenge, Inc: Lindale, EUA,
1985), p. 3.
183
irmão, e todos os bens que haviam adquirido, e as almas que lhes acresceram em Harã; e saíram a fim de irem à terra de Canaã; e à terra de Canaã chegaram. Passou Abrão pela terra até o lugar de Siquém, até o carvalho de Moré. Nesse tempo estavam os cananeus na terra. Apareceu, porém, o Senhor a Abrão, e disse: À tua semente darei esta terra. Abrão, pois, edificou ali um altar ao Senhor, que lhe aparecera”. (Gênesis 12:1­7)
Vários Salmos nos convidam a louvar o Senhor em outras nações. Tal convite é também um chamado para servirmos a ele em outros países. A melhor maneira de louvá­lo é viver uma vida de testemunho cristão que realmente glorifique e honre o nome de Jesus.
“Pelo que, ó Senhor, te louvarei entre as nações, e entoarei louvores ao teu nome”. (Salmo 18:49)
“Louvar­te­ei, Senhor, entre os povos; cantar­te­ei louvores entre as nações”. (Salmo 57:9)
“Anunciai entre as nações a sua glória, entre todos os povos as suas maravilhas… Dizei entre as nações: O Senhor reina; ele firmou o mundo, de modo que não pode ser abalado. Ele julgará os povos com retidão.” (Salmo 96:3,10)
“Louvar­te­ei entre os povos, Senhor, cantar­te­ei louvores entre as nações”. (Salmo 108:3)
Houve época em que Deus abençoou grandemente países como o Brasil através da atividade de missionários americanos e europeus. Agora Deus poderá inverter tudo. Para que tenham sucesso em seu trabalho, os imigrantes “missionários” aos países ricos precisam entender um dos motivos por que a Europa e os EUA estão na situação em que estão.
184
A população desses países permite que o governo e as leis do ser humano tenham na vida deles um controle que só Deus deveria ter. Eles permitem que suas vidas sejam controladas do nascimento até a morte. Antes, quando as coisas ficavam difíceis, muitos deles recorriam a Deus. Hoje, eles recorrem ao governo. Se precisavam de emprego, recorriam a Deus. Agora, eles procuram o governo. Eles foram condicionados a deixar que o governo e as instituições tomem total controle de suas vidas. Até muitos cristãos acham que agora é o governo que tem de suprir solução para tudo e para todos. Em resumo, os habitantes
dos países ricos aprenderam a depender mais do governo
do que de Deus para suprir suas necessidades mais
básicas. E é justamente a preocupação com a
preservação dos recursos sociais que está predispondo
esses governos a aceitar o aborto e a eutanásia.
Ameaça no horizonte
Agora, eles estão na situação em que estão, com uma perspectiva de futuro econômico incerto e com o sombrio espectro da eutanásia. Mas, apesar de tudo, a Europa e os EUA não parecem estar com vontade de receber milhões de imigrantes que, com certeza, poderão mudar consideravelmente o próprio destino étnico, cultural e religioso das nações ricas. Isso já aconteceu na Turquia e Norte da África, regiões que no passado eram predominantemente cristãs, e hoje são muçulmanas. Isso não poderia acontecer na Europa e EUA, se pelos menos os cristãos buscassem mais a Deus e estivessem dispostos a receber mais as bênçãos de Deus. (Cf. Salmo 127:5 BLH)
A organização evangélica Concerned Women for America,
presidida por Beverly LaHaye , traz um importante alerta:
273
Temendo uma população muito reduzida, as Nações Unidas
editaram um relatório convidando mais imigrantes a entrar nas
273
A Dra. LaHaye é co-autora de O Ato Conjugal, um dos livros mais vendidos da
Editora Betânia.
185
nações industrializadas para compensar a diminuição da
população jovem e o crescimento da população idosa. Já que
as nações em desenvolvimento são alvo dos programas de
planejamento familiar [dos países ricos], e considerando que
suas populações jovens também começarão a diminuir, quem é
que sobrará para emigrar?
274
Depois de vermos tudo o que esses programas estão
fazendo para as nações ricas, essa se torna uma questão
importante para nós cristãos. Será que vamos deixar que
esses programas roubem de nós as bênçãos de Deus?
Pelo contrário, deveríamos deixar que os muçulmanos e
outros que não querem saber de Deus se utilizem desses
programas.
274
Catherina Hurlburt, It Started in America: How U.S. tax dollars hurt Peruvian women, 11 de maio, 2000.
Citada na seção Life de Concerned Women for America (www.cwfa.org), uma organização, evangélica
presidida pela Drª Beverly LaHaye.
186
A QUESTÃO DOS DOENTES CRÔNICOS
O Dr. C. Everett Koop diz:
Geralmente, os defensores da eutanásia mostram o paciente que está morrendo como alguém que está sofrendo dores intensas por causa de um câncer. Eles dizem que não se pode fazer nada medicamente por ele, a não ser acabar com sua existência horrível. [Mas] estamos vivendo na época da moderna farmacologia, e temos a capacidade de controlar as dores com sedativos e tranqüilizantes… Está provado que quando o paciente terminal recebe apoio físico, emocional e espiritual, há um efeito e ele fica livre das dores.
275
De acordo com o livro To Care or To Kill?, em geral define­se doente terminal como a pessoa que tem uma doença que provavelmente causará sua morte dentro de 6 meses. O doente crônico, por outro lado, pode ser alguém que tem uma doença grave, mas não terminal. No entanto, a diferença entre doente crônico ou terminal pode significar bem pouco para os promotores da eutanásia. Uma vez tendo cometido o pecado de apressar deliberadamente a morte de um paciente terminal, a consciência amortecida do médico pouco o incomodará se ele apressar a morte de outros pacientes, crônicos ou terminais, doentes ou saudáveis. O comportamento indiferente de muitos médicos da Holanda é prova desse fato.
O problema fundamental por trás da eutanásia é a ausência de Deus na vida dos médicos e na vida dos pacientes, sem mencionar políticos e membros da elite social. Quando um médico sem Deus vê um doente grave sem Deus, ele só enxerga uma coisa: falta de esperança. 276
275
C. Everett Koop, The Right of Live, The Right of Die (Life Cycle Books: Ontário,
Canadá, 1980), p. 120.
276Teresa R. Wagner, To Care or To Kill (Family Reserch Council: Washington, D.C.,
1999), p. 3.
187
Mas mesmo que não tema a Deus, às vezes o médico é capaz de perceber que a fé em Deus faz uma diferença na vida do paciente.
Fé em Deus: principal fator de saúde e vida mais longa
A revista médica americana Physician, em sua edição de novembro/dezembro de 1999 (pp. 20­22), apresenta resultados de várias pesquisas de autoridades médicas seculares. Essas pesquisas descobriram que a fé em Deus é o fator mais importante para a cura ou o bem­estar de um doente, por mais grave que seja a sua condição. Vejamos algumas de suas descobertas:
277
•
Cirurgia do coração: Um estudo na Faculdade Médica de
Dartmouth constatou que os pacientes idosos com problemas de
coração tinham 14 vezes mais chances de sobreviver depois de uma
cirurgia do coração quando eles tinham conforto e força em sua fé em
Deus.
•
Transplantes do coração: A Universidade de Pittsburgh realizou
um estudo de pacientes que fizeram transplantes de coração. Esse
estudo constatou que os pacientes que criam fortemente em Deus e
que participavam de atividades religiosas mostraram maior melhoria
física depois de 1 ano.
•
Câncer: Para descobrir como suprir de maneira melhor as
necessidades de pacientes cancerosos, uma equipe de pesquisadores
da Universidade de Michigan entrevistou 108 mulheres que estavam
passando por tratamentos durante várias fases de câncer
ginecológico. O que ajuda essas mulheres a lidar com o câncer? Uns
93% dessas pacientes de câncer disseram que sua fé as ajudou a
manter sua esperança. Uns 75% disseram que a igreja tinha um lugar
importante em suas vidas, 41% comentaram que sua fé em Deus
sustentou seu senso de valor pessoal. Quase metade — 49% — sentiu
que se tornaram mais abertas a Deus depois que o câncer apareceu.
•
Depressão: A depressão é um problema que atinge muitas vezes
os pacientes mais velhos que são hospitalizados. Embora os casos
mais sérios de depressão ocorram só em 1% dos adultos mais velhos
que vivem normalmente, esse número eleva-se a mais que 10% entre
os idosos hospitalizados. A depressão, na maior parte, é conseqüência
do stress do sofrimento, da deficiência física e da perda de controle
que os idosos hospitalizados sentem durante uma doença. Além de
277Physician
é publicada pela organização evangélica Focus on the Family e distribuida
gratuitamente aos médicos profissionais. Seu e-mail é: <[email protected]>
188
prejudicar a qualidade de vida, a depressão parece adiar a
recuperação da doença, prolongar a estadia no hospital e
potencialmente aumentar mais problemas clínicos — até mesmo a
morte. Pesquisadores da Universidade de Duke decidiram investigar se
um compromisso com Deus poderia ajudar os pacientes a se
recuperarem mais depressa da depressão. Entre outras medidas, eles
incluíram perguntas sobre freqüência a uma igreja, atividades como
oração ou estudo da Bíblia, etc. Esse estudo acompanhou, por quase 1
ano durante o curso de sua depressão, 87 idosos deprimidos
hospitalizados com doenças médicas. Os resultados? Os que tinham
mais apego à fé em Deus apresentaram um índice de 70% de melhoria
nos sintomas, conforme observaram os pesquisadores.
Esses estudos recentes investigaram quais fatores psicossociais contribuem para o paciente viver mais, e o fator que mais sobressaiu e mereceu atenção foi o compromisso com Deus. Obviamente, algumas pessoas com uma fé forte morrem cedo. Mas quando examinamos estatisticamente um grande número de pessoas, o compromisso religioso, mesmo que seja apenas uma freqüência aos cultos, permanece um fator relevante de proteção à saúde e a uma vida mais longa.
•
Menos perigo de morte prematura: Num estudo que acompanhou
várias pessoas num período de 28 anos, os que freqüentavam cultos
semanais tinham 25% menos probabilidade de morrer do que os que
freqüentavam menos vezes. Além disso, esse estudo, que envolveu
5.286 pessoas em Alameda County, Califórnia, constatou que quando
começavam a freqüentar uma igreja, as pessoas também faziam
escolhas mais saudáveis para seu modo de viver, se tornando mais
dispostas a parar de fumar, a se relacionar melhor com outras pessoas
e a permanecer unidas no casamento. Essa mudança de conduta
devido à motivação religiosa parece ter contribuído como proteção
contra uma morte prematura.
•
Vida mais longa: Foi realizado um estudo com 2.025 residentes
em Marin County, Califórnia. Esse estudo acompanhou durante cinco
anos pessoas com mais de 55 anos. O que os pesquisadores
descobriram foi que os idosos que freqüentavam cultos tinham o
menor índice de mortes e que o maior índice de mortes estava entre
os que não freqüentavam cultos.
Os dados dessas pesquisas revelam que os pacientes precisam não só de assistência médica para o corpo, mas também de ajuda para o espírito. O Dr. Paul Vitz diz:
189
Todos os estudos que Larson (1985) e Levin e Vanderpool (1987) examinaram confirmaram que os que têm compromisso religioso vivem mais do que os que não têm. Esse efeito é particularmente forte nos homens. 278
Esses estudos mostram que os médicos não estão conseguindo deixar de ver que a fé em Deus é o fator decisivo para o bem­estar do doente. O outro lado da questão é que, infelizmente, quando se abrem para a realidade espiritual, alguns médicos passam a recorrer a práticas espíritas e tentam assim influenciar seus pacientes que de nada suspeitam. Testemunho de um canadense
Mark Pickup, um homem saudável de 30 anos que trabalhava para o governo do Canadá, um dia acordou de manhã e não conseguiu se levantar. Ele se sentiu totalmente paralisado da cintura para baixo, não tendo forças para dar um único passo. Os médicos diagnosticaram esclerose múltipla — uma doença degenerativa e debilitante, sem cura. Da noite para o dia, Mark entrou no mundo dos deficientes.
Os primeiros anos de doença foram difíceis. Além da paralisia, ele foi perdendo a visão, a fala, a audição, a memória e o uso do braço direito. Ele estava vivendo constantemente cansado. Sua esposa tinha de ajudá­lo a se vestir e levá­lo para passear de cadeira de rodas.
Talvez pior que os sintomas físicos era sua angústia emocional. Mark sempre havia crido no valor de toda vida humana desde a concepção até a morte natural. Mas agora suas deficiências pessoais estavam testando suas convicções num nível mais profundo. Ele começou a questionar: Será que vale a pena viver? Eu ainda tenho 278
Paul Vitz, A Preferential Option for the Family: Political and Religious Responses,
Family in America (The Howard Center for Family, Religion & Society: Rockford, IL, EUA,
junho de 1998), p. 4.
190
valor? Será que sou bem­vindo na sociedade? Ele diz: “Minha tristeza era tão profunda que eu já não sabia o que pensar. Estou contente que ninguém atendeu os meus pedidos de morrer. Tremo só de pensar no que teria acontecido se a eutanásia estivesse legalizada”.
Mark explica que as pessoas precisam de tempo para sentir a própria dor, chorar e desabafar sem serem empurradas para a eutanásia. Após um período de ajustamento, a maioria redescobre a alegria de viver. Mark atribui sua cura emocional à sua esposa: “Ela me valorizava quando eu mesmo não me valorizava”. Ele teve a oportunidade de falar no Senado canadense, que estava estudando a possibilidade de legalizar a eutanásia no Canadá. Ele concluiu seu discurso dizendo: “Peço que resistamos à escuridão de hoje de entreter idéias de eutanásia e suicídio com ajuda médica como soluções. Não deve haver lugar para a eutanásia nas sociedades civilizadas… Vamos parar toda essa conversa de matar e vamos dedicar nossas vidas a ajudar uns aos outros…”
Mesmo em sua situação onde muitas vezes ele tem de ficar confinado à cama, ele comenta: “Minha tristeza não é tanto pelas funções físicas que perdi, mas por uma cultura que questiona a santidade de toda vida humana”.
Não importa o que a sociedade diga sobre os doentes, Mark sabe que ele tem valor aos olhos de Deus. Ele fala com convicção: “Não sou menos ser humano após todos esses anos de deficiência degenerativa. Meu valor como ser humano permanece intacto porque trago em mim a imagem de Deus. Nenhuma deficiência, nenhuma fraqueza mental, nenhuma deformidade, nenhuma doença incurável e nenhuma velhice tirará essa imagem de mim…”
Mark fez 45 anos em 1999 e no meio de sua deficiência ele diz: “Estou feliz de estar vivo”. Recentemente, ele celebrou, com sua esposa e dois filhos adolescentes, 25 anos de casamento. Ele crê: “Dê uma vida com dignidade 191
para alguém e, quando chegar a hora de morrer, ele morrerá com dignidade também”. Mark não recebeu cura para o seu problema, mas isso não se tornou razão para ele desprezar a vida que Deus lhe deu.
É interessante que um dos argumentos mais fortes dos defensores da eutanásia tem a ver exatamente com a questão da qualidade de vida. Eles dizem:
279
A qualidade de vida para alguns é tão baixa que eles
precisam ter a opção legal de se matar.
280
A resposta, é claro, é melhorar a qualidade de vida das pessoas em situação de fraqueza, não incentivá­las ao suicídio.
Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: “Venham, vocês que
são abençoados pelo meu Pai! Venham e recebam o Reino que, desde
a criação do mundo, foi preparado pelo meu Pai. Pois eu estava com
fome, e vocês me deram comida; estava com sede, e me deram água.
Era estrangeiro, e me receberam nas suas casas. Estava sem roupa, e
me vestiram; estava doente, e cuidaram de mim. Estava na prisão, e
foram me visitar”. — Então os bons perguntarão: “Senhor, quando foi
que o vimos com fome e lhe demos comida ou com sede e lhe demos
água? Quando foi que vimos o senhor como estrangeiro e o recebemos
nas nossas casas ou sem roupa e o vestimos? Quando foi que vimos o
senhor doente ou na prisão e fomos visitá-lo?” — Aí o Rei responderá:
“Eu afirmo que, quando vocês fizeram isso ao mais humilde dos meus
irmãos, de fato foi a mim que fizeram”. (Mateus 25.34-40 BLH)
Afirmando uma suposta compaixão, muitos defendem a eutanásia a fim de dar uma morte mais apressada aos doentes, deficientes e idosos. Esse tipo de compaixão mata as pessoas para livrá­las do sofrimento. No entanto, a compaixão de Jesus age de outro modo. Ela age sempre matando o sofrimento. Ela sempre age a favor das pessoas que sofrem. 279O
caso de Mark Pickup foi assunto do artigo Living With Dignity, o qual apareceu na
revista Celebrate Life (ALL: Stafford-EUA, 1999), pp. 26-28.
280Teresa R. Wagner, To Care or To Kill (Family Reserch Council: Washington, D.C.,
1999), p. 11.
192
A compaixão de Jesus nos dá esperança e nos anima a confiar nas promessas da Palavra de Deus. Precisamos cultivar a atitude de clamar a Jesus e de esperar, desejar e ansiar sua resposta. Quando esperamos nele, estamos colocando em prática a nossa fé: “A fé é a certeza de que vamos receber as coisas que esperamos…” (Hebreus 11.1a) Sem a esperança, nossa fé não consegue sobreviver. O profeta Jeremias diz: “Mas a esperança volta quando penso no seguinte: O amor do Deus Eterno não se acaba, e a sua bondade não tem fim. Esse amor e essa bondade são novos todas as manhãs; e como é grande a fidelidade do Deus Eterno!” (Lamentações 3.21­23).
Nos Evangelhos, Jesus atua poderosamente destruindo as obras do diabo: febre (Mateus 8.14­15), lepra (Mateus 8.2­4), morte (Mateus 9.18­19; João 11.1­44), surdez (Marcos 7.32­35), cegueira (Mateus 20.30­34), possessão demoníaca (ou, em termos mais modernos, graves problemas psicológicos: Mateus 8.28­32), graves deficiências físicas (Lucas 13.10­13; Mateus 21.14), invalidez (João 5.2­9), etc. Quando nos lembramos da compaixão que Jesus demonstra para com as pessoas oprimidas pelas obras do diabo, ganhamos esperança. Podemos colocar nossa fé na promessa de Deus. Se ele disse que seu amor e sua bondade são novos todas as manhãs, ele é fiel. Nos Evangelhos Jesus cura por causa de seu amor e bondade. E se crermos realmente que esse amor e bondade estão disponíveis para nós todas as manhãs, então ele estará mais do que disposto a fazer por nós o que ele mais tem prazer em realizar: demonstrar seu amor e destruir as obras do diabo.
Todas as manhãs quando acordamos, a presença de Jesus quer nos inundar com seu amor e bondade. É por isso que a Palavra de Deus nos incentiva a nos aproximarmos de Deus. Quando nos aproximamos dele, ele 193
pode se aproximar de nós, trazendo consigo seu estoque de bênçãos (Tiago 4.8).
Médicos estão descobrindo que pacientes cerebralmente mortos
podem ter uma alma viva
Cada vez mais, médicos estão vendo que a vida humana não se limita somente à esfera física. Se fossemos realmente só corpo físico, então seríamos obrigados a concordar com os médicos que não vêem nada de errado em remover o coração batendo de um paciente cerebralmente morto e transplantá­lo para outro ser humano. Embora não conheçam a Jesus, alguns médicos estão percebendo a realidade espiritual da vida humana. O artigo a seguir, publicado no jornal Daily News, mostra o que os médicos estão descobrindo:
Cientista Diz que a Mente Continua Depois que o Cérebro
Morre
29 de junho de 2001
Sarah Tippit
LOS ANGELES (Reuters) — Um cientista britânico, que estuda
pacientes vítimas de ataque cardíaco, diz que está
descobrindo evidência que sugere que a consciência
continua depois que o cérebro parou de funcionar e o
paciente está clinicamente morto.
A pesquisa, apresentada na semana passada no Instituto de
Tecnologia da Califórnia (Caltech), ressuscita o debate sobre
a possibilidade de haver vida após a morte e sobre a
possibilidade de existir algo como uma alma humana.
Em entrevista à agência de notícias Reuters, o Dr. Sam
Parnia disse: “Os estudos são muito importantes, pois temos
um grupo de pessoas sem nenhuma função cerebral…
Embora o cérebro delas não mostrasse nenhuma função, ao
mesmo tempo verifica-se que elas tinham lúcidas e bem
estruturadas atividades mentais com formação de memória
e raciocínio.” O Dr. Sam Parnia é um dos dois médicos do
194
Hospital Geral Southampton, na Inglaterra, que vêm
estudando as chamadas experiências de quase-morte (EQM).
“Precisamos fazer estudos em escalas muito maiores, mas a
possibilidade está realmente aí” que sugere que a
consciência, ou a alma, fica pensando e raciocinando mesmo
se o coração da pessoa parou, mesmo se sua respiração
parou e até mesmo se a atividade de seu cérebro é zero,
disse Parnia.
Ele disse que ele e seus colegas conduziram um estudo
inicial de duração de um ano. Os resultados desse estudo
apareceram na edição de fevereiro [2001] da revista
Resuscitation. O estudo foi tão promissor que os médicos
estabeleceram uma instituição para financiar mais pesquisas
e continuar coletando dados.
Durante o estudo inicial, disse Parnia, 63 pacientes vítimas
de ataque do coração haviam sido considerados
clinicamente mortos, mas reviveram depois. Esses pacientes
foram entrevistados uma semana depois de suas
experiências.
Desses, 56 disseram que não se lembravam de nada da
época em que estavam inconscientes e sete relataram ter
memórias. Desses, quatro foram classificados como casos de
EQM, pois eles relataram memórias lúcidas em que eles
pensavam, raciocinavam, se moviam e se comunicavam com
outros depois que os médicos já haviam decidido que o
cérebro deles não estava funcionando.
SENSAÇÕES DE PAZ
Entre outras coisas, os pacientes relataram que se
lembravam de sentir paz, alegria e harmonia. Para alguns, o
tempo passou rápido, os sentidos aumentaram e eles
perderam a consciência do próprio corpo.
Os pacientes também relataram ver uma luz brilhante,
entrar em outra esfera e se comunicar com parentes mortos.
Um, que se considerava um católico desviado e pagão,
relatou ter tido um encontro forte com um ser sobrenatural.
Experiências de quase morte são relatadas há séculos, mas
no estudo de Parnia nenhum paciente recebeu baixos níveis
195
de oxigênio, que alguns céticos acreditam pode contribuir
para provocar o fenômeno da quase morte.
Quando o cérebro não recebe oxigênio, as pessoas ficam
totalmente confusas, têm convulsões e geralmente não têm
memória alguma, disse Parnia. Nesses casos, há graves
danos ao cérebro, porém memória perfeita.
Os céticos sugerem que a memória dos pacientes ocorreu
nos momentos em que eles estavam deixando ou retornando
à consciência. Mas Parnia disse que quando o cérebro sofre
um traumatismo devido a um ataque ou acidente de carro o
paciente geralmente não se lembra dos momentos logo
antes ou depois de perder a consciência.
Pelo contrário, há um lapso de memória de horas ou dias.
“Converse com eles. Eles lhe dirão algo assim: ‘Só me
lembro de ver o carro e a próxima coisa que sabia é que eu
estava no hospital’”, disse ele.
“Nos casos de parada cardíaca, os danos ao cérebro são tão
graves que fazem o cérebro parar completamente. Portanto,
acho que uma pessoa nessa situação sofreria profunda
perda de memória antes e depois do incidente.”
Desde o experimento inicial, Parnia e seus colegas
encontraram mais de 3.500 pessoas que estavam com
memória lúcida enquanto estavam, de forma inegável,
clinicamente mortas. Muitos pacientes, disse ele, não
queriam revelar para outros suas experiências com medo de
que seriam considerados loucos.
A HISTÓRIA DE UM MENININHO
Um paciente tinha dois anos e meio quando sofreu um
ataque e seu coração parou. Seus pais contactaram Parnia
depois que o menino “fez um desenho de si mesmo como se
ele estivesse fora do corpo olhando para seu corpo de cima.
O menino disse: ‘Quando a gente morre, vê uma luz
brilhante…’ Ele ainda nem tinha 3 anos quando teve a
experiência,” disse Parnia.
“O que seus pais repararam foi que depois que havia sido
liberado do hospital, seis meses depois do incidente, ele
ficava desenhando a mesma cena”.
196
O funcionamento do cérebro que esses pacientes
experimentaram enquanto estavam inconscientes não tinha
a capacidade de ter atividade mental lúcida ou formar
memórias permanentes, disse Parnia — apontando para o
fato de que ninguém compreende totalmente como o
cérebro gera pensamentos.
O cérebro em si é composto de células, como todos os
órgãos do corpo, e realmente não tem a capacidade de
produzir os fenômenos subjetivos de pensamentos que as
pessoas têm, disse ele.
Ele especulou que a consciência humana pode funcionar de
modo independente do cérebro, usando a matéria cinzenta
como mecanismo para manifestar os pensamentos, tal como
um aparelho de TV traduz ondas no ar e as transforma em
imagens e sons…
“Quando têm experiências, essas pessoas dizem: ‘Tive uma
dor intensa no peito e de repente eu estava sendo levado
para um canto do meu quarto. Então comecei a me sentir
feliz e bem. Olhava para baixo e percebia que eu estava
vendo meu corpo e os médicos todos em volta de mim
tentando me salvar e eu não queria voltar,’” [disse Parnia].
“O ponto mais importante é que eles descrevem que vêem o
próprio corpo no quarto. Ninguém jamais diz: ‘Tive uma dor
e em seguida minha alma me deixou.’”
281
Os doentes terminais
Embora casos de câncer terminal pareçam a arma
preferida dos liberais para avançar a legalização da
eutanásia, pesquisas indicam que nos EUA diminuiu
dramaticamente o apoio dos oncologistas [médicos
especializados no tratamento de tumores] à eutanásia e
ao suicídio com ajuda médica. Os oncologistas treinados
em assistência para doentes no final da vida são menos
inclinados a apoiar ambas as opções. O que se vê agora
claramente é a necessidade de dar aos médicos mais
281
http://dailynews.att.net/cgi-bin/news?
e=pri&dt=010629&cat=science&st=sciencelifeconsciousnessdc.html
197
educação para ajudá-los a cuidar dos doentes que estão
morrendo.
Alexandria, VA — Resultados de uma pesquisa envolvendo
3.299 membros da Sociedade Americana de Oncologia Clinica
(SAOC) indicam nos anos recentes diminuiu dramaticamente,
entre os oncologistas dos EUA, o apoio à eutanásia e ao
suicídio com ajuda médica para doentes de câncer terminal.
A pesquisa, patrocinada pela SAOC, também descobriu que
os oncologistas que haviam sido treinados em assistência a
doentes terminais têm menos probabilidade de apoiar ou
aplicar a eutanásia ou o suicídio com ajuda médica.
Os resultados da pesquisa, publicados na edição de 3 de
outubro de Annals of Internal Medicine (Vol. 133, No. 7),
frisam que os médicos precisam ser treinados nos métodos
de fornecer assistência paliativa e tratamentos de controle de
dores de alta qualidade para pacientes que estão morrendo,
afirma o diretor da pesquisa, o Dr. Ezekiel J. Emanuel, chefe
do Departamento de Bioética Clinica dos Institutos Nacionais
de Saúde. Ele diz: “A assistência paliativa nos últimos dias do
doente precisa ser formalmente ensinada e incluída nos
programas de treinamento e na contínua educação dos
médicos. Os médicos que recebem melhor treinamento na
assistência a doentes terminais parecem ter menos
probabilidade de realizar a eutanásia ou o suicídio com ajuda
médica”.
A pesquisa, conduzida em 1998, é a maior a avaliar as
atitudes e práticas dos médicos acerca da eutanásia e do
suicídio com ajuda médica. Quando compararam esses
resultados com uma pesquisa semelhante conduzida em
1994 pelo Dr. Emanuel, os pesquisadores descobriram que
caiu em quase 70% — de 23% em 1994 para menos de 7%
em 1998 — o apoio dos oncologistas à eutanásia para
doentes cancerosos que estão morrendo com dores
insuportáveis. Nos mesmos quatro anos, caiu em 50% — de
45% para 22% — o apoio dos oncologistas ao suicídio com
ajuda médica, no caso de um doente terminal de câncer com
dores contínuas.
O declínio geral no apoio à eutanásia e ao suicídio com ajuda
médica pode refletir que os oncologistas estão com uma
capacidade melhor de fornecer assistência conveniente para
seus pacientes que estão morrendo, diz o Dr. Emanuel. Aliás,
198
os oncologistas que disseram que estavam em condições de
dar a seus pacientes toda a assistência necessária tinham
bem menos probabilidade de aplicar a eutanásia, em
comparação com os médicos que relataram barreiras
administrativas, fiscais ou outros problemas para fornecer
assistência.
“A SAOC acredita que os médicos têm a obrigação de
conversar com seus pacientes terminais e suas famílias sobre
as opções que eles têm para receber assistência paliativa e
os tipos de tratamento sintomáticos que serão fornecidos…”
disse o Dr. Charles M. Balch, vice-presidente executivo da
SAOC.
Mais de 70% dos pacientes mortos [nos EUA] pela eutanásia
e pelo suicídio com ajuda médica têm câncer. Como
conseqüência, os oncologistas têm mais probabilidade de
lidar diretamente com a questão da eutanásia e o suicídio
com ajuda médica do que os outros médicos.
Dos oncologistas entrevistados em 1998, quase 16%
disseram que estariam dispostos a ajudar os pacientes a
cometer suicídio e 2% estariam dispostos a aplicar a
eutanásia nos pacientes. Os menos prováveis a apoiar a
eutanásia ou o suicídio com ajuda médica eram os que
tinham tempo suficiente para conversar com seus pacientes
sobre a assistência para doentes no fim da vida e os que
eram religiosos.
Aproximadamente dois terços dos oncologistas entrevistados
também disseram que eles relutariam em aumentar a
dosagem de morfina para um paciente de câncer morrendo
com dores insuportáveis. Essa relutância para aliviar as dores
dos pacientes parece refletir os temores de alguns médicos
de que o aumenta da dosagem de morfina pode também
aumentar o risco de um paciente sofrer dificuldade para
respirar e pode levá-lo à morte. Isso poderia acabar sendo
interpretado como eutanásia. “Infelizmente, igualar com a
eutanásia o aumento da morfina com o propósito de aliviar as
dores parece resultar em tratamento de dores inadequados
para pacientes. Isso é preocupante”, disse o Dr. Emanuel.
“Os médicos têm de ser conscientizados acerca da aceitação
legal e ética do aumento de narcóticos com o objetivo de
diminuir as dores, até mesmo quando há o risco de morte”.
“Esses resultados de estudos frisam que os médicos
precisam receber educação e treinamento nas mais
199
eficientes técnicas de assistência paliativa e controle de
dores”, disse o pesquisador Dr. Robert J. Mayer, vice-diretor
de Assuntos Acadêmicos, no Instituto do Câncer Dana-Farber.
Ele é também professor de medicina na Faculdade de
Medicina de Harvard e já foi presidente da SAOC. Sob a
liderança dele é que o estudo foi iniciado. Ele disse: “Os
médicos que são mais bem informados sobre as questões de
doentes terminais sentem menos necessidade de usar a
eutanásia e o suicídio com ajuda médica”…
Eutanásia é quando o médico administra uma conhecida dose
letal de medicação para intencionalmente acabar com a vida
de alguém que está sofrendo de uma doença incurável, tal
como o câncer. O suicídio com ajuda médica é quando um
médico fornece informações e/ou uma prescrição sabendo
que o paciente as usará para cometer suicídio.
282
De acordo com esse estudo, a maioria dos oncologistas americanos está descobrindo que é melhor cuidar dos doentes terminais e aliviar­lhes as dores do que matá­los. Na época do Novo Testamento, os judeus e os cristãos usavam a Septuaginta, uma tradução grega do Antigo Testamento. Há uma passagem na Septuaginta que diz: “…
aquele que não usa seus esforços para se curar é irmão daquele que comete suicídio”. (Provérbios 18.9b Bíblia Ampliada em inglês.) Mesmo quando o ser humano não consegue remover uma doença crônica ou terminal, deve­se pelo menos ajudar a “curar” as dores intensas de um doente terminal.
Em Provérbios 18.9b Deus dá uma resposta clara aos
que acham que nós temos a obrigação moral de
negligenciar nosso corpo a fim de deixar a natureza
seguir seu curso. Os defensores da eutanásia pensam que
na doença, na deficiência ou mesmo na depressão não
devemos impedir a “vontade” da natureza.
Minha amiga Jean Heise diz:
282
Publicado na Internet pela Sociedade Americana de Oncologia Clinica. Para mais
infomações, entre em contato com Carrie Bittman:
200
Quando a medicina não consegue mais dar nenhum benefício para
alguém que amamos, então nossa responsabilidade é dar conforto e
suprir as necessidades básicas dessa pessoa. Essas necessidades são
calor humano, limpeza, comida e água, e apoio emocional e
espiritual.
283
Água e alimento podem não parecer importantes. Mas Deus testa nossa própria dedicação a ele com o simples ato de dar água e alimento a quem precisa (cf. Mateus 25:34­
46).
Uma notícia da CNN revela os benefícios de acompanharmos e ajudarmos um familiar que está morrendo.
CUIDAR DE FAMILIAR DOENTE TORNA MORTE MAIS SUPORTÁVEL
27 de junho, 2001
CHICAGO -- As pessoas que cuidaram de seus cônjuges
durante o período terminal da doença apresentaram
melhor reação à morte do que as que se mantiveram
afastadas, de acordo com estudo publicado no Journal of
the American Medical Association.
Uma equipe de pesquisadores da Universidade de
Pittsburgh acompanhou 129 pessoas, com idades de 66
anos a 96 anos, moradoras de quatro comunidades dos
Estados Unidos, que tinham perdido recentemente o
companheiro.
Alguns tomaram conta dos doentes e estavam sob
estresse e tensão, outros cuidaram dos pacientes mas
não sob tensão e outros não se envolveram na
assistência ao doente.
O estudo revelou que aqueles que estiveram sob tensão
não sofreram perda de peso ou aumento no uso de
drogas antidepressivas quando o ente querido morreu,
mas os que não tomaram conta sofreram.
Esse último grupo apresentou um aumento significativo
na depressão após a morte, tiveram aumento de uso de
medicamentos, principalmente antidepressivos, e
283Revista
Living (outono de 1996), publicada por Lutherans for Life, EUA, p. 14.
201
também apresentaram perda de peso.
As pessoas que se envolveram pouco nos cuidados ao
paciente antes da morte ficaram entre os dois grupos
extremos, disse Richard Schulz, co-autor do estudo.
"Embora quem dá assistência fica deprimido depois da
morte do cônjuge, de muitos modos a morte pode na
verdade trazer alívio para alguns em relação às tarefas
mais árduas dos cuidados," disse. "A morte também traz
um fim ao sofrimento do companheiro e permite que o
sobrevivente retome a rotina normal."
Ao mesmo tempo, os companheiros que tiveram um
papel limitado ou nenhuma participação nos cuidados
podem achar a morte mais dura porque era menos
esperada, disse Schulz.
"No geral, esses dados sustentam a hipótese de que a
morte de um cônjuge, entre pessoas estressadas pelos
cuidados dispensados ao falecido, significa a redução no
fardo e assim deixa-a mais leve para a recuperação.
284
A realidade da morte
Precisamos compreender que morrer pode ser uma experiência muitas vezes difícil, especialmente para quem não conhece Jesus. Mas todos teremos de enfrentar a morte, de uma forma ou de outra, vendo pais, maridos, esposas, filhos ou netos partirem para a eternidade, sem mencionar que nós mesmos teremos nossa própria partida. Nossa responsabilidade, se possível, é ajudar nossos parentes e amigos a terem uma partida tão agradável e pacífica quanto possível. Será que isso é fácil? Não. Mas pode ser feito, e cabe a cada um de nós tentar.
O Dr. Koop, cirurgião com anos de experiência de operações em crianças, comenta:
284
http://cnn.com.br/2001/saude/06/27/cuidados/index.html
202
Suponham que sua filha de dois anos tivesse um neuroblastoma, o tumor mais comum entre as crianças. Eu a operei, dei­lhe terapia de radiação e por dois anos ela recebeu quimioterapia. Ela se saiu tão bem no começo que dava para duvidar que o diagnóstico pudesse ser câncer. Mas agora você está vendo seu estado piorando, e sabemos que temos de chegar a uma decisão. Não podemos operar, ela não tem mais condições de continuar recebendo radiação e eu recomendo que paremos a quimioterapia.
Por que? Porque se continuarmos a quimioterapia, ela viverá apenas três meses. Ela sofrerá fortes dores, que podemos controlar, porém ela será como um zumbi e provavelmente ficará cega e surda. Se pararmos a quimioterapia, ela viverá um mês e meio apenas, mas não sofrerá as dores ou não ficará cega e surda. Na minha opinião, parar o tratamento é um bom remédio para essa paciente, para sua família e para a sociedade.
285
John Wimber tem anos de experiência com doentes, mas num nível de ministração pastoral. Ele diz:
Freqüentemente recebo ligações telefônicas de pessoas me pedindo para ir orar por um amigo íntimo ou membro da família que está morrendo. Depois de ouvir os detalhes da situação da pessoa, pergunto a Deus: “Este é o tempo escolhido para essa pessoa morrer?” Se é a hora de a pessoa morrer, devemos liberá­
la para Deus. Oro desse modo porque ainda estamos aguardando a plena redenção de nossos corpos.
286
A Bíblia ensina que há um “tempo determinado para as pessoas morrerem” (Eclesiastes 3.2). Esse tempo varia muito. Em muitos casos, um idoso adoece e morre, mas em outros, quem morre é um bebê ou uma criancinha. Não entendemos por que isso acontece. Tudo o que sabemos é que o pecado trouxe a morte para o mundo que Deus criou. Contudo, Cristo veio para conquistar a morte. Foi isso o 285
Citado em: Beth Spring & Ed Larson, Euthanasia, Spiritual, Medical & Legal Issues in
Terminal Health Care (Multnomah Press: Portland, Oregon (EUA), 1988), p. 101.
286Adaptado de: John Wimber, Power Healing (Harper & Row Publishers: Nova IorqueEUA, 1987), p. 161,162.
203
que a morte de Jesus fez por nós na Cruz: a derrota do poder da morte em nossas vidas. Paulo escreve: “O último inimigo que será vencido é a morte” (1 Coríntios 15.26. Veja também Romanos 5.12 e Hebreus 2.14).
Aqueles que se entregaram totalmente a Jesus, embora sofram problemas físicos que não conseguem vencer agora, têm uma certeza: depois da morte física, virá a cura integral: “Enquanto vivemos nesta barraca, que é o nosso corpo, gememos aflitos. Não é que queremos ser despidos do nosso corpo terreno; o que desejamos é ser vestidos com o corpo celeste para que a vida faça desaparecer o que é mortal. É Deus quem nos tem preparado para essa mudança e nos deu o seu Espírito como garantia de tudo o que ele tem para nos dar. Assim estamos sempre muito animados. Sabemos que, enquanto vivemos na casa deste corpo, estamos longe do lar do Senhor. Porque vivemos pela fé e não pelo que vemos. Estamos muito animados e gostaríamos de deixar de viver neste corpo para irmos viver com o Senhor” (2 Coríntios 5:4­8).
John Wimber diz:
Há vários anos recebi uma ligação de um pai desnorteado. Ele estava soluçando e mal conseguia conversar. “Minha filhinha está aqui no hospital,” ele disse, “e o corpo está todo envolvido com sondas e máquinas. Os médicos disseram que ela não passará desta noite. Por favor, venha aqui”. Respondi que iria ao hospital. Depois de desligar o telefone, orei: “Senhor, tu estás chamando este bebê para ti neste tempo?” Senti que o Senhor estava dizendo não. Entrei no hospital sabendo que sou um representante de Cristo, um mensageiro que tinha um presente para essa menininha. Quando entrei no quarto do bebê, senti a morte, então disse quase silenciosamente: “Morte, saia daqui”. Ela foi embora e a atmosfera do quarto todo mudou, como se um peso tivesse sido removido. Então fui e comecei a orar pela menina. Depois de apenas alguns minutos eu já sabia que ela seria curada, e o pai sentiu o mesmo. Já dava para ver esperança nos olhos dele. “Ela vai ficar bem,” ele disse. “Sei 204
disso”. Dentro de alguns minutos ela melhorou muito. Vários dias depois ela recebeu alta e estava completamente curada…
287
Em 1 Coríntios 11.17­34 Paulo escreve para a igreja da cidade de Corinto sobre o juízo que eles tinham trazido sobre si mesmos porque usaram mal a Ceia do Senhor. Eles eram culpados do pecado da teimosia e da falta de arrependimento quando se aproximavam de Deus na Ceia. As conseqüências? “É por isso mesmo que muitos de vocês estão doentes e fracos, e alguns já morreram” (versículo 30). Eles ficaram doentes e muitos morreram, porque não queriam obedecer à Palavra de Deus. O caso de Ananias e Safira, que se encontra em Atos 5.1­10, é outra ilustração de como se poderia evitar a morte pela obediência e fé. Embora esses cristãos não tivessem a coragem de cometer suicídio com as próprias mãos, através da desobediência eles estavam trazendo doenças sérias para suas vidas. Alguns deles estavam partindo para a eternidade antes do tempo.
Podemos evitar o destino dos cristãos de Corinto e de Ananias e Safira tomando posse da vitória de Cristo pela fé e tomando posse da proteção do Pai ficando longe do pecado: “Sabemos que os filhos de Deus não continuam pecando, porque o Filho de Deus os guarda, e o diabo não pode tocar neles” (1 João 5.18).
Como ministrar aos doentes terminais
Há casos em que Deus diz: “Chegou o tempo certo de partir para Jesus”. O Espírito Santo mesmo pode alertar os servos de Deus sobre sua partida, conforme a Palavra de Deus nos mostra no caso de Moisés (cf. Deuteronômio 31:2,14) e de Simeão (cf. Lucas 2:25­29). Ainda que o cristão saiba que terá de partir, sua atitude, como bom soldado de Jesus, é se entregar para seu comandante, não 287Adaptado
de: John Wimber, Power Healing (Harper & Row Publishers: Nova IorqueEUA, 1987), p. 162. O contexto também foi adaptado da excelente obra de Wimber.
205
para as doenças. Embora tenha de partir, ele encara a morte e a doença como seus inimigos até o fim. Os soldados que morrem em batalha recebem medalhas de seu comandante. Normalmente, um cristão mais maduro tem tal atitude.
Em outras situações, envolvendo cristãos com outras atitudes e experiências, incentivá­los a olhar só para a cura, e não para Aquele que cura, pode trazer sofrimento desnecessário e lhes desviar a atenção de sua responsabilidade de confiar completamente em Jesus em sua partida. Afinal, embora devamos desejá­la muito, a saúde física e mental é inútil, a menos que tenhamos um relacionamento pessoal com Jesus e vivamos para ele. Alguns anos atrás ministrei para uma enfermeira doente terminal de câncer de mama. Ela tinha uns 30 anos e seu estado era bem doloroso. Ela aceitou Jesus como Salvador em plena doença e ia às nossas reuniões mesmo com dores. Lembro­me de que alguns familiares tentavam trazer curandeiros espíritas para rezar por ela, e ela não se abria para esse tipo de cura. Pastores de outras igrejas a visitavam, alguns até prometendo cura no nome de Jesus e forçando­a a declarar que ela já estava curada. Mas seu estado estava piorando.
Eu a visitava quase que diariamente, encontrando­a sempre em dores. Nessas visitas, dediquei­me especialmente a ler vários capítulos dos Evangelhos para ela e via sempre sua face resplandecer. A Palavra tem poder, e esse poder é revelado de modo especial quando o Espírito Santo é convidado a se mover e lhe damos espaço livre para agir. Jesus disse para os religiosos de sua época: “Como estão enganados! Vocês não conhecem as Escrituras Sagradas nem o poder de Deus”. (Mateus 22:29 BLH)
Eu visitava aquela enfermeira em dores, convidava o Espírito Santo a encher seu quarto com sua presença e lia vários capítulos dos Evangelhos para alimentá­la espiritualmente. Geralmente, logo depois as dores 206
diminuíam bastante. Era maravilhoso ver em ação o poder da Palavra e do Espírito. Embora Deus já tivesse me revelado que ele iria levá­la, eu apenas orava para que Jesus a visitasse poderosamente e a aconselhava a olhar só para Jesus, e não para a cura. Ficar atrás do Médico dos médicos é muito melhor do que ficar atrás apenas de uma cura passageira. Eu orava para que Deus lhe preparasse o coração para estar sempre com Jesus. Não contei a ela o que eu já sabia, mas orava e aguardava, pois Jesus é um Deus de maravilhas e surpresas agradáveis. Eu sabia que, se ele assim permitisse, o rumo daquela situação poderia ser alterado (cf. Isaías 38).
Ela morreu em menos de três meses, e a visão de Jesus a levando nos braços se confirmou. É importante lembrar que, embora já soubesse dessa partida, continuei vendo e encorajei­a a ver as doenças e a morte como inimigos de Deus. Ela lutou como um soldado e viu várias respostas e bênçãos, a maior das quais é estar com seu Salvador e Senhor eternamente.
A maior necessidade do doente terminal é saber com segurança o que Jesus fez por nós na Cruz. Mediante a morte de Jesus na Cruz, Deus aceita os homens e as mulheres, apesar de seus pecados e limitações. As limitações não são pecado: nenhum de nós é Deus. Muitas pessoas acham que se viverem como devem, suas vidas não terão nenhuma limitação. Mas quando chegar o tempo de morrerem, aí então elas se lembrarão de que são fracas.
John Wimber diz:
Muitos cristãos acham difícil aceitar suas limitações, porque passaram a vida inteira servindo os outros, mas nunca tiveram a experiência de outros os servirem. Essas pessoas têm dificuldade de aceitar ajuda de outros porque jamais compreenderam nem aceitaram que “é pela graça de Deus que vocês são salvos por meio da fé. Isso não vem de vocês, mas é presente dado por Deus. A salvação não é o resultado dos esforços de vocês mesmos, e por isso ninguém deve se orgulhar” (Efésios 2.8­10). 207
Isto é, eles não entenderam nem creram completamente que a expiação fornece vida eterna mediante a fidelidade de Deus; eles têm se esforçado muito para manter a graça de Deus. A doença terminal testa severamente a fé deles, e eles recebem grande ajuda quando percebem que eles são justificados por causa da fidelidade de Deus, não por causa das obras deles.
Os descrentes em nossa sociedade também acham difícil aceitar o fato de que eles terão de morrer. Eles foram criados nesta moderna sociedade tecnológica na qual raramente se menciona a morte, e freqüentemente eles não reconhecem que morrerão. O único modo como eles poderão aprender a lidar com suas limitações e a culpa de seus pecados é por meio da cura do espírito deles. Essa cura vem quando eles se arrependem e colocam sua fé em Cristo.
Podemos oferecer muito conforto e ânimo para os doentes terminais. Uma chave para oferecer conforto e ânimo é que nós mesmos estamos livres de preocupações com a morte. Ganhamos essa liberdade quando somos justificados diante de Deus. Ficar cara a cara com uma pessoa com uma doença terminal não é fácil, pois isso nos faz lembrar de nossas limitações. Só conseguiremos ajudar os outros a enfrentar a morte quando nós mesmos pudermos enfrentá­la.
Samuel Southard, professor de teologia pastoral no Seminário Teológico Fuller, dá aulas de como ministrar aos que estão morrendo. Ele diz que a oração — tanto em favor do conselheiro quanto em favor do doente terminal — é “um dos maiores recursos espirituais que Deus deu a seus filhos; é um poderoso remédio para a alma”. A oração deve começar antes da visita ao doente terminal. “A oração não deve ser o último ato na visitação; deve ser um ato de adoração antes de visitarmos”. Se não orarmos antes da visita, levaremos junto tensões, preocupações e hostilidade que tenhamos pego de outras atividades. Nesse aspecto específico, nossa oração protege o paciente. A oração também nos faz lembrar que o Espírito de Deus vai adiante de nós e que ele, não nós, é o Consolador.
A oração eficaz em favor do doente terminal começa com nossa disposição de sermos bons ouvintes (Provérbios 20.5). Southard menciona como é importante escutar a uma pessoa doente: “A atitude de oração que é a mais importante para a pessoa doente poderia ser chamada de ouvir com atenção, compreensão, simpatia e comunhão de espírito”. Só conseguimos 208
orar eficazmente quando entendemos o significado mais profundo das palavras do doente terminal.
Em conclusão, o Espírito Santo falará a nós, nos revelando o que está no coração da pessoa e nos dará a sabedoria para sabermos orar especificamente. “Quando ficamos escutando, podemos ouvir o que o Espírito de Deus disse a essa pessoa doente e o que o Espírito diria a essa pessoa através de nós. A oração que oramos a pedido da pessoa doente não será então vazia; falará às reais necessidades do seu coração”.
O ministério aos doentes terminais sempre leva ao ministério aos amigos e parentes enlutados. Eles também precisam ser curados da experiência traumática de perder um amado. Sentir tristeza sem sentimento de culpa é uma parte importante da nossa adaptação à perda de um amado. Às vezes a pessoa enlutada sofre culpa por causa de erros ou negligência em seu relacionamento passado com a pessoa que morreu, e podemos lhes oferecer o perdão de Cristo para seus pecados. Freqüentemente ela acha difícil aceitar a perda ou enfrentar o futuro. Cada pessoa é diferente. Talvez o melhor conselho seja sermos ouvintes bons e compassivos.
288
288Adaptado
de: John Wimber, Power Healing (Harper & Row Publishers: Nova IorqueEUA, 1987), p. 164-165.
209
A MELHOR MANEIRA DE PARTIR
A maioria dos cristãos acha que ao chegar aos 70 anos é tempo de se aposentar e aguardar a morte, exatamente como faz o mundo. Milhões de homens e mulheres terminam seus dias enterrando seus talentos, sem ver propósito para a existência na velhice. Eles acham que velhice é sinônimo de enterrar as esperanças e propósitos do Espírito Santo.
Às vezes, os maiores exemplos de fé e intervenção de Deus começam exatamente onde a mente humana acha que é o fim de tudo. Quando recebeu de Deus a visão de um bebê que seria grandemente usado para realizar os propósitos de Deus, Abraão estava, em termos de probabilidade humana, na pior situação possível: ele estava com 70 anos, no fim da existência, sem filho algum e frustrado. Sem mencionar o fato de que ele estava casado com uma mulher que, além de ser estéril, já tinha passado da idade biológica de conceber um filho. Sua fé só conquistou o cumprimento da promessa de Deus quando ele tinha 100 anos. Foi com essa idade avançada que ele recebeu de Deus um bebê de presente.
O que o mundo chama de fim da vida não significa o fim do propósito de Deus, pois o propósito de Deus para cada um de nós dura enquanto estamos vivos neste mundo, seja qual for a idade em que estejamos. Com a idade de 100 anos, Moisés liderou o povo de Israel em seu destino à terra de Canaã. No fim da vida, o Rei Davi fez planos detalhados para a construção de um grande e magnífico templo para Deus.
Embora o padrão normal do mundo seja trabalhar e depois se aposentar, o padrão do Reino de Deus é servirmos a ele de acordo com o propósito específico que ele nos deu. Esse serviço a Deus prossegue até nossa partida. Não existe 210
aposentadoria nem limite de idade para o chamado que Deus nos dá.
Corrie ten Boom era uma mulher holandesa que passou anos num campo de concentração nazista. Ela foi condenada àquele lugar de sofrimento porque escondia judeus em sua casa. Ao sair dali, com quase 60 anos, ela achava que a vida já não tinha mais nada para lhe oferecer e que só lhe restava esperar o Senhor levá­la para o Céu. No entanto, logo depois ela embarcou numa longa carreira missionária internacional, viajando para vários países pela fé e dando testemunho de Jesus pelo poder do Espírito Santo. Aos 80 anos, ela escreveu um livro contando as maravilhas que o Senhor realizou em sua vida. Ela morreu em 1984, com mais de 90 anos, trabalhando incansavelmente para Jesus. Depois que cumprimos o chamado de Deus, ele nos leva.
O que Deus tem para nós na velhice? Lembrando­se de suas experiências no campo de concentração, Corrie conta como Deus falou com ela prometendo usá­la na velhice:
Deus tem planos, não problemas, para nossas vidas. Antes de morrer
no campo de concentração de Ravensbruck, minha irmã Betsie disse
para mim: “Corrie, sua vida inteira foi um treinamento para o trabalho
que você está fazendo aqui na prisão, e para o trabalho que você fará
depois”. A vida de um cristão é um treino para um serviço mais
elevado…
Todos os dias centenas de mulheres morriam e seus corpos eram
lançados nos fornos. Betsie tinha se tornado tão fraca que ambas
sabíamos que não faltava muito para ela morrer… Certa noite, Betsie
me acordou: “Você está acordada, Corrie?” Sua voz fraca soava tão
distante… “Sim, você me acordou”. “Eu tinha que acordar, eu preciso
lhe contar o que Deus falou para mim… Deus me mostrou que depois
da guerra nós devemos dar aos alemães aquilo que eles estão
tentando tirar de nós agora: nosso amor por Jesus. Corrie, há tanta
amargura. Nós precisamos dizer a eles que o Espírito Santo encherá
seus corações com o amor de Deus. Viajaremos pelo mundo inteiro
levando o Evangelho para todos — para os nossos amigos e para os
nossos inimigos”. Corrie então pergunta: “Para o mundo inteiro? Mas
isso vai custar muito dinheiro”. “Sim, mas Deus proverá”, Betsie falou.
“Nós não devemos fazer nada a não ser levar o Evangelho. Ele tomará
conta de nós. Afinal de contas, Ele possui gado em mil montanhas. Se
precisarmos de dinheiro só precisaremos pedir que o Pai venda
211
algumas vacas”. Eu estava começando a aprender a visão. “Que
privilégio”, falei suavemente, “viajar pelo mundo e ser usada pelo
Senhor Jesus”.
289
Mais tarde, já fora do campo de concentração e embarcando na realidade missionária que Deus havia revelado à sua irmã, Corrie conta como ela teve um forte encontro com o Espírito Santo quando machucou gravemente o quadril e teve de passar semanas internada num hospital. Ela diz:
Eu era uma paciente que não tinha muita paciência. Eu tinha apenas
cinco dias antes de ir para uma conferência de estudantes na
Alemanha e à medida que os dias passavam, eu percebia que o meu
quadril não estava cicatrizando suficientemente depressa para eu
poder realizar a conferência. Tornei-me, pois, irritadiça.
— Não há um cristão em toda esta cidade que possa orar para eu ser
curada? — perguntei.
Meus amigos mandaram chamar certo pastor da cidade que praticava
a imposição de mãos nos doentes para curá-los. Naquela mesma tarde
ele veio ao meu quarto.
De pé ao lado de minha cama ele disse:
— Há algum pecado na sua vida que não foi confessado?
Que pergunta mais estranha, pensei. Eu sabia que ele tinha
concordado em vir orar para curar-me. Mas será que fazia parte do
trabalho dele tornar-se tão pessoal a respeito de meus pecados e
atitudes? No entanto, eu não tinha que olhar muito longe. Minha
impaciência e a atitude exigente que eu tinha demonstrado em
relação à minha enfermeira tinham sido erradas, muito erradas. Pedi a
ela que viesse ao quarto e arrependi-me de meu pecado, pedindo a ela
e a Deus que me perdoassem.
Satisfeito, esse homem tranqüilo se aproximou e colocou as mãos
sobre minha cabeça. Fazia só um ano que minha irmã Nollie tinha
morrido. Desde então meu coração estava quebrantado pela tristeza.
Eu tinha a sensação de ter sido abandonada e sabia que a insegurança
que eu tinha experimentado havia contribuído para que estivesse ali
naquela cama, em vez de estar na Alemanha com os estudantes.
Entretanto, enquanto esse alto e simpático homem colocava as mãos
sobre mim e orava, eu senti uma grande corrente de poder fluindo
289
Adaptado de: Corrie ten Boom, Andarilha para o Senhor (Editora Vida: 1976), pp.
11,46-49.
212
através de mim. Que grande alegria. A tristeza me deixou e eu queria
cantar como Davi:
“Tu mudaste o meu choro em dança alegre; tiraste a minha roupa
de luto e me vestiste com roupas de festa”. (Salmo 30.11 BLH)
Senti a presença do Senhor Jesus à minha volta e senti Seu amor fluindo
dentro de mim e sobre mim como se eu tivesse sido mergulhada no
oceano da graça de Deus. Minha alegria se tornou tão intensa que
finalmente orei: “Chega, Senhor. Chega”. Parecia que meu coração
queria estourar, tão grande era a alegria. Eu sabia que isto era aquela
maravilhosa experiência prometida por Jesus: o batismo no Espírito
Santo.
Olhei para o homem que tinha orado por mim e perguntei:
— Posso andar agora?
Ele respondeu:
— Eu não sei. Tudo o que sei é que a senhora pediu uma xícara e Deus
lhe deu um oceano.
Dez dias mais tarde eu estava a caminho da Alemanha, atrasada, porém
cheia de uma alegria transbordante. Só depois que eu cheguei é que
percebi a razão por que Deus escolheu aquele exato momento para me
encher com Seu Santo Espírito. Pois foi na Alemanha, pela primeira vez,
que me encontrei face a face com muitas pessoas que estavam
oprimidas ou controladas por demônios. Se eu tivesse ido apenas com
meu poder eu teria fracassado. Agora, indo com o poder do Espírito
Santo, Deus pôde realizar muitas libertações através de mim quando eu
ordenava que os demônios saíssem das pessoas em nome do Senhor
Jesus Cristo.
Jesus avisou especificamente seus seguidores para que não tentassem
ministrar sem Seu nome, sem Seu poder. Como eu descobri por
experiência própria, tentar fazer o trabalho do Senhor com suas próprias
forças é o mais confuso, cansativo e tedioso de todos os trabalhos. Mas
quando estamos cheios do Espírito Santo, então o ministério de Jesus se
derrama em nós.
Foi o começo de uma nova bênção espiritual que cada dia me traz mais
para perto do Senhor Jesus. Agora, seja ao andar na luz brilhantes de
Sua presença ou me abrigando `sombra do Deus Onipotente, eu sei que
Ele não está somente comigo, mas também em mim.
Em vários trechos de seu livro, ela expõe sua fé em Deus:
213
“…maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo”.
(1 João 4.4)
290
…louvado seja Deus! Eu posso ser uma vencedora quando estou sob o
poder do sangue do Cordeiro.
291
Durante todos esses anos em que tenho sido uma “andarilha para o
Senhor”, eu tenho tido medo muitas vezes. Mas nesses momentos
estendi a mão para o alto e toquei nas vestes de Jesus. Ele nunca deixou
de me acolher. Entretanto, ainda anseio pelo tempo em que terei uma
mansão no céu.
Aqui na terra foi com a idade de setenta e sete anos que pela primeira
vez encontrei um lugar para eu morar: um belo apartamento na cidade
de Baarn, na Holanda. Apesar de eu estar lá raramente (pois eu
pretendo continuar viajando até morrer em meu posto)… Mesmo com
esse “lar” aqui na terra, eu anseio acima de tudo por minha mansão
celestial.
292
Enquanto o amor de Deus, o fruto do Espírito Santo, era derramado em
meu coração, lancei-me novamente em minhas viagens — uma
andarilha para o Senhor.
Que grande alegria foi experimentar o amor de Deus, que me deu rios
de água para o sedento mundo da África, América e Europa Oriental. É
claro que pode ser da vontade de Deus que algumas pessoas de idade
se aposentem de seu trabalho. Em grande agradecimento ao Senhor,
eles podem gozar suas pensões. Mas, para mim, o caminho da
obediência era continuar a viajar mais do que antes.
Jesus nos alerta em Mateus 24.12 que o amor da maioria das pessoas
esfria por causa do aumento do pecado. É muito fácil pertencer à
“maioria”. Mas os portões do arrependimento estão sempre abertos.
Aleluia!
293
O programa de eutanásia da Holanda tem sido visto como um modelo para os países industrializados que estão vendo suas populações idosas aumentarem como nunca antes. Mas a vida de uma idosa holandesa dedicada a Deus permanece um exemplo do que Deus pode fazer com alguém que a sociedade julga não ter mais valor. O 290
Adaptado
76-78.
291 Adaptado
292 Adaptado
122.
293 Adaptado
189.
de: Corrie ten Boom, Andarilha para o Senhor (Editora Vida: 1976), pp.
de: Corrie ten Boom, Andarilha para o Senhor (Editora Vida: 1976), p. 94.
de: Corrie ten Boom, Andarilha para o Senhor (Editora Vida: 1976), p.
de: Corrie ten Boom, Andarilha para o Senhor (Editora Vida: 1976), p.
214
testemunho cheio fé de Corrie encontra­se em seu livro Refúgio Secreto (Editora Betânia) e no famoso filme com o mesmo título.
A experiência de vida de Corrie é um exemplo das oportunidades que Deus dá para todo cristão de fé. Deus está disposto a usar cada um de nós, mesmo quando o mundo olha para nós e vê velhice e fim. “O Deus Eterno diz: ‘Os meus pensamentos não são como os seus pensamentos, e eu não ajo como vocês. Assim como o céu está muito acima da terra, assim os meus pensamentos e as minhas ações estão muito acima dos seus…’” (Isaías 55.8­9 BLH) Deus usou a idosa Corrie e contrariou toda a sabedoria humana que diz que a velhice é o fim de tudo. “Deus tem mostrado que a sabedoria deste mundo é loucura!” (1 Coríntios 1.20b BLH) A Bíblia diz que na velhice as pessoas fiéis a Deus “ainda produzirão frutos; estarão sempre fortes e cheias de vida, dispostas a anunciar que o Eterno é justo”. (Salmo 92.13­15 BLH)
Tragicamente, há milhões que vivem uma existência sem propósito de Deus. Essas pessoas nascem, crescem, trabalham e se casam, vivendo uma vida basicamente sem rumo certo. E acabam morrendo sem cumprir tudo o que poderiam produzir para a glória de Deus. Tudo o que elas são morre com elas, porque elas não conseguem desenvolver ou transmitir para outros tudo o que Deus lhes deu. Elas vivem e morrem para si mesmas.
Deus nos dá um potencial muito grande: dons espirituais, talentos, capacidades, criatividade, idéias, aspirações e sonhos. Nossa responsabilidade é ativar, liberar e maximizar o potencial para abençoar o maior número possível de pessoas.
Quando buscamos a Deus com todo o coração, nos o encontramos com ele e seu poder e recebemos dele direção sobrenatural para nossas vidas. Há cristãos que conhecem nitidamente e vivem o propósito de Deus aqui na terra. 215
Diante deles, a morte não prevalece. O que prevalece é o projeto de Deus. E se somos fiéis a Jesus, ele só nos leva quando esse projeto é finalizado.
Além disso, o soldado de Jesus jamais se entrega à morte. Ele se entrega somente àquele que morreu e ressuscitou por ele. Ele sabe que tem de partir para Jesus, mas parte como um soldado que, mesmo compreendendo que vai morrer, luta contra seu inimigo até o fim. O mundo, em seu sofrimento e angústia, trata muitas vezes a morte como amiga, mas a Palavra de Deus nos ensina a tratá­la da maneira correta, como inimiga. E sempre há medalhas e honras para os guerreiros que morrem lutando corajosamente contra o inimigo. No Reino de Deus não será diferente.
Copyright 2001 Julio Severo. Proibida a reprodução deste artigo sem a autorização
expressa de seu autor. Julio Severo é autor do livro O Movimento Homossexual,
publicado pela Editora Betânia. Email: [email protected]
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