PRODUÇÃO DE ÁCIDO HIALURÔNICO EM MELAÇO DE CANA DE AÇÚCAR POR Streptococcus zooepidemicus ATCC 39920 Ana Paula Novelli (Bolsista CNPq); Hanny Cristina Braga Pereira; Maria Antonia P. Colabone (Orientadora) [email protected] Universidade Estadual de Londrina, Departamento de Bioquímica e Biotecnologia/CCE) Área e sub-área do conhecimento: Ciências Biológicas/Área: Microbiologia Aplicada Palavras-chave: ácido hialurônico, melaço de cana-de-açúcar, glutamina. Resumo O ácido hialurônico é um polissacarídeo de alta massa molar constituído de unidades dissacarídicas de ácido D-glicurônico e N-acetilglicosamina com características hidrofílicas e viscoelásticas. Devido as suas características, apresenta interesse para as indústrias cosmética e farmacêutica. Este trabalho teve como objetivo avaliar a produção de ácido hialurônico por Streptococcus zooepidemicus ATCC 39920 utilizando o melaço de cana-de-açúcar acrescido com acetato de sódio, glutamina, niacina, ácido oxálico e iodoacetato, por planejamento estatístico. A maior produção de ácido hialurônico foi 0,469 g.L-1, com 30 g.L-1 de melaço e 4 g.L-1 de glutamina. A análise dos resultados demonstrou que acetato de sódio, niacina e iodoacetato apresentaram efeito significativo, porém negativo (p<0,05) e suplementação de glutamina favoreceu a produção de ácido hialurônico. Introdução O ácido hialurônico (AH) é um polissacarídeo linear não sulfatado que consiste em unidades dissacarídicas polianiônicas de ácido D-glicurônico e Nacetilglicosamina, unidos alternadamente por ligações β (1→3) e β (1→4) (LAURENT; FRASER, 1992; KOGAN, et al., 2007). Devido às suas propriedades biológicas e físico-químicas, como elevada capacidade de retenção de água, viscoelasticidade e biocompatibilidade, este polímero tem sido amplamente utilizado na área de veiculação de fármacos, oftalmologia, ortopedia, reumatologia e engenharia de tecidos (LAI et al., 2012; KOGAN et al., 2007). O ácido hialurônico microbiano é sintetizado como uma cápsula extracelular e produzido como um fator de virulência por Streptococcus dos 1 grupos A e C de Lancerfield, em particular Streptococcus equi e Streptococcus equi subespécie zooepidemicus. A economia de um processo de fermentação industrial depende além do micro-organismo o meio de cultivo utilizado, portanto, o objetivo deste trabalho foi produzir ácido hialurônico por S. zooepidemicus, usando melaço de canade-açúcar, subproduto da indústria sucroalcooleira, como substrato para fermentação e analisar o efeito de diferentes componentes no meio de cultivo para aumentar a produção. Procedimentos metodológicos Microrganismo: Streptococcus zooepidemicus ATCC 39920 (CBMAI). Meio de Preservação: Brain Heart Infusion (BHI) com 50 % v/v de glicerol. Meio de Inoculo (g.L-1): Glicose 30; extrato de levedura 30; K2PO4 2,5; NaCl 2 e MgSO4 1,5. Cultivos a 37 ºC e 150 rpm, 6 h, inoculo a 0,2 g.L-1. Melaço de cana-de-açúcar: Centrifugado a 9956 x g por 15 min a 4 ºC e clarificado com 8% (m/v) de carvão ativado a 60 ºC por 1 h, filtrado. Fermentações: Frascos de Erlenmeyer de 125 mL, contendo 25 mL dos meios, com 30 g.L-1 de melaço e 30 g.L-1 de extrato de levedura; 2,5 de K2PO4; 2,0 de NaCl e 1,5 de MgSO4, acrescidos de acetato de sódio, glutamina, niacina, ácido oxálico e iodoacetato (Tabela1), a 100 rpm e 37 ºC por 24 h. Determinações Bioquímicas: Açúcares Totais: Fenol-sulfúrico. Padrão sacarose (20 a 100 ug.mL-1). Ácido Hialurônico: Cromatógrafo líquido de alta eficiência (CLAE) detector de índice de refração, coluna OHpak SB-806M HQ 80×300mm, sendo NaNO3 8,5 g.L-1 a fase móvel. Padrão de AH (sigma). Resultados e Discussão A maior produção de AH açúcar foi de 0,469 g.L-1, com de 4 g.L-1 de glutamina variáveis (Tabela 1), quando todos os nutrientes foram adicionados ocorreu a menor produção (0,164 g.L-1) no ensaio 16 demonstrando que esses fatores associados não tiveram efeito na produção. As variáveis, acetato de sódio, niacina e iodoacetato apresentaram efeito significativo porém negativo na produção, demonstrando que sua suplementação reduz a produção. A Figura 1 mostra a otimização onde apenas o aumento da glutamina foi favorável. Esse pode ser doador do grupamento amino para a formação de UDP-acetilglicosamina, precursor do ácido hialurônico. 2 Tabela 1. Produção de ácido hialurônico por Streptococcus zooepidemicus ATCC 39920 por planejamento fatorial fracionado Box Hunter x Hunter 2 5-1 variando a composição do meio. Variável Variáveis Codificadas Resposta Ensaios Ácido x1 x2 x3 x4 x5 Hialurônico (Y) 1 -1 -1 -1 -1 1 0,312 2 1 -1 -1 -1 -1 0,326 3 -1 1 -1 -1 -1 0,469 4 1 1 -1 -1 1 0,220 5 -1 -1 1 -1 -1 0,338 6 1 -1 1 -1 1 0,286 7 -1 1 1 -1 1 0,315 8 1 1 1 -1 -1 0,312 9 -1 -1 -1 1 -1 0,298 10 1 -1 -1 1 1 0,240 11 -1 1 -1 1 1 0,329 12 1 1 -1 1 -1 0,344 13 -1 -1 1 1 1 0,313 14 1 -1 1 1 -1 0,312 15 -1 1 1 1 -1 0,361 16 1 1 1 1 1 0,164 17 0 0 0 0 0 0,345 18 0 0 0 0 0 0,325 19 0 0 0 0 0 0,355 Níveis Fatores (g.L-1) -1 0 1 Acetato de Sódio (X1) 0 10 20 Glutamina (X2) 0 2 4 Niacina (X3) 0 2 4 Ácido oxálico (X4) 0 0,2 0,4 Iodoacetato (X5) 0 0,005 0,010 3 Figura 1. Otimização da produção de ácido hialurônico por Streptococcus zooepidemicus em melaço de cana-de-açúcar variando os nutrientes. Conclusões O microrganismo apresentou potencial de produção de ácido hialurônico em melaço de cana-de-açúcar, um substrato abundante e rico em açucares. A maior produção de ácido hialurônico foi 0,469 g.L-1 com 30 g.L-1 de melaço de cana-de-açúcar e 4 g.L-1 de glutamina. Agradecimentos CNPq pela bolsa e a orientadora pelo incentivo. Referências KOGAN, G.; ŠOLTÉS, L.; STERN, R.; GEMEINER, P. Hyaluronic acid: a natural biopolymer with a broad range of biomedical and industrial application. Biotechnology Letters, v. 29, p.17-25, 2007. LAI, Z.-W.; RAHIM, R. A.; ARIFF, B. A; MOHAMAD, R. Biosynthesis of high weight hyaluronic acid by Streptococcus zooepidemicus using oxygen vector and optimum impeller tip speed. Journal of bioscience and bioengineering, v. 14, n. 3, p. 286-292, 2012. LAURENT, T. C.; FRASER J. R. E. Hyaluronan. Faseb Journal, v. 6, p. 23972404, 1992. 4