TERAPIA FACILITADA POR CÃES – CINOTERAPIA Dra. Alessandra Comin Martins – Médica Psiquiatra Dra. Laiz Beerends – Pedagoga APRESENTAÇÃO A cinoterapia é um recurso terapêutico inovador, onde profissionais das áreas de psiquiatria, pedagogia, fisioterapia, fonoaudiologia e psicologia, contam com cães adestrados, que agem como co-terapeutas auxiliando esses profissionais a trabalharem a fala, equilíbrio, expressão de sentimentos e motivação. Os cães são capazes de estabelecer uma comunicação recíproca que facilita o contato interpessoal, possibilitando desta forma o restabelecimento da auto estima, respeito, companheirismo, visão de futuro, vontade de viver, e ainda estimula a liberação de substancias que podem ser benéficas para o organismo, como a endorfina e a adrenalina. INTRODUÇÃO Este projeto surgiu a partir do contato de duas profissionais que buscavam dentro de suas realidades, opções acessíveis que pudessem ser utilizadas em suas áreas como uma nova forma de terapia e em suas vivencias como cinófilas, puderam observar que, o contato entre o cão e o homem sempre apresenta benefícios, tais como propiciar alegria, facilitar contatos sociais, superação de stress, afastar momentos de solidão além de ser uma relação de amor incondicional. A partir deste momento, surgiu a necessidade de determinarmos quais as características necessárias nos cães, para que o processo terapêutico pudesse acontecer. Como cinófilas e por conta disto estando em contato frequente com várias raças caninas, evidenciamos que algumas delas se destacam por apresentarem um temperamento dócil, meigo, paciente, tolerante, equilibrado, tranquilo, firme e estável, características estas, essenciais para garantir o bom andamento do processo terapêutico. Escolhemos então o SAMOIEDA e o TERRA NOVA para a prática clínica. JUSTIFICATIVA Nas áreas de Psiquiatria e Pedagogia, os recursos utilizados são limitados, muitas vezes caros e inacessíveis, e desta forma, não estão sendo suficientes. Atualmente, existe uma tendência a desospitalização, a diminuição de tratamentos alopáticos, e a busca de meios que possibilitem ao homem ter contato com a natureza e assim expressar de forma saudável seu afeto. A cinoterapia é um recurso alternativo no tratamento de pessoas com necessidades especiais, e que oferece efeitos e benefícios no processo terapêutico. OBJETIVOS GERAL A cinoterapia tem por objetivo trabalhar o ser humano de modo geral, equalizando o físico, mental e social. O profissional utiliza o cão como um mediador deste processo, pois até o mais resistente dos indivíduos se desconcerta na presença do cão e com isso diminui suas defesas facilitando a ação terapêutica. ESPECÍFICOS PSIQUIATRIA De um modo geral, o convívio com cães estimula a responsabilidade, melhora a auto estima, auto controle, determina noções de ciclo vital (nascimento, crescimento, reprodução e morte), propicia o estreitamento ou até a realização de relações sociais, à medida que facilita o contato físico e verbal. Pacientes agressivos tendem a ficarem mais calmos na presença dos animais. Os cães são capazes de promover oportunidades para o crescimento pessoal baseado nos recursos recreativos e motivacionais. PEDAGOGIA Através do cão é possível induzir um grau de motivação que possibilitará um melhor aprendizado, acentua a disciplina, atenua o stress da separação dos pais nos primeiros anos. De maneira lúdica, o cão estimula a imaginação, a linguagem, o equilíbrio, lateralidade, promove o auto conhecimento (físico, emocional e mental) minimizando diferenças. Possibilita ao orientador educacional melhor estabelecimento de vinculo com o educando. Na inclusão de alunos especiais nas escolas convencionais, o cão facilita a integração destes com os alunos, professores e sociedade como um todo. OUTRAS ÁREAS Os fisioterapeutas podem tornar mais excitantes os exercícios usando um cão como motivador. Os fonoaudiólogos podem facilmente sugerir par a um paciente ler uma história para um ouvinte peludo muito atento e que não repara em eventuais erros, além de oportunizar que sons sejam feitos pelo paciente para a interação com o cão. Os psicólogos podem usufruir a facilitação da cinoterapia assim como os psiquiatras. APLICAÇÃO Inicialmente a cinoterapia pode ser aplicada em qualquer ambiente, tranquilo, necessitando apenas que seja um local restrito, onde apenas esteja presente o terapeuta, o cão e o paciente. Em estagio mais avançado, é possível integrar mais de dois pacientes ao processo terapêutico, respeitando a característica de cada caso. É importante observar, que, como o trabalho depende do vinculo desenvolvido entre os dois (paciente e cão) um ambiente com o mínimo de atrativos para ambos é o ideal. Partido do pressuposto que ambientes como hospitais, escolas especiais, ambientes escolares, etc., são locais onde é bastante incomum a presença de animais, o uso de um cão se torna bastante atrativo e motivador. Quando o cão está “visitando os pacientes” nesses locais, é possível observar as expressões de admiração e os olhares atentos de todos. A simples presença de um animal promove a redução do desgaste e desta forma promovendo a aceleração do processo de recuperação. Na maioria das vezes, o estabelecimento do vinculo terapêutico, é realizado, simplesmente pelo contato com o cão. Em alguns casos, é necessário que o terapeuta lance mão de recursos lúdicos facilitadores da relação. Para que o relacionamento terapêutico se torne uma base segura para a exploração do comportamento, cognições, sentimentos e relacionamentos do paciente, é necessário que o terapeuta reconheça e respeite a identidade pessoal de cada paciente e procure ajudá-lo a atingir as mudanças colocadas como desejáveis. Uma vez estabelecido o vínculo, o terapeuta passa a trabalhar as necessidades de cada caso, partindo do material emergente em cada contato. O tempo de contato deve ser de curta duração, não devendo exceder 20 minutos, para que o interesse pelo cão não seja perdido. No caso em que a exposição ao cão seja ansiogênica, ela deve ser gradual, interrompendo-se a sessão assim que percebida a tensão. A frequência ideal deve ser estabelecida de acordo com cada caso. A cada sessão, o paciente deve receber reforço positivo, sendo elogiado durante seu progresso, uma vez que a cinoterapia, tem em sua base o reestabelecimento da auto estima e melhora do contato com o meio. No decorrer do processo terapêutico, é possível haver a participação de profissionais de outras áreas a fim de utilizar a facilitação da cinoterapia para o tratamento de vários focos. Em pacientes que não respondem por si, a autorização do responsável é necessária. Muitas vezes a participação da família pode ser solicitada ou bem vinda, até mesmo nas sessões. Durante todo o trabalho terapêutico, é explicado ao paciente os procedimentos utilizados, usando um linguajar acessível. Quanto melhor for a compreensão do processo ao qual está se submetendo, maior será sua confiança e participação. Ao colocar-se ao nível do paciente, o cão como colaborador, reforça a auto estima do paciente que deixa de assumir uma postura submissa e muitas vezes passa assumir uma atitude protetora. São criadas também condições para que o paciente se expresse usando o seu próprio jargão, ou linguagem idiossincrática habitual. Isso possibilita ao terapeuta a compreensão do significado da terminologia e a escolha das metáforas apropriadas para cada paciente. AVALIAÇÃO A avaliação da cinoterapia é um processo permanente que serve como base para o inicio da intervenção terapêutica evoluindo e se reformulando. O terapeuta deverá centrar-se nos aspectos verbais e não verbais da comunicação, bem como no conteúdo e tema geral da conversação. O tempo de contato com o cão é de extrema importância na avaliação do progresso da terapêutica. Tanto contato físico como visual, são indicadores da evolução do tratamento. O comportamento interpessoal é também analisado diretamente pelo terapeuta, ou indiretamente através do relato de outros profissionais envolvidos ou familiares. CONSIDERAÇÕES FINAIS É evidente que a formação das autoras e os objetivos deste projeto foram fatores determinantes para o norteamento deste trabalho, que é apenas uma fração da abrangência real das inúmeras possibilidades que a cinoterapia pode proporcionar. Diante da atual teoria, e prática clinica em cinoterapia, buscamos identificar alguns pontos nevrálgicos a fim de aprofundar os aspectos promissores deste projeto, e determinar seus prováveis rumos futuros. BIBLIOGRAFIA -.-.-.-.-.- (Projeto registrado na Biblioteca Nacional – Proibida a reprodução total ou parcial)