Guia para os Professores ESTUDO DE CASO: “RAIVA HUMANA

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Guia para os Professores
ESTUDO DE CASO:
“RAIVA HUMANA TRANSMITIDA POR CÃES”
Partindo da experiência adquirida no desenvolvimento dos
estudos anteriores de casos, com relação às zoonoses, o
estudante deverá adquirir conhecimentos e habilidades
relativas ao conceito de risco biológico, procedimentos de
prevenção e controle, dando ênfase na raiva transmitida por
cães.
É analisada uma situação de um caso ocorrido no departamento
de Putumayo Colômbia durante o mês de setembro de 2000.
Espera-se que com esta experiência se possam identificar
situações de campo, onde as condições ambientais são
complexas, a educação sanitária é precária, bem como os
serviços de saúde pública e de saúde pública veterinária; a
cooperação intersetorial é nula.
1. Ao finalizar o estudo do caso o estudante estará
capacitado a conhecer algumas das características do
agente:
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O agente é um vírus da família Rhabdoviridae e do
gênero dos Lyssavirus
O período de incubação é variável: 5 dias até 6 meses
O vírus é muito sensível a ação de agentes físicos e
químicos; em poucos minutos se inativa pela ação dos
ácidos e bases fortes, a luz solar, a radiação
ultravioleta, as mudanças de pH e a temperatura.
2. Distinguir entre agressão animal e exposição rábica:
A lesão por agressão animal é a ferida causada por mordida (s)
ou arranhão (s), qualquer que seja sua quantidade, extensão ou
profundidade em qualquer parte do corpo da pessoa,
ocasionada por um animal potencialmente transmissor da raiva.
Os dedos e a face são os locais com maior risco.
A exposição rábica é a probabilidade de penetração e
replicação do vírus rábico no organismo de uma pessoa que
sofreu lesão por agressão de um animal potencialmente
transmissor de raiva ou o contato da pele lesionada ou de
mucosa com a saliva ou tecido de um animal infectado ou,
suspeitamente, infectado com o vírus rábico de maneira
acidental ou por falhas nas medidas preventivas (laboratórios,
cavernas)
3. Conhecer os tipos de exposição rábica:
Tipos de exposição
Exposição rábica grave
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
Acidente causado por um animal raivoso ou com raiva
confirmada através de exames laboratoriais.
Acidente causado por um animal selvagem
Acidente causado por um animal de rua ou
desconhecido: feridas na cabeça, face, abdome,
ponta dos dedos e feridas múltiplas.
Contato de feridas ou mucosas com material de
necropsia de um animal ou um ser humano suspeito de
ser positivo para a raiva
Exposição rábica leve

Acidente causado por um animal de rua ou
desconhecido: uma (única) mordida em partes
cobertas do corpo, braços, tronco e membros
inferiores do corpo.
4. Levar em conta a definição de caso provável, confirmado
e compatível:
 Caso provável
o Pessoa com febre, agitação e instabilidade que
evolui apresentando maior comprometimento
do sistema nervoso central como convulsões,
sinais meníngeos.
o alucinações, acompanhado de hidrofobia por
espasmo dos músculos da deglutição ao tentar
engolir (pode ser claro não o antecedente de
exposição rábica).
·
Caso confirmado
Caso provável a que se confirme o vírus através
de exame laboratorial, seja por isolamento
viral, imunofluorescência, estudo
histopatológico ou prova biológica.
· Caso compatível
Caso provável que não foi realizado provas
diagnósticas ou os resultados destas não foram
conclusivos.
5. Identificar os fatores a serem avaliados e as possíveis
intervenções:
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Tratamento inicial da ferida
Estabelecer a espécie e contatos do animal que
mordeu.
Circunstâncias do acidente
Estado de vacinação do animal que mordeu
Estado de vacinação da pessoa mordida
Gravidade das feridas.
Condições epidemiológicas do local. Indicadores do
programa de prevenção ou controle.
Estado clínico do animal agressor.
Confirmação diagnóstica.
Todo caso de agressão animal deve ter atenção médica
prioritária, sendo as medidas de urgência à campo incluem:
Limpeza e Desinfecção da ferida. Em situações de campo o uso
de água e sabão produz uma boa desinfecção. Lavar com água à
jato. Repetir 3 vezes o procedimento. Procedimento com
duração total de 15 minutos. Podem-se usar substâncias como
soluções iodadas, amônia quaternária e H2O2.
Prevenção da raiva
O método mais eficiente para prevenir a raiva nos seres
humanos é a prevenção da enfermidade nos transmissores
(cães e gatos) mediante a vacinação ou em certas zonas, o
controle racional das populações de morcegos vampiros. Esta
medida se deve complementar com a adequada regulação sobre
a posse de filhotes; o controle de cães de rua; a informação,
educação e atenção da comunidade e a atualização dos
profissionais do setor de saúde (médicos, enfermeiras, agentes
de saúde) e de saúde animal (médicos veterinários) sobre a
epidemiologia e a prevenção da enfermidade.
Fatores a serem avaliados em casos de agressão animal.
Toda agressão animal, deve ser considerada como uma urgência
médica (atenção prioritária).
Espécie do animal agressor
Na América Latina os transmissores mais importantes são o
cão, alguns animais silvestres (morcegos hematófagos e
raposas) e o gato.
Características da agressão
Deve-se ter cuidado na avaliação das circunstancia, as crianças
normalmente ocultam a realidade por medo do castigo e do
hospital, tendendo a minimizar os ataques. Deve-se estabelecer
se agressão foi provocada ou foi por ação do paciente.
Estado de vacinação do animal agressor
A vacinação vigente diminui o risco de transmissão da doença.
Estado de vacinação da pessoa atendida
Os protocolos estabelecidos neste caso estão definidos pela
autoridade sanitária de cada país.
Lugar e tipo da agressão.
A cabeça, face, abdome e as mãos oferecem maior risco.
Cuidados com o ferimento
Dê maior importância na prevenção, os procedimentos buscam
eliminar o vírus que tenha sido depositado no local da mordida,
evitando que chegue ao sistema nervoso.
O primeiro a ser feito é lavar a lesão com água e sabão ou
detergente deixando ensaboada a zona afetada durante cinco
minutos, enxaguando o local com água à jato; este
procedimento
deve
ser
repetido
por
três
vezes.
Adicionalmente, de acordo com a disponibilidade, podem-se
aplicar substâncias como amônia quaternária, soluções iodadas,
água oxigenada.
Não se devem suturar as feridas produzidas pela mordida,
salvo à critério médico. Se for imprescindível fazê-la,
aproximam-se os tecidos com alguns pontos evitando que a
agulha incida na área da mordida, com prévia aplicação de soro
anti-rábico ao redor da ferida.
Depois de rigorosa análise das situações anteriores, o médico
avaliará a aplicação de outras medidas.
Imunoglobulinas anti-rábicas
Indicadas em exposições graves. Existem soros homólogos e
heterólogos. Aplica-se o mais rápido possível, dentro das
primeiras 72 horas e nunca depois do sétimo dia de iniciada a
vacinação. Sempre pratica- se a prova cutânea de sensibilidade.
Vacinação anti-rábica
Em geral se dispõe de vacinas preparadas em cérebro de ratos
lactantes CRl ou em cultivos celulares
As vacinas estão indicadas em:
* Exposições graves (simultaneamente com a aplicação de
imunoglobulina anti-rábica),
* Como único tratamento em exposições leves
* Imunizações pré-exposição de pessoas que precisam devido
ao seu trabalho.
As legislações sanitárias dos países têm definido estes temas a
título de informação se apresenta o esquema de vacinação para
a vacina preparada em células Vero.
Esquema de Vacina preventiva.

Três injeções iniciais dias 0, 7, 28; primeiro reforço ao
ano com reforços posteriores cada 3 anos.

Esquema de Vacinação post exposição.
o
Pessoas não vacinadas são tratadas com 5 injeções
nos dias 0, 3, 7, 14, 30. Primeiro reforço opcional
em 90 dias. Em pessoas anteriormente imunizadas
por uma vacinação preventiva completa: antes de
um ano se deve aplicar uma injeção no dia 0 e se
faz mais de 1 ano se deve aplicar 3 injeções nos
dias 0, 3 e 7.
6. Conduta com o animal agressor
Os cães e gatos devem ser submetidos à observação por 10
dias contados a partir do dia da mordida. A responsabilidade
disto é do médico veterinário responsável pelo setor de saúde
(centro de zoonoses). Outros animais como primatas, raposas,
tigres e outros, são necessários sacrificá-los e proceder ao
exame confirmatório.
Os animais não vacinados, mordidos por um animal raivoso
devem ser sacrificados. Os vacinados se vacinam e se observa
em cativeiro por 45 dias aos cuidados de um médico
veterinário.
Algumas funções do médico veterinário
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
Captura e observação do animal
Identificação do animal que mordeu.
Realizar a observação de cães e gatos durante 10 dias a
partir da data da mordida ou contato
Realizar a investigação epidemiológica do caso ou surto.
Identificar pessoas mordidas e informar ao setor de
saúde.
Investigação dos possíveis contatos
Realizar a busca de contatos animais.
Delimitação da área de influência do foco rábico
Manter informada a autoridade sanitária sobre seus
achados e resultados
Notificar o centro de zoonose e a vigilância
epidemiológica
 Constituir um meio de comunicação entre o setor de
saúde e agricultura
 Manejo dos contatos animais com vacina recente:
quarentena ou revacinação. E sem vacina: eliminação.

7. Conhecer o procedimento para a coleta e o envio de
amostras ao laboratório
Este procedimento se deve realizar com todas as precauções,
pelo risco que implica para o médico veterinário e seus
auxiliares.
O mais prático é retirar a cabeça e levá-la ao laboratório de
saúde pública ou de saúde animal (depende da regulamentação
de cada país).
A amostra deve estar documentada:
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Causa da morte do animal.
Espécie
Sinais que apresentou
Duração da enfermidade, resultados do laboratório. Ver:
www.oie.int/
Pessoas e animais mordidos
Nome e direção do remetente. Número telefônico e
endereço eletrônico.
Nome do médico e da instituição de saúde que soube do
caso
A vigilância epidemiológica e os programas de vacinação com
coberturas superiores a 90% devem ser a preocupação das
autoridades de saúde;
Referências
Alvarez D, Alvarez C. Manejo del accidente rébico. Universidad
del Rosario. Universidad de Cartagena.
http://encolombia.com/pediatria35300manejo.htm
Cediel N, Villamil L C. Riesgo biológico ocupacional en la
medicina veterinaria, área de intervención prioritaria. Rev.
Salud Pública. 6 (1): 28-43, 2004.
www.scielosp.org/pdf/rsap/v6n1/20022.pdf
Saad C, Toro G, Martínez M, Díaz A, Rico E, Escobar E. Raiva.
Guía práctica para la atención integral de personas agredidas
por un animal. Informe técnico número 4. Ministerio de Salud.
Colombia. 20 pp.2002
Saad C. Parálisis flácida por raiva en una niña de seis años de
edad. Informe quincenal epidemiológico nacional IQUEN.
Ministerio de Salud. Instituto Nacional de Salud INS. Vol 5,
No 6, pp 81-86. 2000.
Estudo de caso desenvolvido pelos participantes / integrantes projeto
SAPUVEYNET II: N. Cediel, RedSPvet, Colombia:
[email protected];
L.C. Villamil, Universidad
Nacional de Colombia: [email protected]
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