RAIVA HUMANA TRANSMITIDA POR CÃES Guia para o estudante O caso Em 18 de agosto, o irmão de Elena ganhou de presente um cão de 7 meses de idade; um mês depois, Elena foi mordida na mão esquerda e no dia seguinte numa festa familiar, o animal tornou-se agressivo, mordeu 11 crianças e 4 adultos e mordeu novamente Elena no lado direito do abdome. O pequeno povoado, onde acontecerem esses fatos está bastante retirado da cidade, é constituído de 35 casas e 210 habitantes, clima quente, deficientes vias de acesso e fraca infra-estrutura sanitária. Se você fosse o médico veterinário local e lhe informassem da situação, o que você aconselharia fazer? Primeiro de tudo lembre-se de que você está diante de uma LESÃO POR AGRESSÃO ANIMAL. Lembre-se como se define tal situação? A ferida é causada por mordedura (s) ou arranhão (s), qualquer que seja a quantidade, extensão ou profundidade em qualquer parte do corpo da pessoa, causada por um animal potencialmente transmissor da raiva. Os dedos e a face são os locais com maior risco. Qual seria o procedimento mais urgente? Limpeza da ferida, seguindo um protocolo específico (consultar este procedimento). Um acidente por agressão animal é uma Urgência médica e necessita atenção prioritária. Elena apresentou febre, inapetência, angustia, mal-estar geral e dor no lado direito abdômen; em 7 de novembro, foi atendida em um centro de saúde onde lhe administraram um tratamento sintomático. Você acredita que foi efetuado o correto procedimento com Elena? Devido à persistência dos sintomas, no dia seguinte ela foi levada a outra localidade, em 9 de novembro foi atendida em uma instituição do Equador, em 11 de novembro foi encaminhada ao hospital departamental de Mocoa, durante a viagem Elena mordeu seu pai no pescoço, no ombro e no terço superior do braço esquerdo, a médica que a atendeu não empregou medidas de biossegurança. Após isso foi enviada a outra entidade hospitalar em 16 de novembro e morreu em 19 de novembro. Por pedido da mãe e frente a ausência de diagnóstico, enviaram-se amostras de cérebro e cerebelo para o Instituto Nacional de Saúde na capital. As amostras chegaram ao Instituto Nacional de Saúde (INS) em 2 de dezembro, sem nenhuma anamnese, nem historia clínica. O diagnóstico histopatológico revelou encefalite severa com corpúsculos de Negri. As provas imuno-histoquímicas foram positivas para a RAIVA, igualmente como a IF direta em tecido fixado em formol. Que falhas foram apresentadas? Desde o inicio do caso não foi levado em conta os protocolos estabelecidos: Fatores a serem avaliados e possíveis intervenções ·Tratamento inicial da ferida ·Estabelecer a espécie e contatos do animal que mordeu ·Circunstâncias do acidente ·Estado de vacinação do animal que mordeu ·Estado de vacinação da pessoa mordida ·Gravidade das feridas. ·Condições epidemiológicas do local ·Estado clínico do animal agressor. ·Confirmação diagnóstica. Os trabalhadores da saúde não tomaram as medidas do caso para o risco biológico Não foi perguntado se se tratava de uma agressão animal, se foi perguntado não foram tomadas as previsões do caso. Os serviços de saúde pública foram ineficientes, ao que parece não se realizava educação comunitária, não se contava com um sistema de vigilância e controle. Não se coletou a amostra corretamente. Enviou-se em formol e sem informação complementar. Como se coleta e se envia uma amostra? Como se estabelece se a agressão corresponde a uma exposição rábica? Exposição rábica é a probabilidade de penetrassem e replicação do vírus rábico no organismo de una pessoa que tem sofrido lesão por agressão de um animal potencialmente transmissor de raiva, ou o contato da pele lesionada ou da mucosa com a saliva ou tecido de um animal infectado ou supostamente infectado com o vírus rábico, de maneira acidental ou por falhas na biossegurança (laboratórios, cavernas) Tipos de exposição §Exposição rábica grave §Exposição rábica leve Revise com seu professor o anterior e estabeleça o anterior, de acordo com as normas e procedimentos de sua região. Qual é a definição do caso? Leve em consideração as provas diagnósticas, o local da mordida e os sinais do paciente, para classificá-lo como provável, confirmado ou suspeito. Tendo em conta o anterior que cuidados se devem ter com o local da mordida? Todo caso de agressão animal deve ter atenção prioritária as medidas de urgência incluem: ·Limpeza e Desinfecção da ferida. Em situações de campo usando água e sabão para se ter uma boa desinfecção. ·Usar água sob pressão. ·Repetir 3 vezes o procedimento. ·Procedimento com duração total de 15 minutos ·Pode-se usar substâncias como: soluções iodadas, amônia quaternária, H2O2. E para prevenir a raiva, o que deve ser feito? Depois do rigoroso cuidado com a ferida, o médico avaliará a aplicação de outras medidas, como a aplicação de imunoglobulinas anti-rábicas e a vacina anti-rábica Em geral se dispõe de vacinas preparadas em cérebro de rato lactante CRl ou em cultivos celulares. E o que aconteceu com o cão? Um irmão de Elena lhe havia presenteado o cachorro. Através da investigação epidemiológica realizada se soube que o animal havia sido mordido por dois cães que passaram pela calçada. Em 19 de setembro, um dia depois de morder Elena, apresentou alteração no comportamento, agressividade, dificuldade para deglutir, anorexia, ladrido ronco, quadro que progrediu até apresentar paralisia das patas traseiras, por lo que lo trancaram em um cômodo da casa até que morreu no dia 29 de setembro, o cadáver foi abandonado em um terreno próximo. Como • • • • • • • • se intervém em um caso de raiva canina? Captura e observação do animal Identificação do animal agressor. Observação do animal agressor Envio (se apresentar sintomatologia) da cabeça do animal para o centro de diagnóstico. Investigação dos possíveis contatos Delimitação da área de influência do foco rábico. Estabelecimento de um programa de vacinação sustentado com coberturas superiores a 90%. Controle de cães sem dono. Manejo dos contatos animais com vacina recente: quarentena e revacinação. E sem vacina: eliminação. Manejo dos contatos humanos. Educação e remitir ao órgão de saúde. Prepare uma síntese dos procedimentos recomendados em seu país. Discuta com o professor. Referências Cediel N, Villamil L C. Riesgo biológico ocupacional en la medicina veterinaria, área de intervención prioritaria. Rev. saúde pública. 6 (1): 28-43, 2004. www.scielosp.org/pdf/rsap/v6n1/20022.pdf Saad C, Toro G, Martínez M, Díaz A, Rico E, Escobar E. Raiva. Guía práctica para la atención integral de personas agredidas por un animal. Informe técnico número 4. Ministerio de Saúde. Colombia. 20 pp.2002 Saad C. Parálisis flácida por raiva en una niña de seis años de edad. Informe quincenal epidemiológico nacional IQUEN. Ministerio de Saúde Colombia. Instituto Nacional de Saúde INS. Vol 5, No 6, pp 81-86. 2000. Estudo de caso desenvolvido pelos colaboradores / integrantes do projeto SAPUVEYNET II: N. Cediel, RedSPvet, Colombia: [email protected]; L.C. Villamil, Universidad Nacional de Colombia: [email protected]