Teores de P, K, Ca e Mg nas folhas da alface em função da

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Teores de P, K, Ca e Mg nas folhas da alface em função da adubação
orgânica e nitrogenada.
Mônica Lima Pôrto1; Jailson do C. Alves2; Adailson P. de Souza3; Jandeilson A. de
Arruda4; Ubaldo A. Tompson Júnior4; Djail Santos3; Raunira da C. Araújo3.
1
UFPB,
Pós-graduanda
em
Agronomia,
bolsista
da
CAPES,
CEP
58397-000,
Areia-PB.
2
E-mail: [email protected]; UFPB, Pós-graduando em Manejo de Solo e Água, bolsista do CNPq;
3
4
UFPB, Professor Adjunto; UFPB, Graduando em Agronomia, Bolsista PIBIC/CNPq/UFPB.
RESUMO
Estudos acerca do efeito da adubação orgânica e mineral sobre o estado nutricional da alface
ainda são bastante escassos, principalmente para o Nordeste brasileiro. O presente trabalho
teve como objetivo avaliar os teores de P, K, Ca e Mg nas folhas da alface (cv. Elba) em
função da adubação orgânica e nitrogenada no agreste paraibano. O experimento foi
conduzido em um delineamento de blocos casualizados, empregando 5 doses de esterco
bovino (30, 60, 90, 120 e 150 t ha-1), 5 doses de nitrogênio (30, 60, 90, 120 e 150 kg ha-1) e
mais uma testemunha sem adubação, sem interação entre as doses de nitrogênio e esterco,
em 4 repetições. A colheita da alface foi realizada aos 30 dias após o transplante, sendo
avaliada os teores de P, K, Ca e Mg nas folhas da alface. Ambas as adubações estudadas se
demonstraram eficientes no balanço nutricional do P e Mg para a alface. Não foi constatado
efeito significativo das adubações nitrogenada e orgânica sobre os teores de Ca, apesar dos
teores deste elemento se apresentaram dentro da faixa considerada como normal. Quanto
aos teores de K, diferentemente do observado para a adubação orgânica, constatou-se que a
adubação nitrogenada resultou em teores abaixo da faixa considerada como adequada,
sugerindo um estado de desequilíbrio nutricional.
Palavras-chave: Lactuca sativa L., uréia, esterco bovino, nutrição mineral.
ABSTRACT - Levels of P, K, Ca and Mg on lettuce leaves in response to organic and
nitrogen fertilization.
Studies describing organic and mineral fertilization effects on lettuce nutritional status are
quite scarce, especially for Northeast region of Brazil. The objective of this study was to
evaluate P, K, Ca and Mg levels on lettuce (cv. Elba) leaves in response to organic and
nitrogen fertilization in the Agreste region of Paraíba State, Brazil. The experiment was carried
out in a randomized complete block design with 5 levels of cattle manure (30, 60, 90, 120 and
150 t ha-1), 5 levels of nitrogen (30, 60, 90, 120 and 150 kg ha-1) with no interaction between
nutrient sources, and one unfertilized control, in 4 repetitions. Lettuce plants were harvested
30 days after transplanting, when P, K, Ca and Mg levels were analyzed on lettuce leaves.
Both fertilizer sources were efficient in lettuce nutritional equilibrium of P and Mg. No
significant effects of nitrogen and organic fertilizations on Ca contents were observed,
although these values were considered appropriate. Plant K contents in N-fertilized plants, as
opposed to organic fertilization, resulted in K concentrations lower than the recommended
value, suggesting a nutritional unbalanced status.
Keywords: Lactuca sativa L., urea, cattle manure, mineral nutrition.
INTRODUÇÃO
Uma boa produção está relacionada, dentre outros fatores, com a qualidade do produto final,
e não unicamente com sua aparência externa. Os níveis de fornecimento de nutrientes às
culturas podem influenciar em sua composição e, conseqüentemente, na qualidade do
produto. Dessa forma, a prática da adubação constitui em um fator de grande importância,
principalmente para as culturas de ciclo curto, como é o caso da alface (Lactuca sativa L.).
Entretanto, trabalhos referentes à adubação para essa cultura ainda são relativamente
escassos para as condições do nordeste brasileiro, principalmente no que diz respeito ao seu
estado nutricional. Assim, o presente trabalho teve como objetivo avaliar os teores de P, K,
Ca e Mg na folha da alface em função da adubação orgânica e nitrogenada.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido numa área particular, localizada município de Esperança-PB,
em um NEOSSOLO REGOLÍTICO textura arenosa com as seguintes características
químicas: K = 94,38 mg dm-3; P = 27,35 mg dm-3; Ca = 1,75 cmolc dm-3; Mg = 0,7 cmolc dm-3;
Al = 0,0 cmolc dm-3; H + Al = 0,83 cmolc dm-3; Na= 0,05 cmolc dm-3; pH em H20 = 5,92 e
matéria orgânica = 8,11 g kg-1. O delineamento empregado foi o de blocos ao acaso, com 5
doses de esterco bovino (30, 60, 90, 120 e 150 t ha-1), 5 doses de nitrogênio (30, 60, 90, 120
e 150 kg ha-1) e mais uma testemunha adicional sem adubação, não existindo interação entre
as doses de nitrogênio e esterco, em 4 repetições.
A cultivar utilizada foi a Elba, sendo as mudas produzidas em sementeira convencional. Após
atingirem de 4 a 5 folhas definitivas, as mesmas foram transplantadas para os canteiros
definitivos. O esterco foi aplicado em fundação sete dias antes do transplantio, enquanto que
o N foi aplicado de forma parcelada em 3 vezes aos 10 dias, 20 e 25 dias após o transplante,
empregando-se como fonte à uréia. Nos tratamentos que receberam a adubação
nitrogenada, os demais nutrientes (P, K e B) foram aplicados conforme sugestões das
tabelas de recomendações do Estado do Ceará (UFC, 1993), sendo aplicado todo o fósforo
dois dias antes do transplantio das mudas e o potássio parcelado juntamente como
nitrogênio. Realizaram-se os tratos culturais usuais para a cultura. A colheita da alface foi
realizada aos 30 dias após o transplante. Avaliaram-se os teores de fósforo, potássio, cálcio e
magnésio nas folhas da alface (Tedesco et al., 1995).
Os resultados obtidos foram submetidos à análise variância, com desdobramento do
efeito das doses em regressão, considerando-se até 5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os teores de fósforo apresentaram um aumento linear em função das doses de N e de
esterco, sendo encontrados teores de 10,65 e 12,01 g kg-1 de matéria seca nas doses
máximas de N e de esterco, respectivamente. Esses resultados correspondem a valores de
1,39 e 1,57 vezes ao obtido para à testemunha, em função da adubação nitrogenada e
orgânica, respectivamente.
Com relação aos teores de potássio nas folhas, não foi constatado efeito significativo para a
elevação das doses de N, verificando-se um teor médio de 31,70 g kg-1 de matéria seca.
Esse teor se apresenta levemente superior ao observado para a testemunha,
correspondendo a um resultado de 1,16 vezes ao apresentado pela mesma. No que diz
respeito adubação orgânica, constatou-se um incremento linear nos teores de potássio nas
folhas em função do incremento das doses de esterco, resultando na dose máxima um teor
de 63,51 g kg-1 de matéria seca, o que representa em um aumento de 0,95 vezes, quando
comparado com o observado para a testemunha.
Não foram observados efeitos significativos das adubações nitrogenada e orgânica sobre os
teores de cálcio nas folhas da alface, sendo verificados teores médios na matéria seca folhas
de 24,39 e 22,10 g kg-1, em função das doses de N e de esterco, respectivamente. Tomandose como base o teor de Ca observado para a testemunha, os resultados obtidos demonstram
que ambas as adubações estudadas praticamente não contribuíram para a nutrição da alface
em relação ao cálcio.
Com relação aos teores foliares de magnésio esse apresentou um incremento linear em
função das doses de N, sendo obtido na dose máxima de N um teor de 5,02 g kg-1 de matéria
seca. Quanto à adubação orgânica, constatou-se uma resposta quadrática no teor de
magnésio na matéria seca da folhas, com o máximo teor de magnésio (4,65 g kg-1 de matéria
seca) sido obtido na dose de 103,25 t ha-1 de esterco. Constata-se que esses resultados
correspondem, para a adubação nitrogenada e orgânica e nitrogenada, o que resultou em um
teor de 1,70 e 1,58 vezes ao obtido pela testemunha (Figura 1).
Com base nos teores foliares de nutrientes considerados como normais para plantas de
alface bem nutridas (4 a 7, 50 a 80, 15 a 25 e 4 a 6 g kg-1 de matéria seca para o P, K, Ca e
Mg, respectivamente) (Boarretto et al., 1999), verifica-se que ambas as adubações estudadas
se demonstraram eficientes no balanço nutricional do P e Mg para a alface. Para o Ca,
embora as adubações estudadas não tenham contribuído significativamente para elevar a
absorção deste elemento, verifica-se que os teores de cálcio nas folhas da alface estiveram
dentro da faixa normal, fato que demonstra que a fertilidade natural do solo foi suficiente para
atender integralmente as necessidades da alface por este elemento. Quanto aos teores
foliares de K, diferentemente do observado para a adubação orgânica, constatou-se que a
adubação nitrogenada resultou em teores abaixo da faixa considerada como adequada para
plantas de alface bem nutridas, sugerindo um estado de desequilíbrio nutricional.
LITERATURA CITADA
BOARETTO, A. E.; CHITOLINA, J. C.; RAIJ, B. V.; SILVA, F. C. da; TEDESCO, M. J.;
CARMO, C. A. F. S. do. Amostragem, acondicionamento e preparação das amostras de
plantas para análise química. In: SILVA, F. C. da (Org.). Manual de análise química de solos,
plantas e fertilizantes. Brasília: Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia,
1999. p. 49-73.
TEDESCO, M. J.; GIANELO, C.; BISSANI, C. A.; BOHNEM, H.; VOLKWEISS, S. J. Análise
de solo, planta e outros materiais. 2. ed. rev. e ampl. Porto Alegre: Departamento de Solos,
UFRGS, 1995. 174p. il. (Boletim Técnico, 5).
18
80
Ŷ = 8,1550 + 0,0257**x
R2 = 0,96
8
Ŷ = 7,2245 + 0,0228**x
R2 = 0,9929
Ca, g kg -1
4
K, g kg -1
60
40
20
0
0
32
6
24
4,5
16
Ŷ = Ῡ = 24,39
8
Ŷ = Ῡ = 22,10
Mg, g kg-1
P, g kg -1
12
Ŷ = 41,5240 + 0,1466**x
R2 = 0,9911
Ŷ = Ῡ = 31,70
3
Ŷ = 2,5130 + 0,0413*x - 0,0002*x2
R2 = 0,9043
1,5
Ŷ = 3,2630 + 0,0117**x
R2 = 0,9408
0
0
TEST
30
60
90
120
150 N, kg ha-1
30
60
90
120
150 Est., t ha-1
Doses
TEST
30
60
90
120
150 N, kg ha-1
30
60
90
120
150 Est., t ha-1
Doses
Figura 1. Teores de fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca) e magnésio (Mg) na matéria seca
das folhas da alface em função da adubação nitrogenada (rrrrr) e orgânica (rrrrr).
* e **: Significativo a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente, pelo teste t. AreiaPB, CCA/UFPB, 2006.
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