Influência da adubação nitrogenada na produção da alface Fabrícia Pereira Lima(1), Maria Helena Tabim Mascarenhas(2), Francisco Morel Freire(2), Poliane Álvares Batista(3), Luciano Donizete Gonçalves(2), Maria Celuta Machado Viana(2), José Francisco Rabelo Lara(2) (1) (2) Bolsista PIBIC FAPEMIG/EPAMIG, [email protected]; Pesquisadores EPAMIG-Prudente de Morais, [email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected]; (3) Bolsista BIC FAPEMIG/EPAMIG-Prudente de Morais, [email protected] Introdução A alface é a hortaliça folhosa mais consumida no Brasil. A CeasaMinasUnidade Grande Belo Horizonte comercializou, no ano de 2007, cerca de 900 toneladas dessa olerícola, gerando aproximadamente 1,6 milhão de reais e contribuindo para o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) de diversos municípios mineiros (CEASAMINAS, 2008). A região Central mineira é responsável por 48,7% do volume total dessa hortaliça, destinado à Central de Abastecimento. Sua cultura exige grande fertilidade do solo, sendo necessário adubações e tratos constantes. A adubação nitrogenada de cobertura tem-se mostrado eficiente no desenvolvimento das plantas, pois é sabido que a ausência de nitrogênio no solo limita a produção, retarda seu desenvolvimento e o solo pode ter seu suprimento de nitrogênio esgotado ou seriamente comprometido, gerando consequências negativas na produção, como plantas que produzem cabeças raquíticas e malformadas. Na região Central de Minas Gerais, mais expressivamente nas feições que definem o carste Grupo Bambuí, que integra o Cráton do São Francisco, o relevo geológico é caracterizado pela presença de rochas solúveis desenvolvidas em calcarenitos puros da formação Sete Lagoas (ALKMIM et al., 1993; CAMPOS, 1994). A dissolução química dessas rochas faz com que o solo da região seja caracteristicamente muito poroso, facilitando a absorção de nutrientes, sua perda por infiltração e também a contaminação das águas do 2 subsolo. Dessa forma, a pesquisa de manejo e as dosagens adequadas de adubação nitrogenada são de grande importância para o desenvolvimento sustentável da agricultura regional. Material e Métodos O experimento foi instalado na Fazenda Experimental de Santa Rita (FESR) da EPAMIG, localizada no município de Prudente de Morais, MG, em solo classificado como Latossolo Vermelho-Amarelo, textura argilosa. A cultivar de alface utilizada foi a ‘Regina de Verão’. As mudas foram produzidas em substrato e transplantadas quando atingiram em média 5 cm. O delineamento estatístico adotado foi o de blocos ao acaso, com cinco tratamentos e quatro repetições. Cada parcela continha quatro linhas de plantas, com 6 m de comprimento e 1,20 m de largura e espaçamento entre plantas e linhas de 0,30 m. Como área útil da parcela, consideraram-se as duas linhas centrais, desprezando-se duas plantas em cada extremidade, perfazendo um total de 32 plantas úteis. Usando uréia como fonte de adubação nitrogenada, foram testadas cinco dosagens de N (0, 280, 560, 840 e 1.120 kg/ha) divididas em três aplicações: 25% antes do transplantio das mudas, 25% aos 15 dias após o transplantio das mudas (DAT) e 50 % aos 30 DAT. Foi realizada adubação de plantio de acordo com as recomendações para a cultura da alface (FONTES, 1999). Por ocasião da colheita, quando as plantas apresentaram-se completamente desenvolvidas, foram avaliados a produtividade total (PT), o peso médio da planta (PMP), o peso médio das folhas (PMF) maiores que 3 cm, o número de folhas por planta (NFP) e o diâmetro da cabeça (DC). Os dados foram submetidos às análises de variância e de regressão. Pelas equações ajustadas, obtiveram-se as doses de máxima eficiência técnica, que levaram em conta somente a capacidade produtiva da planta, sendo calculadas igualando-se a primeira derivada das equações a zero. Resultados e Discussão Os resultados obtidos evidenciaram efeitos significativos da adubação nitrogenada para produtividade total (PT), peso médio da planta (PMP), peso 3 médio das folhas maiores de 3 cm (PMF) e diâmetro da cabeça (DC). Comparado aos valores estimados encontrados na testemunha sem aplicação de nitrogênio para PT e PMP, a dose de 451 kg/ha de N elevou essas características em, respectivamente, 113,85% e 114,1%, (Tabela 1). Todavia, os resultados obtidos com relação ao DC da alface, não coincidem com os encontrados por Albuquerque Neto et al. (2008), que em trabalho, onde se aplicou N, nas doses que variaram entre 100 e 250 kg/ha, verificaram uma resposta linear à sua aplicação. A diferença de resposta pode ser atribuída ao fato de terem sido avaliadas neste estudo doses bem mais elevadas de até 1.120 kg/ha de N. Não foi observado efeito significativo da adubação nitrogenada sobre o número de folhas, sendo essa característica provavelmente associada a fatores genéticos e, portanto, não influenciada pelos tratamentos ou por fatores ambientais, confirmando resultados anteriormente reportados (ALBUQUERQUE NETO et al., 2008; SANTOS et al., 2008). Conclusão Os resultados demonstram que a uréia como fonte de adubação nitrogenada obteve resultado mais eficiente com a dosagem de 451 kg/ha, demonstrando que a adubação nitrogenada de cobertura pode ser adotada por produtores dessa olerícola, visando melhores resultados. Referências ALBUQUERQUE NETO, E.C.; SILVA, E.C. da; MACIEL, G.M. Avaliação de linhagens experimentais de alface quanto a doses de nitrogênio. Disponível em: <http:www.unifenas.br/neol/pdfs/eupidio44cbo.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2008. ALKMIM, F.F.; NEVES, B.B.B.; ALVES, J.A.C. Arcabouço tectônico do Cráton do São Francisco - uma revisão. In: DOMINGUEZ, J.M.L.; MISI, A. (Ed.). O Cráton do São Francisco. Salvador: SBG: SGM: CNPq, 1993. p.45-62. 4 CAMPOS, A.B. Relações entre as características faciológicas e estruturais das unidades do Grupo Bambuí e a morfologia cárstica na região de Lagoa Santa Pedro Leopoldo (Minas Gerais). Belo Horizonte: UFMG: FAPEMIG, 1994. 21p. Relatório final de pesquisa - aperfeiçoamento. CEASAMINAS. Informações de mercado. Belo Horizonte, 2008. Alface. Disponível em: <http://www.ceasaminas.com.br/informacoes_mercado.asp>. Acesso em: 18 mar. 2008. FONTES P.C.R. Sugestões de adubação para hortaliças. In: RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ V., V.H. (Ed.). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais: 5a aproximação. Viçosa, MG: Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais, 1999. p.171-174. SANTOS, F.N. dos; RODRIGUES, A.S.; ARAÚJO, J.R.G.; MARTINS, M.R.; ARAÚJO, A.M.S. de; MOURA, M. da C.C.L. Fontes e parcelamento de nitrogênio na produtividade de alface. Disponível em: <http://www.abhorticultura.com.br/ biblioteca/arquivos/Download/Biblioteca/44_704.pdf>. Acesso em: 11 abr. 2008. 5 Tabela 1 - Valores médios da produtividade total, peso médio das plantas, peso médio das folhas, número de folhas e diâmetro da cabeça de alface em reposta a doses de N e equação que relaciona estas variáveis – EPAMIG-FESR, Prudente de Morais, 2008 Doses de N (kg/ha) 0 280 560 840 1.120 50,98 43,58 Produtividade total (t/ha) 24,91 Equação: 52,85 51,45 Ŷ = 24,97 + 2,6814** N1/2 – 0,063164** N R2 = 0,991 Peso médio da planta (g/planta) 224,20 Equação: 475,65 463,10 Ŷ = 224,7 + 24,127** N1/2 – 0,5683** N 458,80 392,20 R2 = 0,991 Peso médio das folhas maiores de 3 cm (g/planta) 244,00 Equação: 374,50 363,50 Ŷ = 252,1 + 0,4347* N – 0,0003248* N2 402,00 329,50 R2 = 0,875 Número de folhas/planta 48,30 Equação: 57,10 54,70 59,75 54,55 38,80 39,43 Ŷ = Y = 54,88 Diâmetro da cabeça (cm) 28,0 Equação: 38,50 39,73 Ŷ = 29,3 + 0,03006* N – 0,0000196° N2 R2 = 0,881 **;* e ° = significativo a 1%, 5% e 10% de probabilidade, respectivamente, pelo teste t.