resposta de duas cultivares de alface a diferentes doses de calcário

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RESPOSTA DE DUAS CULTIVARES DE ALFACE A DIFERENTES
DOSES DE CALCÁRIO
BACKES, C.1; LUDWIG, F.2; DAMATTO JUNIOR, E.2; CASA, J.2; VILLAS BÔAS, R.L.3
1
Doutoranda em Horticultura, Fac.Ciê.Agronômicas, UNESP, C.P. 237, CEP 18603-970, Botucatu
SP, [email protected], autor para correspondência; 2 Doutoranda em Horticultura,
Fac.Ciê.Agronômicas, UNESP; 3 Professor Dr., Departamento de Recursos Naturais/ Ciência do Solo,
Fac.Ciê.Agronômicas, UNESP.
RESUMO: O trabalho teve por objetivo avaliar a resposta de duas cultivares de alface a diferentes
doses de calcário. O experimento foi conduzido em vaso em ambiente protegido, na Faculdade de
Ciências Agronômicas UNESP, Campus de Botucatu, SP. O delineamento experimental adotado foi
inteiramente casualizado, com cinco repetições, seguindo esquema fatorial 2 x 4, duas cultivares de
alface (Verônica e Elisa) e quatro doses de calcário (1,85, 3,17, 4,49 e 5,81 t ha-1). Aos 47 dias após o
transplante, realizaram-se as medidas de Intensidade de Coloração Verde das folhas (ICV), número de
folhas e comprimento de caule, fitomassa fresca e seca da parte aérea. Foram realizadas análises
químicas das plantas e do solo. Não houve influência na produção de fitomassa fresca e seca da parte
aérea, comprimento de caule, número de folhas em uma variação do V% de 50 a 73% para as duas
cultivares estudadas. A cultivar Elisa apresentou maior número de folhas, ICV e maior absorção de N,
K, Mg, Cu, Mn e Zn quando comparada a cultivar Verônica. As doses de calcário utilizadas afetaram
os teores de nutrientes no solo e na absorção destes pela planta.
PALAVRAS-CHAVE: Lactuca sativa, saturação por bases, calagem.
ABSTRACT: The work had for objective to evaluate the answer of two lettuce cultivars to different
limestone doses. The experiment was conducted in vase in a protected atmosphere, in “Faculdade de
Ciências Agronômicas UNESP”, Campus of Botucatu, SP. The totally randomized experimental
design was adopted, with five repetitions, following factorial scheme 2 x 4, two cultivars of lettuce
(Veronica and Elisa) and four limestone doses (1.85, 3.17, 4.49 and 5.81 t ha-1). To the 47 days after
the transplant, measures of intensity green coloration of the leaves (ICV), number of leaves and stem
length, fresh fitomass and dry of the aerial part. Chemical analyses of the plants and soil were
accomplished. There was no influence on of fresh fitomass and dry of the aerial part, stem length,
number of leaves in a variation 50% to 73% in the V%, for the two cultivars studied. Elisa cultivar
presented larger number of leaves, larger ICV and N, K, Mg, Cu, Mn and ZN absorption when
compared to Crespa cultivar. The doses of limestone used affected the tenors of nutrients in the soil
and in the absorption of these for the plants.
KEY WORDS: Lactuca sativa, base saturation, lime.
INTRODUÇÃO
A alface (Lactuca sativa L.), devido a sua importância alimentar como fonte de vitaminas e
sais minerais, destaca-se entre as hortaliças folhosas mais consumidas em todo o mundo. No Brasil
encontra-se entre as principais, tanto do ponto de vista de volume como de valor comercializado
(PORTO et al., 1999).
5
Em função do melhoramento genético realizado de forma intensa na cultura da alface,
atualmente é possível cultivá-la em quase todo o território brasileiro, seja no outono-inverno, ou
primavera-verão. Apesar de ser cultivada o ano todo e em diferentes regiões do país, pouco se
pesquisou sobre nutrição e adubação da cultura, principalmente no que se refere à calagem
(KATAYAMA, 1993).
A acidificação do solo devido à lixiviação de bases trocáveis e a ação de alguns fertilizantes
minerais, principalmente amoniacais, têm contribuído para a queda na produtividade e qualidade das
culturas, o que pode ser solucionado com o uso de corretivos de solo. A alface é uma cultura exigente
em termos de correção da acidez do solo (TRANI et al., 1996), sendo também considerada uma
hortaliça exigente em cálcio e magnésio (IFA, 1992). O calcário além de corretivo da acidez do solo é
também considerado uma fonte eficiente de cálcio e magnésio para as plantas (TRANI et al., 2006).
Prado et al. (2002) avaliando a escória de siderurgia e calcários como corretivos da acidez do
solo no cultivo da alface verificaram que houve resposta positiva da cultura, relacionando esses efeitos
positivos à neutralização da acidez do solo e ao fornecimento de nutrientes como Ca e Mg. Paterson
(1979) ao avaliar a influência do calcário e fertilizante sobre a produção de cabeças de alface verificou
ser a calagem o fator de maior influência no aumento de produção e no retorno econômico da cultura,
quando comparado com os outros tratamentos que constituíram na omissão da aplicação de cada
macronutriente N, P e K. As respostas positivas na cultura da alface quanto à calagem evidenciam a
suscetibilidade da espécie à acidez do solo e, portanto há a necessidade de adoção desta prática para
aumentar sua produtividade (HEMPHILL e JACKSON, 1982).
Com as novas cultivares de alfaces colocadas à disposição dos produtores, torna-se importante
à busca de informações sobre o comportamento das mesmas em relação à calagem. Assim, este
trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho de duas cultivares de alface em resposta a
diferentes doses de calcário.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em casa de vegetação, em área experimental do Departamento
de Recursos Naturais/Ciência do Solo, localizado na Fazenda Experimental Lageado, no município de
Botucatu-SP, no período de março a maio de 2005. A unidade experimental foi composta por um vaso
com capacidade de 3 kg de terra, apresentando as seguintes características químicas: pH (CaCl2): 4,1;
P (resina): 2 mg dm-3; H+Al: 64 mmolc dm-3; K: 0,3 mmolc dm-3; Ca: 1 mmolc dm-3; Mg: 0 mmolc dm3
; SB: 1,3 mmolc dm-3; CTC: 65,3 mmolc dm-3; V(%): 2; B: 0,26 mg dm-3; Cu: 1 mg dm-3; Fe: 59 mg
dm-3; Mn: 0,3 mg dm-3; Zn: 0,1 mg dm-3.
6
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, seguindo o esquema
fatorial 2 X 4, duas cultivares de alface (Elisa e Verônica) e quatro doses de calcário dolomítico
calcinado com PRNT de 99% (1,85, 3,17, 4,49 e 5,81 t ha-1), visando atingir as seguintes saturações
por base: 30, 50, 70 e 90%, com 5 repetições.
A aplicação do corretivo em todo o volume do solo foi realizada aos 21 dias antes do
transplante das mudas de alface. Todos os tratamentos receberam adubação de base com 1 g de KCl,
2 g de MAP + 50 g de composto orgânico por vaso.
As mudas foram transplantadas para os vasos quando apresentavam cinco folhas definitivas
colocando-se uma muda em cada vaso após os 21 dias de incubação. Em cobertura foi aplicado 1,5 g
de N (nitrato de amônio), parcelado em duas vezes, aos 10 e 18 dias após o transplante em todos os
tratamentos. A umidade dos vasos foi mantida a 70% da capacidade de campo, através de irrigação
periódica. Cada unidade experimental teve o conjunto vaso+solo pesado para reposição diária da água
evaporada e absorvida pelas plantas.
Aos 47 dias após o transplante, realizou-se as medidas de Intensidade de Coloração Verde das
folhas (ICV) com a utilização do medidor portátil Chlorophyll Meter, modelo SPAD-502, diâmetro
das plantas com auxílio de um paquímetro digital, número de folhas e comprimento de caule com uma
régua graduada. A parte aérea foi colhida para obtenção de fitomassa fresca, e colocada em estufa com
ventilação forçada a 65oC, por 72 horas, para obtenção de fitomassa seca. Em seguida foram realizadas
análises químicas das folhas, segundo Malavolta et al. (1997). Os teores de Ca, Mg, Mn, Zn e Cu
foram determinados por espectrofotometria de absorção atômica. Em amostras de terra coletadas dos
vasos foram determinados os valores do pH, as concentrações de H+Al, Ca e Mg e calculadas a CTC e
a saturação por bases, conforme Raij et al. (2001). Os dados foram submetidos à análise estatística
através do teste de médias entre os tratamentos e as testemunhas, com a aplicação do teste Tukey a 1%
e 5%, e teste de regressão para os fatores quantitativos, através do programa Sisvar, versão 4.2
(FERREIRA, 2003).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Das propriedades químicas do solo cultivado com alface, verificou-se que ocorreram aumentos
significativos nas concentrações de Ca e Mg no solo e nos valores de pH, CTC e V%, com a aplicação
das doses de calcário (Tabela 1). As concentrações de Ca e Mg variaram de 43 a 65 mmolc dm-3 para o
Ca e de 14,9 a 22,8 mmolc dm-3 para o Mg, concordando com Trani et al. (2006) e Prado et al. (2002),
os quais consideram o calcário uma eficiente fonte de Ca e Mg.
7
Os valores de pH apresentaram relação linear crescente com as doses de calcário estudadas,
conseqüentemente a CTC e o V% também aumentaram. Prado et al. (2002) obtiveram resultados
semelhantes ao utilizar a escória de siderurgia e calcários como corretivos do solo. Observando os
valores de V% atingidos com as doses de calcário aplicadas, verifica-se que não se obteve o aumento
desejado, podendo esse fato ser atribuído à matéria orgânica aplicada no solo antes do transplante das
mudas. Essa matéria orgânica utilizada pode ter funcionado como um tamponante do solo, fazendo
com que não houvesse a elevação de saturação por bases esperada, a qual variou de 50 a 74%. Oliveira
et al. (2000) também verificaram que em Latossolo Vermelho, com alto teor de matéria orgânica, a
saturação por bases (V%) não apresentou grandes alterações, variando de 67 para 83% na presença de
maior dose de calcário (2 t ha-1). Segundo Raij e Quaggio (1997) já é fato constatado que os valores
atingidos de saturação por bases, em geral, são bem menores do que as metas de calagem.
Tabela 1. Valores de pH, teores de P, K, Ca e Mg extraídos, CTC, saturação por bases (%) do solo após
a colheita da alface, em função de diferentes doses de calcário. Botucatu, 2005.
Análise química do solo cultivado com alface
Fonte de variação
pH
P
K
Ca
Mg
CTC
V
-------------------Quadrado médio (significância)--------------Cultivar (C)
0,2ns
16000,0ns
4,2ns
774,4ns
0,10ns
216,2ns 189,2ns
Calagem (C)
0,9**
602,4ns
3,4*
1041,4** 113,36**
196,8**
769,2**
CXC
0,02ns
481,3ns
1,5ns
32,9ns
7,23ns
36,8ns
21,9ns
Repetição
0,004ns
342,8ns
0,1ns
10,7ns
4,58ns
18,7ns
2,8ns
Erro
0,008
3780,6
1,10
34,93
2,81
42,57
9,49
Média
5,1
189,2
2,9
53
18,3
118
63
CV%
1,84
32,50
36,56
11,06
9,15
5,51
4,9
Doses de calcário
--t ha-1-CaCl2
-mg dm-3-------------mmolc dm-3-----------%
1,85
4,7
200
3,6
43
14,9
116
53
3,17
5,0
185
3,2
46
16,9
114
58
4,49
5,2
189
2,3
59
18,8
120
67
5,81
5,5
183
2,5
65
22,8
124
73
Regressão
L**
ns
L*
L**
L**
L**
L**
** - significativo a 1%; * - significativo a 5%; ns - não significativo; L – equação linear.
Para a produção de fitomassa fresca e seca da parte aérea da alface não houve diferença entre
as cultivares testadas e estas não foram influenciadas pelas doses de calcário aplicadas, ocorrendo
apenas pequeno aumento absoluto de 163,40 a 176,00 g na fitomassa fresca e de 10,70 a 11,60 g na
fitomassa seca com o aumento das doses de calcário aplicadas (Tabela 2). Nicoulaud et al. (1990)
também não obtiveram diferença no rendimento de fitomassa seca da alface pela adição de doses
crescentes de calcário até 3 t ha-1. Por outro lado Mantovani et al. (2003) observaram que a calagem
teve efeito quadrático na produção de fitomassa seca da parte aérea das plantas de alface, obtendo a
8
maior produção ao se efetuar calagem para elevar o V% a até cerca de 65%. Prado et al. (2002)
observaram aumento significativo na produção da fitomassa seca com o aumento das doses dos
corretivos utilizados, estimando-se que para atingir 90% da produção de fitomassa seca, seria
necessário V% de 72.
Tabela 2. Fitomassa fresca e seca da parte aérea, comprimento do caule, número de folhas e índice de
cor verde da alface em função de diferentes doses de calcário. Botucatu, 2005.
Fitomassa
Comprimento
Número Índice de
Fonte de variação
Fitomassa fresca
seca
do caule
de folhas cor verde
-----------Quadrado médio (significância)---------Cultivar (C)
1050,62 ns
0,02 ns
0,03 ns
4665,60** 608,40**
Calagem (C)
308,62 ns
2,02 ns
1,89 ns
0,47 ns
9,33*
CXC
167,29 ns
0,69 ns
0,43 ns
3,00 ns
8,27 ns
Repetição
237,54 ns
0,58 ns
0,04 ns
3,46 ns
3,28 ns
Erro
1255,51
2,44
0,52
4,91
4,57
Média
171,32
10,97
3,42
27
25,3
CV%
20,68
14,25
21,12
8,18
8,45
Cultivares
-----------g-------------cm---Spad
Verônica
166,20 a1
11,00 a
3,40 a
16 b
21,4 b
Elisa
176,45 a
10,95 a
3,45 a
38 a
29,2 a
Doses de calcário
---t ha-1-------------g-------------cm----Spad
1,85
163,40
10,70
3,50
27
26,7
3,17
174,10
10,60
4,00
27
24,9
4,49
171,80
11,60
3,00
27
25,1
5,81
176,00
11,00
3,20
27
24,5
Regressão
ns
Ns
ns
ns
L*
** - significativo a 1%; * - significativo a 5%; ns - não significativo; letras diferentes na coluna diferem entre si
pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade; L – equação linear.
O fato de não ter ocorrido diferença entre as doses de calcário aplicadas para a produção de
fitomassa fresca e seca da parte aérea da alface pode ser justificada pela pequena variação ocorrida na
saturação por bases, que variou de 50 a 74% (Tabela 1), na qual esperava-se atingir valores de 30, 50,
70 e 90% com as doses de 1,85; 3,17; 4,49 e 5,81 t ha-1 de calcário aplicadas.Esses valores não foram
alcançados possivelmente pela adubação orgânica (50 g de composto por vaso) que funcionou como
tamponante do solo (STARR et al., 1996).
Para o diâmetro de planta e número de folhas, houve diferença apenas entre as cultivares, onde
Elisa apresentou maior diâmetro e maior número de folhas quando comparada com a Verônica. Estas
diferenças podem ser atribuídas à variabilidade genética das cultivares utilizadas. Segundo Lima et al.
(2004) diferentes materiais genéticos respondem de maneira distinta aos fatores ambientais e às
9
práticas agrícolas utilizadas. O comprimento do caule não foi influenciado pelas doses de calcário
utilizadas, sendo o valor médio encontrado de 3,42cm.
Para Intensidade de Coloração Verde das folhas, verificou-se resposta das cultivares e das
doses de calcário, não havendo interação entre estes dois fatores (Tabela 2). A cultivar Elisa
apresentou maior índice (29,2) quando comparada com a Verônica (21,4), sendo esta diferença
atribuída às características genéticas de cada cultivar. Quanto às doses de calcário, houve efeito linear
decrescente, com a Intensidade de Coloração Verde (ICV) diminuindo com o aumento das doses.
Avaliando-se os teores foliares na planta, verifica-se que a cultivar Elisa mostrou ser mais
eficiente na absorção de N, K, Mg, Cu, Mn e Zn, apresentando maiores teores quando comparada a
cultivar Verônica (Tabela 3 e 4).
Tabela 3. Teores de N, P, K, Ca, Mg e S no tecido vegetal da alface, em função de diferentes doses de
calcário. Botucatu, 2005.
Teor de macronutrientes foliares
Fonte de variação
N
P
K
Ca
Mg
S
---------------Quadrado médio (significância)----------Cultivar (C)
112,22**
0,42 ns
286,22**
3,60 ns
3,54*
9,80**
**
*
**
**
Calagem (C)
68,89
0,56
198,95
27,57
0,71 ns
5,44**
CXC
7,09 ns
0,06 ns
49,26 ns
2,80 ns
0,82 ns
0,67 ns
Repetição
1,96 ns
0,29 ns
9,10 ns
3,90 ns
0,82 ns
0,45 ns
Erro
4,53
0,17
19,94
1,95
0,65
0,17
Média
44
3,9
67
8
6,0
4,0
CV%
4,84
10,82
6,13
17,17
13,50
10,32
Cultivares
---------------------g kg-1-------------------------Verônica
42 b
3,7 a
65 b
8a
5,7 b
4,5 a
Lisa
46 a
3,9 a
70 a
8a
6,3 a
3,5 b
Doses de calcário
---t ha-1--------------------------g kg-1----------------------------1,85
47
3,9
62
7
6,2
4,9
3,17
45
4,2
65
7
5,9
4,2
4,49
43
3,8
69
8
5,7
3,5
5,81
41
3,6
72
10
6,3
3,3
Regressão
L**
L*
L**
L**
ns
L** Q**
** - significativo a 1%; * - significativo a 5%; ns - não significativo; letras diferentes na coluna diferem entre si
pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade; L – equação linear; Q – equação quadrática.
10
Como aconteceu com a ICV, houve redução nos teores de N com o aumento das doses de
calcário aplicadas (Tabela 3). Esta diminuição tanto da ICV como do teor de N pode ser atribuída ao
efeito diluição, visto que foi verificado pequeno aumento absoluto na fitomassa da planta.
Houve diminuição nos teores de P na planta à medida que se aumentavam as doses de calcário.
Esse decréscimo pode ser justificado pelo aumento dos teores de Ca no solo, o qual foi adicionado
com o calcário, podendo este elemento ter se ligado ao P indisponibilizando-o para as plantas (RAIJ,
1991).
Os teores de Ca aumentaram na parte aérea das plantas com o aumento das doses de calcário,
mostrando relação com os teores desses nutrientes encontrados no solo. Para o magnésio, mesmo
tendo aumentado os teores no solo com o aumento das doses de calcário (Tabela 1) não houve
diferença entre os tratamentos para a concentração deste nutriente na parte aérea da planta. (Tabela 3).
Além de aumentar o pH e diminuir a acidez potencial do solo, os corretivos são fonte de Ca e Mg, de
forma que elevaram suas concentrações no solo (Tabela 1) com reflexos nos teores dos referidos
nutrientes na parte aérea da planta. Prado et al. (2002) verificaram que houve aumento da concentração
de Ca e Mg na parte aérea das plantas ao estudar a aplicação de calcários e escória de siderurgia na
produção de alface.
Os teores de enxofre mostraram a mesma tendência do nitrogênio e fósforo, diminuindo a
absorção com o aumento das doses.
Os teores foliares de boro, manganês e zinco diminuíram à medida que se aumentaram as
doses de calcário (Tabela 4). Esse efeito do corretivo na redução dos teores foliares de Mn e Zn já era
esperado, tendo em vista que o calcário aumentou o valor do pH, diminuindo dessa forma os teores
destes elementos trocáveis no solo. Dessa forma a concentração desses nutrientes em plantas
correlaciona-se negativamente com o aumento do pH do solo. Prado et al. (2002) também verificaram
redução nos teores foliares de alface nos três corretivos de acidez utilizados.
11
Tabela 4. Teores foliares de B, Cu, Fe, Mn e Zn em função de diferentes doses de calcário. Botucatu,
2005.
Teor de micronutrientes foliares
Fonte de variação
B
Cu
Fe
Mn
Zn
------------Quadrado médio (significância)------------Cultivar (C)
32,40 ns
25,60**
19536,40 ns
12075,62**
2449,22*
*
**
Calagem (C)
136,20
3,13 ns
23387,27 ns
15318,29
4222,22**
CXC
3,27 ns
6,07 ns
28494,60 ns
2042,62 ns
522,62 ns
Repetição
9,78 ns
1,34 ns
51829,60 ns
2264,85 ns
528,40 ns
Erro
44,08
1,75
11569,43
1038,10
378,12
Média
41,7
5,4
317,7
132,1
82,2
CV%
15,92
24,51
33,86
24,39
23,65
Cultivares
------------------------mg kg-1----------------------------Verônica
40,8 a
4,60 b
259,6 a
114,7 b
74,4 b
Elisa
42,6 a
6,20 a
339,8 a
149,5 a
90,0 a
Doses de calcário
----t ha-1-------------------------mg kg-1---------------------------1,85
46
5
383
188
111
3,17
44
5
323
121
81
4,49
39
5
271
123
63
5,81
39
6
293
96
73
Regressão
L**
ns
ns
L**
L** Q**
** - significativo a 1%; * - significativo a 5%; ns - não significativo; letras diferentes na coluna diferem entre si
pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade; L – equação linear; Q – equação quadrática.
De acordo com a média dos teores de nutrientes foliares nas plantas de alface (Tabela 3 e 4),
verifica-se que o N, P, Mg, B, Mn e Zn estão dentro de faixas adequadas, P, Ca e Cu estão abaixo e S
e Fe estão bem acima dos valores sugeridos por Trani et al. (1996). Segundo estes mesmos autores, os
valores adequados para a cultura de alface estão entre 30 – 50 g kg-1 para N, 50 – 80 g kg-1 para o K, 4
– 6 g kg-1 para o Mg, 4 – 7 g kg-1 para P, 45 – 25 g kg-1 para Ca, 15 – 25 g kg-1 para o S, 30 – 60 mg
kg-1 para B, 7 - 20 mg kg-1 para o Cu, 50 - 150 mg kg-1 para o Fe, 30 - 150 mg kg-1 para Mn e 30 –
100 mg kg-1 para o Zn. Embora os teores de Fe encontrados estejam bem acima do adequado, não se
observou nenhum efeito fitotóxico na planta por este elemento.
CONCLUSÕES
Não houve influência na produção de fitomassa fresca e seca da parte aérea, diâmetro de caule,
número de folhas em uma variação do V% de 50 a 73%.
12
A cultivar Elisa apresentou maior número de folhas, maior ICV e maior absorção de N, K,
Mg, Cu, Mn e Zn quando comparada a cultivar crespa.
As doses de calcário utilizadas afetaram os teores de nutrientes no solo e a absorção destes
pela planta.
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