• ATUALIZAÇÃO TERAPtUTICA • MANUAL PRATICO DE DIAGNÓSTICO Em crianças abaixo de dois anos com ITU recorrente indica-se UGE, além de uretrocistografia miccional (UCM). 5. Outros Exames: a) Cistoscopia. A cistoscopia também raramente demonstra lesão corrigível; e b) 19A Secretora. Recentemente tem sido demonstrado que mulheres com ITU recorrente têm 19A sccrctora (IgAs) reduzida em secreção nasal e também na urina (mas não em saliva), independentemente da presença ou não de bacteriúria, quando de sua determinação. Sugere-se que este seja defeito genérico de mucosas que talvez possa predispor à recorrência da ITU. Tratamento Vários agentes antimicrobianos podem ser usados para o tratamento de ITU. Entre os mais utilizados por "ia oral e para infecções não complicadas destacam-se a associação sulfametoxazol-trimetroprima (SMZ-TMP), as quinolonas, como nitrofurantoína, ácido nalidíxico, ácido pipernídico e as novas quinolonas, como norfloxacina, ciprofloxacina, crc. Entretanto, a sensibilidade a estes compostos também varia dependendo da população estudada, No ambulatório da Disciplina de Nefrologia da Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina, a maioria dos patógenos isolados tem se mostrado pouco sensível à associação SMZ- TMP, fazendo com que as quinolonas sejam mais indicadas para tratamento de infecções não complicadas e profilaxia. As novas quinolonas constituiriam droga de escolha, juntamente com as cefalosporinas, no caso de resistência às quinolonas. Todos os antibióticos bcta-lactârnicos, como penicilina G, arnpicilina, amoxicilina, cefalexina, cefaclor são ativos contra os coliforrnes, mas as cefalosporinas atingem níveis urinários mais elevados. Nas infecções mais graves, com comprometimento sistêrnico, as cefalosporinas de primeira a terceira geração e os aminoglicosídeos são drogas de escolha. O grupo das tetraciclinas (tetraciclina, oxitetraciclina, doxiciclina, minociclina) é especialmente efetivo no tratamento de infecções por Chlarnydia, sendo portanto indicados em síndrornes uretral e prostatite. As penicilinas resistentes à ação de germes produtores de pcnicilinase, como oxacilina, cloxacilina e dicloxacilina, reservam-se ao tratamento de infecções estafilocócicas. Infecções por anaeróbios podem ser tratadas com rnctronidazol ou clindarnicina. As cefalosporinas de segunda e terceira geração possuem espectro maior contra bactérias Grarnnegativas, exceto enterococos, e a atividade contra pseudomonas é variável. O grupo dos aminoglicosídeos também é bastante eficaz para germes Gram-negativos. No entanto, deve-se ter em mente o especial efeito nefrotóxico desses agentes. A robrarnicina é a menos nefrotóxica do grupo e a arnicacina fornece níveis urinários muito superiores aos da gentamicina. Deve-se ter em mente que a diluição urinária reduz a população bacteriana, mas também a concentração do antibiótico, sendo que a micção remove ambos. Portanto, a eficácia ótima ~~.~cl~Q::;"-~c corre no período pós-miccional, As concentrações urinárias dos antibióticos refletem as presentes na medula renal, sendo portanto melhores guias de eficácia do que as concentrações séricas, exceto quando há insuficiência renal. As concentrações renais das drogas, por sua vez, dependem do mecanismo de excreção renal, fluxo urinário, pH e função renal. Abscessos tendem a ter pH e p02 reduzidos e a penetração antimicrobiana em cistos também é precária. E TRATAMENTO • Recentemente, a duração ideal da terapia antibiótica em ITU tem sido reconsiderada. A utilização de dose única se justifica pela superficialidade da infecção na rnucosa em cistite bacteriana, concentração do antibiótico pelo rim, resultando em níveis urinários extremamente elevados, e pelo fato de quase 30% dos pacientes submetidos a lavagem vcsical com solução de neornicina a 10% terem sido efetivamente tratados. Além do mais, a observação clínica de que pacientes aos quais foram prescritas terapêuticas de sete a dez dias, mas que suspenderam por conta própria a medicação após dois ou trés dias efetivamente se curaram, reforça a idéia da dose única. Por outro lado, a desvantagem desse tipo de tratamento é o uso inadvertido em ITU alta não reconhecida, mascarando a progressão da infecção transitoriamente, com evolução potencial para pielonefrite. O uso de anticorpo antibactéria (ACB) nesses casos pode ser especialmente útil para determinar a melhor opção de tratamento. Mais recentemente, tratamentos curtos, por três dias, foram testados e comparados aos cursos clássicos de sete e da dias, com resultados superiores aos tratamentos do tipo dose única. Profilaxia As drogas mais utilizadas com fins profiláticos são nitrofurantoína, ácidos pipernídico e nalidíxico e sulfarnetoxazoltrimetoprima. De maneira geral, a profilaxia deve ser reservada a pacientes que tendem a ter mais do que duas infecções por ano, ou quando há fatores que mantêm a infecção, como cálculos. A dose sugerida é de um comprimido, por noite, ao deitar, ou então três vezes por semana. Quando a ITU estiver relacionada com a atividade sexual pode-se prescren:r um comprimido após cada relação durante três a seis meses. Insuficiência Gestante Renal Aguda na Alvaro Nagib Atallah I nsuficiência renal aguda (IRA) é definida como queda abrupta do ritmo da filtração glomerular. É relevante lembrar que as grávidas têm aumento de ritmo de filtração glomerular (RFG), em cerca de 50%, que já se inicia em torno do segundo mês de gestação, e que a crcatinina na gestação normal está entre 0,6 e 0,7 mg/dL. Elevações aparentemente pequenas na creatinina em gestantes correspondcrn a quedas substanciais na função renal. Por exemplo, grávida com 1,2 mgy'd l, de creatinina tem redução de aproximadamente 50% do ritmo de filtração glomerular. A insuficiência renal aguda associada à gravidez é mais freqüente no primeiro trimestre, geralmente associada a sangramento por aborto espontâneo ou abortamento séptico; no final da gravidez decorre principalmente de corr plicações como perda sanguínea por placenta prévia, deslocamento prematuro de placenta. Há também possibilidade de diminuição da superfície de filtração glomerular, como nos casos da pré-eclâmpsia e da eclârnpsia, com conseqüente queda do RFG. Nos países desenvolvidos, a incidência de insuficiência renal aguda é estimada em cerca de um caso para cada 10.000 ou 20.000 gestações A taxa de mortalidade associada a insuficiência renal aguda na gestação gira em torno dos 15 a 20% e convém lembrar que, com exceção 793 • NEFROLOGIA • da nccrose cortical renal bilateral, em geral as lesões renais são francamente reversíveis e de bom prognóstico. O prognóstico da necrose cortical renal bilateral vai depender do percentual de glomérulos lesados, mas normalmente há proteção dos néfrons mais profundos, os justaglornerulares, que podem hiperpcrtrofiar-sc, substituindo parcialmente a função dos néfrons corticais perdidos, de forma que o rim tem prognóstico reservado, mas a paciente pode ter vida praticamente normal, sem diálise por longo período. O problema da insuficiência renal aguda surge em mente sempre que o médico depara-se com paciente em oligúria. Cabe, então, se a redução do volume urinário acompanha-se de queda do ritmo de filtração glomerular e aumento da creatinina plasmática, o diagnóstico diferencial entre insuficiência renal pró-renal, renal ou pós-renal. As causas pré-rcnais têm como denominador comum a redução do fluxo plamático renal após 3. redução volêrnica por perda sanguínea, hiperêrnese gravídica, diarréias, hemorragias e em particular dcsitratação, insuficiência cardíaca e choque, (Quadro 1). Das causas de insuficiência renal aguda renal devem entrar no diagnóstico diferencial particularmente pré-cclâmpsia, cclârnpsia e síndrome Hcllp, que são apresentações da mesma doença no que concerne à hernodinârnica da paciente, ao fluxo plasmático renal e à anatomopatologia renal. Processo de endoteliose diminui a filtração glomerular, resultando em aumento da crcatinina , sobrecarga vcntricular esquerda, proteinúria e edema, que raramente requer tratamento dialítico. A glomenuloriefrire difusa aguda na gestação é de ocorrência rara, menos de uma em cada 20 mil gestações. As colagenoses podem agravar-se no final da gestação ou após abortamento com agudização do comprometimento renal. Como causa pós-renal, em obstetrícia, há de se excluir a ligadura do urcrer durante a ccsárca, possibilidade real a ser investigada; nesses casos geralmente há anúria. Quando a ligadura do urctcr é unilateral, o volume urinário se mantém e o quadro clínico se manifesta por complicações da hidronefrose , a exemplo da pionefrose. Ulrra-sonografia de rins e vias urinárias pode auxiliar o diagnóstico. Na gestação normal há dilatação urctcral , que se inicia em torno do segundo mês de gestação e que só desaparece dois a três meses após o parto, o que pode confundir médico menos experiente. Nos países subdesenvolvidos, o aborto séptico é ainda causa freqüente de quadros dramáticos, que acabam se complicando com insuficiência renal aguda. Em alguns países, como a Índia, 60% dos casos de insuficiência renal aguda são associados ao abortarnento séptico. O quadro clínico inclui febre, vômitos, diarréias e dores musculares generalizadas, que geralmente aparecem dois dias após a tentativa de aborto e acabam evoluindo para quadro de choque séptico complicado, coagulação in tr avascu l ar disseminada e insuficiência renal aguda. Em nosso meio, há de se ressaltar a importância da infecção por Clostridium welshii, anaeróbio que provoca necrose uterina com grande liberação de citocinas e instalação rápida do quadro séptico, icterícia, coagulação intravascular disseminada, síndrorne do desconforto respiratório do adulto, insuficiência renal aguda e morte. G aborto séptico também pode ser causado pela E. coli e outros Gram-ncgativos. A pieloncfrite aguda é uma das complicações mais comuns da gravidez e pode agravar lesões renais prcexistcnrcs. A gestação facilita a instalação da infecção urinária que pode evoluir para pielonefrite aguda em 2% das grávidas. As repercussões funcionais da infecção são grandes, pois na gestação a vasculatura renal tem maior sensibilidade à ação das endotoxinas. A infecção urinaria pode levar a significativa redução no ritmo de filtração glomerular. As pacientes com piclonefrite aguda devem ser hospitalizadas e acompanhadas de perto, para a profilaxia do choque e demais conseqüências da liberação da endoroxina. Após a infecção estar debelada, as pacientes devem ser acompanhadas com cuidado, porque há tendência de a picloncfrite rccidivar, aumentando o risco de abortamento. A pré-cclâmpsia acomete cerca de 5 a 10% das gestantes e tem como su bstrato anatomopatológico renal a presença de cndoteliose, com deposição de fatores de coagulação, fibrina na membrana basal, aumento de volume celular glomerular com diminuição da luz e da superfície de filtração glomerular. Conseqüentemente, há queda do ritmo de filtração glomerular e insuficiência renal aguda de grau variável. Pré-eclârnpsia grave costuma acompanhar-se de intensa hipovolernia, podendo haver também insuficiência cardíaca. Essas pacientes têm grande sensibilidade postura I. Assim, quando se coloca paciente com pré-cclârnpsia grave em decúbito dorsal há queda do retorno venoso, do débito cardíaco e do fluxo plasmático renal, com conseqüente redução do ritmo de filtração glomerular. Com a diminuição do débito cardíaco cai ainda mais o ritmo de filtração glomerular e a paciente pode entrar em anúria. O tipo de decúbito na gestação é muito importante, tanto na propcdêutica quanto na terapêutica. O ritmo de filtração glomerular aumenta nessas pacientes em torno de 50% quando passam do dccúbito dorsal para o lateral esquerdo. Em alguns casos mais graves, a lesão renal glomcrular pode evoluir para necrose tubular aguda típica ou ainda pode haver processo de CIVD, com nccrose não só tubular aguda como cortical bilateral. A nccrose cortical bilateral está associada à CIVD, geralmente relacionada à existência de feto morto retido, deslocamento prematuro da placenta e aborrarnento séptico. Em resumo, na pré-cclámpsia a insuficiência renal tem causas múltiplas, há lesão típica (cndotcliose ), diminuição da superfície de filtração, maior reatividade vascular , com vasoconstrição e diminuição do fluxo plasmático renal, redução de produção de progesterona e prostaciclinas e deficiência de outras substâncias envolvidas na manutenção do relaxamento vascular adequado. Há ainda hipovolcmia, diminuição do débito cardíaco e maior probabilidade de sangramento ou seqüestro hídrico. Este conjunto de fatores acaba levando à insuficiência renal aguda. Não pode deixar de entrar no diagnóstico diferencial da insuficiência renal aguda na gestação a síndrorne Hcllp. Hellp acrônimo para hernólisc, cnzirnas hepáticas elevadas e baixa de contagem de plaquctas; é variante da forma grave da précclârnpsia, com aumento do risco e piora do prognóstico. Nesses casos, a insuficiência requer diálise. Essas pacientes, em geral, são prirnigestas que vêm evoluindo bem e subitamente começam a desenvolver ederna, com aumento ou não da pressão, além de dor epigástrica. A dor epigástrica em geral é dor de expansão da cápsula hepática, com tendência a sangramento que pode terminar em ruptura hepática. Temos observado que clínicos e obstetras acabam demorando muito para pensar no diagnó rico, e as pacientes evoluem para óbito com insuficiência renal aguda, ruptura hepática com hematoma subcapsular e morte. Obviamente na pré-cclâmpsia e na sindrorne Hellp o tratamento mais importante é a realização do parto, sem perda de tempo. O diagnóstico precoce é fundamental para os prognósticos materno e fetal. A dor epigástrica na gestante tem valor clínico importante e requer que sempre seja feito o diagnóstico é • ATUALIZAÇÃO TERAPÊUTICA· 794 MANUAL PRÁTICO DE DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO • diferencial de síndrome Hellp, esteatose hepática aguda da gestação e eclâmpsia eminente. O tratamento da insu~ciência renal aguda na síndrome Hellp obedece aos crrte nos da insuficiência renal aguda, em geral com reposição da volernia, quando necessária, fornecimento de fatores de coagulação, concentrados de plaquetas, fator V1II, plasma fresco congelado para melhorar a coagulação e cerceamento de hemorragias. Plasmaférese e prostaciclinas também podem ser úteis nos casos mais graves. A indicação da diálise vai depender do grau de disfunção renal, das condições hcmodinârnicas e do balanço hidroeletrolítico, que obedecem aos mesmos critérios utilizados fora da gestação. QUADRO 1 - IRA na gestação TIPOS CAUSAS Pré-renais Perdas sanguíneas (DPP, placenta prévia, Hipercmese gravídica I nsuficiência cardíaca Choque Renais Hipofluxo renal prolongado Pré-eclâmpsia z Eclârnpsia DPP Síndrome Hellp Esteatose hepática aguda da gestação Abortamento séptico Síndrome hcrnolítico-urêrnica Colagenoses GNDA Drogas: aminoglicosídeos, antiinflarnatórios Pós-renais Ligadura ureteral Cálculo urcteral de rim único aronia utcrina ) D PP - Deslocamento prematuro de placenta G. DA . Glomcruloncfrire difusa aguda A esteatose hepática aguda na gestação foi descrita até a década de 80 como doença rara, freqüentemente fatal; atualmente, admite-se que ocorra aproximadamente 1 em cada 13.000 partos. O índice de mortalidade materna está em torno de 10 a 20%. A incidência aumentada provavelmente deve-se à melhora do diagnóstico e da sobrevivência dessas pacientes, com diagnóstico precoce. É doença que às vezes se confunde com pré-cclârnpsia. A paciente tem ederna, há aumento discreto da pressão arterial, seguido de manifestações hemorrágicas, icterícia, hipoglicemia e insuficiência renal. A esteatose hepática aguda da gestação é mais freqüente na paciente com gestação gemelar. A doença começa com náuseas, vômitos, fadiga e dor abdominal, seguidos de febre e icterícia, podendo ocorrer encefalopatia hepática. Complicação freqüente é a hipoglicemia e há que se monitorar a glicemia das pacientes, mantendo-as com soro glicosado para prevenir hipoglicemia prolongada. Algumas pacientes convulsionam, quando se faz o diagnóstico duvidoso de cclârnpsia (pode ser hemorragia, hipogliccmia ou hiponatremia). As pacientes, em alguns casos, desenvolvem sangramento decorrente da CIVD e podem evoluir com pancreatite aguda. Recentemente, observamos paciente que evoluiu com insu+ciência hepática, pancreatite e insuficiências renal e respiratória. No quadro inicial, apresentava também icterícia, aumento das aminotransferases e da amilase. Na realização do parto observou-se pâncreas e epíploon compatíveis com pancreatite aguda. A paciente apresentou sinais de coagulapatia de consumo durante três semanas, porém evoluiu bem e teve alta na quarta semana da internação. Geralmente, pacientes com estcatose hepática da gestação apresentam trombocitopenia e anemia hemol ítica microangiopática Hiperucicemia é freqüente mente observada. Como nas pacientes com pré-cclâmpsia, entendemos que a queda da depuração do ácido úrico decorre, pelo menos em parte, da diminuição da progesterona conseqüente à insuficiência placentária. Insuficiência renal aguda acomete 50% dos casos. o volume urinário tende a manter-se, respondendo a infusão de volumes e aos diuréticos. Quando a insuficiência renal é mais grave, diálise pode ser indicada. A esteatose hepática aguda é emergência médica, assim como a síndrorue Hellp , e deve ser lembrada em todas as pacientes com dor abdominal cpigástrica, vômito, com algum grau de disfunção renal (Quadro 2). A biopsia de fígado. quando possível, fecha o diagnóstico, que pode também ser avaliado com o auxílio da ultra-sonografia pós-parto. Deve-se também, nestas pacientes, fazer o diagnóstico diferencial com hepatites virais e coledocolitíase. A ultra-sonografia é extremamente importante. O principal diagnóstico diferencial da csteotose aguda da gestação deve ser feito com hepatite fulminante. O exame anatomopatológico hepático mostra infiltração gordurosa sem necrose r.'~.l.pf0('::ssc inflamatório. No rim não há alterações características; pode haver infiltração gordurosa nas células tubulares. Verificam-se sinais compatíveis com necrose tubular aguda quando o processo é mais intenso. A patogênese da esteatose hepática aguda não está bem definida; fatores virais e nutricionais podem ter algum papel na doença. O tratamento não é específico e resume-se na realização do parto, em controlar a hernodinârnica, tratar as complicações QUADRO 2 - Diagnóstico '" 'S diferencial u '" ,'"0Il 'õ.., .., ê5 O Pré-eclâmpsiaj :§'" .. 'S'" c, O 1;l ,8 B !~ ~ ~ + Eclârnpsia entre pré-eclâmpsía grave, síndrome Hellp, esteatose hepática aguda da gestação e hepatite fulnúnante , B 'u ,go .s 2 .~ ~ ~"'-O~ ª j~ E ,15 @ '" l:l.Q :q ;:3] ;,3.Q êQ .., '" 'osc, ';::l 5 ,2' ~ ~ os '§ " u '" § Ê .!9 E u õl '" ';:J "c, ~ ~ ~ o ";rJo ,15'" :r::.a8 c .., bO.~ ._0..°:-;:: c..,..... '" '"(; ~.,~ ~..c: :q -: u'- ~ Õ~ ,8"," ,~ ""õl '" u êQ .,gõl rara + ~ u -o' '+ 'o -ee "~~ " . ]' .!S .~ o. ,Q êQ Deposição pcriportal de fibrina + • Z rn 'TI Síndrome Hellp ;>;J + O r- O + + + + + Cl » + + • Esteatose hepática aguda na gestação + Hepatite fulminante Deposição gordurosa no hcparócito + + + + + + + + + + + + + + + Note que a dor epigástrica ou no hipocóndrio direito está presente em todas as siruaçócs. -.J <.D u; 796 • ATUALIZAÇÃO TERAPtUTICA • MANUAL sépticas que freqüentemente se associam ao quadro, tratar a encefalopatia hepática, prevenir e tratar a hipoglicemia e corrigir a coagulação. A transfusão de plasma fresco pode ser útil na correção do processo hemorrágico. Considera-se a realização imediata do parto fundamental no prognóstico da doença. Insuficiência renal aguda pode também manifestar-se após o parto, na forma de insuficiência renal idiopática pós-parto, forma rapidamente progressiva. Já foi referida como ncfrosclerose maligna pós-parto e também como coagulação intravascular pós-parto, insuficiência renal pós-parto com anemia hernolítica ou síndrome hcmolítica pós-parto. Ocorre logo após a gestação ou algumas semanas após, em gestante aparentemente normal. O quadro clínico inicia-se com processo que lembra processo viral, oligúria progressiva, insuficiência renal e anúria; a pressão arterial sobe lentamente, evoluindo para formas graves de hipertensão. As pacientes desenvolvem insuficiência cardíaca, anemia hemolítica e insuficiência renal. Raramente há sinais de CIVD. O prognóstico de insuficiência renal aguda idiopática pósparto é ruim. Em estudo de 49 pacientes com a doença os autores relataram morte de 61% das pacientes, sendo que 12% tiveram insuficiência renal terminal, que requereu tratamento com hernodiálise. A utilidade da biopsia renal deve ser avaliada. Algumas evidências sugerem que a insuficiência renal aguda idiopática pós-parto possa estar associada à presença do anticoagulante lúpico circulante, mesmo em pacientes que não tenham lúpus, de forma que vale a pena sempre pesquisar a presença do anticoagulante lúpico e de anticorpos anticarditipina. Quando esses fatores estão presentes, a anticoagulação é ainda mais justificada. Indicação de Diálise na Insuficiência Renal Aguda na Gestação A indicação de tratamento dialítico deve ser particularmente precoce durante a gestação. É sabido que o feto está sob alto risco de morte sempre que os níveis de uréia estão acima de 60 mg/dL. Portanto, nos casos em que o feto é ainda inviávcl (gestação com menos de 32 semanas), o tratamento dialítico visa proteger o feto e deve ser programado antes do parto, como nos casos de insuficiência renal aguda por pielonefrite, causas pré-rcnais e drogas. Quando a insuficiência renal tem causa associada à gestação, como na pré-eclârnpsia, na síndrome Hellp e na estcatose hepática aguda, a realização do parto é o melhor tratamento e a indicação da diálise deverá ser avaliada, como na mulher não- grávida. Costumamos indicar diálise quando a creatinina está acima de 3 mg/dL e não há prognóstico de melhora a curto prazo. A diálise pode ser peritoneal intermitente ou peritoneal do tipo arnbulatorial continuo, cnn1 colocação cirúrgica do cateter sob visão direta. Hcrnodiálisc pode ser também realizada, de preferência sem uso de hcparina, com banhos de bicarbonato de sódio, para prevenção de fenômenos hipotensivos, com cuidados na prevenção de distúrbios cletrolíricos. O tratamento dialítico será suspcnso quando a creatinina plasmática baixar e se estabilizar abaixo de 3 mg/dL. PRATICO DE DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO • Biologia Molecular em Nefrologia: Indicativos Terapêuticos Mirian Aparecida Boim Nestor Schor A s mutações genéticas herdadas causadoras de doenças genéticas não são, obviamente, as únicas responsáveis pelas doenças humanas, mas o desenvolvimento de muitas delas, definidas como "não-genéticas", como câncer, úlcera, tuberculose ou sífilis está associado com "carga" genética. Além disso, a suscctibilidadc de o indivíduo tornar-se resistente a determinado tratamento ou desenvolver roxicidadc, s50 também exemplos de situações geneticamente determinadas. A incorporação de técnicas em biologia molecular em todas as áreas da medicina tem trazido avanços incontestáveis para o melhor entendimento das doenças humanas; o conhecimento dos genes, bem como dos eventos molccularcs envolvidos nas desordens da função renal, está se expandindo rapidamente, de tal maneira que as aplicações dessa metodologia também para o tratamento atingem importância fundamental. O progresso na terapia gênica, em especial para doenças hereditárias, geneticamente mais bem caracterizadas, tem sido substancial. Neste capítulo abordaremos os principais conceitos e problemas envolvidos na terapia gênica, bem como os direcionarncntos em termos de terapêutica molecular para algumas algumas renais. Estrutura dos Genes e sua Expressão Virtualmente, todas as células somáticas de um indivíduo possuem exatamente o mesmo genoma, composto por algo entre 50.000 e 100.000 genes. Apesar do avanço do Projeto Genorna Humano, vale salientar que apenas 2.000 a 3.000 destes genes foram caracterizados e localizados em regiões específicas do cromossomo até o presente momento. Assim, os genes são definidos como seqüências de bases (ou nucleotídeos) ao longo do cromossorno, as quais codificam as proteínas por meio da síntese prévia do RNA mensageiro correspondente. Os genes são separados, de maneira geral por longas seqüências de bases não-codificadoras (regiões intcrgênicas). Embora todas as células possuam os mesmos genes, sua expressão obedece a sinal tecido-específico, ou seja, nem todos os genes estão ativos em todas as células o tempo todo. Basicamente é isso que diferencia uma célula de outra ou um tecido de outro. Assim, há genes que jamais serão expressos em determinada célula, embora existam no crornossorno desta célula. Este mecanismo de regulação da expressão gênica é bastante complexo e pode envolver um ou vários grupos de genes, definidos como regulatórios. Estes genes regulatórios funcionam como sistema "liga/desliga" em resposta aestímulos internos ou externos. Além dos genes regulatórios, todo gene possui uma ou mais regiões regulatórias intrínsecas. Em nossa analogia, essa região seria o interruptor; exemplo clássico desse tipo de gene regulatório é aquele que codifica fosfoproteína nuclear denominada p5 3. Esta proteína, codificada por um gene supressor de tumor, liga-se a locais específicos do DNA, controlando a expressão de vários outros genes, fundamentalmente aqueles envolvidos no controle do ciclo celular. Mutações neste gene têm sido implicadas pelo