SUMÁRIO - Associação Brasileira de Horticultura

Propaganda
Volume 18 número 1
Março 2000
SOCIEDADE DE
OLERICULTURA
DO BRASIL
Presidente
Rumy Goto
UNESP-Botucatu
Vice-Presidente
Nilton Rocha Leal
UENF-CCTA
1º Secretário
Arlete Marchi T. de Melo
IAC
2º Secretário
Ingrid B. I. Barros
UFRGS-Porto Alegre
1º Tesoureiro
Marcelo Pavan
UNESP-Botucatu
2º Tesoureiro
Osmar Alves Carrijo
Embrapa Hortaliças
COMISSÃO EDITORIAL
DA HORTICULTURA
BRASILEIRA
Presidente
Leonardo de Brito Giordano
Embrapa Hortaliças
Editores
Antônio T. Amaral Jr.
UENF-CCTA
Arminda Moreira Carvalho
Embrapa Cerrado
Carlos Alberto Lopes
Embrapa Hortaliças
Danilo F. Silva Fo
INPA
Francisco Reifschneider
Embrapa Hortaliças
José Magno Q. Luz
UFU
Marcelo Mancuso da Cunha
IICA-MI
Maria Aparecida N. Sediyama
EPAMIG
Maria do Carmo Vieira
UFMS - CEUD - DCA
Mirtes Freitas Lima
Embrapa Semi-Árido
Renato Fernando Amabile
Embrapa Cerrados
Sieglinde Brune
Embrapa Hortaliças
CORRESPONDÊNCIA:
Horticultura Brasileira
Caixa Postal 190
70.359-970 - Brasília-DF
Tel.: (061) 385-9000/9051
Fax: (061) 556-5744
www.hortbras.com.br
[email protected] r
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
ISSN 0102-0536
SUMÁRIO
CARTA AO EDITOR
Tomates longa vida: O que são, como foram desenvolvidos?
P. T. Della Vecchia; P. S. Koch.
3
ARTIGO CONVIDADO
O cultivo de yacon no Brasil.
S. M. C. Vilhena; F. L. A. Câmara; S. T. Kakihara.
5
PESQUISA
Desenvolvimento de feijão-macuco em área de várzea.
Z. L. de O. Melo; C. R. Bueno.
9
Produção de escleródios de Sclerotinia sclerotiorum e severidade de oídio em cultivares de
ervilha sob diferentes lâminas de água.
C. A. da S. Oliveira; W. A. Mouelli; J. R. M. dos Santos; L. S. Boiteux.
16
Nariz eletrônico: tecnologia não-destrutiva para a detecção de desordem fisiológica causada
por impacto em frutos de tomate.
C. L. Moretti; S. A. Sargent; M. O. Balaban, R. Puschmann.
20
Crescimento e produtividade de inhame e de milho doce em cultivo associado.
M. Puiatti; C. Fávero; F. L. Finger; J. M. Gomes.
24
Crescimento, produção e absorção de nitrogênio do alho proveniente de cultura de tecidos,
cultivado com doses elevadas de nitrogênio.
F. V. Resende; P. S. R. de Oliveira; R. J. de Souza
31
Impacto da irrigação por aspersão convencional na dinâmica populacional da traça-das-crucíferas
em plantas de repolho.
A. T. de Oliveira; A. M. R. Junqueira; F. H. França
37
Transformação genética da batata cultivar Achat via Agrobacterium tumefaciens.
A. C. Torres; A. T. Ferreira; E. Romano; M. K. Cattony; A. S. Nascimento.
41
PÁGINA DO HORTICULTOR
Caracterização pós-colheita de laranjas ´Baianinha‘ submetidas ao armazenamento refrigerado
e a condições ambientais.
B. J. Teruel M.; L. A. B. Cortez; P. A. Leal; L. C. Neves Filho.
Diagnóstico do cultivo hidropônico de hortaliças na região do Distrito Federal.
J. S. Costa; A. M. R. Junqueira.
“Stimulate Mo” e proteção com “Tecido não Tecido” no pré-enraizamento de mudas de
mandioquinha-salsa.
M. Y. Reghin; R. F. Otto; J. B. C. da Silva.
Avaliação de cultivares de cebola em Petrolina-PE.
N. D. Costa; G. M. de Resende; R. de C. S. Dias
Características de qualidade de cebola múltipla durante armazenamento sob condição
ambiental não controlada.
M. C. C. Maia; J. F. Pedrosa; J. Torres Filho; M. Z. de Negreiros; F. Bezerra Neto.
46
49
53
57
61
INSUMOS E CULTIVARES EM TESTE
Eficiência do metalaxyl no controle da requeima do tomateiro.
C. Rodrigues; L. G. Ribeiro; J. C. Lopes; F. S. de Freitas; L. A. S. de Azevedo.
Características produtivas de cultivares de batata-doce em duas épocas de colheita,
em Porteirinha - MG.
G. M. de Resende
Crescimento e produtividade da batateira, em função do modo de aplicação do fertilizante
e dos fungicidas contendo Zn.
M. A. Moreira; P. C. R. Fontes; R. L. F. Fontes; A. A. Cardoso.
65
68
72
ERRATA
77
NORMAS PARA A PUBLICAÇÃO
81
Volume 18 number 1
March 2000
ISSN 0102-0536
CONTENT
Journal of the Brazilian
LETTER TO THE EDITOR
Society for Vegetable Science Long shelf life tomatoes: what are and how they were developed.
P. T. Della Vecchia; P. S. Koch.
3
INVITED ARTICLE
The yacon cultivation in Brazil.
S. M. C. Vilhena; F. L. A. Câmara; S. T. Kakihara.
5
RESEARCH
Development of yam bean or “Feijão-Macuco” plant in a floodplain area.
Z. L. de O. Melo; C. R. Bueno.
9
Sclerotia of Sclerotinia sclerotiorum production and powdery mildew severity in pea cultivars
under different water depths.
C. A. da S. Oliveira; W. A. Mouelli; J. R. M. dos Santos; L. S. Boiteux.
16
Electronic nose: a non-destructive technology to screen tomato fruit with internal bruising.
C. L. Moretti; S. A. Sargent; M. O. Balaban, R. Puschmann.
20
Growth and productivity of taro and sweet corn under intercropping conditions.
M. Puiatti; C. Fávero; F. L. Finger; J. M. Gomes.
24
Growth, yield and nitrogen uptake in garlic obtained by tissue culture, cultivated under high
nitrogen levels.
F. V. Resende; P. S. R. de Oliveira; R. J. de Souza
31
Impact of sprinkler irrigation on diamondback moth injuries on cabbage plants.
A. T. de Oliveira; A. M. R. Junqueira; F. H. França
37
Genetic transformation of potato cultivar Achat by Agrobacterium tumefaciens.
A. C. Torres; A. T. Ferreira; E. Romano; M. K. Cattony; A. S. Nascimento.
41
GROWER'S PAGE
Postharvest characterization of oranges ´Baianinha‘ stored under refrigeration and ambient
conditions.
B. J. Teruel M.; L. A. B. Cortez; P. A. Leal; L. C. Neves Filho.
46
Diagnosis of the horticultural crop production in hydroponical facilities in the
Distrito Federal region.
J. S. Costa; A. M. R. Junqueira.
49
“Stimulate Mo” and protection with floating rowcover on pre-rooting of peruvian carrot
(Arracacia xanthorrhiza Bancroft) explants.
M. Y. Reghin; R. F. Otto; J. B. C. da Silva.
53
Evaluation of onion cultivars at Petrolina, Pernambuco State, Brazil.
N. D. Costa; G. M. de Resende; R. de C. S. Dias
57
Characteristics of multiplier onion during controlled storage conditions.
M. C. C. Maia; J. F. Pedrosa; J. Torres Filho; M. Z. de Negreiros; F. Bezerra Neto.
61
PESTICIDES AND FERTILIZERS IN TEST
Efficiency of Metalaxyl to control tomato late blight.
C. Rodrigues; L. G. Ribeiro; J. C. Lopes; F. S. de Freitas; L. A. S. de Azevedo.
Yield characteristics of sweet potato cultivars under different harvest periods in Porteirinha,
Minas Gerais State, Brazil.
G. M. de Resende
Potato plant growth and tuber yield as a function of Zn fertilizer application methods and
Zn fungicides.
M. A. Moreira; P. C. R. Fontes; R. L. F. Fontes; A. A. Cardoso.
Address:
Caixa Postal 07-190
70359-970 Brasília-DF
Tel: (061) 385-9000/9051
Fax: (061) 556-5744
www.hortbras.com.br
[email protected]
65
68
72
ERRATA
77
INSTRUCTIONS TO AUTHORS
81
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
carta ao editor
DELLA VECCHIA, P.T.; KOCH, P.S. Tomates longa vida: O que são, como foram desenvolvidos? Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 1, p. 3-4, março 2.000.
Tomates longa vida: O que são, como foram desenvolvidos?
Paulo Tarcísio Della Vecchia; Paulo Sergio Koch
Sementes Agroflora/Sakata, Caixa Postal 427, 12.906-840 – Bragança Paulista – SP.
RESUMO
ABSTRACT
A produção de tomates para o consumo in natura no Brasil sofreu grandes transformações tecnológicas nesta última década. Dentre
elas, a utilização de sementes híbridas de cultivares que produzem
frutos do tipo longa vida (cultivares do tipo longa vida) foi, sem
dúvida, uma das mais importantes. A expressão “tomates longa vida”
tem sido utilizada no Brasil para descrever a característica de maior
conservação pós-colheita dos frutos produzidos por algumas cultivares específicas de tomateiro (cultivares tipo longa vida). Cultivares de tomateiro do tipo longa vida podem ser obtidas por meio da
seleção de alelos favoráveis para uma maior firmeza do pericarpo,
pela utilização de mutantes de amadurecimento (rin, nor e alc) e por
meio de técnicas da moderna biotecnologia molecular. As primeiras
são conhecidas como longa vida estruturais, as segundas como longa vida rin, nor ou alc, e as terceiras como longa vida transgênicas.
Cultivares de tomateiro do tipo longa vida foram introduzidas comercialmente no Brasil pela primeira vez pela Agroflora em 1988
(longa vida estruturais) e em 1992 (longa vida rin). Não existem
atualmente cultivares de tomateiro do tipo longa vida transgênicas
sendo comercializadas no Brasil.
Long shelf life tomatoes: what are and how they were
developed.
Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, rin, nor, alc, transgênico,
firmeza.
The production of fresh market tomatoes in Brazil experienced
great technological transformations, during the last decade. Among
them, the use of F1 hybrid cultivars which produce fruits with
extended shelf life (long shelf life cultivars) was, without any
question, one of the most important. The expression ‘long shelf life
tomatoes’ has been used in Brazil to describe the characteristics of
extended post harvest life of fruits produced by some specific tomato
cultivars (long shelf life cultivars). Long shelf life tomato cultivars
can be obtained by the selection of favorable alleles for an improved
pericarp firmness, by the utilization of ripening mutants (rin, nor
and alc) and by modern molecular biology techniques. The first ones
are known as structural long shelf life cultivars, the second as rin,
nor or alc long shelf life cultivars and the third as transgenic long
shelf life cultivars. Long shelf life tomato cultivars were first
introduced commercially in Brazil by Agroflora in 1988 (structural
long shelf life cultivars) and in 1992 (rin long shelf life cultivars).
Up to the present there are no transgenic long shelf life tomato
cultivars being commercialized in Brazil.
Keywords: Lycopersicon esculentum, rin, nor, alc, firmness,
transgenic.
(Aceito para publicação em 07 de janeiro de 2.000)
E
m função do grande número de consultas que temos recebido questionando-nos sobre a origem dos tomates
longa vida atualmente comercializados
no Brasil, entendemos que é bastante
oportuno prestar à sociedade alguns esclarecimentos que possibilitem um melhor entendimento sobre o assunto.
A produção de tomates para o consumo “in natura” no Brasil sofreu grandes transformações tecnológicas, nesta
última década. Dentre elas, a utilização
de sementes híbridas de cultivares que
produzem frutos do tipo longa vida (cultivares do tipo longa vida) foi sem dúvida uma das mais importantes.
O fruto de tomate das cultivares tradicionais possui uma curta vida pós-colheita. Ao contrário, o fruto das cultivares do tipo longa vida possui uma vida
Hortic. bras., v. 18, n. 1, jul. 2000.
pós-colheita mais prolongada, permanecendo firme por um maior período de
tempo. A expressão “tomate longa vida”
foi utilizada pela primeira vez no Brasil,
em 1988, pela Agroflora, para descrever
a característica de maior conservação
pós-colheita dos frutos da cultivar híbrida F1 Débora VFN, introduzida comercialmente por esta companhia, naquele
ano. O termo “longa vida” foi utilizado
por passar mais facilmente o novo conceito a produtores e consumidores, uma
vez que o leite tipo longa vida já começava a fazer sucesso, naquela época, frente ao tipo tradicional. Além disso, a tradução direta dos termos utilizados na literatura internacional para qualificar a
característica (“long shelf life” = vida
longa de prateleira; “extended shelf life”
= vida prolongada de prateleira) não pa-
recia ser a mais indicada para descrever
o novo conceito no Brasil.
Existem três possibilidades para se
criar/obter uma cultivar híbrida de tomateiro do tipo longa vida:
a) Por meio de métodos convencionais de melhoramento genético, onde se
busca, pela seleção de parentais superiores, aumentar a freqüência dos alelos
favoráveis para uma maior firmeza do
pericarpo do fruto. Neste caso temos o
longa vida do tipo estrutural. Longa vida
do tipo estrutural é um caráter genético
quantitativo, predominantemente controlado por genes de ação gênica aditiva.
Os tomates longa vida do tipo estrutural são resultantes de um longo período
de seleção para o caráter. Praticamente,
todas as cultivares do tipo longa vida
estrutural, atualmente comercializadas,
3
P.T. Della Vecchia & P.S. Koch
descendem direta ou indiretamente de
cultivares de tomateiro criadas/desenvolvidas para o processamento industrial
(tomates de indústria) nos Estados Unidos nas décadas de 50 e 60. Cultivares
de tomateiro do tipo longa vida estrutural foram introduzidas comercialmente
pela primeira vez no Brasil pela
Agroflora, em 1988. Como exemplos de
cultivares deste tipo comercializadas no
mercado brasileiro temos os híbridos F1
Débora VFN, Débora Plus, Débora Max,
Diana, Monalisa, Seculus, Cronos, etc;
b) Por meio de métodos convencionais de melhoramento genético pela utilização de mutantes de amadurecimento. O termo mutantes de amadurecimento tem sido utilizado para designar alelos
mutantes simples com efeitos múltiplos
(pleiotrópicos) que afetam o amadurecimento do fruto do tomate. Entre eles
se destacam o rin (“ripening inhibitor”
= inibidor de amadurecimento), o nor
(“non ripening” = não amadurece) e o
alc (Alcobaça).
Em frutos destes mutantes, durante o
processo de amadurecimento, ocorrem
reduções drásticas na degradação das paredes celulares das células do pericarpo,
na síntese do etileno e de carotenóides e
na respiração do fruto, o que lhes proporciona uma vida pós-colheita mais prolongada. Neste caso temos os longa vida rin,
nor ou alc. Rin, nor e alc são alelos
recessivos. Estes alelos são geralmente
introduzidos individualmente nas linhagens parentais de híbridos por meio de
retrocruzamentos sucessivos. Eles são explorados comercialmente em cultivares híbridas F 1 de tomate no estado heterozigoto.
O alelo rin foi descoberto e descrito pelos
pesquisadores R.W. Robinson e M.L. Tomes da Universidade de Cornell, EUA, em
1968, em uma linhagem F4 de tomateiro
selecionada do cruzamento entre as cultivares Fireball e Linhagem 54-149. O alelo
nor, pelos pesquisadores E.C. Tigchelaar,
M.L. Tomes, E.A. Kerr e R.J. Barman da
Universidade de Purdue, EUA, em 1973,
na cultivar de tomateiro Italian Winter e o
alelo alc foi descoberto e descrito por F.
Almeida em uma cultivar da região de
Alcobaça, Portugal, em 1967. Cultivares
de tomateiro do tipo longa vida rin foram
introduzidas comercialmente pela primeira vez no Brasil pela Agroflora, em 1992.
Como exemplo de cultivares deste tipo
comercializados no mercado brasileiro
temos os híbridos F1 Carmen, Raisa,
Graziela, Neta, etc;
4
Tabela 1. Vida média pós-colheita para os diferentes tipos de tomate longa vida.
Genótipo
Normal/Mole
Normal/Firme
Vida Média
Pós-colheita 1/
1A
2-3 A
Tipo de Tomate
Longa Vida
Tradicional
Estrutural
Heterozigoto
Heterozigoto
Alc/Firme
Rin/Firme
3-4 A
3-5 A
Alc
Rin
Heterozigoto
Heterozigoto
Nor/Firme
Rin/Nor/Firme
4-5 A
5-7 A
Nor
Rin/Nor
1/
A = 4 dias no verão; A = 7 dias no inverno.
c) Por meio de técnicas da moderna
biologia molecular. São as cultivares
transgênicas. Diversas técnicas e abordagens têm sido utilizadas para esta finalidade. Dentre elas se destaca o uso de
transgênicos homozigotos de orientação
(senso e antisenso) de translação do DNA
e de transcrição de mRNA, que interferem na produção de etileno e na produção e/ou atividade de enzimas envolvidas no processo do amadurecimento normal do fruto do tomateiro. Neste caso
temos os longa vida transgênicos. Não
existem, atualmente, cultivares de tomateiro do tipo longa vida transgênicos
comercializados no Brasil. Como exemplo de cultivares deste tipo temos o híbrido F1 Flavr Savr que foi criado/desenvolvido pela Calgene-Monsanto e que foi
comercializado nos EUA por alguns anos
na metade desta década.
Os diferentes tipos de tomates longa vida apresentam diferentes níveis de
vida pós-colheita. A tabela 1 apresenta
dados comparativos relativos à vida
média pós-colheita para os diferentes
tipos de tomate longa vida.
Desde a sua introdução no mercado
brasileiro, em 1988, o tomate longa vida
tem aumentado a sua participação no mercado para consumo in natura. Estima-se
que hoje eles já representem cerca de 70%
do mercado para o produto. Devido à
maior flexibilidade oferecida ao produtor
na hora da colheita, menor perda nas operações de embalagem e transporte dos frutos e menor perda na comercialização dos
frutos no varejo, o tomate longa vida conquistou definitivamente seu espaço no
mercado brasileiro. Sem sombra de dúvida o tomate longa vida desempenha hoje
um papel fundamental no incremento da
produtividade e da qualidade do tomate
produzido no Brasil.
LITERATURA CITADA
ATHERTON, J.G.; RUDICH, J. The Tomato Crop:
A scientific basis for improvement. New York:
Chapman and Hall, 1986. 661 p.
DELLAPENNA, D.; LINCOLN, J.E.; FISCHER,
R.L.; BENNET, A.B. Transcriptional analysis
of polygalacturonase and others ripening
associated genes in Rutgers, rin, nor and Nr
tomato fruit. Plant Physiology; v. 90, n. 4, p.
1372-1377, 1989.
HERNER, R.C.; SINK, K.C. Ethylene production
and respiratory behavior of the Rin tomato
mutant. Plant Physiology; v. 52, n. 1, p. 3842, 1973.
KOPELIOVITCH,
E.;
MIZRAHI,
Y.;
RABINOWITCH, H.D.; KEDAR, N. Effect
of the Fruit-ripening Mutant Genes rin and nor
on the Flavor of Tomato Fruit. Journal of the
American Society for Horticultural Science, v.
107, n. 3, p. 361-364, 1982.
LOBO, M.; BASSET, M.J.; HANNAH, L.C.
Inheritance and characterization of the fruit
ripening mutation in “Alcobaça” tomato.
Journal of the American Society for
Horticultural Science, v. 109, p. 741-745, 1984.
MURRAY, A.J.; BIRD, C.R.; SCHUCH, W.W.;
HOBSON, G.E. Evaluation of transgenic
tomato fruit with reduced polygalacturonase
activity in combination with the rin mutation.
Postharvest Biology and Technology; v. 6, n.
1/2, p. 91-101, 1995.
MUTSCHLER, M.A.; WOLFE, D.W.; COBB,
E.D.; YOURSTONE, K.S. Tomato fruit
quality and shelf life in hybrids heterozygous
for the alc ripening mutant. HortScience; v. 27,
n. 4, p. 352-355, 1992.
ROBINSON, R.W.; TOMES, M.L. Ripening
inhibitor: a gene with multiple effect on
ripening. Tomato Genetics Coop. n. 18, p. 3637, 1968.
SITRIT, Y.; BENNET, A.B. Regulation of tomato
fruit polygalacturonase mRNA accumulation
by ethylene: a re-examination. Plant
Physiology; v. 116, n.3, p. 1145-1150, 1998.
TIEMAN, D.M.; KAUSCH, K.D.; SERRA, D.M.;
HANDA, A.K. Field performance of
transgenic tomato with reduced pewctin
methylesterase activity. Journal of the
American Society for Horticultural Science;
v. 120, n. 5, p. 765-770, 1995.
TIGCHELAAR, E.C.; TOMES, M.L.; KERR,
E.A; BARMAN, R.J. A new fruit-ripening
mutant, non-ripening (nor). Tomato Genetics
Coop., n. 23, p. 33-34, 1973.
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
artigo convidado
VILHENA, S.M.C.; CÂMARA, F.L.A.; KAKIHARA, S.T. O cultivo de yacon no Brasil. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 1, p. 5-8, março 2000.
O cultivo de yacon no Brasil.
Stela Maria C. Vilhena; Francisco Luiz A. Câmara; Sergio T. Kakihara
UNESP - FCA, C. Postal 237, 18.603-970 Botucatu – SP.
ABSTRACT
RESUMO
O yacon (Polymnia sonchifolia Poep. Endl.) é uma espécie da
família Asteraceae que apresenta um complexo sistema subterrâneo. Suas raízes tuberosas e rizóforos contêm grandes quantidades
de frutose e glicose livres, além de fruto-oligossacarídeos do tipo
inulina como carboidrato de reserva. Vem despertando interesse principalmente por suas propriedades medicinais, sendo utilizado como
auxiliar no tratamento contra diabetes e colesterol. Foi introduzido
no Brasil por volta de 1989, porém somente em 1994 iniciaram-se
os primeiros cultivos comerciais. Atualmente é cultivado na região
de Capão Bonito (SP), a partir de rizóforos pesando de 60 a 80 g.
Estes são plantados em canteiros de 0,30 - 0,40 m de altura por 1,0
m de base, em um espaçamento de 1,00 x 0,90 m. O pH do solo é
ajustado para 6,0 e a fertilização básica é realizada com NPK + Zn,
de acordo com análise e a recomendação utilizada para batata doce.
Posteriormente são aplicados 40 kg.ha-1 de N em duas parcelas. A
irrigação é feita por aspersão e a colheita realizada entre os 8 e 10
meses após o plantio, obtendo-se um rendimento médio de 80 t.ha-1
de raízes e 1 t.ha-1 de folhas desidratadas. Tanto as raízes como as
folhas podem ser consumidas frescas ou desidratadas em estufas
com ventilação forçada, à temperatura máxima de 50°C, para se evitar
a degradação dos carboidratos de reserva e das substâncias do metabolismo secundário.
Yacon (Polymnia sonchifolia Poep End.) is a species from the
Asteraceae family which presents a complex subterraneous system.
Its tuberous roots and rhizophores contain great amounts of free
fructose and glucose, besides inulin type fructo-oligosaccharides as
reserve carbohydrates. It has raised interest mainly for its medicinal
properties, being used as an auxiliary in the treatment against diabetes
and cholesterol. It was introduced in Brazil around 1989, but only in
1994 the first commercial cultivation started. It is presently cultivated
in the Capão Bonito region, São Paulo State, from rhizophores
weighing from 60 to 80 g. These are planted in beds 0.30 - 0.40 m
high, 1.0 m wide, in a 1.0 x 0.90 m interspace. Soil pH is adjusted to
6.0 and the basic fertilization is made with NPK + Zn according to
soil analysis and to some recommendation for sweet-potatoes. Later
on, 40 kg.ha-1 of N are added, divided in two applications. Irrigation is
made by sprinkle irrigation and harvesting happens between the 8t h
and 10th months after planting, yielding an average of 80 t.ha-1 of
tuberous roots and 1 t.ha-1 of fresh leafs. Roots as well as leafs can be
freshly consumed or dehydrated in a stove with forced ventilation at
500C maximum temperature to avoid loss of reserve carbohydrates as
well as the secondary metabolism substances.
Palavras-chaves: Polymnia sonchifolia Poep. Endl., carboidratos
de reserva, diabetes, sistema de produção, pós-colheita.
Keywords: Polymnia sonchifolia Poep. Endl., store carbohidrate,
diabetes, production system, post-harvest.
The yacon cultivation in Brazil.
(Aceito para publicação em 07 de dezembro de 1999)
O
yacon, espécie da família
Asteraceae, é originário dos vales
andinos da Colômbia, Equador, Peru,
Bolívia e noroeste da Argentina, em altitudes de 2.000 a 3.100 metros. Nessa região, é cultivado desde a antiga civilização Inca, e utilizado na alimentação humana. É também conhecido como
“aricoma” ou “jicama”, no Peru e Equador e como “yacon strawberry”, nos Estados Unidos (National Research Concil,
1989; Montiel,1996; Grau & Rea, 1998).
Foi introduzido na Europa há mais de 50
anos como espécie potencial para a produção de álcool etílico, porém logo foi
esquecido e somente redescoberto na
década de 80. No Brasil, a espécie foi
introduzida por volta de 1989, na região
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
de Capão Bonito (SP), por imigrantes
japoneses, que utilizam suas folhas e
raízes tuberosas nos tratamentos contra
diabetes e altas taxas de colesterol no
sangue (Kakihara et al.,1996). Além
disso, tanto os rizóforos como as raízes
tuberosas apresentam grandes quantidades de fruto-oligossacarídeos do tipo
inulina, com grau de polimerização (Gp)
£ 12, como carboidratos de reserva, o
que justifica sua importância potencial
na indústria alimentícia, como adoçante
alternativo para a sacarose, na indústria
de alimentos infantis, por serem anticariogênicos, e de produtos dietéticos,
por conter baixas calorias (Ohyama et
al.,1990; Asami et al.,1991; Fukay et
al.,1993; Vilhena & Câmara, 1998).
DESCRIÇÃO BOTÂNICA
É uma espécie do tipo perene, cujos
caules aéreos são cilíndricos, de coloração esverdeada, apresentam pilosidade
em toda superfície, e chegam a medir
até 2,5 m de altura. As folhas brotam de
gemas do caule aéreo, são opostas, delgadas, apresentam as bordas lobuladas
e formam uma ala de cada lado do
pecíolo (National Research Concil,
1989; Montiel,1996). Estas apresentam
várias estruturas secretoras, tais como
tricomas, idioblastos e hidatódios (Dip
et al.,1996) que secretam compostos
secundários do grupo dos terpenos
(Grau & Rea, 1997). As flores estão
agrupadas nas extremidades dos ramos
5
S.M.C. Vilhena et al.
A
C
B
D
Figura 1: (A) Aspecto geral de uma cultura de yacon com 5 meses; (B) inflorescência; (C) sistema subterrâneo; (D) folhas. Botucatu,
UNESP, 1997.
e podem ser de dois tipos: as liguladas,
que se encontram nos bordos, e as
tubulares na parte central da
inflorescência.
O sistema subterrâneo é constituído de
três partes distintas: os rizóforos que são
ricos em frutanos e fibras não digeríveis,
dos quais originam-se gemas que darão
origem a uma nova planta; as raízes de
absorção e fixação; e as raízes tuberosas
ou de reserva, também ricas em frutanos,
porém menos fibrosas, mais suculentas,
translúcidas e que chegam a pesar até 2
kg, sendo as preferidas para o consumo
humano (Zardini,1991; Bonucceli, 1989;
Lizarraga et al.,1997), (Figura 1).
ASPECTOS CLIMÁTICOS E
TÉCNICAS DE CULTIVO
É uma espécie extremamente adaptável quanto ao clima, altitude e tipo de
solo, sendo que sua alta resistência ao frio
e à seca está relacionada à grande quantidade de carboidratos de reserva nos ór6
gãos subterrâneos. Além disso, seus
rizóforos contêm gemas que regeneram
uma nova planta a cada ano, após o inverno. Descrita como neutra ao
fotoperíodo (National Research Council,
1989), alcança a maturidade a partir de
sete meses após o plantio, quando tem
início a floração, seguida da fase de
senescência de toda parte aérea. Entre
oito e dez meses de idade, quando a parte aérea começa a secar, é realizada a
colheita das raízes tuberosas (para fins
comerciais) e dos rizóforos (como material de propagação para o próximo plantio). É também nesta fase em que se observam as maiores quantidades de frutooligossacarídeos nesses orgãos, sendo
que a partir dos dez meses inicia-se o processo de despolimerização das cadeias,
com a liberação de frutose e glicose, que
serão utilizadas na forma de energia, para
a brotação das gemas e consequente regeneração da planta. A colheita das folhas é realizada três vezes durante o ciclo, sendo retiradas somente as folhas da
parte mediana do caule (Vilhena, 1997).
A cultura do yacon é implantada em
áreas bem preparadas, com aração profunda ou sobre canteiros com 1 m de
largura e 0,30 m de altura. O plantio é
feito utilizando-se rizóforos pesando
entre 60 e 80 g, com espaçamento de
1,0 m entre linhas e 0,90 m entre plantas, a uma profundidade de aproximadamente 0,15 m. O pH do solo é corrigido com calcáreo dolomítico
objetivando mantê-lo por volta de 6,0;
é feita uma adubação de plantio (recomendação para batata) com NPK e Zn,
e duas adubações nitrogenadas em cobertura. Deve-se ter um cuidado especial com a irrigação, que pode ser feita
por aspersão e com a eliminação das
plantas invasoras, realizando-se pelo
menos três capinas manuais durante o
ciclo. No Brasil, na região de Capão
Bonito, o plantio é feito normalmente
nos meses de agosto e setembro, utilizando-se rizóforos de um único clone
que foi introduzido nesta região
(Kakihara et al.,1996).
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
O cultivo de yacon no Brasil.
A
C
D
B
Figura 2: (A) Raízes comerciáveis; (B) desidratação das raízes tuberosas de yacon, na forma de chips, em estufa elétrica; (C) em túneis com
energia solar; (D) raízes e folhas desidratadas e embaladas para comercialização. Capão Bonito, 1996.
TÉCNICAS DE PÓS-COLHEITA
A colheita das folhas e dos órgãos subterrâneos é feita manualmente. Kakihara
et al. (1996) relataram obter rendimentos
de até 100 t.ha -1 de raízes tuberosas e 1
t.ha -1 de folhas frescas. As folhas colhidas
são desidratadas em estufa à temperatura
de 40°C, trituradas e embaladas em potes
ou sacos plástico. As raízes para consumo “in natura” podem ser armazenadas
em câmara fria, à temperatura de 4°C por
período de até 30 dias. Para obtenção de
raízes desidratadas, estas devem ser lavadas em água corrente, descascadas,
fatiadas na forma de “chips”, espalhadas
em bandejas e desidratadas natural ou
artificialmente. Independentemente do
método utilizado para desidratação (estufa elétrica ou túneis com aquecimenHortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
to solar) a temperatura não deve ultrapassar 50°C (Figura 2).
UTILIZAÇÃO
Na medicina popular suas folhas são
utilizadas in natura ou desidratadas, na
forma de chá, contra diabetes e altas taxas de colesterol. As raízes tuberosas são
consumidas tanto in natura como cozidas em sopas ou desidratadas na forma
de “chips” para os mesmos fins, e também como alimento. Nieto (1991), estudou a composição química das raízes de
algumas linhagens de yacon e encontrou
valores médios, em matéria seca, de 3,7%
de proteínas, 3,5% de cinzas, 1,5% de
matéria graxa, 3,4% de fibras, 87,7% de
extrato livre de nitrogênio e 8,2% de potássio, considerando um alimento alta-
mente energético e de bom valor nutricional. Mais recentemente, Vilhena et al.
(1997), observaram maiores quantidades
de proteínas nas raízes tuberosas do clone
introduzido no Brasil, e relacionam seu
valor energético ao alto conteúdo de açúcares totais (Tabela 1).
Além de sua importância como alimento energético e como planta medicinal, os órgãos subterrâneos de yacon contêm de 60 - 70% de frutanos na forma de
fruto-oligossacarídeos do tipo inulina,
com grau de polimerização (GP) máximo de 12 (Figura 3), que podem ser utilizados tanto na indústria de produtos
dietéticos e de alimentos infantis, como
para a produção de xarope de frutose,
açúcar de grande interesse para a indústria alimentícia (Ohyama et al., 1990;
Asami et al., 1991; Vilhena, 1997).
7
S.M.C. Vilhena et al.
Tabela 1. Composição química (% da massa seca) de raízes tuberosas de yacon. Botucatu, UNESP, 1997.
Proteína
M. Graxa
Cinzas
Fibras
Acidez*
pH
4,34
1,66
3,56
3,26
1,28
5,53
Frutose
total**
98,41
Açúcar total
63,18
% de água nas raízes = 85,93%
* Acidez normal em ml/100 g de amostra
** mg.g -1 massa fresca
Figura 3: (A) Cadeia de frutanos do tipo inulina; (B) Identificação dos fruto-oligossacarídeos
nas raízes tuberosas de yacon pela cromatografia líquida de alta resolução (HPLC): (Ht)
amostra padrão de fruto-oligossacarídeos extraídos de Helianthus tuberosus, (X) e (Y) fruto-oligossacarídeos extraídos de raízes tuberosas de Polymnia sonchifolia Poep Endl. recém
colhidas. Vilhena,1997.
LITERATURA CITADA
ASAMI, T.; MINAMISAWA, K.; TSUCHIYA, T.;
KANO, K.; HORI, I.; OHYAMA, T.;
KUBOTA, M.; TSUKIHASHI, T. Flutuation
of oligofructan contents in tuber of yacon
(Polymnia sonchifolia) during growth and
storage. Japanese. Journal of Soil Science and
Plant Nutrition, v. 62, p. 621-7, 1991.
BONUCCELI, F.R. Plantas alimenticias en el
antiguo Peru. Lima, Peru, 1989. 175 p.
8
DIP, M.R.; MACHADO, M.R.; OLIVEIRA,
D.M.T. Estruturas secretoras de órgãos
vegetativos de yacon (Polymnia sonchifolia Asteraceae). In: CONGRESSO LATINO
AMERICANO DE RAÍZES TROPICAIS I e
CONGRESSO BRASILEIRO DE MANDIOCA, São Pedro, 1996.(resumo 25).
FUKAY, K.; MIYAZAKI, S.; NANJO, F.;
HARA,Y. Distribution of carbohydrates and
related enzymes activities in yacon (Polymnia
sonchifolia). Soils Science and Plant
Nutrition, v. 39, p. 567-71, 1993.
GRAU, A.; REA, J. Genetic Resources of yacon
Smallanthus sonchifolius Poepp. & Endl.
p.198-242. In: Heller, J.; Hermman, M.;
Engels, J. Andean roots and tuber genetic
resources. IPGRI - Rome,1997.
KAKIHARA, T.S.; CÂMARA, F.L.A.;
VILHENA, S.M.C.; RIERA, L. Cultivo e industrialização de yacon (Polymnia
sonchifolia): uma experiência brasileira. In:
CONGRESSO LATINO AMERICANO DE
RAÍZES TROPICAIS 1 e CONGRESSO
BRASILEIRO DE MANDIOCA 9, São Pedro,
1996.(resumo 148).
LIZARRAGA, L.; ORTEGA, R.; VARGAS, W.;
VIDAL, A. Cultivo del yacon. Centro Regional de Recursos Genéticos de tuberosas y
raíces, Cusco, Peru. Informe técnico, 1997.
MONTIEL, V.N. El cultivo de yacon. Instituto
Nacional de Investigación Agraria. Lima, Peru.
Boletin técnico n. 35, p. 19, 1996. NATIONAL
RESEARCH COUNCIL. Lost crops of the
incas: little-konwn plants of the Andes with
promise for worldwide cultivation. Washington: Academy Press, 1989. 415 p.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Lost crops
of the incas: little-konwn plants of the Andes
with promise for worldwide cultivation. Washington: Academy Press, 1989. 415 p.
NIETO, C.C. Studios agronomicos y
bromatológicos em “jicama” (Polymnia
sonchifolia Polp. Endl.). Archivos
Lationoamericanos de Nutricion, v. 41 p. 21321, 1991.
OHYAMA, T.; ITO, O.; YASUYOSHI, S.;
IKARASHI, T.; MINAMIZAWA, K.;
KUBOTA, M.; ASAMI, T.; TSUKHASHI, T.
Composition of storage carbohydrate in tuber
of yacon (Polymnia sonchifolia). Soil Science
and Plant Nutrition, v. 36, p. 167-71, 1990.
VILHENA, S.M.C. Efeito da exposição ao sol e
do armazenamento sobre o conteúdo e a composição dos carboidratos de reserva em raízes
tuberosas de” yacon” (Polymnia sonchifolia
Poep. Endl.). Dissertação de mestrado da Faculdade de Ciências Agronômicas/Unesp Botucatu, 63 p. 1997.
VILHENA, S.M.C.; CÂMARA, F.L.A.;
KAKIHARA, S.T. Cultivo e utilización de
yacon (Polymnia sonchifolia Poep Endl.), una
experiencia brasileña. CONGRESO MUNDIAL
DE
PLANTAS
AROMÁTICAS
Y
MEDICINALES PARA EL BIENESTAR DE
LA HUMANIDAD ll. Mendonza, Argentina.
p. 089. 1997.
VILHENA, S.M.C.; CÂMARA, F.L.A. Uses and
cultivation of “yacon”(Polymnia sonchifolia
Poep Endl.) in Brasil. In: INTERNATIONAL
CONGRESS, NEW CROPS AND NEW
USES:
BIODIVERSITY
AND
AGRICULTURAL
SUSTAINABILITY.
Phoenix, Arizona, USA, p. 103, 1998.
ZARDINI, E. Ethnobotanical notes on “yacon”
Polymnia sonchifolia (Astecaceae). Economic
Botany, v. 45, p. 72-85, 1991.
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
pesquisa
MELO, Z. de O.; BUENO, C.R. Desenvolvimento de feijão-macuco em área de várzea. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18. n. 1, p. 9-15, março 2.000.
Desenvolvimento de feijão-macuco em área de várzea.
Zilvanda L. de Oliveira Melo; Carlos Roberto Bueno
INPA, Caixa Postal 478, 69.011-970 Manaus-AM.
RESUMO
ABSTRACT
Entre as espécies tropicais que produzem tubérculos encontrase Pachyrrhizus tuberosus, conhecida popularmente como feijãomacuco ou jacatupé. Objetivou-se avaliar o crescimento da espécie
correlacionando o desenvolvimento de órgãos da planta na fase
vegetativa, de floração, de frutificação e da formação das raízes
tuberosas, bem como avaliar a importância do tutoramento e da eliminação da inflorescência no desenvolvimento da planta e na produção das raízes tuberosas. O estudo foi realizado em área de várzea
do Rio Solimões, no período de agosto de 1993 a maio de 1994,
tendo-se verificado um total de 1.925 mm de chuva, temperatura
média de 26oC e umidade relativa 86,5%. Foi estudado o comportamento de três genótipos (definidos como 1, 2 e 3), submetidos a
quatro formas de manejo: com e sem tutoramento das plantas e com
e sem poda das inflorescências. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso em esquema fatorial 3 x 2 x 2 (respectivamente introduções, tutoramento e retirada das inflorescências).
Foram utilizadas três repetições e as parcelas mediram 15,5 x 25,0
metros. O tratamento tutorado promoveu acúmulo da matéria seca
dos frutos e do caule, resultando em maior peso da matéria seca da
parte aérea. De maneira geral, no tratamento tutorado houve incremento ordenado das partes aérea e subterrânea. As taxas de crescimento dos genótipos estudados apresentaram um mesmo padrão de
desenvolvimento das plantas. Houve tendência das plantas tutoradas
de apresentarem maior crescimento relativo. A poda das
inflorescências promoveu aumento considerável do peso das raízes
tuberosas, chegando a aumentar em até 4,6 vezes, em comparação
com o tratamento com inflorescências. Além de aumentar o peso da
matéria seca das folhas, a poda das inflorescências favoreceu também um aumento nos teores de clorofilas a, b e total, aos 160 dias
após a semeadura. Pelos resultados obtidos nesse trabalho, concluímos que o tutoramento das plantas, associado à remoção das
inflorescências, favoreceu o desenvolvimento do feijão macuco.
Development of yam bean or “Feijão-Macuco” plant in a
floodplain area.
Palavras-chaves: Pachyrrhizus tuberosus, tutoramento, poda de
inflorescência, tuberização, clorofila.
Key Words: Pachyrrhizus tuberosus, staking, inflorescence
pruning, tuberous root formation, chlorophyl.
Pachyrrhizus tuberosus, popularly known as yam bean, (“feijão-macuco” or “jacatupé” in portuguese) is one of the tropical food
plant species bearing edible tuberous roots. The purpose of this study
was to evaluate the plant’s growth, correlating the development of
the plant parts in the vegetative, flowering, fruiting and tuberous
root formation stages, as well as assessing the importance of staking
the plants and pruning the inflorescence in the development of the
plant and in the yield of tuberous roots. The study was carried out in
a Rio Solimões’ floodplain area from August 1993 to May 1994,
with 1,925 mm of rainfall, 26oC average temperature and 86.5%
relative humidity. The behavior of three genotypes, identified as 1,
2 and 3, which were submitted to four kinds of plant management:
with and without staking the plants and with and without pruning
the inflorescences. The experimental design was completely
randomized blocks in a factorial scheme of 3 x 2 x 2 (genotypes,
staking, and inflorescences pruning, respectively) with three
replications. Plots measuring 15.5 x 25.0 m were used. The staking
treatment increased the plant and stems dry matter weight. Usually
there was a steady increase of the above and below ground parts
with staking. Growth rates were similar to all genotypes. Staked
plants showed a tendency to higher relative growth. The pruning of
the inflorescences promoted up to 4.6 fold increase in the tuberous
roots weight. In addition to raising the leaves dry matter weight,
inflorescence pruning also furthered an increase in the a, b and total
chlorophyl grades 160 days after sowing. According to results
obtained, it was concluded that staking plants associated with the
pruning of the inflorescences improved the development of the “feijão-macuco”.
(Aceito para publicação em 02 de fevereiro de 2.000).
P
achyrrhizus tuberosus conhecida
popularmente como feijão-macuco
é uma planta herbácea, trepadeira podendo atingir de 30 centímetros a 3,5
metros de altura, formando uma ou mais
raízes tuberosas, de casca marrom claro
e interior branco. O fruto é um legume,
medindo de 6,5 a 20 cm de comprimento. As raízes representam um alimento
potencialmente importante para os trópicos, notadamente pelo conteúdo de
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
proteínas, que pode alcançar até 9% do
total da matéria seca (Noda et al. 1984;
Sales, 1993).
Na literatura, alguns trabalhos mostram que a prática de determinados tratos culturais podem otimizar ou mesmo
direcionar o desenvolvimento de uma
espécie. Pesquisas de campo mostram
que a desfolha induz alterações fisiometabólicas profundas nas relações fonte-dreno, como por exemplo na síntese
e distribuição de fotoassimilados
(Hanson & West, 1982; Pandey, 1983;
Wilkerson et al., 1984; Pechan &
Morgan, 1985). A remoção das flores,
observada em lentilha (Lens esculenta
L.) três semanas após a antese, em níveis de 25 a 75% reduziu sensivelmente a produção de sementes, porém, essa
redução não foi proporcional ao grau de
remoção (Pandey, 1983). Noda & Kerr
(1983), em um estudo realizado com a
9
Z. de O. Melo & C. R. Bueno
espécie jicama (Pachyrrhizus erosus
(Urban)), onde avaliou-se a produção de
raízes tuberosas em plantas com e sem
tutor e com e sem inflorescência, verificaram que a retirada dos botões florais aumentou em até dez vezes a produção em peso das raízes e, que apesar
dessa espécie ser uma planta trepadeira
com crescimento indeterminado, os dados sugeriam não ser necessário
tutoramento para aumentar a produção
de raízes.
Sinha et al. (1977), ao estudarem
também a espécie jicama, obtiveram
uma correlação negativa entre produção
de raízes e número de vagens por planta. Isso sugere que há migração de
fotoassimilados para as flores, vagens e
sementes, em detrimento da formação
de raízes.
Noda et al. (1984) concluíram que a
combinação tutoramento e retirada das
inflorescências poderia aumentar a produção de raízes tuberosas em até dez
vezes. Por sua vez Alvarenga (1987), em
Campinas, (SP), verificou que, na primavera, a remoção de ramos laterais e
inflorescências, praticadas isoladamente
ou em combinação, não afetou o peso
das raízes, enquanto que no outono,
desfolhas de 33% e 66%, associada à
remoção de inflorescências, propiciou
peso de raízes superior em relação ao
plantio de primavera. Em estudos realizados por Zapeda (1971), os resultados
mostraram que a retirada das
inflorescências em jicama aumentou o
tamanho e o rendimento das raízes, promovendo um incremento de até 114%,
em relação ao tratamento onde as
inflorescências foram mantidas.
Costa (1994), estudando o efeito da
poda da parte aérea e das raízes em
mudas de tomateiro industrial, verificou
que o tratamento sem poda proporcionou maior peso médio dos frutos (83 g)
e maior produtividade (66,0 t/ha).
A importância do conhecimento do
conteúdo de clorofila em folhas baseiase no seu relacionamento com a taxa
fotossintética e o crescimento da planta
(Boardman, 1977; Buttery & Buzzel,
1977; Engel & Poggiani, 1991). O rendimento fotossintético da planta por sua
vez depende de vários fatores internos,
como estrutura da folha, teor de clorofila e acúmulo de produtos da fotossín10
tese dentro dos cloroplastos, além de
fatores externos, como qualidade e
quantidade de luz (Hall & Rao, 1980).
Alvarenga (1987), em estudos realizados com a espécie feijão-macuco,
verificou que o fotoperíodo afetou os
níveis de clorofilas a, b e total dos
folíolos laterais da quinta folha trifoliolada, sem contudo alterar a relação clorofila a:b. Verificou, ainda, que a redução observada nos teores de clorofila
não alterou o ganho de matéria seca das
plantas, apesar de ter aumentado o número de folhas e suas respectivas áreas.
Esse trabalho teve como objetivo: a)
avaliar o crescimento da espécie feijãomacuco, correlacionando o desenvolvimento de órgãos da planta nas fases
vegetativa, de floração, de frutificação
e da formação das raízes tuberosas; b)
avaliar a importância do tutoramento e
da eliminação da inflorescência no desenvolvimento da planta e na produção
de raízes tuberosas.
MATERIAL E MÉTODOS
Este estudo foi desenvolvido na Estação Experimental do Ariau - Município de Iranduba, na margem esquerda do Rio Solimões, utilizando-se três
genótipos da Coleção do Programa de
Melhoramento de Hortaliças do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, identificadas como genótipos 1, 2
e 3, no período de agosto de 1993 a
maio de 1994, tendo-se verificado um
total de 1.925 mm de chuva, temperatura média de 26oC e umidade relativa
de 86,5%.
Foram coletadas amostras de solo (0
a 25 cm de profundidade) no local de
implantação do experimento, para determinação do pH e da fertilidade. Os
resultados obtidos foram: pH em água
= 4,68; fósforo = 53 ppm; potássio =
126 ppm; cálcio = 9,18 me%; magnésio
= 3,37 me%; alumínio = 0,90 me%;
manganês = 88 ppm; zinco = 26 ppm;
ferro = 618 ppm.
A semeadura foi direta no campo,
utilizando-se duas sementes por cova,
em leiras com cerca de 20 cm de altura,
utilizadas para proteger as plântulas na
fase inicial de seu crescimento. O
espaçamento foi de um metro entre linhas e de 0,5 metro entre plantas, e o
delineamento experimental de blocos ao
acaso, em esquema fatorial 3 x 2 x 2
(três introduções, com e sem tutor, com
e sem a retirada das inflorescências),
com três repetições. O tamanho das parcelas foi de 15,5 x 25,0 m.
Durante a fase experimental as plantas apresentaram perfurações no limbo
foliar, notadamente no início de seu desenvolvimento. Detectou-se que o principal ataque era devido a “vaquinhas”,
principalmente dos gêneros Eriopis e
Cerotoma.
Para a identificação de doenças, fezse um levantamento avaliando a ocorrência das mesmas sobre as plantas e o
nível de danos causados pelos
patógenos. Observou-se que os principais problemas foram: ferrugem, causada por Fhakospsora pachyrhizi, observada em 100% das plantas;
antracnose, causada por Colletotrichum
sp, ocorrendo em folhas e vagens; virose (mosaico) e murcha, causada por
Sclerotium spp.
O tutoramento das plantas teve início quando as mesmas apresentavam o
seu terceiro par de folhas trifolioladas,
usando como tutor varas de madeira.
A poda das inflorescências foi realizada semanalmente, quando as mesmas
encontravam-se na fase de botão floral, tendo iniciado aos 70 dias após a
semeadura.
Durante o desenvolvimento das
plantas foram realizadas avaliações
mensais do crescimento, até 175 dias
após o plantio. A cada coleta realizouse um sorteio de três plantas por parcela, de modo que, para cada característica avaliada, calculou-se a média aritmética de três repetições, totalizando 36
plantas por bloco. As plantas foram arrancadas do solo com o auxílio de uma
enxada, tomando-se o cuidado para não
danificar o sistema radicular e a seguir,
colocadas em sacos plásticos,
etiquetadas por tratamento, colocadas
em caixas de isopor contendo gelo e
transportadas para o laboratório.
Antes de se iniciar as medições, as
plantas foram cuidadosamente lavadas,
secas e suas raízes tuberosas escovadas para a remoção de qualquer resíduo de solo.
Foi feita a contagem do número de
folhas por planta e a medida da área
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
Desenvolvimento de feijão macuco em área de várzea.
foliar foi realizada com o auxílio do aparelho portátil LICOR LI 3.000. Para a
determinação da biomassa dividiu-se a
planta por partes (folhas, caule, flores,
vagens, sementes e raízes). Cada uma
dessas partes foi colocada em sacos de
papel e levada a estufa a 80°C com circulação forçada de ar, até se obter peso
constante. Após a secagem, obteve-se o
peso da matéria seca, utilizando-se uma
balança analítica modelo METTLER
H35 AR. O desenvolvimento das raízes
tuberosas foi avaliado através do peso da
matéria fresca e da matéria seca acumulada. A razão de área foliar foi determinada por meio da relação RAF = AFE x
RPF, onde RAF é razão de área foliar;
AFE área foliar específica e RPF razão
do peso foliar, expresso em cm2/g/dia,
segundo Benincasa (1986). A taxa de
crescimento relativo foi avaliada considerando as diferenças de matéria seca
acumulada em um período de trinta dias
ao longo do desenvolvimento das plantas, sendo que na última coleta o intervalo foi reduzido para quinze dias, devido
à cheia do rio Solimões. A equação utilizada para o cálculo da taxa de crescimento relativo foi: TCR = 1nP2-1n P1/T2-T1 ,
expressa em g.g-1.dia (Magalhães, 1985)
onde: P2 e P1 são pesos da matéria seca
acumulada nos tempos T2 e T1.
Para obtenção dos teores de clorofilas a, b e total, foi selecionada a quinta
folha trifoliolada. Para compor uma
amostra, fez-se a homogeneização de três
amostras provenientes de um mesmo tratamento. A seguir, retiraram-se seis discos foliares de 0,72 cm, evitando-se a
borda e a nervura central das folhas. Os
discos foram pesados e macerados em
acetona 80%, com adição de MgCO3, a
fim de evitar a feofitinização (Steffens
Tabela 1. Número de folhas por planta de feijão-macuco em diferentes estádios de desenvolvimento. Manaus, INPA, 1996.
Tratamento
Com tutor
Sem tutor
DMS
40
12,4 b
15,2a
2,16
dias após a semeadura
70
100
130
160
12,6
28,6
34,6
47,3
12,3
25,1
36,3
48,2
-
175
36,7
45,9
-
Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre si a 5% pelo
teste de Tukey.
et al., 1976) e centrifugados a 2.500 rpm
durante dez minutos. As absorbâncias dos
extratos cetônicos foram determinadas
em espectrofotômetro, a 645 nm e 663
nm e os cálculos das concentrações de
clorofilas a, b e total foram realizados
com base nos coeficientes de Arnon
(1949), expressos em miligramas por
grama de material fresco:
clorofila a = (12,7 x DO663 - 2,69 x
DO 645) x V/1.000 x W;
clorofila b = (22,9 x DO645 - 4,68 x
DO 663) x V/1.000 x W;
clorofila total = (20,2 x DO645 +
8,02 x DO663) x V/1.000 x W;
onde: V = volume da amostra em
mililitros; W = peso da amostra em gramas; DO = densidade ótica.
Para a análise dos dados utilizou-se
o programa estatístico SAS (SAS, 1989).
Na avaliação dos dados foi realizada análise de variância pelo teste F e comparação das médias pelo teste de Tukey, a 5%
de probabilidade (Gomes, 1977).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Parte aérea e sistema radicular
A análise estatística mostrou que a
área foliar e a razão de área foliar não
apresentaram diferenças significativas
em nenhum dos tratamentos estudados
e suas interações. Isso significa que tanto
os genótipos como o manejo adotados
não proporcionaram aumento foliar,
apesar de ter sido eliminado na planta
um dreno de fotoassimilados, que é a
inflorescência. Nesse caso, outra parte
da planta foi beneficiada com a alteração desse dreno metabólico.
Observou-se que apenas aos 40 dias
as plantas não tutoradas apresentaram
médias mais elevadas referentes ao número de folhas, quando comparadas
com aquelas tutoradas (Tabela 1), mostrando que a diferença foi observada
apenas no início do crescimento
vegetativo e posteriormente as plantas
cresceram de forma equilibrada, atingindo valores semelhantes.
Referente ao peso de matéria seca
acumulada na parte aérea (Tabela 2),
foram observadas diferenças significativas aos 160 dias para o caule e total,
sendo o tratamento tutorado aquele que
resultou em maior crescimento. As folhas não mostraram diferenças, enquanto que o caule sim, o que resultou em
maior peso total da parte aérea. O aumento do peso da matéria seca do caule
160 dias nas plantas submetidas ao
Tabela 2. Peso de matéria seca da folha, caule e parte aérea de plantas de feijão-macuco em diferentes dias após semeadura e formas de
manejo. Manaus, INPA, 1996.
Tratamento
40
Com tutor
2,2
Folha (g)
Caule (g)
Parte Aérea (g)
(dias após a semeadura)
(dias após a semeadura)
(dias após a semeadura)
70
100
130
160
175
3,9 10,8 15,5 22,6
20,6
40
0,5
70
3,2
100
130
160
175
7,7 16,9 34,6a 38,4
40
2,6
70
100
130
160
Sem tutor
2,8
3,7
8,4 11,6 17,8
20,3
0,5
3,0
7,3 10,8 20,1b 36,9
3,3
6,5 16,3 24,4 41,4b
Com infl.
2,3
4,5
9,6 13,0 16,7 16,0b
0,4
3,4
8,3 14,0
2,8
7,6 17,6 31,7
Sem infl.
2,7
3,1
9,7
DMS (tutor)
-
-
-
14,1 23,7 25,0a
-
-
DMS (inflor)
-
-
-
-
-
5,63
25,7 32,2
29,0 42,9
175
7,0 18,0 36,7 83,6a 101,4
79,4
69,0 105,8
0,6
2,8
6,7 13,7
3,2
5,9 16,8 29,4
-
-
-
-
13,92
-
-
-
-
-
39,38
56,1
76,4
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem significativamente entre si a 5% pelo teste de Tukey
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
11
Z. de O. Melo & C. R. Bueno
Tabela 3. Peso de matéria seca das raízes, parte aérea e total, em três genótipos de feijão-macuco, obtidos em diferentes dias após a
semeadura e formas de manejo. Iranduba, INPA, 1996.
Raízes (g)
Tratamento
(dias após a semeadura)
40
Com tutor
Parte Aérea(g)
70
100
130
160
Total (g)
(dias após a semeadura)
175
0,1 1,4b
5,2
7,9
25,1
32,8
7,7
18,9
40
2,6
70
100
130
160
(dias após a semeadura)
175
40
7,0 18,0 36,7 83,6a 101,4
2,9
70
100
130
160
175
8,6 21,2 43,4 105,3a 128,6
Sem tutor
0,4 2,0a
8,5
28,0
3,3
6,5 16,3 24,4 41,4b
79,4
3,6
8,4 25,9 31,3
Com infl.
0,3
1,9
7,1 6,0b 10,4b 16,5b
2,8
7,6 17,6 31,7
69,0 105,8
3,1
9,6 24,0 37,2
79,5 117,4
Sem infl.
0,3
1,5
6,4 9,6a 33,5a 44,6a
3,2
5,9 16,8 29,4
56,1
3,5
7,5
83,5 121,2
DMS (tutor)
-
0,46
-
-
DMS (inflor)
-
-
-
3,12
9,64
12,01
76,4
23,1 37,5
-
-
-
-
39,38
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
57,5b 108,8
43,40
-
-
Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem significativamente entre si a 5% pelo teste de Tukey.
tutoramento, permitiu melhor distribuição e disposição das folhas, promovendo melhor interceptação relativa da luz
solar do que nas plantas não tutoradas.
Portanto, o tutoramento pode favorecer
o crescimento em extensão do caule, decorrente da expansão dos primórdios
foliares, do aumento de nós formados e
do alongamento dos entrenós. Este último exige um suprimento contínuo de
produtos fotossintetizados (Whatley &
Whatley 1982). Com relação à disposição das folhas, Mota (1979) ressalta que
a fotossíntese, nas folhas com inclinação
ótima, aumenta linearmente com a luz e
que, para o uso eficiente da luz solar, a
inclinação ótima deve ser de 81°, ou seja,
uma posição mais ou menos ereta.
Aos 175 dias, o peso de matéria seca
das folhas, para o tratamento com retirada das inflorescências, mostrou valor
superior. Segundo Verkleyj & Challa
(1988), durante o crescimento, os
fotoassimilados produzidos nas folhas
(fonte) podem ser utilizados parcial ou
temporariamente no crescimento da
planta e/ou armazenados sob a forma de
amido e açúcares, assim como podem
ser exportados para outros órgãos. Tais
substâncias podem acumular-se nas folhas, formando material não fotossintetizante, resultando, portanto, num
maior acúmulo de matéria seca. Com a
retirada das inflorescências, as raízes
tuberosas passam a ser o principal dreno metabólico, e as folhas passam a exportar os fotoassimilados para a formação e desenvolvimento dessas raízes.
As plantas não tutoradas apresentaram, 70 dias após o plantio, peso de
matéria seca das raízes superior ao das
plantas submetidas ao tutoramento
12
Figura 1. Peso da matéria seca acumulada na parte aérea (PA), raízes (PR) e total (PT) em
plantas de feijão macuco tutoradas, com e sem inflorescências (CI e SI). Iranduba - AM,
INPA, 1996.
(Tabela 3). Com relação aos demais períodos, o peso de matéria seca das raízes
não foi influenciado pelo tutoramento.
Esses resultados parecem indicar, que
como as plantas começaram o processo
de tuberização por volta dos 70 dias e
que, em algumas plantas esse processo
foi mais precoce do que em outras, essa
desuniformidade pode ter ocasionado
diferenças estatísticas em favor do tratamento sem tutoramento. Com relação
aos demais períodos, não foram observadas diferenças significativas no peso
de raízes, nas plantas submetidas ou não
ao tutoramento. Verificou-se que, aos
130, 160 e 175 dias após a semeadura,
no tratamento com poda de inflorescência o peso de raízes foi superior.
Vários autores (Zapeda, 1971;
Meyer et al., 1973; Noda, 1979; Noda
& Kerr, 1983; Noda et al., 1984), mencionam que a prática da retirada das
inflorescências proporciona um aumento considerável na produção de raízes
tuberosas. Zapeda (1971), trabalhando
com jicama, relata a necessidade dessa
prática para duplicar o rendimento das
raízes em termos de tamanho e peso.
Meyer et al. (1973) mencionam que, em
geral a remoção das flores, frutos ou
gomos em desenvolvimento favorece o
crescimento radicular, podendo causar
um decréscimo na razão caule-raiz.
A Tabela 3 mostra que o aumento
do peso da matéria seca das raízes ocorreu quando as inflorescências foram retiradas das plantas (a poda teve inicio
aos 70 dias após o plantio). A poda das
inflorescências possibilitou a transferência preferencialmente de fotoassimilados para as raízes (maior dreno
metabólico), resultando consequentemente, no aumento do peso da matéria
seca. No final do ensaio, aos 175 dias
após o plantio, as plantas tutoradas e
com poda das inflorescências produziram cerca de 4,6 vezes mais raízes
tuberosas do que o tratamento sem tutor e com inflorescências (Figura 1).
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
Desenvolvimento de feijão macuco em área de várzea.
Com relação ao peso da matéria seca
da parte aérea, o maior acúmulo ocorreu
nas plantas submetidas ao tratamento
com tutor, 160 dias após a semeadura.
Para os demais períodos, não se verificou diferenças estatísticas. Os tratamentos com e sem inflorescências não influenciaram no peso da matéria seca da parte
aérea em todos os períodos analisados.
Os dados do peso de matéria seca
acumulada na parte aérea, raízes e total
em plantas de feijão-macuco com tutor
e sem tutor são mostrados nas Figuras 1
e 2, respectivamente.
Com relação à retirada das inflorescências, observou-se que o peso da matéria seca das raízes foi significativamente superior nos tratamentos sem inflorescências que naqueles com inflorescências. Este resultado mostrou que os
fotoassimilados que seriam utilizados
para a formação das flores e posteriormente para vagens e sementes foram
carreados para o sistema radicular, promovendo maior produção de raízes. Nas
plantas submetidas ao tutoramento, a produção de raízes foi ainda mais evidente
do que nas plantas não tutoradas. Isso se
deve a uma melhor penetração e distribuição de luz solar por entre as folhas,
facilitado pelo crescimento mais ordenado das plantas, conduzidas pelo tutor.
Não foram observadas diferenças entre
os genótipos utilizados.
Comparando-se a matéria seca nas
raízes e na parte aérea (Figuras 1 e 2),
observou-se que as plantas submetidas
ao tratamento com tutoramento apresentaram um acúmulo de matéria seca da
parte aérea e total superior aos das plantas não tutoradas. Observou-se ainda que
as plantas, a partir de 120 dias após semeadura apresentaram tanto nos tratamentos com tutor e sem tutor, um aumento progressivo no crescimento, chegando a 175 dias após o plantio ao pleno desenvolvimento. Estes resultados
parecem indicar que na época da última
coleta, aos 175 dias após o plantio, as
plantas ainda encontravam-se acumulando matéria seca e portanto em condições de desenvolvimento, podendo o
ensaio ter sido prolongado por um período maior. Observou-se também que as
plantas cultivadas com inflorescências
tiveram um maior acúmulo de matéria
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
Figura 2. Peso da matéria seca acumulada na parte aérea (PA), raízes (PR) e total (PT) em
plantas de feijão macuco sem tutor, com e sem inflorescências (CI e SI). Iranduba - AM,
INPA, 1996.
seca da parte aérea, independente de terem sido ou não tutoradas. Quanto ao
peso de matéria seca total, as plantas
tutoradas apresentaram maior acúmulo
quando submetidas ao tratamento sem
inflorescências.
Taxas de crescimento relativo
Os genótipos estudados apresentaram uma tendência de taxa de crescimento relativo dentro de um mesmo
padrão ao longo do seu desenvolvimento, em todos os períodos avaliados (Figura 3) .Observou-se também que nos
genótipos 1 e 3 ocorreu um decréscimo
na taxa de crescimento relativo das
raízes no intervalo de tempo de 40-70
dias. Coincidentemente nesse período as
raízes iniciaram a tuberização e, provavelmente, o processo não foi uniforme.
Outro fator que pode ter contribuído
para esse decréscimo foi que neste mesmo período as plantas sofreram grande
ataque de vaquinhas e as folhas ficaram
danificadas, prejudicando o processo de
fotossíntese,
a
formação
de
fotoassimilados e, consequentemente, a
tuberização. No intervalo de tempo de
70-100 dias, época em que as plantas
estavam iniciando a floração, ocorreu
decréscimo na taxa de crescimento dos
frutos (considerados aqui a soma dos
valores de flores, vagens e sementes),
nos três genótipos estudados. Isto devese ao fato de que neste mesmo período
também iniciou-se a tuberização.
Houve uma tendência das plantas
tutoradas a apresentarem um maior crescimento relativo da raiz, caule, folha e
fruto (Figura 3). Verificou-se que houve uma maior taxa de crescimento relativo da raiz nas plantas que foram simultaneamente tutoradas e desprovidas
de inflorescências, reforçando os dados
já discutidos de um crescimento mais
ordenado nas plantas tutoradas. Verificou-se, ainda, um aumento acelerado na
taxa de crescimento relativo do fruto a
partir de 130 dias até 175 dias após a
semeadura. Esse período também coincidiu com um aumento da área foliar.
Estes dados confirmam os resultados encontrados por Alvarenga (1987), trabalhando com feijão-macuco que verificou aumentos na produção de vagens e
sementes, coincidentes com o melhor
desenvolvimento foliar.
Teores de clorofilas
O conteúdo de clorofilas em uma
planta está diretamente relacionado com
a capacidade de realizar a fotossíntese,
cujo resultado ou produto final é o desenvolvimento do vegetal. Observou-se
que 160 dias após a semeadura os teores de clorofilas obtidos em plantas onde
as inflorescências foram removidas,
apresentaram valores estatisticamente
superiores ao tratamento sem poda (Tabela 4). Observou-se que os teores de
clorofila a, 160 dias após o plantio, apresentaram diferenças significativas, em
13
Taxa de crescimento relativo (g/g.dia)
Taxa de crescimento relativo (g/g.dia)
Taxa de crescimento relativo (g/g.dia)
Z. de O. Melo & C. R. Bueno
Figura 3. Taxa de crescimento relativo de três introduções de feijão macuco, em função do
tempo. Iranduba - AM, INPA, 1996.
função dos tratamentos com ou sem
inflorescências. Analisando-se os teores
de clorofila b, verificou-se que apenas
no período de 160 dias, ocorreram diferenças significativas quanto a forma de
manejo. Os tratamentos sem inflorescências mostraram-se superiores e com diferenças significativas no teste F ao ní14
vel de 5% e 1% de probabilidade nos teores de clorofilas a e b, respectivamente.
Com relação a clorofila total, os valores do teste F, em função das formas
de manejo foram não significativos,
quando avaliados nos períodos de 40,
100 e 130 dias após semeadura. Observou-se ainda que no tratamento com
manejo das inflorescências, foram encontradas diferenças pelo teste F, nos
períodos de 70 e 160 dias (Tabela 4).
São escassas as informações sobre
os efeitos fisiológicos da remoção das
inflorescências sobre a tuberização e o
conteúdo de clorofilas. Supõe-se que,
com a retirada das inflorescências, seria eliminado um forte dreno metabólico, que é a floração e a formação de
vagens e sementes. Com essa alteração,
a planta passaria a deslocar maior quantidade de assimilados para a formação
de raízes tuberosas e para o seu crescimento vegetativo, apresentando maior
vigor e provável acúmulo de clorofilas
nas folhas.
Os resultados obtidos neste trabalho,
dentro das condições desenvolvidas,
permitem concluir que:
A última coleta foi realizada aos 175
dias após a semeadura, quando as plantas ainda apresentavam incrementos de
matéria seca nas diferentes partes, encontrando-se portanto em pleno desenvolvimento, indicando que seria viável
permanecer por mais tempo no campo
e provavelmente aumentar a produção
de raízes. As plantas tutoradas apresentaram, de maneira geral, tendência a um
desenvolvimento mais organizado, resultando num incremento ordenado das
partes aérea e subterrânea, promovendo um maior rendimento das raízes. O
tutoramento das plantas resultou em
aumento do peso de matéria seca acumulada nos frutos, apesar de os mesmos
não serem comestíveis e no momento
utilizados apenas para a multiplicação
das plantas. As taxas de crescimento de
todos os genótipos apresentaram o mesmo padrão ao longo do desenvolvimento das plantas, considerando o período
estudado. Observou-se uma tendência
das plantas tutoradas a apresentarem
uma maior taxa de crescimento relativo, indicando um maior acúmulo no
peso da matéria seca, ou seja, maior
crescimento. A remoção das
inflorescências aumentou o peso de
matéria seca acumulada das folhas, bem
como a produção de raízes tuberosas,
que associada ao tutoramento, produziu
4,6 vezes a mais, em peso, que o tratamento com inflorescências, sendo portanto recomendada essa prática cultural.
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
Desenvolvimento de feijão macuco em área de várzea.
Tabela 4. Teores de clorofilas a, b e total em plantas de feijão macuco, obtidas em diferentes períodos após semeadura, em função da poda
de inflorescências. Iranduba, INPA, 1996.
Clorofila a (mg/g MF)
(DAS)
Tratamento
40
70
Com infl.
1,86
1,29
Sem infl.
1,98
DMS
-
100
130
Clorofila b (mg/g MF)
(DAS)
160
40
160
40
1,51
1,53
1,38b
0,66
-
0,06
0,55
0,46b
2,56
1,29a
1,56
2,16
1,84b
1,18
1,51
1,63
1,67a
0,69
-
0,05
0,54
0,55a
2,56
1,12b
1,55
2,16
2,17a
-
-
-
-
-
-
-
-
-
0,23
70
100
130
Clorofila total (mg/g MF)
(DAS)
0,07
-
70
0,16
100
130
160
0,28
Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem significativamente entre si a 5% pelo teste de Tukey.
LITERATURA CITADA
ALVARENGA, A.A. Estudos de alguns aspectos
do desenvolvimento do feijão jacatupé
(Pachyrrhizus tuberosus (Lam) Spreng). Campinas: Universidade Estadual de Campinas,
1987. 174 p. (Tese doutorado).
ARNON, D.I. Copper enzymes in isolated
chloroplasts. Polyphenoloxidase in Beta
vulgaris. Plant Physiology, v. 24, n. 1, p. 1-5,
Jan. 1949.
BENINCASA, M.M.P. Análise de crescimento de
plantas (noções básicas). São Paulo: Universidade Estadual Paulista, 1986. 41 p.
BOARDMAN, N.K. Comparative photosynthesis
of sun and shade plants. Annual Review of
Plant Physiology, v. 28, p. 355-377, 1977.
BUTTERY, B.R.; BUZZELL, R.I. The
relationship between chlorophyll content and
rate of photosynthesis in soybeans. Canadian
Journal of Plant Science, v. 57, n. 1, p. 1-5,
1977.
COSTA, N. D. Avaliação do efeito da poda da
parte aérea e raízes em mudas de tomateiro
industrial. In: RESUMOS DO CONGRESSO
BRASILEIRO DE OLERICULTURA,
XXXIV., 1984, Resumos... Brasília:
Horticultura Brasileira, 1984. n. 12, v. 1, p.
77.
ENGEL, V.L.; POGGIANI, F. Estudo da concentração de clorofila nas folhas e seu espectro de
absorção de luz em função do sombreamento
em mudas de quatro espécies florestais nativas. Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal,
Brasília, v. 3, n. 1, p. 39-45, 1991.
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
GOMES, F.P. Curso de estatística experimental.
São Paulo, Livraria Nobel S. A., 1977. 430 p.
HANSON, W.D.; WEST, D.R. Source-sink
relationships in soybeans. I. Effects of source
manipulation during vegetative growth on dry
matter distribution. Crop Science, v. 22, n. 2,
p. 372-376, 1982.
HALL, D.O.; RAO, K.K. Fotossíntese. São Paulo: E.P.D./ EDUSP, 1980. 89 p.
MAGALHÃES, A.C.N. Análise quantitativa do
crescimento. In: FERRI, M. G. Ferri coord.
Fisiologia Vegetal 1. São Paulo: EPU, 1985.
p.
MEYER, B.S.; ANDERSON, D.B.; BOHNING,
R.H. Introdução à fisiologia vegetal. Lisboa:
Fundação Calouste Gulbenkian, 1973. 564 p.
MOTA, F.S. Meteorologia agrícola. São Paulo:
Livraria Nobel S.A., 1979. 376 p.
NODA, H. Potencialidade da cultura do feijãomacuco (Pachyrrhizus tuberosus) In: Von der
Pahlen A.; Kerr W.E.; Paiva de O.W.; Rahman
F.; Yuyama K.; Von der Pahlen E.; Noda H.
eds. Introdução à horticultura e fruticultura
no Amazonas. Manaus: CNPq/ INPA/
SUFRAMA, 1979. p. 58 - 65.
NODA, H.; KERR, W.E. The effects of staking
and inflorescence pruning on the root
production of yam bean (Pachyrrhizus erosus
Urban). Tropical Grain Legume Bulletin, n. 27,
p. 35-37, 1983.
NODA, H.; PAIVA, W.O.; BUENO, C.R. Hortaliças da Amazônia. Ciência Hoje, v. 3, n. 13,
p. 32-37, Julho/Agosto 1984.
PANDEY, R.K. Effects of leaf and flower removal
on seed yield of lentil (Lens esculenta L.).
Journal of Agricultural Science, v. 100, p. 493503, 1983.
PECHAN, P.A. ; MORGAN, D.G. Defoliation and
its effects on pod and seed development in vil
seed rape (Brassica napus L.). Journal of Experimental Botany, v. 36, n. 164, p. 458-468,
1985.
SALES, A.M. Dados bioquímicos de
Pachyrrhizus tuberosus e P. erosus. ITAL,
Campinas (mimeografado), 1993. 03 p.
SAS/STAT. User, s guide, release ed. 6.04 Cary,
NC SAS Institute Inc 1, 1989. 843 p.
SINHA, R.P.; PRAKASH, R.; HAQUE, Md F.
Genotypic and phenotypic correlation studies
in yam bean (Pachyrrhizus erosus Urban). Tropical Grain and Legume Bulletin, v.7, p.2425, 1977.
STEFFENS, D.P.; BLOS, J.; SCHOCH, S.;
RUGIGER, W. Lichtabhaengigkeit der
phytolakkumulation. Ein Beitrag zur Frage der
Chlorophyll biosynthese. Planta, v. 130, p.
151-158, 1976.
VERKLEIJ, F.N.; CHALLA, H. Diurnal export
and carbon economy in an expanding source
leaf of cucumber at contrasting source and sink
temperature. Physiologia Plantarum, v.74, p.
284- 293, 1988.
WHATLEY, J.M. ; WHATLEY, F.R. A luz e vida
das plantas. São Paulo: E.P.D./EDUSP, 1982.
101 p.
WILKERSON, G.G.; JONNES, J.W.; POE, S.L.
Effects of the defoliation on peanut plant
growth. Crop Science, v. 24, n. 3, p. 531- 536,
1984.
ZAPEDA, A.H. Efecto de desfloracion de la
jicama (Pachyrrhizus erosus) sobre el
rendimiento. American Society for
Horticultural Science, v. 15, p. 18-24, 1971.
15
OLIVEIRA, C.A.S.; MAROUELLI, W.A.; SANTOS, J.R.M.; BOITEUX, L.S. Produção de escleródios de Sclerotinia sclerotiorum e severidade de oídio em
cultivares de ervilha sob diferentes lâminas de irrigação. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 1, p. 16-20, março 1999.
Produção de escleródios de Sclerotinia sclerotiorum e severidade de oídio
em cultivares de ervilha sob diferentes lâminas de água.
Carlos Alberto da S. Oliveira; Waldir Aparecido Marouelli; Jorge Roland M. dos Santos; Leonardo S.
Boiteux
Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70.359-970 Brasília - DF.
RESUMO
ABSTRACT
Foi estudado o efeito de lâminas de água sobre o número de
escleródios produzidos por Sclerotinia sclerotiorum, a severidade
de oídio causada por Erysiphe pisi e a produção de matéria seca da
parte aérea em ervilha (Pisum sativum L.) sob condições de solo e
clima do Brasil Central. O delineamento experimental foi de blocos
ao acaso, com parcelas subdivididas e quatro repetições. As lâminas
de água, aplicadas através de uma única linha de aspersão, variaram
entre 125 e 499 mm. As cultivares estudadas foram Maria, Luíza,
Marina, Mikado, Triofin, Viçosa, Amélia e Kodama. A matéria seca
da parte aérea das plantas não variou entre as cultivares, mas aumentou com a lâmina total de água aplicada. O número de escleródios
produzidos nas plantas aumentou significativamente com o aumento da lâmina de água aplicada e não diferiu entre cultivares semiáfilas e cultivares de folhas normais. As cultivares Marina, Mikado
e Luíza mostraram uma produção de escleródios significativamente
inferior à observada na cultivar Triofin. Lâmina de água e cultivar
interagiram significativamente para severidade de oídio avaliada aos
70 dias após o plantio. O aumento da lâmina de água total aplicada
na cultura reduziu a severidade de oídio nas cultivares suscetíveis
Amélia e Mikado. As cultivares Maria e Marina apresentaram potencial de serem utilizadas em áreas com problemas de Sclerotinia.
Sclerotia of Sclerotinia sclerotiorum production and powdery
mildew severity in pea cultivars under different water depths.
Palavras-chave: Pisum sativum L., Erysiphe pisi, manejo da
irrigação, doença, controle.
Keywords: Pisum sativum L., Erysiphe pisi, irrigation
management, disease, control.
The effect of water depth on the number of sclerotia produced
by Sclerotinia sclerotiorum, oidium severity caused by Erysiphe pisi,
and top plant dry matter of dry pea (Pisum sativum L.) was studied
under soil and climate conditions of Central Brazil. It was used a
randomized complete block design with four replications (cultivar
as a factor and a split plot on water depth). Water depths, applied
through a single irrigation sprinkler line, varied from 125 to 499
mm, and the cultivars studied were Maria, Luiza, Marina, Mikado,
Triofin, Viçosa, Amélia and Kodama. Top plant dry matter did not
vary among cultivars; however, it increased with total water depth
applied. Number of sclerotia produced in infected plants increased
significantly as water applied increased and did not differ for semileafless and normal leaf cultivars. Cultivars Marina, Mikado and
Luiza showed a significant reduced number of sclerotia in comparison
with cv. Triofin. Water depth and cultivar interacted significantly
for oidium severity evalueted 70 days after planting. Increasing water
depth applied to the crop reduced oidium severity on the susceptible
cultivars Amélia and Mikado. Cultivars Maria and Marina showed
good potential for use in areas infected with Sclerotinia.
(Aceito para publicação em 02 de dezembro de 1999).
O
Brasil, por vários anos, importou
praticamente toda a ervilha (Pisum
sativum L.) necessária para suprir a demanda das indústrias de processamento.
Entretanto, entre 1977 e 1987, o país se
mostrou com potencial para tornar-se
exportador, em razão da rápida expansão da área cultivada no Brasil Central.
Esta região é caracterizada por inverno
seco, com baixa umidade relativa do ar
e temperatura amena. Tais condições são
adequadas à produção de sementes de
alta qualidade fisiológica (Andreoli,
1979), reduzem o perigo da ocorrência
de doenças (Oliveira, 1965) e exigem o
cultivo sob irrigação.
A irrigação é uma das práticas que
mais favorece o aumento da produtividade da cultura de ervilha (Haddock &
Linton, 1957; Hawthorn & Polland, 1966,
16
Marouelli et al., 1991, Chauhan, et al.,
1992), tornando-se por isso uma prática
indispensável. Em regiões com distribuição irregular de chuvas é possível obter
razoáveis produções, sem irrigação desde
que as plantas não sejam submetidas a
severo déficit hídrico por ocasião do
florescimento e do enchimento das vagens
(Salter, 1962; Salter, 1963; Salter &
Willians, 1967; Behl et al., 1968), principalmente por ocasião do enchimento das
vagens (Miller et al., 1977).
Apesar do sucesso que a cultura da
ervilha obteve no Brasil Central, há escassez de informações relacionadas ao
desempenho de novas cultivares plantadas no país, diante das múltiplas
interações água-solo-planta-doença,
principalmente aquelas relacionadas à
doenças de solo e de folha.
Entre as principais doenças que atacam a lavoura de ervilha no Brasil Central está a podridão-de-esclerotínia, causada pelo fungo
Sclerotinia
sclerotiorum, relatada como doença de
solo e causadora de grandes danos a diversas lavouras na região de Cerrados
(Café Filho, 1985). Os danos podem ser
diretos, com morte de plantas e redução
da produção, mas o maior problema reside na inviabilização de áreas para novos plantios, pois o fungo permanece no
solo por muitos anos, não existindo
métodos eficazes para a sua erradicação
(Café Filho, 1985; Santos et al., 1993).
A alta multiplicação e disseminação
deste fungo pode se tornar um dos fatores limitantes à produção de ervilha para
grãos nas regiões produtoras do país
(Santos & Reifschneider, 1990), ainda
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
Escleródios oídio em ervilha sob diferentes lâminas de água.
mais porque não há cultivares resistentes a este patógeno.
A arquitetura da planta de ervilha e
as altas densidades de plantio, aliadas a
outros fatores, podem ajudar a criar um
microclima mais ou menos favorável à
podridão-de-esclerotínia. Em feijão,
plantas com arquitetura significativamente mais densa, devido à maior quantidade e proximidade de folhas, mostraram-se com maior incidência da doença (Schwartz & Gaves, 1980). Tal fato
sugere que cultivares áfilas ou semiáfilas de ervilha podem apresentar menores níveis de severidade dessa doença (Santos, 1990).
Outra doença de importância na cultura de ervilha na região do Planalto
Central é a doença de folha causada por
oídio (Erisiphe pisi), considerada
endêmica (Santos et al., 1990) e que
apresenta diversas cultivares suscetíveis
a essa doença. O fungo reduz a biomassa
vegetal podendo promover perdas acima de 50% na produção (Café Filho et
al., 1988). O efeito favorável da chuva,
do orvalho e da irrigação por aspersão
no desenvolvimento do oídio foi relatado por Yarwood (1957). Por outro lado,
a incidência de oídio decresceu durante
o período de chuvas (Schnathorst,
1965), sugerindo um possível efeito de
remoção ou lavagem de esporos de oídio
pela ação mecânica da água da chuva
ou da irrigação sobre as partes infectadas
da planta. Trabalhos mais recentes não
foram encontrados na literatura tratando sobre a interação entre água e doenças causadas por esclerotinia e oídio, em
especial, para condições tropicais.
Este trabalho teve por objetivo avaliar o desempenho da biomassa aérea de
oito cultivares de ervilha, incluindo duas
semi-áfilas, e quantificar a produção de
escleródios de Sclerotinia sclerotiorum
e a severidade de oídio nestas cultivares, quando submetidas a diferentes níveis de água no solo.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no campo experimental da Embrapa Hortaliças,
em Brasília (DF), em Latossolo Vermelho-Escuro, fase cerrado e textura argilosa, em uma área infestada naturalmente por S. sclerotiorum e conduzido duHortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
rante a época fria e seca do ano que vai
de abril a setembro.
As práticas culturais adotadas foram
as recomendadas pela Embrapa Hortaliças (Giordano et al., 1984). Foram estudadas as cultivares de ervilha Maria,
Luíza, Marina, Mikado, Triofin, Viçosa, Amélia e Kodama. Todas as cultivares têm características de adaptação a
regiões tropicais e apresentam ciclo entre 100 e 120 dias. As cultivares Amélia
e Kodama são semi-áfilas; Amélia e
Mikado são consideradas suscetíveis ao
oídio (Giordano et al., 1988) e as demais resistentes.
O delineamento experimental foi de
blocos ao acaso, com parcelas subdivididas e quatro repetições. A área total
de cada subparcela foi de 24 m² sendo a
área útil de 8 m² (4,0 x 2,0 m). O
espaçamento entre linhas de plantio foi
de 17 cm sendo distribuídas cerca de 35
sementes por metro linear.
Ao contrário de Hanks et al. (1980),
que considerou cultivar como parcela
principal e nível de irrigação como
subparcela, os tratamentos deste experimento consistiram da combinação de
seis níveis de água correspondendo a
499, 415, 331, 259, 197 e 176 mm (obtidos até 107 dias após o plantio e dos
quais 124 mm são provenientes de chuvas), localizados nas parcelas principais,
com as oito cultivares localizadas nas
subparcelas. Uma única linha de aspersores foi utilizada para todo o experimento, conforme metodologia proposta por
Hanks et al. (1980), para obter os seis
níveis de água. Os aspersores foram espaçados de 6 m entre si e proporcionaram um raio molhado médio de 13 m.
A lâmina de água aplicada foi medida por meio de coletores (latas de óleo
de um litro) em cada tratamento de irrigação, dispostos em apenas um lado da
linha de aspersão. Para possibilitar a germinação adequada em todas as parcelas,
até a época de início dos tratamentos, foi
aplicada a lâmina de água de 50 mm pelo
sistema de aspersão convencional.
A partir dos resultados de Marouelli
et al. (1991), a freqüência de irrigação
foi determinada com base na leitura
média (quatro repetições) de tensiômetros em cada subparcela do tratamento de irrigação mais próximo da linha
de aspersores, considerando-se a tensão
de 35 kPa, a 15 cm de profundidade,
como limite para reposição de água ao
solo durante o ciclo da cultura.
Para fins do manejo da água do solo,
a capacidade de retenção de umidade do
solo, relacionando os teores
volumétricos de água (θ), em %, com
as tensões de água (h), no intervalo entre 10 e 1.500 kPa, foi representada pela
equação a seguir:
θ (h) = 42,153 h - 0,062 (r2 = 0,92)
Para as cultivares estudadas foram
avaliados os efeitos de lâminas totais de
água sobre: peso seco da parte aérea
após a separação dos grãos, grau de severidade de oídio 70 dias após o plantio
e número de escleródios de S .
sclerotiorum existentes junto aos grãos,
após a colheita e trilhagem da parte aérea das plantas. Outros dados de produção foram obtidos e estão sendo publicados em um outro trabalho. O grau de
severidade de oídio, inoculado naturalmente sob condições de campo, foi
quantificado em cada parcela por dois
avaliadores, aos 70 dias após o plantio
(lâminas de água correspondentes a 303,
250, 204, 162, 125 e 114 mm, das quais
63 mm proveniente de chuvas), com o
uso da seguinte escala de notas adaptada de Bohn & Whitaker (1964): 1 = ausência de doença (zero plantas
infectadas); 2 = incidência baixa (menos de 33% das plantas); 3 = incidência
média (33 a 66% de plantas) e 4 = incidência alta (mais de 66% das plantas).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Não ocorreu interação entre cultivar
e lâmina de água para peso seco
(biomassa) da parte aérea e número de
escleródios presentes nos grãos colhidos, indicando efeitos semelhantes do
fator cultivar dentro das lâminas estudadas. Entretanto, houve interação para
severidade de oídio indicando que cada
genótipo pode responder de forma diferenciada com o aumento da lâmina de
água. Como o fator lâmina de água não
foi aleatorizado, não foi válido o respectivo teste estatístico “F”, porém, os efeitos de lâmina d’água foram bastante
óbvios para severidade de oídio e número de escleródios. O fator cultivar não
foi significativo para o peso seco final
da parte aérea realizado após a separa17
C.A. da S. Oliveira
Figura 1. Valores observados e ajustados de produtividade média de matéria seca da parte
aérea de plantas (g/m2) e número médio de escleródios por m2 em função da lâmina total de
água aplicada, em mm. Médias obtidas com oito cultivares de ervilha. Brasília, Embrapa
Hortaliças, 1989.
Figura 2. Número de escleródios para oito cultivares de ervilha. Brasília, Embrapa Hortaliças, 1989. (Médias seguidas da mesma letra não diferiram entre si a 5% de probabilidade
pelo teste Tukey).
ção dos grãos, que apresentou uma média de 1935 g/parcela ou seja, 2,42 t/ha.
O peso seco da parte aérea das plantas, não variou estatisticamente entre
cultivares, mas foi afetado pela lâmina
total de água aplicada. A equação de
regressão ajustada para explicar o efeito da lâmina de água (x), para todas as
cultivares, sobre a produção de biomassa
aérea (MS) por metro quadrado é dada
pela expressão MS = 60,4586 + 0,8992x
- 0,00073x2 - 4,1619E-07x3, com r2 =
0,99 (Figura 1). Através da equação
ajustada o valor máximo de 278,7 g/m2
é obtido para a lâmina de 444,7 mm,
18
observando-se o efeito negativo sobre
esta característica a partir de lâminas de
água maiores. Ao contrário do que se
esperava a biomassa aérea final de cultivares com folhas normais e semi-áfilas
foram similares, o padrão de
senescência e deiscência dos diversos
tipos de folhas talvez possa explicar este
comportamento que necessita ser melhor quantificado. Para todas as cultivares houve redução no crescimento da
parte aérea da planta quanto menor a
lâmina total de água aplicada.
O número de escleródios foi significativamente afetado tanto pela lâmina
total de água aplicada quanto pela cultivar (Figuras 1 e 2). Independentemente
da cultivar utilizada, houve redução no
número de escleródios (NE) por metro
quadrado de área plantada com a redução da lâmina total de água aplicada e
da biomassa aérea (Figura 1). A equação logística de regressão ajustada foi
NE = -1,1938 + 69,0882 / [ 1 + (x /
360,4629) ^ (-6,1378) ], com r²=0,99.
Assim, ao irrigar demasiadamente uma
cultura se está favorecendo a produção
de escleródios que, juntamente com outros fatores, irão contribuir para a redução da biomassa final da planta conforme evidenciado pelas duas curvas da
Figura 1.
Em relação às cultivares, o fato dos
genótipos com folhagem semi-áfila,
Amélia e Kodama não diferirem das
demais, quanto a produção de
escleródios, sugere que diferenças na
arquitetura (número de folhas e
gavinhas, principalmente) dessas cultivares não foram suficientes para reduzir a produção de escleródios, obtida sob
as condições edafoclimáticas e densidade de plantio estudadas. A não existências de diferenças estatísticamente significativas na biomassa aérea de plantas semi-áfilas e com folhas normais ajuda a explicar este resultado.
As cultivares Triofin e Marina,
Mikado e Luíza apresentaram, respectivamente, as maiores e menores produções de escleródios (Figura 2) em relação às demais cultivares indicando que
existem diferenças genotípicas entre
elas. Assumindo que a presença de
propágulos se correlaciona positivamente com a resistência de campo a
esclerotinia, os resultados sugerem que
as cultivares Marina, Mikado e Luíza,
por não diferirem estatisticamente entre si, podem apresentar maior resistência de campo à podridão-de-esclerotínia
do que a cultivar Triofin. Assim, devese preferir as cultivares que reduzem o
potencial de inóculo de esclerotinia em
áreas sob irrigação por aspersão e em
áreas onde não existam muitas opções
de rotação de culturas. Entretanto, a prática do manejo integrado da água do solo
e de cultivares mais resistentes deve ser
estimulada, por razões óbvias.
Os resultados observados, 70 dias
após o plantio e após a floração, para
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
Escleródios oídio em ervilha sob diferentes lâminas de água.
Tabela 1. Severidade de oídio em oito cultivares de ervilha submetidas a diferentes lâminas totais de água, 70 dias após o plantio. Brasília,
Embrapa Hortaliças, 1989.
Lâmina de
água (mm)
303
250
Maria
1,0 a*
1,0 a /1
204
162
125
114
1,0
1,0
1,0
1,1
Triofin
1,0 b
1,0 b
a
a
a
a
1,0
1,0
1,0
1,1
b
b
b
b
Luíza
1,0 c
1,0 c
1,0
1,0
1,0
1,1
c
c
c
c
Cultivar
Viçosa
Marina
1,0 d
1,0 e
1,0 d
1,0 e
1,0
1,0
1,0
1,0
d
d
d
d
1,0
1,0
1,1
1,5
e
e
e
e
Kodama
1,0 f
1,0 f
1,0
1,1
1,5
1,8
f
f
f
f
Mikado
1,4
de
1,4
de
Amélia
2,0
cd
2,0
cd
1,8
cde
2,0
cd
2,5 bc
3,3 ab
2,5 bc
2,9 b
3,3 ab
4,0 a
* Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste Tukey.
/1
Severidade de oídio avaliada através de escala visual de notas, sendo 1 = ausência da doença; 2 = severidade baixa; 3 = severidade média
e 4 = severidade alta.
severidade de infecção de oídio proveniente de inoculações obtidas naturalmente
sob condições de campo e cuja interação
lâmina de água aplicada x cultivar foi
significativa, mostraram as cultivares
suscetíveis Amélia e Mikado com notas
de severidade de oídio inversamente proporcionais à lâmina de água aplicada (Tabela 1). A cultivar Kodama apresentou
uma tendência de quebra da susceptibilidade para menores lâminas de água
aplicada. As demais cultivares não apresentaram este comportamento e confirmaram a sua resistência a esta doença
(Giordano et al., 1988) independentemente do nível de irrigação.
O comportamento observado nas cultivares consideradas suscetíveis a oídio,
por sua vez, evidencia que elevadas precipitações podem reduzir o potencial de
inóculo, devido à maior remoção ou lavagem da fonte de inóculo das partes
aéreas das plantas (Sivaplan, 1993). Considerando que o oídio é um parasita obrigatório, com nenhuma capacidade
saprofítica, a simples remoção do esporo
da planta para o solo reduz a fonte de
inóculo secundário dentro da lavoura. Por
outro lado, a maior incidência de oídio
nos tratamentos menos irrigados, também
pode ser explicada pelos freqüentes relatos da literatura mostrando que diversas culturas, quando estão submetidas a
menores lâminas de água e
consequentemente nutrientes, podem reduzir ou acelerar o seu ciclo de vida e se
tornarem mais suscetíveis ao ataque e
desenvolvimento de doenças em geral.
Ao usar a irrigação por aspersão,
como parte do manejo integrado dessas
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
duas doenças, há que se levar em consideração que podridão-de-esclerotínia,
representada pela produção de
escleródios, e oidiose têm comportamentos opostos em relação à quantidade de
água aplicada através da irrigação, ou
seja, a produção de escleródios aumenta
enquanto a severidade de oídio é reduzida sob maiores lâminas de água aplicada. Entretanto, considerando que a resistência genética existe somente para oídio,
esforços devem ser feitos no sentido de
maximizar a produção das cultivares resistentes ao oídio e, através do manejo
adequado da irrigação e cultivares resistentes, minimizar a produção de
escleródios e prováveis danos de
esclerotínia. Portanto, as cultivares Maria e Marina, que são altamente resistentes a oídio, apresentam altas produtividades e praticamente tiveram o mesmo
comportamento com relação a produção
de escleródios (Figura 2), devem ter a
preferência para plantio em locais naturalmente infestados por S. sclerotiorum.
LITERATURA CITADA
ANDREOLI, C. Avaliação do comportamento de
algumas cultivares de ervilha (Pisum sativum
L.) no Distrito Federal. Científica, Marília, v.
7, n. 3, p. 417-419, 1979.
BEHL, N.K.; SAWHNEY, J.S.; MOOLANI, M.K.
Studies on water use in pea (Pisum sativum
L.). Indian Journal of Agricultural Science, v.
38, n. 4, p. 623-633, 1968.
BOHN, G.W.; WHITAKER, T.W. Genetics of
resistance to powdery mildew race 2 in
muskmelon. Phytopathology, v. 54, n. 5, p.
587-590, 1964.
CAFÉ FILHO, A.C. Alerta aos produtores de ervilha - podridão-de-sclerotinia. Horticultura
Brasileira, Brasília, v. 3, n. 2, p. 57, 1985.
CAFÉ FILHO, A.C.; MENEZES, L.W.; MADEIRA,
M.C.B.;
GIORDANO,
L.B.;
REIFSCHNEIDER, F.J.B. Avaliação de
fungicidas para o controle químico do oídio
da ervilha. Fitopatologia Brasileira, Brasília,
v. 13, p. 369-372, 1988.
CHAUHAN, D.R.; PANWAR, K.S.; BALYAN,
R.S. Influence of irrigation, phosphorus and
weed-control methods on weeds and field pea
(Pisum sativum L.). Tropical pest
management. v. 38, n. 1, p. 1-4, 1992.
GIORDANO,
L.B.;
FRANÇA,
F.H.;
CRISÓSTOMO, L.A.; SILVA, C.B.;
AGUILAR, J.A.E.; REIFSCHNEIDER,
F.J.B.; ROCHA, F.E.C.; DIAS, J.A.A.; PAEZ,
P.B.; Cultivo da ervilha (Pisum sativum L.). 2
ed. Brasília: EMBRAPA-CNPH, 1984. 12 p.
(Instruções Técnicas 1)
GIORDANO, L.B.; REIFSCHNEIDER, F.J.B.;
NASCIMENTO, W.M. Ervilha - Novas cultivares para produção de grãos secos. Brasília:
EMBRAPA-CNPH, 1988. Folder
HADDOCK, J.L.; LINTON, D.C. Yield and
phosphorus contents of canning peas as
affected by fertilization, irrigation regime and
sodium bicarbonate-soluble soil phosphorus .
Soil Science of America Proceedings, v. 21, n.
2, p. 167-171, 1957.
HANKS, R.J.; SISSON, D.V.; HURST, R.L.;
HUBBARD, K.G. Statistical analysis of results
from irrigation experiments using the linesource sprinkler system. Soil Science Society
of America Journal, v. 44, p. 886-888, 1980.
HAWTHORN, L.R.; POLLARD, L.H. Effect of
soil moisture, soil fertility, and rate of seeding
on the yield, viability, and quality of seed peas.
Bulletin of Utah Agricultural Experiment
Station., 1966. 19 p.
MAROUELLI, W.A; GIORDANO, L.B.; OLIVEIRA, C.A.S.; CARRIJO, O.A. Desenvolvimento, produção, e qualidade de ervilhas sob
diferentes tensões de água no solo. Pesquisa
Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 26, n. 7,
p. 1041-1047, 1991.
MILLER, D.G.; MANNING, C.E.; TEARE, I.D.
Effects of soil water levels on components of
growth and yield in peas. Journal of the
American Society for Horticultural Science, v.
102, n. 3, p. 349-351, 1977.
OLIVEIRA, H.A. Produção de sementes de ervilha no Brasil. Pelotas: IPEAS, 1965.16 p. (Circular 25).
19
C.A. da S. Oliveira
SALTER, P.J. Some response of peas to irrigation
at different growth stages. Journal of
Horticultural Science, v. 37, p. 141-149, 1962.
SALTER, P.J. The effect of wet or dry soil
conditions at different growth stages on the
components of yield of a pea crop. Journal of
Horticultural Science, v. 38, p. 321-334, 1963.
SALTER, P.J.; WILLIAMS, J.B. The effect of
irrigation on pea crops grown at different plant
densities. Journal of Horticultural Science, v.
42, p. 59-66, 1967.
SANTOS, J.R.M. Efeito de cultivares e densidades de plantio na produção de escleródios de
Sclerotinia sclerotiorum em ervilha.
Fitopatologia Brasileira, Brasília, v. 15, n. 2,
p. 135, 1990. Resumo.
SANTOS, J.R.M.; CHARCHAR, J.M.; NASSER,
L.C.B. Levantamento de patógenos que afetam ervilha irrigada no Distrito Federal.
Fitopatologia Brasileira, Brasília, v. 5, n. 1,
p. 98-99, 1990.
SANTOS, J.R.M.; PESSOA, H.B.S.V.;
GIORDANO, L.B. Resistência de campo a
oídio (Oidium sp.) em germoplasma de ervilha (Pisum sativum). Fitopatologia Brasileira, Brasília, v. 18, n. 1, p. 123-125, 1993.
SANTOS, J.R.M.; REIFSCHNEIDER, F.J.B.
Doenças e patógenos descritos em ervilha.
Fitopatologia Brasileira, Brasília, v. 15, n. 3,
p. 238-243, 1990.
SCHNATHORST,
W.C.
Environmental
relationships in the powdery mildews. Annual
Review of Phytopathology, v. 3, p. 343-366,
1965.
SCHWARTZ, H.F.; GÁVEZ, G.E. Problemas de
producción del fríjol: enfermidades, insectos,
limitações edáficas y climáticas de Phaseolus
vulgaris. Cali: CIAT, 1980. p. 127-151.
SIVAPLAN, A. Effects of impacting rain drops
on the growth and development of powdery
mildew fungi. Plant Pathology, v. 42, n. 2, p.
256-263, 1993.
YARWOOD, C.E. Powdery mildews. The
Botanical Review, v. 23, p. 235-293, 1957.
MORETTI, C.L.; SARGENT, S.A.; BALABAN, M.O.; PUSCHMANN, R. Nariz eletrônico: tecnologia não destrutiva para a detecção de desordem fisiológica causada por impacto em frutos de tomate. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 1, p. 20-23, março 2.000.
Nariz eletrônico: tecnologia não-destrutiva para a detecção de desordem
fisiológica causada por impacto em frutos de tomate.
Celso Luiz Moretti1; Steven Alonzo Sargent1; Murat O. Balaban2, Rolf Puschmann3.
Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70.359-970; Brasília-DF;
Biologia Vegetal, 36.571-000,Viçosa-MG.
1
2
Universidade da Flórida, Gainesville, 32611, USA;
3
UFV, Depto. de
RESUMO
ABSTRACT
Frutos de tomate (Lycopersicon esculentum Mill.), cv. Solar Set,
foram colhidos no estádio verde-maduro (100% da superfície com coloração verde) e tratados com 100 µL.L -1 de etileno gasoso a 20°C.
Após atingirem o estádio verde-rosado (menos de 10% da superfície do
fruto com coloração vermelha ou amarelo-tanino), parte dos frutos foram submetidos a uma queda de 0,40 m sobre uma superfície plana e
lisa. Posteriormente, os frutos submetidos ao impacto e os não-submetidos foram armazenados a 20°C e 85-95% de umidade relativa até
estarem completamente amadurecidos. Os frutos com e sem injúrias
mecânicas foram então colocados individualmente no frasco de
amostragem do “nariz eletrônico” e os doze sensores iniciaram a detecção
dos compostos emanados pelos frutos. Os dados foram submetidos à
análise discriminante multivariada. O grau de dissimilaridade entre os
tratamentos foi definido utilizando-se a distância de Mahalanobis. As
diferenças encontradas nos frutos com e sem injúria mecânica foram
significativas (P<0,0041). A distância de Mahalanobis entre grupos
(28,19 unidades) foi um indicativo dramático das diferenças encontradas entre os dois grupos de frutos. A análise do desempenho do “nariz
eletrônico” demonstrou que o equipamento é uma ferramenta útil para
classificar, não-destrutivamente, tomates expostos a condições extremas de manuseio pós-colheita, como injúrias mecânicas.
Electronic nose: a non-destructive technology to screen
tomato fruit with internal bruising.
Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, armazenamento,
injúria mecânica, pós-colheita.
Keywords: Lycopersicon esculentum, mechanical injury,
postharvest, storage.
Tomato (Lycopersicon esculentum Mill) fruits, ‘Solar Set’, were
harvested at the mature-green stage (green color in 100% of the fruit
surface) and gassed with 100mL.L-1 of ethylene at 20°C. At the
breaker stage (less than 10% of the fruit surface is red or tanninyellowish), fruit were dropped from a 40 cm height onto a smooth
surface. Following impact, fruits were stored at 20°C and 85-95%
relative humidity until table-ripe stage. Bruised and unbruised fruit
were then placed individually inside the electronic nose-sampling
vessel and the twelve conducting polymer sensors were lowered into
the vessel and exposed to the volatile given off by the fruit. Data
were analyzed employing multivariate discriminant analysis
(MVDA), which maximizes the variance between treatments. The
degree of dissimilarity was defined using the Mahalanobis distance
The differences found between bruised and unbruised fruit were
highly significant (P<0.0041). The Mahalanobis distance between
groupings (28.19 units) was a dramatic indicative of the differences
between the two treatments. The electronic nose proved to be a useful
tool to nondestructively identify and classify tomato fruit exposed
to harmful post-harvest practices such as mechanical injuries.
(Aceito para publicação em 31 de janeiro de 2.000)
A ocorrência de injúrias mecânicas
de impacto, vibração e compressão está
geralmente associada a todas as etapas
do manuseio pós-colheita dos diversos
produtos hortícolas. A severidade e os
danos decorrentes das injúrias mecânicas variam de acordo com o manuseio
20
do produto. Injúrias mecânicas de impacto, vibração, compressão, abrasão e
corte estão relacionadas a diversas alterações de composição química, física e
sensorial em maçãs, pepinos, batatas e
tomates. Hudson & Orr (1977) observaram que existe relação direta entre a
ocorrência de injúrias mecânicas de
impacto e abrasão e perda de água em
batatas.
Em tomates, a ocorrência de injúrias
mecânicas de impacto nem sempre causa uma sintomatologia aparente, isto é,
sinais externos e prontamente visíveis.
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
Nariz eletrônico: detecção de desordem fisiológica causada por impacto.
Em alguns casos, a injúria mecânica
manifesta-se apenas internamente, dando origem a desordem fisiológica de impacto. A ocorrência deste fenômeno foi
inicialmente estudada por Halsey (1955),
que observou amadurecimento alterado
em frutos de tomate com esta desordem.
A ocorrência da desordem fisiológica de
impacto é cumulativa durante as diversas etapas de manuseio, e sua severidade
depende da cultivar, estádio de maturação
e número de impactos sofridos pelo fruto (McColloch, 1962, Sargent et al.,
1989; Sargent et al., 1992).
Embora exista uma considerável
quantidade de trabalhos abordando os
efeitos de injúrias mecânicas sobre a fisiologia, metabolismo, aparência e qualidade de produtos hortícolas submetidos
a injúrias mecânicas, há uma lacuna na
literatura no que diz respeito à utilização
de equipamentos eletrônicos na detecção
da alteração de características químicas
e físicas de frutos de tomate com desordem fisiológica de impacto. A detecção
eletrônica de aromas tem sido amplamente utilizada nos últimos anos para a classificação de grãos (Borjesson et al.,
1996), classificação de peixes armazenados (Di Natale et al., 1996), determinação do ponto de colheita em melões
cantaloupe (Benady et al., 1995), determinação da qualidade de “blueberries”
(Simon et al., 1996) e concentração de
compostos voláteis em frutos de tomate
maduros em relação ao ponto de colheita (Maul et al., 1998). O interesse por
tecnologias não destrutivas tem aumentado a cada ano. Assim é que técnicas
como medida de firmeza por aplanação
(Calbo & Nery, 1995), transmissão de
impulsos acústicos na determinação da
maturidade de melões (Sugyama et al.,
1994) e fluorescência de pigmentos
clorofílicos (DeEll, et al., 1997) têm se
mostrado ferramentas efetivas para definir e predizer a qualidade de produtos
frescos. Apesar do trabalho com estes tipos de ferramentas ter sido intenso nos
últimos anos, a utilização de técnicas nãodestrutivas para a avaliação da ocorrência de danos mecânicos em produtos
hortícolas ainda não foi avaliada.
O presente trabalho teve por objetivo avaliar a utilização de tecnologia nãodestrutiva denominada “nariz eletrônico” na discriminação de frutos de tomate
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
com e sem desordem fisiológica causada por impacto.
MATERIAL E MÉTODOS
Material vegetal. Frutos de tomate
(Lycopersicon esculentum Mill.), da cv.
Solar Set, foram colhidos no primeiro
semestre de 1997 em campos de produção comercial em Bradenton (Flórida,
EUA), para o primeiro experimento, e
na estação experimental da Universidade da Flórida (Gainesville, EUA), para
um segundo experimento. Após a colheita, os frutos foram colocados em
badejas de isopor (Niles Packaging,
Michigan, EUA), similares às usadas
para transportar ovos e levados para o
laboratório de pós-colheita no mesmo
dia. Após seleção para retirada de frutos danificados e classificação por tamanho (63 a 72 mm) e massa (140 ± 10
g), os frutos foram tratados com 100 mL.
L-1 de etileno gasoso num sistema de fluxo contínuo (fluxo de 50 mL.s-1) a 20°C.
Após atingirem o estádio de amadurecimento verde-rosado (menos de 10%
da superfície do fruto com coloração
amarelo-tanino ou avermelhada), os frutos foram retirados do tratamento com
etileno e submetidos a injuria mecânica
de impacto.
Injúria mecânica de impacto e
armazenamento. Os frutos foram submetidos à queda de uma altura de 0,40
m sobre uma superfície metálica, plana
e rígida. Cada fruto sofreu dois impactos em pontos eqüidistantes de uma linha equatorial imaginária, tentando-se
não atingir a parede locular que separa
dois lóculos adjacentes. Após o impacto, os frutos foram armazenados a 20°C
com 85-90% de umidade relativa até
atingirem a maturidade comercial para
os padrões de firmeza do mercado americano. O padrão foi determinado quando os tomates colocados sobre uma superfície côncava de borracha apresentaram uma deformação maior ou igual
a 3 mm quando submetidos a uma força
estática de 9,8 N aplicada por 5 segundos sobre a região equatorial do fruto.
A ponta de prova utilizada possuía formato convexo e 11 mm de diâmetro. A
firmeza foi medida com um medidor de
firmeza do tipo Cornell (Hamson, 1952),
adaptado por Gull et al. (1980).
Teste com o “nariz eletrônico”. Ao
atingirem o padrão anteriormente determinado, os frutos foram submetidos ao
teste com o nariz eletrônico (modelo
eNose 4000, Neonotronics Scientific
Co., Flowery Branch, Georgia, EUA).
O equipamento é, como o próprio nome
sugere, uma simulação do sistema olfativo humano. Basicamente, ele consiste
de uma série de 12 sensores químicos
não específicos, cada um mostrando
uma resposta distinta aos compostos
voláteis que são liberados pelo produto
objeto de estudo (Neonotronics
Scientific Inc., 1996). A resistência elétrica dos sensores químicos muda à
medida que a concentração de compostos voláteis no espaço amostral aumenta. As mudanças na resistência elétrica
são traduzidas em números que são então analisados por um sistema de reconhecimento, utilizando-se como ferramenta, por exemplo, a análise de funções discriminantes.
A calibração do sistema, feita com
polietileno glicol (PEG), durou 10 minutos e foi feita em três etapas sendo
monitorada por um microprocessador
acoplado ao equipamento. Inicialmente, o frasco de amostragem foi aspergido com ar purificado (fluxo de 7 ml.s-1)
por 2 minutos a fim de eliminar-se qualquer odor estranho à análise a ser feita.
Procedeu-se então a aspersão de ar purificado por 4 minutos sobre os 12
sensores de polímeros condutores contidos na sonda de amostragem com a
finalidade de eliminar-se qualquer composto que porventura estivesse impregnado nos sensores. Finalmente, os
sensores foram rebaixados para o interior do frasco de amostragem e foram
expostos por 4 minutos aos compostos
voláteis liberados pelo PEG para calibrar o equipamento.
Após a calibração, os frutos injuriados e não-injuriados foram colocados,
individualmente, no frasco de coleta do
equipamento e as três etapas descritas
anteriormente foram desenvolvidas, tendo-se dessa vez os frutos como elementos emanadores de compostos voláteis.
O delineamento empregado foi inteiramente casualizado com 2 tratamentos (frutos com desordem fisiológica
causada por impacto e controle) e 8 repetições, sendo um fruto por repetição.
21
C.L. Morethi et al.
Escores canônicos
Figura 1: Frequência de escores canônicos para tomates ´Solar Set´ com desordem fisiológica
causada por impacto e controle. Gainesville, Flórida (EUA), Universidade da Flórida, 1997.
Os resultados apresentados são as médias dos dois experimentos conduzidos.
Os resultados das alterações nas resistências elétricas dos 12 sensores empregados foram armazenados numa base de
dados e posteriormente analisados. Utilizou-se a técnica de análise de funções
discriminantes empregando-se o pacote de programas STATISTICA (Statsoft,
1994). Este procedimento estatístico de
análise multivariada cria funções
discriminantes lineares que maximizam
as diferenças entre tratamentos e seus
respectivos controles, otimizando a probabilidade de uma re-classificação tendo por base a concentração de compostos voláteis de uma amostra da qual não
se conhecesse a história pregressa. Foi
calculada a distância de Mahalanobis
(distância entre os centróides de dois
grupos distintos) a fim de comparar-se
a extensão da diferença (grau de
dissimilaridade) entre os tratamentos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O “nariz eletrônico” mostrou-se uma
tecnologia eficaz na detecção de frutos
com desordem fisiológica de impacto.
Ele forneceu informações suficientes
para que o procedimento de análise
discriminante multivariada encontrasse
diferenças significativas (P<0,0041)
entre os frutos injuriados e não injuriados. A distância de Mahalanobis (28,19
unidades) (Figura 1) entre os dois grupos de frutos foi um indicativo das dra22
máticas diferenças encontradas pelos
sensores ao amostrarem os compostos
voláteis que foram produzidos pelos frutos. Segundo a análise discriminante
multivariada, os frutos injuriados foram
agrupados com escores canônicos
variando entre –15 e –12 e os não injuriados entre 11 e 15 (Figura 1). A reclassificação dos frutos baseada na análise discriminante foi 100% acurada, isto
é, a probabilidade de classificar-se um
fruto qualquer como sendo injuriado ou
não injuriado foi igual a 1,0.
Acredita-se que as alterações fisiológicas e metabólicas observadas nos
frutos com desordem fisiológica de impacto possam estar relacionadas com as
diferenças observadas. Os aumentos
transientes da evolução de gás carbônico
e etileno (Moretti et al., 1998), alterações na concentração de pigmentos
carotenóides, considerados precursores
de vários compostos voláteis em tomates (Buttery & Ling, 1993), de compostos voláteis chave na determinação de
aroma e sabor (Moretti et al., 1997), de
ácidos orgânicos, vitamina C total e consistência (Moretti et al, 1998) podem
estar relacionadas com os resultados
detectados pelo equipamento.
A interpretação da distância de
Mahalanobis foi útil para contrastar o
grau de diferença encontrado entre os
frutos que sofreram injúria mecânica de
impacto e os frutos não injuriados. A
distância obtida entre os grupos de frutos injuriados e não injuriados (28,19
unidades) foi quase três vezes maior do
que a distância entre frutos intactos no
estádio verde-rosado e vermelho (10,72
unidades) observada por Maul et al.
(1997). Assim, foi possível colocar em
perspectiva a importância do manejo
pós-colheita na obtenção de frutos com
sabor e aroma desejáveis.
Acredita-se que compostos voláteis
como 2-isobutiltriazol, 1-penteno-3-ona,
hexanal, cis-3-hexenal, entre outros, tenham papel importante na percepção de
sabor de tomates (Kader et. al, 1977;
Petró-Turza, 1987). Os resultados obtidos com esta tecnologia mostram a
potencialidade de sua utilização na determinação não-destrutiva da qualidade
de tomates frescos em indústrias e supermercados, com um custo relativamente
menor e maior rapidez comparativamente
às técnicas analíticas. O aroma e o sabor
dos frutos submetidos à análise com o
“nariz eletrônico” poderiam contar a história da vida pós-colheita do fruto quando nenhum sintoma visual, como no caso
da desordem fisiológica causada por impacto, for perceptível. Desta forma, assegurar-se-ia que um maior número de
frutos chegasse com melhor qualidade à
mesa do consumidor.
LITERATURA CITADA
BENADY, M.; SIMON, J.E.; CHARLES, D.J.;
MILES, G.E. Fruit ripeness determination by
electronic sensing of aromatic volatiles.
Transactions of the ASAE, v. 38, n. 1, p. 251257, 1995.
BORJESSON, T.; EKLOV, T.; JONSSON, A.;
SUNDGREN, H.; SCHNURER, J. Electronic
nose odor classification of grains. Cereal
Chemistry, v. 73, n. 4, p. 457-61, 1996.
BUTTERY, R.G.; LING, L.C. Volatile compounds
of tomato fruit and plant parts: relationship and
biogenesis. American Chemistry Society,
Symposium Series, Washington D.C., v. 525,
p. 23-34, 1993.
CALBO, A.G.; NERY, A.A. Medida de firmeza
em hortaliças pela técnica de aplanação.
Horticultura Brasileira, Brasília, v. 12, n. 1,
p. 14-18, 1995.
DeELL, J.R.; PRANGE, R.K.; MURR, D.P.
Chlorophyll fluorescence as na indicator of
apple fruit firmness. In: International
Conference on Nondestructive Techniques for
Measuring Quality of Fresh Fruits and
Vegetables, 1, 1997, Orlando, FL,
Resumos...Orlando: ASAE, 1997, p. 1-7.
Di NATALE, C.; BRUNINK, J.A.J.; BUNGARO,
F.; DAVIDE, F.; DAMICO, A.; PAOLESSE,
R.; BOSCHI, T.; FACCIO, M.; FERRI, G.
Recognition of fish storage time by
metalloporphyrins-coated QMB sensor array.
Measurement Science and Technology, v. 7, n.
8, p. 1103-1114, 1996.
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
Nariz eletrônico: detecção de desordem fisiológica causada por impacto.
GULL, D.; CARTAGENA, D.; FRENCH, E.C.
Análisis de calidad de tomato para lograr um
mejor producto. IBTA, PRODES, UFLA,
Cochabamba, Bolivia, 1980. 20 p.
HALSEY, L.H. Preliminary studies of bruising of
‘turning’ and ‘pink’ tomatoes caused by
handling practices. Proceedings of the Florida State Horticultural Society, v. 68, p. 240243, 1955.
HAMSON, A.R. Measuring firmness of tomatoes
in a breeding program. Proceedings of the
American Society for Horticultural Science, v.
60, p. 425-433, 1952.
HUDSON, D.E.; ORR, P.H. Incidence of
mechanical injuries to potatoes during certain
storage-related handling operatios in the river
valley production area. American Potato
Journal, v. 54, p. 11-21, 1977.
KADER, A.A.; STEVENS, M.A.; ALBRIGHTHOLTON, M.; MORRIS L.L.; ALGAZI, M.
Effect of fruit ripeness when picked on flavor
and composition in fresh market tomatoes.
Journal of the American Society for Horticultural
Science, v. 102, n. 6, p. 724-731, 1977.
MAUL, F.; SARGENT, S.A.; BALABAN, M.O.;
BALDWIN, E.A.; HUBER, D.J.; SIMS, C.A.
Aroma volatile profiles from ripe tomatoes are
influenced by physiological maturity at
harvest: an application for electronic nose
technology. Journal of the American Society
for Horticultural Science, v. 123, n. 6, p. 1094
-1101, 1998.
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
MAUL, F.; SARGENT, S.A.; HUBER, D.J.;
BALABAN, M.O.; LUZURIAGA, D.A.;
BALDWIN, E.A. Non-destructive quality
screening of tomato fruit using “Electronic
Nose” technology. Proceedings of the Florida
State Horticultural Society, v. 110, p. 191-194,
1997.
McCOLLOCH, L.P. Bruising injury of tomatoes.
Washington: USDA, 1962. 35 p. (USDA
Marketing research report , 513).
MORETTI, C.L.; SARGENT, S.A.; HUBER,
D.J.; CALBO, A.G..; PUSCHMANN, R.
Chemical composition and physical properties
of pericarp, locule and placental tissues of
tomatoes with internal bruising. Journal of the
American Society for Horticultural Science, v.
123, n. 4, p. 656-60, 1998.
MORETTI, C.L., SARGENT, S.A.; BALDWIN,
E.; HUBER, D.J.; PUSCHMANN, R.
Pericarp, locule and placental tissue volatile
profiles are altered in tomato fruit with internal
bruising. In: Congresso Brasileiro de Fisiologia Vegetal, 1, 1997, Belém, PA, Resumos...
Belém: SBFV, 1997, p. 216.
NEONOTRONICS SCIENTIFIC (Flowery
Branch, GA). An introduction to electronic nose
technology. Flowery Branch: 1996. 112 p.
PETRÓ-TURZA, M. Flavor of tomato and tomato
products. Food Reviews International, v. 2, n.
3, p. 309-351, 1987.
SARGENT, S.A; BRECHT, J.K.; ZOELLNER,
J.J. Assessment of mechanical damage in
tomato packing lines. Transactions of the
ASAE, v. 35, n. 2, p. 235-245, 1989.
SARGENT. S.A.; BRECHT, J.K.; ZOELLNER,
J.J. Sensitivity of tomatoes at mature green and
breaker ripeness stages to internal bruising.
Journal of the American Society for
Horticultural Science, v. 117, n. 1, p. 119-23,
1992.
SIMON, J.E.; HERTZRONI, A.; BORDELON,
B.; MILES, G.E.; CHARLES, D.J. Electronic
sensing of aromatic volatiles for quality sorting
of blueberries. Journal of Food Science, v. 61,
n. 5, p. 967-969, 1996.
SUGIYAMA, J.; OTOBE, K.; HAYASHI, S.;
USUI, S. Firmness measurement of
muskmelons by acoustic transmission.
Transactions of the ASAE, v. 37, n. 4, p. 12351241, 1994.
STATSOFT Inc. Statistica for Windows version
4.5. Tulsa, 1994. 890 p. (Tulsa Oklahoma).
23
PUIATTI, M.; FÁVERO, C.; FINGER, F.L; GOMES, J.M. Crescimento e produtividade de inhame e de milho doce em cultivo associado. Horticultura
Brasileira, Brasília, v. 18, n. 1, p. 24-30 , março 2.000.
Crescimento e produtividade de inhame e de milho doce em cultivo
associado.
Mário Puiatti1; Claudenir Fávero 2; Fernando Luis Finger1; Jorge M. Gomes1
UFV – Depto. de Fitotecnia; 2/Bolsista de IC/CNPq – 36.571-000 Viçosa – MG.
1/
RESUMO
ABSTRACT
Objetivando avaliar a viabilidade agronômica e econômica da
associação inhame e milho doce, foi desenvolvido um trabalho em
área da horta de pesquisas da Universidade Federal de Viçosa, em
sistema de consórcio (associação aditiva), utilizando-se inhame
(Colocasia esculenta) ‘Chinês’ como cultura principal e milho doce
(Zea mays) ‘Doce Cristal’ como cultura contrastante. O inhame foi
plantado em sulcos de 12 cm de profundidade, no espaçamento de
100 x 30 cm, e o milho doce em covas de 3 cm de profundidade, na
fileira de plantio, entre as plantas de inhame, 40 dias após plantio do
inhame. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso, com
quatro repetições, no esquema fatorial (3 x 2) + 2 (três arranjos de
plantas: uma planta de milho a cada 30 cm; duas plantas de milho a
cada 60 cm e três plantas de milho a cada 90 cm x dois manejos das
plantas de milho: sem e com corte e retirada da parte aérea das plantas de milho no momento da colheita das espigas verdes + dois controles: monoculturas de inhame e de milho doce). Foram avaliadas
características de crescimento e de produção das culturas, além dos
índices de eficiência dos consórcios. As duas espécies são adequadas para plantio em sistema de consórcio. O arranjo com uma planta
de milho a cada 30 cm propiciou maiores produtividades e índices
de eficiência dos consórcios. Com exceção do arranjo com três plantas de milho/cova a cada 90 cm com corte da parte aérea das plantas
de milho na colheita das espigas, no qual ocorreram menores índices de eficiência dos consórcios e rendimento financeiro total inferior ao da monocultura do inhame, as demais associações estudadas
demonstraram-se viáveis agronômica e economicamente.
Growth and productivity of taro and sweet corn under
intercropping conditions.
Palavras-chave: Colocasia esculenta, Zea mays, cultivos múltiplos.
An experiment was conducted to evaluate some crop production
characteristics and economic viability of intercropping systems using
taro (Colocasia esculenta) ‘Chinês’, as major crop, and sweet corn
(Zea mays) ‘Doce Cristal’ as minor crop. Taro corms were planted in
12-cm-deep furrows in a 100 x 30 cm spacing. Sweet corn seeds were
sowed in the row between the taro plants 40 days after the main crop
planting. Corn plants were distributed in three arrays, as follows: one
corn plant 30 cm apart; two corn plants 60 cm apart, and three corn
plants 90 cm apart; and two growing systems (with and without
removing the corn shoot when the ears were harvested at 110 days
after sowing – soft kernel stage), comprising six treatments of
intergrown and two control treatments (i.e., single crops). The
experiments were organized in four random blocks, in a factorial array
design (3 x 2) + 2 (three distribution of plants: one corn plant 30 cm
apart; two corn plants 60 cm apart, and three corn plants 90 cm apart
by two systems of corn growth: with and without removal of shoot
when the ears were harvested + two control: single crop of either taro
or sweet corn). Data for plant growth, production and the efficiency
for the different planting systems arrays were collected. Both crops
were suitable for intergrowing systems. Higher values for crop
production and intergrowing efficiency index were obtained in
treatment with one corn plant 30 cm apart. Lower intergrowing
efficiency index and economical return were observed in the treatment
where each three corn plants were 90 cm apart and shoots were
removed just after the harvest at the soft kernel stage. The others
intercrop systems were both agronomically and economically viable.
Keywords: Colocasia esculenta, Zea mays, intercropping.
(Aceito para publicação em 17 de fevereiro de 2.000)
O
s sistemas de cultivos múltiplos
constituem-se em peça fundamental na manutenção da pequena propriedade agrícola em países em desenvolvimento ou como componentes de sistemas
agrícolas
sustentáveis
(Vandermeer, 1981; Santos, 1998). O
potencial desses sistemas relaciona-se
com o aumento da eficiência de exploração dos recursos naturais e do uso da
terra, além de conferir proteção contra
pragas e doenças e de reduzir a pressão
exercida por plantas espontâneas sobre
as culturas (Altieri, 1995; Liebman,
1995; Santos, 1998). Outro fator a se
destacar é o aspecto social desta práti24
ca, uma vez que ao envolver maior utilização de mão-de-obra, normalmente
de cunho familiar, funciona como mecanismo de integração de seus membros
e da comunidade rural reduzindo o
êxodo do campo.
Dentre os sistemas de cultivos múltiplos, o consórcio de plantas, em particular, tem recebido especial atenção, principalmente pela riqueza de suas
interações ecológicas e do arranjo e manejo das culturas no campo, o que contrasta com a exploração de sistemas agrícolas sustentados em monoculturas, com
uso intensivo de capital e de “insumos
modernos” (Santos, 1998). Para a maio-
ria dos pequenos proprietários rurais, a
preocupação com a produtividade biológica e com o retorno econômico é menor
que aquela dispensada ao suprimento de
alimentos para a família com mínimo
envolvimento de capital e de riscos
(Francis, 1986; Santos, 1998).
Dentre as culturas com grande potencial para exploração em sistema de
consórcio, tem-se o inhame (Colocasia
esculenta), que é alimento básico para
diversas populações distribuídas pelo
mundo, especialmente nas regiões tropicais e subtropicais úmidas (Wang,
1983; Rubatsky & Yamaguchi, 1997).
Seus rizomas, além de apresentarem boa
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
Crescimento e produtividade de inhame e de milho doce em cultivo associado.
conservação pós-colheita, são fonte de
carboidratos, minerais e vitaminas
(Hashad et al., 1956; Plucknett et al.,
1970; Sunell & Arditti, 1983; Wang,
1983; Puiatti et al., 1990, 1992;
Rubatsky & Yamaguchi, 1997). Esta
espécie é rustica, de fácil cultivo, ciclo
longo porém com flexibilidade de colheita, com grande versatilidade quanto
às formas de consumo, tolerante ao
sombreamento, além de clones com
adaptação à condições edafoclimáticas
distintas (Plucknett et al., 1970; de la
Pena, 1983; Sunell & Arditti, 1983;
Wang, 1983; Nolasco, 1984; Heredia
Zarate, 1988, 1995; Rubatsky &
Yamaguchi, 1997). O inhame é uma espécie de regiões tropicais úmidas, apresentando certa tolerância ao sombreamento (Plucknett et al. 1970; de la Pena,
1983; Sunell & Arditti, 1983; Wang,
1983; Rubatzky & Yamaguchi, 1997),
sendo que em alguns países é tradicionalmente cultivado em consórcio com
coco, milho e outras culturas, apesar de
poder crescer à luz direta (Rubatzky &
Yamaguchi, 1997). A tolerância ao
sombreamento (que pode estar ligada à
flexibilidade da arquitetura da planta e
à plasticidade na absorção de biomassa),
constitui-se em fator chave em determinadas associações, e sua ausência tem
sido a causa do insucesso de associações quando do excessivo sombreamento de uma espécie em decorrência
do crescimento acentuado de outra
(Cruz & Sinoquet, 1994, citados por
Santos, 1998). Por outro lado, o milho
doce (Zea mays), é um importante alimento indicado para o consumo humano principalmente como fonte de calorias, além de vitaminas e proteínas (Pereira, 1987; Rubatsky & Yamaguchi,
1997). Devido ao sabor adocicado,
pericarpo fino e endosperma com textura delicada, o milho doce é indicado
para consumo humano no estádio de
grãos verdes (Pereira, 1987; Parentoni
et al., 1990; Rubatsky & Yamaguchi,
1997; Wolfe et al., 1997). É uma espécie de ciclo relativamente curto, rústica, produtiva (Parentoni et al., 1990,
1991; EMBRAPA, 1992; Rubatsky &
Yamaguchi, 1997), com boa adaptação
a grandes amplitudes térmicas
(Rubatsky & Yamaguchi, 1997) e por
ser planta C4, adapta-se melhor a ambientes com alta luz (Wolfe et al., 1997).
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
No Brasil, seu cultivo poderá se constituir em boa opção para os agricultores
visando atender à demanda crescente
pelo consumo “in natura” e/ou pela indústria de enlatados (Parentoni et al.,
1991). Por apresentar hábito de crescimento e desenvolvimento temporal distintos ao do inhame, constitui-se numa
opção bastante interessante para associação com inhame. Essa associação
permitiria melhorar a exploração da
área, com investimentos reduzidos e retorno financeiro antecipado ao colher as
espigas de milho ainda verdes.
Os objetivos do experimento foram
verificar a viabilidade agronômica e
econômica da associação inhame e milho doce, em três arranjos de plantas e
dois manejos das plantas de milho após
a colheita das espigas verdes.
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi desenvolvido em área
da horta de pesquisas da Universidade
Federal de Viçosa (UFV) no período de
05 de setembro de 1988 a 05 de junho
de 1989, em solo Podzólico VermelhoAmarelo Câmbico, textura argilosa e
topografia plana. As análises realizadas
nas amostras de solo, nos Laboratórios
de Física e de Química de Solos do Departamento de Solos da UFV, revelaram
os seguintes valores: argila = 55, silte =
19, areia fina = 9 e areia grossa = 17
dag/kg de solo; pH em água (1:2,5) =
5,5; Al +3 = 0,1, Ca+2 = 3,4 e Mg+2 = 0,9
cmolc/dm3; P = 88 e K = 141 mg/dm3 de
solo e C = 2,0 dag/kg de solo.
Foi avaliado o consórcio (associação aditiva) entre as culturas de inhame
(cultura principal ou padrão) e de milho
doce (cultura contrastante). O inhame
foi plantado em sulcos de 12 cm de profundidade, no espaçamento 100 x 30 cm.
Após a colocação das mudas, no sulco
de plantio, foi passado sulcador bico de
pato, tração animal, entre as linhas de
plantio, cobrindo as mudas de inhame e
formando os sulcos de irrigação com
profundidade aproximada de 15 cm. O
milho doce foi plantado na fileira de
plantio do inhame, em covas com cerca
de 3 cm de profundidade, feitas com
auxílio de enxada, entre as plantas de
inhame, 40 dias após plantio (DAP) do
inhame.
O delineamento experimental adotado foi de blocos ao acaso, com quatro
repetições, no esquema fatorial (3 x 2)
+ 2 (três arranjos de plantas: uma planta de milho a cada 30 cm, duas plantas a
cada 60 cm e três plantas a cada 90 cm
x dois manejos das plantas de milho:
sem e com corte e retirada da parte aérea das plantas de milho por ocasião da
colheita das espigas verdes + dois controles: monoculturas de inhame e de
milho doce). O corte das plantas de milho foi realizado rente ao solo, com auxílio de enxada, e a parte aérea das plantas foi retirada da área experimental
imediatamente após a colheita das espigas verdes.
A parcela experimental foi composta de 4 linhas de 3,60 m de comprimento (14,4 m2) e teve como área útil (3,6
m2) as duas linhas centrais excetuandose 0,90 m das extremidades. Os dois tratamentos controle (monoculturas de
inhame e de milho doce) foram espaçados de 100 x 30 cm apresentando populações de 33.333 plantas/ha para inhame
e para o milho doce. Para cada cultura,
essas populações foram mantidas constantes em todos os tratamentos consorciados (associação aditiva); dessa forma, variou-se apenas o arranjo das plantas e o manejo das plantas de milho doce
na colheita das espigas verdes.
Para propagação do inhame ‘Chinês’
foram utilizados rizomas filhos com
peso médio de 55 g, obtidos no banco
de germoplasma de hortaliças da UFV.
Para o milho, foram utilizadas sementes da variedade ‘Doce Cristal’ adquiridas no comércio, sendo colocadas de
três a cinco sementes/cova, procedendo-se o desbaste das plântulas em excesso aos 15 dias após emergência, deixando-se o número de plantas/cova de
acordo com cada tratamento. Em razão
dos níveis elevados de nutrientes apresentados na análise química do solo não
foi realizado nenhum tipo de adubação.
Foram realizadas, durante o cultivo,
quatro capinas manuais, aos 40, 75, 125
e 185 dias após o plantio (DAP) do
inhame. Na ausência de chuvas, e até
30 dias antes da colheita do inhame, foram realizadas irrigações semanais, por
infiltração, nos sulcos formados entre as
linhas de plantio, aplicando-se, em cada
irrigação, uma lâmina de água de cerca
25
M. Puiatti et al.
de 40 mm, considerada suficiente para
atender às necessidades das culturas de
inhame (Soares, 1991) e do milho doce
(EMBRAPA-CNPMS, 1992).
Durante o desenvolvimento das culturas, seis plantas de inhame previamente escolhidas e identificadas na parcela
útil, foram avaliadas mensalmente, a
partir de 70 até 250 DAP, quanto a área
foliar, a altura de planta e o número de
folhas emitidas. Para avaliação da área
foliar foi utilizado o método de
Chapman (1964), adaptado para o
inhame ‘Chinês’ por Nolasco (1984),
utilizando-se da equação Y = 242,0 .
X0,6656. O valor X utilizado correspondeu
ao valor médio das medidas tomadas da
última folha emitida com o limbo foliar
totalmente expandido das seis plantas
identificadas. Para o cálculo do Índice
de Área Foliar (L – dm2/m2), o valor Y
foi multiplicado pelo número médio de
folhas fotossinteticamente ativas/planta e pelo número de plantas presentes
na área útil da parcela, dividindo-se o
valor encontrado pela área útil da parcela (3,6 m2 ). A altura de plantas foi
obtida pela distância da superfície do
solo até a inserção do pecíolo no limbo
foliar da folha utilizada para medições
da área foliar. Considerou-se, para o
número de folhas emitidas no intervalo
das avaliações, as folhas com o limbo
aberto.
Aos nove meses do plantio do
inhame, após atingida a maturação, as
plantas de inhame foram colhidas e avaliadas quanto a produção de rizomas. Os
rizomas mãe foram separados, e os
rizomas filhos classificados, com base
no diâmetro transversal, de acordo com
Puiatti et al. (1990), nas classes extra =
filho grande (>47 mm), especial = filho
médio (40-47 mm), primeira = filho
pequeno (33-40 mm) e refugo (<33
mm), contados e pesados. Considerouse produção comercial o somatório das
três primeiras classes.
Para o milho doce, aos 90 DAP, foi
avaliada a altura de plantas (do nível do
solo até o ápice do pendão floral), altura da inserção da primeira espiga e diâmetro do colmo a 1,0 m de altura do nível do solo. Aos 110 DAP do milho (150
DAP do inhame), com as espigas apresentando grãos verdes (“estádio de
pamonha”), as plantas tiveram as suas
espigas colhidas e avaliadas quanto a
produção de espigas com e sem palha
(número e peso de espiga).
A Produtivade Relativa da parte colhida de cada Cultura (PRc) foi calculada pela relação entre a produtividade da
cultura em associação/produtividade da
respectiva
cultura
solteira
(monocultura); o Índice de Eficiência da
Terra (IET) consistiu do somatório das
PR de cada cultura na respectiva associação: IET= PRi + PRm, onde: PRi e
PRm = Produtividades Relativas do
inhame (i) e do milho (m). No cálculo
do rendimento financeiro considerou-se,
para o milho doce, a produtividade total de espigas em palha com valor médio de R$ 5,00/saca de 25 kg nas Centrais de Abastecimento de Belo Horizonte (CEASA-BH) no mês de fevereiro/
98 (correspondendo ao mês da colheita
do milho). Para o inhame calculou-se o
rendimento ponderado, considerando-se
o somatório das multiplicações das produtividades de cada classe de inhame
pelo respectivo valor médio de
comercialização na CEASA-BH, no
mês de junho/98 (correspondendo ao
mês da colheita do inhame), valendo a
saca de 20 kg: R$ 3,00, R$ 11,00, R$
8,00 e R$ 4,00, respectivamente para
rizomas mãe, filho grande, filho médio
e filho pequeno.
Exceto para os dados de crescimento das plantas de inhame e os índices de
eficiência das associações, os quais são
apresentados como valores médios sem
análise estatística, para os demais dados obtidos foi realizada a análise de
variância, e às médias aplicado o teste
de Tukey a 5% de probabilidade. Considerou-se, para efeito de análise estatística do fatorial, apenas observações
advindas de cada cultura, conforme
Wijesinha et al. (1982). Valores oriundos de contagem foram transformados
por x + 0,5 para proceder às análises
estatísticas. Os rendimentos financeiros
(R$/ha) da monocultura do inhame (controle) e das associações (fatorial) foram
comparados pelo teste de Dunett a 5%
de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Todos os tratamentos em associação
afetaram o crescimento da parte aérea
das plantas de inhame (Figura 1). No
período entre 30 e 90 DAP do milho (70
a 130 DAP do inhame), observou-se,
Tabela 1. Alturas de planta (AP) e de inserção da 1a espiga (AIE), diâmetro de colmo (DC), número de espigas/planta (EP), peso médio de
espigas (PME) com e sem palha, número de plantas colhidas/m2 (PC), produção de espigas/ha (PE) com e sem palha e rendimento financeiro (RF) proporcionado pela cultura do milho ‘Doce Cristal’ em consórcio com inhame ‘Chinês’ em função do arranjo das plantas. Viçosa,
UFV, 1988-89.
AP (cm)
AIE
(cm)
DC
(cm)
EP
1/30
278,9
139,2
2,20
2/60
279,9
139,8
3/90
275,2
Fatorial
Monocultivo
Arranjo1
CV (%)
PME (g)
C/ palha
S/ palha
1,44
347,3
160,6
2,29
1,46
356,1
139,0
2,39
1,47
278,0
139,3
2,30
297,4
148,8
2,44
4,6
7,4
7,2
9,6
PC/m2
PE (kg/ha)
RF (R$/ha)
C/ palha
S/ palha
2,62 a
13.026, a
6.039
2.605,20 a
169,8
2,18 b
11.531, ab
5.467
2.306,10 b
350,3
162,6
2,20 b
11.169, b
5.193
2.233,90
1,46
351,2
164,4
2,34
11.909,
5.566
2.381,73
1,52
374,8
178,5
2,67
15.208,
7.239
3.041,60
7,0
7,7
12,3
10,0
13,0
c
10,0
*/Dentro de cada fator médias, nas colunas, seguidas da mesma letra não diferem entre si a 5 % de probabilidade pelo teste de Tukey.
1
/ 1/30 = uma planta de milho a cada 30 cm; 2/60 = duas plantas de milho a cada 60 cm; 3/90 = três plantas de milho a cada 90 cm.
26
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
Crescimento e produtividade de inhame e de milho doce em cultivo associado.
visualmente, crescimento acentuado das
plantas de milho, as quais ocasionaram
sombreamento progressivo das plantas
de inhame nos tratamentos em associação. Apesar da maioria das espécies da
família Araceae serem consideradas
plantas de sombra (Rubatzky &
Yamaguchi, 1997), o sombreamento das
plantas de inhame proporcionado pelas
plantas do milho doce, promoveu, nessa fase, o alongamento dos pecíolos das
plantas de inhame fazendo com que essas atingissem maior altura de planta,
comparado ao cultivo solteiro (Figura
1C); além disso, para a maioria das associações, o sombreamento também
promoveu a expansão do limbo foliar
das plantas de inhame, visto que observou-se aumento do índice de área foliar
(Figura 1A), sem contudo ter ocorrido
alteração na taxa de acúmulo de folhas
(Figura 1B). Com a colheita das espigas de milho (110 DAP do milho ou 150
DAP do inhame), observou-se nas plantas de inhame dos tratamentos associados, necrose das folhas superiores, possivelmente em razão do aumento repentino na exposição dessas plantas à luz
direta; essa necrose levou à diminuição
drástica da área foliar das plantas de
inhame dessas associações (Figura 1A),
além de um atraso na emissão de novas
folhas (Figura 1B), mesmo nas associações nas quais as plantas de milho não
sofreram corte na colheita das espigas
(T1, T2 e T3). Todavia a injúria
(necrose) nas folhas foi mais pronunciada nas associações com maior número
de plantas de milho/cova e com a remoção da parte aérea das plantas de milho
(T5 e T6 – Figura 1), possivelmente em
decorrência de um maior sombreamento
inicial provocado pelas plantas de milho às plantas de inhame adjacentes.
Pela análise de variância observouse efeito significativo do arranjo de plantas somente para a cultura do milho, em
que com uma planta de milho a cada 30
cm proporcionou maiores número de
plantas colhidas/m2, produção de espigas com palha e rendimento financeiro
pela cultura (Tabela 1). O manejo de
plantas teve efeito significativo somente sobre a produção de rizomas mãe,
cujo valor foi maior quando não se procedeu o corte das plantas de milho na
colheita das espigas (Tabela 2). A
interação arranjo x manejo foi signifiHortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
Figura 1. Índice de área foliar (A), número de folhas acumuladas (B) e altura de plantas (C)
de inhame ‘Chinês’ em monocultura e em associação com milho doce ‘Doce Cristal’, avaliadas entre 70 e 250 dias após o plantio. T1, T2 e T3 correspondem, respectivamente, ao
arranjo com uma planta de milho a cada 30 cm, com duas plantas de milho a cada 60 cm e
com três plantas de milho a cada 90 cm, mantendo-se as plantas de milho após a colheita das
espigas verdes; T4, T5 e T6, correspondem respectivamente, aos tratamentos T1, T2 e T3,
procedendo-se o corte das plantas de milho e a retirada dessas plantas da aérea de cultivo na
colheita das espigas verdes; T7 corresponde à monocultura de inhame. Seta indica a época
em que foi realizada a colheita das espigas de milho. Viçosa, UFV, 1988/89.
27
M. Puiatti et al.
Tabela 2. Produção de rizomas mãe (RM), filho grande (FG), filho médio (FM), filho pequeno (FP), comerciais (RC) e total (RT) e
rendimento financeiro (RF) proporcionado pela cultura do inhame ‘Chinês’ em consórcio com milho ‘Doce Cristal’ em função do arranjo e
do manejo das plantas. Viçosa, UFV, 1988-89.
Arranjo 1
1/30
2/60
3/90
Manejo2
S/ corte
C/ corte
Fatorial
Monocultivo
CV (%)
RM (kg/ha) FG (kg/ha) FM (kg/ha)
4.535
5.921
3.501
4.429
5.421
3.670
3.755
4.327
3.343
4.786, a
3.693, b
4.240
5.895
17,4
5.017
5.429
5.223
9.882
22,7
3.481
3.528
3.504
4.778
21,0
FP (kg/ha)
437
333
455
RC (kg/ha)
9.422
9.091
7.669
RT (kg/ha)
14.393
13.853
11.879
RF (R$/ha)
5.424,40
5.180,10
4.371,03
395
421
408
665
17,1
8.498
8.957
8.728
14.600
19,9
13.679
13.071
13.375
21.160
17,3
4.948,58
5.035,10
4.991,84
8.330,55
18,6
*/Dentro de cada fator médias, nas colunas, seguidas da mesma letra não diferem entre si a 5 % de probabilidade pelo teste de Tukey.
1
/ 1/30 = uma planta de milho a cada 30 cm; 2/60 = duas plantas de milho a cada 60 cm; 3/90 = três plantas de milho a cada 90 cm.
2
/ S/ corte = plantas de milho permaneceram até a colheita do inhame; C/ corte = plantas de milho foram cortadas rente ao solo e retiradas da
área de cultivo quando da colheita das espigas verdes.
Tabela 3. Rendimento financeiro (R$/ha) das culturas de inhame ‘Chinês’ e de milho ‘Doce
Cristal’ em associação em função do arranjo e do manejo das plantas. Viçosa, UFV, 1988-89.
Arranjo1
1/30
2/60
3/90
Manejo 2
S/ corte
C/ corte
7.556,83 a A
7.272,30 a A
7.325,65 a A
8.502,40 a A
7.700,50 a A
5.884,20 b B
*/Médias seguidas da mesma letra, minúscula nas colunas e maiúscula nas linhas, não diferem entre si a 5 % de probabilidade pelo teste de Tukey;
1,2
/Vide legenda da Tabela 2.
cativa somente para rendimento financeiro das culturas associadas (Tabela 3), em
que o corte das plantas de milho no arranjo com três plantas de milho a cada
90 cm proporcionou menor rendimento financeiro. Com exceção para altura de inserção da primeira espiga, diâmetro de colmo e peso médio de espigas, as médias do
monocultivo das demais características
analisadas, para ambas culturas, foram
significativamente superiores às médias
do fatorial (Tabelas 1 e 2).
Apesar das plantas de inhame, nas
associações, terem apresentado recuperação parcial da parte aérea (após a colheita das espigas do milho) com o decorrer do ciclo, possuindo no final do
ciclo índice de área foliar próximo ao
do controle (Figura 1A), a produção das
classes de rizomas dos tratamentos associados foi afetada de forma significativa em relação à monocultura de
inhame (Tabela 2). Em inhame os açúcares solúveis (principalmente os redutores) sintetizados no limbo foliar são
28
translocados para os rizomas (órgãos
principais de reserva) passando antes
por um “armazenamento temporário”
nos pecíolos (Hashad et al., 1956). Dessa forma, o armazenamento de reservas
nos rizomas é altamente dependente da
integridade das estruturas aéreas (limbo
e pecíolo), e qualquer alteração
morfofisiológica dessas estruturas poderá afetar a síntese, a quantidade e a
velocidade de translocação dos açúcares, repercutindo no crescimento dos
rizomas. Danos à parte aérea durante o
ciclo podem refletir negativamente na
produção de rizomas, uma vez que, conforme observado nos inhames ‘Chinês’
e ‘Japonês’, os rizomas filhos iniciam
seu crescimento em torno de 165 DAP
do inhame (Puiatti et al., 1992), podendo contudo ocorrer variações entre
clones e efeito ambiental (Plucknett et
al., 1970; Herédia Zarate, 1988, 1995).
O arranjo com uma planta de milho a
cada 30 cm foi o que menos afetou a produção de rizomas, o qual apresentou,
comparativamente aos demais arranjos e
à média do fatorial, valores de produção
(exceto para filho médio e filho pequeno), rendimento financeiro e PRi numericamente maiores (Tabelas 2 e 4). Por
outro lado o arranjo com três plantas de
milho a cada 90 cm proporcionou, exceto
para produção de filho pequeno, os menores valores para essas características.
Nesse último arranjo as plantas de
inhame adjacentes à cova do milho provavelmente tenham sofrido maior competição por fatores de crescimento como
luz, água e nutrientes, visto que menores
valores de crescimento dessas plantas
foram observados durante o ciclo e, em
especial, quando procedeu-se o corte das
plantas de milho na colheita das espigas
(Figura 1). A competição por luz em associações é um dos principais fatores que
limita crescimento das culturas associadas, e a maior habilidade de uma cultura
em interceptar a radiação fotossintética
ativa pode representar uma maior capacidade de explorar nutrientes e água do
solo (Harper, 1977).
As culturas podem apresentar mecanismos de compensação da produtividade que podem ocorrer em função de
modificações das populações dessas
culturas nas associações, bem como nos
arranjos espaciais dessas e mesmo em
função do sincronismo de plantio e do
desenvolvimento temporal das espécies (Santos, 1998). No inhame ‘Chinês’,
foi observada redução do peso da massa do rizoma mãe com aumento da
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
Crescimento e produtividade de inhame e de milho doce em cultivo associado.
densidade populacional (Silva et al.,
1971). No presente trabalho a menor
produção de rizomas mãe quando do
corte da parte aérea das plantas de milho pode ter favorecido o crescimento
dos rizomas filhos, embora esse aumento não tenha sido significativo
(Tabela 2).
A cultura do milho foi a que mais
contribuiu para o IET, apresentando, nos
dois fatores em estudo (arranjo e manejo), maiores valores de PR que a cultura
do inhame (Tabela 4). Tal fato evidencia que a cultura do milho teve comportamento de cultura dominante (Santos,
1998); por essa razão as associações não
interferiram no seu crescimento, expresso pela altura de inserção da primeira
espiga, diâmetro de colmo e peso médio de espigas com e sem palha, em que
as médias dessas características nos cultivos associados (fatorial) não diferiram
de forma significativa das médias do
monocultivo (Tabela 1). Em situações
de distribuição uniforme dos indivíduos,
como ocorre nos arranjos aditivos (caso
em questão), a espécie que apresenta
crescimento mais rápido sobressai e suplanta a menos vigorosa (Harper, 1977),
o que pode ter acontecido com milho
em relação ao inhame. Apesar dos fatores em estudo (arranjo e manejo) não
terem tido efeito sobre as características de crescimento das plantas e das
espigas de milho, o número de plantas
de milho colhidas/m2 e a produção de
espigas com palha foram menores nos
arranjos com maior número de plantas/
cova (Tabela 1). Isso demonstra que,
mesmo sendo cultura dominante, nos
arranjos com maior número de indivíduos/cova as plantas de milho sofreram
competição em alguma fase do desenvolvimento o que afetou de alguma forma a sua prolificidade. O milho é uma
planta com metabolismo C4, e como tal
melhor adaptada a ambientes com alta
irradiancia (Wolfe et al., 1997); considerando que seu plantio ocorreu 40 DAP
do inhame, as plantas de milho em arranjo com maior número/cova podem ter
sofrido competição por luz com a cultura do inhame (e entre si) no estádio
inicial de desenvolvimento. A competição por outros fatores e em outras fases
de desenvolvimento da cultura, especialmente durante o enchimento dos
grãos, quando ambas culturas já apreHortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
Tabela 4. Produção relativa de rizomas de inhame ‘Chinês’ (PRi) e de espigas com palha de
milho ‘Doce Cristal’ (PRm) e índice de eficiência da terra (IET) nas associações em função
do arranjo e do manejo das plantas. Viçosa, UFV, 1988-89.
Arranjo1
1/30
2/60
3/90
Manejo2
S/ corte
C/ corte
Fatorial
Monocultivo
1,2
PRi
0,68
0,66
0,57
PRm
0,86
0,76
0,74
IET
1,54
1,42
1,31
0,65
0,62
0,64
1,0
0,80
0,77
0,78
1,0
1,45
1,39
1,42
1,0
/Vide legenda da Tabela 2.
sentavam os sistemas radiculares desenvolvidos, não deve ser descartada. Interferências negativas entre espécies
vegetais nas associações podem estar
ligadas a diversos fatores, tais como:
competição por recursos como água,
nutrientes, CO2 e luz, ou ainda por modificações danosas no microclima e/ou
efeitos alelopáticos (Vandermeer, 1981;
Santos, 1998), em que a intensidade
dessas interações pode ser alterada pelo
grau de sincronismo entre o crescimento das espécies envolvidas e o estádio
fenológico em que se dá a interferência
(Harper, 1977).
Apesar das culturas em associação
terem apresentado menores produtividades que as respectivas monoculturas
(Tabelas 1 e 2), observa-se pelo IET
(Tabela 4), que as associações foram
eficientes, uma vez que em todas o IET
foi superior a 1,00, indicando que as
culturas são adequadas para serem consorciadas (Santos, 1998); ou seja, para
que as monoculturas produzissem o
mesmo que um hectare das duas culturas juntas haveria a necessidade de área
de cultivo total, das duas culturas solteiras, superior a um hectare. Isso evidencia que, de acordo com o “Princípio
da Produção Competitiva” de
Vandermeer (1981), a competição que
ocorreu nessas associações pode ser
considerada como do tipo “competição
mútua suficientemente fraca”, uma vez
que, para áreas iguais, as duas culturas
em associação produziram mais que as
respectivas monoculturas. Esse tipo de
resultado é altamente desejável face às
limitações que pesam sobre os pequenos agricultores, e demonstra o poten-
cial do sistema de cultivo em consórcio
para a pequena propriedade agrícola, na
qual a limitação de área disponível se
torna num dos fatores mais limitantes
(Santos, 1998). Observa-se ainda (Tabela 4), que os maiores valores de IET
foram alcançados pelo arranjo com uma
planta de milho a cada 30 cm, e sem
corte da parte aérea das plantas de milho na colheita das espigas, os quais propiciaram as maiores contribuições em
termos de produtividade relativa da parte colhida para o inhame (PRi) e para
milho (PRm). Além disso, o arranjo com
uma planta de milho a cada 30 cm proporcionou rendimento financeiro pelo
milho significativamente superior aos
demais arranjos (Tabela 1); comportamento semelhante, embora não significativo, foi observado para o inhame (Tabela 2). Todavia a associação que proporcionou, numericamente, maiores índice de eficiência (IET = 1,55) e rendimento financeiro foi a que envolveu o
arranjo de uma planta de milho a cada
30 cm com o corte das plantas na colheita. Nessa associação o inhame apresentou 72% do rendimento financeiro
proporcionado pela respectiva monocultura de inhame, que somado ao rendimento proporcionado pelo milho
(82% do rendimento proporcionado
com a monocultura do milho), alcançou
o montante de R$ 8.502,40/ha (Tabela
3); destaca-se ainda que o rendimento
proporcionado pelo milho ocorreu antecipadamente com a venda das espigas,
fato esse que vem demonstrar o potencial dessa associação. A complementariedade ou não-coincidência dos ciclos
de crescimento e produção das culturas
29
M. Puiatti et al.
associadas é um dos mecanismos que
levam ao sucesso as associações (Santos, 1998), e pode ser o caso dessa associação, inhame com milho doce.
Dentre as associações estudadas, o
arranjo com três plantas de milho a cada
90 cm com corte da parte aérea das plantas de milho na colheita das espigas, foi
a menos eficiente (IET =1,19), e a única
que apresentou rendimento financeiro
total (inhame + milho) inferior ao da
monocultura do inhame (teste de Dunett,
P<0,05) e às demais associações (Tabela
3). O que mais contribuiu para o baixo
IET nessa associação foi a pequena PR
do inhame (0,47), embora também tenha
sido a menor PR alcançada pelo milho
(0,72); esses valores podem ter sido devidos a interferências sofridas pelas plantas nessa associação, principalmente pelo
inhame, conforme discutido.
A exceção do arranjo com três plantas de milho a cada 90 cm que apresentou menores valores de PR e IET (Tabela 4) e rendimentos físico e financeiro pelas culturas (Tabelas 1 e 2) os demais arranjos apresentaram rendimentos físico e financeiro próximos entre si,
destacando-se o arranjo com uma planta de milho a cada 30 cm. O efeito do
manejo das plantas de milho na colheita das espigas (sem ou com corte) foi
pouco expressivo.
Os resultados obtidos nesse trabalho
evidenciam a viabilidade agronômica e
econômica das associações de inhame
e milho doce. A escolha do tipo de associação deverá levar em consideração
as peculiaridades de cada propriedade e
a preferência do mercado a
comercializar os produtos. Há de se considerar ainda que, nos tratamentos associados, parte do retorno financeiro
ocorreu antecipadamente com a venda
do milho verde (150 DAP do inhame).
Além disso, nas associações com a retirada da parte aérea das plantas de milho
ainda verdes teria o opcional de fornecer material vegetal para alimentação
animal levando à produção de leite e/ou
carne, além do esterco. Esse esterco
poderia voltar diretamente à área em
cultivos posteriores, ou indiretamente
30
via composto orgânico, repondo, em
parte, os nutrientes removidos pelas culturas. Nesses casos, entretanto, deve ser
feita uma análise da relação custo/benefício em função do gasto com mãode-obra para execução de tais procedimentos, especialmente na obtenção do
composto.
LITERATURA CITADA
ALTIERI, M.A. Traditional agriculture. In:
ALTIERI, M.A. ed. Agroecology: the science
of sustainable agriculture. Boulder: Wesview
Press, 1995. p. 107 - 144.
CHAPMAN, T. A note on the measurement of
leaf area of the tannia (Xanthosoma
sagittifolium). Tropical Agriculture, v. 41, n.
4, p. 351 - 352, 1964.
de la PENA, R.S. Agronomy. In: WANG, J.K.;
HIGA, S. ed. Taro, a review of Colocasia
esculenta, and its potentials. Honolulu:
University of Hawaii Press, 1983. p. 167 - 179.
EMBRAPA-CNPMS. EMPRESA BRASILEIRA
DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - CENTRO NACIONAL DE PESQUISA DE MILHO E SORGO. A cultura do milho doce. Sete
Lagoas: EMBRAPA-CNPMS, 1992. 34 p.
(Circular Técnica 18).
FRANCIS, C.H. Distribution and importance of
multiple cropping. In: FRANCIS, C.H. ed.
Multiple cropping. New York: McMillan,
1986. p. 15 - 19.
HARPER, J.H. Population biology of plants. 9 ed.
San Diego: Academic Press, 1977. 892 p.
HASHAD, M.N.; STINO, K.R.; EL HINNAWY,
S.I. Transformation and translocation of
carbohydrates in taro plants during growth.
Annals of Agricultural Sciences, v. 1, n. 1, p.
261 - 267, June 1956.
HEREDIA ZARATE, N.A. Curvas de crescimento
de inhame (Colocasia esculenta (L.) Schott)
considerando cinco populações, em solo seco
e alagado. Viçosa: UFV, 1988. 95 p. (Tese doutorado).
HEREDIA ZARATE, N.A. Produção de cinco
clones de inhame cultivados no pantanal sulmatogrossense. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 13, n. 1, p. 38 - 40, maio 1995.
LIEBMAN, M. Polyculture crop systems. In:
ALTIERI, M.A. ed. Agroecology: the science
of sustainable agriculture. Boulder: Wesview
Press, 1995. p. 205 - 218.
NOLASCO, F. Estudo para o cultivo inundado
do inhame (Colocasia esculenta (L.) Schott)
em monocultivo e em consórcio com azolla.
Viçosa: UFV, 1984. 80 p. (Tese mestrado).
PARENTONI,
S.N.;
GAMA,
E.E.G.;
MAGNAVACA, R.; REIFSCHNEIDER,
F.J.B.; VILLAS BOAS, G.L. Milho doce. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 14, n.
165, p. 17 - 22, 1990.
PARENTONI,
S.N.;
GAMA,
E.E.G.;
REIFSCHNEIDER, F.J.B.; GUIMARÃES,
P.E.O. Avaliação da capacidade combinatória
de dez linhagens de milho doce. Horticultura
Brasileira, Brasília, v. 9, n. 2, p. 71 - 73, nov.
1991.
PEREIRA, A.S. Composição, avaliação
organoléptica e padrão de qualidade de cultivares de milho-doce. Horticultura Brasileira,
Brasília, v. 5, n. 2, p. 22 - 24, nov. 1987.
PLUCKNETT, D.L.; de la PENA, R.S.;
OBRERO, F. Taro (Colocasia esculenta), a
review. Field Crop Abstracts, v. 23, p. 413 426, 1970.
PUIATTI, M.; GREEMAN, S.; KATSUMOTO,
R.; FAVERO, C. Crescimento e absorção de
macronutrientes pelo inhame ’Chinês’ e ‘Japonês’. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 10,
n. 2, p. 89 – 92, nov. 1992.
PUIATTI, M; CAMPOS, J.P. de; CASALI,
V.W.D.; CARDOSO, A.A.; CRUZ, R. Sistemas de colocação do bagaço de cana-de-açúcar e do capim gordura, na cultivar de inhame
‘Chinês’. Horticultura Brasileira, Brasília, v.
8, n. 1, p. 14 - 16, maio 1990.
RUBATZKY, V.E.; YAMAGUCHI, M. World
vegetables. Principles, production, and
nutritive values. 2 ed. New York: Chapman &
Hall, 1997. 843 p.
SANTOS, R.H.S. Interações interespecíficas em
consórcio de olerícolas. Viçosa: UFV, 1998.
129 p. (Tese doutorado).
SILVA, J.F. da; COUTO, F.A.A.; TIGCHELAAR,
E. Efeitos do espaçamento, adubação e tamanho de mudas, na produção do inhame
(Colocasia esculenta Schott). Experientiae,
Viçosa, v. 12, n. 5, p. 135 - 154, set. 1971.
SOARES, J.G. Crescimento do inhame (Colocasia
esculenta (L.) Schott) em duas condições
agroclimáticas, em seis níveis de água e cobertura morta. Viçosa: UFV, 1991. 91 p. (Tese
mestrado).
SUNELL, L.A; ARDITTI, J. Physiology and
phytochemistry. In: WANG, J.K.; HIGA, S.
ed. Taro, a review of Colocasia esculenta, and
its potentials. Honolulu: University of Hawaii
Press, 1983. p. 34 - 140.
VANDERMEER, J.H. The interference
production principle: an ecological theory for
agriculture. Bioscience, v. 31, n. 5, p. 361 364, 1981.
WANG, J.K. Introduction. In: WANG, J.K.;
HIGA, S. ed. Taro, a review of Colocasia
esculenta, and its potentials. Honolulu:
University of Hawaii Press, 1983. p. 3 - 13.
WIJESINHA, A.; FEDERER, W.T.; CARVALHO, J.R.P.; PORTES, T.A. Some statistical
analyses for a maize and beans intercropping
experiment. Crop Science, v. 22, p. 660 – 666,
May–June 1982.
WOLFE, D.W.; AZANZA, F.; JUVIK, J.A. Sweet
corn. In: WIEN. H.C. ed. The physiology of
vegetable crops. New York: CAB
International, 1997. p. 461 - 478.
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
RESENDE, F.V.; OLIVEIRA, P.S.R. de; SOUZA, R.J. de. Crescimento, produção e absorção de nitrogênio do alho proveniente de cultura de tecidos,
cultivado com doses elevadas de nitrogênio. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 1, p. 31-36, março 2.000.
Crescimento, produção e absorção de nitrogênio do alho proveniente de
cultura de tecidos, cultivado com doses elevadas de nitrogênio.
Francisco V. Resende1; Paulo Sérgio R. de Oliveira 1; Rovilson José de Souza 2
1
UNIMAR - Faculdade de Ciências Agrárias, C. Postal 554, 17.525-902 Marília - SP; 2 UFLA, C. Postal 37, 37.200-000 Lavras - MG.
RESUMO
ABSTRACT
Este trabalho foi realizado em Marília (SP), com o objetivo de
estudar o crescimento, produção, absorção de N e as correlações entre
estas características, no alho obtido por cultura de tecidos, cultivado
em doses elevadas de N. Foram utilizadas cinco doses de N: 0, 80,
140, 200 e 250 kg/ha, adotando-se delineamento experimental de blocos casualizados com quatro repetições. O número de folhas/planta e
a razão bulbar aumentaram proporcionalmente à elevação da dose de
N no solo. A altura da planta e o acúmulo de matéria seca, por outro
lado, demostraram uma resposta quadrática, aumentando até as doses
de 180 e 164 kg/ha de N, respectivamente. A acumulação de N também seguiu o comportamento quadrático para parte aérea e bulbo,
entretanto, somente o bulbo apresentou um ponto máximo de acúmulo
na dose de 182 kg/ha. Para produção total de bulbos, verificou-se um
comportamento quadrático, aumentando até a dose de 234 kg/ha de
N. A produção comercial foi afetada negativamente pelos níveis de N
mais elevados, apresentando uma curva de resposta quadrática. A produção comercial máxima estimada (18,74 t/ha) foi verificada para uma
dose de 194,4 kg de N por hectare. Os níveis de resposta ao N do alho
proveniente da cultura de tecido mostraram-se superiores ao do alho
multiplicado de forma convencional. Foram verificadas correlações
altamente significativas entre a quantidade de N extraída e as características de produção da planta.
Growth, yield and nitrogen uptake in garlic obtained by tissue
culture, cultivated under high nitrogen levels.
This work was accomplished in Marília county, State of São
Paulo - Brazil, with the objective of studying the growth, production,
N uptake and correlations between these characteristics, on tissue
culture garlic cultivated under high nitrogen levels. Five levels of N
were used: 0, 80, 140, 200 and 250 kg/ha in a randomised block
design with four replications. The number of leaves per plant and
the bulbing ratio increased under high N levels in the soil. The plant
height and dry matter accumulation showed a quadratic response,
reaching maximum values at N levels of 180 and 164 kg/ha,
respectively. The N-accumulation on leaves and bulbs also followed
the quadratic behaviour, although only the bulb showed a maximum
value of N-accumulation under the level of 182 kg/ha. For total yield,
a quadratic effect was observed, increasing up to 234 kg/ha of N.
The commercial yield was negatively affected by the high N levels,
showing a quadratic effect. The maximum estimated commercial
yield (18.74 t/ha) was obtained under 194.4 kg/ha of N. Garlic plants
originated from tissue culture had better response to higher N levels
than those whose bulbs were multiplied in the field. Highly significant
correlations were observed between N-accumulation and the plant
production components.
Palavras-chave: Allium sativum L., multiplicação “in vitro”,
adubação nitrogenada.
(Aceito para publicação em 11 de fevereiro de
em sido demonstrado por meio de influência na severidade de várias doenresultados experimentais que a ças, destacando-se nesse caso as viroutilização da cultura de tecidos em alho, ses. Sabe-se que em alguns situações, o
com intuito de eliminar viroses, tem re- vírus pode direcionar para sua reprodusultado em materiais com crescimento e ção até 75% do conteúdo de proteínas
produção significativamente superiores de uma célula, além de afetar o conteúaos multiplicados pela via convencional do de outros compostos ricos em N
(Resende, 1997). Esse comportamento como os açúcares e a clorofila (Gibbs
sugere que as exigências nutricionais des- & Harrison, 1979).
tas plantas serão alteradas pela ausência
Verifica-se, na literatura internaciode viroses nos materiais limpos de vírus. nal, resposta a níveis elevados de N pelo
Portanto, para viabilizar a utilização do alho, podendo chegar a 360 kg/ha
alho oriundo de cultura de tecidos em es- (Maksoud et al., 1984). No Brasil, entrecala comercial, muitas questões relacio- tanto, o alho responde a níveis bem mais
nadas à nutrição e adubação precisam ser modestos, atingindo no máximo 100 kg/
esclarecidas, para que o produtor possa ha (Menezes Sobrinho et al., 1974). No
explorar todo potencial produtivo propor- caso de alho proveniente de cultura de
cionado pela cultura de tecidos.
tecidos comprovou-se a capacidade de
Neste contexto, o N merece atenção resposta ao N em níveis significativamenespecial por ser um dos nutrientes mais te superiores aos materiais multiplicados
exigidos pela cultura do alho e pela sua de forma convencional. (Barni & Garcia,
T
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
2.000)
1994; Resende, 1997), verificaram que
o alho proveniente de cultura de tecidos
respondeu efetivamente às adubações
mais pesadas com N que as plantas da
mesma cultivar multiplicadas de forma
convencional.
Partindo das observações desses autores, procurou-se neste trabalho identificar a real capacidade de resposta ao
N por plantas de alho provenientes de
cultura de tecidos, avaliando o comportamento das mesmas quando cultivadas
em níveis elevados de N, bem como
correlacionar, nestas condições, a quantidade de N absorvida pela planta com
seu crescimento e produção.
MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi realizado na Universidade de Marília (UNIMAR), em
31
F.V. Resende et al.
80 dias - Y = 54,99 + 0,047X; R2 = 0,87**
120 dias - Y = 49,38 + 0,124X - 0,00034X2 ; R2 = 0,91**
Figura 1. Altura aos 80 e 120 dias após o plantio, de plantas de alho provenientes de cultura
de tecidos em função das doses de nitrogênio aplicadas. Marília (SP), UNIMAR, 1997.
Marília (SP), utilizando material propagativo da cultivar Gigante Roxão multiplicado através de cultura de tecidos,
no Laboratório de Biotecnologia da Universidade Federal de Lavras (UFLA). As
plantas utilizadas neste trabalho foram
multiplicadas durante dois anos em campos isolados de lavouras comerciais em
Lavras (MG). Em função da ausência de
caracterização das viroses que ocorrem
no alho no Brasil e, consequentemente,
inexistência de anti-soros específicos
(Dusi, 1995), não foram realizados testes de indexação para presença de viroses nas plantas estudadas.
A cultivar Gigante Roxão pertence
ao grupo dos alhos semi-nobres (ciclo
médio), apresenta bulbos com película
de coloração arroxeada, pequena incidência de bulbilhos “palitos”, boa resistência ao pseudo-perfilhamento e adaptação às condições de plantio do Sudeste e Centro Oeste do país dispensando a
necessidade
de
vernalização
(EMBRAPA, 1984).
O experimento foi conduzido na
Fazenda Experimental da UNIMAR no
período de 16/04/1997 a 23/09/1997 em
um solo classificado como Podzólico
Vermelho Amarelo de transição abrupta, com as seguintes características químicas: pH em CaCl 2: 6,2; matéria orgânica: 20,8 g dm-3; P: 121 mg dm-3; K:
5,1 mmolc dm-3; Ca: 43 mmolc dm-3; Mg:
26 mmolc dm-3; V: 82%.
As adubações de plantio basearamse em recomendações para o Estado de
32
São Paulo, seguindo informações do
Boletim 100 (Raij et al., 1996) para o
alho comum, constando de 120 kg/ha de
P2O5, 40 kg/ha de K2O, 10 kg/ha de ácido bórico e sulfato de zinco e 50 kg/ha
de sulfato de magnésio.
Utilizou-se o delineamento experimental de blocos casualizados, com quatro repetições. As parcelas foram dimensionadas com 1,00 m de largura por 2,00
m de comprimento, constando de 5 fileiras de 20 plantas, totalizando 100 plantas/parcela. Como área útil, foram consideradas as três fileiras centrais, excluindo-se as duas últimas plantas de cada
extremidade da parcela. O espaçamento
utilizado para o plantio foi de 0,10 m
entre plantas e 0,20 m entre fileiras.
Os tratamentos constituíram-se de
cinco doses de nitrogênio: 0, 80, 140,
200 e 250 kg/ha, utilizando uréia como
fonte, parceladas em três aplicações: no
plantio, aos 45 e 70 dias após o plantio.
Após o plantio foi colocado sobre os
canteiros, uma camada de 5 cm de casca
de arroz (cobertura morta) com a função
de manter a umidade e a temperatura do
solo adequadas à emergência das
plântulas. O controle das plantas daninhas foi realizado com aplicações em
pós-emergência, utilizando os herbicidas
Fluazifop-butyl e Linuron nas dosagens
recomendadas para cada produto e capinas manuais quando necessário. Foram
realizadas pulverizações semanais com
produtos à base de Mancozeb, Iprodione,
Tebuconazole, Vamidothion e Parathionmetyl visando o controle preventivo de
pragas e doenças.
Foram avaliados aos 80 e 120 dias
após o plantio, a altura da planta, o número médio de folhas/planta e a razão
bulbar que mede a relação entre o diâmetro do pseudocaule e diâmetro do
bulbo em formação, fornecendo uma
estimativa da taxa de bulbificação da
planta (Mann, 1952). Aos 120 dias foram coletadas amostras de 3 plantas/
parcela, secadas em estufa a ± 70oC até
peso constante para obtenção da produção de matéria seca. A quantificação do
N na planta foi realizada no Laboratório de Solos e Adubação da Universidade de Marília pelo método semi-microkjeldahl com digestão ácida quente.
As plantas atingiram o ponto de colheita aos 160 dias após o plantio. Os
bulbos foram curados em local seco e
ventilado durante 50 dias, sendo então
classificados por tamanho e pesados
para obtenção das produções total e comercial. Para produção comercial foram
considerados apenas bulbos com diâmetro superior a 35 mm, intactos, livres de
sintomas de ataque de pragas e doenças
e em perfeito estado de conservação.
Os dados obtidos foram submetidos
aos testes de Lilliefors e Barttlet para
verificar, respectivamente, o ajuste aos
critérios
de
normalidade
e
homogeneidade exigidos para a análise
de variância (Little & Hills, 1978). Os
valores médios das características estudadas foram ajustados à curva de resposta (regressão) em função das doses
de N (Gomes, 1990).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As doses de N influenciaram significativamente (p<0,01) a altura da planta
e o número médio de folhas/planta aos
80 e 120 dias após o plantio. Os resultados para a altura das plantas indicaram
aos 80 dias, uma tendência linear de resposta ao aumento das doses de N, enquanto aos 120 dias prevaleceu um comportamento tipicamente quadrático (Figura 1). O número médio de folhas apresentou uma relação linear, aumentando
proporcionalmente ao incremento das
doses de N aos 80 e 120 dias (Figura 2).
A altura da planta alcançou, aos 120
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
Crescimento, produção e absorção de nitrogênio do alho proveniente de cultura de tecidos.
dias, um valor máximo estimado de 60,7
cm para a dose de 182,3 kg/ha. Para o
número médio de folhas/planta o valor
máximo ocorreu fora do intervalo de
doses estudados. Uma vez que o desenvolvimento vegetativo do alho intensifica-se no período entre 60 e 120 dias
após o plantio (Silva et al., 1970), a resposta linear apresentada aos 80 dias torna-se coerente, pois nesse período as
plantas encontram-se em pleno crescimento. Da mesma forma, o comportamento quadrático aos 120 dias, explicase pela coincidência com o início da
senescência da parte aérea.
O efeito positivo do N no crescimento e no aumento da massa foliar do alho
tem sido observado tanto em plantas
multiplicadas de forma convencional
(Souza, 1990; Resende, 1992), quanto
provenientes de cultura de tecidos
(Resende, 1997).
As produções de matéria seca das
folhas (p<0,05), bulbo (p<0,01) e total
(p<0,01), aos 120 dias após o plantio,
mostraram-se significativamente influenciadas pelo aumento das doses de N,
apresentando para todas estas características, com exceção da matéria seca
total que mostrou comportamento linear,
relação quadrática com o aumento de N
no solo (Figura 3). As respostas significativas obtidas nesta época foram sustentadas pelo trabalho de Silva et al.,
(1970). Segundo estes autores, entre 90
e 135 dias a bulbificação do alho é intensificada resultando no aumento da
demanda de nutrientes (principalmente
N e K). Durante este período a planta
absorve 49% do N total e os bulbos passam a responder por mais de 50% da
matéria seca total da planta (Zink, 1963).
Analisando-se as curvas de ajuste
(Figura 3), observa-se que a quantidade
de matéria seca cresceu para parte aérea
até a dose de 183,3 kg/ha (8,96 g/planta), para o bulbo até 168 kg/ha (13,25 g/
planta) e para o total até 166,6 kg/ha
(23,50 g/planta) de nitrogênio. Estes resultados complementaram as observações de Resende (1997), que verificou
aumentos lineares na matéria seca, num
intervalo de doses de 0 e 140 kg/ha de N,
em folhas, bulbos e raízes de plantas
multiplicadas através de cultura de tecidos. Em plantas multiplicadas pela via
convencional, segundo este autor, os ponHortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
80 dias - Y = 7,16 + 0,003X; R2 = 0,73**
120 dias - Y = 9,34 + 0,0051X; R2 = 0,95**
Figura 2. Número médio de folhas por planta aos 80 e 120 dias após o plantio, de plantas de
alho provenientes de cultura de tecidos em função das doses de nitrogênio aplicadas. Marília
(SP), UNIMAR, 1997.
Figura 3. Matéria seca das folhas, bulbo e total aos 120 dias após o plantio, de plantas de
alho provenientes de cultura de tecidos em função das doses de nitrogênio aplicadas. Marília
(SP), UNIMAR, 1997.
tos máximos de produção de matéria seca
foram obtidas nas doses de 105 e 102 kg/
ha, respectivamente, na parte aérea e total, e 118 kg/ha para o bulbo aos 110 dias
após o plantio.
A razão bulbar foi afetada pelo N
apenas aos 120 dias (p=0,06), traduzindo-se numa relação linear positiva com
o incremento das doses de N. Como o
aumento da razão bulbar indica atraso
na bulbificação, este resultado mostra
que a formação do bulbo foi limitada
pela elevação das doses de N (Figura
4). Esta relação linear expressa, de maneira geral, a mesma tendência observada em outros trabalhos com alho de
cultura de tecidos (Resende, 1997) e
convencional (Santos et al.,1984). Aos
80 dias, o aumento das aplicações de N
não interferiu na razão bulbar. Nesta
33
F.V. Resende et al.
Figura 4. Razão bulbar aos 120 dias após o plantio, de plantas de alho provenientes de cultura
de tecidos em função das doses de nitrogênio aplicadas. Marília (SP), UNIMAR, 1997.
Figura 5. Quantidade de nitrogênio absorvido pela parte aérea, bulbo e total aos 120 dias
após o plantio, de plantas de alho provenientes de cultura de tecidos em função das doses de
nitrogênio aplicadas. Marília (SP), UNIMAR, 1997.
época, a formação do bulbo encontrase ainda pouco evidente e, portanto, a
exigência nutricional é mínima nesta
parte da planta.
Segundo Mann (1952), quando a razão bulbar reduz-se a níveis inferiores
a 0,5, o bulbo encontra-se completamente formado e para valores menores que
0,2 encontra-se em fase final de maturação. Nota-se que com estas pressuposições, mesmo estando completamente
formados aos 120 dias após o plantio, a
elevação das doses de N provocou, nesta
34
época, um nítido atraso no processo de
maturação dos bulbos, demonstrado pelo
aumento da razão bulbar. Esse atraso
pode ser entendido como resultante de
um excessivo desenvolvimento vegetativo da planta causado por quantidades
elevadas de N, retardando ou prejudicando fase reprodutiva (Malavolta e t
al.,1989), que no caso do alho é representada pela formação do bulbo.
Como esperado, a absorção de N
pela planta mostrou-se bastante influenciada (p<0,01) pelo aumento das doses
de N. Embora a quantidade acumulada
de N em todas as partes, à exceção do
acúmulo total que apresentou resposta
linear, tendeu para um comportamento
quadrático em relação às doses deste
nutriente (Figura 5), apenas para o bulbo detectou-se um ponto de máximo
acúmulo de N, que segundo a equação
ajustada, foi igual a 280,27 mg/planta na
dose de 182,60 kg/ha de N. O N total
acumulado atingiu o valor calculado de
545,38 mg/planta na dose máxima utilizada (250 kg/ha). Assemelhando-se aos
resultados de Resende (1997), que observou um acúmulo crescente de N até
228 mg/planta para dose máxima aplicada (140 kg/ha) deste nutriente em plantas de alho de cultura de tecidos (as plantas convencionais acumularam o máximo de 132,2 mg/planta com 107 kg/ha
de N), verificou-se também que a absorção de N aumentou de forma proporcional à disponibilidade deste nutriente no
solo, ou seja, até a dose de 250 kg/ha.
A absorção de nutrientes pelo alho
acompanha o crescimento das folhas,
das raízes e principalmente do bulbo
(Zink, 1963; Silva et al., 1970). Este
comportamento pode ser notado, de
maneira geral, pela similaridade de resposta ao N entre as características de
crescimento da planta e a quantidade de
nitrogênio absorvido e corroborado pelas correlações positivas e altamente significativas (p<0,01) entre a acumulação
de N e a produção de matéria seca e peso
dos bulbos; fato constatado também
entre o N total absorvido e as produções
total e comercial (Tabela 1).
Aos 120 dias após o plantio, não foram observadas correlações significativas entre a altura da planta e a matéria
seca das folhas com a quantidade de N
extraída por estas partes (Tabela 1). Este
comportamento pode ser explicado pelo
início da senescência foliar do alho,
marcada entre outros fatores, por uma
elevada redistribuição de nutrientes da
parte aérea para o bulbo, entre 120 e 150
dias após o plantio (Silva et al., 1970;
Resende, 1997). Reforçando esta hipótese, verificou-se que aos 80 dias, época em que a parte aérea encontra-se em
pleno crescimento, houve uma correlação significativa entre a altura da planta
e o N acumulado na parte aérea.
As produções total e comercial foram significativamente (p<0,01) influenHortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
Crescimento, produção e absorção de nitrogênio do alho proveniente de cultura de tecidos.
ciadas pelo N, apresentando relações
quadráticas com as doses de N utilizadas
(Figuras 6 e 7). Enquanto a produção
comercial atingiu o ponto máximo, segundo a regressão, em 18,77 t/ha para
uma dose de 194,4 kg/ha de N, a produção total evoluiu, ainda que com pequena intensidade, até a dose de 234 kg/ha,
onde obteve-se uma produção calculada
de aproximadamente 18,69 t/ha. Nota-se,
portanto, praticamente nenhuma variação
entre a produção total e comercial em
função do baixo índice de descarte de bulbos devido, principalmente, ao pequeno
número de bulbos com diâmetro inferior
ao padrão comercial, em conseqüência
do efeito da cultura de tecidos e à mínima ocorrência de superbrotamento em
alhos do grupo semi-nobre. Respostas
significativas de alho proveniente de cultura de tecidos à adubação nitrogenada
foram, de forma similar, verificadas por
Barni & Garcia (1994) e Resende (1997),
entretanto, trabalhando com níveis inferiores de N, até 120 e 140 kg/ha de N
respectivamente. Para o alho comum ou
semi-nobre multiplicado de forma convencional, as recomendações de adubação com N encontram-se na faixa de 60
a 100 kg/ha (Raij et al., 1996).
Pode-se concluir, portanto, que o
alho proveniente de cultura de tecidos
responde a doses mais elevadas de nitrogênio, tanto em termos de crescimento quanto de produção, que o alho multiplicado de forma convencional. Considerando a obtenção de produções comerciais, os níveis de resposta chegaram a aproximadamente 195 kg/ha de
N, sendo quase duas vezes superior ao
recomendado para o alho propagado
pela via convencional. Para produção
total de bulbos obteve-se resposta até
234 kg/ha de N.
Outra conclusão importante referese à absorção de N pela planta, que
acompanhou de forma proporcional o
aumento dos níveis deste nutriente no
solo e correlacionou-se significativamente e de forma positiva com o aumento na altura da planta, peso do bulbo,
produção total e comercial.
Tabela 1. Correlação entre as características de crescimento e produção com a absorção
de nitrogênio pelas plantas de alho provenientes de cultura de tecidos. Marília (SP),
UNIMAR, 1997.
Características correlacionadas
correlação
(r)
Altura da planta (80 dias) x N absorvido pela parte aérea
0,8435 *
Altura da planta (120 dias) x N absorvido pela parte aérea
0,6567 ns
Matéria seca das folhas (120 dias) x N absorvido pela parte aérea
0,5594 ns
Matéria seca do bulbo total (120 dias) x N absorvido pelo bulbo
0,9743 **
Peso médio do bulbo total x N absorvido pelo bulbo
0,9515 **
Peso médio do bulbo comercial x N absorvido pelo bulbo
0,9816 **
Produção total x N total absorvido pela planta
0,9806 **
Produção comercial x N total absorvido pela planta
0,9375 **
*, **, ns: correlações significativas aos níveis de 5 e 1% de probabilidade e não significativa, respectivamente, pelo teste t de Student.
Figura 6. Produção total de plantas de alho provenientes de cultura de tecidos em função
das doses de nitrogênio aplicadas. Marília (SP), UNIMAR, 1997.
LITERATURA CITADA
BARNI, V.; GARCIA, S. Comportamento do alho
Quitéria isento do Virus do Estriado Amarelo
do Alho em diferentes condições de cultivo.
Hortisul, Pelotas, v. 3, n. 1, p. 15-19, jan. 1994.
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
Figura 7. Produção de bulbos comerciais de plantas de alho provenientes de cultura de
tecidos em função das doses de nitrogênio aplicadas. Marília (SP), UNIMAR, 1997.
35
F.V. Resende et al.
DUSI, A.N. Doenças causadas por vírus na cultura do alho. Informe agropecuário, Belo Horizonte, v. 17, n. 183, p. 19-21, 1995.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA
AGROPECUÁRIA. Cultivo do alho. Brasília:
CNPH, 1984. 16 p. (Instrução Técnica n. 2).
GIBBS, A.; HARRISON, B. Plant Virology: the
principles. New York: Buffer and Turner,
1979. 292 p.
GOMES, F.P. Curso de estatística experimental.
Piracicaba: Nobel, 1990. 468 p.
LITTLE, T.M.; HILLS, F.J. Agricultural
Experimentation, New York: John Willey and
sons, 1978. 350 p.
MALAVOLTA, E.; VITTI, G.C.; OLIVEIRA,
S.A. de. Avaliação do estado nutricional das
plantas: princípios e aplicações. Piracicaba:
POTAFOS, 1989. 201 p.
MAKSOUD, M.A.; FODA, S.; TAHA, E.M.
Effect of different fertilizers on quality and
yield of garlic. Egyptian Journal of
Horticulture, v. 11, n. 1, p. 51-58, 1984.
36
MANN, L.K. Anatomy of the garlic bulb and
factors affecting bulb development. Hilgardia,
v. 21, n. 8, p. 195-251, 1952.
MENEZES SOBRINHO, J.A.; NOVAIS, R.F.;
SANTOS, H.L.; SANS, L.M.A. Efeito da adubação nitrogenada, de diferentes espaçamento
entre plantas e da cobertura morta do solo sobre a produção do alho. Revista Ceres, Viçosa, v. 21, n. 11, p. 458-469, 1974.
RAIJ, B.V.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO,
J.A.; FURLANI, A.M.C. Boletim técnico 100:
Recomendações de adubação e calagem para
o estado de São Paulo. 2 ed., Campinas: IAC,
1996. 285 p.
RESENDE, F.V. Crescimento, absorção de
nutrientes, resposta à adubação nitrogenada
e qualidade de bulbos de alho proveniente
cultura de tecidos. Lavras: UFLA, 1997, 139
p. (Tese doutorado).
RESENDE, G.M. de. Influência do nitrogênio e
paclobutrazol na cultura do alho (Allium
sativum L.). Lavras: ESAL, 1992. 107 p. (Tese
mestrado).
SANTOS, A.V.X.; LEAL, E.P.; MENDES, J.E.S.
Efeito da dosagem crescente de nitrogênio
mineral na cultura do alho (Allium sativum L.),
em Jacobina, BA. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 24., 1984,
Jaboticabal. Resumos... Jaboticabal: FCAV/
UNESP, 1984. p.1.
SILVA, N. da; OLIVEIRA, G.D. de; VASCONCELOS, E.F.C.; HAAG, H.P. Absorção de
nutrientes pela cultura do alho. O Solo,
Piracicaba, v. 62, n. 1, p. 8-17, jun. 1970.
SOUZA, R.J. de. Influência do nitrogênio, potássio, cycocel e paclobutrazol na cultura do alho
(Allium sativum L.). Viçosa: UFV, 1990. 143
p. (Tese doutorado).
ZINK, K.F.W. Rate of growth and nutrient uptake
and nutrient absorption of late garlic.
Proceedings of American Society of
Horticultural Science, v. 83, p. 579-584, 1963.
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
OLIVEIRA, A. T.; JUNQUEIRA, A. M. R; FRANÇA, F. H. Impacto da Irrigação por aspersão convencional na dinâmica populacional da traça-dascrucíferas em plantas de repolho, Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 1, p. 37-40, março 2000.
Impacto da irrigação por aspersão convencional na dinâmica
populacional da traça-das-crucíferas em plantas de repolho1 .
Aurélio Tinoco de Oliveira; Ana Maria R. Junqueira 2; Félix Humberto França3
2
UnB – Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Núcleo de Apoio à Competitividade e Sustentabilidade da Agricultura, C.
Postal 4.508, 70.910-970, Brasília – DF; 3 Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70.359-970, Brasília – DF.
RESUMO
ABSTRACT
Para avaliar o impacto da irrigação via aspersão convencional na
dinâmica populacional da traça-das-crucíferas foram realizados dois
experimentos. O primeiro composto por dois ensaios, foi realizado na
Embrapa Hortaliças. No primeiro ensaio, larvas de terceiro e quarto
estágio foram colocadas em 16 plantas de repolho, cv. Kenzan, com
folhas abertas, 40 dias após a semeadura e em 16 plantas iniciando a
formação da cabeça. Após um período de 24 horas, os vasos com as
plantas foram conduzidos ao campo, onde metade deles recebeu irrigação por aspersão convencional. A lâmina aplicada foi de 23 mm em
trinta minutos. A outra metade das plantas serviu como testemunha.
No segundo ensaio, realizado com a mesma metodologia, larvas de
primeiro e segundo estágios foram colocadas em quarenta plantas.
No segundo experimento realizado na Fazenda Água Limpa, Universidade de Brasília, o delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, com três tratamentos (inseticida clorfluazuron com
aplicações semanais de 400 ml/ha; clorfluazuron aplicado quando atingido o nível de dano de seis furos, em média, nas quatro folhas centrais e testemunha sem inseticida), em dez repetições, totalizando trinta
parcelas com 24 plantas cada uma. Foram aplicados 400 mm de água
à cultura durante o ciclo. As pulverizações semanais do inseticida e o
acompanhamento do nível de dano em cinco plantas ao acaso, em
cada parcela, tiveram início no 360 dia após o transplante. As notas
foram atribuídas (104 dias após o transplante) às oito plantas centrais
das parcelas, conforme a escala: 01 = folhas raspadas ou sem danos,
02 = folhas com furos pequenos (pouco dano); 03 = folhas com furos
grandes (muito dano); 04 = plantas totalmente danificadas. Verificouse que a precipitação tem influência no controle da traça-das-crucíferas,
promovendo 52% de remoção de larvas quando as plantas estavam
com as folhas abertas e quando larvas de primeiro e segundo estágios
foram utilizadas. Não foi observada diferença estatística entre os tratamentos “inseticida semanal” e “inseticida aplicado quando atingido
o nível de dano”. Também não houve diferença estatística entre os
tratamentos “inseticida aplicado quando atingido o nível de dano” e a
testemunha.
Impact of sprinkler irrigation on diamondback moth injuries
on cabbage plants.
Palavras-chave: Plutella xylostella, irrigação, manejo integrado
de pragas.
Keywords: Plutella xylostella, irrigation, integrated pest
management.
Two experiments were carried out to evaluate the impact of
sprinkler irrigation on Diamondback moth injuries on cabbage plants
(cv. Kenzan). The first experiment, composed by two trials, was
carried out at Embrapa Hortaliças. In the first trial, larvae of third
and forth stages were transferred to 16 plants with open leaves, 40
days after sowing and on 16 ‘Kenzan’ plants beginning to form head.
After 24 hours, pots with cabbage plants were transferred to the field,
where half of them were irrigated using sprinkler irrigation system
for 30 minutes per day, receiving depth of water of 23 mm. The
other half of the pots were the control treatment. On the second trial,
carried out at the same way, larvae of the first and second stage were
transferred to 40 cabbage plants. The second experiment was carried
out at Fazenda Água Limpa, University of Brasília. The experimental design was completely randomized with three treatments
(clorfluazuron weekly applied – 400 ml/ha; clorfluazuron applied at
crop economic threshold and control, without clorfluazuron) in 10
replicates, total of 30 plots with 24 plants each. It was applied 400
mm of water during crop cycle. The weekly clorfluazuron
applications and the weekly crop economic threshold evaluation
began 36 days after transplanting. Grades were attributed to eight
plants per plot during harvest according to the degree of injuries
observed: 01= no damage; 02= few damages; 03= leaves with many
injuries; 04= plant totally damaged. Sprinkler irrigation has influence
on Diamondback moth control by removing 52% of the larvae when
first and second stage larvae were used. No statistically significant
difference was observed between the grades of the plants that received
clorfluazuron weekly and the plants that received it at crop economic
threshold and between the latter treatment and the control.
(Aceito para publicação em 07 de fevereiro de 2000)
A
produção mundial de repolho
(Brassica oleracea var. capitata)
situa-se em torno de 42,2 milhões de toneladas, sendo que no Distrito Federal e
região do entorno a produção anual é de
6.931,5 t/ano (EMATER, 1996). Dentre
1
as pragas que atacam a cultura, a traçadas-crucíferas (Plutella xylostella) é um
fator limitante na produção. As larvas da
traça ao perfurarem as cabeças de repolho diminuem o valor comercial do produto. As medidas de controle da traça
baseiam-se no uso de inseticidas de amplo espectro usados em doses elevadas e
em intervalos muito curtos. Estima-se o
custo anual para o manejo da traça em
um bilhão de dólares (Shelton et al.,
1994). Segundo Villas Bôas et al. (1990)
Trabalho realizado como parte das exigências para obtenção do grau de Engenheiro Agrônomo pelo primeiro autor.
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
37
A.T. de Oliveira et al.
aplicações contínuas de produtos utilizados para o controle de Plutella xylostella
levam ao rápido aparecimento de indivíduos resistentes. No Distrito Federal,
piretróides não atingiram controle
satisfatório da traça (França et al., 1984).
A traça-das-crucíferas é considerada a
praga de maior importância econômica
para o repolho na região do Distrito Federal (Castelo Branco & Melo, 1992) e o
período de desenvolvimento de altas populações ocorre entre os meses de junho
a outubro (França et al., 1984).
Estratégias de manejo devem ser realizadas para diminuir a pressão de seleção imposta pelos inseticidas à traça
conferindo-lhe resistência. Guimarães &
Villas Bôas (1989) ao estudarem a
flutuação populacional da traça em repolho, objetivando definir a melhor época de plantio na região do Distrito Federal, determinaram que no plantio da
época seca (julho) obteve-se o pico
populacional aos 70 dias após o transplante com 5,7 larvas/planta e que no
plantio das águas (dezembro) o pico
ocorreu apenas no final do ciclo, atingindo 2,0 larvas/planta. Castelo Branco
et al. (1996) recomendam, para controle da traça-das-crucíferas em repolho,
que as aplicações de inseticidas sejam
iniciadas a partir da formação das cabeças e somente quando forem encontrados, em média, 6 furos nas quatro folhas centrais.
A precipitação tem grande influência no desenvolvimento populacional da
traça-das-crucíferas na cultura do repolho ao remover larvas nos primeiros estágios de vida (Carballo et al., 1989).
Experimentos visando o controle da traça-das-crucíferas resultaram em 75%
(Castelo Branco & Melo, 1992), 95%
(Guimarães & Villas Bôas, 1989) e 50%
(Carballo et al., 1989) de cabeças comerciais, quando do cultivo em época de
chuva e sem aplicação de inseticidas.
Segundo Castelo Branco et al. (1997) a
irrigação efetuada durante a noite reduz
o acasalamento da traça e pode contribuir para diminuir a população da praga
na área e, irrigações efetuadas durante o
dia podem contribuir para a redução da
população da traça por meio da remoção
de ovos das plantas. Costa et al. (1996)
observaram significativa remoção de
ovos de T. absoluta (traça-do-tomateiro)
em cultivo de tomate sob pivô-central.
McHugh & Foster (1995), em estudo
38
sobre o potencial do uso da irrigação por
aspersão como ferramenta de
gerenciamento para controle da traça no
repolho, demonstraram que o uso mais
efetivo da irrigação ocorreu quando a
aplicação da água aconteceu diariamente, intermitentemente nas horas noturnas,
com um índice de 85,9% de redução na
infestação da traça. Junqueira et al.
(1998) ao avaliarem o impacto de diferentes lâminas e sistemas de irrigação nos
danos de Plutella xylostella em plantas
de repolho, observaram número de danos bem inferior nas plantas sob irrigação por aspersão, em comparação à irrigação por gotejamento.
O objetivo deste trabalho foi avaliar
o impacto da água aplicada à cultura do
repolho, via sistema de irrigação por aspersão convencional, na remoção de larvas e fazer um estudo comparativo do
controle da traça-das-crucíferas utilizando água; água e inseticida (Clorfluazuron
com aplicações semanais); e água e inseticida Clorfluazuron (aplicado quando
era atingido um nível de dano pré-estabelecido para a cultura do repolho).
MATERIAL E MÉTODOS
O primeiro experimento foi composto por dois ensaios, onde foram utilizados diferentes estágios da larva de
Plutella xylostella com a finalidade de
quantificar a remoção de larvas da traça
por meio da utilização da irrigação por
aspersão convencional. O primeiro experimento foi realizado de agosto a outubro de 1996 na Embrapa Hortaliças,
Brasília - DF.
Primeiramente realizou-se um ensaio com larvas de terceiro e quarto estágios e após o término deste realizouse o ensaio com larvas de primeiro e
segundo estágio. Para ambos os ensaios,
a metodologia utilizada foi a mesma.
Plantas de repolho, cv. Kenzan, foram
produzidas em vasos em casa-de-vegetação. As mudas foram plantadas a intervalos de 30 dias de forma que durante a realização dos ensaios, metade
das mudas tinha entre 40-50 dias de idade (folhas abertas) e a outra metade tinha 70 dias (iniciando a formação da
cabeça). Larvas de quarto estágio e
pupas da traça foram coletadas em plantas de repolho no campo experimental
da Embrapa Hortaliças e cultivadas em
laboratório em temperatura controlada
de 20°C e fotoperíodo de 16 horas luz.
Após a eclosão das pupas os adultos
foram colocados em gaiolas juntamente com duas a três folhas de repolho para
a oviposição. As folhas com ovos foram transferidas para caixas plásticas e
armazenadas em câmara com temperatura e luz controlada. Ao atingirem os
estágios desejados as larvas foram levadas para a casa-de-vegetação e
transferidas para as plantas de repolho.
Dez larvas foram depositadas nas quatro folhas centrais de cada planta de repolho, 32 plantas no primeiro ensaio e
40 plantas no segundo ensaio. Após 24
horas, as plantas foram conduzidas ao
campo, onde metade do total das plantas de ambas as idades foram irrigadas
pelo sistema de aspersão convencional,
durante um período de 30 minutos, com
uma lâmina de água de 23 mm. A outra
metade serviu de testemunha, não recebendo irrigação. Após a irrigação as
plantas foram reconduzidas à casa-devegetação onde realizou-se a contagem
das larvas remanescentes.
O segundo experimento, que teve
como finalidade comparar o controle da
traça-das-crucíferas utilizando água, água
+ 400 ml/ha de clorfluazuron (aplicações
semanais) e água + 400 ml/ha de
clorfluazuron (aplicado quando atingido
o nível de dano da traça - 06 furos em
média - nas quatros folhas centrais da planta), teve início em maio de 1997 na Fazenda Água Limpa da Universidade de
Brasília. O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado, com 3 tratamentos, 10 repetições, com quatro linhas de
06 plantas cada uma, totalizando 24 plantas por parcela. As sementes do híbrido
Kenzan foram plantadas em bandejas, e
mantidas protegidas sobre telado até chegarem ao estágio de 5 a 6 folhas definitivas (30 dias) quando foi realizado o transplante. O terreno foi preparado com passagem de arado, grade aradora e enxada
rotativa. O espaçamento utilizado foi de
0,8 x 0,3 m. O plantio foi feito em sulco
ao nível do solo em 11 de junho de 1997,
e as adubações foram realizadas no sulco
conforme recomendado para a cultura,
tendo por base a análise do solo. Os
aspersores foram dispostos em forma de
retângulo à uma distância de 12 metros
entre aspersores e 18 metros entre linhas.
Foram instalados “pluviômetros tipo lata”
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
Impacto da irrigação na dinâmica populacional da traça-das-crucíferas.
em cada parcela para acompanhamento e
controle da quantidade e uniformidade da
água aplicada via irrigação. Após a instalação do equipamento de irrigação, foi
realizado um teste onde foi observada a
aplicação de uma lâmina de 11,46 mm/
hora com um Coeficiente de Uniformidade de Christiansen de 84%. A partir do
teste, determinou-se o tempo de irrigação
da cultura de acordo com o seu estágio de
desenvolvimento. Em cada irrigação realizada, anotava-se a quantidade de água
retida em cada pluviômetro e calculavase a lâmina precipitada. Utilizou-se o turno de rega praticado pelos produtores da
região: intervalo de dois dias no estágio
inicial da planta e de três dias quando decorridos trinta dias do transplante. Foram
aplicados 400 mm de água à cultura durante o ciclo.
No trigésimo sexto dia após o transplante (planta iniciando a formação da
cabeça), iniciou-se as pulverizações com
o inseticida clorfluazuron em dez parcelas em aplicações semanais. Para avaliação do nível de dano, para aplicação
ou não de inseticida, a contagem do número de furos foi realizada semanalmente, no mesmo período em que tiveram
início as pulverizações semanais, em
cinco plantas obtidas ao acaso, dentre
as 24 plantas que constituíam as dez
parcelas pré-determinadas. Na avaliação, as notas foram atribuídas às oito
plantas centrais de cada parcela, ficando o restante como bordadura. Na colheita, realizada aos 104 dias após o
transplante, as cabeças de repolho foram avaliadas para os danos da traçadas-crucíferas de acordo com a seguinte escala de nota: 01= folhas raspadas
ou sem dano; 02= folhas com furos pequenos (pouco dano); 03= folhas com
furos grandes (com dano); 04= plantas
com folhas totalmente danificadas (muito dano). As notas foram atribuídas por
dois avaliadores. Foi registrado ainda o
peso individual de cada cabeça.
Os resultados de ambos experimentos
foram transformados em x + 1 (Snedecor
& Cochran, 1989). Após a transformação,
os dados foram submetidos à análise de
variância e as médias foram comparadas
pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No primeiro ensaio do primeiro experimento, onde foram utilizadas larvas
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
Tabela 1. Porcentagem de remoção de larvas* de terceiro e quarto estágio de Plutella
xylostella em plantas de repolho, por meio de irrigação por aspersão. Brasília, Embrapa
Hortaliças, 1996.
Idade da Planta
40 dias
70 dias
Média
Testemunha
35,00**
16,25
25,62A
Irrigadas (23mm)
33,75
33,75
33,75A
Média
34,68 a
25,00 a
* Porcentagem de remoção de larvas, incluídas perdas no transporte.
** Média de oito plantas. Coeficiente de variação = 21,04%.
Médias seguidas pela mesma letra (maiúscula ou minúscula) não diferem estatisticamente
entre si, pelo teste de Tukey, a 5 % de probabilidade.
Tabela 2. Porcentagem de empupamento verificado em relação à quantidade de larvas remanescentes* por planta, após a irrigação de 23 mm de lâmina de água aplicada via sistema
de irrigação por aspersão convencional. Brasília, Embrapa Hortaliças,1996.
Planta
01
02
03
04
05
06
07
08
Média
Test.
(40 dias)
33,3
33,3
42,8
37,5
20,0
100
66,6
41,6
Irrig.
(40dias)
62,5
83,3
80,0
60,0
16,6
85,7
62,5
37,5
61,0
Test.
(70 dias)
50,0
33,3
50,0
30,0
25,0
20,0
25,0
33,3
33,3
Irrig.
(70 dias)
40,0
20,0
33,3
50,0
42,8
40,0
11,1
29,6
* Para cálculo da porcentagem de empupamento verificado, considerou-se como total remanescente de larvas a quantidade de larvas acrescida da quantidade de pupas não removidas
pela irrigação.
de terceiro e quarto estágios, observouse que uma única aplicação de 23 mm
de lâmina de água nas plantas de repolho, via sistema de irrigação por aspersão convencional, não removeu satisfatoriamente larvas da traça (Tabela 1). A
baixa remoção de larvas foi decorrente,
provavelmente, do estágio avançado em
que as larvas se encontravam, resultando em uma menor suscetibilidade à remoção, aliada a um empupamento ocorrido, em larvas de quarto estágio, no
período compreendido entre a colocação das larvas nas plantas de repolho e
a irrigação destas (Tabela 2).
No segundo ensaio do primeiro experimento, realizado com larvas de primeiro e segundo estágios, verificou-se
que a precipitação de 23 mm, aplicada
via sistema de irrigação por aspersão
convencional, removeu satisfatoriamente larvas da traça (Tabela 3). A maior
remoção de larvas neste ensaio foi ocasionada, provavelmente, pela maior
suscetibilidade das larvas à remoção em
decorrência de seu pequeno tamanho,
quando comparado às larvas usadas no
primeiro ensaio. Estes resultados estão
de acordo com Harcourt, citado por
McHugh & Foster (1995), que verificou que larvas de primeiros estágios ao
serem lavadas pela irrigação são incapazes de retornar à sua posição na planta e são afogadas nas poças de água formadas no solo ou nas axilas das folhas.
A precipitação tem influência no controle da traça-das-crucíferas pela remoção de larvas da planta, independente da
idade da planta ou larva. Porém, foi observado que a remoção de larvas foi superior quando as plantas estavam com
aproximadamente 40 dias de idade (folhas abertas) e quando larvas de primeiro e segundo estágios foram utilizadas.
No segundo experimento, nas parcelas onde o inseticida foi aplicado
quando atingido o nível de dano, obser39
A.T. de Oliveira et al.
Tabela 3. Porcentagem de remoção de larvas* de primeiro e segundo estágio de Plutella
xylostella em plantas de repolho, por meio de irrigação por aspersão. Brasília, Embrapa
Hortaliças, 1996.
Idade da Planta
50 dias
70 dias
Média
Testemunha
Irrigadas (23mm)
Média
10,00**
7,00
8,50A
52,00
29,00
40,50B
31,00 a
18,00 b
* Porcentagem de remoção de larvas, incluídas perdas no transporte.
** média de 10 plantas. Coeficiente de variação = 23,80 %
Médias seguidas pela mesma letra (maiúscula ou minúscula) não diferem estatisticamente
entre si, pelo teste de Tukey, a 5 % de probabilidade.
Tabela 4. Notas atribuídas às plantas de repolho nos três diferentes tratamentos. Brasília,
UnB, 1997.
Tratamento
Testemunha
Nota*
2,10**a
Aplicação
Semanal do
Inseticida
1,61b
Inseticida
Aplicado com
Nível de Dano
1,74ab
* Notas atribuídas de acordo com o nível de dano: 1 = folhas sem dano; 2 = folhas com
pouco dano; 3 = folhas com dano; e 4 = folhas com muito dano.
** Média de oito plantas. Coeficiente de variação = 34,52%
Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey,
a 5% de probabilidade.
vou-se redução de 70% no número de
pulverizações comparada ao tratamento onde as parcelas foram pulverizadas
semanalmente. As médias das notas atribuídas para os três tratamentos, em geral, foram baixas em virtude do baixo
nível de dano observado (Tabela 4).
As observações feitas neste experimento estão de acordo com as apresentadas por McHugh e Foster (1995) e
Junqueira et al. (1998) que ao compararem a irrigação aplicada à cultura do
repolho via aspersão convencional com
a irrigação por gotejamento, verificaram
que a infestação da traça pode ser reduzida simplesmente pelo uso da irrigação por aspersão.
As médias dos pesos das cabeças de
repolho observadas nos três tratamentos demonstram que houve uniformidade na adubação e irrigação do experimento. As cabeças de repolho em todos
os tratamentos, devido ao espaçamento
utilizado, apresentaram-se com tamanho
médio, compactas e densas, conforme
preferência imposta pelo mercado consumidor. Não houve diferença estatística significativa entre as médias dos três
tratamentos, sendo que o peso das cabeças de repolho variou de 1.322 g a
1.606 g/cada.
40
As pulverizações com o inseticida
no campo deverão ser iniciadas quando
os danos da traça observados aleatoriamente na cultura atingirem o nível de
dano econômico pré-estabelecido. Este
método é simples de ser realizado, requer em média, um minuto por planta
para ser executado e não exige o manuseio das folhas e plantas. Ainda, sua utilização não reduz a produção comercial
da lavoura (Castelo Branco et al., 1996).
Verificou-se que, se o produtor obedecer à demanda de água exigida pela
cultura do repolho, somente com a irrigação poderá obter o controle efetivo da
traça-das-crucíferas.
A irrigação aplicada à cultura via aspersão convencional pode vir a ser utilizada como parte de programas de manejo integrado da traça-das-crucíferas, reduzindo a quantidade de inseticidas empregada no ciclo da cultura e permitindo
aos produtores enviar produtos mais saudáveis ao mercado consumidor.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao PIBIC –
UnB/CNPq pela concessão de bolsa, ao
CNPq pelo apoio financeiro, à Embrapa
Hortaliças e à Fazenda Água Limpa – Universidade de Brasília, pelo apoio logístico,
ao professor José Ricardo Peixoto (UnB,
FAV), por sua colaboração na atribuição
de notas no segundo experimento e a
Sieglinde Brune (Embrapa Hortaliças),
pela cuidadosa revisão do manuscrito.
LITERATURA CITADA
CARBALLO, M.V.; HERNÁNDEZ, M.;
RUTILIO, J.Q. Efecto de los insecticidas y de
las malezas sobre Plutella xylostella (L) y su
parasitoide Diadegma insulare (Cress) en el
cultivo de repollo. Manejo Integrado de
Plagas, v. 11, p. 1-20. 1989.
CASTELO BRANCO, M.; MELO, P.E. Avaliação de inseticidas e bioinseticidas para o controle da traça-das-crucíferas no Distrito Federal. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 10, n.
2, p. 116-117, 1992.
CASTELO BRANCO, M.; VILLAS BOAS, G.L.;
FRANÇA, F.H. Nível de dano de traça-dascrucíferas em repolho. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 14, n. 2, p. 154-157, 1996.
CASTELO BRANCO, M. FRANÇA, H.F.;
VILLAS BÔAS, G.L. Traça-das-crucíferas
(Plutella xylostella) - Artrópodes de importância econômica, Embrapa Hortaliças, 1997, 4
p. (Comunicado Técnico 4).
COSTA, J.S.; JUNQUEIRA, A.M.R.; SILVA,
W.L.C.; FRANÇA, F.H. Impacto da irrigação
via pivô-central na dinâmica populacional da
traça-do-tomateiro. Horticultura Brasileira,
Brasília, v. 14, n. 1, p. 82, 1996.
EMATER-DF. Produção de repolho em 1994-95 no
D. Federal e região do entorno. Informativo da
Produção Agrícola - IPAGRICOLA, 1996.
FRANÇA, F.H.; CORDEIRO, C.M.T.;
GIORDANO, L.; RESENDE , A.M. Controle
de traça-das-crucíferas em repolho.
Horticultura Brasileira, Brasília, v. 3, n. 2, p.
50-51, 1984.
GUIMARÃES, A.L.; VILLAS BÔAS, G.L.
Flutuação populacional da traça (Plutella
xylostella) em repolho e seu principal inimigo
natural Apanteles sp. no Distrito Federal.
Horticultura Brasileira, Brasília, v. 7, n. 1, p.
56, 1989.
JUNQUEIRA, A.M.R.; COSTA, J.S.; CASTELO
BRANCO, M.; FRANÇA, F.H. Impacto de diferentes lâminas e sistemas de irrigação nos
danos de Plutella xylostella em plantas de repolho. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
OLERICULTURA, 38, 1998, Petrolina, Resumos... Petrolina: SOB, 1998.
McHUGH, J.J.Jr.; FOSTER, R.E. Reduction of
Diamondback Moth (Lepidoptera: Plutellidae)
Infestation in Head Cabbage by Overhead
Irrigation. Journal of Economic Entomology,
v. 88, n. 1, p. 162-168, 1995.
SHELTON, A.M.; ROBERTSON, J.L.; TANG,
J.D.; PEREZ, C.; EIGENBRODE, S.D.;
PREISLER, H.K.; WILSEY, W.T.; COOLEY,
R.J. Resistance of diamondback moth
(Lepidopetera: Plutellidae) to B. thuringiensis
subspecies in the field. Journal of Economic
Entomology. v. 86, n. 3, p. 697-705, 1994.
SNEDECOR, G.W.; COCHRAN, W.G. Statistical
Methods. Ames, 1989. 503 p.
VILLAS BÔAS, G.L.; BRANCO, M.C.; GUIMARÃES, A.L. Controle químico da traçadas-crucíferas em repolho no Distrito Federal.
Horticultura Brasileira, Brasília, v. 8, n. 2, p.
10-11, 1990.
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
TORRES, A.C.; FERREIRA, A.T.; ROMANO, E.; CATTONY, M.K.; NASCIMENTO, A.S. Transformação genética da batata cultivar Achat via Agrobacterium
tumefaciens. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 1, p. 41-45, março, 2000.
Transformação genética da batata cultivar Achat via Agrobacterium
tumefaciens.
Antonio Carlos Torres1; Adriana Teixeira Ferreira 2; Eduardo Romano3; Mônica Kangussú Cattony4;
Adriana Souza Nascimento4
Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70.359-970 Brasília-DF; 2Consultora Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70.359-970 Brasília-DF;
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, C. Postal 02372, 70.770-900 Brasília-DF; 4Bolsista CNPq/RHAE, Embrapa Hortaliças,
C. Postal 218, 70.359-970 Brasília-DF.
1
3
RESUMO
ABSTRACT
Explantes de segmentos nodais de batata (Solanum tuberosum
L.) cultivar Achat provenientes da cultura in vitro foram transformados, via Agrobacterium tumefaciens, estirpe LBA4404, contendo o vetor binário pBI121 com os genes npt II e o gus-intron. A
regeneração de potenciais transformantes foi feita em meio seletivo
contendo 50 mg.L-1 de canamicina. Foram obtidas plantas expressando resistência à canamicina e atividade da β-glucuronidase. Pela
análise molecular nas plantas gus+, via PCR, constatou-se a amplificação dos genes npt II. A hibridização por Southern blotting demonstrou a inserção de pelo menos uma cópia do gene introduzido.
Genetic transformation of potato cultivar Achat by
Agrobacterium tumefaciens.
Palavras-chave: Solanum tuberosum, regeneração, plantas
transgênicas.
Nodal segment explants of potato (Solanum tuberosum L.) cv
Achat were excised from in vitro growing plants, and transformed
with Agrobacterium tumefaciens LBA4404 carrying the binary vector
pBI121 with npt II and gus-intron genes. The regeneration of putative
transformants was done in medium supplemented with 50 mg.L-1 of
kanamycin. Putative transformants expressing kanamycin resistance
and β-glucuronidase activity were identified. PCR analysis of these
plants showed amplification of the npt II in gus+ plants. Southern
blotting hybridization revealed the insertion of at least one copy of
the npt II gene.
Keywords: Solanum tuberosum, regeneration, transgenic plants.
(Aceito para publicação em 17 de fevereiro de 2000)
O
melhoramento genético tradicional da batata (Solanum tuberosum
L.) é lento e defronta-se com uma gama
de dificuldades. A espécie cultivada é
tetraplóide com segregação polissômica,
e muitas das cultivares comerciais apresentam baixa fertilidade de pólen ou não
florescem (Vayda et al., 1992). Nesse
cenário, a utilização das técnicas de
transformação genética em batata teria
a vantagem de possibilitar a incorporação, em clones considerados elites, de
genes específicos que codificam características de interesse. Achat é uma das
cultivares lideres no mercado nacional,
no entanto, reduções nos níveis de produtividade desse genótipo têm sido reportados devido a infecção por viroses
do grupo potivirus e luteovirus.
Estratégias de engenharia genética
usando genes derivados de patógenos
têm sido empregadas com sucesso no
controle de doenças virais em diversas
culturas incluindo a batata (Scholthof et
al., 1993), permitindo o desenvolvimento, a curto prazo, de cultivares melhoraHortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
das a partir de clones adaptados e largamente empregados pelos agricultores.
Neste trabalho descreve-se o desenvolvimento e a aplicação de um sistema
de regeneração e transformação eficiente para essa cultivar que, até então, não
respondeu satisfatoriamente a protocolos de transformação.
MATERIAL E MÉTODOS
Regeneração in vitro
Foram utilizados explantes provenientes de plantas desenvolvidas in vitro,
subcultivadas a cada 20 dias, em meio
básico composto de sais minerais de MS
(Murashige & Skoog, 1962), 3% de
sacarose e, em mg.L-1: i-inositol, 100;
tiamina.HCl, 1,0; piridoxina.HCl, 0,05;
ácido nicotínico, 0,05; glicina, 2,0. A
esse meio foram adicionados, em mg.L-1:
ácido naftalenoacético, 0,05; cinetina,
0,05; ácido giberélico, 0,2 e phytagar
6.000 (Souza & Souza, 1986). As culturas foram mantidas sob fotoperíodo de
16 h, densidade de fluxo de fótons de
62 mmolm-2s -1, a uma temperatura de
25±2°C. Explantes de segmentos nodais
e folhas dos propágulos desenvolvidos
in vitro foram excisados e cultivados no
meio básico suplementado com zeatina
(zea) nas concentrações de 0; 1,25; 2,5
e 5,0 mg.L-1 , respectivamente.
Sensibilidade de explantes de batata a canamicina
Os explantes foliares e os de segmentos nodais foram cultivados em
meio básico com 2,5 mg.L-1 de zea e,
suplementado, respectivamente, com 0,
25, 50, 100 e 200 mg.L-1 de canamicina
(can). As culturas foram mantidas sob
as mesmas condições de foto e
termoperíodo descritas anteriormente.
Agrobacterium e condições de cultura
Foi utilizada a estirpe de
Agrobacterium tumefaciens, LBA4404,
contendo vetor binário pGUS-intron
com os genes npt II (que confere resistência à can) e o gene gus (que expressa
a atividade da β-glucuronidase).
41
A.C. Torres et al.
O meio de cultura utilizado para o
crescimento bacteriano foi o LB (Luria
Broth) (5 g.L-1 de extrato de levedura, 10
g.L-1 de triptona e 10 g.L-1 de cloreto de
sódio, pH 7,0) contendo os antibióticos
can (50 mg.L-1 ), espectinomicina (100
mg.L-1 ) e rifampicina (50 mg.L-1 ). As
culturas bacterianas para os experimentos de transformação foram inoculadas
em erlenmeyers de 250 ml, com 50 ml
do meio LB com os respectivos antibióticos. As culturas foram incubadas a
28°C, em agitador orbital de 0,175 g (150
rpm, raio 10 mm), durante 16 a 20 h, até
atingirem uma densidade ótica (OD600)
entre 0,6 a 0,8. Alíquotas de 15 ml dessas culturas foram centrifugadas a 5.000
rpm (Beckman J2-21, rotor 20) por 10
min, a 4°C. O sobrenadante foi descartado e o sedimento foi suspendido em 15
ml de meio LB antes de proceder à infecção e ao co-cultivo dos explantes.
Infecção, co-cultivo, seleção e regeneração
Os explantes foram imersos em 5 ml
da suspensão bacteriana, durante 5 min.
Em seguida, os explantes foram transferidos para placas de Petri, contendo papel de filtro estéril, para eliminar o excesso de bactéria e, incubados durante,
respectivamente, 24, 48, 72 e 96 h em
meio para co-cultivo (meio básico
suplementado com 2,5 mg.L-1 de zea.
Após o período de co-cultivo, os
explantes foram imersos por 30 min, em
200 ml de meio contendo macro e
microelementos MS, 3% sacarose e 200
mg.L-1 de cefotaxima. Depois, os
explantes foram transferidos para meio
de seleção (meio de co-cultivo, com 50
mg.L-1 de can, 500 mg.L-1 d e
carbenicilina e 100 mg.L-1 de cefotaxima)
durante, aproximadamente, 25 dias. Os
explantes que iniciaram a regeneração
foram transferidos para meio básico, com
os respectivos antibióticos, para crescimento das brotações. Após 30 a 40 dias,
os propágulos regenerados foram colocados em meio de enraizamento (macro,
microelementos e vitaminas MS, acrescido de 3% de sacarose, 50 mg.L-1 de can
e 0,05 mg.L-1 de ácido naftalenoacético
(ANA), para diferenciação e desenvolvimento do sistema radicular.
Teste de coloração histológico
para a atividade de gus
A atividade da enzima β glucuronidase foi determinada de acor42
Tabela 1. Efeito de concentrações de zeatina na diferenciação de brotações em explantes
foliares e de entre-nós de batata Achat*. Brasília, Embrapa Hortaliças, 1999.
Concentração de
zeatina (mg.L-1)
0,00
1,.25
2,50
5,00
Média do número de brotações por explante
Folha
Segmento no dois
0,00 ± 0,00
0,00 ± 0,00
0,61 ± 0,35
1,11 ± 0,33
0,43 ± 0,22
3,50 ± 0,40
0,44 ± 0,20
3,25 ± 0,2
*A análise estatística foi feita baseando-se no erro padrão da média.
Figura 1. Efeito da concentração de zeatina, em mg.L-1, na regeneração de brotações em
explantes de segmentos nodais de batata Achat. Brasília, Embrapa Hortaliças, 1999.
do com o procedimento adaptado de
Jefferson (1987). O substrato empregado foi o 5-bromo-4-cloro-3-indolilglucuranida (X-Glu, Jersey Lab and
Glove Supply, Linvingston, NJ, USA).
Um total de 5 mg de X-Glu foi dissolvido em 0,02 ml de dimetilformamida e
adicionado a seguinte solução: 2,5 ml
de fosfato de sódio 0,2 M; 2,3 ml de água
deionizada ; 0,025 ml de ferricianeto de
potássio 0,1 M; 0,025 ml de ferrocianeto
de potássio 0,1 M; 0,10 ml de EDTA de
sódio 0,5 M; e 0,10 ml de triton 10%.
Propágulos e tecidos foram incubados
nessa solução a 37ºC por 4 a 6 h.
Análise molecular via PCR
O DNA total das plantas resistentes
à can foi obtido a partir do método descrito por Edwards et al. (1991). Foi utilizado o par de primers: 5’GAGGCTATTCGGCTATGACTG-3’ e
5’TCGACAAGACCGGCTTCCCATC3’ que amplificam um fragmento de 460
pb do gene nptII. A mistura de reação
(25ml) continha 50 mM de KCl; 1,5 mM
de MgCl2 e 10 mM de Tris-HCl pH 9,0),
0,25 mM de cada dNTP, 1 mM de cada
primer, 5 unidades de Taq DNA
polimerase (Pharmacia Biotech) e 2 ml
do DNA (aproximadamente 100 ng).
A amplificação foi realizada em um
termociclador Perkin Elmer Cetus DNA
e as condições de temperatura utilizadas foram 5 min a 94°C, seguidos de 35
ciclos de 1 min a 94°C, 1 min a 55°C e
1 min a 72°C, 5 min finais a 72°C.
Análise molecular por Southern
blotting
O DNA dos transformantes primários foi extraído pelo método descrito
por Dellaporta et al. (1983) e, posteriormente, purificado por gradiente de
cloreto de césio (Sambrook et al., 1989).
Um total de 20 mg de DNA de cada
planta foi digerido com a enzima de restrição XbaI a 37°C por 16 h, separado
por eletroforese em gel de agarose
(0,8%) transferidos por capilaridade
para membrana de náilon Hybond N
(Amersham
Life
Science,
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
Transformação genética da batata via Agrobacterium tumefaciens.
Tabela 2. Efeito do período de co-cultivo na percentagem de explantes gus positivos (os
números entre parênteses denotam o intervalo de confiança a 95%). Brasília, Embrapa Hortaliças, 1999.
Período de co-cultivo (h)
24
48
72
96
% de explantes com porção
basilar GUS+
42 (23-60)
66 (47-83)
46 (28-66)*
*
*Elevada contaminação
Figura 2. Regeneração de brotações em explantes de foliares em concentrações de zeatina
em mg.L-1. Brasília, Embrapa Hortaliças, 1999.
Buckinghamshire,
England)
e
hibridizados contra um fragmento interno do gene gus. A transferência e a
hibridização foram realizadas essencialmente como descritas por Sambrook
et al. (1989).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A adição de zea ao meio proporcionou a diferenciação de brotações nos
explantes de segmentos nodais e
foliares. Conforme observado na tabela
1, os explantes de segmentos nodais foram mais eficazes para regeneração da
cultivar Achat, nas condições
estabelecidas. Maior número médio de
brotações (3 por explante) foi verificado em segmentos nodais, em meio básico suplementado com 2,5 ou 5,0 mg.L-1
de zea (Tabela 1, Figura 1). Em
explantes foliares, o máximo de
brotações ocorreu na presença de 1,25
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
mg.L-1 de zea com uma produção de
0,61 brotações por explante (Tabela 1,
Figura 2). Esses resultados indicaram
que os segmentos nodais apresentaram
maior potencial morfogenético para formação de novo da parte aérea, em comparação com explantes foliares.
A obtenção de transformantes a partir de explantes de segmentos nodais foi
observada após um período de co-cultivo de 24 h. Maior porcentagem de
explantes positivos para gus foi obtida
em co-cultivos de 48 h (Tabela 2). Em
períodos prolongados de co-cultivos (72
e 96 h) ocorreu um aumento na proliferação da A. tumefaciens, tornando difícil a sua eliminação do meio com os
antibióticos empregados na transformação. Resultados semelhantes foram obtidos em outros trabalhos de transformação (Sheerman & Bevan, 1988; Torres et al., 1993; Forreiter et al., 1997;
Torres et al., 1999) em que o período de
co-cultivo de 48 h também foi o mais
adequado para a produção de plantas
transgênicas.
Após o co-cultivo, os explantes foram imediatamente transferidos para
meio de seleção contendo can, uma vez
que as seleções tardias na presença desse antibiótico podem gerar quimeras que
se perpetuam (Ferreira, 1998). Esse aspecto é importante uma vez que a batata se propaga vegetativamente.
A concentração de 50 mg.L-1 de can
foi eficiente para selecionar propágulos
potencialmente transformados. Observou-se que os segmentos nodais não
transformados não mostraram processos
morfogenéticos nessa concentração,
morrendo após 20 a 30 dias. Porém,
quando cultivados na ausência de can,
esses explantes diferenciaram parte aérea (Figura 3). A utilização de can como
agente seletivo também foi observada
por Newell et al. (1991) que transformaram entrenós da cv. Russet Burbank
com o gene da capa protéica do vírus X
e Y. Os explantes produziram brotações
com uma freqüência de 60% na ausência de seleção e de 10% em meio com
100 mg.L-1 de can. Visser et al. (1989)
analisaram brotações de batata regeneradas em meio com can, sendo que mais
de 90% dessas eram transformadas.
Trinca et al. (1990) também observaram
que a presença de can no meio de regeneração foi eficiente na produção de até
100% de brotações de batata cv. Desirée
resistentes a esse antibiótico e expressando o gene gus.
Nesse trabalho foi observado que,
aproximadamente, 60% dos explantes,
transformados com a construção gusintron, quando incubados na presença
do substrato X-Glu, mostraram expressão constitutiva desse gene, confirmando o evento de transformação. Porém, a
regeneração de brotações foi de 12%.
Esse resultado indica que somente células vegetais competentes para transformação e regeneração são capazes de
diferenciar parte aérea em meio seletivo, sendo baixa a percentagem das células que possuíam esses dois atributos
(Potrykus, 1990). Propágulos regenerados foram analisados e apresentaram,
também, atividade constitutiva da
enzima β-glucuronidase.
A adição de 100 mg.L-1 d e
cefotaxima e de 250 mg.L-1 d e
43
A.C. Torres et al.
carbenicilina ao meio foi adequada para
controlar o crescimento da A.
tumefaciens nos tecidos dos explantes
após o co-cultivo, não apresentando
efeito deletério na regeneração de
brotações.
Os propágulos obtidos foram enraizados em meio com 0,05 mg.L-1 de
ANA. As plantas produzidas foram
transferidas para casa de vegetação.
Ensaios histoquímicos de gus, nessa
nova condição ambiental, demonstraram
que não houve modificação no padrão
de expressão desse gene.
Em adição aos ensaios histoquímicos
para confirmação da transgenicidade das
plantas obtidas, foram realizados
Polymerase Chain Reaction (PCR) e
Southern blotting. Essa última técnica é
considerada uma prova definitiva da
integração do T-DNA no genoma vegetal
(Potrykus, 1991). No ensaio de PCR, o
DNA de 15 plantas potencialmente transformadas foi analisado utilizando-se
oligonucleotídeos que amplificam um
fragmento específico do gene npt II. A
análise dos resultados indicou que todas
as plantas tinham sido transformadas (Figura 4). Um total de três plantas positivas
nos ensaios histoquímicos para gus e PCR
foi analisado por Southern blotting (Figura 5). O resultado evidenciou a integração
do T-DNA no genoma vegetal.
Os resultados obtidos nesse trabalho
são importantes devido à ineficácia dos
protocolos prévios de transformação aplicados para a cultivar Achat. Foram
otimizadas as condições de cultura que
permitissem maior potencial de regeneração dos explantes e as condições que
mediassem a transferência de genes nessa cultura. A cultivar Achat continua sendo uma das mais plantadas no Brasil devido a uma série de características quantitativas (poligênicas) incluindo tolerância a murcha bacteriana. A tecnologia
descrita aqui poderá ser utilizada como
procedimento padrão para introduzir outras características de interesse agronômico nesse genótipo, de maneira eficiente, em curto período de tempo.
Figura 3. Sensibilidade de explantes de segmentos nodais de batata Achat às diferentes
concentrações de canamicina, em mg.L-1. Brasília, Embrapa Hortaliças, 1999.
Figura 4. Análise eletroforética dos fragmentos amplificados via PCR usando
primers específicos do gene NPT II, a partir
de DNA extraído de plantas de batata cv
Achat potencialmente transgênicas. Da esquerda para a direita: 1. Marcador de DNA,
1 KB DNA Ladder; 2. Controle positivo; 3,
4, 5, 6 e 7 amplificação a partir de plantas
transgênicas; 8. Controle negativo (planta
não transgênica). A seta indica o fragmento
de 460 pb correspondente ao segmento do
gene nptII. Brasília, Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, 1999.
Figura 5. Análise por Southern blotting dos
transformantes primários. DNAs foram digeridos com Xba I, transferidos para membrana de náilon e hibridizados com fragmento interno do gene gus. Linha 1, planta não
transgênica; linha 2-4, transformantes independentes. Os tamanhos dos fragmentos do
marcador de peso molecular estão indicados
à esquerda (RB: borda direita; LB: borda
esquerda). Brasília, Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, 1999.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelas bolsas
concedidas e à FAP-DF pelo apoio financeiro.
44
REFERÊNCIAS
DELLAPORTA, S.L.; WOOD, J.; HICKS, J.B.
A plant DNA minipreparation: version II.
Plant Molecular Biology Report, v. 1, p. 1921, 1983.
EDWARDS,
D.;
JOHNSTONE,
C.;
THOMPSON, C. A simple and rapid method
for the preparation of plant genomic DNA for
PCR analysis. Nucleic Acid Research, v. 19,
n. 6, p. 1349, 1991.
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
Transformação genética da batata via Agrobacterium tumefaciens.
FERREIRA, A.T. Transformação de batata
(Solanum tuberosum L. cvs. Baronesa e
Macaca) via Agrobacterium tumefaciens visando a obtenção de plantas resistentes ao vírus
do enrolamento das folhas (PLRV). Pelotas,
Universidade Federal de Pelotas, 1998, 112 p.
(Dissertação mestrado).
FORREITER, C.; KIRSCHNER, M.; NOVER, L.
Stable transformation of an Arabidopsis cell
suspension culture with firefly luciferase
providing a cellular system for analysis of
chaperone activity in vivo. Plant Cell, v. 9, p.
2171-2181, 1997.
JEFFERSON, R.A. Assaying chimeric genes in
plants: the GUS gene fusion system. Plant
Molecular Biology Reporter, v. 5, p. 387-405,
1987.
MURASHIGE, T.; SKOOG, F. A revised medium
for rapid growth and bioassays with tobacco
tissue cultures. Physiologia Plantarum, v. 15,
p. 473-497, 1962.
NEWELL, C.A.; ROZMAN, R.; HINCHEE,
M.A.; LAWSON, E.C.; HALEY, L.;
SANDERS, P.; KANIEWSKI, W.; TUMER,
N.E.; HORSCH, R.B.; FRALEY, R.T.
Agrobacterium-mediated transformation of
Solanum tuberosum L. cv. ‘Russet Burbank’.
Plant Cell Report, v. 10, n. 1, p. 30-34, 1991.
POTRYKUS, I. Gene transfer to cereals: an
assessment. Biotechnology, v. 8, p. 535-541,
1990.
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
______. Gene transfer to plants: assessment of
published approaches and results. Annual
Review of Plant Physiology and Molecular
Biology, v. 42, p. 205-225, 1991.
SAMBROOK, J.; FRITSCH, E.F.; MANIATIS,
T. Molecular cloning: A laboratory manual.
Second Edition. Cold Spring Harbor
Laboratory Press, New York, 1989.
SCHOLTHOF, K.B.; SCHOLTHOF, H.B.;
JACKSON, A.O. Control of plant virus
diseases by pathogen-derived resistance in
transgenic plants. Plant Physiology, v. 102, p.
7-12, 1993.
SHEERMAN, S.; BEVAN, M.W. A rapid
transformation method for Solanum tuberosum
using binary Agrobacterium tumefaciens
vectors. Plant Cell Reports, v. 7, p. 13-16,
1988.
SOUZA, E.L.S; SOUZA, J.A. Produção de plantas de batata livre de vírus. In: Anais do 1°
simpósio nacional de cultura de tecidos vegetais. Brasília, Embrapa/DDT, 1986. 109 p.
TORRES,
A.C.;
CANTLIFFE,
D.J.;
LAUGHNER, B.; BIENIEK, M. NAGATA,
R.; FERL, R.J. Stable transformation of lettuce
cultivar South Bay from cotyledon explants.
Plant Cell, Tissue and Organ Culture, v. 34,
p. 279-285, 1993.
TORRES, A.C.; NAGATA, R.; FERL, R.J.
BEWICK, T.A.; CANTLIFFE, D.J. In vitro
assay selection of glyphosate resistance in
lettuce. Journal of American Society for
Horticultural Science, v. 124, n. 1, p. 86-89,
1999.
TRINCA, S.; DE PACE, C.; CACCIA, R.;
MUGNOZZA, G.S.; DODDS, J.H.; JAYNES,
J. Transformation of potato (Solanum
tuberosum L.) leaf disc using A. tumefaciensmediated transfer of DNA sequences coding
for lytic peptides. In: Molecular methods for
potato improvement. Report of the planning
conference on “Application of molecular
techniques
to
potato
germplasm
enhancement”. Lima, Peru, 5-9 March, 1990.
Lima, CIP. 188 p.
VAYDA, M.E.; BELKNAP, W.R. The emergence
of transgenic potatoes as commercial products
and tools for basic science. Transgenic
Research, v. 1, p. 149-163, 1992.
VISSER, R.G.F.; JACOBSEN, E.; HESSELINGMEINDERS, A.; SCHANS, M.J.; WITHOLT,
B.; FEENSTRA, W.J. Transformation of
homozygous diploid potato with an
Agrobacterium tumefaciens binary vector
system by adventitious shoot regeneration on
leaf and stem segments. Plant Molecular
Biology, v. 12, p. 329-337, 1989.
45
página do horticultor
TERUEL, M.B.J.; CORTEZ, L.A.B.; LEAL, P.A.; NEVES FILHO, L.C. Caracterização pós-colheita de laranjas da variedade ´Baianinha‘ submetidas ao
armazenamento refrigerado e a condições ambientais. Horticultura Brasileira, Brasília. v. 18, n. 1, p. 46-48, março 2000.
Caracterização pós-colheita de laranjas ´Baianinha‘ submetidas ao
armazenamento refrigerado e a condições ambientais.
Bárbara J. Teruel M. 1; Luís A. B. Cortez2; Paulo A. Leal 2; Lincoln C. Neves Filho3.
UNICAMP-FEM, C. Postal. 6122, 13.081-970. Campinas-SP; 2 FEAGRI, Depto de Construções Rurais, C. Postal 6011, 13.081-970
Campinas-SP;3 FEA, Depto de Engenharia dos Alimentos, C. Postal 6121, 13.081-970 Campinas-SP.
1
RESUMO
ABSTRACT
A qualidade pós colheita de laranjas in natura (Citrus sinensis
(L.) Osbeck, ´Baianinha‘), foi avaliada em termos de suas propriedades químicas e físicas, em maio de 1998. Foi aplicado um delineamento inteiramente casualizado, com duas repetições, submetendo os
frutos a dois tratamentos: armazenamento a temperatura ambiente (21
± 0,4°C e UR= 60 ± 1,0%), e em uma câmara frigorífica (1 ± 0,5°C e
UR = 85 ± 2,5%). Após 15 dias de armazenamento, foi observada
uma diferença altamente significativa (P=0,01), nos níveis de ácido
ascórbico (diminuição de 20% e 8%, nas laranjas expostas a temperatura ambiente e nos frutos refrigerados, respectivamente). A acidez
titulável teve uma diminuição de aproximadamente 14%, para os frutos mantidos à temperatura ambiente, e de 8% para os frutos refrigerados. Comprovou-se um aumento de 30% (frutos em condições
ambientais) e de 18% (frutos refrigerados), na relação sólidos solúveis e acidez titulável. Os resultados apontam uma tendência à perda
da qualidade nos frutos mantidos em condições ambientais, o que reafirma a necessidade do uso de refrigeração para a conservação póscolheita de laranja in natura.
Postharvest characterization of oranges ´Baianinha‘ stored
under refrigeration and ambient conditions.
The postharvest quality of fresh oranges (Citrus sinensis (L.)
Osbeck, ´Baianinha‘) was evaluated in terms of chemical and physical
properties, in May of 1998. An experiment was carried out in a
completely randomized design, with two replications, submitting the
fruits to two treatments: storage at ambient conditions (21 ± 0.4°C
and RH = 60 ± 1.0%, and in cold room (1 ± 0,5°C and RH = 85 ±
2,5%). After 15 days of storage, a highly significant difference was
observed (P=0,01) in the levels of ascorbic acid (decrease of 20% and
8%, at ambient condition and refrigerated fruits, respectively).
Titratable acidity decrease approximately 14%, for fruits at ambient
condition, and 8% for the refrigerated fruits. It was observed an increase
of 30% (ambient condition) and 18% (refrigerated fruits), in the brix/
titratable acidity ratio. The results demonstrated that there is a tendency
of quality loss for fruits maintained at ambient condition. Therefore,
the use of refrigeration is necessary for the maintenance of post harvest
quality of fresh orange.
Palavras-chave: Citrus sinensis (L.) Osbeck, ácido ascórbico,
acidez titulável, pH, sólidos solúveis.
Keywords: Citrus sinensis (L.) Osbeck, ascorbic acid, titratable
acidity, pH, soluble solids.
(Aceito para publicação em 10 de dezembro de 1999)
O
Brasil é atualmente, um dos maiores produtores mundiais em vários
mercados de frutas in natura, ocupando o
1º lugar no mundo entre os países produtores e exportadores de laranja (Carraro
et al., 1994). Ainda assim, atualmente atingem-se altos valores de perdas, que podem chegar até 40%, dependendo do produto (Revista Circuito Agrícola, 1997), e
entre as várias causas que originam estas
perdas estão a não-utilização de
armazenamento refrigerado pós-colheita.
Baixas temperaturas retardam o fenômeno da respiração e da transpiração, os quais
são responsáveis pelas mudanças no metabolismo e à rápida deterioração dos produtos (Mitchell et al., 1992). No Brasil,
somente os frutos que são destinados à
exportação são submetidos à refrigeração,
fundamentalmente porque são destinados
46
ao mercado europeu, tendo que ser transportados por um período que varia aproximadamente, entre 10 a 15 dias.
As frutas cítricas, entre elas a laranja, fornecem ao homem uma importante
fonte de vitamina C, na forma de ácido
ascórbico, sendo este o componente
nutricional mais importante nestas. Especificamente a laranja contém entre 4070 mg de ácido ascórbico/100 ml de suco
(Rocha et al., 1995). Esta propriedade,
assim como outras, pode ser afetada após
a colheita, pelas condições de conservação, sendo a temperatura, dentre outros,
um dos fatores que mais pode influenciar
(Kader, 1992). Laranjas expostas ao sol
durante 9 h, após a colheita, prática comum na Nigéria, tiveram perdas de 40%
no nível de ácido ascórbico (Mudambi
& Rajagopal, 1977).
Além do valor nutritivo, avaliado
pelo nível de ácido ascórbico, outras
características podem ser determinadas
para a avaliação da qualidade das frutas
frescas, dentre elas: a aparência (tamanho, cor), textura (firmeza, maciez), sabor (sólidos solúveis, acidez titulável,
pH, ácidos orgânicos e compostos voláteis) (Kader, 1992, Fellers, 1985). Um
balanço adequado da relação sólidos
solúveis e acidez titulável, é necessário
para obter frutos com aroma e sabor de
alta qualidade, sendo muito usada, esta
relação, para a avaliação de frutas cítricas (Ting et al., 1986).
O objetivo deste estudo foi caracterizar algumas das propriedades químicas e físicas de laranjas in natura, após
a colheita, e durante o armazenamento
a 1°C e em condições ambientais.
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
Caracterização pós-colheita de laranjas submetidas ao armazenamento refrigerado.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizadas laranjas da cultivar
´Baianinha‘ (Citrus sinensis (L.)
Osbeck), da Fazenda Sete Lagoas, em
SP. Aproximadamente 230 kg (10 caixas) de laranja foram colhidas, no mês
de maio, às 7 h 30 min. Durante a colheita foi feita uma seleção, procurando
escolher laranjas com semelhante grau
de maturação, tamanho, cor, ausência de
injúrias e defeitos. Os frutos foram colocados em caixas plásticas (528 x 335
x 310 mm), cobertas com uma lona térmica, e transportados durante aproximadamente 90 min, até o Laboratório de
Produtos Perecíveis (FEAGRI) e o Laboratório de Refrigeração (FEA), ambos na UNICAMP.
Depois da chegada, foram colhidos
três frutos, de forma aleatória de cada
uma das caixas, das quais foram feitas
as análises de sólidos solúveis, pH, acidez titulável e ácido ascórbico. Logo
depois, duas caixas de laranja foram
colocadas no laboratório, em condições
de temperatura e umidade relativa ambiente. A temperatura ambiente, em
média, durante o tempo de duração dos
experimentos foi de 21 ± 0,4°C, e a
umidade relativa de 60 ± 1,0%.
A outra parte dos frutos foi colocada no interior de uma câmara frigorífica,
com um sistema de resfriamento com
ar forçado (temperatura de 1 ± 0,5°C e
umidade relativa entre 85 ± 2,5%). Os
frutos foram armazenados durante 15
dias, pois geralmente este é o tempo que
a laranja in natura é conservada nos
containers refrigerados, quando destinadas ao comércio de exportação.
Foi aplicado um delineamento experimental inteiramente casualizado, e os
dados foram submetidos à análise de
variância, para um nível de significância
de 1%, fazendo-se a comparação das
médias pelo Teste F. Duas vezes por semana foram colhidos quatro frutos, aleatoriamente, dos que foram armazenados
a temperatura ambiente e sob refrigeração, para a realização das análises químicas, perfazendo duas repetições.
Para a avaliação dos sólidos solúveis, foi utilizado um refratômetro
ATAGO-N1, com escala de 1 a 20° Brix
(método refratométrico recomendado
pela Association of Official Analytical
Chemistry, AOAC 1997). Uma gota de
suco foi colocada na lente
refratométrica, fazendo-se a leitura diretamente. Os valores obtidos na leitu-
Tabela 1. Limites permitidos pela Legislação Brasileira para laranja in natura (Portaria n.
371, Ministério da Agricultura, 1974).
Parâmetro
pH
AT, g/100 ml
AA, mg/100 ml
SS, ºBrix
Ratio, ºBrix/100 ml
Limite mínimo
4,0
0,8
38,0
10,5
9,0
Limite máximo
4,6
1,0
80,0
15,0
20,0
AT- Acidez titulável, AA- Ácido ascórbico, SS- Sólidos solúveis, Ratio (sólidos solúveis/
acidez titulável).
ra foram corrigidos usando as tabelas
existentes de °Brix-temperatura.
A acidez titulável foi medida utilizando um pHmetro de bancada
microprocessado, HI-8417, com faixa
de pH de 0 a 14 ± 0,01. Os resultados
são expressos em porcentagem de ácido cítrico (método acidométrico,
AOAC, 1997). A relação entre o conteúdo de sólidos solúveis e a acidez
titulável (a qual é chamada também de
ratio), foi obtida pelo quociente entre o
valor das duas propriedades. Os valores
de pH foram determinados com auxilio
do pHmetro (método potenciométrico
recomendado pelo Instituto Adolfo
Lutz, 1985).
Para a determinação do nível de ácido ascórbico foi utilizado uma solução
titulada com 2,6-diclorofnolindofenosódio (DCFI). Com o volume consumido de DCFI foram calculados os valores de vitamina C, em mg de ácido
ascórbico/100 ml de suco de laranja
(método recomendado Instituto Adolfo
Lutz, 1985).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores das propriedades químicas e físicas no início do armazenamento
encontraram-se dentro da faixa aceitável para o consumo do produto in natura
(Tabela 1).
Após 15 dias de armazenamento, se
comprovou uma diminuição do valor
dos sólidos solúveis, entre as laranjas
armazenadas a temperatura ambiente e
as que foram refrigeradas. Nas laranjas
refrigeradas a diminuição foi de 8%,
com relação ao valor no início do
armazenamento, sendo que nas laranjas
refrigeradas a diminuição desta propriedade foi de 4% (Tabela 2).
Tabela 2. Valores em média das propriedades avaliadas nas laranjas durante o armazenamento. Campinas, FEAGRI, UNICAMP, 1998.
Condições
AT,
%
SS,
°Bxix
Início
0,75 ± 0,024a*
10,80 ± 0,34a
Ambiente
Refrigeradas
0,60 ± 0,036a
0,69 ± 0,048a
9,49 ± 0,255a
10,30 ± 0,215a
pH
0 dias
3,49 ± 0,041a
15 dias
3,64 ± 0,048a
3,85 ± 0,045a
Ratio,
°Brix/%
AA,
mg/100ml
13,74a
60,71 ± 1,49a
17,81a
16,36a
45,42 ± 1,56a
53,52 ± 1,23 b
*/Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem entre si a 1% de probabilidade pelo Teste F.
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
47
M.B.J.Teruel et al.
O valor da acidez titulável nos frutos apresentou variação durante o
armazenamento
em
condições
ambientais e sob refrigeração, observando-se uma diminuição desta propriedade ao longo do período de
armazenamento, de 20% (condições
ambientais), e de 8% (frutos refrigerados) (Tabela 2). Ortiz et al. (1987), observaram que a acidez titulável de laranjas in natura, diminui gradualmente
de 0,3% para 0,07% com a maturação,
o que pode estar relacionado com a degradação de ácidos orgânicos.
Nos frutos armazenados sob condições ambientais, o valor da relação sólidos solúveis e acidez titulável (ratio),
aumentou aproximadamente em 30%,
com relação ao valor inicial, sendo que
nos frutos refrigerados, o aumento desta
relação foi de 16%, no final do armazenamento (Tabela 2). Têm-se demonstrado que esta relação deve ter no mínimo
um valor de 10° Brix/%, para laranja na
hora da colheita e para o consumo in
natura (Chitarra & Chitarra, 1990). Outros autores propõem que o valor desta
relação deve estar entre 12 e 18° Brix/%,
para possuir um balanceamento adequado entre o sabor e o aroma (doce-ácido)
(Carvalho et al., 1990).
Embora todas as propriedades antes
discutidas tenham sofrido modificações
ao longo do armazenamento, a análise
estatística demonstrou que a diferença
entre o armazenamento refrigerado e a
temperatura ambiente, não foi significativa para o nível de probabilidade usado (P= 0,01). Da mesma forma observou-se que, mesmo os frutos mantendo
o valor das propriedades do ratio (brix/
acidez), dentro dos limites recomendados (Tabela 1), após 15 dias de
armazenamento, os frutos não refrigerados apresentaram uma tendência à
perda de firmeza e aumento da coloração amarela, o que pode torná-los impróprios para o consumo.
48
Após o termino do armazenamento
não foi comprovada diferença significativa nos valores do pH, entre os frutos
conservados a temperatura ambiente e
sob refrigeração (Tabela 2). Rocha et al.
(1995), observaram que não existiram
mudanças significativas no pH de laranjas armazenadas durante 10 dias a 4°C.
O nível de ácido ascórbico no início
dos experimentos está dentro dos limites permitidos (Tabela 1). No final do
armazenamento o conteúdo de ácido
ascórbico teve uma diminuição altamente significativa, sendo de 20% para os
frutos mantidos a temperatura ambiente e 8% para os frutos que ficaram sob
refrigeração (Tabela 2). Análises desenvolvidas durante o armazenamento de
laranja in natura (por 4 semanas a 3°C),
demonstraram uma retenção de ácido
ascórbico de 93% (Nagy, 1980), ou seja,
uma perda de 7% no nível de ácido
ascórbico, o que poderia ser explicado
por possíveis diferenças no tipo de cultivar, grau de maturação e ponto de colheita, entre outros, das laranjas, com
relação aos frutos usados na presente
pesquisa.
Das propriedades caracterizadas na
laranja ‘Baianinha´, o ácido ascórbico foi
a que apresentou a variação altamente
significativa. Observa-se portanto que,
para laranja ´Baianinha‘, assim como em
outras cultivares, a retenção do ácido
ascórbico, depende, dentre outros fatores, dos níveis da temperatura de armazenamento. Esta degradação acontece também, devido à presença de enzimas específicas nos frutos (óxido citrocromo,
óxido de ácido ascórbico e peróxido),
cujas atividades são mais aceleradas a
altas temperaturas (Klein, 1987).
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à FAPESP,
pelo apoio financeiro oferecido à pesquisa, ao Laboratório de Refrigeração
(FEA), e ao Laboratório de Produtos Perecíveis (FEAGRI), na UNICAMP, por
permitir a utilização de sua infra-estrutura para a realização deste trabalho.
LITERATURA CITADA
ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL
CHEMISTRY. Official methods of analysis of
the association of official analytical chemistry.
16 ed., 1997. 1115 p.
BRASIL. Ministério da Agricultura. Legislação
Brasileira. Portaria n. 371, 9/09/74, 1974.
CARRARO, F.A.; MANCUSO, C.M. Manual de
exportação de frutas. Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária. Brasília. 1994.
CARVALHO, L.C.R.; MANTOVANI, B.D.M.;
CARVALHO, N.P.R.; MORAES, M.R. Análises químicas de alimentos. Instituto Técnico
de Alimentos. Manual Técnico. p. 1-9 e 8283. Campinas, 1990.
CHITARRA, M.I.F; CHITARRA, A.B. Pós colheita de frutas e hortaliças. Fisiologia e manuseio. Lavras: ESAL/FAEPE, 1990. 320 p.
INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas analíticas, métodos químicos e físicos para análise
de alimentos. 3a. ed. São Paulo, 1985. 533 p.
KADER, A.A. Postharvest technology of
horticultural crops. 2da ed. University of
California. 1992. 295 p.
KLEIN, B.P. Nutritional consequences of minimal
processing of fruits and vegetables. Journal
Food Quality. v. 10, p. 179-193, 1987.
MITCHEL, F.G; GUILLOU, R.; PARSONS, R.A.
Commercial cooling of fruits and vegetables.
California. 1992.
MUDAMBI S.R.; RAJAGOPAL, M.V. Vitamin
C content of some fruits grown in Nigéria.
Journal Food Technology. v. 12, p. 189-191,
1977.
NAGY, S. Vitamin C content of citrus and their
products; a review. Journal Agricultural Food
Chemistry. v. 28, p. 8-18, 1980.
ORTIZ, J.M.; TADEO, J.L.; ESTELLES, A. Características fisicoquímicas de ‘Navelina´,
‘Washington´ y ‘Navelate´ y su evolución durante la maduración. Fruits. v. 42, n. 7-8, p.
435-441, 1987.
REVISTA Circuito Agrícola. CEAGESP. n. 51.
Outubro, São Paulo, 1997.
ROCHA, A.M.; BROCHADO, C.M.; KIRBY, R.;
MORAIS, A.M. Shelf-life of chilled cut orange
determined by sensory quality. Food Control.
v. 6, n. 6, p. 317-322, 1995.
TING, S.V.; RUSSELL, L.R. Citrus fruits and
their products, analysis and tecnology. Marcel
Dehher, Inc. New York, p. 27-47, 1986.
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
COSTA, J.S.; JUNQUEIRA, A.M.R. Diagnóstico do cultivo hidropônico de hortaliças na região do Distrito Federal. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18,
n. 1, p. 49-52, março 2.000.
Diagnóstico do cultivo hidropônico de hortaliças na região do Distrito
Federal.
Juliana S. Costa; Ana Maria R. Junqueira
UnB - FAV - NUCOMP, C. Postal 04508, 70.910-970, Brasília - DF.
RESUMO
ABSTRACT
De outubro de 1997 a maio de 1998, foram realizadas entrevistas
com produtores de hortaliças em cultivo hidropônico, na região do
Distrito Federal, com o objetivo de verificar a situação atual, bem
como identificar os pontos de estrangulamento no sistema de produção. Foram identificados 18 produtores em um raio de 50 km de Brasília. As principais culturas são alface e tomate, ocupando uma área
de 2,7 ha e de 0,5 ha, respectivamente. Foi verificado que as estruturas são, na sua maioria, de madeira e arcos de ferro, com custo médio
de R$ 26,00/m2, para produção de alface e de R$ 20,00/m2, para tomate. O custo por unidade de alface está em torno de R$ 0,25 e o
preço médio de venda ao mercado de R$ 0,45, enquanto que o tomate
está sendo vendido a R$ 1,20/kg. Devido à produção recente, os produtores de tomate não conseguiram ainda calcular os custos. As produtividades médias observadas foram de 300 t/ha/ano de alface e de
104 t/ha/ciclo de tomate. Os principais compradores são Ceasa, supermercados, restaurantes, sacolões e mercearias. Um dos produtores
exporta alface para Manaus (AM). Metade dos produtores não usa
agrotóxicos. Assistência técnica, ocorrência de “tipburn”, análise da
solução nutritiva, aquecimento interno da estrutura, doenças e pragas
são os principais problemas citados pelos produtores de alface e, na
produção de tomate, frutos rachados, doenças e pragas. O cultivo
hidropônico de hortaliças está sendo visto como uma alternativa para
viabilização do agronegócio na região, além de permitir uma sensível
redução na utilização de agrotóxicos. Aproximadamente 44% dos produtores estão sem assistência técnica e produzindo por meio de tentativas, demandando uma atuação mais efetiva dos órgãos de ensino,
pesquisa e extensão rural da região.
Diagnosis of the horticultural crop production in
hydroponical facilities in the Distrito Federal region.
Palavras-chave: Lactuca sativa, Lycopersicon esculentum, cultivo
hidropônico.
From October 1997 to May 1998, several interviews with
producers of hydroponic crops took place in Distrito Federal with the
objective of not only verifying but also identifying the present situation
regarding the constraint points in the production system. Eighteen
producers were identified in a ratio of 50km away from Brasília. The
main crops are lettuce and tomato, which occupy an area of 2,7 ha and
0,5 ha, respectively. It was also verified that the majority of the
structures used was made of wood and steel, which account for an
average cost of R$ 26,00/m2 for lettuce production, and of R$ 20,00/
m2 for tomato production. The unit cost for lettuce is around R$ 0,25
and the average market price is R$ 0,45, whereas the tomato is sold
for R$ 1,20/kg. Due to the recent production, tomato producers haven't
yet figured out the real costs. The average productivity observed was
of 300t/ha/year for lettuce, and of 104t/ha/cycle for tomato. The main
buyers are Ceasa, supermarkets, restaurants, vegetable stores, and green
groceries stores. One producer exports lettuce to Manaus (AM). Half of
the producers do not use chemicals. The main problems faced by lettuce
producers are the lack of technical assistance, “tipburn”, analysis of the
nutrient solution, inward structure heating, diseases and pests. On the
other hand, tomato producers face cracked fruits, as well as diseases
and pests. Vegetables hydroponic cropping is seen as an alternative for
the feasibility of the agribusiness of the region, besides allowing a
substantial reduction of chemicals utilization. Approximately 44% of
the producers have no technical assistance and are also operating through
attempts, which demands a more effective support by universities,
research institutes and extension services.
Keywords: Lactuca sativa, Lycopersicon esculentum, hydroponics.
(Aceito para publicação em 12 de janeiro de 2.000)
A
hidroponia, cultivo de plantas fora
do solo e em solução nutritiva, vem
se tornando uma alternativa promissora
para diversificação do agronegócio, pois
gera um produto diferenciado, de boa
qualidade e de grande aceitação no mercado. Destacam-se, também, outras motivações em relação à tecnologia de cultivo hidropônico, dentre elas: maior rendimento por área; menor incidência de
pragas e doenças; maior facilidade de
execução dos tratos culturais; melhor
programação da produção; ciclos mais
curtos, em decorrência de melhor controle ambiental (Martinez & Barbosa,
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
1996), redução de perdas por adversidades climáticas, o que confere maior segurança de produção na entressafra; proporciona antecipação das colheitas e aproveitamento de áreas relativamente pequenas
(Zatarin, 1997). No entanto, deve-se considerar o custo de implantação e o alto
nível tecnológico exigido nesse sistema
(Martinez & Barbosa, 1996).
Atualmente, o cultivo hidropônico
é realidade em diversos países como na
Holanda, nos Estados Unidos, na França, no Japão e em Israel. No Brasil, apesar da grande procura pelo cultivo
hidropônico, existe pouca informação a
respeito dessa técnica. Segundo
Martinez & Barbosa (1996), cultivos
hidropônicos começam a aparecer nos
cinturões verdes de São Paulo (Vargem
Grande e Mogi das Cruzes), Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Porto Alegre.
Porém, sem grande suporte científico e
por meio de tentativas. De acordo com
Teixeira (1996), em praticamente todos
os estados do Brasil se cultiva hortaliças por meio de hidroponia, principalmente alface e tomate, seguidos da abobrinha e do pepino. Outras hortaliças
estão restritas a pequenas áreas experimentais ainda sem representatividade no
49
J.S. Costa & A.M.R. Junqueira
Tabela 1. Localização dos produtores, espécies utilizadas, custo de implantação da estufa, custo de produção e preço de venda ao mercado
de hortaliças. Brasília, UnB - FAV - NUCOMP, 1998.
Localização
Espécies
Custo de
estufa/m2 (R$)
1
Formosa
Alface
26,401
Custo de
produção/
unidade (R$)
0,40
2
3
4
Formosa
Formosa
Gama
Alface
Alface
Alface
45,35
50,76
-
0,15
-
0,30
0,40
0,45
5
6
7
8
Gama
Gama
Lago Norte
Lago Oeste
Alface
Alface
Alface
Tomate
32,471
57,00
24,441
0,30
-
0,50
0,45
1,20
9
10
11
Luziânia
Nova Betânia
Paranoá
Tomate
Alface
Alface
16,781
33,08
34,26
0,37
1,20
0,40
0,40
12
13
14
15
Paranoá
Samambaia
Valparaízo
Valparaízo
Alface
Alface
Alface
Alface
39,06
28,221
26,081
11,761
0,24
0,07
0,40
0,40
0,50
0,55
16
17
18
Vicente Pires
Vicente Pires
Vicente Pires
-
Alface
Alface
Alface
-
11,901
44,901
12,55
25,962
0,25
0,20
0,25
0,50
0,50
0,454
Produtor
Média
20,613
Preço de venda
(R$)
0,60
1,205
Estrutura em madeira e arcos de ferro;
2
Custo médio/m2 da estufa em madeira e arcos de ferro com estrutura para o cultivo de alface;
3
Custo médio/m2 da estufa em madeira e arcos de ferro com estrutura para o cultivo de tomate;
4
Valor médio de venda de alface/unidade;
5
Valor médio de venda de tomate/kg.
1
mercado, como é o caso do agrião,
salsinha, pimentão, morango e melões.
No Distrito Federal, a hidroponia
vem despertando interesse crescente dos
agricultores, cuja participação é importante no abastecimento de hortaliças.
Porém, existem poucas informações a
respeito da situação atual dos produtores que optaram por este sistema de cultivo na região.
O presente trabalho teve como objetivo verificar a situação atual do cultivo hidropônico de hortaliças na região
do Distrito Federal, bem como identificar pontos de estrangulamento no sistema de produção.
MATERIAL E MÉTODOS
Entre outubro de 1997 e maio de
1998, o Núcleo de Apoio à Competi50
tividade e Sustentabilidade da Agricultura (NUCOMP) da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária (FAV) da
Universidade de Brasília (UnB) realizou
entrevistas com produtores de hortaliças
em cultivo hidropônico na região do Distrito Federal.
Na primeira etapa do diagnóstico
foram identificados os produtores.
Em uma segunda etapa foram realizadas visitas às propriedades, aplicando-se um questionário, cujos principais
itens foram: motivos da adoção da
hidroponia, localização, espécies e cultivares utilizadas, área ocupada por estufas, custo/m2 das estufas, custo de produção, preço de venda, produtividade,
pontos de comercialização, necessidade de aplicação de agrotóxicos, assistência técnica e principais problemas
enfrentados pelos produtores.
Na terceira etapa foi realizada uma
análise quantitativa simples dos dados.
A média anual da região para umidade relativa do ar é de 70%, para temperatura é de 20ºC e a precipitação é de
1500 mm.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Constatou-se que o cultivo em sistema hidropônico é uma atividade muito recente na região, tendo iniciado há
quatro anos, apenas.
Foram identificados ao todo 18 produtores hidropônicos (Tabela 1). Os produtores estão situados a uma distância média de 50 km de Brasília e próximos às
principais rodovias federais e estaduais.
Diversas razões levaram os produtores a adotar o cultivo hidropônico,
dentre elas: tecnologia do futuro, alterHortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
Diagnóstico do cultivo hidropônico de hortaliças.
Tabela 2. Área de cultivo, produtividade média, utilização de agrotóxicos e assistência técnica por produtor e por espécime. Brasília, UnB
- FAV - NUCOMP, 1998.
1
2
3
Alface
Alface
Alface
Área de cultivo
(m2)
1.818
88
788
4
5
6
7
Alface
Alface
Alface
Alface
1.125
1.540
3.180
-
109,50
213,31
387,38
-
não
não
não
não
8
9
10
11
Tomate
Tomate
Alface
Alface
2.455
2.146
7.980
1.080
104,00
205,83
152,08
não utiliza
Preventivo
Preventivo
Curativo
não recebe
não recebe
Eng. Agr. fixo
EMATER
12
13
14
15
Alface
Alface
Alface
Alface
640
1.240
1.150
1.435
384,96
423,87
499,89
572,30
Curativo
não utiliza
Curativo
não utiliza
EMATER
EMATER
EMBRAPA
não recebe
16
17
18
-
Alface
Alface
Alface
-
840
2.450
1.910
31.8651
301,68
107,49
306,302
não utiliza
Curativo
-
EMATER
não recebe
IAC
-
Produtor
Espécies
Produtividade
Agrotóxicos
243,94
373,30
312,66
Curativo
Curativo
utiliza
utiliza
utiliza
utiliza
Assistência
Técnica
não recebe
não recebe
não recebe
IAC
EMBRAPA
IAC
não recebe
104,003
Área total ocupada por estufas;
Produtividade média do alface em t/ha/ano;
3
Produtividade média do tomateiro em t/ha/ciclo.
1
2
nativa para pequenas áreas, dificuldades com a condução da cultura no solo,
boa qualidade do produto hidropônico
e boa aceitação do produto no mercado.
Características principais do cultivo de hortaliças no Distrito Federal
As principais espécies utilizadas em
hidroponia comercial na região são alface crespa e lisa, ocupando aproximadamente 2,7 ha, e tomate tipo salada, ocupando 0,5 ha (Tabela 2). Outras, como
couve, agrião, cebolinha, rúcula, salsa
estão sendo cultivadas em áreas menores, em caráter experimental, possivelmente por falta de assistência técnica.
Apenas dois produtores cultivam
tomate. Dentro deste contexto, há uma
perspectiva de crescimento. Para o ano
1998/99 está previsto um pequeno acréscimo de área (0,2 ha). Entretanto, isto
demonstra expansão e aceitação da
tecnologia entre os produtores.
Observou-se um custo médio de R$
26,00/m2 para estufa modelo arco com
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
estrutura de madeira e arcos de ferro,
incluindo toda a estrutura necessária e
os equipamentos para produção de alface hidropônica, e um custo médio de
R$ 20,00/m2 para produção de tomate
hidropônico (Tabela 1). Verificou-se que
o custo médio de produção por unidade
de alface está em torno de R$ 0,25 e o
preço médio de venda ao mercado de
R$ 0,45. O tomate hidropônico está sendo vendido a R$ 1,20 o quilograma (Tabela 1). Não foi possível obter o custo
de produção do tomate, pois os próprios
produtores ainda não conseguiram
calculá-lo por se tratar de produção
muito recente.
Verificou-se que a produtividade
média de alface está em torno de 300 t/
ha/ano, aproximadamente seis vezes
maior que aquela obtida em condições
de campo que é de 52 t/ha/ano. De acordo com os dados adaptados de Jensen
& Collins, citados por Castellane &
Araújo (1995), essa produtividade se
equipara à produtividade obtida em outros países, que está próxima a 313 t/ha/
ano. A produtividade média alcançada
pelos produtores de tomate hidropônico
é de 104 t/ha/ciclo (Tabela 2).
Com relação à utilização de agrotóxicos, verificou-se que 50% dos produtores entrevistados não utilizam produto químico para controlar doenças e
pragas; 12,5% utilizam agrotóxicos de
maneira preventiva e 37,5% utilizam
como tratamento curativo (Tabela 2).
A maioria dos produtores comercializa seus produtos em supermercados,
sacolões, restaurantes, mercearias e
Ceasa em Brasília. Um dos produtores
exporta alface para Manaus (AM).
Principais problemas mencionados pelos produtores do Distrito Federal
Os produtores se queixaram da falta
de assistência técnica especializada, sendo que do total dos produtores visitados, oito não recebem assistência técni51
J.S. Costa & A.M.R. Junqueira
ca; quatro são assistidos pela EMATER,
três pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC), dois pela Embrapa Hortaliças. Apenas um produtor tem Engenheiro Agrônomo fixo na propriedade.
Muitos produtores se queixaram do
calor excessivo no interior da estrutura.
A maioria dos produtores iniciou a atividade de forma empírica e cometeu
erros que poderiam ter sido evitados,
como a construção de uma estrutura com
pé-direito mais alto e janela para saída
de ar quente, o que evitaria o aquecimento. Observou-se, também, mau
posicionamento das estruturas, muito
próximas umas das outras, o que agrava ainda mais o problema do aquecimento e estruturas com pé-direito muito baixo para as condições climáticas da
região (2,0 m em média).
Os produtores têm grande dificuldade em obter análise da solução nutritiva
e em ajustar as mesmas. Na cultura da
alface observou-se a ocorrência de
“tipburn” com frequência, principalmente durante os períodos mais quentes do ano, quando o aumento na taxa
de evapotranspiração contribui para o
aparecimento do problema.
Quanto à ocorrência de pragas e
doenças, as mais observadas em alface
52
foram o pulgão e o tripes, a Erwinia sp
e a Cercospora sp, respectivamente. Na
cultura do tomateiro, foram apontados
problemas como frutos rachados, ocorrência de doenças como Alternaria sp,
oídio e pragas como ácaro e traça-dotomateiro.
O cultivo hidropônico de hortaliças
está sendo explorado no Distrito Federal, como uma alternativa para
viabilização do agronegócio. Os produtores estão situados próximos a importantes rodovias federais e estaduais, o
que facilita o escoamento da produção
para o mercado de Brasília e outros centros do Distrito Federal, bem como para
outras cidades de outros estados mais
próximos. Apesar de alface ser a principal espécie cultivada, observou-se um
grande interesse dos produtores por outras culturas, que só não estão sendo
cultivadas por falta de informações e de
assistência técnica mais presente. O custo das estufas vai depender das instalações requeridas para o cultivo de determinada espécie e também do material
utilizado na construção da mesma. A
adoção da hidroponia, conforme a condução da cultura, pode eliminar em
grande parte a necessidade de
agrotóxicos. Aproximadamente 44%
dos produtores estão sem assistência
técnica evidenciando a ausência de suporte técnico-científico, como acontece em outros estados. Muitos dos problemas apresentados poderiam ter sido
evitados diante de uma consulta prévia
aos institutos de ensino, pesquisa e extensão da região.
AGRADECIMENTOS
As autoras agradecem ao CNPq,
pelo apoio financeiro e pela concessão
de bolsa, ao Núcleo de Apoio à
Competitividade e Sustentabilidade da
Agricultura, pelo apoio logístico, aos
técnicos da EMATER do Distrito Federal e de Goiás, pelo auxílio na identificação dos produtores, e aos produtores,
pela valiosa contribuição ao trabalho.
LITERATURA CITADA
CASTELLANE, P.D.; ARAUJO, J.A.C. de. Cultivo sem solo - hidroponia. Jaboticabal,
FUNEP, 1995. 43 p.
MARTINEZ, H.E.P.; BARBOSA, J.G. O cultivo
de flores sob hidroponia. Boletim de Extensão, Viçosa, n. 38, 1996. 25 p.
TEIXEIRA, N.T. Hidroponia: Alternativa para
pequenas áreas. Guaíba: Agropecuária, 1996.
86 p.
ZATARIM, M. Hidroponia: a busca da tecnologia.
Horticultura Brasileira, Brasília, v. 15, n. 1,
maio 1997.
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
REGHIN, M.Y.; OTTO, R.F.; SILVA, J.B.C. da. “Stimulate Mo” e proteção com “Tecido não Tecido” no pré-enraizamento de mudas de mandioquinha-salsa.
Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 1, p.53-56, março 2.000.
“Stimulate Mo” e proteção com Tecido “Não Tecido” no
pré-enraizamento de mudas de mandioquinha-salsa.
Marie Yamamoto Reghin1; Rosana Fernandes Otto1; João Bosco Carvalho da Silva2
UEPG-Dept° de Fitotecnia/Fitossanidade, C. Postal 992, 84.010-300 Ponta Grossa-PR;
Brasília-DF.
1
2
Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70.359-970
RESUMO
ABSTRACT
Avaliou-se a brotação e o enraizamento de mudas de
mandioquinha-salsa, cultivar Amarela Comum, tratadas com o composto de reguladores de crescimento “Stimulate Mo”, associado ou
não à cobertura dos canteiros com tecido de polipropileno, conhecido como Tecido “Não Tecido” (NT). As doses de “Stimulate Mo”
foram: 1) testemunha sem tratamento; 2) 2,5 ml/ L; 3) 5,0 ml/ L; 4)
7,5 ml/ L e 5) 10,0 ml/ L. As mudas foram retiradas da periferia da
touceira, selecionadas por peso (10-15 g), cortadas em bisel (1,5-2,0
cm de comprimento) e tratadas com imersão em hipoclorito de sódio
10%, por três minutos. Posteriormente foram imersas na solução de
“Stimulate Mo”, por 30 minutos, armazenadas à sombra por cinco
dias e transferidas para canteiros. O NT foi colocado após o plantio,
em cobertura do canteiro, como uma manta flutuante. Foram avaliados: porcentagem de mudas com brotação, número e comprimento
de folhas e de raízes. Não houve interação significativa entre os fatores NT e doses de “Stimulate Mo”. Observou-se efeito benéfico
da proteção com NT para todas as características avaliadas, resultando em mudas uniformes, precoces e vigorosas aos 36 dias do
plantio. O produto “Stimulate Mo” foi eficiente no aumento do número e comprimento de raízes, confirmando sua utilidade como
estimulador do enraizamento.
“Stimulate Mo” and protection with floating rowcover on
pre-rooting of Peruvian carrot (Arracacia xanthorrhiza Bancroft)
explants.
Palavras-chave: Arracacia xanthorrhiza Bancroft, polipropileno,
reguladores de crescimento.
Keywords: Arracacia xanthorrhiza Bancroft, rooting,
polypropylene, plant growth regulators.
It was evaluated the effect of doses of Stimulate Mo, a product
with growth regulators on the sprouting and pre rooting of Peruvian
carrot explants, cultivar Amarela Comum, associated with and
without floating rowcover of polypropylene. The following doses
were tested: 1) 0 (control without treatment); 2) 2.5 ml/ L; 3) 5.0 ml/
L; 4) 7.5 ml/ L and 5) 10.0 ml/ L. The explants were removed from
the cornels, selected by size (10-15g), cut in bezel (1.5-2.0 cm of
length) and treated by immersion in sodium hypocloride 10% during
three minutes. Afterwards the explants were treated in different dose
of “Stimulate Mo” during 30 minutes and stored during five days in
a shaded place. After planting the floating rowcover of polypropylene
had been set, it was evaluated the percentage of explants with
sprouting, number and length of leaves and number and length of
roots. It was not observed significative effect of interaction between
floating rowcover and doses of “Stimulate Mo”. The protection by
floating rowcover was superior in all of the characteristics observed,
promoting the development of uniforms and vigorous explants and
early pre-rooting at 36 days after planting. The product “Stimulate
Mo” was efficient to increase number and root length confirming its
utility as a rooting stimulator.
(Aceito para publicação em 10 de janeiro de 2.000)
O
Brasil é o maior produtor mundial
de mandioquinha-salsa, cultivando-se anualmente cerca de 11.000 ha,
com produtividade média de 9,2 t/ha. É
um produto muito valorizado, tanto do
ponto de vista nutricional quanto comercial, mas tem como principais inconvenientes o ciclo cultural relativamente
longo (10 a 12 meses) e ser um produto
muito perecível.
A cultura geralmente é instalada através de mudas ou rebentos que crescem a
partir da base das plantas, formando uma
touceira. A planta produz sementes botânicas, mas sua utilização é restrita aos
trabalhos de melhoramento genético.
Pelo fato do ciclo da cultura ser longo, é necessário estabelecer tão rápido
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
quanto possível, a população final desejada (Câmara, 1992). Por isso é importante conhecer bem os efeitos do
tipo, tamanho das mudas, posição ocupada pela muda na touceira, tratamentos fitossanitários e técnicas para promover o rápido crescimento do vegetal,
com maior garantia de estande.
Quando se referem à posição da
muda na touceira, alguns autores (Silva
& Normanha, 1964; EMBRATER/
EMBRAPA, 1982), recomendam o uso
daquelas da periferia, por resultarem em
menor taxa de florescimento no campo.
Câmara (1992), comparou mudas das
regiões periférica, mediana e apical e
enraizadas por 60 dias em canteiros,
observando que o enraizamento destas
e a produção de raízes de reserva por
planta não foram influenciados pela
posição do rebento na touceira. O autor
concluiu que os fatores que regulam o
florescimento não são os mesmos que
condicionam as falhas de enraizamento
no campo. Vieira et al. (1995) estudaram três tipos, três tamanhos e duas formas de plantio de mudas e seus efeitos
no crescimento e produção da mandioquinha-salsa, quando observaram que a
produção de raízes comerciáveis foi independente do tipo e tamanho de mudas utilizadas no plantio. Observaram
ainda, quanto à profundidade da muda
transplantada, que é mais viável deixar
as mudas com o ápice descoberto no
momento do plantio.
53
M.Y. Reghin et al.
Uma das práticas generalizadas no
preparo das mudas nos países andinos e
no Brasil que tem resultado em maior
produção é o corte dos propágulos
(Casali et al., 1984), reduzindo sua estrutura de reserva para 1,5 a 2,0 cm, com
massa de 3,0 a 6,0 g. Quanto aos tipos
de cortes, podem ser encontradas várias
alternativas. O mais comum é o corte
em bisel simples, que é feito com um
único corte inclinado em relação ao eixo
do comprimento da muda. Conforme
Senna Neto (1976), esta forma aumenta
a superfície cortada, proporcionando
maior enraizamento e produtividade e
menor pendoamento.
Na safra 96/97, no Estado do Paraná
foram produzidas 39.827 t (Seab, 1998),
estando a cultura em plena expansão.
Para o plantio da mandioquinha-salsa
tem sido observado a seleção de
touceiras, preparo das mudas e plantio
em leiras, no local definitivo. Dependendo da época de plantio, principalmente
no período da estação seca e fria tem-se
verificado alta desuniformidade no
estande, e percentual significativo de
florescimento, com reflexos diretos na
diminuição do rendimento da cultura.
Conforme Santos (1997), os plantios
comerciais de mandioquinha-salsa nas
principais regiões produtoras do país
apresentam perdas de produção devido
ao florescimento que, em alguns casos,
chega a causar reduções expressivas.
Ocorrem dois tipos de florescimento: o
primeiro, denominado “capitão” dá origem a plantas incapazes de produzir
raízes de reserva; acredita-se que esse
tipo de florescimento está associado a
mudas mais velhas. O outro tipo de
florescimento não vem a ser tão comprometedor na produção, uma vez que, apesar da emissão do pendão floral, há formação de brotações laterais, de tal forma que a planta completa seu ciclo normal, produzindo ainda raízes comerciais.
Câmara (1992) propôs conduzir a
cultura em duas etapas, sendo a primeira destinada a promover o enraizamento
de mudas, utilizando-se espaçamento
adensado em canteiros, e a etapa definitiva instalada com o transplante das
mudas pré-enraizadas. Isso possibilita
evitar falhas no estande, selecionar plantas e manejar melhor a cultura, sem
ocorrência de pendoamento e com me54
nor tempo da cultura na área definitiva.
São poucos os resultados encontrados com reguladores de crescimento no
pré-enraizamento de mudas de mandioquinha-salsa. Câmara (1989) estudou o
enraizamento de mudas em substratos
de areia, terra e vermiculita e suas misturas, imergindo previamente as mudas
preparadas (corte transversal) em solução de ácido indol butírico (AIB) a 500,
1000 e 2000 ppm, por 20 segundos.
Observou-se que o AIB, a partir de 1000
ppm, foi fitotóxico. A concentração de
500 ppm apresentou porcentagem média
de enraizamento de 95%, estatisticamente igual à testemunha, sem utilização de
AIB. Nos tratamentos com AIB, sempre
que houve presença de vermiculita no
substrato, foi baixa a porcentagem de
enraizamento. Entretanto, sem AIB, os
substratos não se diferenciaram. Sendo
assim, por meio dos resultados obtidos,
para o enraizamento prévio, o autor recomenda quaisquer dos substratos utilizados, sem aplicação de AIB.
Em ensaio com mudas de
mandioquinha-salsa, conduzido em
casa-de-vegetação, Carvalho & Leal
(1997) observaram que os tratamentos
com hormônio AIB em diversas dosagens e tempo de imersão, praticamente
não influenciaram nas características
estudadas (número de mudas vivas, sem
podridões e número de mudas com
brotações aos 15, 30 e 60 dias).
O produto “Stimulate Mo” é composto de reguladores de crescimento, contendo 90 ppm de cinetina, 50 ppm de
ácido giberélico, 50 ppm de ácido indol
butírico e 4% de molibdênio (Stoller do
Brasil, 1998). Sua função é estimular o
desenvolvimento do sistema radicular,
aumentando a absorção de água e nutrientes pelas plantas e favorecendo o equilíbrio hormonal. O crescimento contínuo
das raízes é fundamental para a produção das citocininas, que só ocorrem na
extremidade de raízes novas (Stoller do
Brasil, 1998). Na literatura, não existem
trabalhos nesta área com a cultura da
mandioquinha-salsa. Contudo, tem-se
informações de que alguns produtores do
Paraná tratam os propágulos antes do
plantio, com a dose de 5,0 ml/ L de
Stimulate Mo, durante 30 minutos.
O Tecido “Não Tecido” (NT) é um
filme de polipropileno, confeccionado
a partir de longos filamentos de polipropileno que são colocados em camadas e
soldados uns aos outros por meio de
calor. Tem ampla utilização na indústria têxtil no Brasil, mas sua utilidade
na agricultura é ainda pouco conhecida.
Entretanto, na Europa, estima-se em
20.000 ha a área de cultura e coberta com
o NT (Hernandez & Castilla, 1993). Esta
“manta térmica” poderá, em muitos casos, se constituir em interessante alternativa de proteção de cultivos hortícolas,
a baixo custo. Seu emprego é bastante
generalizado em sementeiras (Hernandez
& Castilla, 1993), tais como a de fumo
(Wells & Loy, 1985), sendo colocado
diretamente sobre o solo plantado, sem
necessidade de estruturas de sustentação.
Algumas vantagens atribuídas ao emprego do NT são o aumento da precocidade; aumento da produção (Soltani et al.,
1995; Otto, 1997) e proteção contra danos causados por chuvas fortes ou granizo (Hemphill & Crabtree, 1988).
O presente trabalho teve com o objetivo avaliar o efeito de doses de
“Stimulate Mo”, com e sem proteção de
NT, no pré-enraizamento de mudas de
mandioquinha-salsa.
MATERIAL E MÉTODOS
Propágulos de mandioquinha-salsa
da cultivar “Amarela Comum” foram
retirados da periferia das touceiras que
completaram o ciclo vegetativo. Foram
selecionados aqueles com massa de 10
a 15 g, cortados em bisel a 1,5 - 2,0 cm
da base das folhas e submetidos ao tratamento de imersão por três minutos, em
solução à base de hipoclorito de sódio a
10% (Brune et al., 1996). Posteriormente, os propágulos foram imersos por 30
minutos na solução de “Stimulate Mo”,
nas seguintes doses: 1) testemunha (sem
tratamento); 2) 2,5 ml/ L; 3) 5,0 ml/ L;
4) 7,5 ml/ L e 5) 10,0 ml/L. Os
propágulos foram mantidos em condições ambientais de laboratório por cinco dias, para cicatrização do tecido cortado, e então transferidos para canteiros
com 1 m de comprimento por 1,1 m de
largura, no espaçamento de 0,05 x 0,05
m, com 56 mudas por parcela. Em seguida os canteiros foram, ou não cobertos com NT de 20 – 25 micras de espessura e massa de 17g/m², aplicado direHortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
“Stimulate Mo” e proteção com Tecido "não Tecido" em mandioquinha-salsa.
Tabela 1. Porcentagem de brotação, número de folhas e comprimento da parte aérea de mudas de mandioquinha-salsa tratadas com “Stimulate
Mo”, com e sem cobertura de Tecido “Não Tecido” (NT). Ponta Grossa, UEPG, 1998.
"Stimulate
Mo"
Doses
0
2,5 ml/ L
5,0 ml/ L
7,5 ml/ L
10,0 ml/ L
Média
CV (%)
Brotação (%)
Com NT
96,67
98,00
97,00
90,67
96,67
95,80 A
Sem NT
88,00
89,33
92,00
90,33
95,00
90,93 B
4,45
N° de folhas
Com NT
2,27
2,27
2,55
2,55
2,83
2,49 A
Sem NT
2,00
2,00
2,00
2,00
2,00
2,00 B
15,83
Parte aérea (cm)
Com NT
10,77
10,73
12,67
10,57
11,10
11,17 A
Sem NT
7,93
7,30
7,70
7,80
8,40
7,83 B
8,93
*Médias seguidas de mesma letra não diferem significativamente entre si no nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.
Tabela 2. Enraizamento de mudas de mandioquinha-salsa tratadas com Stimulate Mo, com
e sem cobertura de Tecido “Não Tecido” (NT). Ponta Grossa, UEPG, 1998.
"Stimulate
Mo"
Doses
0
2,5 ml/L
5,0 ml/L
7,5 ml/L
10,0 ml/L
Média*
CV (%)
Número de raízes
Com NT
50,50
53,60
57,27
53,00
60,50
54,97 A
Sem NT
42,77
42,23
48,80
43,07
44,70
44,31 B
7,01
Comprimento de raízes
(cm)
Com NT
Sem NT
3,20
2,33
2,67
3,17
4,70
3,33
4,10
3,33
3,87
3,40
3,71 A
3,11 B
17,05
*Médias seguidas de mesma letra não diferem significativamente entre si, no nível de 5% de
probabilidade, pelo teste de Tukey.
tamente sobre os canteiros, formando
uma manta flutuante, fixada com solo
colocado sobre as bordas da manta.
O plantio foi realizado em junho de
1998, na área experimental de
Olericultura da Fazenda-Escola Capão
da Onça, UEPG, Ponta Grossa (PR),
utilizando irrigação por aspersão. Aos
36 dias do plantio avaliou-se a porcentagem de mudas com brotação, considerando-se aquelas com brotação da
parte aérea e, numa amostra de 7 plantas por repetição, avaliaram-se o número e comprimento médio das folhas e
das raízes.
O delineamento experimental foi o
de blocos casualizados, com três repetições, utilizando-se o esquema fatorial
de 5 x 2 (cinco doses de “Stimulate Mo”,
na presença e ausência da cobertura com
NT). Fez-se análise de regressão dos
dados de doses de “Stimulate Mo” e,
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
para comparação das médias relativas à
proteção ou não com NT, usou-se o teste de “F”.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os fatores doses de “Stimulate Mo”
e proteção com NT tiveram atuações
independentes, não ocorrendo interação
significativa entre eles nas características avaliadas.
Nas parcelas com proteção de NT
observou-se desenvolvimento mais rápido e uniforme da parte aérea (Tabela
1). Aos 36 dias do plantio, mais de
95,0% das mudas apresentavam
brotação da parte aérea, com maior número de folhas e comprimento maior
que 10 cm, enquanto nas parcelas não
cobertas, ocorreu 90,9% de mudas com
brotação, e estas apresentavam menor
crescimento. O efeito superior do NT
também foi verificado no número e no
comprimento de raízes (Tabela 2 e Figuras 1 e 2).
As doses de “Stimulate Mo” não
promoveram diferença significativa nas
características de desenvolvimento da
parte aérea (Tabela 1). Por outro lado, a
aplicação de “Stimulate Mo” aumentou
o número e o comprimento das raízes,
com efeito linear para número (Figura 1)
e quadrático para comprimento (Figura
2), tendo sido estimado como ponto de
máximo, a dose de 7,0 ml/L. Não foram
observados sintomas de fitotoxidez em
quaisquer das doses estudadas. Estes resultados confirmam a atuação do produto como estimulador do sistema radicular,
podendo resultar na maior capacidade de
absorção de água e nutrientes (Stoller do
Brasil, 1998).
Apesar da brotação e do
enraizamento terem ocorrido durante os
meses de junho, com temperaturas relativamente baixas (médias das máximas
de 26,2°C e mínimas de 9,4°C), não foram observadas mudas com haste floral
em quaisquer dos tratamentos, provavelmente em função da idade das mudas e
da seleção feita. Estes resultados corroboram com os obtidos por Silva &
Normanha (1964) e EMBRATER/
EMBRAPA (1982). Embora, Câmara
(1992) não tenha encontrado diferenças
na taxa de florescimento em função da
posição do propágulo na planta.
A cobertura com NT resultou em
médias superiores em todas as características avaliadas, quando comparada ao
tratamento sem proteção (Tabelas 1 e 2).
A proteção deve alterar fatores
55
M.Y. Reghin et al.
ambientais sob a cobertura, ocorrendo
um microclima mais favorável para o
desenvolvimento das mudas. Salientase que um dos objetivos do uso do NT
nos cultivos que ocorrem nas épocas frias,
é o aumento da temperatura noturna do
ar abaixo da cobertura, de 2 a 5°C, como
os descritos por Hernandez & Castilla
(1993) e Otto (1997).
Os resultados demonstram que o
pré-enraizamento de mudas de
mandioquinha-salsa com o produto
“Stimulate Mo” foi eficiente, aumentando o número e o comprimento de raízes
de acordo com o aumento da dose até o
limite de 7,0 ml/L.
Qualquer das técnicas estudadas
vem reforçar o uso do pré-enraizamento,
podendo-se obter mudas aptas para o
transplante em curto espaço de tempo
(36 dias), enquanto que, em condições
normais, o tempo é de 45 a 60 dias (Santos, 1997).
Figura 1. Efeito de doses de “Stimulate Mo” no número de raízes de mudas de mandioquinhasalsa. Ponta Grossa, UEPG, 1998.
LITERATURA CITADA
BRUNE, S.; GIORDANO, L de B.; LOPES,C.A.;
MELO, P.E de. Tratamento químico de mudas de mandioquinha-salsa. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 14, n. 2, p. 207-210, nov.,
1996.
CÂMARA, F.L.A. Efeitos do substrato e da
imersão em IBA, sobre o enraizamento de
propágulos
de
mandioquinha-salsa.
Horticultura Brasileira, Brasília, v. 7, n. 1,
p.44, maio, 1989. Resumo.
CÂMARA, F.L.A. Enraizamento e produção de
mandioquinha-salsa em função da posição do
propágulo na touceira. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 10, n. 1, p. 42, maio, 1992.
CARVALHO, A.C.P.P. de; LEAL, M.A.A. Efeito
da utilização do hormônio AIB na capacidade
de brotação e na sobrevivência de mudas de
mandioquinha-salsa. Horticultura Brasileira,
Brasília, v. 15, n. 1, maio, 1997. Suplemento.
Resumo.
CASALI, V.W.D.; SEDIYAMA, M.A.N.; CAMPOS, J.P. Métodos culturais da mandioquinhasalsa. Informe Agropecuário, Belo Horizonte,
v. 10, n. 120, p. 26–28, 1984.
EMBRATER/EMBRAPA. Sistemas de produção
para a cultura da mandioquinha-salsa. Belo
Horizonte, 1982. 33 p. (Sistema de produção.
Boletim, 9).
HEMPHILL, D.D.; CRABTREE, G.D. Growth
response and weed control in slicing cucumber
under rowcovers. Journal of American Society
for Horticultural Science, v. 113, n. 1, p. 41 45, 1988.
HERMANN, M.; HELLER, J. ed. Andean roots
and tubers: ahipa, arracacha, maca and
yacon. Rome: IPGRI, 1997. 256 p. (IPGRI,
Promoting the conservation and use of
underutilized and neglected crops, 21).
56
Figura 2. Efeito de doses de “Stimulate Mo” no comprimento de raízes (cm) de mudas de
mandioquinha-salsa. Ponta Grossa, UEPG, 1998.
HERNÁNDEZ, J.; CASTILLA, N. El
semiforzado con cubiertas flotantes.
Hortofruticultura, v. 4, p. 34-36, 1993.
OTTO, R.F. Cubiertas de agrotextil en especies
horticolas: balances térmicos, evapotranspiración y respuestas productivas.
Córdoba: Universidad de Córdoba, 1997. 157
p. (Tese doutorado).
SANTOS, F.F. dos. Utilização de mudas juvenis
e do pré-enraizamento no impedimento da
floração em mandioquinha-salsa. Informe
Agropecuário, Belo Horizonte, v. 19, n. 190,
p. 27-34, 1997.
SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e do
Abastecimento do PR). Departamento de Economia Rural – Deral, Levantamento da produção agrícola do Estado, safra 96/97, 1998.
SENNA NETO, N. Cultura da mandioquinha-salsa. Governador Valadares: PROHORT, 1976.
14 p. (EMATER-MG, Série Olericultura, 1).
SILVA, J.R.; NORMANHA, E.S. Instruções para
a cultura da mandioquinha-salsa ou batatabaroa. Campinas: IAC, 1964. 9 p. (Boletim,
134).
SOLTANI, N.; ANDERSON, J.L.; HANSOM,
A.R. Growth analysis of watermelon plants
grown with mulches and rowcovers. Journal
of the American Society for Horticultural
Science, v. 120, p. 1001-1009, 1995.
STOLLER DO BRASIL. Stimulate Mo em hortaliças. Informativo Técnico, Stoller do Brasil, Divisão Arbore, jan/98.
VIEIRA, M.C.; HEREDIA, N.A.Z.; CASALI,
V.W.D.; SIQUEIRA, J.G. Efeito de tipos, tamanhos e enterrio de mudas sobre o crescimento e produção de mandioquinha-salsa. In:
ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA,
4, 1995, Dourados, Mato Grosso do Sul. Resumos... Dourados: UFMS, p. 237, 1995.
WELLS, O.S.; LOY, J.B. Intensive vegetable
production with row covers. HortScience, v.
20, n. 5, p. 822-826, 1985.
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
COSTA, N.D.; RESENDE, G.M. de; DIAS, R. de C.S. Avaliação de cultivares de cebola em Petrolina-Pe. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 1, p. 57-60,
março 2.000.
Avaliação de cultivares de cebola em Petrolina-PE.
Nivaldo Duarte Costa; Geraldo Milanez de Resende; Rita de Cássia Souza Dias
Embrapa Semi-Árido, C. Postal 23, 56.300-000 Petrolina-PE.
RESUMO
ABSTRACT
Objetivando-se indicar cultivares de cebola mais produtivas e
de melhor qualidade de bulbos para a região semi-árida, conduziuse um ensaio no Projeto Bebedouro, Petrolina-PE, de abril a agosto
de 1997. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso com
quatro repetições e as seguintes cultivares: Granex-429, Texas GranoPRR, Brownsville, Houston, Texas Grano-502, Texas Grano-438,
Conquista, Composto IPA-6, Belém IPA-9, Franciscana IPA-10,
Valeouro IPA-11, Alfa Tropical (CNPH-6179) , CNPH-5898, CNPH6074, CNPH-6040, CNPH-6067, Bola P. EMPASC, XP-1, XP-2 e
Crioula Mercosul. A produtividade de bulbos comerciais variou de
21,41 a 61,78 t/ha, destacando-se as cultivares Texas Grano-PRR
(61,78 t/ha), Granex-429 (58,28 t/ha), Texas Grano-438 (56,97 t/
ha), Brownsville (55,38 t/ha), Texas Grano-502 (53,97t/ha) e Houston
(53,35 t/ha), que não mostraram diferenças significativas entre si.
Evaluation of onion cultivars at Petrolina, Pernambuco State,
Brazil.
Palavras chave: Allium cepa, adaptação, produtividade,
classificação de bulbos.
Keywords: Allium cepa, adaptation of cultivars, yield, bulb
classification.
With the objective of identifying high productive and better
quality onion cultivars for the tropical semi-arid region of Brazil,
field trials were conducted at Petrolina, Pernambuco State, Brazil,
from February until July of 1996.The experimental design was a
randomized complete blocks with four repetitions and twenty
treatments (Cultivars Granex-429, Texas Grano-PRR, Brownsville,
Houston, Texas Grano-502, Texas Grano-438, Conquista, Composto IPA-6, Belém IPA-9, Franciscana IPA-10, Valeouro IPA-11, Alfa
Tropical (CNPH-6179), CNPH-5898, CNPH-6074, CNPH-6040,
CNPH-6067, Bola P. EMPASC, XP-1, XP-2 and Crioula Mercosul).
Production of commercial bulbs ranged forms 21.41 to 61.78 ton/
ha. Texas Grano-PRR had the highest yield (61.78 ton/ha), followed
by Granex-429 (58.28 ton/ha), Texas Grano-438 (56.97 ton/ha),
Brownsville (55.38 ton/ha), Texas Grano-502 (53.97 ton/ha) and
Houston (53.35 ton/ha).
(Aceito para publicação em 07 de fevereiro de 2.000)
A
produção mundial de cebola
(Allium cepa L.) nos últimos anos
(1995/96/97) esteve entre 37,38 e 38,49
milhões de t/ano, proveniente de uma
área de cultivo de 2,2 a 2,3 milhões de
hectares/ano, com uma produtividade
média de 16,7 t/ha (FAO,1998). No Brasil, a cebola destaca-se ao lado da batata
e do tomate como a cultura olerácea economicamente mais importante, tanto pelo
volume produzido, em torno de 900 mil
t/ano, como pela renda gerada. A sua produção ocorre nas regiões Sul (Paraná,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul),
contribuindo com 37,7% da produção
nacional, Sudeste (São Paulo e Minas
Gerais), com 35,3% e Nordeste
(Pernambuco e Bahia), com 27%. A produtividade média nacional se situa em
12,49 t/ha, sendo que nos estados de
Pernambuco e Bahia, maiores produtores
do Nordeste, a produtividade média é de
14,89 e 14,68 t/ha (ANUÁRIO, 1996).
No contexto do Mercosul, destacamse apenas as produções do Brasil, com
ofertas equivalentes às suas necessidaHortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
des de consumo, e da Argentina, cujo
volume de produção tem gerado expressivos excedentes exportáveis. Esses dois
países respondem em sua quase totalidade pelo abastecimento do referido
mercado, sendo as produções do Uruguai e Paraguai praticamente marginais
(cerca de 3,5%), não influindo no perfil
do mercado (Boeing, 1995).
A globalização da economia mundial
e a formação do Mercosul interferiram
significativamente no mercado de hortaliças no Brasil. As tendências das produções na Argentina e no Brasil evidenciam um mercado competitivo do qual continuarão participando aqueles países que
tiverem maiores vantagens comparativas
e fizerem inversões nos setores produtivos. Portanto, o momento por que passa
a cebolicultura é crucial e deve apresentar definições. Somente continuará no
mercado o produtor que se tecnificar,
obter produto de qualidade e se adaptar a
essas
mudanças
no
mercado
(Ferreira,1997). Hoje, a cebola está sendo cultivada em regiões distintas, dentro
de uma grande amplitude geográfica,
estendendo-se do Equador até regiões
mais próximas aos círculos polares.
As pesquisas têm demonstrado que as
melhores cultivares são aquelas obtidas na
própria região de produção, porque cada
uma requer condições especiais de
fotoperíodo e temperatura para a obtenção das características qualitativas desejáveis, altos rendimentos e boa conservação no armazenamento (Jones, 1963).
A cultivar Texas Grano é uma das
mais adaptadas às condições do Centro
Sul do País (Filgueira,1982). Goto &
Costa (1979), avaliando cultivares, concluíram ser a “Texas Grano-502” a mais
produtiva em duas localidades onde foram avaliadas, com respectivamente,
80,0 e 96,8 t/ha.
Avaliando cultivares de cebola de
ciclo precoce, Gandim et al. (1989),
verificaram produtividades variando de
17,47 a 32,32 t/ha, destacando-se as
cultivares EMPASC 352- Bola precoce
(32,32 t/ha), IPA-1 (29,42 t/ha), Baia
Periforme (28,88 t/ha), IPA-2 (28,25 t/
57
N.D. Costa et al.
Tabela 1. Produtividade total e comercial de cultivares de cebola no Vale São Francisco.
Embrapa Semi-Árido, Petrolina (PE), 19971.
Produtividade (t/ha)
Total
Comercial
Cultivares
Texas Grano-PRR
Granex-429
Texas Grano-438
62,71a
58,49 ab
57,79 ab
61,78 a
58,28 ab
56,97 ab
Brownsville
Texas Grano-502
Houston
Alfa Tropical (CNPH-6179)
56,02 ab
54,20 ab
53,92 ab
49,86 bc
55,38
53,97
53,35
48,96
CNPH-6067
Franciscana IPA-10 (roxa)
Valeouro IPA-11
43,82
42,99
40,25
cd
cd
cde
43,34
42,68
39,54
cd
cd
cde
CNPH-6074
CNPH-5898
Composto IPA-6
39,50
36,26
35,62
de
de
de
38,86
35,49
34,73
cde
de
de
XP-1
Belém IPA-9
Bola P. EMPASC
CNPH-6040
35,37
35,22
33,79
30,93
de
de
def
efg
33,77
33,76
32,40
30,36
de
de
ef
ef
Conquista
Crioula Mercosul
XP-2
29,89
24,70
23,89
29,40
22,31
21,41
f
f
f
C.V. (%)
15,42
efg
fg
fg
ab
ab
ab
bc
16,56
Médias seguidas pela mesma letra nas colunas, não diferem entre si, pelo teste de Duncan,
ao nível de 5% de probabilidade.
1
ha) e IPA-6 (27,65 t/ha). Estudando a
adaptação de cultivares de cebola,
Churata-Masca & Santos (1983), observaram que a “Granex Yellow “ foi a mais
produtiva (77,3 t/ha), seguida pelas cultivares Excel, Granex-33 e Granex-429
(entre 64,5 e 61,9 t/ha) e “IPA-2” (55,2
t/ha) e “Ag.-59” (50,7 t/ha). Candeia, et
al, (1985), verificaram uma produtividade de 30,3 t/ha para a cultivar
Brownsville, que foi a mais produtiva
dentre as avaliadas. A maior produtividade de bulbos comerciais foi apresentada pelas cultivares Granex-33 e
Granex-429 com 33,07 e 32,19 t/ha, respectivamente (Caraballo et al.,1990).
Avaliando 29 cultivares de cebola,
Madisa (1994) constatou ser “Equanex”
a mais produtiva (36,28 t/ha), tendo a
cultivar Granex alcançado 26,83 t/ha e
a produtividade média das cultivares se
situado em 23,29 t/ha. Murakami et al.
(1995), estudando o comportamento de
cinco genótipos e três cultivares, ob58
servaram que a cultivar Régia foi a mais
produtiva (90,3 t/ha), seguida pela cultivar São Paulo (78,7 t/ha).
Dada a importância desta hortaliça
para a região do vale do São Francisco,
objetivou-se identificar cultivares adaptadas, que apresentem alto potencial
para produção e qualidade de bulbos.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado no Campo Experimental de Bebedouro, da
Embrapa Semi-Árido, em Petrolina
(PE), com altitude de 365,5m e latitude
de 9 o 24’ Sul, no período de abril a agosto de 1997, em Latossolo Vermelho
Amarelo com as seguintes características: pH (H2O) = 7,0; Ca2+ = 2,2 cmolc/
dm3; Mg2+ = 0,8 cmolc/dm3; Na+ = 0,05
cmolc/dm3; K+ = 0,32 cmolc/dm3; Al3 =
0,05 cmolc /dm3; e P/Mehlich = 23,88
mg/L,
determinadas
segundo
metodologia da Embrapa (1979).
O delineamento experimental foi
blocos ao acaso com quatro repetições
e os tratamentos, constituídos das seguintes cultivares: Granex-429, Texas
Grano-PRR, Brownsville, Houston,
Texas Grano-502, Texas Grano-438,
Conquista, Composto IPA-6, Belém
IPA-9, Franciscana IPA-10, Valeouro
IPA-11, Alfa Tropical (CNPH-6179),
CNPH-5898, CNPH-6074, CNPH6040, CNPH-6067, Bola Precoce
EMPASC, XP-1, XP-2 e Crioula
Mercosul. Utilizaram-se parcelas de 7,2
m2 de área útil, com 300 plantas por
parcela e bordaduras laterais, no
espaçamento de 0,15 x 0,10m.
A adubação básica constou de 30 Kg/
ha de N; 120 kg/ha de P2O5 e 60 kg/ha de
K2O, de acordo com as recomendações
baseadas na análise do solo. Foram aplicados em cobertura 90 kg/ha de N (uréia)
e 60 kg/ha de K2O (cloreto de potássio)
parcelados aos 20 e 30 dias após o transplante. Os tratos culturais e controle
fitossanitários foram realizados de acordo com as recomendações regionais para
a cultura da cebola. O transplante das
mudas foi realizado aos 30 dias após a
semeadura e as irrigações, quando necessárias, foram realizadas em sulcos.
A colheita foi efetuada quando a
maioria das plantas encontravam-se
tombadas, aos 120 dias após a semeadura para as cultivares Granex-429,
Texas Grano PRR, Texas Grano 438,
Conquista, Alfa Tropical (CNPH-6179),
CNPH-5898, CNPH-6074, CNPH6040, Franciscana IPA-10 e Bola Precoce EMPASC, e aos 127 dias para as
cultivares Brownsville, Composto IPA6, Belém IPA-9, Valeouro IPA-11 e
CNPH-6067 e aos 150 dias para as cultivares XP-1, XP-2 e Crioula Mercosul.
As plantas colhidas foram submetidas ao processo de cura, ficando por seis
dias expostas ao sol e dois dias à sombra, efetuando-se, em seguida, o corte
da parte aérea. Avaliaram-se as seguintes características: produtividade total (t/
ha) e comercial (t/ha), sendo considerados comerciáveis os bulbos entre 35 e
90 mm de diâmetro. Os bulbos foram
classificados de acordo com o maior
diâmetro transversal em quatro classes
comerciais, segundo Brasil (1995), onde
2 = 35 a 50mm, 3 = 50 a 70mm, 4 = 70
a 90mm e 5 = bulbos com diâmetro
transversal maior que 90mm; sendo que
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
Avaliação de cultivares de cebola em Petrolina-Pe.
Tabela 2. Percentagem em peso de bulbos comerciais de cultivares de cebola, segundo o maior diâmetro transversal em classes e refugos.
Embrapa Semi-Àrido, Petrolina (PE), 1997.
Granex-429
T. Grano-PRR
5
49,35
51,80
4
38,59
32,96
Classes*(%)
3
10,94
12,67
Brownsville
Houston
T. Grano-502
T. Grano-438
Conquista
50,20
44,10
34,00
51,40
0,80
32,40
38,50
45,00
33,00
31,20
14,36
14,30
18,60
12,10
58,00
1,90
2,00
2,00
2,10
9,00
1,14
1,10
0,40
1,40
1,00
Composto IPA-6
Belém IPA-9
Valeouro IPA-11
Alfa Trop. (CNPH-6179)
CNPH-5898
12,27
12,02
6,46
31,75
11,00
44,72
40,50
44,50
46,00
44,60
34,50
36,85
42,84
19,13
35,80
6,04
6,50
4,44
1,32
6,50
2,47
4,13
1,76
1,80
2,10
CNPH-6074
CNPH-6040
CNPH-6067
Franciscana IPA-10 (roxa)
17,04
4,03
18,84
11,86
46,37
42,73
50,40
51,50
30,40
41,39
26,10
33,90
4,57
10,00
3,50
2,00
1,62
1,85
1,16
0,74
B. P. Empasc
XP-1
XP-2
C. Mercosul
5,95
11,00
3,77
-
40,76
44,25
31,66
37,35
42,50
34,70
40,37
43,25
7,65
5,35
10,60
9,70
3,14
4,70
13,60
9,70
Cultivares
2
0,77
2,22
1**
0,35
0,35
*Classe 2: 35 a 50mm; Classe 3: 50 a 70 mm; classe 4: 70 a 90 mm e classe 5: bulbos maiores que 90 mm de diâmetro transversal.
**
Bulbos de baixo valor comercial
os bulbos menores (diâmetro transversal inferior a 35 mm) foram computados apenas na produtividade total.
Posteriormente, foi feita a análise de
variância das características avaliadas,
aplicando-se o teste de Duncan no nível
de 5% de probabilidade para comparação das médias, segundo metodologia
descrita por Gomes (1987).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A colheita foi efetuada quando a
maioria das plantas encontravam-se
tombadas, sendo iniciada aos 120 dias
após a semeadura. Pela Tabela 1, observa-se que a produtividade de bulbos
comerciais variou de 21,41 a 61,78 t/
ha, destacando-se as cultivares Texas
Grano-PRR, Granex-429, Texas Grano438, Brownsville , Texas Grano-502 e
Houston, que não mostraram diferenças
significativas entre si. Estas cultivares
apresentaram incrementos na produtiviHortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
dade da ordem de 285,5 a 386,4% superiores à média nacional (12,7 t/ha); estando ainda acima da produtividade
média mundial de 16,7 t/ha e dos resultados encontrados por Gandim et al.
(1989), Candeia et al. (1985) e Madisa
(1994) que variaram de 17,47 a 36.28 t/
ha. Entretanto foram inferiores às produtividades relatadas por Churata-Masca & Santos (1995) e Murakami et al.
(1995), que relataram produtividades
entre 77,3 e 90,3 t/ha. Os mais baixos
rendimentos foram observados para as
cultivares Bola Precoce EMPASC,
CNPH-6040, Conquista, Crioula
Mercosul e XP-2, que não mostraram
diferenças estatísticas entre si. A boa
performance produtiva das cultivares
Texas Grano-PRR e Texas Grano-438,
são evidenciadas por Goto & Costa
(1979) e Filgueira (1982), que relatam
serem estas as mais adaptadas e produtivas. Assim como também em relação
a cultivar Granex-429, que Caraballo et
al. (1990), informam boa produtividade comercial de bulbos (32,19 t/ha), no
entanto, inferior a alcançada no presente trabalho.
A Tabela 2, apresenta a percentagem
do peso de bulbos comerciais de cebola
em classes, segundo o maior diâmetro
transversal. As cultivares Conquista,
Valeouro IPA -11, Franciscana IPA-10,
CNPH-6040, Bola P. EMPASC, CNPH5898 e Crioula, sobressaíram-se das
demais por apresentarem bulbos comerciais acima de 80% nas classes 3 (50 a
70mm de diâmetro transversal) e da
classe 4 (70 a 90mm de diâmetro transversal), que são os de maior preferência
do mercado consumidor nacional. A
cultivar XP-2 apresentou a maior quantidade de bulbos tipo 1 (chupeta), assim
como as cultivares Texas Grano-PRR,
Texas Grano-438,
Brownsville,
Granex-429 e Houston apresentaram
44% de bulbos comerciais da classe 5
(acima de 90 mm de diâmetro transver59
N.D. Costa et al.
sal), que são bulbos grandes de baixo
valor comercial, conforme relatam Silva
et al.(1991) da preferência do consumidor nacional por bulbos com 80 a 100g e
diâmetro transversal de 40 a 80 mm.
Os resultados obtidos em termos de
produtividade e qualidade de bulbos evidenciam que poderiam ser utilizadas pelos produtores, sob irrigação, as cultivares: Franciscana IPA-10, Valeouro IPA11, Alfa Tropical (CNPH-6179) e CNPH6067. Assim como consolida a cultivar
Texas Grano-502 como adaptada às condições do vale do São Francisco.
As
cultivares
Granex-429,
Brownsville, Texas Grano-PRR,
Houston e Texas Grano- 438, pela sua
performance produtiva, necessitam de
maiores estudos quanto a níveis de adubação e densidades de plantio, que promovam menor diâmetro do bulbo, adequando-as à preferência do mercado
consumidor.
BIBLIOGRAFIA CITADA
ANUÁRIO ESTATISTICO DO BRASIL. Rio de
janeiro: IBGE, v. 56, 1996.
60
BOEING, G. Cebola. Florianópolis: Instituto
CEPA/SC, 85 p. 1995.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Abastecimento e Reforma Agrária, Portaria n. 529 de 18
ago. Diário Oficial (República Federativa do
Brasil), Brasília, 1 set.,Seção1, p. 13513. 1995.
CANDEIA, J.A.; MENEZES, J.T. de; MENEZES,
D.; WANDERLEY, L.J. da G. Avaliação de
cultivares de cebola no Submédio São Francisco. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
OLERICULTURA, 25, Blumenau, SC. Resumos... Sociedade de Olericultura do Brasil, p.
65. 1985.
CHURATA-MASCA, M.G.C.; SANTOS, M A.P.
dos. Competição de cultivares de cebola. In:
CONGRESSO
BRASILEIRO
DE
OLERICULTURA, 23, Rio de Janeiro, RJ.
Resumos... SOB. p. 36. 1983.
CARABALLO, E.; FORNARIS, G.J.;
GUADALUPE, R.; HERNADEZ, E.R. de.
Performance, sizing and total solids of nine
onion( Allium cepa L.) cultivars. Journal of
Agriculture of the Puerto Rico, v. 74, n. 1, p.
21-27, 1990.
EMBRAPA. Serviço Nacional de Levantamento
e Conservação de solos. Manual de métodos
de análise de solo. Rio de Janeiro: EMBRAPASNLCS,1979. (Não paginado).
FAO QUATERLY BULLETIN OF STATISTICS.
Rome: FAO, v. 11, n. 112, 1998.
FERREIRA, M.D. Chegou o tempo da
segmentação. Agrianual, São Paulo, p. 190195, 1997.
FILGUEIRA, F.A.R. Manual de olericultura: cultura e comercialização das hortaliças. São
Paulo: Agronômica Ceres, v. 2, 1982. 357 p.
GANDIN, C.L.; TORRES, L.; GUIMARÃES,
D.R.; THOMAZELLI, L.F.; DITRICH, R.C.
Competição de cultivares de cebola.
Agropecuária Catarinense, v. 2, n. 2, p. 5254. 1989.
GOMES, F.P. Curso de estatística experimental.
12 ed., 467 p. 1987.
GOTO, R.; COSTA, J.A. Comportamento de cultivares de cebola sob irrigação, no município
de Irecê-BA. Salvador: EPABA, 1979. 14 p.
(EPABA. Comunicado técnico, 43).
JONES, H.A. ; MAN, L.K. Onion and their allies.
New York, Interscience, 1963. 283 p.
MADISA, M.G. Onion cultivars trials for yield
and storage in Botswana, 1992-1993. Onion
Newsletter for the Tropics. n. 6, p. 38-44, 1994.
MURAKAMI, J.; ARAÚJO, M. de T.;
CHURATA-MASCA, M.G.C. Avaliação de
genótipos selecionados de cebola. Horticultura
Brasileira, Brasília, v. 13, n. 1, p. 95. 1995.
SILVA, E.; TEIXEIRA, L.A.J.; AMADO, T.J.C.
The increase in onion production in Santa
Catarina, State, South, Brazil. Onion
Newsletter for the Tropics. n. 3, p. 7-9, 1991.
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
MAIA, M.C.C.; PEDROSA, J.F.; TORRES FILHO, J.; NEGREIROS, M.Z. de; BEZERRA NETO, F. Características de qualidade de cebola múltipla durante
armazenamento sob condição ambiental não controlada. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 1, p. 61-64, março 2.000.
Características de qualidade de cebola múltipla durante
armazenamento sob condição ambiental não controlada.
Maria C. C. Maia1 ,2; Josué F. Pedrosa2; José Torres Filho2; Maria Z. de Negreiros2; Francisco Bezerra Neto2.
2
ESAM. C. Postal 137. CEP 59.625 – 900. Mossoró – RN.
RESUMO
ABSTRACT
Utilizando-se progênies de meios irmãos de cebola múltipla,
foram avaliados caracteres de qualidade de bulbos durante o
armazenamento pós-colheita sob condição de ambiente natural. Para
tanto, foi conduzido um experimento em condições de laboratório,
utilizando delineamento inteiramente casualizado, com 14 tratamentos (progênies) e três repetições. Os conteúdos de sólidos solúveis e
matéria seca foram influenciados significativamente pelo tempo de
armazenamento. A perda de peso máxima foi 21,70 % em cinco
semanas.
Characteristics of multiplier onion during controlled storage
conditions.
Palavras-chave: Allium cepa L., pós – colheita, qualidade.
Keywords: Allium cepa L., postharvest, quality.
Bulb quality characteristics from multiplier onion half-sib families
were evaluated during postharvest storage under natural ambient
conditions. For this purpose, one experiment was conducted under
laboratory conditions. The experiment was carried out in a completely
randomized design with 14 treatments (families) and three replications.
Soluble solid and dry matter contents were significantly influenced
by storage period. Maximum weight loss was 21.7% within five weeks.
(Aceito para publicação em 17 de fevereiro de 2.000)
A
cebola (Allium cepa L.) é uma
hortaliça amplamente consumida
em todo o mundo e o seu cultivo é expressivo no Brasil onde se tem observado um incremento contínuo na área plantada. Em 1993, a produção de cebolas
no Brasil foi de 928.704 toneladas, ocupando o terceiro lugar em importância
econômica (Anuário...,1995).
Para Costa & Pinto (1977), o Rio
Grande do Norte apresenta grande potencial para a exportação de cebola para
o Mercado Comum Europeu. Sua produção se dá no verão, possibilitando a
maturidade, geralmente acentuada, tornando a cura fácil e as condições de
armazenamento satisfatórias, sendo
consequentemente os bulbos de excelente qualidade.
Na espécie existe grande diversidade de tipos, sendo que o grupo
aggregatum G. Don. tem-se tornado
comercialmente importante para o país,
especialmente para as regiões norte,
nordeste e sudeste, sendo utilizada no
preparo de pratos típicos regionais. De
acordo com Jones & Mann (1963), esse
grupo se caracteriza por apresentar bulbos com numerosos brotos laterais;
1
inflorescência tipicamente sem
bulbinhos, podendo ou não produzir sementes, propagando-se sexuada ou
vegetativamente pelos bulbos laterais.
O tipo produzido no Rio Grande do
Norte possui coloração roxa devido à
presença de fenóis (catecol e
pirocatecol) em sua composição química, precursores dos pigmentos, e está
ligada à resistência aos fungos
Colletotrichum sp. e Botrytis spp (Costa & Pinto, 1977).
O período de armazenamento depende das características genéticas da variedade, condições e tempo de
armazenamento, junto a outros fatores,
inclusive método de colheita e cura.
Estudos dos fatores que determinam
aumentos no período de armazenamento
da cebola suscitam muitas perguntas. As
publicações deste assunto refletem a
complexidade do problema.
As alterações que ocorrem na cebola após a colheita, e que dificultam a
conservação são decorrentes da perda de
água, brotação, enraizamento e deterioração (Santos & Araújo, 1993). De acordo com Ward (1976), a perda de peso
em cebola armazenada sob temperatu-
ras altas aumenta principalmente em
função do aumento da respiração ou
perda de água.
A variedade de cebola múltipla pode
apresentar uma vida útil pós colheita
consideravelmente prolongada se estocada sob condições de armazenamento
favoráveis. Associado a isso, inúmeros
fatores, como procedimentos técnicos,
características do genótipo, adequação
no transporte, pequenas distâncias e
tempo para a colocação do produto nos
mercados podem minimizar as perdas
do produto.
A composição química dos bulbos
de cebola é variável. O conteúdo de
matéria seca mostra desde teores baixos,
cerca de 4% até cerca de 25% em algumas cultivares, sendo que a maior parte
da matéria seca é constituída por
carboidratos (Jones & Mann, 1963).
Teores de matéria seca variando de 7,62
a 9,13%, foram observados por Vavrina
& Smittle (1993), quando estudaram o
efeito do ambiente na qualidade dos
bulbos de 6 cultivares de cebola comum.
Geralmente o teor de matéria seca
pode aumentar quando as cebolas são
colhidas manualmente com a haste
Bolsista da Capes
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
61
M.C.C. Maia et al.
intacta e com o tempo de
armazenamento (Smittle & Maw, 1988).
Lorenz & Hoyle (1946), estudando
o efeito do tempo de cura sobre a perda
de peso e composição química de bulbos de cebolas inferiram que o incremento no teor de matéria seca nos bulbos de cebola após período de cura é
devido a uma remoção de água dos bulbos juntamente com o movimento de
substâncias,
principalmente
a
translocação de açúcares da parte aérea
para os bulbos. Smittle et al., (1979)
avaliando características de qualidade
em cebolas, já haviam reportado que o
teor de matéria seca aumenta com o período de armazenamento.
A qualidade de estocagem é extremamente importante em cebola quando os
bulbos são mantidos por um longo período de tempo sob condições ambientais
naturais. Longo período de armazenamento e alta percentagem de matéria
seca se inserem numa mesma categoria
interferindo na qualidade e no teor de
sólidos solúveis totais (Pike, 1986).
A capacidade que essa cultura possui de apresentar poucas alterações nas
suas características físicas e químicas
durante o armazenamento pode determinar sua potencialidade comercial e
aceitabilidade, possibilitando minimizar
as perdas pós colheita. Apesar da
inquestionável importância que assume
esse aspecto de conservação, inexistem
investigações sobre as perdas que ocorrem com a cebola múltipla colhida no
Rio Grande do Norte.
O objetivo desse trabalho foi avaliar
caracteres de qualidade (perda de peso,
sólidos solúveis e matéria seca) durante
armazenameto pós-colheita, utilizandose de progênies de meios irmãos de cebola múltipla.
MATERIAL E MÉTODOS
As 14 progênies de meios irmãos
avaliadas neste trabalho foram plantadas
na horta do Departamento de Fitotecnia
da Escola Superior de Agricultura de
Mossoró (ESAM), no período de junho
a setembro de 1997, em solo classificado como Podzólico Vermelho-Amarelo
Equivalente Eutrófico, textura francoarenosa, PE (Eutrustalfs), segundo o Soil
Taxonomy, Estados Unidos (1979).
62
Figura 1. Perda de peso de bulbos de cebola múltipla armazenados durante 5 semanas.
Mossoró, ESAM, 1998.
O experimento foi conduzido no laboratório de Pós-Colheita da ESAM,
nos meses de setembro e outubro de
1997. As condições ambientais de armazenagem foram de temperatura média 27,4°C ± 2°C e umidade relativa
média do ar 69,5 % ± 2 %.
As plantas de cada parcela útil foram colhidas com a parte aérea intacta
nas primeiras horas do dia, aos 96 dias
do transplantio, quando no mínimo,
80% das plantas de cada parcela apresentavam sinais de maturação, isto é, por
ocasião do tombamento da haste e secagem inicial das folhas.
A cura dos bulbos se deu de forma
natural, com a exposição diária ao sol,
até se observar seca completa de suas
folhas, a qual ocorreu após uma semana.
Após a cura, foram levados ao laboratório de pós-colheita da ESAM, onde permaneceram armazenados sob condição
ambiental não modificada, com a parte
aérea intacta, sob folhas de papel em balcões de alvenaria durante cinco semanas.
Utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado, com 14 tratamentos
e três repetições. Cada repetição foi
composta por 24 bulbos. Os dados foram analisados semanalmente.
Avaliou-se a perda de peso considerando-se seis épocas a partir da cura, por
meio da diferença entre o peso Inicial
do bulbo e o peso obtido a cada intervalo de amostragem utilizando-se cinco
bulbos de cada parcela útil, mantidas sob
temperatura ambiente por um período
de 35 dias. O teor de matéria seca, expresso em percentagem, foi determinado após a secagem de uma amostra de
cinco bulbos, em estufa com circulação
forçada de ar e temperatura constante a
70°C. O teor de sólidos solúveis foi determinado por refratometria (°BRIX),
utilizando-se um refratômetro digital,
em suco extraído através de
“espremedor de limão” utilizando uma
fatia da porção mediana do bulbo, sem
película e camada mais externa, considerando uma amostra de cinco bulbos
por parcela, expressa em porcentagem.
O peso fresco dos bulbos foi determinado a partir de pesagem de uma amostra de cinco bulbos, em balança de precisão, sendo expresso em gramas.
Os dados foram submetidos à análise de regressão utilizando-se o programa ‘Table Curve’.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Registrou-se uma perda de peso
média de 17,41% durante o período de
35 dias de armazenamento. Considerando que a cebola é comercializada por
unidade de peso, a perda de peso total
se constitui num fator limitante na vida
de armazenamento do produto, refletindo-se em sérios prejuízos econômicos.
A perda de peso média diária foi de
0,62% durante o período em que as plantas foram armazenadas. Com relação ao
período de armazenamento (Figura 1),
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
Qualidade de cebola múltipla durante armazenamento.
Figura 2. Teor de matéria seca de bulbos de cebola múltipla armazenados durante 5 semanas. Mossoró, ESAM, 1998.
Figura 3. Teor de sólidos solúveis de bulbos de cebola múltipla armazenados durante 5
semanas. Mossoró, ESAM, 1998.
Figura 4. Peso fresco de bulbos de cebola múltipla armazenados durante 5 semanas. Mossoró,
ESAM, 1998.
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
observou-se um aumento linear na perda de peso, sendo mais rápido até a 2a
semana. A partir daí, notou-se um crescimento mais lento, com perda progressiva em peso total. Com o decorrer do
tempo de armazenamento, alcançou
21,70%, no fim da 5a semana. Todas as
perdas, provavelmente, ocorreram devido à desidratação e à taxa de respiração, estimuladas por altas temperaturas
(27,4 ± 2°C), uma vez que as taxas de
deterioração, enraizamento e brotação
foram desprezíveis.
Foi verificado um teor de matéria
seca variando de 16,13 a 16,55% no
decorrer do período de armazenamento.
A desidratação dos bulbos, juntamente
com o movimento vertical de substâncias, predominantemente carboidratos,
da parte aérea para os bulbos são os principais fatores que contribuem para o incremento do teor de matéria seca nos
bulbos armazenados com a haste intacta
Lorenz & Hoyle (1946). O teor de matéria seca apresentou um acréscimo linear com o tempo de armazenamento
(Figura 2), a translocação de solutos da
parte aérea para os bulbos, juntamente
com a perda de água, parece ter tido
maior influência no aumento percentual
de matéria seca. Cebolas que apresentam elevado teor de sólidos solúveis totais são desejáveis e de grande
aceitabilidade, sendo seu destino a
comercialização ‘in natura’ ou, principalmente, para a indústria de desidratação, pois esse índice é considerado uma
importante característica de qualidade.
O teor de sólidos solúveis totais, na
1a semana de armazenamento, apresentou um alto valor médio de 15,47%.
Durante o período de armazenamento,
o teor de sólidos solúveis totais alcançou um valor médio de 16,25%. Isso
indica que houve um acréscimo no
percentual de sólidos solúveis totais com
o tempo de armazenamento conferindo
melhor qualidade ao produto. Ao fim da
5a semana em que os bulbos foram armazenados com a parte aérea intacta,
verificou-se um incremento linear na
percentagem de sólidos solúveis totais
(Figura 3). A composição desse
parâmetro é formada essencialmente por
açúcares, sendo que o aumento dessas
substâncias com o tempo de
armazenamento, é devido à remoção de
63
M.C.C. Maia et al.
água dos bulbos, e principalmente, à
translocação de açucares da parte aérea
para os bulbos.
Para o peso fresco de bulbos foram
encontrados valores variando entre
36,95 g, observados na 1ª semana, a
21,18 g, ao final da 5ª semana de
armazenamento. A média durante o período foi de 29,33 g. Registrou-se diminuição no peso fresco em relação ao
peso inicial, mais acentuada a partir da
3a semana de armazenamento (Figura 4),
indicando ser esse o período máximo
quando se deseja armazenar cebolas sob
condição ambiental com altas temperaturas. A desidratação e a respiração parecem ser os principais fatores responsáveis por essa perda progressiva.
Conclui-se que a perda de peso máxima em cinco semanas foi de 21,70%,
que o tempo de armazenamento influen-
64
ciou significativamente na elevação dos
teores de matéria seca e sólidos solúveis totais e que o peso fresco de bulbos
diminuiu ao longo do período de
armazenamento.
LITERATURA CITADA
ANUÁRIO ESTATÍSTICO DO BRASIL. Rio de
Janeiro: IBGE, v. 55, 1995.
COSTA, C.P. da; PINTO, C.A.B.P. Melhoramento de Cebola. In: ______. Melhoramento de
hortaliças. Piracicaba, SP: ESALQ, 1977. n.p.
JONES, H.H.; MANN, L.K. Onion and their
allies. New York: Leonard Hillbooks. 1963.
286 p.
LORENZ, O.A.; HOYLE, B. J. Effect of curing
and time of topping on weight loss and
chemical composition of onion bulbs.
Proceedings of the American Society for.
Horticultural Science. v. 47, p. 301-308.
PIKE, L.M. Onion Breeding. In: BASSETT, M.J.
Breeding Vegetable Crops. Florida, Avi
Publishing Company, p. 357-392. 1986.
SANTOS, R.F.A. de; ARAÚJO, M.T. de. Conservação pós-colheita da cebola ¢São Paulo¢.
Horticultura Brasileira, Brasília, v. 11, n. 1,
p. 41-42, 1993.
SMITTLE, D.A.; HAYES, W.L.; DICKENS, W.L.
Quality evaluation of onion. Georgia
Agricultural. Experimentation Station.
Research, p. 336. 1979.
SMITTLE, D.A.; M.A.W, B.W. Effects of
maturity and harvest methods on storage and
quality of onions. HortScience, v. 23, n. 1, p.
141-143, 1988.
USA. Department of Agriculture Soil Taxonomy.
A basic system of soil classification for making
and interpreting soil survys. Washinton,
Department of Agriculture, p. 754,1975.
(Agriculture Handbook, 436).
VAVRINA, C.S.; SMITTLE, D.A. Evaluating
sweet onion cultivars for sugar concentrations
and pungency. HortScience, v. 28, n. 8, p. 804806, 1993.
WARD, C.M. The influence of temperature on
weight loss from stored onion bulbs due to
desiccation, respiration and sprouting. Annals
of Applied Biology, v. 83, p. 149-155, 1976.
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
insumos e cultivares em teste
RODRIGUES, C.; RIBEIRO, L.G.; LOPES, J.C.; FREITAS, F.S. de; AZEVEDO, L.A.S. de. Eficiência do metalaxyl no controle da requeima do tomateiro.
Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 1, p. 65-67, março 2.000.
Eficiência do metalaxyl no controle da requeima do tomateiro.
Celson Rodrigues1; Luiz G. Ribeiro1; José Carlos Lopes1; Flávio S. de Freitas2 ; Luis Antonio S. de Azevedo3
1
UFES - Depto de Fitotecnia, 29.500-000, Alegre - ES; 2Santa Bárbara Agropecuária Ltda, 29.540-000 Ibitirama - ES; 3Novartis
Biociências S.A., 04.706-900 São Paulo - SP.
ABSTRACT
RESUMO
Foi avaliada a eficiência das dosagens de 1; 2,5 e 5 g/cova do
fungicida Ridomil 50 gr (metalaxyl 50 g/kg), em aplicação única no
solo, comparada com a dosagem de 400 g/100 litros de água do
Fólio (metalaxyl + clorotalonil, 80 + 400 g/kg) e do Ridomil
Mancozeb br (metalaxyl + mancozeb, 80 + 640 g/kg), em dez pulverizações, para o controle da requeima do tomateiro cv. Santa Clara. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso com seis
tratamentos e quatro repetições. A percentagem de área foliar
lesionada pela requeima foi de 2,75% no tratamento com Folio,
7,25% com Ridomil Mancozeb br; 18,25; 18,50 e 24,25% com as
dosagens crescentes do Ridomil 50 gr, e 34,25% com a ausência de
tratamento com fungicidas (testemunha). A produção de frutos comercialmente aceitáveis por dez plantas de tomateiro, avaliadas em
cada parcela experimental, durante quatro semanas a partir de 90
dias do transplantio do tomateiro foi de 10,26 kg para o tratamento
com o Folio, 9,10 kg para o Ridomil Mancozeb br, 2,07 kg; 1,86 e
1,74 kg para as dosagens crescentes do Ridomil 50 gr, enquanto
para a testemunha foi de 1,58 kg. Estes resultados demonstraram a
superioridade dos fungicidas Folio e Ridomil Mancozeb br em relação ao Ridomil 50 gr, para o controle da requeima do tomateiro, nas
condições experimentais utilizadas.
An experiment was conducted to study the efficiency of the dosages
of 1; 2.5 and 5 g/plant, of the fungicide ridomil 50 gr (metalaxyl, 50 g/
kg), in only one application in the soil, compared with the dosage of
400 g/100 liters of water, of the folio (metalaxyl + chlorothalonil, 80
+ 400 g/kg) and of the ridomil mancozeb br (metalaxyl + mancozeb,
80 + 640 g/kg), in ten pulverizations for the control of the late blight
of the tomato cv. Santa Clara. The experiments were set up in a complete randomized design, with six treatments and four replications.
The percentage of the damaged foliage area caused by late blight was
of 2.75% in the treatment with folio; 7.25% with ridomil mancozeb
br; 18.25, 18.50 and 24.25% with the increasig dosages of the ridomil
50 gr, and, 34.25% in the control treatment. The production of
commercially acceptable fruits for ten tomato plants were evaluated
in each experimental plot, during four weeks after ninety days of the
transplant to field. The yield was 10.26 kg for the treatment with folio;
9.10 kg for the ridomil mancozeb br; 2.07, 1.86 and 1.74 kg for the
increasing dosages of the ridomil 50 gr, while the control treatment
was 1.58 kg. Treatments with folio and ridomil mancozeb br gave
better results in controlling late blight than ridomil 50 gr.
Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, Phytophthora
infestans, controle químico, metalaxyl.
Keywords: Lycopersicon esculentum, Phytophthora infestans,
chemical control, metalaxyl.
Efficiency of Metalaxyl to control tomato late blight.
(Aceito para publicação em 21 de fevereiro de 2.000)
D
entre os fatores que reduzem a produção do tomateiro (Lycopersicon
esculentum Mill.), destacam-se as inúmeras doenças de natureza biótica
(Lopes & Santos, 1994). Trinta entre
elas ocorrem no Estado do Espírito Santo (Liberato et al.,1996), tradicional produtor de tomate tipo “salada”, sendo algumas com níveis elevados de incidência e severidade. A “requeima” causada
pelo fungo Phytophthora infestans
(Mont.) De Bary, é considerada a doença mais importante, prevalecendo em
condições persistentes de baixa temperatura e alta umidade. A mesma tornase altamente destrutiva em áreas sujeitas a frequentes cerrações ou em épocas
com muito orvalho, chegando a perdas
de até 100% da produção, caso não seHortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
jam adotadas medidas de controle (Valle
et al., 1992; Costa et al., 1995). A incidência da doença, nos municípios produtores do Estado alcança 95% (Valle
et al.,1992.
A falta de cultivares e híbridos comerciais com resistência ao patógeno,
faz com que o controle químico seja o
método mais utilizado para o controle
da requeima. São recomendadas pulverizações preventivas periódicas com
mancozeb, clorotalonil, cúpricos e com
sistêmicos em condições climáticas favoráveis à doença (baixas temperaturas,
12 a 20ºC, chuvas ou neblinas frequentes por mais de dois dias) e curativas,
assim que surgirem os primeiros sintomas (Kurozawa & Pavan, 1997). Dentre os fungicidas sistêmicos recomen-
dados, destaca-se o metalaxyl, como um
dos mais eficientes (Cohen et al., 1979;
Sinigaglia et al., 1983). As formulações
pós-molháveis e mistas, Ridomil
Mancozeb br, à base de metalaxyl +
mancozeb (80 + 640 g/kg), e Fólio, à base
de metalaxyl + clorotalonil (80 + 400 g/
kg), são amplamente receitadas no Estado do Espírito Santo, sendo comum o uso
de oito a dez pulverizações por ciclo
vegetativo da cultura, (400 g do produto
comercial/100 litros de água, 600 a 800
litros da calda por hectare). Este elevado
número de pulverizações contribui para
o aumento do custo de produção, risco
de intoxicações por parte dos aplicadores
e de excesso de resíduos químicos nos
frutos, bem como para a poluição do solo
e da água (Valle et al.,1992).
65
C. Rodrigues et al.
A disponibilidade do Ridomil 50 gr
no mercado brasileiro, (formulação granulada à base de metalaxyl (50 g/kg),
registrada para o controle de
Phytophthora e Pythium em citros, fumo
e crisântemo), despertou o interesse sobre a possível eficiência no controle da
requeima do tomateiro, visando reduzir
o número de aplicações. Portanto, conduziu-se o presente experimento, comparando três dosagens do metalaxyl
(Ridomil 50 gr), em aplicação única, via
solo, com uma dosagem do metalaxyl +
clorotalonil (Folio) e do metalaxyl +
mancozeb (Ridomil Mancozeb br), em
dez aplicações, via pulverização.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na
Fazenda Santo Antônio, em Santa Rita,
no Município de Ibitirama-ES, de abril
a setembro de 1996. A temperatura média mínima registrada foi de 150C e a
máxima de 300C e a umidade relativa
foi de aproximadamente 70%. Utilizouse a cultivar Santa Clara, por ser a mais
cultivada na região e suscetível à requeima. As plantas foram conduzidas em
sistema tutorado vertical, com uma planta por cova. A adubação e os tratos culturais foram os usuais à cultura. A irrigação foi efetuada em dias alternados,
utilizando-se o sistema manual, com
auxílio de uma mangueira. O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados, com seis tratamentos
e quatro repetições. As parcelas, espaçadas de 2 m entre si, foram constituídas por quatro fileiras com 40 plantas,
no espaçamento 0,5 x 1,0 m. Os tratamentos avaliados foram o fungicida
Ridomil 50 gr nas dosagens de 1,0; 2,5
e 5,0 g/cova; Ridomil Mancozeb br na
dosagem de 400 g/100 litros de água e
o Folio na dosagem de 400 g/100 litros
de água em pulverização e a testemunha, sem aplicação de fungicida. O
fungicida Ridomil 50 gr foi aplicado
uma única vez, na cova de plantio por
ocasião do transplantio das mudas de
tomateiro para o campo. As mudas foram transplantadas com 30 dias de idade. Os outros fungicidas foram aplicados em dez pulverizações cada, em intervalos de sete dias, iniciando-se 30
dias após o transplantio e empregando66
Tabela 1. Área foliar lesionada (%) e produção de frutos comerciais em plantas de tomate
tratadas para o controle da requeima. Ibitirama(ES), UFES, 1996.
Tratamentos
Metalaxyl + Clorotalonil1
Metalaxyl + Mancozeb2
Metalaxyl 3
Metalaxyl 4
Metalaxyl 5
Testemunha
C.V.( % )
Área foliar
lesionada ( % )
2,75 a
7,25 a
24,25 b
18,50 b
18,25 b
34,25
c
30,7
Produção de
frutos
( Kg/10 plantas )
10,26 a
9,10 a
2,07 b
1,86 b
1,74 b
1,58 b
34,0
*Médias seguidas por letras distintas diferem entre si ao nível de 5% pelo Teste de Duncan.
1e2
/ Dosagem de 400g de Folio e Ridomil Mancozeb br/100 litros de água, respectivamente.
Volume de pulverização = 600 litros/ha.
3, 4 e 5
/ Dosagens de 1,0 ; 2,5 e 5,0 g de Ridomil 50 gr/cova, respectivamente.
se pulverizador costal manual, com bico
cônico JD5-2. O volume aplicado por
pulverização foi de 600 litros/ha.
A avaliação de severidade da requeima foi efetuada aos 70 dias após o
transplantio, em duas folhas por planta,
localizadas na porção mediana da mesma, com o uso de uma escala
diagramática divulgada por Azevedo &
Leite (1996), para avaliação da doença
na cultura da batateira, expressa em porcentagem de área foliar lesionada em
quatro níveis: 1%, 10%, 25% e 50%. A
produção de frutos comercialmente
aceitáveis foi avaliada durante quatro
semanas, a partir de 90 dias após o
transplantio, através da colheita de todos os frutos considerados em ponto de
colheita e pesagem dos comercialmente aceitáveis ou seja; com diâmetro
transversal igual ou superior a 33 mm.
Para as avaliações foram consideradas
as dez plantas centrais de cada parcela,
dispostas em duas fileiras (área útil de
2 m²). As médias foram comparadas
estatisticamente por meio do teste de
Duncan a 5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em relação à testemunha, todos os
tratamentos com fungicidas reduziram
significativamente a severidade da requeima do tomateiro. Nos tratamentos
com Folio e com Ridomil Mancozeb br
(dez pulverizações e dosagem de 400 g/
100 litros de água), estatisticamente si-
milares entre si, mas superiores aos demais tratamentos, as percentagens de
área foliar lesionada destes dois tratamentos foram, respectivamente, de 2,75
e 7,25%. Para os tratamentos com o
Ridomil 50 gr, aplicado uma única vez
na cova e na ocasião do transplantio, os
percentuais de área foliar lesionada foram de 24,25% para a dosagem de 1 g/
cova, de 18,50% para a de 2,5 g/cova e
de 18,25% para a de 5 g/cova, igualando-se estatisticamente entre si e superando a testemunha, cujo percentual de
área foliar lesionada foi de 34,25%.
A produção de frutos comercialmente aceitáveis por dez plantas de tomateiro em cada parcela experimental, durante quatro semanas a partir de 90 dias
do transplantio do tomateiro, foi de
10,26 Kg para o tratamento com o Folio,
9,10 Kg para o Ridomil Mancozeb br;
2,07, 1,86 e 1,74 kg para as dosagens
crescentes do Ridomil 50 gr, enquanto
que para a testemunha foi de 1,58 kg.
Estes resultados demonstraram um incremento na produção em relação à testemunha de 550 e 476%, para os tratamentos com Folio e Ridomil Mancozeb
br, respectivamente, enquanto que os
tratamentos com o Ridomil 50 gr
incrementaram-na em apenas 31, 17 e
10%, da menor para a maior dosagem
avaliada, não diferindo estatisticamente da testemunha.
A liberação gradativa do ingrediente ativo, característica que colabora para
uma maior eficiência e redução no núHortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
Eficiência do metalaxyl no controle da requeima do tomateiro.
mero de aplicações de formulações granuladas de fungicidas sistêmicos em
geral, via solo, ampliando o seu efeito
residual neste e nas plantas, não foi suficiente para garantir, neste experimento, uma eficiência do Ridomil 50 gr
comparável com a obtida com Folio e
com Ridomil Mancozeb br, no controle
da requeima. Esta superioridade do
metalaxyl em formulações mistas com
fungicidas protetores, aplicadas via pulverização, sobre formulações simples,
para o controle de P. infestans em tomateiro, foi por diversas vezes relatada
(Sinigaglia et al., 1983; Azevedo, 1993;
Costa et al., 1995), sendo atribuída a
vários fatores relativos à constituição
dos produtos, aplicação e às características dos patossistemas nos quais foram
utilizados. A menor eficiência do uso
do metalaxyl pode ser devida à alta solubilidade e mobilidade do produto ativo no solo. Dessa forma, apesar da fácil
absorção e transporte acropetal por meio
de raízes, caule e folhas do tomateiro
(Cohen et al., 1979; Azevedo, 1993)
provavelmente a lixiviação tenha ocorrido muito rapidamente. Como
consequência apresentou-se em níveis
insuficientes para conferir a proteção
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
necessária durante todo o período crítico de ocorrência da doença (20 aos 70
dias após o transplantio das mudas para
o campo). Também a frequência de irrigações (uma a cada 48 horas) possivelmente levou à redução do residual do
produto no solo, fato agravado pela utilização de somente uma aplicação do
mesmo, por ocasião do transplantio. Há
que se considerar ainda a possibilidade
de encurtamento da meia vida do
metalaxyl, devido à degradação do produto por microrganismos como alguns
fungos e bactérias com potencial para
metabolizá-lo em acylalaninas não
fungistáticas, principalmente o
metalaxyl ácido, no solo ( Azevedo,1993).
LITERATURA CITADA
AZEVEDO, L.A.S. Fungicidas antioomicetos.
Revisão Anual de Patologia de Plantas, v. 1,
p. 319-347. 1993.
AZEVEDO, L.A.S.; LEITE, O.M.C. Manual de
quantificação de doenças de plantas. São Paulo: Ciba Agro, 1996. 73 p.
COHEN, Y.; REUVENI, M.; EYAL, H. The
sistemic antifungal activity of ridomil against
Phytophthora infestans on tomato plants.
Phytopathology, v. 69, p. 645-649. 1979.
COSTA, H.; ZAMBOLIM, L.; VALE, F.X.R. do;
CHAVES, G.M. Controle químico da mela do
tomateiro (Phytophthora infestans) sob condições favoráveis à doença. Fitopatologia Brasileira, Brasília (Suplemento), v. 20, p. 370.
1995.
KUROZAWA, C.; PAVAN, M.A. Doenças do tomateiro. In: KIMATI, H. et al. Manual de
Fitopatologia: doenças das plantas cultivadas.
3 ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 1997. p.
690-719.
LIBERATO, J.R.; COSTA, H.; VENTURA, J.A.
Índice de doenças de plantas do Estado Espírito Santo. Vitória: EMCAPA, 1996. 110 p.
LOPES, C.A.; SANTOS, J.R.M. dos. Doenças do
tomateiro. Brasília: EMBRAPA-CNPH/SPI,
1994. 61 p.
SINIGAGLIA, C.; ISSA, E.; RAMOS, R.S.; OLIVEIRA, D.A. Controle da “requeima”
[Phytophthora infestans (Mont.) De Bary] e
da “pinta preta” [Alternaria solani (Ell. &
Martin) Jones & Grout.] do tomateiro. Summa
Phytopathologyca, São Paulo, v. 9, p. 85. 1993.
VALE, F.X.R. do; ZAMBOLIM, L.; CHAVES,
G.M.;
CORREIA,
L.G.
Avaliação
fitossanitária da cultura do tomateiro em regiões produtoras de Minas Gerais e Espírito
Santo. Fitopatologia Brasileira, São Paulo, v.
17, p. 211. 1992.
67
RESENDE, G.M. de. Características produtivas de cultivares de batata-doce em duas épocas de colheita, em Porteirinha - MG. Horticultura Brasileira,
Brasília, v. 18, n. 1, p. 68-71, março 2.000.
Características produtivas de cultivares de batata-doce em duas épocas
de colheita, em Porteirinha - MG.
Geraldo M. de Resende
Embrapa Semi-Árido, C. Postal 23, 56.300-000 - Petrolina-PE e-mail: [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Com o objetivo de avaliar a produtividade e a qualidade de raízes
de cultivares de batata-doce e identificar a melhor época de colheita, conduziu-se um experimento no Campo Experimental do
Gorutuba, em Porteirinha-MG, de novembro de 1990 a junho de
1991. Foram estudadas cinco cultivares de batata-doce (Brazlândia
Branca, Brazlândia Rosada, Brazlândia Roxa, Princesa e Paulistinha)
e duas épocas de colheita (150 e 200 dias após plantio), arranjadas
em esquema fatorial 5x2, no delineamento experimental de blocos
casualizados, com cinco repetições. Verificou-se, para a colheita aos
150 dias após o plantio, que a cultivar Brazlândia Branca foi 62,7%
mais produtiva (22,84 t/ha) que a cultivar Brazlândia Roxa (14,33
t/ha), a menos produtiva. Aos 200 dias de ciclo, a cultivar
Paulistinha foi a mais produtiva (54,50 t/ha), sendo a menor produtividade apresentada pela cultivar Brazlândia Rosada (55,0% menos produtiva que a cultivar Paulistinha). A cultivar Brazlândia
Roxa apresentou maior produção de refugos, de 7,76 e 12,38 t/ha,
respectivamente, para a colheita aos 150 e aos 200 dias após o
plantio. Para peso médio de raiz, houve uma variação de 220,12 a
504,95 g, sendo que todas as cultivares apresentaram maior porcentagem de raízes graúdas (400-800 g/raiz), quando colhidas mais
tardiamente. Recomenda-se a colheita das cultivares Paulistinha,
Brazlândia Rosada e Brazlândia Branca aos 150 dias após o plantio, pelo tamanho menor de raízes preferidas pelo consumidor. Já
para a cultivar Princesa, em função da sua menor produção de raízes
tipo 2 (400 a 800 g/raiz) comparativamente às cultivares anteriores, sua colheita pode ser feita de 150 até 200 dias após o plantio.
A cultivar Brazlândia Roxa apresentou melhor desempenho quando colhida aos 200 dias após o plantio.
Yield characteristics of sweet potato cultivars under different
harvest periods in Porteirinha, Minas Gerais State, Brazil.
Palavras-chave: Ipomoea batatas, raiz tuberosa, produtividade.
Keywords: Ipomoea batatas, root tuber, yield.
With the objective of evaluating sweet potato cultivars under
different harvest periods, one experiment was carried at the Gorutuba
Experimental Field, Porteirinha-MG, Brazil, from November 1990
to June 1991. The experimental design was a randomized complete
block in a 5x2 factorial arrangement with four replications. The first
factor consisted of five cultivars (Brazlândia Branca, Brazlândia
Rosada, Brazlândia Roxa, Princesa and Paulistinha) and the second
one of two harvest times (150 and 200 days after planting). For the
harvest at 150 days after planting, the cv. Brazlândia Branca yielded
62.7% more (22.84 ton/ha), than the cv. Brazlândia Roxa (14.44
ton/ha). For the harvest at 200 days after planting, the cv. Paulistinha
had the highest yield (54.50 ton/ha), and cv. Brazlândia Rosada had
the lowest yield, 55.0% less productive than the cv. Paulistinha. The
cv. Brazlândia Roxa showed the highest non-commercial yield of
7.76 and 12.38 ton/ha, respectively, for the harvests at 150 and 200
days after planting. The mean root weight, renged from 220.12 to
504,95 g, and all the cultivars showed higher percentage of big roots
(400-800 g/root) when harvested later. cv. Paulistinha, Brazlândia
Rosada and Brazlândia Branca can be harvested 150 days after
planting. cv. Princesa can be harvested at 150 days of planting
extended up to 200 days due to its lowest yield of big roots. cv.
Brazlândia Roxa, harvested at 200 days after planting, had the best
performance.
( Aceito para publicação em 17 de janeiro de 2.000)
P
lanta de fácil cultivo, rústica e de
ampla adaptação, a batata-doce é amplamente difundida, estando dentre as
doze culturas fundamentais do mundo
(Barreira, 1986), de grande importância
social e econômica vislumbrando-se sua
participação efetiva no suprimento de alimentos. Além disso, constitui-se numa
excelente alternativa para a alimentação
animal e para a agroindústria (Thomazelli
et al., 1997), apresentando produtividade média mundial de 14,93 t/ha
(FAO,1998) e nacional de 11,31 t/ha
(ANUÁRIO, 1996), sendo que uma boa
produtividade se situa entre 9 e 14 t/ha
de acordo com Yamaguchi (1983).
68
O ciclo da cultura varia entre 90 e
240 dias (Vernier & Varin, 1994), 150 a
210 dias (Khatounian, 1994), 150 a 240
dias (Smith & Mantengo, 1995), dependendo da cultivar e das condições ambientes. A época de colheita varia de
acordo com a destinação do produto.
Para mesa, a batata-doce deve ser colhida tão logo atinja o tamanho ideal de
comercialização, o que geralmente ocorre dos 100 aos 110 dias para as cultivares precoces até aos 180 dias para as tardias. Para a indústria, pode ser colhida
mais tarde (Miranda et al., 1984).
Avaliando doze clones de batatadoce, no espaçamento de 0,80 x 0,30 m,
em Anápolis-GO, sob uso de irrigação
por aspersão com colheita aos 152 dias,
Peixoto et al. (1989) observaram produtividades variando de 16,7 a 27,0 t/ha,
sendo a cultivar Brazlândia Branca a mais
produtiva (26,7 t/ha), seguida pela Princesa (26,6 t/ha), Brazlândia Rosada (25,8
t/ha), Coquinho (18,1 t/ha) e Brazlândia
Roxa (17,7 t/ha). A produção de refugos
oscilou entre 1,6 e 4,5 t/ha e a maior foi a
da ‘Brazlândia Roxa’ (4,5 t/ha). O peso
médio de raízes variou de 183,3 g
(Brazlândia Roxa) a 232,1 g (Brazlândia
Rosada). Utilizando o espaçamento de
0,80 x 0,40 m, Mendonça & Peixoto
(1991), no mesmo local, observaram
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
Produtividade de batatinha em duas épocas de colheita.
Tabela 1. Produtividade comercializável e de refugo (t/ha) de cultivares de batata-doce, em
duas épocas de colheita. Porteirinha (MG), EPAMIG, 1990/91.
Cultivares
Brazlândia Branca
Paulistinha
Princesa
Brazlândia Rosada
Brazlândia Roxa
C.V. (%)
Comercializável
150 dias
200 dias
1
22,84 a
39,35 b
22,11 ab 54,50 a
19,79 ab 42,82 b
16,93 ab 29,99 c
14,33 b 35,66 bc
14,42
Refugo
150 dias
200 dias
4,89 b 11,00 a
3,37 b
6,01 b
2,90 b
3,08 c
4,22 b
3,26 c
7,76 a
12,38 a
20,77
Médias seguidas pela mesma letra na colunas, não diferem entre si, pelo teste de Tukey, ao
nível de 5%.
1
maiores produtividades para as cultivares Brazlândia Branca (20,21 t/ha) e
Brazlândia Roxa (19,54 t/ha) e peso médio de raiz de 220,08 e 197,54g, respectivamente, com ciclo de 152 dias e plantio no período chuvoso (dezembro).
Durante o desenvolvimento da planta, são necessários 25 mm de água por
semana e um total de 450-600 mm no
ciclo (Yamaguchi, 1983). Peterson, citado por King (1985), relata que 25 mm
de água por semana resultaram em
maiores produtividades que quando se
aplicou uma lâmina de água de 12 mm,
o que equivale a 500 mm por um período de cinco meses de ciclo.
Aplicando-se uma lâmina de 10 mm
em irrigações a cada dois dias, com plantio em novembro e colheita em maio
(seis meses), Cecílio Filho et al. (1998)
verificaram maior produtividade para a
cultivar Brazlândia Branca (20,50 t/ha),
seguida da ‘Brazlândia Rosada’ (9,35 t/
ha) e da ‘Coquinho’ (6,02 t/ha) em Lavras-MG. Em condições irrigadas no
norte de Minas Gerais, colhendo aos 150
dias após o plantio, Resende (1999) verificou maior produtividade para as cultivares Brazlândia Branca (22, 3 t/ha),
Paulistinha (21,3 t/ha) e Princesa (19,0
t/ha), que não tiveram diferenças significativas entre si.
Este trabalho teve como objetivo
avaliar o potencial produtivo de cultivares de batata-doce em duas épocas de
colheita no período chuvoso, com irrigação suplementar, nas condições da
região Norte de Minas Gerais.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no
período de novembro de 1990 a junho
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
de 1991 no Campo Experimental do
Gorutuba, Porteirinha-MG, situada a
15° 47’ de Latitude Sul e 43° 18’ de
Longitude Oeste, com altitude de 516
m. O clima, segundo a classificação de
Köppen é do tipo AW, com verão chuvoso (outubro a março) e inverno seco,
e o solo tipo aluvião, textura arenosa.
Foram estudadas cinco cultivares de
batata-doce (Brazlândia Branca,
Brazlândia Rosada, Brazlândia Roxa,
Princesa e Paulistinha) e duas épocas de
colheita (150 e 200 dias após plantio),
arranjadas em esquema fatorial 5 x 2,
no delineamento experimental de blocos casualizados, com cinco repetições.
As parcelas constituíram-se de quatro
fileiras de 4,5 m de comprimento, espaçadas de 0,80 m entre elas e 0,30 m entre plantas, sendo usadas como área útil
as duas fileiras centrais. A adubação
constou de 330 kg/ha de superfosfato
simples e 50 kg/ha de cloreto de potássio, incorporados no sulco de plantio.
No plantio (29/11/90), foram utilizadas mudas com oito entrenós, ficando enterrados três a quatro transversalmente na leira, a uma profundidade de
0,10 - 0,15 m. A cultura foi mantida no
limpo, através de capinas manuais, não
sendo realizados quaisquer tratos
fitossanitários.
Registraram-se as seguintes precipitações pluviométricas (mm) durante a
realização do experimento: novembro 23,2; dezembro - 206,2; janeiro - 202,3;
fevereiro - 54,20; março - 65,3; abril 23,2; maio - 12,6 e junho - 0,0 mm, perfazendo um total de 694,4 mm até 150
dias após o plantio (dap) e 774,5 mm
até os 200 dap. Foram realizadas três
irrigações suplementares no meses de-
zembro, fevereiro e março até 150 dap,
e mais outras duas (abril e maio) até 200
dias, com lâminas em torno de 40 mm.
As colheitas foram realizadas aos 150
e aos 200 dias após o plantio, sendo avaliadas as seguintes características: produtividade comercializável (raízes com
peso entre 100 e 800 g), refugo (raízes
abaixo de 100 g, rachadas, deformadas,
esverdeadas, brocadas e com veias), peso
médio de raiz comercializável e classificação de raízes comercializáveis em porcentagem (Tipo 1 - raízes entre 100 e 400
g e Tipo 2 - raízes entre 400 e 800 g). Os
dados foram submetidos à análise de
variância, aplicando-se o teste de Tukey
até o nível de 5%. Os dados de porcentagem foram transformados em arco-seno
( P/100).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados evidenciaram efeitos
significativos da interação cultivares x
épocas de colheitas para todas as características avaliadas.
A cultivar Branca foi 62,7% mais
produtiva do que a ‘Brazlândia Roxa’,
a menos produtiva, aos 150 dias após
plantio (Tabela 1). Para a colheita aos
200 dias a cultivar Paulistinha foi a mais
produtiva (54,50 t/ha), sendo o pior desempenho apresentado pela cultivar
Brazlândia Rosada que foi 55,0% menos produtiva que a ‘Paulistinha’. As
produtividades obtidas estão acima da
média mundial de 14,93 t/ha (FAO,
1998) e da nacional de 11,31 t/ha
(ANUÁRIO, 1996). Peixoto et al.
(1989), em Goiás, colhendo aos 152 dias
após o plantio, também observaram
maiores produtividades para as cultivares Brazlândia Branca (26,7 t/ha) e Princesa (26,6 t/ha) e menor para a cultivar
Brazlândia Roxa (17,7 t/ha). Mendonça
& Peixoto (1991) também constataram
ser a cultivar Brazlândia Branca mais
produtiva que a ‘Brazlândia Roxa’ e
Kurihara et al. (1993) relatam para as
cultivares
Brazlândia
Branca,
Brazlândia Rosada, Brazlândia Roxa e
Princesa produtividades variando de 15
a 18 t/ha, necessitando de irrigações na
época seca. Por outro lado, as produtividades obtidas foram inferiores às 2530 t/ha informadas por Miranda et al.
(1989) para as cultivares Brazlândia
Branca, Brazlândia Rosada, Brazlândia
69
G.M. de Resende
Tabela 2. Peso médio e classificação de raízes de cultivares de batata-doce, em duas épocas de colheita. Porteirinha (MG), EPAMIG, 1990/91.
Cultivares
Brazlândia Rosada
Brazlândia Branca
Paulistinha
Princesa
Brazlândia Roxa
C.V. (%)
Peso médio de raiz(g)
150 dias
200 dias
1
319,46 a
387,17 b
278,43 ab
397,55 b
261,04 ab
504,94 a
256,35 b
381,00 b
220,12 b
276,97 c
10,46
Classificação
Tipo1
150 dias
200 dias
81,71 bc
44,58 c
78,88 c
53,17 b
75,21 c
41,37 c
86,41 b
58,14 b
92,19 a
72,42 a
3,45
de raízes (%)
Tipo 2
150 dias
200 dias
18,29 b
55,43 a
21,12 ab
46,83 b
24,79 a
58,63 a
13,59
c
41,86 b
7,81
d
27,58
c
5,86
Médias seguidas pela mesma letra nas colunas, não diferem entre si, pelo teste de Tukey, ao nível de 5%.
Tipo 1 = raízes entre 100 e 400g
Tipo 2 = raízes entre 400 e 800g
1
Roxa, em ciclo de 120-150 dias e superiores às produtividades relatadas por
Cecílio Filho et al. (1998), para as cultivares Brazlândia Branca (20,50 t/ha)
e Brazlândia Rosada (9,35 t/ha), colhendo aos 180 dias.
Comparando-se as produtividades
nos dois ciclos estudados (Tabela 1),
verificaram-se incrementos, dos 150 aos
200 dias de ciclo, de 72,27; 146,49;
116,37; 77,14 e 148,85% para as cultivares Brazlândia Branca, Paulistinha,
Princesa, Brazlândia Rosada e
Brazlândia Roxa, respectivamente, em
função do maior período de permanência da cultura no campo (ciclo). Estes
incrementos, aliados à produção de refugos, peso médio de raiz e classificação de raízes, indicam o melhor ciclo
para as diferentes cultivares em estudo.
Resultados semelhantes com relação a
refugos foram encontrados por Peixoto
et al. (1989), que verificaram uma maior
produção para a cultivar Brazlândia
Roxa. Salienta-se, no entanto, que a produção de refugos foi proporcionalmente maior devido à produção de raízes
com peso inferior a 100g e raízes deformadas, não sendo constatado ataque de
pragas de solo por ocasião da colheita,
ao contrário do que diversos autores relatam como um dos principais fatores
de produção de raízes nãocomercializáveis de batata-doce (Peixoto & Miranda, 1984; King, 1985;
EMPASC/ACARESC, 1990).
No que se refere ao peso médio de
raiz, verificou-se uma variação de
220,12 a 504,94 g/raiz (Tabela 2), sobressaindo-se, aos 150 e 200 dias após
o plantio, as cultivares Brazlândia Ro70
sada e Paulistinha que mostraram-se
68,9 e 55,4% superiores à cultivar
Brazlândia Roxa que apresentou os
menores pesos médios de raiz, nas duas
épocas de colheita. Os pesos médios das
cultivares Brazlândia Branca e
Brazlândia Roxa (Tabela 2), foram superiores aos obtidos por Mendonça &
Peixoto (1991) colhendo aos 150 dias
após o plantio (222,08 e 197,54 g/raiz,
respectivamente). Resultados similares
foram constatados por Peixoto et al.
(1989), que observaram maior peso
médio de raiz para a cultivar Brazlândia
Rosada, colhendo aos 176 dias após o
plantio, e por Miranda (1989) que relata uma maior produção de batatas
graúdas, de elevado peso médio quando aquela cultivar é colhida após 120150 dias de ciclo.
Aos 150 dias o após plantio, para a
classificação de raízes comerciais em
porcentagem (Tabela 2), observa-se
que todas as cultivares a exceção da
cultivar Brazlândia Roxa, apresentaram
menos de 92,19 % de raízes entre 100
e 400g e mais de 13,0% de raízes entre
400 e 800g. Para a colheita aos 200 dias
após o plantio, a cultivar Brazlândia
Roxa sobressaiu-se, com maior porcentagem de raízes entre 100 a 400g
(72,42%), comparativamente às demais
cultivares que apresentaram maiores
porcentagens de raízes graúdas (400 a
800g/raíz). Segundo Silveira et al.
(1997), o tamanho ideal de batatas para
o comércio está entre 200 e 500g e Silva et al. (1991) informam que para as
condições do Rio de Janeiro e São Paulo, está entre 150 e 400g; para mercados menos exigentes, oscila entre 151
a 800g para a classificação de especial
a extra A. Neste contexto, as cultivares avaliadas atendem plenamente às
exigências do mercado consumidor
brasileiro.
Apesar de todas as cultivares apresentarem melhores produtividades aos
200 dias após o plantio, recomenda-se
a colheita das cultivares Paulistinha,
Brazlândia Rosada e Brazlândia Branca aos 150 dias após o plantio; para a
cultivar Princesa, em função da sua
menor produção de raízes tipo 2 (400 a
800 g/raíz), comparativamente às cultivares anteriores, pode-se inferir que sua
colheita seja realizada aos 150 dias, podendo ser estendida até 200 dias após o
plantio. A cultivar Brazlândia Roxa pelo
seu desempenho quanto às diferentes
características avaliadas, deverá ser colhida aos 200 dias após o plantio, corroborando as afirmações de Miranda et al.
(1989) e Miranda (1989), de ser esta
cultivar mais tardia. Esta recomendação
baseia-se no fato da preferência dos
consumidores recaírem sobre batatas de
menor tamanho, assim como pela menor
exposição da cultura ao ataque de pragas
de solo, uma vez que quanto mais tempo
a batata-doce permanecer no solo maior
a possibilidade de ocorrerem pragas, sobretudo broca da raiz, cujas larvas danificam as raízes internamente e externamente, prejudicando o seu aspecto físico, o odor e o sabor, ficando imprestáveis
para o consumo; conforme relatam Peixoto & Miranda (1984) e Miranda et al.
(1989), que recomendam a colheita precoce como uma das medidas gerais de
controle de insetos de solo.
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
Produtividade de batatinha em duas épocas de colheita.
LITERATURA CITADA
ANUÁRIO ESTATÍSTICO DO BRASIL. Rio de
Janeiro: IBGE, v. 56, 1996. p. 3-42.
BARREIRA, P. Batata-doce: uma das doze mais
importantes culturas do mundo. São Paulo:
Editora Ícone, 1986. 92 p.
CECÍLIO FILHO, A.B.; REIS, M. dos S.; SOUZA, R.J. de; PASQUAL, M. Degenerescência
em cultivares de batata-doce. Horticultura
Brasileira, Brasília, v. 16, n. 1, p. 82-84, 1998.
EMPASC/ACARESC. Normas técnicas para a
cultura da batata-doce; Santa Catarina.
Florianóplis: EMPASC/ ACARESC, 1991. 21
p. (EMPASC/ACARESC. Sistemas de produção, 15).
FAO QUATERLY BULLETIN OF STATISTICS.
Rome: FAO, v. 11, n. 112, p. 40-41, 1998.
KHATOUNIAN, C.A. Produção de alimentos
para consumo doméstico no Paraná: caracterização e culturas alternativas. Londrina:
IAPAR, 1994. 193 p. (IAPAR. Circular, 81).
KING, G.A. The effect of time of planting on yield
of six varieties of sweet potato (Ipomoea batatas (L) Lam.) in southern costal lowlands of
Papua New Guinea. Tropical Agriculture, v.
62, n. 3, p. 225-228, 1985.
KURIHARA, C.; GOMES, G.C.; MATOS,
F.A.C.; QUINDERÉ JUNIOR, R.A.G. Recomendações técnicas para a produção e
comercialização de hortaliças para o período
de entressafra no Distrito Federal. Brasília:
EMBRAPA-SPI/EMATER-DF, 1993. 43 p.
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
MENDONÇA, A.T.C.; PEIXOTO, N. Efeitos do
espaçamento e de níveis de adubação em cultivares de batata-doce. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 9, n. 2, p. 80-82, 1991.
MIRANDA, J.E.C. de. Brazlândia Roxa,
Brazlândia Branca, Brazlândia Rosada e
Coquinho: novas cultivares de batata-doce.
Horticultura Brasileira, Brasília, v. 7, n. 1, p.
32-33, 1989.
MIRANDA, J.E.C. de; FRANÇA, F.H.;
CARRIJO, O.A.; AGUILAR, J.A.E. Cultivo
de batata-doce (Ipomoea batatas (L) Lam).
Brasília: EMBRAPA-CNPH, 1984. 8 p.
(Embrapa Hortaliças. Instruções Técnicas, 7).
MIRANDA, J.E.C. de; FRANÇA, F.H.;
CARRIJO, O.A.; SOUZA A.F.; PEREIRA,
W.; LOPES, C.A. Batata-doce (Ipomoea batatas (L) Lam). Brasília: EMBRAPA/CNPH,
1989. 20 p. (Embrapa Hortaliças. Circular
Técnica, 3).
PEIXOTO, N.; MIRANDA, J.E.C. de. O cultivo
da batata - doce em Goiás. Goiânia:
EMGOPA-DDI, 1984. 24 p. (EMGOPA. Circular Técnica, 7).
PEIXOTO, N., MIRANDA, J.E.C. de;
FILGUEIRA, F.A.R.; CÂMARA, F.L.A. Avaliação de clones de batata-doce em Goiás.
Goiânia: EMGOPA-DDT, 1989. 12 p.
(EMGOPA, Boletim de Pesquisa, 16).
RESENDE, G.M. de. Características produtivas
de cultivares de batata-doce sob condições
irrigadas e de sequeiro na região norte de Minas Gerais. Horticultura Brasileira, Brasília,
v. 17, n. 2, p. 151-154, 1999.
SILVA, L.O. ; CALBO, A.G.; HENZ, G.P. Classificação e beneficiamento de hortaliças. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 15, n.
169, p. 48-53, 1991.
SILVEIRA, M.A. da; AZEVEDO, S.M .de;
MALUF, W.R.; CAMPOS, V.P.; MOMENTÉ,
V.G. Canuanã e Palmas: novas cultivares de
batata-doce resistentes aos nematóides-degalhas. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 15,
n. 2, p. 122-123, 1997.
SMIT, W.E. J.M.; MANTENGO, L.O. Farmer’s
cultural practices and their effects on pest
control in sweet potato in south Nyanza, Kenia.
International Journal of Pest Management, v.
41, n. 1, p. 2-7, 1995.
THOMAZELLI, L.F.; GANDIM, C.L.;
ALMEIDA, E.X.; BOFF, P. Novas tecnologias
para o cultivo da batata-doce em SC.
Agropecuária Catarinense, Florianópolis, v.
10, n. 1, p. 12-14, 1997.
VERNIER, P.; VARIN, D. La culture de la patate
douce. Agriculture et devéloppement, n. 3, p.
54-63, 1994.
YAMAGUCHI, M. World vegetables: principles,
production and nutritive values. Westport:
AVI, 1983. 415 p.
71
MOREIRA, M.A.; FONTES, P.C.R.; FONTES, R.L.F.; CARDOSO, A.A. Crescimento e produtividade da batateira, em função do modo de aplicação do
fertilizante e dos fungicidas contendo Zn. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 1, p.72-76, março 2.000.
Crescimento e produtividade da batateira, em função do modo de aplicação do fertilizante e dos fungicidas contendo Zn.
Marialva A. Moreira 1; Paulo C. R. Fontes2; Renildes L. F. Fontes3; Antônio A. Cardoso4.
1
Mestranda UFV, Depto. Fitotecnia, 2,4 Bolsistas do CNPq, UFV, 3 UFV, DPS 36.571-000 Viçosa-MG.
RESUMO
ABSTRACT
O presente trabalho teve por objetivo avaliar os efeitos do modo
de aplicação do fertilizante contendo Zn e de fungicidas contendo
ou não Zn sobre o crescimento, a produtividade e o conteúdo de
nutrientes dos tubérculos de batata. O experimento foi conduzido
na Horta Nova, da Universidade Federal de Viçosa, com a cultivar
Monalisa, em solo Podzólico Vermelho - Amarelo Câmbico, contendo 6,9 mg dm-3 de Zn+2 , extraído por Mehlich-1. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados em parcelas subdivididas, com quatro repetições. Nas parcelas avaliou-se os efeitos da
aplicação de fungicidas (contendo ou não Zn) e nas subparcelas o
modo de aplicação do fertilizante contendo Zn (testemunha, Zn
aplicado no solo, Zn pulverizado na parte aérea da planta e Zn no
solo + parte aérea). O crescimento da planta, representado pelo comprimento e número de caules, peso da matéria seca da parte aérea e
número de tubérculos, foi caraterizado aos 20 e 45 dias após a sua
emergência. Após a senescência natural das plantas, os tubérculos
foram colhidos, classificados e pesados. Em ambas as épocas de
amostragens, os tratamentos não influenciaram o crescimento da
batateira. A produtividade de tubérculos comerciais (44,2 t/ha) foi
maior na parcela em que as plantas foram pulverizadas com
fungicidas contendo zinco e não foi influenciada pelo modo de fertilização. Os tratamentos não apresentaram efeito sobre os conteúdos de P, Ca, Mg, Cu e Fe nos tubérculos; porém, os conteúdos de
Mn e Zn foram maiores quando as plantas foram pulverizadas com
fungicidas contendo Zn.
Potato plant growth and tuber yield as a function of Zn
fertilizer application methods and Zn fungicides.
Palavras-chave: Solanum tuberosum, micronutriente, pulverização foliar, adubação.
Keywords: Solanum tuberosum, micronutrient, foliar sprays, soil
application.
The objective of the experiment was to evaluate the effects of
Zn fertilizer application methods and fungicides with or without Zn
on potato plant growth, tuber yield and nutrient contents. The
experiment was installed in the Horta Nova of the Universidade
Federal de Viçosa with the Monalisa cultivar on a cambic Red-yellow
Podzolic, containing 6.9 mg dm-3 of Zn extracted by Mehlich-1. The
experiment was carried out in a randomized block with four
replications in a split plot design. The fungicide spray programs (with
or without Zn) were done in the main plots and the zinc fertilizer
application methods (control, Zn in the soil, Zn sprayed on the plant
shoots and Zn in soil + shoots) were in the split plots. Plant growth
(stem lengths and numbers, shoot dry matter and tuber numbers)
was characterized at 20 and 45 days after plant emergence. Following
natural senescence, tubers were harvested, graded and weighted. At
both sampling dates, plant growth was not affected by the treatments.
Commercial tuber yield (44.2 t/ha) was higher in the plots receiving
fungicides containing Zn and it was not affected by zinc fertilizer
application methods. The treatments did not affect the P, Ca, Mg,
Cu and Fe contents in the tubers but Mn and Zn contents were higher
when plants were sprayed with Zn fungicides.
(Aceito para publicação em 20 de janeiro de 2.000)
E
m solos tropicais, uma das limitações ao desenvolvimento e à produtividade da batateira é a baixa disponibilidade de fósforo. Como consequência, aumentos de produtividades
quase sempre ocorrem quando o solo
recebe elevada quantidade de adubo
fosfatado (Fontes et al.,1997). Porém,
o uso de altas doses de adubo fosfatado
pode induzir ou aumentar a deficiência
de zinco em plantas, particularmente em
condições de limitada disponibilidade
deste ion (Cakmak & Marschner, 1987)
e de temperaturas abaixo de 15 0C,
(Martin et al.,1965).
Em solo cujo teor de Zn foi considerado moderamente baixo (0,90 mg
dm-3 de Zn+2 extraído com ditizona),
72
Martin et al. (1965) mostraram que aconteceu em condições de baixa temperatura a adição de alta dose de P (200 mg
dm-3) induziu à deficiência de Zn em tomate. Este efeito não se verificou em temperatura do solo acima de 210C. Porém,
em solo com teor muito baixo de zinco
(0,10 mg dm-3), as plantas adubadas com
fósforo apresentaram deficiência de Zn,
independemente da temperatura.
A deficiência de zinco aumenta a
permeabilidade das membranas
radiculares (Marschner, 1995) e pode
contribuir para a excessiva absorção de
fósforo (Marschner & Cakmak, 1986;
Parker, 1997). Assim, foi verificado que
plantas de batata deficientes em zinco
apresentavam altas concentrações de
fósforo em seus tecidos (Christensen &
Jackson, 1981). Os sintomas de deficiência de zinco mais comumente apresentados pela batateira são caracterizados pela posição quase vertical das folhas do ápice da planta, com as margens
dos folíolos voltando-se para cima (Fontes, 1987) e por má formação das folhas, bronzeamento ou amarelecimento
presentes ao redor das margens das folhas jovens (Boawn & Leggett, 1963).
A deficiência de zinco pode ser
corrigida pela sua adição ao solo, em
quantidades variando de 4 a 35 kg/ha
(Martens & Westermann,1991). Entretanto, a absorção do zinco pelas raízes,
especialmente em solos intemperizados
e com altos teores de óxidos de ferro e
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
Aplicação do fertilizante e fungicidas contendo Zn em batateira.
alumínio pode ser prejudicada pela ação
adsortiva exercida por eles sobre o zinco adicionado (Saeed & Fox,1979).
Além disto, a disponibilidade de zinco
pode também ser reduzida pela elevação do pH, decorrente da calagem, tornando a sua aplicação via foliar uma
possível alternativa. Usualmente, quando suplementado por via foliar, o zinco
é aplicado em quantidade em torno de
0,5 kg ha-1 (Volkweiss,1991; Yilmaz et
al., 1997).
Diferentes métodos de aplicação do
fertilizante contendo zinco e a sua presença nos fungicidas normalmente aplicados à cultura promoveram aumento no
teor de zinco na parte aérea da batateira
(Moreira, 1998). Entretanto, em condições brasileiras, pouco é sabido sobre
os efeitos dos métodos de aplicação do
fertilizante contendo zinco sobre a produtividade da cultura. Ainda mais que
o efeito do zinco adicionado como fertilizante pode estar sendo confundido
com aquele presente nos fungicidas, normalmente aplicados à cultura da batata.
Assim, o presente trabalho teve como
objetivo avaliar os efeitos do modo de
aplicação do fertilizante contendo Zn e
de fungicidas contendo ou não Zn sobre o crescimento, a produtividade e o
conteúdo de nutrientes dos tubérculos
de batata.
MATERIAL E MÉTODOS
Foi conduzido um experimento na
Horta Nova, no campus da Universidade Federal de Viçosa, em solo Podzólico
Vermelho-amarelo câmbico, contendo
38% de argila, pH (H2O) igual a 6,0, com
os teores iniciais de 93 e 6,9 mg.dm-3 de
P e Zn+2, extraídos por Mehlich-1.
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados em parcelas subdivididas, com quatro repetições. Nas duas parcelas foram aplicados
os fungicidas (contendo ou não Zn) e nas
quatro subparcelas, testou-se o modo de
aplicação do fertilizante contendo Zn
(testemunha, Zn aplicado no solo, Zn
pulverizado na parte aérea e Zn solo +
parte aérea). Cada parcela experimental
foi constituída de quatro fileiras de 10
plantas, no espaçamento de 0,8 x 0,3m.
A área útil foi constituída pelas duas fiHortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
Tabela 1. Programa semanal de pulverizações com fungicidas contendo ou não zinco em
suas formulações. Viçosa, UFV, 1997.
Semana
Programas de pulverizações com fungicidas
Com zinco
Sem zinco
1
2
3
4
Mancozeb
Cymoxanil
Mancozeb
Mancozeb + Metalaxyl
Chlorothalonil
Chlorothalonil
Chlorothalonil
Metalaxyl
5
6
7
Mancozeb
Mancozeb + Metalaxyl
Oxicloreto de Cobre
Chlorothalonil
Metalaxyl
Oxicloreto de Cobre
leiras centrais, eliminando-se a primeira
planta de ambas as extremidades.
Os programas de pulverização com
fungicidas contendo ou não Zn estão na
Tabela 1, tendo sido empregados nas
dosagens recomendadas pelos fabricantes. Foram feitas sete pulverizações com
os fungicidas, sendo a primeira sete dias
após a emergência (DAE) e as
subsequentes semanalmente. O total de
Zn aplicado como fungicida foi 3,6 mg
por planta.
No tratamento Zn no solo, este foi
colocado nos sulcos, por ocasião do
plantio, na dosagem de 4 kg/ha, utilizando-se o sulfato de zinco. Nas aplicações foliares foi utilizada uma solução
contendo 0,5 g/L de Zn, na forma de
sulfato de zinco, aos 20 e 45 dias após a
emergência (DAE). Foram gastos, em
média, 11,4 e 12,2 mL/planta de solução, respectivamente.
O plantio dos tubérculos foi feito em
julho de 1997, utilizando-se a cultivar
Monalisa. A adubação, feita nos sulcos,
constou de 300 de sulfato de amônio,
1.400 de superfosfato triplo e 500 de
cloreto de potássio, 200 de sulfato de
magnésio e 15 de bórax, todos expressos em kg/ha. A amontoa foi realizada
aos 15 DAE, por ocasião da adubação
nitrogenada em cobertura com 600 kg/
ha de sulfato de amônio.
Aos 20 e 45 DAE, antes da aplicação
foliar do Zn, foram realizadas amostragens de planta inteira, caracterizandose o crescimento (comprimento e número de caule, peso da matéria seca da parte aérea e número de tubérculos).
A colheita dos tubérculos foi realizada em 23 de outubro de 1997, após a
secagem completa da parte aérea. Os
tubérculos foram classificados em comerciais e não comerciais. Os tubérculos não comerciais foram avaliados
quanto ao embonecamento, coração oco,
rachadura e esverdeamento. Os tubérculos comerciais foram classificados de
acordo com o seu maior diâmetro transversal em: classe 1 = ø ³ 8,5cm; classe 2
= 4,5cm < ø < 8,4cm; classe 3 = 3,3cm
< ø < 4,4cm e classe 4 = ø < 3,3cm, com
base na Portaria número 69 de 21/02/95
do Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Os tubérculos foram avaliados também quanto ao teor de matéria
seca, P, Ca, Mg, Cu, Fe, Mn e Zn. Os
dados obtidos foram submetidos à análise de variância.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Comprimento do caule, número de
caules e número de tubérculos
O comprimento e o número de caules, e o número de tubérculos, avaliados aos 20 e 45 dias após a emergência
(DAE), não foram significativamente
afetados pelo uso de fungicidas contendo zinco e nem pelo modo de aplicação
do fertilizante, não havendo também
interação significativa entre eles. Na
média de todos os tratamentos, os comprimentos dos caules foram 46 e 60 cm,
aos 20 e 45 DAE, respectivamente. Reis
Jr. (1995), testando a cultivar Baraka,
aos 48 DAE, encontrou associação entre a máxima produção classificada de
tubérculos e o comprimento de caule.
Do mesmo modo, Rocha (1995) observou que os comprimentos do caule de
55 e 70cm, tanto aos 20 como aos 50
DAE, estavam associados à máxima
produtividade de tubérculos da cultivar
Baraka.
73
M.A. Moreira et al.
Tabela 2. Conteúdos de P, Ca, Mg, Cu, Fe, Mn e Zn nos tubérculos de batata, em função do uso de fungicidas contendo ou não Zn e do modo
de fertilização com Zn. Viçosa, UFV, 1997.
Fungicida
Modo de
Aplicação
P
Ca
g planta -1
Conteúdos de nutrientes
Mg
Cu
Fe
Mn
mg planta-1
Zn
Com Zn
Testemunha
Solo
Foliar
Solo+Foliar
0,49
0,50
0,44
0,48
0,074
0,078
0,076
0,082
0,21
0,25
0,24
0,24
1,10
1,30
1,03
1,03
9,48
9,53
12,43
7,93
2,18
2,43
2,50
2,15
3,34
3,63
3,98
4,11
Sem Zn
Testemunha
Solo
Foliar
0,50
0,47
0,44
0,084
0,080
0,069
0,24
0,25
0,23
1,00
0,98
0,98
11,25
9,25
10,83
1,68
1,80
1,73
3,09
2,99
3,37
Solo+Foliar
0,076
0,077
0,21
0,24
0,98
1,11
10,03
9,84
1,58
2,31A
3,64
3,77A
Com Zn
•
0,47
0,48
Sem Zn
•
0,47
0,077
0,23
0,98
10,34
1,69 B
3,27 B
•
•
Testemunha
Solo
0,50
0,48
0,079
0,079
0,23
0,25
1,05
1,14
10,36
9,39
1,96
2,11
3,21
3,31
•
Foliar
0,44
0,073
0,23
1,00
11,63
2,11
3,68
•
Solo+Foliar
0,48
0,078
0,23
1,00
8,98
1,86
3,87
Letras maiúsculas comparam o uso de fungicidas contendo ou não zinco pelo teste F a 5% de probabilidade.
Aos 20 e 45 DAE, o número médio
de caules por planta foi 3,6 e 3,8,
correspondendo a 15 e 16 caules/m, respectivamente. Esta característica varia
de acordo com diversos fatores, dentre
os quais a cultivar (Morena et al.,1994).
Beukema & Van Der Zaag (1990) citam que para as condições européias são
necessárias 15 a 20 hastes/m para produção adequada de batata para consumo, enquanto Fontes et al. (1995) mostraram que o número adequado de hastes por unidade de área depende da cultivar e do preço da batata semente.
O número médio de tubérculos por
planta foi 14,0 e 13,3, aos 20 e 45 DAE,
respectivamente. Portanto, já aos 20
DAE, os números de caules e de tubérculos por planta já estavam definidos.
Este fato foi diferente do encontrado por
Reis Jr. (1995), que verificou maior número de tubérculos da cultivar Baraka
aos 48 do que aos 20 DAE.
Produção de matéria seca
A produção de matéria seca da parte
aérea e dos tubérculos por planta não foi
significativamente afetada pelos tratamentos. Aos 20 DAE, cada planta apresentou, como média dos tratamentos com
fungicidas, as seguintes produções de
74
matéria seca: 23,7 g de parte aérea e 10,5
g de tubérculos, enquanto que aos 45
DAE os valores médios foram: 29,5 e
110,3 g, respectivamente. Boawn &
Leggett (1964) não encontraram resposta da produção de matéria seca das folhas da batateira com adição de zinco no
solo ou na solução nutritiva. Porém,
Christensen & Jackson (1981) verificaram que a produção de matéria seca das
folhas das plantas cultivadas em solução
nutritiva foi afetada pela interação zinco
e fósforo na solução.
Conteúdos de nutrientes nos tubérculos
Os conteúdos de fósforo, cálcio,
magnésio, cobre e ferro nos tubérculos
não foram afetados pelos tratamentos
(Tabela 2). Na média dos tratamentos
pulverizados com fungicidas contendo
zinco houve a retirada pelos tubérculos
de 20 kg de P, 10 kg de Mg, 3.208 g de
Ca, 410 g de Fe, 157 g de Zn, 97 g de
Mn e 47 g de Cu/ha. A quantidade de
nutrientes removida pelos tubérculos depende da produtividade e dos teores de
nutrientes nos tubérculos, ambos variando com o solo, o ano, a adubação e a
cultivar (Paula et al., 1986; Rocha,
1995). Por outro lado, os conteúdos de
manganês e zinco nos tubérculos, elementos contidos nos fungicidas, foram
afetados pelo uso de fungicidas contendo zinco (Tabela 2). Isto indica que a
aplicação de fungicidas contendo zinco
favoreceu a sua translocação para os
tubérculos. Translocação do zinco aplicado nas folhas para as raízes e caules,
de forma mais acentuada em plantas
bem nutridas em zinco, foi observada
em feijoeiro (Rodrigues et al., 1997).
As quantidades de zinco absorvidas
pelos tubérculos, nos tratamentos da parcela cujas plantas receberam pulverizações com fungicida contendo zinco, foram 139, 151, 166 e 171 g/ha para a testemunha, Zn no solo, Zn na parte aérea
e Zn no solo + na parte aérea, respectivamente. Esses mesmos tratamentos
receberam 241, 4.241, 734 e 4.584 g/
ha de zinco, provenientes dos tubérculos plantados (7,87 g/ha), do cloreto de
potássio (0,30 g/ha), do sulfato de
amônio (0,24 g/ha), do calcário (6,76
g/ha), do superfosfato triplo (21,0 g/
ha), do sulfato de magnésio (55,0 g/ha),
das pulverizações com fungicidas contendo zinco (150 g/ha) e dos tratamentos em que o zinco foi colocado no solo
(4000 g/ha), pulverizado na parte aéHortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
Aplicação do fertilizante e fungicidas contendo Zn em batateira.
rea (493 g/ha) e no solo + parte aérea
(4.493 g/ha).
Portanto, na parcela em que as plantas receberam pulverizações com
fungicidas contendo zinco, as recuperações pelos tubérculos foram 0,30, 0,71
e 5,48% do zinco aplicado no solo, aplicado no solo + parte aérea e pulverizado na parte aérea, respectivamente. Os
valores correspondentes nas parcelas
que receberam pulverizações com
fungicidas não contendo zinco foram –
0,10; 0,51 e 2,23 respectivamente. A
baixa eficiência de recuperação do Zn
adicionado como fertilizante pode ter
sido devido à sua disponibilidade relativamente alta original no solo e a incorporação pelas diversas formas anteriormente mencionadas.
Produtividade de tubérculos
A utilização dos fungicidas contendo zinco, em comparação com aqueles
que não o continham, proporcionou aumento significativo (p£0,05) na produtividade de tubérculos (Tabela 3). O uso
de fungicidas contendo zinco proporcionou o mesmo efeito sobre o teor de zinco total na quarta folha da planta, determinado aos 20 DAE conforme os dados
apresentados por Fontes et al. (1999).
As produtividades médias de tubérculos foram 44,2 e 40,1 t/ha com uso de
fungicidas contendo ou não Zn, respectivamente. Estes valores são considerados relativamente altos quando comparados com 22,14 t/ha, média da produtividade de países europeus, e 14,33 t/
ha, média brasileira (FAO, 1996). As
produtividades alcançadas no presente
ensaio foram devidas, em parte, à ausência aparente de doenças de folhagem
durante todo o ciclo da batateira. A maior
produtividade foi devido as aplicações
de fungicidas contendo zinco. As aplicações do fungicida no estádio inicial
de desenvolvimento da planta, período
coincidente com temperaturas ainda
baixas, podem ter favorecido a absorção de zinco através das folhas das plantas ainda jovens e com restrito sistema
radicular. Nestas condições, a absorção
de nutrientes é marcadamente reduzida,
principalmente aqueles dependentes do
processo de difusão, como é o caso do
Zn. No milho, Leblanc et al. (1997) mostraram sintomas de deficiência de zinco
mais acentuados em plantas jovens do
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
Tabela 3. Produção de tubérculos de batata (t/ha), em função do uso de fungicidas contendo
ou não Zn e do modo de fertilização com Zn. Viçosa, DFT-UFV, 1997.
Modo de aplicação
do fertilizante
Testemunha
Solo
Foliar
Solo+Foliar
Média
Fungicida
Com Zn
Sem Zn
42,0
42,3
46,0
40,7
45,4
38,2
43,2
39,3
44,2 A
40,1 B
Média
42,2 a
43,3 a
41,8 a
41,3 a
Letras maiúsculas comparam o uso de fungicidas contendo ou não zinco e letras minúsculas
comparam o modo de aplicação do fertilizante. Em cada coluna, as médias seguidas pela
mesma letra maiúscula ou minúscula não expressam diferenças significativas a 5% de probabilidade pelos testes F e de Tukey, respectivamente.
que em plantas mais velhas, talvez, devido a diferenças no tamanho do sistema
radicular. Ademais, o número de tubérculos e o número de caules já estavam
definidos aos 20 DAE. Os fungicidas
contendo zinco utilizados durante o experimento não foram analisados para saber se havia algum íon acompanhante que
pudesse proporcionar esse aumento na
produção de tubérculos.
No presente experimento não foi
constatada a ocorrência de doenças na
parte aérea da batateira em nenhum dos
tratamentos, independentemente da aplicação ou não de Zn. Graham & Webb
(1991) mostram que o ion zinco pode
ter nenhum efeito, decrescer ou aumentar a susceptibilidade das plantas a doenças. Estes autores, revisando a limitada
literatura sobre o assunto, afirmam que
a aplicação de zinco em quantidades
maiores que aquelas necessárias para o
crescimento das plantas, mas não
fitotóxicas, podem ser benéficas na redução da manifestação de algumas
doenças talvez pelo seu efeito tóxico sobre o patógeno ou pela sua importância
na manutenção da integridade das
biomembranas, principalmente das
raízes. Entretanto, não há evidências do
efeito de doses supraótimas de zinco na
integridade e estabilidade das membranas. No tomateiro, em condições controladas, foi mostrado o efeito do zinco
aumentando o biocontrole de Fusarium
oxysporum
por
Pseudomonas
fluorescens (Duffy & Defago,1997).
O modo de aplicação do fertilizante
não afetou significativamente a produtividade (Tabela 3), devido, provavelmente, ao teor de zinco no solo ter sido
suficiente para o desenvolvimento da
batateira. Ademais, houve aporte de zinco indiretamente pelos fertilizantes,
calcários e tubérculo-semente. Ellis
(1945) e Hoyman (1949) verificaram
aumento na produtividade da batateira
com o uso de zinco aplicado via foliar,
mas não conseguiram resposta quando
o zinco estava presente em quantidade
suficiente no solo. Por outro lado,
Boawn & Leggett (1963) observaram
que a aplicação de zinco via foliar não
foi eficiente para remover os sintomas
de sua deficiência na batateira, enquanto Grunes et al. (1961) verificaram aumento na produtividade da batateira com
aplicação do zinco no solo.
Não ocorreu produção de tubérculos da classe 1. A única classe cuja produtividade respondeu significativamente ao uso de fungicidas contendo zinco
foi a 2, que determinou a diferença na
produção total. As médias de produção
de tubérculos da classe 2 foram 39,54 e
34,82 t/ha, com o uso de fungicidas contendo ou não zinco, respectivamente. O
número de tubérculos das classes 2, 3 e
4 não foram significativamente afetados
pelos tratamentos, mostrando que o efeito da pulverização com fungicidas contendo Zn influenciou apenas o peso dos
tubérculos.
Em nenhuma classe foram observados tubérculos com rachaduras, embonecamento, coração oco e esverdeamento. O uso de fungicidas contendo Zn
reduziu o teor de matéria seca dos tubérculos, sendo obtidos os valores de
15,4% e 16,0% para os tratamentos com
fungicidas contendo ou não zinco, res75
M.A. Moreira et al.
pectivamente. Estes valores estão próximos aos 16,4 e 15,7% de matéria seca
encontrados por Rocha (1995) e Fontes
et al. (1987) para outras cultivares. Por
outro lado, o modo de aplicação do fertilizante não afetou os teores de matéria
seca dos tubérculos.
LITERATURA CITADA
BEUKEMA, H.P.; VAN DER ZAAG, D.E.
Introduction to potato production.
Wageningen: Pudoc, 1990. 208 p.
BOAWN, L.C.; LEGGETT, G.E. Zinc deficiency
of the Russet Burbank potato. Soil Science, v.
95, n. 1, p. 137-141, 1963.
BOAWN, L.C.; LEGGETT, G.E. Phosphorus and
zinc concentrations in Russet Burbank potato
tissues in relation to development of zinc
deficiency symptoms. Soil Science Society
Proceedings, v. 28, n. 1, p. 229-232, 1964.
CAKMAK, I.; MARSCHNER, H. Mechanism of
phosphorus-induced zinc deficiency in cotton.
III. Changes in physiological availability of
zinc in plants. Physiology Plantarum, v. 70, n.
1, p.13-20, 1987.
CHRISTENSEN, N.W.; JACKSON, T.L.
Potential for phosphorus toxicity in zinc
stressed corn and potato. Soil Science Society
of America, v. 45, n. 5, p. 904-909, 1981.
DUFFY, B.K.; DEFAGO, G. Zinc improves
biocontrol of fusarium crown and root rot of
tomato by pseudomonas fluorescens and
represses the production of pathogen
metabolites inhibitory to bacterial antibiotic
biosynthesis. Phytopathology, v. 87, n. 12, p.
1250–1257, 1997.
ELLIS, N.K. Effect of zinc sulphate added to copperlime spray on the yield of potatoes on Indiana
muck soil. Soil Science Society of America
Proceedings, v. 9, n. 4, p. 131-132, 1945.
FAO. PRODUCTION YEARBOOK. Roma, v. 50,
1996. 325 p.
FONTES, P.C.R.; PAULA, M.B.; MIZUBUTI, A.
Produtividade da batata sob influência de níveis do fertilizante 4-14-8 e do superfosfato
simples. Revista Ceres, Viçosa, v. 34, n. 191,
p. 90-98, 1987.
FONTES, P.C.R. Nutrição mineral e adubação. In:
REIFSCHNEIDER, F.J.B. coord. Produção de
batata. Brasília: Linha Gráfica Editora, 1987.
p. 40-56.
76
FONTES, P.C.R.; MASCARENHAS, M.H.T.;
FINGER, F.L. Densidade de plantio da batata
em função do preço dos tubérculos e da cultivar. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 13, n.
2, p. 184-187, 1995.
FONTES, P.C.R.; ROCHA, F.A.T.; MARTINEZ,
H.E.P. Produção de máxima eficiência econômica da batata, em função da adubação
fosfatada. Horticultura Brasileira, Brasília, v.
15, n. 2, p. 104-107, 1997.
FONTES, P.C.R.; MOREIRA, M.A.; FONTES,
P.C.R.; CARDOSO, A.A. Effects of zinc
fungicides and different zinc fertilizer
application methods on soluble and total zinc
in potato plant shoots. Communication Soil
Science Plant Analysis, v. 30, n. 13 & 14, p.
1847-1859, 1999.
GRAHAM, R.D.; WEBB, M.J. Micronutrients
and disease resistance and tolerance in plants.
In: MORTVEDT, J.J.; COX, F.R.; SHUMAN,
L.M.; WELCH, R.M. eds. Micronutrients in
agriculture . 2 ed. Madison: Soil Science
Society of America, 1991. p. 329-370.
GRUNES, D.L.; BOAWN, L.C.; CARLSON,
C.W.; VIETS JUNIOR, F.G. Zinc deficiency
of corn and potato; as related to soil and plant
analysis. Agronomy Journal, v. 53, n. 2, p. 6871, 1961.
HOYMAN, W.G. The effect of zinc-containing
dusts and sprays on the yield of potatoes.
American Potato Journal, v. 26, n. 1. p. 256263, 1949.
LeBLANC, P.V.; GUPTA, U.C.; CHRSTIE, B.R.
Zinc nutrition of silage corn grown on acid
podzols. Journal of Plant Nutrition, v. 20, n. 2
& 3, p. 345-353, 1997.
MARSCHNER, H.; CAKMAK, I. Mechanism of
phosphorus induced zinc deficiency in cotton.
II. Evidence for impaired shoot control of
phosphorus uptake and translocation under Zn
deficiency. Physiology Plantarum, v. 68, p.
491-496. 1986.
MARSCHNER, H. Mineral nutrition of higher
plants. London: Academic Press, 1995. 889 p.
MARTENS, D.C.; WESTERMAN, D.T. Fertilizer
applications for correcting micronutrient
deficiencies. In: MORTVEDT, J.J.; COX, F.R.;
SHUMAN, L.M.; WELCH, R.M. eds.
Micronutrients in agriculture. 2 ed. Madison: Soil
Science Society of America, 1991. p. 549-592.
MARTIN, W.E.; MCLEAN, J.G.; QUICK, J.
Effect of temperature on the occurrence of
phosphorus induced zinc deficiency. Soil
Science Society America Proceedings, v. 29,
n. 4, p. 411-413, 1965.
MOREIRA, M.A. Composição mineral e produção da batateira, em função do uso de
fungicidas contendo ou não Zn e do modo de
fertilização com Zn. Viçosa, MG: UFV, 1998.
88 p. (Tese mestrado), Universidade Federal
de Viçosa, 1995.
MORENA, I.; GUILLEN, A.; MORAL, L.F.G.
Yield development in potatoes as influenced
by cultivars and the timing and level of
nitrogen fertilization. American Potato
Journal, v. 71, n. 3, p. 165-173, 1994.
PARKER, D.R. Responses of six crop species to
solution zinc 2+ activities buffered with
HEDTA. Soil Science Society American
Journal, v. 61, p. 167-176. 1997.
PAULA, M.B.; FONTES, P.C.R.; NOGUEIRA,
F.D. Absorção de micronutrientes por cultivares de batata em presença e ausência de adubação. Horticultura brasileira, Brasília, v. 4,
n. 2, p. 3–8, 1986a.
REIS JR, R. dos A. Produção, qualidade de tubérculos e teores de potássio no solo e no
pecíolo de batateira em resposta à adubação
potássica. Viçosa: UFV, 1995. 108 p. (Tese
mestrado).
ROCHA, F.A.T. Crescimento, produção e qualidade de tubérculos de batata em função da
fertilização fosfatada. Viçosa: UFV, 1995. 77
p. (Tese mestrado).
RODRIGUES, L.A.; SOUZA, A.P.; MARTINEZ,
H.E.P.; PEREIRA, P.R.G.; FONTES, P.C.R.
Absorção e translocação de zinco em feijoeiro
aplicado via foliar. Revista Brasileira Fisiologia Vegetal, Brasília, v. 9, n. 2, p. 111-115,
1997.
VOLKWEISS, S.J. Fontes e métodos de aplicação. In: FERREIRA, M.E., CASTELLANE,
P.D., CRUZ, M.C.P. eds. Micronutrientes na
agricultura. Piracicaba: Potafos, 1991. p. 391409.
SAEED, M.; FOX, R.L. Influence of phosphate
fertilization on zinc adsorption by tropical
soils. Soil Science Society of America Journal,
v. 43, n. 4, p. 683-686, 1979.
YILMAZ, A.; EKIZ, H.; TORUN, B.;
GULTEKIN, I.; KARANLIK, S.; BAGCI,
S.A.; CAKMAK, I. Effect of different zinc
application methods on grain yield and zinc
concentration in wheat cultivars grown on
zinc-deficient calcareous soils. Journal of
Plant Nutrition, v. 20, n. 4 & 5, p. 461-471,
1997.
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
errata
No artigo "Efeito de preparados caseiros no controle da queima-acinzentada, na cultura da cebola", de autoria de Pedro
Boff e outros, publicado no v. 17 n. 2, julho 1999, houve erro na impressão na página 84, tabela 2. O título e rodapé da tabela
2 estão corretos, porém o conteúdo é de outro trabalho. Os valores corretos da tabela 2 estão apresentados a seguir:
Tabela 2. Efeito de preparados caseiros na área abaixo da curva da proporção de área foliar necrosada da queima-acinzentada (Botrytis
squamosa-ACPD); número de plantas sobreviventes (sobrevivência) e número de plantas aptas ao transplante, com diâmetro do pseudocaule
maior que 4 mm (P. aptas) por grama de semente plantada. Ituporanga (SC), EPAGRI - Estação Experimental de Ituporanga. 1994/1995.
Tratamento
1 - Vinclozolin (0,075%)
2 - Cinza vegetal (50 g/m²)
3 - Extrato de camomila (0,5%)
4 - C.bordalesa (0,5% de CuSO4)
5 - Ext. própolis+enxofre+silicato
6 - Testemunha
B. squamosa ACPD
77,0 b
98,8 a
102,3 a
101,5 a
112,0 a
104,1 a
Sobrevivência
P. aptas ns
167,2
152,0
146,6
140,3
128,9
133,2
a
a
b
b
b
b
94,8
63,1
63,1
70,8
57,5
63,0
7 - Extrato de alho (0,2%)
8 - Calda sulfocálcica (0,15º Be)
9 - Extrato de menta (1%)
10- Micronutrientes (B+Zn)
11- Silica-gasil-114 (0,1%)
109,3
105,8
107,6
107,6
104,1
a
a
a
a
a
140,5
125,2
142,1
123,6
131,0
b
b
b
b
b
60,9
52,1
60,8
58,5
72,5
1213141516-
101,0
101,5
108,5
107,6
95,7
a
a
a
a
a
146,4
140,2
130,9
124,5
140,9
b
b
b
b
b
64,0
64,5
56,4
61,3
65,9
KMnO4 (0,3%)
Extrato de própolis (0,2%)
Enxofre PM (0,2%)
Creolina (0,25%)
Gliocladium roseum (104 sp/ml)
17- G. roseum (106 esp/ml)
18- G. roseum (108 esp/ml)
C.V. (%)
Hortic. bras., v. 15, n. 2, nov. 1997.
95,7 a
89,1 b
8,9
161,1 a
180,9 a
13,7
63,1
73,2
22,9
77
No artigo "Caracterização dos estádios fenológicos da cúrcuma, em função da época e densidade de plantio", de autoria de
Arthur Bernardes Cecílo Filho e Rovilson José de Souza, publicado no v. 17 n. 3, novembro 1999, as figuras 1, 2 e 3 foram
impressas de forma ilegível (p. 249-252). Portanto, as mesmas encontram-se re-impressas a seguir:
Figura 1. Efeito da época de plantio, 20/10, 20/11, 20/12 e 20/01, correspondentes à DAPP de 0, 30, 60 e 90 dias, respectivamente, sobre o
início do perfilhamento. Lavras, UFLA, 1996.
Trat. 1 (20/10 x 20 cm)
Trat. 2 (20/10 x 35 cm)
Trat. 3 (20/10 x 50 cm)
Trat. 4 (20/11 x 20 cm)
Figura 2. Acúmulo de matéria seca da parte aérea (MSPA), matéria seca de perfilhos (MSPe) e produção de rizomas por planta (RIZ/PLA),
durante seu ciclo (dias após o plantio - d.a.p), em função da época e densidade de plantio. LAVRAS, UFLA, 1996.
78
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
Trat. 5 (20/11 x 35 cm)
Trat. 6 (20/11 x 50 cm)
Trat. 7 (20/12 x 20cm)
Trat. 8 (20/12 x 35cm)
Trat. 9 (20/12 dez x 50cm)
Trat. 10 (20/01 x 20cm)
Trat. 11 (20/01 x 35cm)
Trat. 12 (20/01 x 50cm)
Figura 2. Continuação.
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
79
Figura 3. Efeito da época de plantio, 20/10, 20/11, 20/12 e 20/01, correspondentes à DAPP de 0, 30, 60 e 90 dias, respectivamente, sobre o
início do período de crescimento do rizoma (PCRi). Lavras, UFLA, 1996.
normas
NORMAS PARA PUBLICAÇÃO
Instruções para apresentação de trabalhos à revista
Horticultura Brasileira:
I. O periódico, em português, é composto das seguintes
seções:
1. Artigo Convidado; 2. Carta ao Editor; 3. Pesquisa; 4. Economia e Extensão Rural; 5. Página do Horticultor; 6. Insumos e
Cultivares em Teste; 7. Nova Cultivar; 8. Expediente.
II. Definição das seções:
1. ARTIGO CONVIDADO: sobre tópico de interesse
atual, a convite da Comissão Editorial, tendo forma livre,
porém devendo atender obrigatoriamente às alíneas (b) e (d)
de PESQUISA, além de apresentar resumo, palavras-chave,
abstract, título em inglês e keywords (observe instruções na
alínea (e) de PESQUISA). Caso haja co-autores, é obrigatória a sua anuência à publicação. Caso haja citação de literatura, obedecer às alíneas (f) e (g) de PESQUISA. Caso haja
tabelas, figuras, fórmulas químicas, referências a agrotóxicos
ou inclusão de fotografias, obedecer as alíneas (j), (k), (l),
(m) e (n) de PESQUISA;
2. CARTA ao EDITOR: publicada a critério da Comissão Editorial, tendo forma livre, porém devendo atender à
alínea (b) de PESQUISA;
3. PESQUISA
a) Artigo relatando um trabalho original, referente a resultados de pesquisa, ainda não relatados ou submetidos simultaneamente à publicação em outro periódico ou veículo
de divulgação, com ou sem corpo editorial, e que, após submetidos a Horticultura Brasileira, não poderão ser publica80
dos, parcial ou totalmente, em outro local sem a devida autorização por escrito da Comissão Editorial de Horticultura
Brasileira;
b) Os originais deverão ser submetidos em três vias, processados em microcomputador, em programa Word 6.0 ou
superior, em espaço dois, fonte arial, tamanho doze. O disquete
contendo o arquivo deverá ser incluído;
c) Cada artigo submetido deverá ser acompanhado da
anuência à publicação de todos os autores, assim como de
cópia do recibo ou comprovante que o valha de quitação da
anuidade corrente da Sociedade de Olericultura do Brasil de
pelo menos um dos autores;
d) Os artigos serão iniciados com o título do trabalho,
que não deve incluir nomes científicos para quaisquer espécies, sejam plantas ou outros organismos, a menos que não
haja nome comum em português. Ao título deve seguir o nome
e endereço postal completo dos autores (veja padrão de apresentação nos artigos publicados em Horticultura Brasileira,
a partir do v. 14). Anotações como novo endereço de algum
autor, referência a trabalho de tese, etc (veja padrão de apresentação nos artigos publicados em Horticultura Brasileira,
a partir do v. 14) devem ser colocadas em notas de rodapé,
com numeração consecutiva. Anotações como entidades
financiadoras e concessão de bolsas devem ser colocadas em
AGRADECIMENTOS;
e) A estrutura dos artigos obedecerá ao seguinte roteiro:
1. Resumo em português, com palavras-chave ao final. As
palavras-chave devem ser sempre iniciadas com o(s) nome(s)
científico(s) da(s) espécie(s) em questão e nunca devem repetir termos para indexação que já estejam no título; 2.
Abstract, em inglês, acompanhado de título e keywords. O
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
abstract, o título em inglês e keywords devem ser versões
perfeitas de seus similares em português; 3. Introdução; 4.
Material e Métodos; 5. Resultados e Discussão; 6. Agradecimentos; 7. Literatura Citada; 8. Figuras e tabelas.
f) Referências à literatura no texto deverão ser feitas
conforme os exemplos: Esaú & Hoeffert (1970) ou (Esaú &
Hoeffert, 1970). Quando houver mais de dois autores, utilize
a expressão latina et alli, de forma abreviada (et al.), sempre
em itálico, como segue: De Duve et al. (1951) ou (De Duve
et al., 1951);
g) As referências bibliográficas citadas no texto deverão
ser incluídas em LITERATURA CITADA, em ordem alfabética, pelo primeiro autor. Quando houver mais de um artigo
do(s) mesmo(s) autor(es), no mesmo ano, indicar por uma
letra minúscula, logo após a data de publicação do trabalho,
como segue: 1997a, 1997b. A ordem dos itens em cada referência deverá obedecer as normas vigentes da Associação
Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, como segue:
Periódico: NOME DOS AUTORES (em caixa alta,
separados por ponto-e-vírgula. Independente do número de
autores, todos devem ser relacionados, vedando-se, em
Horticultura Brasileira, o uso de et alli na LITERATURA
CITADA). Título do artigo. Título do Periódico (em
Horticultura Brasileira sempre em itálico, vedando-se a utilização de abreviações), cidade de publicação (apenas para
periódicos brasileiros), volume, número do fascículo (quando a informação estiver disponível), paginação inicial e final, mês (indicando com inicial maiúscula os meses para
periódicos em inglês e, com inicial minúscula, para periódicos em português, e abreviando-se na terceira letra quando
o nome do mês possuir mais de quatro letras), ano de publicação. Recue o início de uma eventual segunda linha de referência até alinhar-se com a terceira letra da linha inicial.
Veja o exemplo:
VAN DER BERG, L.; LENTZ, C.P. Respiratory heat
production of vegetables during refrigerated storage.
Journal of the American Society for Horticultural
Science, v. 97, n. 3, p. 431 - 432, Mar. 1972.
Livro: NOME DOS AUTORES (em caixa alta, separados por ponto-e-vírgula. Independente do número de autores do artigo, todos devem ser relacionados, vedando-se, em
Horticultura Brasileira, o uso de et alli na LITERATURA
CITADA). Título do livro (em Horticultura Brasileira sempre em itálico, vedando-se a utilização de abreviações). Cidade de publicação: editora, ano de publicação. Número total
de páginas. Recue o início de uma eventual segunda linha de
referência até alinhar-se com a terceira letra da linha inicial.
Veja o exemplo:
ALEXOPOULOS, C.J. Introductory mycology. 3 ed. New
York: John Willey, 1979. 632 p.
Capítulo de livro: NOME DOS AUTORES DO CAPÍTULO (em caixa alta, separados por ponto-e-vírgula. Independente do número de autores, todos devem ser relacionados, vedando-se, em Horticultura Brasileira, o uso de et
alli na LITERATURA CITADA). Título do capítulo. In:
NOME DOS EDITORES OU COORDENADORES DO LIHortic. bras., v. 17, n. 2, jul. 1998.
VRO (em caixa alta, separados por ponto-e-vírgula. Independente do número de autores, todos devem ser relacionados,
vedando-se, em Horticultura Brasileira, o uso de et alli na
LITERATURA CITADA). Título do livro (em Horticultura
Brasileira sempre em itálico, vedando-se a utilização de abreviações). Cidade de publicação: editora, ano de publicação.
Páginas inicial e final. Recue o início de uma eventual segunda linha de referência até alinhar-se com a terceira letra da
linha inicial. Veja o exemplo:
ULLSTRUP, A.J. Diseases of corn. In: SPRAGUE, G.F. ed.
Corn and corn improvement. New York: Academic Press,
1955. p. 465 - 536.
Tese: NOME DO AUTOR (em caixa alta). Título da
tese (em Horticultura Brasileira sempre em itálico, vedandose a utilização de abreviações). Cidade de publicação: instituição, ano de publicação. Número total de páginas. (Tese
mestrado ou doutorado). Recue o início de uma eventual segunda linha de referência até alinhar-se com a terceira letra
da linha inicial. Veja o exemplo:
SILVA, C. Herança da resistência à murcha de Phytophthora
em pimentão na fase juvenil. Piracicaba: ESALQ, 71 p.
(Tese mestrado).
Trabalhos apresentados em congressos (quando não
incluídos em periódicos): NOME DOS AUTORES (em caixa alta, separados por ponto-e-vírgula. Independente do número de autores do artigo, todos devem ser relacionados, vedando-se, em Horticultura Brasileira, o uso de et alli na LITERATURA CITADA). Título do trabalho. In: NOME DO
CONGRESSO (em caixa alta, vedando-se, em Horticultura
Brasileira, o uso de abreviações na LITERATURA CITADA),
número do congresso. (seguido de ponto), ano de realização
do congresso, cidade de realização do congresso. Título da
publicação... (Anais...; Proceedings..., etc..., seguido de reticências): Local de edição da publicação: editora ou instituição responsável pela publicação, ano de publicação. Páginas
inicial e final do trabalho. Recue o início de uma eventual
segunda linha de referência até alinhar-se com a terceira letra
da linha inicial. Veja o exemplo:
HIROCE, R; CARVALHO, A.M., BATAGLIA, O.C.; FURLANI, P.R.;
FURLANI, A.M.C.; SANTOS, R.R.; GALLO, J.R. Composição mineral de frutos tropicais na colheita. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
FRUTICULTURA, 4., 1977, Salvador. Anais... Salvador: SBF, 1977. p.
357 - 364.
www site
- Autor(es):
MASSRUHÁ, S.M.F.S.; MANCINI, A.L.; MEIRA, C.A.A.; MÁXiMO, F.A.;
FILETO, R.; PASSOS, S.L.Z.
Quando o site não indicar autoria, entrar pelo título
(ver exemplo 2).
- Título: indica-se o título do documento consultado
Ambiente de desenvolvimento de software para o domínio de administração rural.
- Fonte (location, site ou host): indica-se, em itálico e
na língua do texto, o nome do site onde o documento
está armazenado, seguido da data, entre parênteses,
em que o mesmo tomou-se disponível na lntemet.
81
Disponível: site Agrosoft (07 fev. 1996)
Disponível: Middlebuty College site (Feb. 7, 1996)
URL: indica-se o endereço completo do site, precedido da sigla URL.
URL:http:/Awww.agrosoft.com/agroport/docs95/
doc10.htm
- Notas: data de consulta - indica-se, na língua portuguesa, a data em que a consulta foi efetuada.
Consultado em 12 fev. 1996.
Exemplo 1
MASSRUHÁ, S.M.F.S.; MANCINI, A.L.; MEIRA, C.A.A.; MÁXIMO, F.A.;
FILETO, R.; PASSOS, S.L.Z. Ambiente de desenvolvimento de
software para o domínio de administração rural. Disponível:
site
Agrosoft (07 fev. 1996). URL: http://www.agrosoft.com/agroport/docs95/
doc10.htm Consultado em 12 fev.1996.
Exemplo 2
MARY Cassatt biographical sketch and paintings. Disponível: WebMuseum
Paris site (1994). URL: http://www.oir.ucf.edu/louvre/paintauth/cassat
Consultado em 10 abr. 1995.
www page
- Autor(es): indica-se o(s) nome(s) do(s) autor(es) e
em sua ausência, entra-se pelo título
- Título: indica-se o título do documento consultado
- Fonte (location, site ou host): indica-se, em itálico e
na língua do texto, o nome do site onde o documento
está armazenado, seguido da data, entre parênteses,
em que o mesmo tomou-se disponível na intemet
- Disponível: site EMBRAPA (25 set. 1995)
- Endereço URL:http:/www.hortbras.com.br/resumos_ dos_artigos.htm
- Notas: indica-se na língua portuquesa, a data em que
a consulta foi efetuada
Horticultura Brasileira. Resumos dos artigos (10 nov. 1998). URL: http://
www.hortibras.com.br/resumos_dos_artigos.htm. consultado em 19 nov.
1999.
FTP (file transfer protocol)
Citação de arquivo disponível para transferência, atra
vés do serviço ftp.
- Autor(es), quando conhecidos indica-se o(s) autor(es)
BRUCKMAN, A.
- Título: indica-se o nome completo do documento,
em itálico
Approaches to managing deviant behavior in virtual
communities.
- Fonte: URL ou endereço do site ftp - indica-se o en
dereço completo do site
URL: ftp.media.mit.edu pub/asb/papers/deviancechi94
ou
ftp: ftp.media.mit edu pub/asb/papers/deviance-chi94
- Notas: data de acesso - indica-se, na língua portu
guesa, a data em que a consulta foi efetuada. Consul
tado em 4 dez. 1994.
BRUCKMAN, A. Approaches to managing deviant behavior in virtual
communities. ftp.media.mit edu pub/asb/papers/deviance-chi94 Consultado em 4 dez. 1994.
82
Mensagem pessoal
Documentos originados do correio eletrônico
- Autoria: indica-se o nome do autor
FERREIRA, S.M.S.
- Assunto: indica-se o assunto, em itálico, no campo
correspondente ao título, utilizando as informações con
tidas na linha de assunto do e-mail.
Notícias
- Fonte: endereço - indica-se o endereço eletrônico do
autor (o endereço pessoal poderá ser omitido, indicando em seu lugar o endereço da lista da qual o autor é
assinante).
smferrei@spider. usp.br
indicação do tipo da mensagem - Mensagem pessoal
- Notas: data da mensagem enviada
14 maio 1996
FERREIRA, S.M.S. Notícias. [email protected]. Mensagem pessoal.
14 mai 1996
Artigos de periódico (em CD-ROM e na lnternet)
- Autoria.
- Título do artigo.
- Título do periódico, por extenso, com iniciais maiúsculas.
- Local de publicação, se houver.
- Número do volume e fascículo e, se houver, o nome
da seção.
- Páginas (inicial e final) do artigo, ou número parágrafos (quando não apresentar paginação).
- Data.
- Endereço/protocolo (quando se tratar de documento
disponível na intemet).
- Indicação do tipo de mídia.
- Data de acesso: indica-se, na língua portuguesa, a
data em que a consulta foi efetuada, apenas quando se
tratar de documentos disponível na lntemet.
Exemplos:
BARTSCH, S. Actors in the audience. Bryn Mawr Classícal Revíew, v.3, n.2,
10 par., 1995. Disponível: gopher:gopher. lib.virginia.edu:7OlOOIalpha/
bmrciv95195-3-2 Consultado em 07 ago 1996.
WENTWORTH, E.P. Pitfalls of conservative garbage collection. Software - Practice
& Experience, v.20, n.7, p.719-727, July 1990. CD-ROM. SP & E archive.
Eventos Científicos Considerados em parte (em
CD-ROM)
- Autoria
- Título e subtítulo da parte
- Nome do evento
- Número do evento
- Data e local de realização
- Título e subtítulo do evento
- Local de edição
- Editor
- Ano de publicação
- Páginas (inicial ou final) ou número de parágrafos
(quando não apresentar paginação)
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
- Indicação do tipo de mídia
CARRILHO, J. Z.; SOARES, J. V.; VALÉRIO FILHO, M. Detecção automática de mudanças como recurso auxiliar no monitoramento da cobertura do terreno. ln: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO
REMOTO, 8., 1996, Salvador. Anais. São Paulo: INPE / Sociedade Latino-Americana de Sensoriamento Remoto e Sistemas de lnforrnações Espaciais, 1996.26 par. CD-ROM. Seção artigos.
h) A citação de resumos apresentados em congressos deve
ser limitada a no máximo 20% do total de referências, exceto no
caso de assuntos onde não há literatura em quantidade razoável;
i) A citação de trabalhos com mais de dez anos de idade
deve ser limitada a no máximo 50% do total de referências,
exceto no caso de assuntos onde não há literatura em quantidade razoável;
j) Somente deverão ser incluídas tabelas e figuras que
apresentem dados relevantes à interpretação do assunto e que
não possam ser apresentados em poucas linhas de texto. Dados apresentados em figuras não devem ser apresentados novamente em tabelas e vice-versa. As tabelas e figuras devem
ser apresentadas ao final do artigo, uma por página, com numeração consecutiva;
k) Utilize o padrão da revista para títulos de tabelas,
rodapés e legendas, indicando no título ou legenda, nesta ordem: local, instituição e ano de realização do trabalho. Tabelas e figuras devem ser sempre autoexplicativas, ou seja, o
leitor deve entender o que está sendo demonstrado, sem ser
necessário que consulte o texto. As tabelas devem ser configuradas no padrão SIMPLES do processador de textos Word,
ou similar. Linhas verticais não são utilizadas e linhas horizontais devem aparecer somente entre o título e o corpo da
tabela; entre o cabeçalho e o conteúdo da tabela e, quando for
o caso, entre o conteúdo da tabela e a última linha;
l) Ao longo do texto, as fórmulas químicas devem ser
indicadas de acordo com a nomenclatura adotada pela
Chemical Society (Journal of the Chemical Society, p. 1067,
publicado em 1939). Em tabelas, as fórmulas químicas devem ser apresentadas no rodapé;
m) No caso de agrotóxicos é vedada a utilização de nomes comerciais. Deve ser utilizado o nome técnico ou a referência ao princípio ativo;
n) No caso do trabalho conter fotografias, a Comissão
Editorial deve ser consultada. No caso de fotografias coloridas, os autores devem cobrir os custos adicionais.
4. ECONOMIA E EXTENSÃO RURAL: trabalho na
área de economia aplicada ou extensão rural, tendo forma
livre porém devendo atender obrigatoriamente às alíneas (a),
(b), (c), (d), (f), (g), (h) e (i) de PESQUISA, além de apresentar resumo, palavras-chave, abstract, título em inglês e key
words (observe instruções na alínea (e) de PESQUISA). Caso
haja co-autores, é obrigatória a sua anuência à publicação.
Caso haja tabelas, figuras, fórmulas químicas, referências a
agrotóxicos ou inclusão de fotografias, obedecer as alíneas
(j), (k), (l), (m) e (n) de PESQUISA.
5. PÁGINA DO HORTICULTOR: Comunicação ou
nota científica, passível de utilização imediata pelo horticultor.
Observar o mesmo padrão de PESQUISA.
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
6. INSUMOS E CULTIVARES EM TESTE: comunicação ou nota científica relatando ensaio com agrotóxicos,
fertilizantes ou cultivares, tendo forma livre, mas devendo
obedecer, obrigatoriamente as alíneas (a), (b), (c) e (d) de
PESQUISA e, quando aplicável, as alíneas (f), (g), (h) e (i)
de PESQUISA, além de apresentar resumo, palavras-chave,
abstract, título em inglês e keywords (observe instruções na
alínea (e) de PESQUISA). Caso haja co-autores, é obrigatória
a sua anuência à publicação. Caso haja tabelas, figuras, fórmulas químicas, referências a agrotóxicos ou inclusão de fotografias, obedecer as alíneas (j), (k), (l), (m) e (n) de PESQUISA.
7. NOVA CULTIVAR: Comunicação relatando o registro de nova cultivar, tendo forma livre, mas devendo obedecer, obrigatoriamente as alíneas (a), (b), (c) e (d) de PESQUISA e, quando aplicável, as alíneas (f), (g), (h) e (i) de PESQUISA, além de apresentar resumo, palavras-chave, abstract,
título em inglês e keywords (observe instruções na alínea (e)
de PESQUISA). Caso haja co-autores, é obrigatória a sua
anuência à publicação. Caso haja tabelas, figuras, fórmulas
químicas, referências a agrotóxicos ou inclusão de fotografias, obedecer as alíneas (j), (k), (l), (m) e (n) de PESQUISA.
8. EXPEDIENTE: seção destinada à comunicação entre os leitores e a Comissão Editorial e vice-versa, na forma
de breves avisos, sugestões e críticas. O texto não deve exceder 300 palavras (1.200 caracteres) e deve ser enviado em
duas cópias devidamente assinadas, acompanhadas de
disquete e indicação de que o texto se destina à seção
Expediente. Por questões de espaço, nem todas as notas recebidas poderão ser publicadas e algumas poderão ser publicadas
apenas parcialmente.
9. Trabalhos que não atendam às alíneas (a), (h) e (i) de
PESQUISA não serão aceitos.
10. Trabalhos que não atendam às alíneas (b), (d), (e), (f),
(g), (j), (k), (l), (m) de PESQUISA serão devolvidos aos autores para que sejam adequados sem serem registrados na
secretaria da revista.
11. Trabalhos que não atendam à alínea (c) de PESQUISA permanecerão na secretaria da revista, com processo de
tramitação suspenso, por 90 dias a contar da data constante
no aviso de recebimento do trabalho enviada aos autores pela
Comissão Editorial. Findo esse prazo, caso as indicações contidas na referida alínea não tenham sido atendidas pelos autores, os originais dos trabalhos serão destruídos e o trabalho
será excluído dos registros da secretaria da revista.
III. Os manuscritos submetidos à publicação nas seções
PESQUISA e ECONOMIA e EXTENSÃO RURAL serão
apreciados por no mínimo dois assessores ad hoc, especialistas no tema do artigo apresentado, que darão parecer sobre a
conveniência de sua publicação do trabalho, com base na
qualidade técnica do trabalho e do texto. Os artigos submetidos à publicação nas demais seções, a critério da Comissão
Editorial, podem também ser apreciados por assessores ad
hoc. Ao seu critério, os assessores ad hoc poderão sempre
que consultados indicar alterações que adequem o artigo ao
padrão de publicação da revista.
83
IV. Em caso de dúvidas, consulte a Comissão Editorial
ou verifique os padrões de publicação em Horticultura Brasileira, v. 14 em diante.
V. Os casos omissos serão decididos pela Comissão Editorial. Se necessário, modificações nas normas de publicação
serão feitas posteriormente.
VI. Os originais devem ser enviados para:
Horticultura Brasileira
C. Postal 190
70.359-970 Brasília - DF
Tel.: (061) 385.9051 / 385.9000
Fax: (061) 556.5744
E.mail: [email protected]
84
VII. Assuntos relacionados a mudança de endereço,
filiação à Sociedade de Olericultura do Brasil - SOB, pagamento de anuidade, devem ser encaminhados à diretoria da
SOB, no seguinte endereço:
UNESP - FCA
C. Postal 237
18.603-970 Botucatu - SP
Tel: (014) 820 7172
Fax: (014) 821 3438
Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000.
tomate expressando resistência a
Xanthomonas vesicatoria.
Biotecnologia e transgênicos
Os avanços na área de biotecnologia iniciaram-se a partir de
1953, quando Watson & Crick, demonstraram o modelo da estrutura da
molécula do DNA, permitindo desvendar a universalidade do código
genético. Na década de setenta, após
o isolamento e caracterização das
primeiras enzimas de restrição, uma
nova disciplina – a Engenharia Genética – tomou impulso. Desde então, a
tecnologia de DNA recombinante vem
ocupando um lugar de destaque entre
as estratégias disponíveis para o
melhoramento genético de plantas e
animais. Experimentos clássicos
(incluindo a expressão do gene da
insulina humana na bactéria Escherichia coli), indicaram, desde muito
cedo, as incalculáveis possibilidades
do emprego direto da biotecnologia na
área da saúde. Novas e significantes
contribuições incluíram conhecimentos detalhados sobre a estrutura e
expressão gênica em diversos organismos, bem como a produção de
proteínas não bacterianas em células
bacterianas, terapia gênica e o desenvolvimento de animais e plantas com
fenótipos até então inimagináveis.
O desenvolvimento de hortaliças mais produtivas e com maior
qualidade nutricional constitui um
desafio para a nossa comunidade
científica. A viabilidade econômica
dessas culturas depende, em grande
parte, da redução das perdas advindas
do ataque de pragas, doenças, competição com ervas daninhas, bem como,
de perdas decorrentes de fatores
abióticos. Em sistemas altamente coevoluídos, como os observados nas
relações plantas-patógenos, a introgressão de genes de resistência entre
plantas geneticamente distantes (por
exemplo entre diferentes gêneros) tem
sido uma realidade. Um exemplo
importante foi o isolamento do gene
Bs2 de Capsicum chacoense e a
obtenção de plantas transgênicas de
A produção de organismos
geneticamente modificados (OGM)
está sendo uma estratégia com resultados satisfatórios para produção de
plantas resistentes a fatores bióticos e
abióticos que limitam a produtividade,
bem como de alimentos com maior
valor nutricional. Além disso, plantas
transgênicas podem ser utilizadas como
biorreatores para produção de mo léculas de interesse farmacológico.
Exemplos dessa estratégia são os
estudos que estão em andamento para
produção da vacina contra cólera,
hepatite e HIV. É um novo paradigma
científico que está se iniciando.
Até 1997, mais de 40 espécies
cultivadas transgênicas tinham sido
aprovados para comercialização em
vários países, dentre os quais incluemse: a batata, com resistência a insetos;
o tomate com maior período póscolheita; a abóbora com resistência a
vírus; e a canola com resistência a
herbicida. Os países em desenvolvimento só têm a ganhar com a
utilização dessas novas tecnologias,
quando acopladas a um sistema
multidisciplinar visando o melhoramento genético. A qualificação de
profissionais nessa área é essencial
para formação de competência.
Para parte da opinião pública
essa nova tecnologia tem sido vista
como uma afronta à ordem natural das
coisas. Daí, rotularem os transgênicos
de “antinaturais”. Entretanto, o me canismo da transgênese é um reflexo do
que acontece na natureza, ou seja, a
interação entre as plantas e a bactéria
de solo Agrobacterium tumefaciens.
Portanto, a transferência de genes entre
reino diferentes vem ocorrendo há
milhões de anos.
No Brasil, trabalhos pioneiros
em transformação genética de hortaliças, estão sendo desenvolvidos, em
parceria, pela Embrapa Hortaliças,
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e a Universidade Federal de
Pelotas. Clones transgênicos de batata
“Achat”, resistentes ao virus Y da
batata (PVY), foram desenvolvidos
mediante a expressão do gene que
codifica a proteína da capa proteíca.
Em casa-de-vegetação esses clones
mantiveram o padrão de resistência
quando desafiados por inoculação
mecânica. Atualmente, esses clones
estão sendo avaliados em campo.
Antonio Carlos Torres e Leonardo S.
Boiteux, Pesquisadores da Embrapa
Hortaliças.
Foto da capa: Arquivo Embrapa
Hortaliças.
Nossa Capa:
Expressão do gene gus em plantas transgênicas de alface
e batata
Foto Centro:
Corte transversal de segmento de caule de batata
mostrando a expressão do gene gus (azul) localizado no
sistema vascular
Foto Superior esquerda:
Segregação da geração R0 em sementes de alface
mostrando o controle (ausência de coloração) e a expressão
do gene gus (azul)
Foto Superior direita:
Brácteas de alface mostrando expressão do gene gus (azul)
e controle (ausência de coloração)
Foto Inferior esquerda:
Calo de alface mostrando a expressão localizada do gene
gus (azul)
Foto Inferior direita:
Folha de alface mostrando a expressão do gene gus (azul)
A revista Horticultura Brasileira é indexada
pelo CAB, AGROBASE, AGRIS/FAO,
TROPAG e sumários eletrônicos/IBICT.
Programa de apoio a publicações científicas
Horticultura Brasileira, v. 1 nº1, 1983 - Brasília, Sociedade de
Olericultura do Brasil, 1983
Quadrimestral
Títulos anteriores: V. 1-3, 1961-1963, Olericultura.
V. 4-18, 1964-1981, Revista de Olericultura.
Não foram publicados os v. 5, 1965; 7-9, 1967-1969.
Periodicidade até 1981: Anual.
de 1982 a 1989: Semestral
a partir de 1999: Quadrimestral
1. Horticultura - Periódicos. 2. Olericultura - Periódicos.
I. Sociedade de Olericultura do Brasil.
CDD 635.05
Tiragem: 1.000 exemplares
Download