Atuação do fisioterapeuta no paciente AVE no

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Atuação do fisioterapeuta no paciente AVE no ambiente familiar
Ronny Michel da Silva Figueiredo1
[email protected]
Dayana Priscilla Maia Mejia2
Pós-graduação em Fisioterapia Hospitalar– FASAM
Resumo
O acidente vascular encefálico (AVE) é uma das maiores causas de sequelas permanentes que
geram incapacidade funcional do individuo. Esses pacientes apresentam dificuldade para
realizar as atividades de vida diária (AVD), tornando-se dependentes, necessitando assim de um
cuidador para auxiliar nas tarefas do dia a dia. Visto isso, esse artigo foi de cunho
bibliográfico, onde destacamos a importância da atuação do profissional da fisioterapia no
atendimento ao paciente com Acidente Vascular Encefálico - AVE no ambiente familiar, e as
finalidades da fisioterapia na reabilitação de pacientes portadores de doenças neurológicas
crônicas é alcançar maior grau de independência. Levando em conta que a fisioterapia
domiciliar é uma prática que vem crescendo muito em diversos países, como o Brasil, e a
proximidade do profissional ao ambiente familiar-domiciliar proporciona, além dos cuidados
diretos no tratamento da doença, uma visão do contexto familiar, especificamente às
barreiras ambientais e relacionais na prevenção de agravos à saúde do ser cuidado e da
família, unidade de cuidados domiciliares. Está dividido em quatro capítulos, destacamos a
reabilitação do paciente que sofreu AVC, e suas consequências; e também a importância da
fisioterapia nesse contexto, desde a assistência familiar às políticas públicas que o Brasil vem
traçando para o processo de atendimento domiciliar.
Palavras-chave: Fisioterapia; AVC; Atendimento Domiciliar.
1. Introdução
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde - OMS, em 2012, anualmente, 15 (quinze)
milhões de pessoas no mundo sofrem um Acidente Vascular Encefálico (AVE), sendo que a
incidência aumenta drasticamente com a idade, representando a terceira causa de óbito no
mundo e a primeira no Brasil.
O Acidente Vascular Encefálico (AVE) é uma disfunção neurológica aguda que ocorre devido
a um distúrbio da circulação encefálica, obtendo como consequência sinais e sintomas que
comprometem locais específicos do cérebro, caracteriza-se pela persistência dos déficits
neurológicos por mais de 24 horas (O`SULLIVAN, 2004).
São inúmeras as possíveis alterações que podem ocorrer em um indivíduo vítima de AVE,
como alteração no nível de consciência e comprometimentos nas funções sensoriais, motoras,
cognição, percepção e linguagem (O`SULLIVAN, 2004). De acordo com a extensão e o local
da lesão este quadro clínico é variável, tornando ou não o paciente em dependência parcial ou
total, devido ao grau de incapacidade funcional (GARANHANI, 2010).
Hipertensão, cardiopatias e diabetes, são os principais fatores de risco de AVE. É uma
patologia possível de prevenção, sendo seus fatores de riscos modificáveis, com a regulagem
da pressão arterial, controle de colesterol e lipídios, o ato de parar de fumar, realização de
atividade física regular, existe, porém, os fatores de risco não modificáveis como
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Graduando em Fisioterapia Hospitalar
Orientadora amiga
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envelhecimento, hereditariedade, sexo masculino. Quanto maior o número de fatores de risco,
maior a chance de o individuo sofrer um AVE (O`SULLIVAN, 2004).
A fisioterapia domiciliar é uma prática que vem crescendo muito em diversos países, como o
Brasil. São diversos os motivos que levam o paciente ou sua família a optar pelo serviço de
fisioterapia domiciliar, em vez do atendimento convencional em uma clínica de fisioterapia,
sendo esses motivos desde uma incapacidade físico-funcional, como uma restrição ao leito,
até a comodidade e praticidade desse tipo de atendimento.
O paciente não terá que se locomover até a clínica, tendo muitas vezes que enfrentar trânsito e
congestionamento, e poderá escolher o melhor horário para o atendimento no conforto de sua
residência, com a sua família, local onde se sente mais seguro e à vontade, fatores que
influenciam positivamente no tratamento. Há ainda casos em que o paciente encontra-se
restrito ao leito, condição que exige da família maiores demandas de trabalho para o seu
deslocamento ao atendimento fisioterapêutico em uma clínica. Ou ainda em outros casos de
reabilitação de pacientes com restrições motoras, que necessitam de intervenções diárias para
estar aptos ao retorno às atividades da vida diária (AVDs). A ação dos cuidados
fisioterapêuticos mostra-se como ferramenta de excelência.
Destaca-se, no entanto, que tal proximidade do profissional ao ambiente familiar-domiciliar
proporciona, além dos cuidados diretos no tratamento da doença, uma visão do contexto
familiar, especificamente às barreiras ambientais e relacionais na prevenção de agravos à
saúde do ser cuidado e da família, unidade de cuidados domiciliares. Nesse enlace de
cuidados, o fisioterapeuta vislumbra o conhecer o ambiente em que vive o paciente, tornando
mais fácil fazer o treino de AVDs e instruí-lo quanto às suas limitações, de modo a
proporcionar melhora na adaptação à realidade experienciada nesse momento de fragilidade
da saúde.
Este artigo tem como objetivo destacar a importância da Atuação do fisioterapeuta no
paciente AVE no ambiente familiar, evidenciando as finalidades da fisioterapia na
reabilitação de pacientes portadores de doenças neurológicas crônicas é alcançar maior grau
de independência. A motivação do paciente e a aceitação no que diz respeito às alterações do
seu estilo de vida são fatores relevantes para o sucesso da reabilitação (na prática como
acontece o atendimento do fisioterapeuta no ambiente domiciliar, levantando questões e
problemáticas que em suma podem gerar dúvidas no atendimento. Demonstraremos assim
características do atendimento fisioterápico em domicílio mostrando o que pode e o que não
pode ser feito no atendimento domiciliar tendo como base o código de ética.
2. Em que consiste a reabilitação após o AVC?
A reabilitação pretende capacitar os indivíduos com défice para melhorarem funções
físicas, intelectuais, psicológicas e/ou sociais. Compreende todo um programa durante o qual
o doente progride para, ou mantém, o máximo grau de independência que é capaz.
De acordo com a National Stroke Association:
 10% dos sobreviventes recuperam quase integralmente;
 25% recuperam com sequelas mínimas;
 40% apresentam incapacidade moderada a grave que necessita de acompanhamento
específico;
 10% necessitam de tratamento a longo prazo numa unidade especializada;
 15% morrem pouco depois do episódio;
 14% dos sobreviventes têm um segundo episódio ainda durante o 1º ano.
Através do processo de reabilitação o doente de AVC pode readquirir capacidades e também
aprender novas formas de realizar determinadas tarefas e compensar por qualquer disfunção
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residual. Existe um forte consenso entre os especialistas que o elemento mais importante em
qualquer programa de reabilitação é a prática direta, bem orientada e repetitiva.
O processo de reabilitação envolve seis parâmetros principais:
1. Prevenção, reconhecimento e gestão das complicações e comorbilidades;
2. Terapia para o máximo de independência;
3. Facilitar ao máximo a capacidade do indivíduo e da família de lidar com a situação e
se adaptarem;
4. Prevenção do déficit secundário através da promoção da reintegração social, incluindo
o acompanhamento do regresso a casa, da família e atividades recreacionais e
vocacionais;
5. Reforço da qualidade de vida tendo em conta o déficit residual;
6. Prevenção de um segundo AVC ou outros eventos vasculares, como o enfarte agudo
do miocárdio, que ocorrem mais frequentemente nesta população.
Logo que a situação clínica do doente se estabiliza é possível então começar a desenvolver
esforços na sua recuperação funcional. A primeira etapa concentra-se em promover a
independência motora, dado que muitos deles se encontram seriamente limitados ou mesmo
paralisados. Os doentes são solicitados a realizar todo um conjunto de exercícios amplos
passivos ou representa o primeiro passo no sentido da independência funcional.
Para alguns doentes, a reabilitação constituirá um processo contínuo de aquisição,
manutenção e aperfeiçoamento de capacidades e poderá envolver a participação de diferentes
profissionais, com intervenção na comunidade durante meses ou anos após o Acidente
Vascular Cerebral.
3. Que consequências podem resultar do AVC?
Geralmente o AVC pode cursar com cinco tipos principais de déficit: paralisia e alterações da
motricidade, alterações sensoriais, alterações da comunicação, alterações cognitivas e
distúrbios emocionais.
I. Paralisia e alterações da motricidade
Segundo a European Stroke Organisation - ESO (2008), "a paralisia é uma das disfunções
mais comuns. Ocorre no lado contralateral à região do cérebro afetada, envolvendo parte ou
mesmo toda a metade do corpo e podendo ser total (hemiplegia) ou parcial (hemiparesia).
Podemos ter também problemas de equilíbrio e/ou coordenação (ataxia) quando o cerebelo é
afetado".
Logo após um AVC, o hemicorpo afetado apresenta hipotonia, isto é, o tônus é muito baixo
para iniciar qualquer movimento, não apresenta resistência ao movimento passivo e o
indivíduo não consegue manter o membro em nenhuma posição, principalmente durante as
primeiras semanas. É frequente nestes casos, com o passar do tempo, a substituição de um
quadro de hipotonia por hipertonia, em que há um aumento da resistência ao movimento
passivo. A espasticidade tende a aumentar gradualmente nos primeiros 18 meses com os
esforços e atividades desenvolvidas pelo indivíduo. Pode levar a complicações secundárias
como contratura dos músculos e articulações, dor e distúrbios funcionais, com posturas
anormais e movimentos estereotipados. Exercícios passivos são fundamentais para prevenir
esta condição. Pode-se ainda recorrer a drogas antispásticas, toxina botulínica ou mesmo
cirurgia.
II. Alterações sensoriais
Pode existir diminuição ou abolição da sensibilidade superficial (táctil, térmica e dolorosa), o
que contribui para o risco de auto-lesões e, por outro lado, outros doentes podem experienciar
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parestesias, sensações cutâneas subjetivas na ausência de estímulo (frio, calor, formigueiro,
pressão).
São bastante frequentes distúrbios do campo visual sendo o mais comum a hemianopsia.
Para Silva (2010, p.10), "os doentes frequentemente apresentam uma variedade de síndromes
de dor crônica resultantes da lesão do sistema nervoso (dor neuropática)". Segundo ele, é
comum experienciar dor moderada a intensa com irradiação para o ombro em membros
paralisados – ombro doloroso. O ombro doloroso contribui para recuperação diminuída do
membro superior, depressão, privação de sono e pode estar associado a um pior prognóstico.
Até 72% dos doentes irão experienciar pelo menos 1 episódio de dor durante o primeiro ano
após o AVC. A mobilização passiva do membro parético pode ter um caráter preventivo.
Entre as opções de tratamento temos a estimulação elétrica funcional, sessões de relaxamento,
talas e os suportes.
Outra manifestação pode resultar da lesão das vias sensoriais no cérebro, provocando a
transmissão de falsos estímulos que cursam com a experiência de dor no lado afetado (central
post stroke pain). É uma síndrome dolorosa que afeta 2 a 6% dos doentes e no seu tratamento
utilizam-se antidepressivos tricíclicos, nomeadamente a amitriptilina, e a estimulação elétrica
funcional.
A incontinência urinária é comum após o AVC, particularmente nos doentes mais idosos,
mais incapacitados e com maior deterioração cognitiva. Aproximadamente metade apresenta
incontinência quando da admissão e 20% mantém após os 6 meses. Resulta muitas vezes da
combinação de déficit motores e sensoriais ou até devido à falta de mobilidade e é um forte
preditivo de mau prognóstico funcional. Por sua vez, a incontinência fecal geralmente
resolve-se em 2 semanas na maioria dos doentes. Obstipação e impactação fecal são mais
comuns que a incontinência, com vários fatores predisponentes como a imobilidade e
inatividade, ingestão inadequada de comida e líquidos, depressão ou ansiedade, déficits
cognitivos e lesão neurológica.
III. Alterações da comunicação
Segundo Pedersen et al (In Silva, 2010, p. 15), a proporção de doentes a demonstrar afasia na
avaliação inicial é de 38% e 19% continuam a manifestar alterações aos 6 meses.
A afasia está geralmente associada à lesão do hemisfério dominante. A lesão da Área de
Broca provoca afasia expressiva, com dificuldade em formar frases gramaticalmente corretas
e coerentes. Por outro lado, a lesão da Área de Wernicke cursa com afasia receptiva,
dificuldade na compreensão e discurso incoerente. Apesar de elaborarem frases
gramaticalmente corretas, estas são destituídas de significado. Quando todos os parâmetros
são afetados temos afasia global. Uma forma de afasia menos grave é a afasia amnésica,
relativamente subtil, onde o doente esquece grupos de palavras inter-relacionados, como
nomes de pessoas ou objetos.
Déficits de comunicação mais sutis, afetando a interação, comunicação não verbal ou
informação inferida, podem ser observados após lesão do hemisfério não dominante.
O doente pode ainda ter disartria, que consiste na perturbação motora dos órgãos da fonação,
com uma incidência de 20 a 30%.
IV. Alterações da cognição
As alterações cognitivas podem ser gerais (processamento mais lento da informação), ou
pode ocorrer num domínio específico (orientação, atenção, memória, visão espacial e
construtiva, flexibilidade mental, planejamento e organização, linguagem). Alguns doentes
podem ter dificuldades de raciocínio e perder a capacidade de fazer planos, compreender
significados, fazer novas aprendizagens, ou enveredar por outras atividades mentais
complexas.
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A memória pode ser afetada de diversas formas. Os doentes podem ter dificuldade em
aprender novos conceitos ou habilidades e em lembrar ou recuperar essa informação. A
memória prospectiva também pode estar prejudicada.
A apraxia e a agnosia são outros dos distúrbios frequentes. A primeira consiste na
incapacidade de programar uma sequência de movimentos, apesar das funções motora e
sensorial estarem aparentemente preservadas. Os doentes podem realizar ações
automaticamente, mas não de forma voluntária. A agnosia consiste na incapacidade de
reconhecer objetos familiares e de lhes dar uma função, ainda que os órgãos sensoriais não
estejam lesados. A anosognosia consiste na incapacidade de reconhecer as limitações físicas
resultantes do AVC.
Poderão igualmente surgir alterações a nível da imagem e esquema corporal, onde se incluem
o neglect unilateral (incapacidade de responder a objetos ou estímulos sensoriais de uma
metade corporal, geralmente o lado afetado).
Alterações da função executiva também se podem verificar, particularmente quando os lobos
frontais são afetados. As funções executivas têm um papel organizador na iniciação e inibição
do comportamento. A capacidade de planear, resolver problemas e autoavaliação também
podem estar prejudicadas, com repercussões no comportamento social.
A recuperação ocorre, mas déficits residuais podem permanecer por longo período de tempo e
estão associados a um progresso mais lento na reabilitação.
V. Distúrbios emocionais
Muitos dos doentes sentem medo, ansiedade, frustração, raiva, tristeza e uma enorme mágoa
pelas suas perdas físicas e psicológicas, sentimentos esses que representam até certo nível
uma resposta normal ao trauma psicológico do evento. Por outro lado, a própria lesão de
estruturas cerebrais também pode contribuir e ser responsável por algumas das alterações
emocionais e de personalidade.
A depressão representa o distúrbio emocional mais comummente vivenciado tendo sido
descrita em até 1/3 dos doentes de AVC. Surge como um sentimento de desesperança que
provoca a ruptura do indivíduo para funcionar. Distúrbios do sono, alterações na alimentação
com excessivo e súbito aumento ou perda de peso, letargia, falta de motivação, isolamento
social, cansaço, auto-aversão e ideias suicidas são alguns dos sinais que podem indiciar
depressão.
A depressão está associada a déficits cognitivos mais graves, torna mais difícil a reabilitação e
aumenta o risco de mobilidade e mortalidade.
A ansiedade pode ser provocada por situações, como medo de cair durante a transferência ou
de conviver com pessoas, ou pode ser um transtorno generalizado e não relacionado com um
fator desencadeante específico. Pode ainda estar associada ao stress pós-traumático. O
impacto na função varia de acordo com a gravidade.
Emocionalismo ou habilidade emocional representa uma falta de controle sobre as emoções,
resultando em grande tendência para rir ou chorar. Estes sintomas tendem a melhorar com o
tempo.
4. A importância da fisioterapia
A fisioterapia centra-se na análise e avaliação do movimento e da postura, baseadas na
estrutura e função do corpo, utilizando modalidades educativas e terapêuticas específicas, com
base essencialmente no movimento, nas terapias manipulativas e meios físicos e naturais,
com a finalidade de promoção da saúde e prevenção da doença, da deficiência, da
incapacidade e da inadaptação e de tratar, habilitar ou reabilitar, indivíduos com disfunções de
natureza física, mental, de desenvolvimento ou outras, incluindo a dor, com o objetivo de os
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ajudar a atingir a máxima funcionalidade e qualidade de vida (decreto-lei nº 261/93 de 24 de
Julho).
Conforme Paula e Pontes (2009, p. 65)," a fisioterapia tem procurado se integrar aos
programas desenvolvidos pela secretaria municipal de saúde atuando em modelos de
assistência eficazes para a promoção de saúde, reabilitação e redução de incapacidades".
De forma geral, pode-se dizer que o fisioterapeuta domiciliar avalia e trata problemas
relacionados a movimentos, equilíbrio e coordenação, elabora objetivos do tratamento
juntamente com a família e o paciente, mantendo informada a equipe de saúde. O objetivo
geral da fisioterapia é tornar o paciente o mais independente possível . Os programas de
condutas são elaborados com técnicas e métodos variados de acordo com a necessidade de
cada paciente e afinidade do fisioterapeuta (SGUILLA, 2004, p. 18).
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (2003), a motivação do paciente e o apoio
da família influenciam a reabilitação. Em virtude disso o fisioterapeuta deve ter a família do
paciente como um recurso para a reabilitação nos atendimentos domiciliares.
4.1 As políticas públicas e a fisioterapia
As políticas de saúde no Brasil sofreram modificações essenciais que evoluíram para a
consolidação de um modelo de saúde voltado a atender as necessidades da população, em
geral. Desempenhou um papel importante na constituição e estabilização da ordem
sociopolítica brasileira contribuindo para mudar a tendência de concentração de poder e
exclusão da população menos privilegiada dos processos de decisão econômica e política.
Em consequência da globalização e da instalação de uma economia gerenciada por setores
externos, a necessidade de implantação de mecanismos que regulem a economia e a vida
política, social e as condições da qualidade de vida da população se tornam fundamentais,
sendo que a parcela mais atingida com o novo modelo econômico e as políticas publicas é a
população menos privilegiadas, que precisa de políticas assistenciais que visam melhor
qualidade de vida .
Desde que a saúde no país foi instituída como um direito de todos e um dever do Estado e
operada por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), que os gestores deste sistema vêm
atribuindo ênfase à mudança do modelo de atenção à saúde, priorizando o nível de atenção
básica, essa nova proposta, teve início em 1994, com a operacionalização do PSF,
incorporando a experiência anterior do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS).
A proposta Saúde da Família , é uma estratégia político-governamental para a mudança do
modelo de atenção à saúde no contexto do SUS. O PSF enquanto programa de ações
primárias e relacionadas a visitas domiciliares é um modelo que continua sendo ajustado aos
moldes de promoção da saúde, através do engajamento da intersetorialidade e da
interdisciplinaridade. E no âmbito da saúde tem características para alavancar o SUS a fim de
alcançar saúde para todos.
Os objetivos e características do PSF refere-se a reorganização da prática assistencial em
novas bases e critérios, em substituição ao modelo tradicional de assistência, orientado para a
cura de doenças no hospital e voltado para o interesse dos gigantes do sistema. A atenção está
centrada na família, entendida e percebida a partir do seu ambiente físico e social. Há
alteração das práticas convencionais de assistência por um novo processo de trabalho,
concentrado na vigilância à saúde e incorporação do território enquanto espaço de
abrangência definida.
Os profissionais da equipe do PSF, segundo o Ministério da Saúde, precisam ser capazes de
atuar com criatividade e senso crítico, mediante uma prática humanizada, competente, que
envolva ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde. Deve ser capaz de planejar,
organizar, desenvolver e avaliar ações que respondam às necessidades da comunidade,
articulando os diversos setores envolvidos na Promoção da Saúde. O PSF como modelo dessa
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nova realidade desenvolve programas e ações de controle que atendem a toda população.
Dentre as ações em saúde desenvolvidas, destacam-se as ações na saúde da criança, na saúde
do idoso e na saúde da mulher, assim como o controle do diabetes e da hipertensão.
O controle da hipertensão tem como objetivo reduzir a incidência de complicações, reduzir o
número de internamentos e custos hospitalares, através de prevenção e controle da doença,
evitando assim consequências graves a saúde, como o Acidente vascular cerebral que acomete
mais de 150.000 brasileiros por ano. Esse acometimento, conhecido como derrame, resulta
numa restrição ao fluxo sanguíneo ao cérebro, causando efeitos diretos como lesão celular e
indiretos,como danos às funções neurológicas, que podem se manifestar de diversas formas
tanto no campo motor, quanto no sensorial, perceptivo, emocional, na linguagem diminuindo
a qualidade de vida do paciente e impondo diversas incapacidades. Podem ser temporários ou
permanentes e possui como principal fator de risco a hipertensão e função cardíaca deficiente.
A fisioterapia poderia junto à equipe atuar de forma a - Realizar atendimentos domiciliares
em pacientes portadores de enfermidades, aqueles pacientes acamados ou impossibilitados.
Desenvolver atividades para que os pacientes consigam realizar as AVD s (Atividades da
Vida Diária) de forma independente, melhorando sua qualidade de vida e prevenindo mais
complicações.
O conceito de saúde vem passando por intensas transformações, principalmente no que diz
respeito ao modelo de saúde, vem passando de um modelo hospitalocentrico, para um modelo
assistencial promotor da saúde, preventivo e principalmente contando com a participação
popular e a interdisciplinaridade dos diferentes profissionais da saúde. Neste sentido, entendese saúde não como o avesso da doença, mas como a busca do equilíbrio do ser humano. Com
a implantação do PSF e visando maior promoção e prevenção da saúde, melhorando assim a
qualidade de vida da população, é que se vê a necessidade e importância da inserção do
fisioterapeuta na equipe.
A participação da fisioterapia na saúde coletiva constitui-se em uma contribuição imperativa,
que pode viabilizar maior resolução junto a outros profissionais e junto às medidas e
características desse novo modelo vigente.
Como já mencionada anteriormente, a proposta do novo plano de saúde da família PSF como
estratégia estruturante dos sistemas municipais de saúde, funcionando como principal porta de
entrada do SUS, cuja finalidade maior é promover saúde em todos os sentidos, não poderia
deixar de lado o engajamento de outras profissões alem daquelas que fazem parte de sua
equipe. O fisioterapeuta pode participar de forma efetiva na equipe, desenvolvendo um
trabalho que venha a constituir uma nova forma de organizar os serviços de saúde.
É de grande importância a incorporação de novos conhecimentos, técnicas, sugestões
provenientes de outras profissões do setor de saúde, para que o principal objetivo desse
sistema seja alcançado de forma generalizada, enfrentando o complexo quadro mortalidade e
morbidade. Sendo assim, o objetivo deste estudo foi verificar os benefícios da intervenção
fisioterapêutica na comunidade em atenção a uma paciente com AVE.
4.2 A Assistência Domiciliar e o atendimento fisioterápico
A opção pelo atendimento domiciliar, com o intuito de identificar as transformações
necessárias para uma “boa prática” da Fisioterapia na atenção básica, ocorreu em função de
duas questões centrais: a primeira está relacionada a este tipo de atendimento constituir-se,
inicialmente, no maior apelo para a justificativa da atuação da Fisioterapia nesse nível de
atenção à saúde, o que o torna presente em quase todas as experiências que vêm sendo
desenvolvidas pela profissão no país; a segunda questão se relaciona com a possibilidade mais
efetiva do confronto entre os atendimentos realizados em outros níveis de atenção à saúde,
estabelecendo, assim, de forma mais clara, o entendimento das resignificações das práticas da
Fisioterapia na perspectiva da integralidade.
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A assistência domiciliar ou Home Care (do inglês, cuidado do lar), como também é
conhecido, pode ser definido como um conjunto de procedimentos hospitalares possíveis de
serem realizados na residência do paciente por uma equipe multidisciplinar baseada no
diagnóstico do paciente e na realidade que o mesmo se encontra, visando assim à promoção,
manutenção e à reabilitação do mesmo.
Segundo Benassi et. al. (2012, p. 395), o primeiro a implantar este sistema de assistência
domiciliar foi os Estados Unidos, onde em 1780, foi implantado pelo Hospital de Boston.
Estes serviços, no inicio, foram formados por associações de enfermeiras visitadoras de cunho
filantrópico². Em 1885 foi fundada a primeira Associação de Enfermeiras Visitadoras
(Visiting Nurses Association – VNA), devido ao aumento do trabalho.
Mas o desenvolvimento desta modalidade de assistência à saúde no Brasil iniciou-se sem um
padrão de licenciamento que pudesse orientar o crescimento desta modalidade, de uma forma
eficaz. Há cinco anos o país possuía um pouco mais de cinco empresas no setor privado que
realizavam este tipo de atendimento, o Brasil ficou por muito tempo carente de profissionais
especializados nesta área de atuação. Porém em 26 de janeiro de 2006, a ANVISA lançou a
RDC 11 que fornece as primeiras diretrizes para a prática desta modalidade de assistência no
Brasil. Segundo estudo elaborado pelo Núcleo Nacional das Empresas de Assistência
Domiciliar (NEAD), publicado no Jornal O Estado de São Paulo em 14 de fevereiro de 2006,
o Brasil conta com 170 empresas de Home Care espalhadas pelo país. A maioria destas
empresas estão concentradas no Estado de São Paulo, e prestam atendimento a 30 mil
pacientes por mês, e este estudo ainda aponta que 73% destas empresas prestam serviço aos
planos de saúde e apenas 20% prestam nesta nova perspectiva.
O número deste serviço cresceu muito após a Segunda Guerra Mundial e atualmente, nos
EUA, este serviço continua crescendo atingindo dado serviço ao SUS, sendo movimentado
pelo setor no ano de 2005 cerca de 240 milhões de reais. O paciente que dispõe dos serviços
de um Home Care, recebe suporte de um serviço 24 horas para atendimentos de urgência e
emergência, ou até mesmo, transporte para realização de exames diagnósticos e orientação
para cuidado do paciente.
As vantagens desta modalidade são inúmeras, indo desde uma maior humanização no
tratamento do paciente, diminuição do tempo de permanência e de internação dos pacientes
em hospitais. Além de outro benefício que pode ser considerado é a satisfação do paciente e
familiares pelo tratamento ser realizado dentro do domicílio do paciente.
No Brasil, grupos mais experientes em assistência domiciliar possuem programas de cuidados
seguros e avançados como poucos no mundo. Estes grupos conseguem prestar atendimentos,
a pacientes estáveis que necessitam apenas de um curativo simples, sendo denominados de
baixa complexidade, a pacientes crônicos instáveis com descompensações graves, que são
denominados de média ou alta complexidade, sem deixar de lado a excelência técnica,
segurança e qualidade de atendimento iguais às apresentadas nos melhores hospitais do pais.
A fisioterapia no Home Care é uma modalidade de Fisioterapia que é realizada no ambiente
domiciliar do paciente, nesta opção o fisioterapeuta pode avaliar as reais dificuldades e
necessidades do paciente em seu ambiente e assim adequar sua terapia e seus objetivos
visando à melhor adaptação do paciente em seu ambiente domiciliar.
A fisioterapia domiciliar teve um grande avanço com o progresso da tecnologia e com o
transporte fácil e moderno tornou-se possível o tratamento em domicílio e semelhante ao que
o paciente teria em uma clínica ou hospital. Esta modalidade de terapia traz como benefícios:
sessão individualizada, maior comodidade para o paciente, ampla flexibilidade de horários,
não exige a locomoção do paciente até o local da terapia e a recuperação torna-se mais rápida
devido à personalização do tratamento para cada paciente. Apesar de tantas vantagens ainda
não existem muitos registros formais referentes à atuação do fisioterapeuta nesta modalidade
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de assistência à saúde, o que impede uma ação mais eficaz e a promoção deste tipo de
atendimento.
4.3 O cuidado em Fisioterapia: uma dimensão da Integralidade
Ao apreciarmos certas possibilidades de cuidado em saúde, podemos destacar pelo menos
duas características em que o uso do termo se apresenta (em sua lógica definidora de algumas
práticas em saúde) de forma distanciada ou, até mesmo, antagônica.
A primeira refere-se ao cuidado como um ato exercido por um ator de saúde, representado por
um conjunto de ações demarcadas pelo comprometimento do uso da tecnologia (entendida
aqui como a aplicação de saberes e técnicas cientificamente comprovados) sobre uma doença
e/ou, no caso específico da Fisioterapia, sobre as seqüelas produzidas por ela. Nesse caso, o
pressuposto evidenciado constitui-se na aplicação de procedimentos determinados
previamente pelo conhecimento clínico-patológico, sobre o qual os objetivos terapêuticos são
traçados. Merhy (2005, p. 199) faz a seguinte consideração sobre essa lógica de cuidado:
“Dependendo do paradigma de cuidado em foco, esse ato tecnológico irá considerar
o usuário um portador de necessidade/fragmento, isto é, ele será visto como um
objeto, como um corpo ou parte de um corpo com problemas biológicos, como um
ser sem subjetividade, sem intenções, sem vontades, sem desejos. Sob o olhar dos
núcleos profissionais consagrados, hegemônicos, o usuário será mais partido ainda,
pois será olhado como um objeto suporte para a produção de um ato de saúde
reduzido a um procedimento profissional, o que vem consagrando a construção de
modos de cuidar centrados em procedimentos”.
Assim, essa perspectiva do cuidado afirma uma relação de mão única baseada em uma
hierarquia fincada na diferença dos que detêm o conhecimento científico sobre o corpo em
relação aos que não o possuem. De um lado, os representantes da saúde que, imponderados
pelo conhecimento da doença, definem os procedimentos necessários para combatê-la. De
outro, o paciente (seus familiares) que é submetido ao tratamento, no qual a sua participação
restringe-se a obedecer às condutas indicadas.
A segunda possibilidade da aplicação do cuidado em saúde nos remete para além das práticas
desenvolvidas a partir do conhecimento de uma determinada patologia e/ou do funcionamento
biológico do corpo. Adentra em uma dimensão conciliadora entre o saber sobre a doença com
o conhecimento do doente. Propõe, portanto, a valorização do outro como um sujeito ativo em
que as suas intenções, os seus desejos, o direito sobre o seu próprio corpo, e sua expectativa
sobre o curso da sua vida transfomam-se em elementos balizadores para a construção do
cuidado em saúde. Logo, oferece o exercício (aos atores da saúde) de colocar-se no lugar do
outro na busca de suas necessidades, considerando-as como referendo para uma intervenção
baseada em um cuidado que não se limita às aplicações técnicas, como destacado por Merhy
(2005, p.199):
“Olhando de outro lugar – o do usuário, por exemplo – essas lógicas não podem ser
plenamente capturadas por ações tecnológicas profissional-centradas; elas as
extrapolam. Elas colocam o cuidado em outro lugar, que não só o da intenção de um
ato tecnológico de um agir profissional sobre um objeto, como um corpo que sofre.
Elas colocam o cuidado como referente simbólico do campo da saúde. Produzem-no
como um outro tipo de objeto. Não aquele da ação que visa à realização de um ato
de saúde, como o corpo-alvo do cuidado, mas aquele que é prometido
simbolicamente como a alma do campo da saúde, enquanto um lugar que cuida.”
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Nesse sentido, ao discutir sobre o “cuidado prudente para uma vida descente”, Mattos (2005,
p.131) contribui para essa questão, fazendo a seguinte observação:
“Na dimensão do cuidado às pessoas que sofrem, não podemos aceitar a utilização
do enorme potencial de intervenção diagnóstica e terapêutica sem a apreciação
cuidadosa das possíveis consequências negativas para os sujeitos que a elas serão
submetidas. Tais consequências não se reduzem às dimensões técnicas (efeitos
colaterais ou complicações, sempre esperadas em algum grau de probabilidade,
supostamente pequeno). Elas só podem ser apreendidas no contexto do modo de
andar a vida das pessoas e dos grupos a que pertencem.”
Por conseguinte, julgamos que tanto o olhar do lugar do usuário, quanto a necessidade de
aproximação do contexto de vida dessas pessoas e dos que o cercam tornam-se
imprescindíveis para a prática do cuidado. Permitem, no campo da assistência em saúde, a
interlocução entre os profissionais dessa área com os usuários favorecendo, assim, recíprocos
aprendizados e, consequentemente, a descoberta de outros caminhos na direção da
integralidade do cuidado, que não se resume na intervenção sobre a doença. Guizardi e
Pinheiro (2005, p.51) reforçam essa importância:
“Na medida em que se inserem como elemento de seu dia a dia e não como uma
exterioridade eventual (como a ligação com a assistência através da condição da
doença), essas práticas demonstraram ser permeáveis às experiências dos sujeitos,
requisitando-as e incorporando-as em sua dinâmica e organização. O fato de as
atividades de saúde demandarem recurso à experiência dos usuários é ponto chave
em sua compreensão como dispositivo aberto na construção da assistência. Tal
aspecto é explicitamente corroborado na avaliação positiva dos grupos de saúde feita
por diferentes profissionais, bem como por usuários, com base na justificativa de
que eles permitem a troca de experiências entre seus participantes”.
Sobre as características destacadas a respeito do uso do termo cuidado, torna-se importante
reafirmar que a questão não está colocada na desqualificação da aplicação da tecnologia, com
seus respectivos avanços, na saúde da população. Porém, ela tem como intenção sinalizar para
a falta de porosidade encontrada nas práticas de saúde hegemônicas, pois as ações centradas
nos comprometimentos do corpo biológico (representados pela doença e suas respectivas
consequências físicas) são determinantes para uma prática profissional tecnicista na qual a
parte (doença) passa a ter uma importância maior do que o todo (a pessoa). Tal fato tende a
empobrecer a possibilidade de pensar na saúde como um alvo maior a ser alcançado, isso
porque sua base de sustentação encontra-se em um conhecimento científico que legitima o
profissional a exercer a sua forma de cuidado sobre o outro.
Métodos
Trata-se de estudo de revisão bibliográfica de textos livros, revistas, artigos através de busca
eletrônica de trabalhos divulgados na Scientific Eletronic Library Online (Scielo) e em
periódicos da UEM. As publicações foram do tipo revisões bibliográficas, estudos de caso,
estudos clínicos. Os termos utilizados no levantamento foram: cuidador, acidente vascular
encefálico, fisioterapia e reabilitação.
Após localização das referências foi realizada a leitura dos respectivos artigos e livros e, em
seguida selecionado os de interesse para o estudo.
6 . Resultados e Discussões
O AVE é a 3ª causa de morte em países desenvolvidos e dados estatísticos recentes apontam
que no Brasil é uma das primeiras causas de óbito (GAZZOLA, 2007, p. 35).
11
O AVE é uma doença crônica que acomete não somente ao indivíduo, mas toda a família,
sobretudo ao que assume a função de cuidador familiar. Garanhani (2009, p. 69), afirma em
seu estudo que
ainda que existente, as orientações passadas são insuficientes, havendo a dificuldade
de comunicação entre cuidadores e profissionais da saúde. É relevante salientar para
esses profissionais o significado de cuidado aos pacientes com AVE e seus
cuidadores e para a importância da informação. As informações passadas a
pacientes e cuidadores tem sido de grande valia no processo de reabilitação,
podendo evitar complicações secundárias, como: úlceras de decúbito, presença de
quadro álgico, deformidades.
"A fisioterapia deve contribuir para passar orientações, verificando na avaliação quanto este
paciente e seu cuidador estão informados, passando as orientações necessárias que estão
faltando para obter melhor resultado na recuperação e na qualidade de vida destes pacientes e
de seus cuidadores" (NONINO, 2008).
O fisioterapeuta está diretamente incluso no processo de reabilitação da pessoa com AVE,
tanto na fase aguda, no período de internação hospitalar, quanto na fase crônica, no domicílio
ou ambulatorial, como posicionamento, trocas posturais, auxilio a marcha, prevenção de
quedas, entre outras (GAZZOLA, 2007, p. 62). Visto que as principais dificuldades relatadas
pelos cuidadores familiares, dizem respeito ao despreparo, insegurança e esforço físico
realizado no ato de cuidar e a dificuldade em manusear a cadeira de rodas, tais dificuldades
podem ser diminuídas com orientações do fisioterapeuta, e também pode ajudar em outras
dificuldades existentes da rotina diária, como alimentação, banho, vestuário, transferência e
locomoção.
7. Conclusão
A Fisioterapia objetiva proteger ou restaurar a identidade pessoal e social dos pacientes. Estes
profissionais contribuem de forma decisiva no tratamento dos pacientes que por conta de suas
incapacidades e disfunções neurológicas são deixados nos leitos e/ou cadeiras de rodas, sem
que haja a oportunidade de reabilitação e reintegração destes pacientes à sociedade.
É preciso o cuidador saber que ajudar o paciente, não é fazer as coisas no lugar dele. Só assim
ele conseguirá o máximo de independência, dentro de suas possibilidades (GAZZOLA, 2007,
p. 39). Segundo Martins (2007, p.84), o primeiro passo para a educação em saúde é propor ao
paciente e ao cuidador familiar a interatividade nesse processo de recuperação; o segundo é
começar a colocá-lo em prática; e o terceiro, fazê-lo se tornar um hábito de vida e saúde para
essa família.
É importante que os profissionais da saúde envolvidos no processo de recuperação do
paciente com AVE, principalmente o fisioterapeuta, ouvir mais os cuidadores e pacientes para
saber quais as suas reais dificuldades quanto aos cuidados realizados, para obter maior
benefícios para o paciente e procurar minimizar a sobrecarga imposta ao cuidador familiar,
sendo este o maior aliado dos membros da equipe de saúde.
Segundo Freitas (2006), a convivência do fisioterapeuta no ambiente familiar o coloca em
confronto direto com a realidade vivida pelo usuário, o que permite uma melhor identificação
das necessidades da pessoa a ser atendida e melhor formulação das ações a serem propostas
pelo profissional.
Com estas observações, pode-se sugerir que a comunidade, após o conhecimento das
atividades dos fisioterapeutas, solicite esta ação uma vez que identifique o atendimento
12
domiciliar fisioterapêutico como uma alternativa de resolução dos seus problemas. Porém, o
tempo dedicado ao atendimento no domicílio e a metodologia de eleição dos usuários que
necessitam de atendimentos apresenta-se como um grande desafio a ser esclarecido no
processo de trabalho do fisioterapeuta juntamente com os demais profissionais da atenção
básica.
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