UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO Abelardo Zeverino Trabalho de Conclusão de Estágio PLANO DE COMUNICAÇÃO PARA A ASSOCIAÇÃO AMBIENTALISTA CURUPIRA: um estudo no terceiro setor Administração Mercadológica ITAJAÍ – SC 2008/II 1 ABELARDO ZEVERINO Trabalho de Conclusão de Estágio PLANO DE COMUNICAÇÃO PARA A ASSOCIAÇÃO AMBIENTALISTA CURUPIRA: um estudo no terceiro setor Trabalho de Conclusão de Estágio desenvolvido para o Estágio Supervisionado do Curso de Administração do Centro de Ciências Sociais Aplicadas. ITAJAÍ – SC, 2008/II 2 Agradeço a todos que de uma forma direta ou indireta contribuíram para a conclusão deste trabalho. A ONG também Curupira as pela demais oportunidade organizações e que contribuíram para a realização deste. Aos mestres, professores, coordenadores e colegas pela convivência durante esta jornada. Em especial a minha orientadora Bárbara Silvana Sabino pela atenção e paciência. 3 EQUIPE TÉCNICA a) Nome do estagiário Abelardo Zeverino b) Área de estágio Administração Mercadológica c) Supervisor de campo Carlos Dieter Janousek d) Orientador de estágio Profª. Bárbara Silvana Sabino, MSc. e) Responsável pelos Estágios em Administração Prof. Eduardo Krieger da Silva, MSc. 4 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA a) Razão social Associação Ambientalista Curupira Ambiental b) Endereço Rua José Quirino, 605 - Bairro São João - Itajaí – SC c) Setor de desenvolvimento do estágio Administração Mercadológica d) Duração do estágio 240 horas e) Nome e cargo do orientador de campo Carlos Dieter Janousek – Presidente f) Carimbo e visto da empresa 5 AUTORIZAÇÃO DA EMPRESA ITAJAI, 25 de outubro de 2008. A ASSOCIAÇÃO AMBIENTALISTA CURUPIRA AMBIENTAL, pelo presente instrumento, autoriza a Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, a publicar, em sua biblioteca, o Trabalhado de Conclusão de Estágio, executado durante o Estágio Supervisionado, pelo acadêmico ABELARDO ZEVERINO. _____________________________ Carlos Dieter Janousek Presidente 6 RESUMO Sabe-se que é imprescindível a estruturação e planejamento de uma organização para que se mantenha no mercado. O objetivo deste trabalho é elaborar um plano de comunicação integrada de marketing - CIM para ser utilizado pela Curupira Ambiental que está inserida no Terceiro Setor. A pesquisa foi caracterizada como estudo de caso no qual foram utilizados métodos qualitativos e quantitativos, coletando dados através de aplicação de questionário, entrevista e a observação participante. Foi traçado o perfil de cada uma delas e na seqüência, apontadas as ferramentas do composto promocional utilizado na perspectivas da CIM. A elaboração do plano de comunicação foi a última etapa da pesquisa e seguiu o modelo de Ogden (2002). Constatou-se que a maioria das ONG´s foi fundada nos anos 2000; como principais atividades desenvolvidas a educação e projetos ambientais, fiscalização e voluntariado; possuem registros em órgãos públicos; a maioria utiliza as ferramentas marketing digital, propaganda, promoção de vendas, relações públicas e marketing direto. A ferramenta venda pessoal é utilizada por uma pequena parcela das ONG´s pesquisadas. Os resultados obtidos demonstram que a organização estudada não possui plano de marketing ou plano de comunicação, ambos fundamentais para captação de recursos e sua sustentabilidade. Os objetivos foram alcançados, tendo demonstrado claramente os caminhos a serem percorridos para formalizar e divulgar a ONG Curupira, de maneira a cumprir sua missão. PALAVRAS-CHAVE: Comunicação integrada de marketing. ONG. Terceiro Setor. 7 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Quadro 1 - Indicadores para a análise .......................................................... 19 Quadro 2 - As principais teorias e seus principais enfoques ......................... 22 Figura 1 - Mix de marketing ......................................................................... 33 Figura 2 - Processo de comunicação .......................................................... 39 Quadro 3 - Ferramentas comuns de comunicação ....................................... 50 Figura 3 - Fluxograma de Comunicação Integrada de Marketing ............... 52 Quadro 4 - Quadro 5 - Combinações resultantes da conjunção entre o público e o privado ........................................................................................ 55 Pessoas jurídicas de direito privado ........................................... 58 Figura 4 - Organograma da ONG ................................................................ Figura 5 - Logo Curupira Ambiental ............................................................. 62 Figura 6 - Limpeza na Praia de Navegantes – SC ...................................... 63 Figura 7 - Projeto Linda Ilha – Ilha Feia – Penha/Piçarras – SC ................. 64 Figura 8 - Projeto Olho Verde – Botuverá – SC .......................................... 64 Figura 9 - Campanha ambiental – Itajaí – SC ............................................. 65 Figura 10 - Educação Ambiental no Colégio São José – Itajaí – SC ............ 65 Figura 11 - Limpeza na estrada de acesso a Praia Vermelha – Penha – SC 66 Gráfico 1 - Gráfico 2 - Gráfico 3 - Gráfico 4 - Década de fundação das entidades ambientais catarinenses pesquisadas ................................................................................ Principais atividades desenvolvidas por ONG’s ambientais catarinenses ................................................................................ Registro das ONG’s ambientais catarinenses em órgãos públicos ....................................................................................... Ferramentas do marketing digital utilizadas pelas ONG’s ........... Gráfico 5 - Ferramentas da propaganda utilizadas pelas ONG’s .................. 72 Gráfico 6 - Ferramentas de promoção de vendas utilizadas pelas ONG’s ... Gráfico 7 - Gráfico 8 - Ferramentas publicidade/relações públicas utilizadas pelas ONG’s .......................................................................................... 74 ONG’s que utilizam a ferramenta venda pessoal ........................ 75 Gráfico 9 - Ferramentas de marketing direto utilizadas pelas ONG’s ........... 75 Quadro 6 - Meios de comunicação e veículos de comunicação ................... 76 Quadro 7 - Pontos Fortes e Pontos Fracos, Oportunidades e Ameaças ...... 79 Quadro 8 - Orçamento ................................................................................... 80 61 67 68 69 71 73 8 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 10 1.1 Problema de Pesquisa/Justificativa ........................................................... 11 1.2 Objetivos ....................................................................................................... 12 1.3 Aspectos Metodológicos ............................................................................. 13 1.3.1 Caracterização da pesquisa ........................................................................ 13 1.3.2 Participantes da pesquisa ........................................................................... 14 1.3.3 Instrumentos de coleta de dados ................................................................ 16 1.3.4 Tratamento e análise dos dados ................................................................. 18 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................ 20 2.1 Administração .............................................................................................. 20 2.2 Marketing ...................................................................................................... 22 2.2.1 Ambiente de marketing ............................................................................... 27 2.2.2 Composto de marketing .............................................................................. 30 2.2.3 Mercado-alvo ou público-alvo ..................................................................... 35 2.2.4 Segmentação .............................................................................................. 36 2.2.5 Ferramentas da CIM ................................................................................... 38 2.2.5.1 Propaganda .............................................................................................. 40 2.2.5.2 Promoção de vendas ............................................................................... 43 2.2.5.3 Relações públicas e publicidade .............................................................. 43 2.2.5.4 Venda pessoal .......................................................................................... 45 2.2.5.5 Marketing direto ........................................................................................ 46 2.2.5.6 Marketing digital ....................................................................................... 48 2.2.6 Planos de comunicação .............................................................................. 50 2.3 Terceiro Setor ................................................................................................. 54 3 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA DE CAMPO ........................................ 60 3.1 Caracterização da Organização .................................................................. 60 3.2 Resultados da Pesquisa .............................................................................. 66 3.2.1 Identificar o perfil das ONG’s ambientais do Estado de Santa Catarina ..... 67 3.2.2 Descrever as ferramentas da CIM implementadas pela ONG até o 9 Momento .............................................................................................................. 70 3.2.3 Levantar as ferramentas da CIM implementadas por ONG’s similares do Estado de Santa Catarina .................................................................................... 71 3.2.4 Identificar os veículos de comunicação com maior abrangência no Estado de Santa Catarina, por região e por meio de comunicação ..................... 76 3.2.5 Elaborar um plano de comunicação para a ONG Curupira na perspectiva da CIM .............................................................................................. 77 3.2.5.1 Missão da CIM ......................................................................................... 77 3.2.5.2 Visão da CIM ............................................................................................ 78 3.2.5.3 Análise situacional .................................................................................... 78 3.2.5.4 Objetivos gerais da CIM ........................................................................... 79 3.2.5.5 Orçamento ................................................................................................ 80 3.2.5.6 Desenvolvimento da estratégia de CIM ................................................... 80 3.2.5.7 Táticas de CIM ......................................................................................... 80 3.2.5.8 Plano de CIM ............................................................................................ 81 3.2.5.9 Métodos de avaliação .............................................................................. 82 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 84 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 86 Apêndices ............................................................................................................ 90 Apêndice 1 ........................................................................................................... 91 Apêndice 2 ........................................................................................................... 93 10 1 INTRODUÇÃO A inovação e/ou capacidade criativa da organização é item fundamental em qualquer negócio, seja ele com ou sem fins lucrativos. A concorrência entre organizações de diferentes países no mercado mundial vem obrigando a adequação do mercado com boas práticas e conduta para conquistar consumidores e se mostrar com um diferencial significativo. Atividades como planejar, organizar, controlar não são mais discutidas, pois, estão presentes na maioria das organizações. Entretanto, essas têm que dispor algo mais. Em pleno século XXI, até mesmo a questão tecnológica, também, deixou de ser um diferencial exclusivo de algumas organizações, passando a ser item básico dentro das organizações. No meio publicitário, esta tendência também é verificada. Novos tipos de mídia e a sofisticação dos consumidores estão presentes no dia-a-dia organizacional. Este fenômeno advém da necessidade de que as organizações transmitam uma mensagem coesa, independentemente da ferramenta de comunicação utilizada. O importante é que a escolha dos meios e processos de comunicação seja definida através de estudos mercadológicos junto ao público que se pretende atingir. (MATTAR, 2005). Certamente, o marketing tem sua aplicação mais intensa nas organizações lucrativas do que nas não-lucrativas. Entretanto, organizações situadas no Terceiro Setor, cujas denominações têm cunho social ou até mesmo religioso, fazem do marketing uma de suas estratégias para obter recursos ou sensibilizar a comunidade. (COBRA, 2008). O objetivo é gerar consistência na campanha de marketing, com chance de atingir os clientes certos, no momento e local adequados, com as mensagens corretas e um processo comunicacional eficiente. (OGDEN, 2002). Neste caso, para o autor, a Comunicação Integrada de Marketing – CIM que é o mix do composto promocional, sendo este formado por: promoção de vendas, propaganda, publicidade, relações públicas, venda pessoal, marketing direto e marketing digital é o foco de estudo. A comunicação integrada não pode ser separada entre comunicação 11 institucional e a comunicação mercadológica, como não se pode separar o produto ou serviço da organização. A ação conjunta de profissionais de várias áreas e ações conjugadas é que garantirão coerência da linguagem, racionalizando atividades e, ao mesmo tempo respeitando diferenças de cada setor da organização. Além disso, a CIM deve transmitir a multiplicidade de conteúdos, ou seja, oferecer o serviço de marketing como um todo, em vez de focalizar apenas partes isoladas dele, é uma tendência no mercado publicitário para melhor atender seus clientes. (OGDEN 2002) Com critérios mais apurados a avaliação do consumidor começou a incorporar dimensões que vão além das questões econômicas. Não basta somente ter preço e qualidade, uma parcela expressiva de consumidores crêem que as empresas devam demonstrar que estão preocupadas com as desigualdades sociais, culturais e ambientais existentes seja no país ou no mundo. (SHIMOYAMA, 2002). Atualmente, as empresas estão tendo um maior posicionamento socialmente responsável, objetivando ou não um diferencial competitivo. Os consumidores, porém, estão cada vez mais conscientes de seu poder de persuasão diante das grandes organizações, conforme alude Shimoyama (2002). Um olhar mais atento em direção às experiências do Terceiro Setor, representadas pelas Organizações Não Governamentais – ONG’s irá mostrar que é crescente a participação da sociedade civil na busca de soluções para problemas comuns. Neste contexto, têm-se desde 1998 a ONG Curupira, com a finalidade e missão de buscar a proteção e conservação do Meio Ambiente e o manejo adequado deste. Esta ONG, além de desenvolver projetos, análises e programas referentes à proteção e conservação do Meio Ambiente, promove a educação ambiental em busca de melhorias da qualidade de vida de todos os cidadãos. 1.1 Problema de Pesquisa/Justificativa Este trabalho tem sua importância porque auxiliou a Associação Ambientalista Curupira a desenvolver seu Plano de Comunicação, permitindo a mesma conhecer seu posicionamento no mercado, podendo direcionar suas forças para resolver seus problemas e atingir seus objetivos, direcionada ao seu público- 12 alvo. Para o acadêmico-estagiário a importância desta pesquisa foi pela sua originalidade e também a oportunidade de atuar na área de marketing. Disponibilizar dados para trabalhos futuros na área do voluntariado ambiental também pode ser considerada meta cumprida. Salienta-se que para a Universidade este estudo é único, visto que no Ceciesa – curso de Administração – Gestão, não há trabalho direcionando a Comunicação Integrada de Marketing – CIM, para o Terceiro Setor. Sendo assim, como questão problema formula-se a seguinte pergunta: Quais as ferramentas de Comunicação de Marketing são mais eficazes para a divulgação da ONG Curupira e de seus serviços em todo o Estado de Santa Catarina, permitindo-lhe estimular a adesão de mais voluntários e parceiros e, conseqüentemente, aumentar o fluxo dos projetos e angariar fundos para a realização dos mesmos? 1.2 Objetivos O objetivo geral deste estudo foi desenvolver um plano de comunicação para consolidação da Associação Ambientalista Curupira na perspectiva da CIM. Para isso, os objetivos específicos foram delineados conforme segue: Identificar o perfil das ONG’s Ambientais do Estado de Santa Catarina. Descrever as ferramentas da CIM implementadas pela ONG até o momento. Levantar as ferramentas da CIM implementadas por ONG’s similares do Estado de Santa Catarina. Identificar os veículos de comunicação com maior abrangência no Estado de Santa Catarina, por região e por meio de comunicação. Elaborar um Plano de Comunicação para a ONG Curupira na perspectiva da CIM. 13 1.3 Aspectos Metodológicos Este item apresenta os aspectos metodológicos empregados no desenvolvimento e direcionamento deste estudo em termos de: (1) caracterização da pesquisa; (2) participantes da pesquisa; (3) instrumentos de coleta de dados; (4) tratamento e análise dos dados. 1.3.1 Caracterização da pesquisa A metodologia utilizada neste trabalho foi predominantemente qualitativa com aporte quantitativo apoiadas em pesquisa bibliográfica na concretização de um plano de comunicação. Pois, segundo Roesch (2007, p. 126): O projeto pode combinar o uso de mais de um método. Aliás, é comum que na fase exploratória se utilize à postura própria do método qualitativo de ouvir o que as pessoas têm a dizer e participar de eventos sem a preocupação de que isto possa influenciar os respondentes ou processos em andamento. Numa etapa seguinte, a tendência é buscar medir alguma coisa de forma objetiva, como é o propósito do método quantitativo. Na proposição de planos uma combinação de ambos é geralmente utilizada ou apropriada, o que ocorreu nesta pesquisa. O método qualitativo oferece vários tipos de pesquisa para se conseguir a resposta ao problema apresentado. Segundo Oliveira, (1999, p. 117): As pesquisas que se utilizam da abordagem qualitativa possuem a facilidade de poder descrever a complexidade de uma determinada hipótese ou problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos experimentados por grupos sociais, apresentar contribuições no processo de mudança, criação ou formação de opiniões de determinado grupo e permitir, em maior grau de profundidade, a interpretação das particularidades dos comportamentos ou atitudes dos indivíduos. Parasurman (apud SAMPAIO, 2001, p. 21) argumenta que “pesquisa qualitativa envolve coletar, analisar e interpretar dados que não podem ser significativamente quantificados, isto é, sumarizados em forma de números”. 14 Roesch (2007, p. 154) acrescenta que “pesquisa qualitativa e seus métodos de coleta e análise de dados são apropriados para uma fase exploratória da pesquisa”. Para tal, foi delineado como método o estudo de caso, pois se destina apenas a ONG Curupira, que de acordo com Gil (1999, p. 58): O estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira que permita o seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante os outros delineamentos considerados. As vantagens do estudo de caso são o estímulo a novas descobertas, ênfase na totalidade e simplicidade nos procedimentos. Sua limitação dá-se à dificuldade de generalização dos resultados obtidos. Lembra Gil (1999, p. 60) “que, embora o estudo de caso se processe de forma relativamente simples, pode exigir do pesquisador nível de capacitação mais elevado que o requerido para outros tipos de delineamento”. Segundo Yin (apud ROESCH 2007, p. 155): O estudo de caso como uma estratégia de pesquisa pode ser utilizado de modo exploratório (visando levantar questões e hipóteses para futuros estudos, por meio de dados qualitativos), descritivo (buscando associações entre variáveis, normalmente com evidência de caráter quantitativo) e, mesmo, explanatório. O estudo de caso como técnica de pesquisa oferece relação entre teoria e prática. Logo, concretizou-se um Plano de Comunicação para a ONG Curupira apoiado em pesquisa bibliográfica, entrevista com o presidente da mesma (apêndice 1) e pesquisa de campo por meio de um levantamento com aplicação de questionário em ONG’s do setor ambiental do Estado de Santa Catarina. 1.3.2 Participantes da pesquisa A presente pesquisa foi realizada durante o período de julho a agosto de 2008, cujos aspectos e meios utilizados estão descritos a seguir. Marconi; Lakatos (2001, p. 37) acreditam que, “a população ou o universo é o conjunto de seres animados ou inanimados que representam pelo menos uma 15 característica em comum". O universo ou população de uma pesquisa depende de assuntos a ser investigados. Segundo Roesch (2007, p.138), “Uma população é um grupo de pessoas ou empresas que interessa entrevistar para o propósito específico de um estudo”. Geralmente em levantamentos são utilizadas grandes populações, no entanto, dependendo do tempo, custo ou da capacidade de processamento dos dados, extrai-se apenas uma parcela desta população para analisar, utilizando assim, uma amostragem. Portanto, para melhor discernimento, se faz necessário que se defina amostra, que para ela (autora) é um subconjunto da população e, por amostragem se entende os procedimentos para extração de amostras que representem bem a população. Foi considerada a população de 22 (vinte e duas) ONG’s do setor ambiental do Estado de Santa Catarina. A escolha destes elementos tem por finalidade sua maior abrangência e atuação no território catarinense. Estas entidades foram extraídas do cadastro da Rede de ONGs da Mata Atlântica, através do site www.rma.org.br e também do cadastro de contatos da própria ONG, caracterizando a amostra definida para a pesquisa. Entretanto, dos 22 questionários distribuídos retornaram 15. Por isso, faz-se necessário o cálculo da amostragem que segundo Barbetta (2007): E0 = erro amostral tolerável (quanto o pesquisador admite errar na avaliação) n0 = primeira aproximação do tamanho da amostra n = tamanho da amostra N = tamanho da população n0 = 1 / E02 (1) n = N x n0 (2) N + n0 Dados: N = 22 entidades ambientais E0 = 15% (0,15) 16 Cálculo: n0 = 1 / (0,15)2 = 44,44 n = 22 x 44,44 = 15 entidades ambientais 22 + 44,44 Deste modo obteve-se uma amostra com 15 elementos de uma população de 22 ONG’s, sendo o erro amostral de 15% e o de confiabilidade de 85%. Neste sentido, a amostra é caracterizada como intencional. A técnica de amostragem intencional, para Gil (1999), constitui um tipo de amostragem não probabilística e consiste em selecionar um subgrupo da população que, com base nas informações disponíveis possa ser considerado representativo de toda a população. Também para Mattar (2005), a amostra intencional é classificada como sendo não probabilística, o que gera a impossibilidade de generalização de resultados. Empregou-se também a entrevista direta com o presidente da ONG Curupira, pois o mesmo está à frente da Associação desde a sua fundação. Outro fato importante é a relação com os participantes da pesquisa, que para Richardson (2007, p. 96) deve-se observar: A administração do relacionamento com os entrevistados é um aspecto importante da validade da pesquisa qualitativa, mas não pode ser prescrito como um procedimento específico, e sua adequação ou eficiência não será imediatamente clara para uma terceira pessoa. O esforço feito pelo pesquisador para estabelecer resultados válidos pode aparecer no relatório, mas a validade será um processo que, em último caso, dependerá da confiança. O pesquisador não deve influenciar os entrevistados para não distorcer declarações ou mesmo resultados. 1.3.3 Instrumentos de coleta de dados Foi utilizada neste trabalho a coleta de dados primários e secundários. 17 Em termos de técnicas de coleta primária, a aplicada foi a entrevista direta que é definida por Marconi; Lakatos (2003, p. 195) como sendo um “encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional”. Neste caso, para coletar os dados primários utilizou-se de entrevista direta. Esta, segundo Roesch (2007), permite ao entrevistador entender e captar as perspectivas dos participantes. Ainda, como técnica de coleta primária, através de pesquisa quantitativa constituiu-se levantamento com aplicação de questionário composto por perguntas abertas e fechadas, contendo duas partes, abordando o (1) perfil das entidades e (2) comunicação. As perguntas abertas foram elaboradas com a finalidade de ampliar o recolhimento de avaliações das organizações. Já em termos de técnicas de coleta secundária, a qual conforme definição de Mattar (2005), abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, jornais, revistas, pesquisas na internet, visto que a finalidade das fontes secundárias é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto, os dados foram levantados através da pesquisa informal, da análise documental (site das ONGs) e no levantamento bibliográfico, informações sobre o tema. A observação participante também foi empregada, pois o autor da pesquisa é voluntário da ONG, onde vivencia o dia a dia e contribui com logística todos os eventos da mesma. Esta consiste na participação efetiva do pesquisador com a comunidade ou grupo, que para Roesch (2007, p. 161) “é o método tradicional da pesquisa em Antropologia. Na pesquisa em organizações, tem sido utilizada pelo menos de duas maneiras: de uma forma aberta, quando o pesquisador se torna um empregado da empresa [...]”. Cabe registrar que o questionário, é o instrumento mais utilizado em técnica de análise como métodos estatísticos, em que Gil (1999, p. 35) define como: Este método fundamenta-se na aplicação da teoria estatística da probabilidade e constitui importante auxílio para a investigação em ciências sociais. Há que se considerar, porém, que as explicações obtidas mediante a utilização do método estatístico não podem ser consideradas absolutamente verdadeiras, mas dotadas de boa probabilidade de serem verdadeiras. 18 Os questionários foram aplicados no início do 2º semestre de 2008, de forma pessoal, via e-mail, após contatos telefônicos com os representantes das ONG’s pesquisadas. Já, com relação ao conteúdo, o questionário foi subdividido em duas partes, a primeira parte procurou traçar o perfil das ONG´s através das questões sobre: tempo de existência, principais atividades, constituição jurídica, registro em órgãos ambientais, voluntariado, parcerias e projetos, doações e critérios para formar estas parcerias. E a segunda parte rege sobre as ferramentas da CIM: (1) propaganda, (2) marketing digital, (3) publicidade e relações públicas, (4) marketing direto, (5) vendas e (6) promoção de vendas. Enfim, em termos de coletas de dados, essa pesquisa beneficiou-se de dados primários e secundários empregando entrevista direta, questionários e observação participante. 1.3.4 Tratamento e análise dos dados As técnicas de análise qualitativa dos dados empregadas neste estudo foram baseadas em análise de conteúdo tendo como foco principal a pesquisa bibliográfica e a entrevista. Segundo Roesch (2007, p. 170) “os procedimentos da análise de conteúdo criam indicadores quantitativos”. O pesquisador deverá interpretar e explicar os resultados. As técnicas de análise quantitativas dos dados foram disponibilizadas e apresentadas em forma de tabelas e gráficos, seguidos de comentários e análises descritivas e conclusivas. Com isto se procurou levantar, com maior precisão, a freqüência com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros, sua natureza e características, como apontado por Roesch (2007). Seguindo essa lógica, o Quadro 1, a seguir, traz as informações que serviram como indicadores para a análise. 19 Informação Categoria da informação Tempo de existência Principal atividade Constituição jurídica Perfil das Registro em órgãos ambientais entidades Voluntariado Parcerias e projetos Doações Critérios para formar parcerias Propaganda Marketing digital Publicidade e Relações Públicas Comunicação Marketing Direto Departamento comercial/vendas Promoção de vendas Quadro 1 – Indicadores para a análise FONTE: elaborado pelo acadêmico (2008). Questionário Questão 1 Questão 2 Questão 3 Questão 4 Questão 5 Questão 6 Questão 7 Questão 8 Questão 9 Questão 10 Questão 11 Questão 12 Questão 13 Questão 14 Autores Fernandes (1994) Ioschpe (1997) Coelho (2002) Mattar (2005) Ogden (2002) Kotler (2006) Limeira (2007) Pinheiro (2008) Como houve dados coletados de natureza nominal, eles não puderam ser somados ou multiplicados. Foi verificada a freqüência e calculado percentagens. 20 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A revisão bibliográfica pela sua importância permite uma leitura a respeito da ciência da Administração e sua história; Marketing e o Terceiro Setor. Fundamento básico para o presente trabalho de pesquisa, ter sua validade e importância comprovadas. 2.1 Administração Administração vem do latim ad (direção, tendência para) e minister (subordinação ou obediência), designa o desempenho de tarefas de direção dos assuntos de um grupo. Administrar é uma função do ser humano desde o princípio de sua existência, mas administrar o tempo e sua relação com o trabalho é algo que recentemente aconteceu na história da humanidade. O estudo da Administração é um desdobramento da história das transformações econômicas, sociais e políticas de várias culturas. Para o homem ter suas necessidades satisfeitas é preciso esforços organizados. Examinando-se a administração pré-industrial, dois temas aparecem constantemente: (1) noção relativamente limitada das funções administrativas; (2) pouca consideração pela atividade comercial. Neste sentido Kwasnicka, (1995, p. 16-17) relata que: A evolução das sociedades através dos séculos, do período medieval ao mercantilista, tendo o seu grande despertar no princípio do século XVI, com as grandes descobertas através da navegação e das invenções, iniciou o que podemos chamar de primórdios da Revolução Industrial. Dando mais um salto na história, passa-se para a fase dos primeiros estudos formais: Enquanto a Teoria da Administração que se situa nos séculos XIX e XX, surgiu a chamada Administração Científica, com publicação dos Princípios da Administração Científica, em 1911, por Frederick Winslow Taylor, chamado de Pai da Administração Científica. 21 A partir das recomendações de Taylor, uma série de técnicas se tornou universal, como a descrição de cargos, o planejamento de fluxos de trabalho, o controle sistemático de estoques. Fayol (1910, apud Kwasnicka, 1995) ainda define Administração como sendo o conjunto das operações de toda a empresa que pode ser dividido em sem seis grupos: 1º) Operações técnicas: produção, fabricação, transformação. 2º) Operações comerciais: compras, vendas, permutas. 3º) Operações financeiras: procura e gerência de capitais. 4º) Operações de segurança: proteção de bens e de pessoas. 5º) Operações de contabilidade: inventários, balanços, preços de custo, estatística. 6º) Operações administrativas: previsão, organização, direção, coordenação e controle. Cabe registrar que esses grupos de operações ou funções existem em qualquer empresa, não importando seu porte. A administração foi constituída por correntes e teorias que desenvolveram seus pensamentos primeiramente com ênfase nas tarefas, na estrutura, nas pessoas e mais recentemente, no ambiente e na tecnologia conforme demonstrado no Quadro 2, logo a seguir: 22 Ênfase Teorias Administrativas Principais Enfoques Nas Tarefas Administraç Administração Cientí Científica Racionalizaç Racionalização do Trabalho no ní nível Operacional Teoria Clá Clássica Teoria Neoclá Neoclássica Na Estrutura Teoria da Burocracia • Organizaç Organização formal burocrá burocrática; • Racionalidade organizacional. Teoria Estruturalista • Múltipla abordagem; • Organizaç Organização formal e informal; • Aná Análise infrainfra-organizacional; • Aná Análise interinter-organizacional. Teoria das relaç relações humanas Nas Pessoas Teoria do desenvolvimento Organizacional Teoria Estruturalista Teoria NeoNeo-estruturalista No Ambiente Na Tecnologia • Organizaç Organização Formal; • Princí Princípios Gerais da Administraç Administração; • Funç Funções do Administrador. • Organizaç Organização informal; • Motivaç Motivação, Lideranç Liderança, Comunicaç Comunicações e Dinâmica de grupo. • Mudanç Mudança organizacional planejada; • Abordagem de sistema aberto. • Aná Análise infrainfra-organizacional e analise ambiental; •Abordagem de sistema aberto. Teoria da contingência • Aná Análise ambiental; • Abordagem de sistema aberto. Teoria da contingência • Administraç Administração da tecnologia (imperativo tecnoló tecnológico). Quadro 2 – As principais teorias e seus principais enfoques FONTE: Chiavenato (1997, p. 15). O quadro 2 apresenta as fases da evolução da administração, iniciando pela Administração Científica que segundo Chiavenato (1995, p. 5), “é o nome que recebeu por causa da tentativa da aplicação dos métodos da ciência aos problemas da administração, a fim de alcançar elevada eficiência industrial”. As principais áreas da administração são: Administração Financeira, Recursos Humanos, Produção, Materiais e Marketing. (ROESCH, 2007). 2.2 Marketing Com o grande e crescente número de organizações no mercado, na qual todas buscam clientes que possam usufruir de seus produtos, as organizações 23 devem utilizar de estratégias de comercialização para facilitar a aproximação do cliente com a empresa que, consequentemente, difundirá seus produtos no mercado. Porém, essa característica do mercado não surgiu no último século, aconteceu através dos anos. Entretanto, suas características acompanharam os aspectos econômicos, sociais e culturais de cada período da história. É nessa linha de pensamento que surge o conhecimento sobre marketing. Shimoyama; Zela (2002, p. 2) em seu artigo afirmam que: O marketing tornou-se uma força difundida e influente em todos os setores da economia. Em poucos anos despojou-se de sua antiga imagem de algo antiético e desnecessário e passou a ser visto como um instrumento essencial para a formação e manutenção de diversos negócios, tendo inclusive seus conceitos aplicados nos mais variados tipos de organizações. Todavia, o marketing tem sofrido ao longo do tempo uma deturpação (em grande parte pensamentos errôneos) no seu significado. Por isso, a importância de conceituá-lo para que seja assimilado também pelo senso comum. Como confirma Gioia (2006, p.5) quando diz que, “o marketing tem adquirido um significado impreciso no senso comum, em grande parte negativo”. O marketing caracteriza-se não somente pela divulgação de um produto, pessoa ou idéia. Este é formado por diversas características e atividades. Para Gioia (2006, p. 5), “o marketing envolve uma série de atividades, que vão da concepção de um produto por uma empresa até sua entrega e seu consumo e descarte pelo cliente”. Em termos históricos, de acordo com McDonald (2004, p. 2), “em 1772, quando Adam Smith disse que o consumo é a única finalidade e propósito da produção, na verdade ele estava descrevendo o que nos últimos anos passou a ser conhecido como conceito de marketing”. Talvez, este foi um dos primeiro conceitos de marketing, contudo, fica evidente que era um conceito simples, devido, ao reduzido número de pesquisas na área. No ano de 1960, a AMA - American Marketing Association (apud COBRA, 2004, p. 23) define marketing como sendo “o desempenho das atividades de negócios que dirigem o fluxo de bens e serviços do produtor ao consumidor ou utilizador”. Contudo, teve-se a necessidade de ampliar esse conceito, pois, as 24 organizações estavam evoluindo rapidamente, além dessa definição não atender toda a abrangência do marketing dentro de uma organização. Portanto, em 1965, a Ohio State University (apud COBRA, 2004, p. 23) definiu marketing da seguinte forma “o processo na sociedade pelo qual a estrutura da demanda para bens econômicos e serviços é antecipada ou abrangida e satisfeita através da concepção, promoção, troca e distribuição física de bens e serviços”. A partir de 1969 surgiram pesquisadores do marketing mencionando a participação das instituições não lucrativas dentro da abordagem do marketing, que conseqüentemente fez com que os conceitos, definissem marketing de uma forma mais ampla. Primeiramente em 1985, a AMA (apud, BOONE; KURTZ, 1995, p. 6) tentou apresentar uma definição geral dizendo que “marketing é o processo de planejamento e execução da concepção, preço, promoção e distribuição de idéias, bens e serviços, organizações e eventos para criar trocas que venham a satisfazer objetivos individuais e organizacionais”. Em pleno século XX e início do século XXI, diversos autores iniciaram um processo de atualização dos conceitos de marketing. Kotler (2006, p. 27) diz que “Marketing é um processo social e gerencial pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam através da criação, oferta e troca de produtos de valor com outros”. De uma maneira bem simples, Ogden (2002, p. 1) crê que: o conceito de marketing estabelece que uma empresa deve satisfazer os desejos e as necessidades do consumidor em troca de lucro. Em outras palavras, a empresa ou organização deve direcionar todos os seus esforços a dar a seus clientes serviços e produtos que eles desejam ou necessitam. Segundo Levitt (apud COSTA, 2003, p. 60), marketing é “uma orientação da direção da empresa baseada no entendimento de que a tarefa primordial da organização é determinar: as necessidades, desejos e valores de um mercado consumidor alvo de forma efetiva”. Para McDonald (2004, p. 2) o conceito de marketing “ao contrário da função de marketing, subentende que todas as atividades de uma organização são impulsionadas por um desejo de satisfazer às necessidades de clientes”. 25 Para Gioia (2006, p. 6) marketing “pode ser entendido como um processo de troca envolvendo pessoas, bens e serviços, com o objetivo de alcançar a satisfação dos clientes ou consumidores”. É importante notar os aspectos que se apresentam como características do marketing, sendo estes, necessidade, troca, desejo e satisfação. Em suma, para essa autora a essência de Marketing é o processo de troca, entre duas ou mais partes, tendo como objetivo satisfazer necessidades de ambas as partes, tanto da organização como de seu cliente. Entretanto, ele se desenvolveu com características e finalidades diferentes que acompanhavam o objetivo da empresa perante o mercado. Na história do Marketing identificam-se quatro eras: (1) a era da produção ou produto, (2) a da venda, (3) a do marketing ou mercado e (4) do relacionamento. Porém, alguns autores estabelecem apenas três eras sendo elas: produção, vendas e marketing (BOONE; KURTZ, 1998, p. 7). Sendo estas (eras) chamadas de orientação da empresa em relação ao mercado que se classificam como: orientação para produção, vendas e marketing ou simplesmente, conceito de produção, vendas e marketing. Portanto, até o ano de 1925, a maioria das empresas sendo elas grandes, médias ou pequenas, dirigiam-se a produção, como confirma Boone; Kurtz (1998, p. 7), “Os fabricantes davam ênfase à produção de mercadorias de qualidade e então procuravam quem as comprasse”. Então, os fabricantes acreditavam que um produto bem fabricado se venderia por si mesmo. Fator determinante para esta postura foi a Revolução Industrial, em que as estratégias de mercado eram praticamente impostas pela manufatura, sendo que estes eram focados na eficiência da produção e no controle dos custos. (ETZEL, 2001). Segundo Kotler (2006, p. 35), orientação para produção: Assume que os consumidores darão preferência aos produtos que estiverem amplamente disponíveis e forem de preço baixo. Os gerentes de organizações orientadas para produção concentram-se em atingir eficiência de produção elevada e distribuição ampla. Todavia, mesmo com todas as tecnologias existentes, serem de fácil acesso, muitos administradores insistem em utilizar a orientação para produção, como confirma Gioia (2006, p. 11) que “originalmente, todas as empresas eram orientadas 26 para a produção, e aquelas que, ainda hoje, possuem essa orientação acreditam que seu público-alvo é formado por pessoas que valorizam produtos de baixo custo e fáceis de serem encontrados”. Entre os meados da década de 20 até o início dos anos 50 com o desenvolvimento e sofisticação dos meios produtivos e o alinhamento na produtividade, o marketing focou-se para vendas. Devido aos primeiros sinais de excesso de oferta de produtos, estoques altos as empresas passaram a investir nas vendas. (BOONE; KURTZ, 1998, p. 8). Como confirma Sandhusen (2003, p. 13): Esse excesso de produtos, combinado com aumentos drásticos nas rendas do consumidor, levaram a um ênfase no poder das vendas e das campanhas de propaganda para encontrar novos clientes e persuadir pessoas resistentes à compra. Para Kotler (2006, p. 36), orientação para venda “assume que os consumidores, se deixados sozinhos, normalmente, não comprarão o suficiente dos produtos da organização. Assim, a organização deve empregar um esforço agressivo de venda e da promoção”. O que o autor informa é que o consumidor ou mercado não procurará o produto espontaneamente, ele necessitará de uma força para que o mercado se interesse pelo produto. Esse tipo de orientação é utilizado demasiadamente por organizações que não visam lucro, pois, necessitam de captação de fundos e aumento de número de integrantes, sendo necessário a utilização das ferramentas de vendas. Pórem, Kotler (2006, p. 36) acredita que “a maioria das empresas pratica o conceito de venda quando tem capacidade de produção excessiva. Seu propósito é vender o que fabricam em vez de o que o mercado deseja”. De acordo com Rocha; Christensen (1999, p. 20): [...] a orientação para vendas é, ainda hoje, a mais comum, havendo pouca preocupação por parte da maioria das empresas em prestar serviços que permitam manter a preferência do cliente a longo prazo. Tal situação encontra-se, porém, em mudança, impulsionada pela entrada da concorrência internacional. A partir da década de 50, as empresas perceberam que vender a qualquer custo não era a maneira mais correta, e sim conquistar e manter clientes, de uma 27 forma honesta e duradoura. Com esta nova visão as organizações passaram a utilizar conceitos de marketing como ferramentas estratégicas. (LAS CASAS, 2005). No início dos anos 60 percebeu-se a existência de maiores aplicações para o marketing do que até então se acreditava. Durante a década de 80 e no início da década de 90, diversas organizações sem fins lucrativos perceberam que necessitavam incorporar os conceitos de marketing para sobreviverem e continuarem atuando. (ETZEL, 2001). Boone (1998) coloca que existe uma diferença importante entre organização com e sem fins lucrativos, nas organizações com fins lucrativos a tendência é centralizar o marketing apenas em seus clientes. Por conta, as organizações sem fins lucrativos devem direcionar seu marketing para diversos públicos, buscando criar imagem positiva junto ao seu público-alvo e em todos os segmentos da sociedade. 2.2.1 Ambiente de marketing As organizações que desejam atingir as necessidades da empresa e dos clientes, devem estar preparadas e dispostas a conhecerem e compreenderem seus mercados que estão inseridas. Como confirma Gioia (2006, p. 14), “empresas e organizações em geral [...], para ser bem sucedida, necessita de uma aguda percepção das mais sutis tendências de mudança no longo prazo”. Essas tendências de mudanças a qual o autor menciona é a respeito do ambiente que a empresa esta inserida, que consequentemente, é compreendido pelos clientes. Entretanto, Cobra (2008, p. 123) colabora quando diz que “a administração de marketing deve estar permanentemente orientada para monitorar o meio ambiente com o objetivo de descobrir novas oportunidades, desenvolver vantagens competitivas e sustentar o crescimento”. Na administração de marketing, esse ambiente é conhecido como ambiente de marketing ou simplesmente como variáveis controláveis e variáveis incontroláveis que corresponde e formam, assim, o ambiente de marketing. 28 Para Las Casas (2005) as variáveis incontroláveis são aquelas sobre as quais a empresa não tem pleno poder de influência, necessitando adaptar seus programas de marketing às mudanças dessas mesmas variáveis. Podem-se citar como incontroláveis aquelas variáveis ligadas à economia, governo, política, clima, tecnologia e aos aspectos sociais dentro de um contexto de comunidade. Segundo o autor, a empresa deve considerar o que não pode modificar ou controlar, como as condições climáticas, políticas ou culturais de cada país ou região. Com a conscientização de condições particulares, a empresa pode adaptar suas atividades de marketing. O ambiente de marketing pode estar dividido em dois grandes grupos, sendo eles o macroambiente (ambiente externo) e o microambiente (ambiente interno). Segundo Kotler (2006, p. 63) macroambiente é: a força de nível mais geral que afetam a estrutura, a conduta e a atuação dos sistemas de marketing da empresa, as quais formam o macroambiente. Tem grande impacto sobre a empresa, enquanto o inverso não é verdadeiro. São os fatores “incontroláveis”, aos quais as empresas se adaptam, por meio da utilização dos fatores “controláveis”: seus compostos de marketing. Já para Gioia (2006, p. 15), macroambiente é o: ambiente composto pelos stakeholders: concorrentes, fornecedores, clientes, intermediários, grupos de opinião e pressão, organizações nãogovernamentais, a comunidade na qual a empresa está inserida, o setor público, os outros públicos com os quais a empresa se relaciona. O microambiente fica definido da seguinte forma por Cobra (2008, p. 123): O ambiente interno é constituído das áreas funcionais da empresa, ao passo que o ambiente o ambiente operacional é formado pelos clientes, fornecedores, distribuidores, concorrentes, o público em geral, os agentes financeiros, sindicatos, o governo etc. Portanto, o ambiente interno é o ambiente em que compreendido pelas áreas funcionais da empresa, sendo sua característica maior o relacionamento direto com o ambiente da empresa e possível de ser controlada. Cada um dos grupos esta formado por variáveis, sendo elas controláveis, ou seja, a gerência de marketing tem a capacidade de prever e reverter essas variáveis, porém, existem as variáveis incontroláveis que para gerência de marketing são mais 29 complexas e dificilmente consegue-se alterar, a única possibilidade para os administradores de marketing é tentar prever essas variáveis, a fim de conseguir adaptar-se perante o ambiente e consequentemente ao mercado. Gioia (2006, p. 15) acredita que “as empresas possuem variáveis internas que são controláveis, como produto, preço (salvo em mercados com preços regulados), praça e promoção”. Kotler (2006, p. 63) coloca que “o ponto fundamental do macroambiente é que ele se modifica e, o que é mais importante, em ritmo acelerado”. É perceptível que para o crescimento e sobrevivência das organizações, sendo elas grandes, médias ou pequenas, precisam estar atentas ao macroambiente, alocando investimento nos seus departamentos de marketing, como confirma Kotler (2006, p. 63): A implicação-chave para o marketing da empresa é que ela precisa investir mais, a fim de se manter em consonância com as mudanças sociais significativas e estar preparada a se adaptar mais rapidamente do que antes. A empresa que sobrevive é a que está integralmente sintonizada com seu meio ambiente. Entretanto, o que está acontecendo é que o ambiente está se alterando muito rápido, ocasionando, assim o elevado desaparecimento das pequenas e médias empresas. Kotler (2006, p. 63) acredita que “uma empresa passiva enfrenta a extinção; uma empresa adaptável sobreviverá e, provavelmente, terá um crescimento modesto; uma empresa inovadora prosperará e até contribuirá para as mudanças que estão ocorrendo no ambiente externo”. Gioia (2006, p. 15) coloca que “o desafio a ser vencido está no adequado ajustamento das variáveis internas e controláveis da empresa com as variáveis externas, oriundas do macroambiente”. Mas, na visão de Sandhusen (2003, p. 72), as variáveis incontroláveis do macroambiente são classificadas da seguinte forma “o ambiente demográfico, o ambiente econômico, o ambiente sociocultural, o ambiente político-legal, o ambiente tecnológico e o ambiente competitivo (concorrência)”. Na verdade, essa classificação não se altera muito de autor para autor, pode acontecer de alguns autores determinarem outros termos para os mesmos ambientes. 30 Para que se consiga entender toda a dinâmica do ambiente de marketing para a empresa é necessário descrever os ambientes. Segundo Las Casas (2006, p. 110), as variáveis econômicas “exerce influência muito forte no desempenho de todas as empresas de determinado mercado”. As oscilações que ocorrem freqüentemente na economia dos países principalmente quando são países em desenvolvimento, afetam os hábitos de consumo, a renda etc, atingindo rapidamente diversos setores da economia. Cobra (2008, p. 132) afirma que “a única saída é antecipar-se os fatos, exercendo previsões econômicas e coerentes [...], é preciso conhecer o ciclo de negócios, a inflação, o crescimento da renda e a variação nos gastos de consumo”. A respeito do ambiente sociocultural, Las Casas (2006, p. 113) pensa que “a sociedade molda o comportamento à medida que ela vai adquirindo e mudando as crenças e os valores culturais”. Para Gioia (2006, p. 19) o ambiente sociocultural é compreendido pelas “tendências relativas a crenças básicas, valores, normas e costumes sociais nas comunidades com as quais a empresa interage, inclusive aquelas que possam alterar o desenvolvimento futuro dessa empresa”. O ambiente demográfico é formado pelas características de uma determinada população, sendo elas a nível local, regional, nacional e internacional. Para Semenik; Bamossy (1995, p. 40), “a demografia consiste nas características objetivas da população: idade, sexo, estado civil, profissão, porte da residência e outras do gênero”. 2.2.2 Composto de marketing A administração de marketing, atualmente, deve estabelecer mecanismos estratégicos que possibilitem analisar sua integração com o mercado – consequentemente seus clientes – e de uma forma mais rápida, pois as alterações no mercado e dos clientes acontecem ligeiramente. Além disso, devem-se ter mecanismos dinâmicos que comportem as mudanças do ambiente externo e interno em que a organização está inserida. 31 Devido, a este fato a administração de marketing, mais precisamente seus administradores têm disponível como ferramenta estratégica, o composto de marketing. Como confirma Cobra (2004, p. 41) “A interação de uma organização com seus meios ambientes internos e externos se realiza através do composto de marketing”. Gioia (2006, p. 139) pensa que “A solução de integração desses elementos é um dos componentes que definem a estratégia de marketing; de sua correta e adequada combinação depende o sucesso de tal estratégia”. Portanto, serão essas quatro ferramentas que serão os pilares básicos de uma organização para que aconteça o marketing, pois através dessas ferramentas será determinado, configurado e sustentado seu composto. (COSTA; TALARICO, 1996, p. 22) Kotler (2003, p. 151) crê que o composto de marketing ou mix de marketing é: O mix de marketing descreve o conjunto de ferramentas a disposição da gerência para influenciar as vendas. A fórmula tradicional é chamada de quatro Ps – produto, ponto, preço e promoção (product, price, place e promocion). Produto; O produto ou serviço é dito certo ao consumo quando atende as necessidades e desejos de seus consumidores alvos. Ponto; O ponto posiciona o produto ou serviço junto ao seu mercado consumidor. Preço; O preço deve transmitir o valor dos custos de produção somando o valor agregado do produto acabado. Promoção; A promoção compreende a publicidade, relações públicas, a promoção de vendas, a venda pessoal e o merchandising. De uma forma simples, Dias (2004, p. 9) retrata o composto de marketing sendo o “conjunto de quatro ferramentas que a empresa utiliza na criação de valor para o cliente: produto, preço, promoção e ponto de distribuição”. Para Gioia (2006, p. 139) composto de marketing é: combinação de variáveis estratégicas controláveis pela organização, basicamente os 4Ps (produto, preço, promoção, e praça/ponto de venda/distribuição), orientada para a criação de valor para o comprador (cliente ou consumidor) e o atingimento dos objetivos da organização ofertante Todavia, essa ferramenta é apresentada com outros nomes; entre eles estão: composto de marketing, mix de marketing e popularmente chamado de 4 Ps, contudo, retratam os mesmos objetivos. O Composto de marketing ou mix de marketing popularmente chamado de 32 ferramenta ou sistema dos 4 Ps foi idealizado por McCarthy (apud Kotler, 2000), o qual classificou as ferramentas utilizadas pelo marketing em quatro grupos, denominados os 4p’s do marketing, traduzidos para o português como: produto, praça, preço e promoção. A partir da análise destes fatores de mercado é possível tomar decisões dos compostos de marketing. Cobra (2004, p. 42) coloca que “Importante interação envolve então as ferramentas de marketing para a consecução dos objetivos de uma organização em consonância com a sua missão de negócio”. Com isso, para satisfazer às necessidades do mercado-alvo, é necessário existir uma relação direta e dependente entre as variáveis dos 4 Ps, que tem o objetivo de atender a missão da organização. Cobra (2004, p. 44) afirma ainda que “a compreensão das ferramentas de marketing pode ajudar a neutralizar as forcas ambientais, canalizando recursos e obtendo resultados financeiros e de posicionamento de mercados compensadores”. Para se compreender o que compõe o composto é interessante conceituar os 4 Ps (produto, preço, ponto de distribuição e promoção), Gioia (2006, p. 146) acredita que produto é “qualquer coisa (bem, serviço, idéia, pessoa, instituição etc.) que potencialmente possui valor de troca; um conjunto de atributos e resultados de consumo que satisfazem necessidade(s)”. Costa; Talarico (1996, p. 32) pensam que preço é “o valor que um produto tem ou apresenta em determinado mercado, representado por uma quantidade de moeda”. Gioia (2006, p. 150) coloca que o preço é “o componente fundamental na avaliação do custo envolvido na troca pelo comprador-alvo; ao mesmo tempo, a variável que determina o resultado para a organização”. Ainda seguindo o pensamento de Gioia (2006, p. 155), a distribuição “compreende o processo, a estrutura e a gestão da disponibilização dos produtos (bens, serviços etc.) para as trocas”. De acordo com Gioia (2006, p. 160) promoção é o: Esforço de comunicação para reconhecimento e a criação de consciência de um produto por parte dos compradores-alvo, envolvendo a informação sobre sua configuração, as necessidades que ele potencialmente satisfaz e de que modo ele atende a essas necessidades. Gioia (2006, p. 140) acredita que o “composto de marketing incorpora a visão de negócio, seus objetivos, decisões sobre mercado e, acima de tudo, 33 expressa operacionalmente a estratégia do produto, vale dizer, as orientações e decisões adotadas para a oferta”. Portanto, o composto de marketing tem que basear-se nos objetivos e características da organização, para que efetivamente sejam alcançados os objetivos do marketing que são a satisfação do cliente e a rentabilidade da empresa. A figura 1 mostra a empresa preparando um mix de ofertas de produtos, serviços, utilizando um mix de promoção, que é formado por promoção de vendas, publicidade, força de vendas, relações públicas, mala-direta, telemarketing e internet, para alcançar canais de distribuição e os clientes-alvo. MIX de MARKETING MERCADO ALVO PRAÇA PRODUTOS PREÇO Variedade Qualidade Design Características Preço de lista Descontos Concessões Nome da marca Embalagem Tamanhos Serviços Garantias Devoluções Prazo Pagto. Condições de financiamento PROMOÇÃO Promoção vendas Publicidade Força de vendas Relações públicas Marketing direto Canais Cobertura Variedades Locais Estoque Transporte Figura 1 – Mix de marketing FONTE: Shimoyama; Zela (2002, p. 55). Conhecido como os 4P’s de Marketing, essas variáveis servem de base para a interação entre o consumidor final e a empresa, permitindo a adequação das empresas para atender as expectativas das demandas. Ouros autores, como Kotler (2004); Semenik; Bamossy (1995) assim definem: Produto O produto é a base de qualquer negócio, ele significa a oferta de uma empresa para satisfazer a necessidade do consumidor. Os produtos podem ser classificados em três grupos, de acordo com sua durabilidade ou tangibilidade. Bens 34 não-duráveis são os de consumo freqüente, como alimentos. Bens duráveis são os de consumo utilizados por um período extenso, como eletrodomésticos e automóveis. E os serviços, que é a ação desempenhada por uma parte a outra, como limpeza e entretenimento. Preço O preço influencia no comportamento de compra quando o consumidor está avaliando as alternativas para a tomada de decisão de compra. Ao fixar um preço, deve-se considerar o tipo de concorrência, o custo total, e estimar o valor máximo que o cliente pagaria por o produto ou serviço oferecido. O preço difere dos três outros componentes, pois gera receita e os demais geram custos. É também o mais flexível dos quatro componentes do composto de marketing, por que pode ser aumentando e reduzido freqüentemente pelos profissionais de marketing. Praça ou distribuição. O Ponto, ou praça é uma estratégia para tornar o produto disponível ao público-alvo. É importante que os produtos estejam disponíveis nas quantidades e locais corretos, e na hora em que o consumidor desejar. O produto ou serviço só terá utilidade se estiver posicionado junto ao seu mercado consumidor. A escolha do ponto para o produto ou serviço, é relacionada com o canal de distribuição, tais como o distribuidor, atacado ou varejo. O profissional de marketing deve selecionar características no ponto de venda que combinem com o produto, ou serviço. Promoção O “P” de Promoção, representa todas as ferramentas que um profissional de marketing pode utilizar para emitir uma mensagem ao público alvo com objetivo de gerar uma resposta positiva aos clientes. Entretanto, desenvolveram-se outras maneiras de representar o composto de marketing de uma organização, contudo utilizando-se de ferramentas estratégicas similares as dos 4 Ps. Neste sentido, o professor Raimar Richers, desenvolveu 4 As, esse modelo sugere uma interação entre a organização e seu meio ambiente, diferentemente dos 4 Ps, em que a interação acontece através da missão do negócio. Este composto de marketing é formado por (1) análise, (2) adaptação, (3) ativação e (4) avaliação. (COBRA, 2004) Todavia, existem ainda os 4 Cs, que foram idealizados por Lautenborn que 35 são: (1) CLIENTE é o elemento mais importante; (2) CUSTO estar dentro das possibilidades de compra do consumidor; (3) CONVENIÊNCIA satisfazer o cliente e mantê-lo fiel aos produtos ou serviços oferecidos e (4) COMUNICAÇÃO assediar o cliente, mexer, induzir a compra. (COBRA, 2004). Em suma os compostos mercadológicos reúnem aspectos importantes no processo de administração de marketing. 2.2.3 Mercado-alvo ou público-alvo No momento em que as empresas observaram que poderiam estar perdendo capital e consequentemente clientes, devido, ao tamanho que a diversificação do mercado alcançou no século XX, tiveram então que buscar meios que conseguissem identificar o mercado que realmente tivesse a necessidade e/ou desejo de adquirir o produto de determinada empresa. Por isso, na administração de marketing desenvolveu-se o conceito de mercado-alvo (KOTLER, 2004). É fundamental antes de qualquer processo identificar qual público-alvo a ser direcionado o esforço de comunicação. Porém, não será somente a variável promoção que é afetada, e sim, todo o composto de marketing de uma organização, contudo suas ações devem estar direcionadas totalmente para o mercado-alvo. Como confirma Ogden (2002, p. 5) “o mercado-alvo, grupo de pessoas para o qual a organização ou empresa decide direcionar seus esforços de marketing”. Contudo, o mercado-alvo “é aquele que as organizações irão direcionar suas estratégias e seu esforço de marketing”. (DIAS et. al, 2004). Gioia (2006, p. 141) conceitua mercado-alvo sendo “grupo de compradores (clientes ou consumidores) que têm necessidades e desejos, percepções de valor e/ou comportamento de compra relativamente semelhantes, selecionados como foco para oferta de dado produto”. Para Kotler (2006, p. 512) “após a empresa ter identificado suas oportunidades de segmentos de mercado, ela precisa avaliar os vários segmentos e decidir quantos e quais deles visar”. O Público-alvo é o foco das ações de marketing da empresa. São as 36 pessoas a quem dirigimos estratégias, buscando atender e satisfazer seus desejos e necessidades. Para confirmar o conceito de mercado-alvo, Dias (2004, p. 3) afirma que mercado-alvo é “aquele para o qual a empresa irá direcionar seus investimentos e focar sua estratégia de marketing”. Entretanto, as primeiras visões do marketing eram dirigidas para o Marketing de Massa, ou seja, considerava uma grande população sem diferenciar segmentos que a compõem. Todavia, com a diversificação das necessidades e desejos dos consumidores e suas características social, cultural e econômica diversificadas, é quase que impossível de atender todo o mercado de uma mesma maneira, por isso, independentemente do setor em que a organização esteja inserida, ela deve em um primeiro momento identificar seu mercado-alvo, e logo após, segmenta-lo e repassar as analises desse mercado para as ferramentas de marketing para que se possa elaborar estratégias de acordo com as necessidades do mercado. Portanto, para Dias (2004) esse será o desafio em que às empresas enfrentarão no XXI. 2.2.4 Segmentação Considera-se que as pessoas são diferentes e pensam diferentemente na sua forma de comprar e aos produtos e serviços que costumam adquirir. Mas, ao mesmo tempo percebe-se também que é possível, em alguns momentos, agrupar esses consumidores (SHIMOYAMA; ZELA, 2002). A segmentação de mercado representa um esforço para atingir o público alvo com maior precisão. (KOTLER, 2006). Talvez, seja por isso que para Cobra (2008, p. 150) “é importante compreender o comportamento de compra do consumidor para poder identificar e agrupar compradores com perfis semelhantes e, dessa maneira, realizar uma segmentação de mercado”. Kotler (2006) expõe que as bases para segmentação de mercados consumidores estão divididas em quatro grupos amplos de variáveis: (1) GEOGRÁFICAS: região, população da cidade, concentração, clima. Estas podem ser divididas em unidades geográficas diferentes, as empresas é que terão que ficar 37 atentas às variações locais em termos de necessidade; (2) DEMOGRÁFICAS: faixa etária, tamanho da família, ciclo de vida da família, sexo, renda, ocupação, formação educacional, religião, raça, geração, nacionalidade, classe social. Consideradas as bases mais comuns e mais fáceis para distinção de grupos consumidores; (3) PSICOGRÁFICAS: aqui os compradores são divididos em grupos, baseando-se no estilo de vida e/ou personalidade. Pessoas pertencentes ao mesmo grupo demográfico podem exibir perfis psicográficos muito diferentes; (4) COMPORTAMENTAIS: ocasiões, benefícios, status de usuário, status de lealdade, estágio de aptidão de compra e atitude relativa ao produto. Dividi-se os grupos, tomando como base seu conhecimento, atitude, uso ou resposta para um produto. Muitas empresas acreditam ser o melhor ponto de partida para o desenvolvimento de segmentos de mercado. As estratégias de segmentação dividem o mercado em parte menores, homogêneas em alguns aspectos, com o objetivo de oferecer aos clientes produtos com possibilidades de respostas positivas. Destaca Murphy (2000, p. 253) que a “segmentação é mais dispendiosa para o produtor de diversas linhas que fabrica diferentes produtos para diferentes segmentos, porque a estratégia sacrifica algumas das economias de escala da produção em massa”. Para esse autor, segmentar mercado representa gastar dinheiro. Já na visão de Cobra (2008, p. 150), “para as empresas, de modo geral, a segmentação de mercado tem grande importância porque representa investimentos”. Justifica dizendo que o melhor uso dos orçamentos publicitários e outros gastos dirigidos ao segmento de mercado, são alocados de forma mais adequada. E o retorno financeiro é maior, já que a mensagem está dirigida especializadamente a um segmento menor. A segmentação depende exclusivamente da decisão dos gestores da empresa, após análise minuciosa do mercado que se quer atingir. Ainda segundo Murphy (2000), especialistas em marketing sugerem que para segmentar sejam feitas as seguintes perguntas: 1. O mercado pode ser identificado e avaliado? 2. O segmento é suficientemente grande para ser lucrativo? 3. O mercado é alcançável? 4. O segmento está receptivo? 38 5. O mercado é estável? Cobra (2008) alerta que para se ter êxito a segmentação exige comunicação entre vendedores e compradores. Segundo pesquisas da AC Nielsen, os consumidores brasileiros e latino americano estão mais exigentes na relação custobenefício. Para isso, a importância da pesquisa. Pois revela que a segmentação do mercado com base em preço é marcante, enquanto a marca tende a ter influência menor para efeito de formação de agrupamentos de consumidores. A segmentação como processo, na visão de Murphy (2000) está dividida em cinco fases: (1) Determinar o mercado: os benefícios para o consumidor costumam determinar os métodos e o marketing mix; (2) Definir variáveis de segmentação: o objetivo é a identificação dos desejos e necessidades de um grupo específico; (3) Traçar o perfil do segmento: na maioria das vezes traça-se o perfil demográfico e geográfico, delimitando conforme o comportamento de consumo visível; (4) Delimitar o Segmento: o profissional de marketing tem que determinar o melhor ajuste entre recursos e capacidades da empresa. O segmento maior nem sempre oferece a melhor oportunidade, porque muitas vezes já está bem servido; (5) Conceber um plano de marketing: essa fase final é o plano de ação, verificando se as necessidades dos clientes serão satisfeitas. Esta baseada na informação referida nos pontos de 1 a 4. Ainda sobre segmentação de mercado é preciso relacionar a Internet, pois através dela é possível oferecer e vender produtos do mundo inteiro. Critérios para agrupamento destes consumidores deverão obedecer a uma nova metodologia. O internauta é um cidadão global, sendo identificado não pela sua origem em termos de idioma ou nacionalidade, mas pelo seu endereço postal. Comprovar dados cadastrados tais como sexo, idade são muito difíceis, por isso novos critérios para obedecer a uma nova lógica. (COBRA, 2008). 2.2.5 Ferramentas da CIM Nesta seção se detalha as principais ferramentas do composto de comunicação e suas características. 39 Para Kotler (2006, p. 527), “comunicar eficientemente, os profissionais de marketing precisam entender os elementos fundamentais da comunicação eficaz”. Em seguida, a figura 2 mostra modelo de comunicação com nove elementos, sendo que os principais elementos são o emissor e o receptor e as duas principais ferramentas de comunicação são a mensagem e a mídia. Quatro representam as principais funções da comunicação – codificação, decodificação, resposta e feedback. O último elemento é o ruído (interferências). Elementos do processo de comunicação. Figura 2 – Processo de comunicação FONTE: Kotler (2006, p. 527) O modelo destaca (figura 2) os fatores-chave da comunicação eficaz, sabendo que público atingir e que respostas esperam. O processo de codificação do emissor deve estar engrenado com a decodificação do receptor. Quanto mais sintonizados emissor-receptor maior probabilidade de eficácia da mensagem. Para se ter uma integração maior em marketing, os profissionais da área são forçados a buscar novos métodos, criando um novo enfoque chamado CIM – Comunicação Integrada de Marketing. “A CIM significa que todas as atividades promocionais são coordenadas para produzir uma unificação da mensagem promocional focada ao cliente ou consumidor final”. (BOONE; KURTZ 1998, p. 398). Ainda segundo Boone; Kurtz (1998, p. 399): A implementação com sucesso da CIM depende, de uma maneira crítica, do que as pessoas envolvidas nos vários aspectos do composto promocional funcionem como uma equipe. Elas devem apresentar um esforço promocional coerente e coordenado em todos os pontos de contato entre os consumidores e a organização. 40 Ogden (2002) acrescenta que todas as empresas devem ser conscientes de que tanto as variáveis de marketing como as de comunicação afetam umas as outras, bem como o consumidor e os comunicadores. Portanto, todas as variáveis de comunicação surtirão efeito no marketing, fato este que requer que todo o esforço referente à comunicação de uma empresa sejam integrados. Para esses autores, a comunicação de marketing é constituída por mensagens que atuam nas relações vendedor-comprador, sendo um conceito mais amplo do que estratégia promocional, pois inclui a comunicação boca a boca e outras formas de comunicação não sistemáticas. O composto promocional é a parte do marketing que mais aparece, é percebida de uma forma geral e consiste nos modos de comunicação, sendo elas: propaganda, promoção, relações públicas, venda pessoal, marketing direto, marketing digital. 2.2.5.1 Propaganda Propaganda tem origem no latim “propagare”, que quer dizer propagar, multiplicar, difundir. Segundo Ogden (2002, p. 13) “a propaganda é o desenvolvimento e a execução de qualquer mensagem de lembrança informativa ou persuasiva, comunicada a um mercado ou público-alvo através de um meio não-pessoal”. Propaganda nada mais é do que uma das ferramentas de comunicação de marketing que as empresas utilizam para se comunicarem com seus públicos. No Brasil e em alguns países da América Latina, como aponta Gonzáles (2003) o termo propaganda é o mais utilizado e abrange tanto a propagação das idéias como a venda de produtos e serviços. Alguns livros específicos empregam o termo propaganda à publicidade e vice versa, indiferentemente. É necessário delimitar conceitualmente “propaganda” e “publicidade”, pois essa diferenciação de conceitos implica a utilização de diferentes recursos expressivos e argumentativos. (GONZALES, 2003). 41 A Propaganda é qualquer forma paga de apresentação impessoal e de promoção de idéias ou serviços por um patrocinador identificado. Segundo Kotler (1999, p. 212) “a propaganda é um elemento extremamente saliente e penetrante na sociedade moderna”. Conforme Costa; Talarico (1996) propaganda é impessoal, unilateral, paga e assumida pelo anunciante, podendo atingir um grande volume de pessoas ou regiões podendo tornar um produto ou serviço conhecido ou não. Propaganda não tem nada a ver com qualidade do produto, apenas com qualidade da propaganda. (MURPHY, 2000). Para alguns autores no Brasil Propaganda e Publicidade são usados indistintamente, que conforme Pinho (1998, p. 25-26) são técnicas de persuasão, mas com diferentes propósitos e funções. A propaganda tem o propósito de influenciar nas decisões e as atividades do público receptor. Ainda Pinho (1998) classifica tipos de propaganda como: (1) propaganda ideológica, que é formar opiniões dos indivíduos; (2) Política, de caráter permanente, difusão de ideologias políticas e filosóficas partidárias; (3) Eleitoral, de utilização esporádica; (4) Governamental, de autoria do governo ou por companhias estatais para criar, reforçar ou modificar a imagem; (5) Institucional, tem o propósito de compor a imagem da empresa perante a opinião pública; (6) Corporativa, divulgar e informar ao público e acionistas, notícias de solidez; (7) Religiosa, disseminação da mensagem evangélica e por fim; (8) Propaganda social, que tem por objetivo difundir a aceitação de uma idéia ou prática social. A aceitação do que é dito na propaganda representa seu impacto persuasivo. (OGDEN 2002). O passo final para o uso eficaz da propaganda é a avaliação da propaganda, que segundo Kotler (1999, p. 219) “os componentes mais importantes são o teste do texto, o teste de mídia e o teste do nível gasto”. Tipos de propaganda destacados por Gonzales (2003): (1) TELEVISÃO; sob o ponto de vista da mídia, é o maior veículo de comunicação do país, atingindo 80% dos lares brasileiros, ou seja, alta capacidade de cobertura. Exerce fascínio sobre as pessoas e dispõe de recursos como som, imagem, cores e movimentos. Mensagens publicitárias são veiculadas em forma de comerciais (filmes ou videoteipes). As emissoras educativas só veiculam mensagens de caráter comunitário, cívico e de utilidade pública; 42 (2) RÁDIO, também tem um grande poder de abrangência, está presente em mais de 87% dos lares brasileiros. Mensagens publicitárias do rádio são transmitidas sob a forma de fonogramas (spots, quando são textos interpretados, e jingles, que são músicas cantadas) ou de textos falados por locutores; (3) CINEMA, é o meio de comunicação menos utilizado pela publicidade e propaganda, tem pouco alcance na população em geral, e seu uso é limitado pela legislação ao início de cada sessão; (4) REVISTAS abrangem um público selecionado, já que existem diversos títulos voltados para diferentes segmentos da população. A audiência dos anúncios impressos em revistas é sempre superior à sua veiculação, porque geralmente ela é lida por mais de uma pessoa e é comum que o mesmo leitor a leia mais de uma vez; sendo assim, sua permanência entre os consumidores é a maior de todos os meios de comunicação; (5) JORNAL é a mídia impressa mais acessível ao anunciante e presta serviços de utilidade pública em anúncios classificados. Sua abrangência está nas classes A e B, cerca de 57% da população. Geralmente, os jornais oferecem aos seus leitores informações, prestação de serviços e entretenimento. Seguindo essa linha, Cobra (2008) aponta que o jornal oferece vantagens específicas para o anunciante, tais como: - seletividade geográfica; - oportunidade: veiculação com rapidez; - criatividade; - credibilidade: atinge diversos públicos, pois apresenta assuntos variados. E a boa imagem do jornal se transfere para o anunciante; - audiência interessada; - custo: em termos de produção e espaço o jornal oferece a melhor alternativa de custo. Cobra (2008) também menciona algumas desvantagens como: - segmentação limitada; - criação restrita; - vida curta, - atropelos: confronto entre notícia e anúncio. 43 (6) OUTDOOR significa tecnicamente qualquer espécie de publicidade ou propaganda ao ar livre. O outdoor, depois da televisão, é um veículo de comunicação que mais rapidamente atinge a massa da população; (7) MALA DIRETA sua principal característica é ser uma mídia extremamente dirigida. Enviada a pessoa em particular e, quando bem realizada, sua dispersão é próxima de zero, ou seja, o apelo que se faz obtém quase que uma resposta imediata. Talvez seja por isso que outros autores a remetem para o Marketing Direto. Em suma, os objetivos da propaganda devem ser definidos de acordo com o público alvo; orçamento disponível; criação; mídia, técnicas; pré-teste, pós-teste a serem utilizados. (COBRA, 2004). 2.2.5.2 Promoção de vendas Já, a Promoção de Vendas é formada por incentivos a curto prazo para encorajar a experimentação ou compra de um produto ou serviço. Tais como: cupons, concursos, prêmios, entre outros. Caracteriza-se por ações que venham a estimular à compra, oferta benefícios, vantagens para o público visado. (COSTA; TALARICO, 1996). Ainda para Costa; Talarico (1996, p. 58) promoção de vendas “é uma estratégia de efeito rápido que deve ter curta ou média duração”. Pinho (1998, p. 42) acrescenta que o varejo na busca de criar um diferencial é o que mais utiliza as técnicas de Promoção de Vendas. Murphy (2000) coloca a promoção de vendas como sendo a batalha pelas mentes dos clientes. Influencia a demanda, minimizando impacto e importância de preço na tomada de decisão do cliente. Para Ogden (2002, p. 14) “promoção de vendas é criar ou induzir compras”. Tendo como principal vantagem desenvolver um pacote de valor agregado para o profissional de marketing. 2.2.5.3 Relações públicas e publicidade 44 As Relações Públicas e Publicidade constituem uma variedade de programas preparados para promover e/ou proteger a imagem de uma empresa ou de seus produtos individuais. Para Pinho (1998, p. 50): A atividade de Relações Públicas é comunicação, pois transmite e interpreta as informações de uma instituição para seus diferentes públicos; é também uma função administrativa, ao trazer à instituição informações quanto ao interesse público. Ogden (2002, p. 15) diz que “embora sejam atividades diferentes, relações públicas e publicidade normalmente são agrupadas, pois desempenham a mesma função e muitas vezes são executadas pelo mesmo indivíduo, grupo ou departamento”. As atividades específicas de Relações Públicas são definidas por lei, que segundo Pinho (1998, p. 51) são: a) à informação de caráter institucional entre a entidade e o público, através dos meios de comunicação; b) à coordenação e planejamento de pesquisas de opinião publica, para fins institucionais; c) ao planejamento e supervisão da utilização dos meios áudios-visuais, para fins institucionais; d) ao planejamento e execução de campanhas de opinião pública; e) à orientação de dirigentes de instituições públicas ou privadas na formulação de políticas de Relações Públicas; f) à promoção de maior integração da instituição na comunidade; g) à informação e à orientação da opinião pública sobre os objetivos elevados de uma instituição; h) ao assessoramento na solução de problemas institucionais que influam na posição da entidade perante a opinião pública; i) à consultoria externa de Relações Públicas junto a dirigentes de instituições; j) ao ensino de disciplinas específicas ou de técnicas de Relações Públicas. 45 Para Kotler (1999, p. 222), a publicidade possui três qualidades que a tornam um investimento interessante. Em primeiro lugar, poderá ter maior veracidade que a propaganda, porque parece ser notícia normal e não informação patrocinada. Em segundo lugar, tende a pegar as pessoas desprevenidas que, de outra forma, poderiam evitar ativamente os vendedores e anúncios. Em terceiro, possui um alto potencial de dramatização no sentido de que desperta a atenção proveniente de um acontecimento noticioso. Na visão de Costa; Talarico (1996, p. 57) é uma: Estratégia que explora o caráter informativo da comunicação, a criação de fatos e provocação de notícias, desenvolvendo um trabalho de informação e fortalecimento da imagem corporativa da empresa e a informação do lançamento, modificações e de características específicas de produtos. Ogden (2002, p. 15) destaca que a “publicidade utiliza mídia de massa da mesma maneira que a propaganda. O que diferencia é o fato de que ela não é paga no sentido tradicional”. Neste sentido, Costa; Talarico (1996, p. 57) apontam que “pelo fato de parecer jornalística, a mensagem publicitária gera maior credibilidade e interesse público, não podendo, no entanto, ser excessivamente repetida”. Talvez seja por isso que Ogden (2002) adverte que mesmo sendo considera ‘gratuita’ a publicidade deve ser também direcionada. Pois nota-se que nem sempre uma publicidade obtida é positiva. 2.2.5.4 Venda pessoal Venda Pessoal é a interação face a face com um ou mais compradores potenciais com o propósito de fazer apresentações de vendas, responder a dúvidas e tirar pedidos. Para Kotler (1999, p. 224); “o contato pessoal executa uma função de vendas, na extensão em que os representantes da organização tentam encontrar e desenvolver novos clientes ou aumentar as vendas dos clientes existentes”. No entanto, Costa, Talarico (1996, p. 58) dizem que “para alguns autores, a 46 venda pessoal não se caracteriza como uma estratégia de comunicação por ser uma ação de caráter comercial, em que o vendedor se confronta diretamente com o comprador, procurando convencê-lo a efetuar a compra”. Para Murphy (2000, p. 120), “a venda pessoal é o componente mais individualizado no mix de promoção e, portanto, o direcionamento ao consumidor pode ser de fato muito preciso”. Ogden (2002, p. 14) corroborando com esses autores, frisa que “a venda pessoal é utilizada para gerar os benefícios da comunicação individualizada e envolve diálogo ente a empresa e o consumidor”. 2.2.5.5 Marketing direto Por Marketing Direto entende-se a disciplina de marketing cuja comunicação se utiliza uma ou mais mídias para obter uma resposta ou transação mensurável junto a públicos específicos, ou simplesmente gerar uma ação de relacionamento que gere encantamento junto ao público visado. (KOTLER, 2003). Ainda na abordagem do autor, demonstra que qualquer meio de comunicação ou propaganda, interativos e que possibilitem a geração de uma resposta mensurável (pedido ou contato de um prospect ou cliente). Segundo ele, os principais objetivos do marketing direto são: Divulgação a marca ao público alvo definido. Diminuição da dispersão da verba publicitária. Obtenção de resultados mensuráveis. Maximização da lucratividade. As ações de marketing direto devem ser planejadas para que o sucesso seja garantido, cita Kotler (2003), sendo que, para o mesmo ocorrer, devem ser seguidas as seguintes etapas: Diagnóstico: entender as necessidades antes de deflagar a ação; Objetivos: definição dos objetivos que podem ser a conquista de novos clientes, a geração de leads , a venda, a fidelização e a maximização da rentabilidade de clientes; 47 Definição do público alvo: quem se quer atingir, em que quantidade, onde buscar os nomes desejados, quais as segmentações desejadas e qual mailing a ser utilizado; Oferta: deve ser entendida em seu sentido amplo, como um conjunto que inclui o produto/serviço propriamente dito, a informação ou material promocional, o preço e as condições de comercialização, brindes, prêmios, sorteio e amostras, a entrega (prazo, custo do frete) e as garantias (do produto/serviço, de devolução, de privacidade); Comunicação e abordagem: em que contexto a ação estará inserida, o que estará sendo comunicado, briefing; Mídias (Media): que veículos serão usados para atingir o público alvo; Canais de resposta: que meios serão oferecidos para que o público alvo responda/compre; Momento de deflagar a ação: em que momento deve-se abordar o cliente, devendo levar-se em consideração o estágio do ciclo de vida do cliente; Custo: cálculo do break-even-point, o retorno sobre investimento, ROI, é calculado a posteriori, testes; Resultado esperado: é realizada a mensuração/avaliação dos resultados esperados; Fulfillment: Todas as atividades necessárias para o atendimento de um pedido gerado por uma campanha de marketing direto. Pode ser dividido em três fluxos: de informações, de mercadorias (entrega) e de valores (cobrança); Acompanhamento e controle: os mecanismos de controle devem permitir uma rápida correção de rumos e o aperfeiçoamento constante da ação. Para serem desenvolvidas ações de marketing direto, as seguintes mídias podem ser utilizadas com efetividade: E-mail marketing. Mala direta. Catálogos. Telemarketing. Marketing Direto é um sistema interativo de marketing que utiliza uma ou 48 mais mídias de propaganda, efetivando uma resposta mensurável; o qual implica na utilização do Correio, telefone, fax, e outras ferramentas de contato impessoal para comunicar ou solicitar resposta direta de consumidores ativos e potenciais. (MURPHY 2000). Para esse autor, dentre o marketing direto, a mala direta é interessante para os profissionais, pois oferece um alto grau de seletividade. O custo por cliente é mais alto que as mídias de massa, mas trocam-se custos mais altos por compradores potenciais. “O marketing direto permite a comunicação personalizada. Além disso, pode ser usado com muitos meios diferentes ou com apenas um”. (OGDEN 2002, p. 16). De acordo com a Associação Brasileira de Marketing Direto - ABEMD, o marketing direto é uma especialização do marketing, que envolve a utilização de técnicas de propaganda e vendas e permite atingir o público alvo de forma mais dirigida, no sentido de obter respostas diretas e mensuráveis. Entre os instrumentos do marketing direto estão o telemarketing mala direta e os cartões de resposta encartados em revistas. Conforme ainda Kotler (2003), o marketing direto significa informação sobre pessoas, tanto físicas quanto jurídicas, armazenadas em bancos de dados, informação para pessoas, que são as comunicações com alto teor de persuasão customizada e maior teor informativo. Entre as ferramentas da CIM, Ogden (2002), ressalta que o mix de comunicação integrada, tem uma ferramenta que é o Marketing Digital, que utilizam computador e redes de computadores onde atingem os públicos-alvo ou para reforçar o marketing ou a CIM. 2.2.5.6 Marketing digital O marketing digital tem como aliado o custo, que é uma alternativa barata em relação aos meios tradicionais. Limeira (2007, p. 10) define marketing digital ou eletrônico como sendo “o conjunto de ações de marketing intermediadas por canais eletrônicos, como a internet, em que o cliente controla a quantidade e o tipo da informação recebida”. Segundo Chleba (2000), o marketing digital tem sete grandes forças (1) 49 Interatividade: exigência crescente dos clientes; (2) Personalização: excelência na qualidade e atendimento com custo operacional baixo; (3) Globalização: não importa onde você esteja, as informações estão disponíveis; (4) Integração: cliente, fornecedor, relacionamento integrados; (5) Aproximação: divulgação de produtos e serviços, através da imagem, vídeo e áudio; (6) Convergência: caminhando para a unificação de equipamentos eletrônicos e (7) Democratização da informação: informação disponibilizada em grandes volumes com distribuição a custos incomparáveis. Para Ogden (2002, p. 16), “a função básica do marketing digital é usar o poder das redes on-line, da comunicação por computador e dos meios interativos digitais para atingir os públicos-alvo ou para reforçar o marketing a CIM”. Chleba (2000) destaca como modelos de propaganda on-line: (1) Mala direta eletrônica: mensagem publicitária enviada via e-mail para um cliente potencial; (2) Anúncios classificados: versão eletrônica dos classificados de jornal, mas com um grande diferencial, apresenta facilidades de pesquisa e busca do item desejado; (3) Banner: o modelo mais comum na Internet, geralmente é apresentado na forma retangular, com ou sem imagem animada, podendo ter acesso imediato ao anunciante. A interação com o cliente é essencial na economia digital, um ambiente caracterizado por rapidez de processamento e difusão da informação. Em síntese, compreender a CIM é essencial para montagem de um plano eficaz e criativo. O foco deve ser sempre atender as necessidades e desejos dos consumidores. E para isso o profissional de marketing pode beneficiar-se de ferramentas ligadas a propaganda, promoção de vendas, relações públicas, venda pessoal, marketing direto e o marketing digital. Boone; Kurtz (1998) fazem um resgate das ferramentas da CIM mais utilizadas e que para facilitar suas identificações foram reunidas no Quadro 3, e que se pode ter uma melhor visualização. 50 Propaganda Anúncios impressos e de rádio e televisão Anúncios em embalagens Encartes em embalagem Anúncios em projeções cinematográficas Catálogos e folhetos Anuários Reproduções de anúncios Cartazes luminosos Anúncios em lojas Displays de ponto de vendas Materiais audiovisuais Símbolos e logos Promoção de Vendas Concursos, sorteios, loterias Relações Públicas Kits para imprensa Brindes Apresentação ao vivo na imprensa Seminários Amostra grátis Feiras convenções e Exposições Descontos Financiamento juros baixos Entretenimento a a Relatórios anuais Doações caridade Patrocínios Publicações Demonstrações Cuponagem Venda Pessoal de Relações com a comunidade Lobbing Marketing Direto Catálogos Apresentações de vendas Convenções vendas Programas incentivo Distribuição amostras Feiras convenções de Lista de clientes de Telemarketing de Compra eletrônica e Compra televisão Fax E-mail por Correio de voz Mídias especiais Promoções de Revista trocas empresa Programas de Eventos fidelização Videoteipes Distribuição de adesivos Quadro 3 – Ferramentas comuns de comunicação FONTE: Boone; Kurtz (1998, p. 89). da 2.2.6 Planos de comunicação Neste tópico são apresentados alguns modelos de planos de comunicação, que são integrantes do plano de marketing. O plano de comunicação de marketing tem a finalidade de fazer com que o público alvo tome conhecimento do produto ou serviço ofertado. (ROMERO, 1998). Segundo Costa; Talarico (1996, p. 53), “a comunicação oferece à empresa e ao produto um conjunto de ferramentas ou estratégias que lhe possibilitarão solucionar ou reduzir problemas e efeitos negativos existentes no composto mercadológico”. As etapas de um plano de marketing devem conter elementos resultantes do planejamento mercadológico. Na visão de Costa; Talarico (1996), estas etapas são: (1) Levantamento e coleta de informações; (2) Análise da situação tais como: pontos 51 fortes, pontos fracos, ameaças e oportunidades; (3) Definição dos objetivos e estabelecimento das estratégias; (4) Elaboração dos planos de ações táticas ou operacionais; (5) Controle e avaliação e por fim; (6) Dimensionamento de investimentos. O plano de comunicação descreve componentes básicos de uma estratégia de comunicação. O plano poderá adotar várias estratégias, em função dos objetivos de comunicação, e que se denomina de comunicação integrada. (COSTA; TALARICO, 1996). Kotler; Armstrong (2000) relatam que com a segmentação mais fragmentada e diversificada, ferramentas promocionais dirigidas estão sendo empregadas pelos profissionais de marketing. Com isto, as empresas com cuidado integram e coordenam seus canais de comunicação. Ainda Kotler; Armstrong (2000, p. 241) reconhecem que “as comunicações de marketing integradas proporcionam mais coerência nas comunicações e maior impacto de vendas”. Para Ogden (2002, p. 17) “a compreensão do mix de CIM é essencial na montagem de um plano eficaz e criativo de CIM, pois, entendendo a importância da integração para um plano de marketing, pode-se montar um plano de CIM que superará a concorrência”. Neste sentido, Ogden apresenta um plano de CIM, baseado em um plano de marketing, que pode ser mais bem visualizado na figura 3. 52 Missão/Visão da CIM Análise Situacional Objetivos Gerais da CIM Orçamento Desenvolvimento da Estratégia de CIM Tática de CIM Venda Pessoal Propaganda Marketing Direto Relações Públicas e Publicidade Promoção de Vendas Marketing digital Plano de CIM (Inclui Alocação de Recursos) Métodos de Avaliação Figura 3 – Fluxograma de Comunicação Integrada de Marketing FONTE: Ogden (2002, p. 18). Entretanto, plano de comunicação na visão de Dias (2004) contém nove etapas que compõem a elaboração e implementação do mesmo. 1ª etapa: Análise do problema ou da oportunidade, avaliar o mercado; 2ª etapa: Definir objetivos da comunicação; 3ª etapa: Seleção do público alvo da comunicação; 4ª etapa: Seleção dos elementos do composto de comunicação, ferramentas apropriadas; 5ª etapa: Estratégia de mensagem (conteúdo); 6ª etapa: Determinação dos meios de comunicação; 53 7ª etapa: Orçamento: destino das verbas; 8ª etapa: Implementar o plano de comunicação; 9ª etapa: Avaliação do resultado. O plano de comunicação é uma ação estratégica e tática que provém do plano de marketing, que por sua vez, origina-se do plano de negócios que geralmente é formulado a partir da missão corporativa de uma organização. (COBRA, 2008). Abaixo Cobra (2008) apresenta um plano de comunicação com seus componentes básicos para uma estratégia de comunicação: INTRODUÇÃO: sumário executivo e uma revisão dos objetivos e principais estratégias de comunicação a serem adotadas. ANÁLISE DA SITUAÇÃO: desafios de mercado. OBJETIVOS: definição do que se pretende obter. Investimentos publicitários: orçamento detalhado. ESTRATÉGIA: mecanismos com os quais se pretende atingir os objetivos. EXECUÇÃO: estratégia de anúncios, plano de mídia, integração com a comunicação de marketing. AVALIAÇÃO: os resultados são verificados através de pesquisas feitas por agências ou institutos especializados. Cabe ressaltar que Cobra (2008, p. 348-349) diz “quando a verba é pequena não se pode esbanjar recursos, ao contrário, é preciso concentrar a comunicação em poucos veículos. Assim, deve-se procurar fixar e perseguir o alvo mais importante”. Para Lupetti (2007, p. 32) “a gestão estratégica da comunicação mercadológica tem como base o planejamento, que reside na gestão da comunicação integrada, que, por sua vez, está contida na gestão estratégica da organização”. O plano de comunicação mercadológica para Lupetti (2007) tem o seguinte formato: (1) missão e visão; (2) análise ambiental; (3) análise SWOT; (4) diagnóstico de comunicação; (5) definição de públicos; (6) objetivos; (7) tema; (8) posicionamento; (9) estratégias; (10) orçamento e por fim (11) plano de ação e de avaliação. Já, na visão de Pinheiro (2008, p. 197) a empresa anunciante deve: 54 Primeiramente estabelecer o planejamento estratégico de sua empresa orientado pelas características dos produtos/marcas que comercializa, pelas características dos mercados onde atua e pelos objetivos que quer alcançar em seu negócio; nesse planejamento, entre outras, está contida a estratégia (plano) de marketing da empresa. O segundo passo consiste na elaboração de um resumo detalhado de posicionamento de mercado, pelo anunciante em conjunto com sua agência. Para finalizar o autor coloca como terceiro passo que a agência deve estabelecer o planejamento estratégico da CIM, recomendando ações para que objetivos de marketing sejam alcançados. No geral, os modelos de planos de CIM se assemelham em diversos aspectos. Percebe-se que todos os autores recomendam a análise da organização e do meio em que está inserida, na identificação do público-alvo, o foco nos objetivos e estratégias que forem adotadas, criticidade no orçamento e avaliação do plano. 2.3 Terceiro Setor Surgimento do terceiro setor ou organizações privadas sem fins lucrativos este fenômeno marca a transição do século XXI. Este fenômeno Salamon (1998) chama de Revolução Associativa, onde ocorreu no mundo inteiro, criações de associações, fundações e outros tipos de instituições com características semelhantes com a finalidade de desenvolver serviços sociais, ambientais e realizar outras tarefas cobrindo assim a defasagem do Setor Público. Portanto, se qualquer instituição que apresentar estas características, provavelmente, poderia estar enquadrada dentro do Terceiro setor. Salamon (apud, FERNANDES, 1994, p. 19) ressalta que o terceiro setor é: Composto de organizações estruturadas; localizadas fora do aparato formal do Estado; que não são destinadas a distribuir lucros aferidos com suas atividades entre os seus diretores ou entre um conjunto de acionistas; autogovernadas e envolvendo indivíduos num significativo esforço voluntário. 55 A sociedade está dividida em três setores: (1) Governamental ou primeiro setor; (2) Mercantis ou segundo setor; (3) Não-governamental ou terceiro setor, com suas finalidades descritas no quadro abaixo. De forma resumida, as instituições do Terceiro setor devem ser privadas, entretanto suas atividades têm que apresentarem um sentido público. Para confirmar este argumento Fernandes (1994, p. 21) formatou um quadro (4) em que explica os agentes e os fins das organizações e qual o setor que compõem. AGENTES FINS SETOR Públicos públicos = Estado Privados privados = Mercado Privados públicos = Terceiro setor Públicos privados = (corrupção) Quadro 4 – Combinações resultantes da conjunção entre o público e o privado FONTE: Fernandes (1994, p. 21). O quadro 4 acima demonstra que quando o agente é estritamente público e seus fins são privados temos a corrupção. Ioschpe (1997, p. 7) confirma este pensamento quando diz que “o próprio conceito de terceiro setor, seu perfil e seus contornos ainda não estão claros nem sequer para muitos dos atores que o estão compondo”. É nesse ambiente que atualmente se está desenvolvendo o conceito de Terceiro setor. Para Ioschpe (1997, p. 27): O Terceiro setor é composto de organizações sem fins lucrativos, criadas e mantidas pela ênfase na participação voluntária, num âmbito nãogovernamental, dando continuidade às práticas tradicionais da caridade, da filantropia e do mecenato e expandindo o seu sentido para outros domínios, graças, sobretudo, à incorporação do conceito de cidadania e de suas múltiplas manifestações na sociedade civil. Este segmento denominado de Terceiro setor sempre esteve em uma fase conturbada, de baixa precisão conceitual e pouca importância prática, tanto no campo das teorias econômicas como as teorias organizacionais. (FISCHER; FALCONER, 1998, p. 12). Assim, a partir do momento em que o Estado e as organizações com fins lucrativos começaram a demonstrar suas falhas, o Terceiro setor aproveitou desse 56 momento para se expandir. De acordo com Salamon (1998), o que impactou diretamente no crescimento do Terceiro setor foram quatro crises e duas mudanças revolucionárias contribuíram para limitar o poder do Estado, e por fim, contribuíram para o aumento da ação voluntária organizada. As crises foram: crise do moderno welfare state, crise de desenvolvimento, crise ambiental e a crise do socialismo. Já as mudanças foram: comunicações (contribuindo para taxas de alfabetização e educação melhores) e o crescimento econômico. Como confirma Salamon (1998, p. 5) “de fato, esta no meio de uma revolução associativa global que pode tornar-se tão significativa para o fim do século XX quanto à emergência do Estado-nação o foi para o fim do século XIX”. Devido à complexidade do Terceiro setor e o grande número de entidades que o compõe é necessário apresentar diversos conceitos do setor a fim de criar um conceito homogêneo que caracterize todas as instituições do Terceiro setor. Pois, em alguns conceitos não são considerados, as cooperativas que também implementam políticas públicas sociais, consequentemente, integrando o setor. Como crê Coelho (2002, p. 65): O setor, no entanto, é mais amplo, e há uma infinidade de associações e fundações que estão sob as asas da mesma normatização e possuem as mesmas características básicas: sem fins lucrativos, em função de um bem coletivo, não governamental. Sendo o Terceiro setor composto pelas instituições privadas com fins públicos, contudo Coelho (2002, p. 59) diz que “somente podemos dizer que têm fins públicos aquelas organizações do terceiros setor que produzem bens ou serviços de caráter público ou de interesse geral da sociedade”. O mero fato de essas entidades serem “prestadoras de serviços de um serviço público” não é suficiente para caracterizá-las, pois, em primeiro lugar, é bastante amplo o espectro de atividades a serem desenvolvidas em prol da comunidade; em segundo lugar, existem outras instituições que prestam serviço público e estão fora desse universo, como as agências governamentais ou mesmo empresas privadas. Portanto, essa característica deve vir sempre casada com outras duas: serem privadas, o que as diferem das instituições governamentais; e sem fins lucrativos, o que as diferencia de empresas inseridas no mercado. (COELHO, 2002, p. 59). Por isso é importante que os conceitos do terceiro setor sejam bem apresentados para que se possa criar uma visão crítica do setor e conceituá-lo 57 apropriadamente. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (apud, PIMENTA; CORREA; SARAIVA, 2007, p. 8) o Terceiro setor é representado por associações e fundações privadas, não integrantes, portanto, do aparelho do Estado e ainda: Sem fins lucrativos, isto é, organizações que não distribuem eventuais excedentes entre os proprietários ou diretores e que não possuem como razão primeira de existência a geração de lucros – podem até gerá-los desde que aplicados nas atividades fins; institucionalizadas, isto é, legalmente constituídas; auto-administradas ou capazes de gerenciar suas próprias atividades; e voluntárias, na medida em que podem ser constituídas livremente por qualquer grupo de pessoas, isto é, a atividade de associação ou de fundação da entidade é livremente decidida pelos sócios ou fundadores. Logo, pertencem ao terceiro setor, pela natureza jurídica as seguintes entidades sem fins lucrativos: as organizações sociais, as organizações da sociedade civil de interesse público, outras fundações mantidas com recursos privados, filiais de fundações ou associações estrangeiras e outras formas de associações. (PIMENTA; CORREA; SARAIVA, 2007, p. 8). Portanto, o Primeiro setor, então fica pertencendo ao Estado e o Segundo setor corresponde ao Mercado. Entretanto, muitas vezes o conceito do Terceiro Setor é confundido, com o setor terciário da economia, que é composto pelas atividades de serviço, transporte e comunicação. Neste sentido vale destacar o papel do terceiro setor que segundo Pimenta (et, al: 2007, p. 41): O papel e a forma do Terceiro setor nasce com um forte viés ideológico e político. Entidades pertencentes ao Terceiro setor se posicionam, então, como um ator que busca a simetria de poder em relação aos dois outros setores e, mais ainda, buscam preencher lacunas sociais deixadas pela atuação (ou não atuação) do Estado e de organizações privadas com fins lucrativos. Com o crescimento do terceiro setor a atuação do mesmo crescerá em prol dos interesses sociais, não só cobrando do Estado as necessidades sociais da sociedade, mas também agindo para criação de uma sociedade justa. Portanto, o Terceiro Setor pode ser uma via de acesso para buscar uma sociedade mais justa, porém é preciso que seus entraves sejam encarados como construções sociais e sejam discutidos abertamente. O papel do Terceiro setor perante a sociedade pode ser muitos maiores, contudo, suas contradições devem 58 ser eliminadas para o setor atuar de fato, com seu sentido maior (PIMENTA et, al: 2007, p. 35). As entidades do Terceiro Setor no Brasil adotam a forma jurídica de associação ou de fundação, ambas previstas pelo Código Civil Brasileiro, segundo o artigo 44, Lei n° 10406/2002. (BRASIL). No quadro (5) se tem a apresentação deste conjunto de pessoas jurídicas conforme o código civil brasileiro. I – as associações II – as sociedades Pessoas Jurídicas de Direito Privado – Art. 44 III – as fundações IV – as organizações religiosas V – os partidos políticos Quadro 5 – Pessoas jurídicas de direito privado FONTE: Código Civil Brasileiro Lei 10406. (2002, p.236), Conforme o Manual das organizações da sociedade civil (2003) faz parte deste universo as Organizações Sociais – O.S.; pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cuja atuação esteja direcionada ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à preservação do meio ambiente, à cultura ou à saúde; Organização da Sociedade Civil de Interesse Público - OSCIP, apresenta-se como uma nova concepção jurídica contemporânea. A pesquisa está focada no universo das ONG' s, que são regulamentadas conforme o artigo 53 do Código Civil que diz: “Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos”. (BRASIL, 2002, p. 236). Acrescenta-se que, para o funcionamento das associações, devem-se reunir em assembléia pessoas com maioridade civil. Fernandes (1994) acrescenta que o propósito do Terceiro Setor é o de orientar suas energias para estimular mudanças na sociedade e focar esforços em favor da comunidade ou para grupos específicos. Para finalizar, outra característica presente no setor é a do voluntariado. Com a promulgação da lei n° 9.790, de 23 de março de 1999, que introduziu a qualificação de entidades sem fins lucrativos como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), as organizações sem fins lucrativos podem agora optar por serem legalmente classificadas, o que distingue com mais nitidez de outras entidades. 59 Uma pesquisa realizada pela ABONG – Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais em 2006 mostrou que 45% de suas associadas foram criadas na década de 80, seguida de 35% criadas na década de 90. Conforme Pimenta; Saraiva; Corrêa (2006, p. 111) a forma de gestão destas organizações em nada difere das formas heterogeridas e que: O trabalho voluntário e a finalidade de tais organizações não são suficientes para alterar as relações de poder e os mecanismos de controle presentes nas práticas gerenciais. Para analisá-las, contudo, é preciso fazer uma distinção entre aquelas que possuem uma estrutura e as que se organizam de forma precária. Como as características e finalidades nestes tipos de organizações são muitas diferenciadas, demandam de estudos mais específicos, especialmente temas como poder e controle. 60 3 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA DE CAMPO Este tópico tem por finalidade contextualizar a trajetória histórica da organização onde o trabalho de estágio foi desenvolvido, bem como os relatos e análises das informações inerentes a ela. 3.1 Caracterização da Organização A Associação Ambientalista Curupira, foi fundada em 31 de maio de 1998, sendo uma sociedade de direito privado, sem fins lucrativos, regida pelas disposições em seu estatuto. Sua denominação ou nome fantasia é Curupira Ambiental, que esta sediada a Rua José Quirino, nº 605, no Bairro São João da cidade de Itajaí, Santa Catarina. A finalidade e missão da organização é buscar a proteção e conservação do Meio Ambiente e o manejo adequado deste, integrando sob todas as formas e manifestações da natureza, representadas pela fauna, flora, ecossistemas, paisagens notáveis e sítios de relevância cultural, histórica, ecológica, paisagística, geológica, arqueológica e paleontológica, podendo para tanto: a) desenvolver projetos, estudos, análises e programas referentes a proteção, conservação do Meio Ambiente; b) promover educação ambiental para a valorização e a defesa do patrimônio cultural, buscando desenvolver conceitos éticos e morais sobre a responsabilidade humana para com os demais organismos vivos e seus ambientes; c) prestar assessoria a pessoas físicas e jurídicas interessadas em atividades de proteção, conservação e recuperação do Meio Ambiente; d) produzir, publicar e distribuir materiais e informações referentes à proteção, conservação e recuperação do Meio Ambiente; e) promover a criação, implantação e administração de espaços territoriais especialmente destinados à proteção, conservação e recuperação do Meio Ambiente, na forma de Unidades de Conservação; 61 f) firmar acordos, convênios e/ou outros instrumentos de cooperação com entidades congêneres, empresas e órgãos dos setores público e/ou privado, principalmente com aquelas voltadas para o Meio Ambiente, cultura e o bem estar social; g) gerir, administrar, receber e aplicar verbas e fundos obtidos para a consecução de sua finalidade estatutária; h) representar em juízo, sempre que julgado necessário, em defesa do patrimônio ambiental, aos órgãos competentes de agressões ao Meio Ambiente; i) implementar pesquisas e projetos piloto de alternativas econômicas para comunidades do litoral; j) promover eventos que visem a mobilização do público e da imprensa no intuito de divulgar o trabalho da entidade, e as causas ambientais; k) promover eventos ligados a esportes da natureza. A organização Curupira Ambiental, em hipótese alguma, terá o envolvimento político-partidário ou religioso, sendo vetada a participação de pessoas que ocupem cargos políticos ou religiosos em sua Diretoria. A administração da organização será gerida pelos sócios-fundadores e pela diretoria, nomeados de acordo com o seu estatuto. O organograma da Associação Ambientalista Curupira representado na figura 4 tem a seguinte formação: PRESIDENTE VICEPRESIDENTE SECRETÁRIO TESOUREIRO Figura 4 – Organograma da ONG FONTE: elaborado pelo acadêmico (2008) A organização contempla um conselho consultivo, que é composto por pessoas físicas de conduta e capacitação condizentes com a finalidade da entidade. 62 O patrimônio da Associação será composto por: a) Doações de pessoas físicas ou jurídicas de qualquer natureza, nacionais ou estrangeiras, sejam em numerário, materiais ou propriedades móveis ou imóveis quaisquer; b) Produtos de acordos, convênios ou outros instrumentos de cooperação; c) Rendimentos provenientes de aplicação financeira de seu patrimônio; d) Receitas provenientes de outras fontes. O patrimônio da entidade somente poderá ser utilizado para a manutenção da entidade e consecução de sua finalidade estatutária. Em caso de extinção da entidade, o destino de seu patrimônio deve ser revertido obrigatoriamente, para a entidade ou entidades cujas finalidades estatutárias sejam semelhantes à do Curupira Ambiental. Os sócios-fundadores e a diretoria são livres para qualquer ato de supervisão das movimentações financeiras, contábeis em geral. Seu logo é um personagem lendário brasileiro que representa o protetor das matas e animais. Sua característica física é a de um menino da floresta com os pés virados para trás. Figura 5 – Logo Curupira Ambiental FONTE: Curupira (2008). Entre os projetos desenvolvidos nestes 10 anos de atuação da entidade destacam-se: 1 - Nossa Praia Limpa realizado na Praia de Navegantes (SC) em setembro de 1998, pois foi comemorado o Dia Mundial da Limpeza de Praias. Teve como justificativa o incentivo a comunidade a um maior asseio com o 63 patrimônio natural, conscientizar a população da necessidade de preservação e também despertar o interesse dos governantes da cidade para um maior cuidado com a praia. No evento foram distribuídas camisetas aos voluntários e todo o equipamento de proteção necessário para realização dos trabalhos. Figura 6 - Limpeza na Praia de Navegantes – SC FONTE: arquivo Curupira. 2 - Projeto Linda Ilha, realizado na Ilha Feia (Penha/Piçarras) (SC) no mês de novembro de 1998, com a finalidade de limpar e conservar a ilha em seus aspectos naturais. Paralelamente fez-se uma divulgação na Praia de Armação do Itapocorói – Penha – SC, conscientizado a comunidade local, turistas sobre a importância de manter preservada a Ilha Feia. Também foram distribuídas camisetas alusivas ao evento e equipamentos necessários. 64 Figura 7 - Projeto Linda Ilha – Ilha Feia – Penha/Piçarras – SC FONTE: arquivo Curupira. 3 - Projeto Olho Verde, realizado na cidade de Botuverá (SC), nos anos de 2001 a 2003 junto a Festa do Búfalo, na Fazenda Alegre, local de muitas nascentes de água que deságuam no Rio Itajaí-Mirim. Propósito do projeto era de incentivar a comunidade e visitantes a um maior asseio com o ambiente, pois a festa tinha duração de três dias. Através de placas na via de acesso a fazenda, distribuição de sacos de lixo exposição fotográfica e vídeos educativos foram atrações no evento. Figura 8 - Projeto Olho Verde – Botuverá – SC FONTE: arquivo Curupira 65 4 - Projeto Eu Semeio, Planto e Colho a Vida, realizado desde 2003 parceria com a ORSEGUPS, empresa de vigilância com sede em Itajaí, filiais em Lages, Brusque e Balneário Camboriú, onde anualmente é feita a distribuição de mudas de plantas nativas da Mata Atlântica. Figura 9 – Campanha ambiental – Itajaí - SC FONTE: Informativo Nota 10 – ORSEGUPS. Figura 10 - Educação Ambiental no Colégio São José – Itajaí – SC FONTE: arquivo Curupira A Curupira Ambiental ainda realiza atividades no decorrer do ano, como mutirões de limpeza de praias, trilhas, cachoeiras e plantio de árvores, mas sem o uso de comunicação para divulgação estas atividades. 66 Figura 11 - Limpeza na estrada de acesso a Praia Vermelha – Penha - SC. FONTE: arquivo Curupira. A entidade não possui orçamentos nem quadro de funcionários, opera somente com voluntários. Quando a ONG realiza um evento o diretor entra em contato com os voluntários cadastrados fazendo a convocação para prestigiarem e colaborarem com o evento. 3.2 Resultados da Pesquisa Esta seção apresenta os resultados da pesquisa que foi enviada para 22 ONG’s ambientalistas do Estado de Santa Catarina cadastradas na Rede de ONG’s da Mata Atlântica e outras que constavam do cadastro da Organização em que o estágio foi realizado. Mesmo mantendo contato telefônico e enviado e-mails, o retorno dos questionários foram abaixo do esperado, apenas 68% das ONG’s responderam a pesquisa, desta forma compilou-se números que se julgou ter relevância para a conclusão da mesma. Pois, as respostas são de ONG’s atuantes e bem estruturadas física e tecnicamente e que foram consideradas para o estudo. A pesquisa foi estruturada conforme os objetivos específicos préestabelecidos, que são: (1) identificar o perfil das ONG’s ambientais do Estado de 67 Santa Catarina; (2) descrever as ferramentas da CIM implementadas pela ONG até o momento; (3) levantar as ferramentas da CIM implementadas por ONG’s similares do Estado de Santa Catarina; (4) identificar os veículos de comunicação com maior abrangência no Estado de Santa Catarina, por região e por meio de comunicação; (5) elaborar um Plano de Comunicação para a ONG Curupira na perspectiva da CIM. 3.2.1 Identificar o perfil das ONG’s ambientais do Estado de Santa Catarina. Esta seção trata dos dados quanto ao perfil das ONG’s que envolve informação sobre: década de fundação das entidades, principais atividades desenvolvidas, constituição jurídica e registros das ONG’s junto a órgãos públicos ambientais federal, estadual e municipal. O Gráfico 1 representa a década de fundação das entidades ambientais pesquisadas do Estado de Santa Catarina. 100 Percentual (%) 80 60 53 40 20 13 Anos 90 Anos 70 20 0 Anos 2000 13 Anos 80 Gráfico 1 - Década de fundação das entidades ambientais catarinenses pesquisadas FONTE: elaborado pelo acadêmico (2008). 68 Nota-se que 53% das ONG’s ambientais do Estado de Santa Catarina surgiram na década final do século XX, seguidamente com 20% as organizações surgiram na década de 90 e 13% foram fundadas nas décadas de 80 e 70. Acredita-se que a crescente preocupação com o meio ambiente e com a promulgação da lei nº. 9.790, de 23 de março de 1999, que introduziu a qualificação de entidades sem fins lucrativos como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP, as organizações sem fins lucrativos podendo agora optar por serem legalmente classificadas. Distinguindo com nitidez de outras entidades é que fez elevar o número de organizações ligadas ao setor nos anos 2000. O Gráfico 2 teve como propósito identificar as principais atividades desenvolvidas pelas entidades ambientais catarinenses. Voluntariado 67 Fiscalização/denúncia 80 Projetos Ambientais 93 Educação Ambiental 100 0 20 40 60 80 100 Percentual (%) Gráfico 2 - Principais atividades desenvolvidas por ONG’s ambientais catarinenses FONTE: Elaborado pelo acadêmico (2008). Consta no Gráfico 2 que 100% atuam fortemente em educação ambiental, 93% mantêm projetos ambientais permanentes, 80% delas atuam em fiscalização e denúncias de crimes ambientais e 67% utilizam e incentivam o serviço voluntariado para realização de eventos e projetos. Percebe-se que existe preocupação por parte das ONG’s em trabalhar com educação ambiental, pois o intuito delas é conscientizar e difundir a questão. Além disso, o governo foi um inter-mediador interessado pela questão, possibilitando o 69 desenvolvimento de diversos projetos ambientais através de suas leis de incentivos, representando para as ONG’s como mais uma possibilidade de atuação dentro da sociedade catarinense. Das ONG’s pesquisadas, 100% delas tem constituição jurídica, isto é, possuem cadastro junto a Receita Federal. Há casos em que se constituem ONG’s somente com estatuto interno mas não possuem registros jurídicos, junto a registros públicos tais como: Secretaria da Receita Federal, ou órgãos ambientais. No Gráfico 3 quando perguntado se a entidade possui registro junto aos órgãos ambientais federal, estadual e municipal temos as seguintes respostas: Percentual (%) 100 87 80 73 75 50 13 25 0 Municipal Federal Estadual Não possui Gráfico 3 – Registro das ONG’s ambientais catarinenses em órgãos públicos FONTE: elaborado pelo acadêmico (2008). Esses resultados (Gráfico 3) indicam que 87% das ONG’s possuem registros em órgãos públicos municipais, 80% e 73% são registradas nos órgãos federais e estaduais respectivamente. O registro em órgãos públicos tem sua importância, devido ao fato de que, serve como pré-requisito exigido pelos Órgãos concessores de benefícios. Dentre estes, o principal é o Cadastro Nacional de Entidades Ambientalista – CNEA, criado pela Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente – Conama nº. 006/1989. O CNEA foi instituído com o objetivo de ter um banco de dados com o registro das entidades ambientalistas não-governamentais atuantes no país. 70 3.2.2 Descrever as ferramentas da CIM implementadas pela ONG até o momento O detalhamento das ferramentas da CIM e suas características foram citados na seção 2.2.5, sendo elas: propaganda, marketing digital, publicidade e relações públicas, marketing direto, venda pessoal e promoção de vendas. Em entrevista (apêndice 1) realizada com o presidente da Curupira Ambiental, Janousek destacou que a ONG implementou apenas as ferramentas: promoção de vendas; publicidade e relações públicas e por fim, marketing digital. Com relação à promoção de vendas, é a ferramenta mais utilizada pela ONG. Destacam-se entregas de camisetas alusivas aos eventos realizados e as entregas de mudas de plantas nativas da mata atlântica, que são realizadas anualmente desde 1998. Já em termos de Publicidade e Relações Públicas, a ONG tem no seu quadro de voluntários um colaborador que é encarregado da comunicação, o qual envia releases a jornais, rádios e televisão locais. A entidade não possui departamento de marketing estruturado, segundo Janousek. A Associação Brasileira de Relações Públicas define as relações públicas como “a atividade e o esforço deliberado, planejado e contínuo para estabelecer e manter a compreensão mútua entre uma instituição pública, privada ou de grupos de pessoas a que esteja direta ou indiretamente ligada”. Esta ferramenta contribui e muito para a formação da imagem da organização. Quanto, ao marketing digital foi aplicado pela ONG Curupira Ambiental por meio do domínio do site www.curupira.org.br que esteve no ar durante dois anos e foi retirado por falta de recursos humanos e financeiros. “Para manter um site no ar é de extrema importância sua atualização diária, boa arquitetura e desenvolvimento do mesmo”, diz Janousek (2008) presidente da organização. Com isso infere-se que em termos de ferramentas da CIM, a ONG Curupira Ambiental aplica somente promoção de vendas, publicidade e relações públicas e marketing digital como apontadas por Ogden (2002). 71 3.2.3 Levantar as ferramentas da CIM implementadas por ONG’s similares do Estado de Santa Catarina Esta seção apresenta os dados quanto às ferramentas da CIM marketing digital, propaganda, promoção de vendas, publicidade e relações públicas, venda pessoal e marketing direto implementas por ONG’s similares do Estado de Santa Catarina. Seguindo essa linha, com relação à aplicação do marketing digital, elas foram questionadas sobre o uso de home page; informativo (newsletter); blog; vídeo (podcast); e-flyer (panfletagem por e-mail); loja virtual; chat (bate papo); sites de relacionamento. 87 75 53 50 0 site de relacionamento 0 chat (bate papo) 7 loja virtual 7 e-flyer (panfletagem por e-mail) 13 Video (podcast) informativo (newsletter) 0 Blog 13 25 home page Percentual % 100 Gráfico 4 – Ferramentas do marketing digital utilizadas pelas ONG’s FONTE: elaborado pelo acadêmico (2008). Demonstra-se no Gráfico 4 que a home-page é utilizada por 87% das ONG’s, sendo instrumento de apresentação e divulgação. Ainda na perspectiva do marketing digital tem-se um resultado significativo em relação ao informativo (newsletter) que é utilizado por 53% das ONG’s. Já ferramentas como blog e vídeo (podcast) têm participação de 13% nesta modalidade de comunicação. Isso está relacionado a facilidade que a internet propicia à sociedade contemporânea, sendo uma das ferramentas de comunicação mais globalizada do mundo, mencionada por Limeira (2007). 72 As principais estratégias de propaganda expõe que as ONG’s utilizam diversas ferramentas da propaganda: panfletos; jornal informativo próprio; adesivos e camisetas; cartazes; anúncio em revista; anúncio em jornal; sacolas lixo p/ praia e outros ambientes naturais; propaganda em rádios; outdoor; sacolas lixo p/ carro; comerciais em TV. 80 67 60 60 47 comerciais em TV 0 0 0 sacolas lixo p/ carro 0 outdoor 7 propaganda em rádios anúncio em jornal 13 13 sacolas lixo p/ praia e outros ambientes naturais 20 anúncio em revista cartazes adesivos e camisetas 0 jornal informativo próprio 20 não utiliza 33 40 panfletos Percentual (%) 100 Gráfico 5 – Ferramentas da propaganda utilizadas pelas ONG’s FONTE: elaborado pelo acadêmico (2008). A análise dos resultados do gráfico (5) traz números expressivos quanto as propagandas utilizadas. Os panfletos são aplicados por 67% delas, seguidos de jornal informativo próprio com 60%, além de adesivos e camisetas com 47%. Acredita-se que esse valor não é mais elevado devido à dificuldade que o Terceiro Setor tem em obter recursos financeiros para esse fim. A seguir (Gráfico 6) apresenta a utilização da ferramenta promoção de vendas pelas organizações em estudo, onde se destacou viagens técnicas, entrega de camisetas em ações voluntárias, programa de treinamento interno, entrega de mudas de plantas/árvores. 73 67 60 60 50 33 20 entrega de mudas de plantas/árvores programa de treinamento interno 0 entrega de camisetas em ações voluntárias 25 não utiliza 75 viagens técnicas Percentual (%) 100 Gráfico 6 – Ferramentas de promoção de vendas utilizadas pelas ONG’s FONTE: elaborado pelo acadêmico (2008). Observa-se no Gráfico 6 que 67% das ONG’s pesquisadas fazem o uso desta ferramenta através de viagens técnicas, 60% utilizam a entrega de camisetas em ações voluntárias e programa de treinamento interno e contribui com 33% entrega de mudas de plantas/árvores e 20% das ONG’ não utilizam a ferramenta promoção de vendas. Cabe ressaltar a importância desta ferramenta para as ONG’s. No que se refere a publicidade e relações públicas, as ferramentas utilizadas apresentam dados também relevantes para essa pesquisa. 74 100 60 53 27 40 20 20 assessoria via agência de publicidade e propaganda não são realizadas ações área de comunicação e marketing estruturada assessoria de imprensa free lance 0 0 0 assessoria imprensa fixa Percentual (%) 80 Gráfico 7 – Ferramentas publicidade/relações públicas utilizadas pelas ONG’s FONTE: elaborado pelo acadêmico (2008). Analisando o Gráfico 7 sobre a ótica da Publicidade e Relações Públicas, percebe-se que 53% das ONG’s possuem assessoria de imprensa free lance, 27% área de comunicação e marketing estruturada e 20 % não possui nenhum tipo de comunicação. Mas, como não foi mencionado na pesquisa assessoria via agência de publicidade e propaganda e assessoria de imprensa fixa. Com isso, constata-se também que a maioria das ONG’s utilizam a publicidade e relações públicas, pois representam o relacionamento e a comunicação entre a organização e seus vários públicos, comentam Boone; Kurtz (1995). A venda pessoal é a ferramenta que toda a organização precisa ter. Sendo considerada por Kotler (2000) a ferramenta mais eficaz. Outra informação relevante a essa pesquisa diz respeito à venda pessoal. 75 Gráfico 8 - ONG’s que utilizam a ferramenta venda pessoal FONTE: elaborado pelo acadêmico (2008). O Gráfico 8 demonstra a utilização da ferramenta venda pessoal, e que se constatou que 87% das ONG’s não utilizam esta ferramenta da CIM. O não uso desta ferramenta só poderá ser relacionado ao seu custo seguindo as informações de McDonald (2004) que faz essa colocação. Já relativo ao marketing direto, o Gráfico 9 aponta a utilização de mala direta; 0800 ligação gratuita; SAC; Cuponagem/sorteio. 100 Percentual (%) 80 73 60 40 27 20 0 0 não utiliza mala direta 0800 0 SAC 0 cuponagem/sorteio Gráfico 9 – Ferramentas de marketing direto utilizadas pelas ONG’s FONTE: elaborado pelo acadêmico (2008). Dentre as ONG’s participantes na pesquisa, nota-se (Gráfico 9) que 73% não utilizam ou nunca utilizaram esta ferramenta, mesmo assim, 27% utilizam mala direta 76 e nenhuma delas afirmou ter utilizado 0800 ligação gratuita, SAC ou cuponagem/sorteio. A não utilização dessa ferramenta se da ao fato de que a maioria das ONG’s utiliza o marketing digital. Resumindo, com relação às ferramentas da CIM aplicadas pelas ONG´s pesquisadas, os resultados apontam que dentro do marketing digital a home-page é a mais utilizada com 87%, panfletos em propaganda e viagens técnicas em promoção de vendas, representam 67% em cada modalidade, publicidade e relações públicas 53% utilizam assessoria de imprensa free-lance e 73% das organizações afirmaram que não utilizam a ferramenta marketing direto. 3.2.4 Identificar os veículos de comunicação com maior abrangência no Estado de Santa Catarina, por região e por meio de comunicação. Nesta etapa da pesquisa buscou-se identificar por região veículos de comunicação e seus meios. No quadro 6 a seguir, destacou-se também as cidades pólo de cada região do Estado de Santa Catarina. Região Nordeste Joinville Vale do Itajaí Blumenau Sul Criciúma Oeste Chapecó Planalto Norte São Bento do Sul Planalto Serrano Lages Meio-Oeste Joaçaba Litoral Fpolis Meios de Comunicação Jornal impresso TV Rádio Jornal impresso TV Rádio Jornal impresso TV Rádio Jornal impresso TV Rádio Jornal impresso TV Rádio Jornal impresso TV Rádio Jornal impresso TV Rádio Jornal impresso TV Rádio Quadro 6 – Veículos de comunicação e meios de comunicação FONTE: elaborado pelo acadêmico (2008) Veículos de Comunicação A Notícia RBS TV Transamérica FM Jornal Santa RBS TV Atlântida FM DC/Diário do Sul RBS TV Criciúma AM DC e Zero Hora RBS TV Índio Condá AM A Notícia RBS TV Transamérica FM DC RBS TV Band FM DC RBS TV Unoesc FM DC e Diário do Litoral RBS TV Atlântida FM 77 Em uma análise mais sintetizada verifica-se que os veículos de comunicação predominantes pertencem ao grupo RBS, que é líder do setor na Região Sul do país. Fazem parte deste, os jornais impressos A Notícia com sede em Joinville, Jornal de Santa Catarina em Blumenau e Diário Catarinense em Florianópolis, que aparecem em no mínimo uma das regiões (Quadro 6). No meio de comunicação TV, o veículo unânime em todas as regiões catarinenses é a RBS TV, ainda com o mesmo vínculo. O único meio que apresenta diversificação entre as regiões catarinenses é o rádio, que tem como destaque nas regiões Nordeste e Planalto Norte a rádio Transamérica FM, Vale do Itajaí e Litoral com a Atlântida FM, Sul com a rádio Criciúma AM, Oeste com Índio Condá AM, e finalmente Unoesc FM aparece em destaque no Planalto Serrano Band FM e no Meio-oeste. 3.2.5 Elaborar um plano de comunicação para a ONG Curupira na perspectiva da CIM. Baseado em dados bibliográficos optou-se pelo plano de Comunicação Integrada de Marketing – CIM de Ogden (2002) por ser um modelo atual, claro e ordenado para confecção do mesmo. Este plano é composto pelas etapas: (1) missão da CIM; (2) visão da CIM; (3) análise situacional; (4) objetivos gerais da CIM; (5) orçamento; (6) desenvolvimento da estratégia de CIM; (7) táticas de CIM; (8) plano de CIM; (9) métodos de avaliação. 3.2.5.1 Missão da CIM Desenvolver meios para divulgação da organização, como aporte de projetos e ações desenvolvidas pela mesma, tais como educação ambiental e voluntariado. 78 3.2.5.2 Visão da CIM Alcançar e manter o público alvo, através dos meios de comunicação desenvolvidos para este fim, tornando a organização reconhecida e com credibilidade no mercado em que atua. 3.2.5.3 Análise situacional A ONG Curupira tem como grande aliado seu mascote que leva o mesmo nome: Curupira - menino com os pés virados, que é conhecido dentro do folclore brasileiro como protetor das matas, animais e rios. Está no mercado há 10 anos realizando eventos de pequeno porte tais como: limpeza e conservação de praias e ilha, educação ambiental e voluntariado através de campanhas de entrega de mudas de plantas nativas da Mata Atlântica e plantio de árvores em áreas degradadas. Esses eventos são totalmente isentos de doações e envolvimento financeiro. Sua participação no mercado está restrita nas cidades de Itajaí, Navegantes, Penha, Brusque, Balneário Camboriú, Lages e Curitiba, onde há voluntários que divulgam a ONG através da realização de pequenas ações. A falta de um projeto de longo prazo impossibilita a existência de quadro fixo de recursos humanos e tecnológicos, face a situação financeira. Pela mesma razão não é possível disponibilizar um setor específico para cadastramento e recrutamento de voluntários, necessidade esta, ressaltada sempre que há algum tipo de evento onde exista contato direto com terceiros, que se mostram interessados pela causa. Dentre as ferramentas da CIM, a ONG teve uma home-page editada no endereço www.curupira.org.br a qual era mantida com recursos de seu presidente. A descontinuidade da mesma deu-se por falta de atualização diária da página, que é imprescindível nos dias de hoje. 79 A publicidade existente até o momento é feita através de relações públicas por parte de integrantes e voluntários que agem divulgando e promovendo dentro de seus limites. A seguir, no Quadro 7 são demonstrados os pontos fortes e fracos, que compõem a análise interna da organização e que são variáveis controláveis, ou seja, que é possível ter o controle direto. Também se demonstra as oportunidades e ameaças da ONG. Estas compõem a análise externa da organização sendo variáveis incontroláveis, sem domínio, mas há necessidade de acompanhamento. Pontos Fortes Missão e Visão definidas; Tradição nos eventos que realiza; Formadora de opinião; Atuação no setor de educação ambiental; Incentivo ao voluntariado; Aberta para parcerias com instituições credenciadas; Acesso a sites de relacionamentos como: Orkut, MSN, You Tube. Pontos Fracos Não possui sede própria; Não possui quadro funcional; Ausência de estrutura técnica; Ausência de parceiros e projetos de longo prazo; Falta de comunicação integrada; Não possui material institucional; Abrangência territorial limitada; Home page inativa. Oportunidades Contribuição para desenvolvimento ambiental; Respaldo no meio em que atua; Geração de emprego e renda; Ser reconhecida no território nacional. Ameaças Corrupção e mau uso do dinheiro público por ONG’s similares; Projetos sofrerem cortes de verbas; Transferência de recursos; Política governamental. Quadro 7 – Pontos Fortes e Fracos, Oportunidades e Ameaças da ONG Curupira Ambiental FONTE: elaborado pelo acadêmico (2008) Os aspectos expostos no quadro 7 podem influenciar na tomada de decisão e nas táticas mercadológicas. 3.2.5.4 Objetivos gerais da CIM Entre os objetivos gerais da CIM para a ONG Curupira, encontram-se: Tornar a ONG conhecida em todo o Estado de Santa Catarina, através de seus projetos e suas ações ambientais; Facilitar o desenvolvimento da ONG através de parcerias; Cadastrar voluntários; Reconhecimento, através de contatos via site. 80 3.2.5.5 Orçamento No orçamento foram considerados os valores para criação da home-page, treinamento do pessoal, divulgação em jornal impresso pelo período mínimo de 03 meses e manutenção mensal do site. Item Criação home-page Treinamento do Pessoal Divulgação em Jornal impresso (03 meses) Manutenção do site mensal Total Quadro 8 – Orçamento FONTE: elaborado pelo acadêmico (2008) Valores em Reais 1.500,00 300,00 3.000,00 300,00 5.100,00 A aplicação de banners no site da ONG, poderia ser uma saída para angariar fundos para a manutenção da mesma. São vendidos pelo número de vezes que é visualizado na tela do computador do usuário, pelo número de vezes que foi clicado ou a contratação da veiculação por tempo determinado, conforme Limeira (2007). 3.2.5.6 Desenvolvimento da estratégia de CIM A CIM tem como estratégia a divulgação dos projetos existentes e futuros. Assim, poderá captar recursos humanos, financeiros, tecnológicos e também formar um grupo maior de voluntários. Primeiramente, desenvolver a home-page, e treinar pessoas que farão as atualizações e por fim, divulgá-lo via jornal (mídia impressa). 3.2.5.7 Táticas de CIM Propaganda 81 Divulgação em jornal impresso (Diário Catarinense) nas edições dominicais. Promoção de vendas Distribuição de camisetas em ações voluntárias. Ações de doações de mudas de plantas nativas da Mata Atlântica. Marketing direto Não será usado porque existem meios mais econômicos. Marketing Digital Criação do site na Web; Implantar no site pesquisas de opiniões; Newsletter (informativo); Podcast (entrevistas, vídeos institucionais). Venda Pessoal Montar e treinar equipe de voluntários para visitar empresas para captar parcerias. Relações Públicas e Publicidade Utilizar relações públicas/publicidade free lance ou mesmo contratar estagiários na área de comunicação, através do artigo 170 bolsa de estudos. 3.2.5.8 Plano de CIM Este plano tem como objetivo desenvolver meios de divulgação da ONG, afim, de conseguir aprovação de projetos junto a órgãos competentes, empresas públicas e privadas, assim como divulgar as ações ligadas à educação ambiental e 82 voluntariado. Desta maneira, alcançar e manter o público alvo, tornando-a conhecida e com credibilidade no mercado. Realizar eventos de pequeno, médio e grandes portes abrangendo todo o Estado de Santa Catarina, contando também com cadastramento de voluntários, envolvendo profissionais de diversas áreas com capacitação e competência para coordenar os diversos grupos de acordo com as regiões e também na busca de parcerias. Reativar o site www.curupira.org.br, introduzindo pesquisas de opinião pública, informativos, entrevistas, vídeos institucionais, entre outros. É imprescindível criar dispositivos para manutenção diária, através de treinamento de pessoal. Investir em propaganda e divulgação em jornal impresso nas edições dominicais de maior circulação, por ser a mídia impressa mais acessível ao anunciante e sua abrangência atinge as classes A e B em cerca de 57% da população, segundo Cobra (2005); promoção de vendas através de distribuição de camisetas em ações voluntárias e nas ações de doações de mudas de plantas nativas da Mata Atlântica. Em relações públicas e publicidade, utilizar profissional free lance ou contratar estagiários na área de comunicação (artigo 170 – bolsa de estudos). Afirmar e fortificar os pontos positivos existentes na organização, explorar as oportunidades apontadas, corrigir os pontos fracos e trabalhar preventivamente, dentro do possível, as ameaças. Todos esses dados orientarão a tomada de decisão e táticas mercadológicas. Montar e treinar equipe de vendas para visitar empresas a fim de captar parcerias. No quisito orçamento, considerar verbas para criar a home-page e sua divulgação em jornal impresso por 03 meses, assim como treinar pessoas para operar e manter em dia o site. Em contrapartida, é possível vender a aplicação de banners no site da ONG e angariar fundos para a manutenção do mesmo. 3.2.5.9 Métodos de avaliação 83 Recomenda-se o monitoramento durante a execução da campanha da CIM, onde os responsáveis deverão avaliar constantemente se os objetivos traçados estão sendo alcançados, caso contrário haverá necessidades de modificações no decorrer do processo. Isso se dará através da montagem de um banco de dados com as informações que servirão de subsídios importantes para o planejamento da ONG, sendo utilizado o próprio site, que deverá estar munido de ferramentas que questione o internauta quanto à forma que chegou a ele (site). Quanto à mensuração e à avaliação de resultados de um site, têm-se alguns indicadores como: audiência, número de visitantes e tempo médio de duração das visitas. 84 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS O principal objetivo deste estudo foi identificar as ferramentas da CIM utilizadas por ONG’s ambientais no Estado de Santa Catarina, que tenham o mesmo perfil da Associação Ambientalista Curupira, para recomendar um Plano de Comunicação, com o intuito de mantê-la no mercado, proporcionando cidadania e bem estar social. Foi identificado o perfil de cada uma delas quanto ao tempo de existência, principais atividades, constituição jurídica e registro junto a órgão ambientais, assim como as ferramentas da CIM implementadas pelas mesmas organizações. É possível desenvolver uma campanha de CIM, utilizando-se de diversas maneiras. Não existe um modelo ou esquema perfeito que se encaixe em todas as necessidades, como crê Ogden (2002). A partir da revisão bibliográfica, observou-se que o uso da CIM deverá ter unicidade da mensagem, através de múltiplos canais de comunicação e planejamento. O desenvolvimento da tecnologia de informação impulsiona mudanças e um ambiente dinâmico. Percebeu-se que as organizações pesquisadas possuem área de comunicação relativamente estruturada, dando ênfase a atividade de relações públicas, por ser de extrema utilidade e fundamental para articulação de todos os públicos. Notou-se que nos seus dez anos de existência, a ONG jamais destinou verbas para promover o marketing institucional. Seu site na internet era mantido com verba doada pelo presidente o Sr. Carlos Dieter Janousek. Já com a nova proposta de reativação do site, sugere-se a venda de espaço na home-page empregando banners ou links para empresas “AMIGAS”. A ONG Curupira terá como desafio montar uma equipe multidisciplinar com diferentes competências, integrando informações, comunicação e tecnologia em ambientes virtuais. O plano objetiva desenvolver meios de divulgação da ONG, aprovar projetos, criar parcerias, divulgar ações ligadas à educação ambiental e ao voluntariado, 85 alcançar e manter o público alvo, tornando-a conhecida e com credibilidade no mercado. Está previsto no escopo, eventos abrangendo todo o Estado de Santa Catarina e o cadastramento de voluntários e profissionais capacitados. Investir em propaganda e divulgação no jornal impresso de maior circulação, promoção de vendas através de distribuição de camisetas em ações voluntárias e nas ações de doações de mudas de plantas nativas da Mata Atlântica. Trabalhar intensamente os pontos positivos e negativos existentes, assim como as oportunidades e ameaças apontadas. Foi possível verificar que os objetivos propostos inicialmente foram alcançados, entretanto, fica como sugestão dar continuidade aos estudos na área de comunicação integrada de marketing para organizações não governamentais, sendo que os modelos existentes na literatura estão voltados essencialmente para empresas com fins lucrativos. 86 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Associação Brasileira das Organizações Não Governamentais – ABONG – Quantas ONG´s existem no país? 2007. Disponível em:<www.abong.org.br> acesso em: 10.jul.2008. BARBETTA, Pedro Alberto. Estatística aplicada às ciências sociais. 7. ed. rev. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2007. BOONE, Louis E.; KURTZ, David L. Marketing contemporâneo. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1995. BOONE, Louis E. Marketing contemporâneo. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1998. BRASIL. Código Civil Brasileiro. Ministério da Justiça. 2002. CHIAVENATO, Idalberto. Administração de empresas: contingencial. 4. ed. 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Revista Gestão Empresarial, n.3, Curitiba: Gazeta do Povo, 2002. 90 APÊNDICES 91 Apêndice 1 - Entrevista com o Presidente da ONG Curupira Ambiental Sr. Carlos Dieter Janousek. 1) Como a ONG está estruturada administrativamente? Estruturalmente a ONG é composta por presidente, vice-presidente, secretário e tesoureiro. A ONG não possui instalações físicas e nem quadro de colaboradores. Nos eventos utilizamos voluntários da região onde se dará o evnto. 2) Como a ONG procura promover seus eventos? Através do voluntariado, entre eles um agindo como relações públicas que se incumbe de enviar releases para TVs, rádio e jornais. 3) Quais são as ferramentas de comunicação mais utilizadas pela ONG? Promoção de vendas através da entrega de camisetas e mudas de plantas e árvores nativas da Mata Atlântica; Publicidade e relações públicas conforme dito anteriormente; Marketing digital, através do site www.curupira.org.br, que no momento está desativado. 4) Por que a ONG desativou sua home-page? Mantive a ONG por dois anos com recursos próprios, mas a falta de tempo para atualizar diariamente a página, fez com que em pouco tempo, as informações nela contida, se tornassem ultrapassadas. Senti também o problema da pouca intimidade com a linguagem específica na elaboração e manutenção de um web site. Seria necessário um profissional que se responsabilizasse para essa função. 5) Há algum projeto atualmente onde a ONG recebe recursos financeiros ou é subsidiada? O único projeto que mantemos e que já é tradição anual, é o “Eu semeio, planto e colho a vida”, com entrega de mudas e árvores nativas da Mata Atlântica, numa parceria com a Orsegups (empresa privada), prioritariamente sem vinculo financeiro. Esse projeto acontece desde 2003. 92 6) A ONG já disponibilizou verbas destinadas para a área de marketing? Não. Todos os trabalhos de divulgação foram feitos através do relações públicas. 7) Há planos para os próximos anos para captação de recursos? Faz parte dos planos da ONG, conseguir um espaço físico para o funcionamento da ONG. A partir daí, será possível trazermos mais voluntários, alguns capacitados ou mesmo estagiários, que poderão desenvolver um projeto a médio e longo prazo, juntamente com parcerias (empresas públicas e privadas), definindo diretrizes de marketing e elaborando planos de ação e até mesmo em busca de patrocinadores. 8) Hoje há viabilidade para a ONG produzir seu material institucional? Essa viabilidade só existirá com participação financeira dos sócios fundadores e pela diretoria, após levantamento de custos. 93 Apêndice 2 - Questionário UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO Prezados Senhores, Apresento-me como aluno da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, estagiário do Curso de Administração, formando do 2º semestre de 2008, estou realizando uma pesquisa com entidades que atuam no setor ambiental no Estado de Santa Catarina e respeitosamente solicito o preenchimento e posterior devolução do questionário abaixo. O questionário relaciona-se a Administração de Marketing voltado para organizações do Terceiro Setor, mais precisamente ONG, OS, OSCIP. Meu muito obrigado e sucesso em seus empreendimentos. Abelardo Zeverino Critérios de respostas: a entidade pode assinalar mais de uma alternativa. 1. Data da fundação da entidade: ____/_____/_____. 2. a) b) c) d) e) Principais atividades desenvolvidas pela entidade: ( ) Educação ambiental, ( ) Fiscalização, denúncias ( ) Projetos ambientais ( ) Voluntariado ( ) Outros ___________________________(especifique) 3. A entidade está juridicamente constituída? ( ) Não ( ) Sim. CNPJ______________________ ( ) em andamento. 4. A entidade possui registro junto a Órgãos Ambientais? ( ) Não. ( ) Federal ( ) Estadual ( ) Municipal 5. Como a entidade agrega voluntários para o seu quadro? R: 94 6. Como a entidade agrega parceiros, projetos para o seu quadro? R: 7. Voluntários fazem doações financeiras à entidade? ( ) Não ( ) Sim 8. Há critérios para efetuar algum tipo de parceria? ( ) Não. ( ) Sim . Especifique:___________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ 9. A entidade divulga seus projetos/serviços e a própria ONG através de PROPAGANDA?: ( ( ( ( ( ( ( ) não. ( ) anúncio em jornal ) anúncio em revista ( ) jornal informativo próprio. ) propaganda em rádios (spots) ( ) comerciais em TV ) outdoor ( ) panfletos ) sacolinhas lixo p/ carro ( ) cartazes ) sacolas lixo p/ praia e outros ambientes naturais ) adesivos, camisetas 10. Quais ferramentas são disponibilizadas via internet para divulgar a entidade, seus projetos e serviços? MARKETING DIGITAL ( ( ( ( ) home page ) informativo (newsletter) ) chat (bate papo) ) site de relacionamento (orkut e outros) ( ( ( ( ) e-flyer (panfletagem por e-mail) ) Blog ) vídeo (podcast) ) loja virtual 11. Como são feitas as ações de comunicação e marketing em termos de PUBLICIDADE e RELAÇÕES PÚBLICAS? ( ( ( ( ( ) não são realizadas ações dessa maneira. ) assessoria de imprensa free lance ) a entidade tem a área de comunicação e marketing estrutura ) assessoria via agência de publicidade e propaganda. ) assessoria imprensa fixa 95 12. Quais os meios de Marketing Direto abaixo, são utilizados pela entidade? ( ) Não utiliza essas ferramentas. ( ) 0800 ( ) SAC ( ) mala direta ( ) cuponagem/sorteio 13. A entidade possui equipe de vendas estruturada para visitar empresas com o objetivo de apresentar a ONG, vender projetos e/ou captar parceiros e recursos? ( ) Não ( ) Sim 14. A entidade usa a ferramenta PROMOÇÃO DE VENDAS com o objetivo de criar ou induzir compras? ( ( ( ( ( ) entrega de camisetas em ações voluntárias ) entrega de mudas de plantas/árvores ) programa treinamento interno ) viagens técnicas ) outros _____________ (especificar) Um abraço e muito grato pelas respostas. 96 DECLARAÇÃO A Organização Curupira Ambiental declara, para devidos fins, que estagiário Abelardo Zeverino, aluno do curso de Administração do Centro de Educação Superior de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade do Vale do Itajaí, cumpriu com a carga horária prevista para o período de 19/03/2008 a 23/10/2008, e seguiu o cronograma de trabalho estipulado no Projeto de Estágio e respeitou nossas normas internas. Itajaí (SC), 23 de outubro de 2008. _____________________________________ Carlos Dieter Janousek Presidente 97 ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS ______________________________________ Abelardo Zeverino Estagiário ______________________________________ Supervisor de campo Carlos Dieter Janousek ______________________________________ Orientador de estágio Profª. Bárbara Silvana Sabino, M.Sc. ______________________________________ Responsável pelo Estágio Supervisionado em administração Prof..Eduardo Krieger da Silva, M.Sc.