UNIVERSIDAD DE ALCALÁ DESINFETANTES RESIDENCIAIS: ANÁLISE DO COMPORTAMENTO AMBIENTAL DO CONSUMIDOR UNIVERSITÁRIO MANAUS – 2011 ZULIVANA LOBATO DA SILVA DESINFETANTES RESIDENCIAIS: ANÁLISE DO COMPORTAMENTO AMBIENTAL DO CONSUMIDOR UNIVERSITÁRIO Dissertação apresentada à Universidad de Alcalá como requisito para obtenção do título de Máster en Administración de Negocios ORIENTADOR: PROFESSOR DOUTOR JEFFERSON JUREMA MANAUS - 2011 Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. FICHA CATALOGRÁFICA Elaborada pela graduanda Lidiane Suelem Caxias S586c Silva, Zulivana Lobato da . Desinfetantes Residenciais: Análise do comportamento do consumidor universitário/ Zulivana Lobato da Silva. Espanha: Universidad de Alcalá, 2011. 96 fls.: il. Dissertação (mestrado) – Administração de Negócios/ Universidad de Alcalá – Espanha. 1. Comportamento do Consumidor. 2. Meio Ambiente. 3. Marketing. I. Título. CDU 658.8 DESINFETANTES RESIDENCIAIS: ANÁLISE DO COMPORTAMENTO AMBIENTAL DO CONSUMIDOR UNIVERSITÁRIO ZULIVANA LOBATO DA SILVA Dissertação submetida ao corpo docente Universidad de Alcalá da Espanha como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Máster en Administración de Negocios. Aprovada por: __________________________________ Prof. Doutor Jefferson Jurema – Orientador _______________________________________ Prof. Dr. Professor Titular da Universidad de Alcalá ________________________________________ Prof. Dr. Professor Titular da Universidad de Alcalá MANAUS – 2011 AGRADECIMENTOS Agradeço, em primeiro lugar, a Deus por permitir que eu tenha conquistado mais um degrau em minha carreira acadêmica. Aos professores da Universidad Alcalá de Henares – UAH, aos professores do Centro Internacional de Formación Financeira – CIFF e ao Instituto de Dados da Amazônia – IDAAM, principalmente à professora Myrian Abecassis Faber, pela valiosa ajuda na revisão final deste trabalho, tornando-o melhor em vários aspectos. Aos meus professores do Máster en Administración de Negocios, em particular ao meu orientador Jefferson Jurema, pelo direcionamento de meus estudos, no meu acompanhamento, e nas revisões deste trabalho. Ao meu marido Itamar e aos meus filhos – Bianca, Afonso Luiz e Otávio Augusto, que compreenderam minha ausência, meu estresse, e compartilharam da minha luta e dos altos e baixos ocorridos neste período, para que eu conseguisse obter mais este resultado acadêmico. Aos meus amigos que souberam entender a minha ausência durante o desenvolvimento deste projeto e redação desta dissertação. A todos vocês, o meu mais sincero muito obrigado! Primeiro foi necessário civilizar o homem com o próprio homem, agora é necessário civilizar o homem na sua relação com a natureza e os animais. Victor Hugo, 1802-1885 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Modelo de Estímulo e Resposta...................................................... 36 Figura 2: Critérios de decisão do Teste F....................................................... 54 Figura 3: Critérios de decisão do Teste t........................................................ 54 Figura 4: Distribuição dos entrevistados por idade......................................... 60 Figura 5: Distribuição por região da cidade de Manaus-AM........................... 61 Figura 6: Distribuição por sexo....................................................................... 62 Figura 7: Distribuição por estado civil............................................................. 62 Figura 8: Percentual de entrevistados com filhos........................................ 63 Figura 9: Distribuição por local de nascimento............................................... 63 Figura 10: Distribuição por renda familiar....................................................... 64 Figura 11: Distribuição de ocupação dos entrevistados................................. 65 Figura 12: Profissões dos entrevistados......................................................... 65 Figura 13: Distribuição entre ensino público e privado................................... 66 Figura 14: Distribuição por escola superior de Manaus-AM........................... 67 Figura 15: Distribuição por tipo de curso........................................................ 67 Figura 16: Distribuição por área de conhecimento......................................... 68 Figura 17: Áreas de formação profissional..................................................... 69 Figura 18: Preocupação com a conservação ambiental................................ 69 Figura 19: Conhecimento formal sobre conservação ambiental.................... 70 Figura 20: Fonte de informação sobre o meio ambiente................................ 71 Figura 21: Problemas causados por variações no meio ambiente................. 71 LISTA DE ILUSTRAÇÕES (Continuação) Figura 22: Percepção dos entrevistados sobre o maior poluidor................... 72 Figura 23: Atitude pessoal de conservação do meio ambiente...................... 73 Figura 24: Confiança em selos e certificações socioambientais.................... 74 Figura 25: Preocupação sobre impacto ambiental na hora da compra.......... 76 Figura 26: Uso de desinfetantes..................................................................... 77 Figura 27: Conhecimento sobre impacto ambiental dos desinfetantes.......... 77 Figura 28: Critérios de escolha de desinfetantes........................................... 78 Figura 29: Parte do meio ambiente que mais preocupa o entrevistado......... 78 Figura 30: Leitura da descrição técnica dos produtos.................................... 79 Figura 31: Destruição do nosso mundo.......................................................... 80 Figura 32: Indicadores de comportamento dos entrevistados........................ 82 Figura 33: Perfil pessoal e social dos entrevistados...................................... 83 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Dados utilizados na elaboração de indicadores de comportamento dos entrevistados................................................. Tabela 2 – Indicadores de comportamento dos entrevistados diante da conservação ambiental.................................................................. Tabela 3 – Coeficientes de Correlação para cada um dos perfis levantados na pesquisa................................................................................... Tabela 4 – Teste t de Student para cada uma dos perfis levantados na pesquisa........................................................................................ Tabela 5 – Teste F para cada uma dos perfis levantados na pesquisa........................................................................................ 80 81 84 84 85 SUMÁRIO INTRODUÇÃO................................................................................................ 12 CAPÍTULO 1 – CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA................................. 16 1.1 O PROBLEMA E SUAS DELIMITAÇÕES......................................... 17 1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA............................................................. 18 1.2.1 Objetivo geral da pesquisa.......................................................... 18 1.2.2 Objetivos específicos da pesquisa............................................. 18 1.3 JUSTIFICATIVA................................................................................. 18 CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................. 22 2.1 ADMINISTRAÇÃO............................................................................. 22 2.1.1 Modelos de Administração.......................................................... 23 2.1.2 Funções da Administração.......................................................... 23 2.2 CONCEITO DE MARKETING E MARKETING AMBIENTAL............ 24 2.3 IMPORTÂNCIA DAS QUESTÕES AMBIENTAIS PARA AS ORGANIZAÇÕES.............................................................................. 27 2.4 TENDÊNCIAS PARA A QUESTÃO AMBIENTAL............................. 29 2.5 PESQUISAS DE MARKETING.......................................................... 32 2.6 EDUCAÇÃO AMBIENTAL................................................................. 33 2.7 FUNDAMENTAÇÕES DO COMPORTAMETNO DE COMPRA DO CONSUMIDOR................................................................................... 2.7.1 Relação entre atitudes de brasileiros e tendências mundiais.. 35 37 2.8 ÓRGÃOS PÚBLICOS LOCAIS REGULADORES DO MEIO AMBIENTE......................................................................................... 2.8.1 Histórico da Política Ambiental do Estado do Amazonas........ 38 39 SUMÁRIO (Continuação) 2.8.2 Comentários Sobre a Legislação Brasileira e o Meio Ambiente......................................................................................... 39 DIFERENÇA ENTRE DETERGENTE E DESINFETANTE.............. 40 2.10 EVOLUÇÃO DA CONSCIÊNCIA AMBIENTAL............................... 45 2.10.1 A representatividade da água para a vida.................................. 48 2.10.2 A contaminação da água.............................................................. 49 2.10.3 Doenças transmitidas através da água...................................... 50 2.9 CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA DO ESTUDO.............................................. 51 CAPÍTULO 4 – DESCRIÇÃO DA PESQUISA SOBRE O MEIO AMBIENTE 55 4.1 O QUESTIONÁRIO DA PESQUISA.................................................. 55 4.2 O DIMENSIONAMENTO DA AMOSTRAGEM.................................. 55 4.2.1 Cálculo da Amostra...................................................................... 56 4.2.1.1 Método de Araújo........................................................................ 56 4.2.1.2 Método de Barbetta..................................................................... 57 4.3 TABULAÇÃO DOS DADOS.............................................................. 58 CAPÍTULO 5 – RESULTADOS DA PESQUISA SOBRE CONSERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE............................................................ 60 5.1 ANÁLISE DO PERFIL PESSOAL DOS ENTREVISTADOS............. 60 5.2 ANÁLISE DO PERFIL PROFISSIONAL DOS ENTREVISTADOS... 64 5.3 ANÁLISE DO PERFIL DO CONSUMIDOR ECOLÓGICO DE MANAUS............................................................................................ 69 5.4 INDICADORES DE COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR......... 80 5.5 VERIFICAÇÃO DE DIFERENÇA DE PERFIL ENTRE OS ENTREVISTADOS............................................................................. 83 CONCLUSÃO.................................................................................................. 87 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................... 90 APÊNDICES.................................................................................................... 94 RESUMO A análise dos fenômenos, bem como sua mensuração, é um problema de grande relevo para o estudo científico e também para a sociedade. Este trabalho tem como propósito analisar a influência atual das ações de conservação ambiental sobre o consumidor e apresentar os benefícios que a gestão de negócios, através do marketing ambiental, pode proporcionar às organizações públicas e privadas em Manaus. O marketing ambiental aborda o posicionamento social e ambiental das empresas qualificando assim o desenvolvimento sustentável das mesmas. Este conceito de marketing, relativamente recente, serve como uma ferramenta de gestão corporativa que é observada como sendo uma conduta responsável que pode gerar ganhos tangíveis para as empresas. Através de uma pesquisa de campo, com um questionário padrão, analisa-se a expectativa dos estudantes, tanto de faculdades públicas, como das privadas, residentes em várias regiões geográficas da cidade e a realidade que os mesmos praticam no processo de compra do dia-a-dia. A utilização das ferramentas de Marketing e das técnicas estatísticas no desenvolvimento deste trabalho facilitou o planejamento, a execução e a análise dos resultados encontrados. Os principais resultados estão relacionados com o estabelecimento de um indicador de comportamento do consumidor, com a imagem da empresa perante a sociedade, com a motivação dos empregados e fornecedores e com a visibilidade e reconhecimento da marca. Estes resultados podem ser divididos em dois grupos: o melhor entendimento do problema e nas possibilidades de melhoria dos resultados operacionais com base nos fatos encontrados. Com os dados levantados pode-se elaborar um indicador de conservação ambiental que mostrará a situação atual da sociedade perante a questão ambiental na hora de comprar um produto. Pode-se assim, tanto medir a situação atual, como também se obter uma tendência de comportamento do consumidor se a pesquisa for replicada mais tarde. PALAVRAS-CHAVE: comportamento do consumidor, meio ambiente, marketing. ABSTRACT The analysis of the phenomena and its measurement is a matter of great importance for scientific study and also to society. This work has the purpose to analyze the influence of current environmental conservation actions on consumers and provide the benefits that business management, through environmental marketing, can provide to public and private organizations in Manaus. The environmental marketing deals with the social positioning and corporate environmental sustainable development thus qualifying them. This marketing concept, relatively new, serves as a tool of corporate management that is seen as being responsible behavior that can lead to tangible gains for companies. Through field research, with a standard questionnaire, it was analyzed the expectation of students, from public and private universities, living in various geographical regions of the city and the fact that they engage in the day-by-day purchase process. The use of marketing tools and statistical techniques during the development of this work has facilitated the planning, execution and analysis of results. The major results are related to the establishment of a consumer’s indicator behavior, with the company's image before the society, with the motivation of employees and suppliers and with the visibility and brand recognition. These results can be divided into two groups: one is a better understanding of the problem and the other is the possibilities for improvement in operating results based on the findings. The collected data can supply the needs to develop an indicator of environmental conservation that will show the current state of society towards environmental issues when buying a product. One can thus get both the current situation and also a trend of consumer behavior, if the research is replicated later. Key-words: consumer behavior, environment, marketing. INTRODUÇÃO As discussões sobre os conceitos e definições de conservação e preservação do meio ambiente começaram a ter espaço em nosso país em 1989, com a criação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente – IBAMA. Por isso, as questões sobre o meio ambiente só começaram a fazer parte de nosso cotidiano nas últimas décadas. Neste contexto, percebe-se uma confusão entre os termos conservação e preservação. Estes termos, relativamente novos no Brasil, ainda são empregados sem os critérios ambientais, até por biólogos, pedagogos, jornalistas e políticos. Muitas vezes são usados com o mesmo significado, mas sob o ponto de vista ambientalista expressam conceitos que se originaram de ideologias distintas, em épocas distintas. Um exemplo desta confusão é a própria Constituição Brasileira de 1988 que em seu Artigo 225 diz: Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. O verbo preservar faz parte deste Artigo, mas lendo seus parágrafos, e incisos, percebe-se que o verbo colocado tem o significado de preservar e conservar. Esta confusão também tem como fundamento os dicionários de língua portuguesa atuais, onde as palavras preservação e conservação aparecem como se fossem sinônimas, como por exemplo, o que está no Novo Dicionário Aurélio (FERREIRA, 2004). Nele, preservar significa: “livrar de algum mal, manter livre de corrupção, perigo ou dano; conservar [...] livrar, defender, resguardar”, e preservação significa: ato ou efeito de preservar(-se). Ainda no mesmo dicionário, tem-se que conservar é: “resguardar de dano, decadência, deterioração, prejuízo, etc.; preservar”, e conservação significa: "ato ou efeito de conservar(-se)". Para estabelecer estes conceitos no âmbito das Ciências Ambientais, temse, de acordo com o Dicionário Brasileiro de Ciências Ambientais (LIMA-E-SILVA et al., 1999), o significado de preservação como sendo: "ação de proteger, contra a modificação e qualquer forma de dano ou modificação, um ecossistema, área 13 geográfica, etc.", e a definição de conservação é: "utilização racional de um recurso natural qualquer, garantindo-se, entretanto, sua renovação ou sua auto-sustentação, difere da preservação por permitir o uso e o manejo da área". Estas ideologias surgiram, a pelo menos 50 anos, para fazer frente ao desenvolvimentismo, que é uma corrente de pensamento que defende o crescimento econômico a qualquer custo, sem considerar os impactos ao ambiente natural e o escasseamento dos recursos naturais. Estas correntes de pensamento se diferenciam na abordagem da relação entre o meio ambiente e a espécie humana. O preservacionismo aborda a proteção da natureza de forma irrestrita, sem considerar qualquer valor econômico, nem utilidade, e identifica o ser humano como causa dos desequilíbrios ambientais. A postura de seus seguidores é de um protetor, que propõe, por exemplo, a criação de santuários, de caráter intocável, para não sofrer interferências promovidas pela expansão da atividade humana, a qual traz consigo a degradação ambiental. Nesta linha de pensamento as ações de tocar, explorar, consumir e até pesquisar, seriam atitudes que ferem este conceito. Intocabilidade seria um termo que poderia substituir esta abordagem. A corrente conservacionista também aborda a proteção da natureza, mas de tal forma que permita o seu uso racional pela espécie humana. Neste conceito, o ser humano tem um papel de gestor e é parte integrante do processo. Pode ser posicionado entre o preservacionismo e o desenvolvimentismo, reunindo alguns conceitos de um e de outro para propiciar a conservação do meio ambiente e o desenvolvimento da humanidade. O pensamento conservacionista caracteriza as políticas de desenvolvimento sustentável. Estas políticas buscam um modelo de desenvolvimento que garanta a qualidade de vida hoje, amanhã e sempre, propiciando os recursos necessários para as gerações futuras. Estas políticas promovem ações do tipo: redução do uso de matérias-primas, uso de energias renováveis, redução do crescimento populacional, combate à fome, mudanças nos padrões de consumo, equidade social e respeito à biodiversidade. Mesmo sendo recente neste país, a conservação do meio ambiente tem sido uma questão de debate muito freqüente nas ultimas décadas. A expansão da capacidade produtiva e o crescimento demográfico mundial colocaram em evidência a preocupação quanto aos recursos naturais e as mudanças climáticas, que vem 14 ocorrendo com efeitos devastadores, tais como terremotos, furacões, tornados, tsunamis, enchentes e secas. Estas mudanças configuram um cenário em que se deve agir urgentemente para que a tendência de destruição de nosso planeta seja revertida. O mundo parece se defrontar com um dilema em vários níveis quando analisado sob a ótica de quatro movimentos atuais: o desenvolvimento causado pelo aumento da população, o desenvolvimento originado pela expansão industrial, a globalização da economia e a degradação ambiental. Com a queda do comunismo, de fato ou de direito, na Rússia e na China, o modelo de desenvolvimento capitalista assumiu uma hegemonia global, mesmo sendo evidente que os benefícios que pode gerar continuam confinados a uma pequena minoria da população mundial, enquanto os seus custos, principalmente os custos econômicos e ambientais, se distribuirão por uma maioria sempre crescente. O fenômeno do consumismo, parte integrante da ideologia capitalista, se globaliza também, cada vez mais, porém a prática do consumo continua, e continuará inacessível à grande parte menos favorecida da população mundial. Continuando neste sistema político, na forma e conteúdo atuais, as desigualdades sociais entre o centro e a periferia do sistema mundial tenderão a se agravar (SANTOS, 1999). Alcançar o progresso em direção à sustentabilidade é claramente uma escolha da sociedade, das organizações, das comunidades e dos indivíduos. Como envolve diversas escolhas, a mudança só é possível se existir grande envolvimento da sociedade. Enfim, o desenvolvimento sustentável obriga a sociedade a pensar em termos de longo prazo e conhecer seu lugar dentro do meio ambiente. Este conceito fornece uma nova perspectiva de se observar o mundo. Esta perspectiva tem mostrado que o estado atual da atividade humana é inadequado para preencher as necessidades vigentes. Além disso, está ameaçando seriamente a possibilidade de vida das gerações futuras (BELLEN, 2006). Empresas, governo, e muitas Organizações Não-Governamentais – ONG – procuram educar a população para que uma consciência de conservação ambiental fique estabelecida e que a própria população efetue a regulação das atividades poluidoras. Neste cenário surge uma nova ramificação do marketing, o marketing ambiental, que se propõe a ser uma ferramenta estratégica de gestão para se obter um desenvolvimento sustentável. 15 O propósito deste trabalho de pesquisa é de mensurar o comportamento dos consumidores quanto à questão de conservação do meio ambiente. Os resultados desta mensuração podem também refletir os efeitos das ações promovidas pelo marketing ambiental das diversas instituições. Sendo mais específico, este trabalho se preocupa com a questão da conservação ambiental, suas influências no Marketing e no comportamento do Consumidor, na decisão de compra de produtos desinfetantes residenciais no mercado de Manaus. Um dos principais focos dados é o marketing, tanto na procura de seus resultados como na sua utilização no desenvolvimento deste trabalho, e por isso é realçado em cada tipo de ação de marketing quando é usada. O marketing muitas vezes se utiliza de mecanismos usados na comunidade cientifica, o que faz dele algo de cunho diferencial e importante. Por exemplo, quando se elabora um questionário para mapear tendências ou comportamento, aplicam-se técnicas de marketing que muitos que não o conhecem, as identificam somente como ferramenta cientifica. É neste tipo de ação que marketing e ciência se fundem para melhor atender os anseios da sociedade consumidora e da sociedade empresarial, levando em consideração, todo tempo, os princípios e valores éticos que norteiam a construção desta sociedade. Este deve ser o papel do verdadeiro marketing responsável, que nem sempre é percebido por todos. Outra motivação para este estudo está focalizada na falta de um indicador deste comportamento da população e, em particular, na região amazônica, que tem sido utilizada como símbolo ambiental pelo mundo todo. Em primeiro lugar, quem conserva a natureza da região são os seus próprios habitantes. Sabendo-se qual é o comportamento dos consumidores universitários locais pode-se ter uma visão mais clara da tendência de evolução deste problema. Fica, então, instaurado o seguinte questionamento: a conservação ambiental já se apresenta como um fator de estímulo ao consumidor em sua decisão de compra de produtos desinfetantes residenciais no mercado de Manaus? CAPÍTULO 1 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA Uma das grandes preocupações do mundo moderno refere-se ao cuidado que a população deva ter com o meio ambiente, pois durante muito tempo o planeta Terra tem sofrido muitos abusos. O tamanho desses abusos, bem como a sua tendência, ainda não são qualificados e mensurados cientificamente, de forma transparente, em todos os lugares do planeta, em particular na cidade de Manaus. Em paralelo há o surgimento de uma nova orientação para o marketing, chamada de marketing ambiental, que pode proporcionar condições às organizações para que melhorem sua imagem diante da sociedade. Esta imagem, que fomenta a conservação ou melhoria do meio-ambiente, torna-se um diferencial competitivo das mesmas e de interesse de todos os administradores atuais. Essa nova orientação de gestão ambiental sinaliza às empresas que passem a considerar questões éticas e sociais em suas práticas de marketing. Sem esta imagem de sustentabilidade, as empresas podem vir a perder a preferência do consumidor mais esclarecido e motivado pelas questões ambientais. Um indicador do desenvolvimento sustentável, que permite o gerenciamento das questões ambientais, torna-se um valioso instrumento no estabelecimento de ações para a conservação da vida em nosso planeta. Um desses indicadores é o comportamento do consumidor, que pretende refletir o comportamento social da população diante desta questão ambiental. Rossi e Motta (2003) indicam que o comportamento do consumidor pode ser observado pelas suas intenções de compra mediante um determinado fator de estímulo. Um fator de estímulo pode provocar uma mudança de hábito e uma nova atitude gerando uma nova condição social e ambiental. Por isso é que se observa neste estudo, se o fator de conservação ambiental já se apresenta como um fator de estímulo significativo ao consumidor em sua decisão de compra. Isto se faz com a intenção de evidenciar se já existe uma tendência de reversão no comportamento humano de destruição direta ou indireta do meio ambiente e se as ações promovidas pelo marketing ambiental das empresas e do governo em Manaus têm obtido resultados positivos. 17 A amplitude do eventual problema que pode ser causado pelos desinfetantes, pode ser avaliada pela quantidade de aplicação dos mesmos, que está disponível no site da ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária – “os desinfetantes são formulações que têm na sua composição substâncias microbicidas e apresentam efeito letal para microrganismos não esporulados. São eles: de uso geral, para indústrias alimentícias, para piscinas, para lactários, hospitalares para superfícies fixas e hospitalares para artigos semi-críticos”. Os riscos envolvidos podem ser percebidos por meio do conhecimento dos princípios ativos de ação antimicrobiana utilizado na fabricação dos desinfetantes. Estes princípios ativos envolvem algumas substâncias que apresentam certo grau de toxidade, que é inerente à razão de ser do produto. Como exemplo de composto orgânico volátil está o formaldeído, que é extremamente irritante e classificado como sendo suspeito de ser carcinogênico para o homem (CRUMB apud PETILLO e PHILLIPI Jr., 2002). 1.1 O PROBLEMA E SUAS DELIMITAÇÕES A falta, ou não, de estímulo adequado para proporcionar um nível aceitável de motivação da sociedade, na prática da conservação ambiental, já é por si só um assunto de interesse de muitas áreas do estudo científico. A conservação ambiental refere-se ao desafio de conciliar consumo, produção e conforto, de maneira que estes não degradem o meio ambiente. Esta premissa refere-se à maneira dos seres humanos utilizarem os recursos disponíveis de tal forma que a natureza não seja penalizada com as ações de produção comercial e consumo. Pode-se dizer que se trata de consumo sustentável, onde se usa a natureza, mas preservam-se sempre suas bases primarias, para que possa renovar-se sempre para fornecer novas matérias- primas para serem consumidas. Este trabalho encontra-se delimitado na observação do comportamento de consumidores universitários, na hora da decisão de compra de produtos desinfetantes residenciais, no mercado de Manaus. Na escolha do publico pesquisado optou-se pela delimitação da classe estudantil universitária da cidade, por se tratar de representantes importantes do presente e futuro da sociedade local, que geram opiniões e tendências consumidoras sobre produtos desinfetantes. Portanto, cabe realçar que, com a intenção de verificar se já há uma tendência de reversão no comportamento humano de destruição do meio ambiente, 18 realizou-se esta pesquisa procurando mensurar a significância da conservação ambiental no momento da decisão de compra do consumidor. Presume-se que, com o amadurecimento do comportamento de compra dos consumidores e influenciados pelas recentes informações de mudanças climáticas, eles tenham ficado mais sensíveis às causas ambientais fazendo-os “premiarem”, ou darem preferência à compra de produtos desinfetantes residenciais que causem menos impacto negativo ao meio ambiente. 1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA 1.2.1 Objetivo geral da pesquisa Analisar se o fator de conservação ambiental exerce influencia na decisão de compra do consumidor universitário, no mercado de Manaus, com relação aos produtos desinfetantes residenciais. 1.2.2 Objetivos específicos da pesquisa − Pesquisar a tendência de compra dos consumidores universitários com relação aos produtos desinfetantes; − Identificar o perfil atual do consumidor universitário da cidade de Manaus; − Avaliar o conhecimento dos consumidores quanto aos males causados pelos desinfetantes; − Relatar até que ponto as campanhas de educação ambiental promovida pela sociedade influem na escolha de compra do consumidor a respeito dos desinfetantes. 1.3 JUSTIFICATIVA Grande parte da população faz uso de detergentes e desinfetantes desconhecendo seus componentes químicos. Esse trabalho é de fundamental importância, haja vista que por meio do mesmo gera-se informações sobre manuseio, importância do uso do produto, recomendações de periculosidade na área da saúde e do meio ambiente. Também fornece esclarecimentos à parcela empresarial e governamental sobre o conhecimento atual retido pelos consumidores universitários, que serão fontes formadoras e influenciadoras de opinião futura, 19 mostrando a todos a fragilidade relativa à educação atual de conservação ambiental no momento da compra. As forças produtivas exercem um papel regulador nas atividades sociais e ambientais, mas geralmente são guiadas pelos aspectos econômicos do negócio, em detrimento dos aspectos desfavoráveis à natureza. As ações das empresas, e também dos governos, bem como a percepção da sociedade sobre as mesmas, podem mudar o comportamento do consumidor, para melhorar ou para piorar as praticas cotidianas de conservação ambiental. Medir o resultado dessas ações, através de indicadores de comportamento, pode tornar-se um meio eficaz de avaliar e planejar as estratégias, táticas e operações das empresas públicas e privadas. O posicionamento atual dessas empresas, orientadas principalmente pelos seus aspectos econômico-financeiros, no âmbito da lógica capitalista, é incompatível com os limites de recuperação da própria natureza, conforme esclarecido em: A busca de expansão constante é inerente ao próprio capitalismo, e sua base de funcionamento. A eficiência produtiva, uma necessidade de sobrevivência do capitalismo de mercado, é priorizada e mensurada sem levar em conta os custos sociais ou ambientais da produção (STAHEL apud CORRÊA, 2005, p. 27). Procura-se então, um fator de conservação ambiental para ser empregado como um atributo, ou uma variável, que torna o Bem de Conveniência, que é neste trabalho o desinfetante de uso domiciliar, o menos nocivo possível ao meio ambiente. Deve-se ter em mente que não existem produtos saneantes que nada contribuem para a degradação ambiental (OTTMAN apud ROSSI e MOTTA, 2008). Este fator de conservação ambiental está presente se o produto possuir características gerais do tipo: Ser fabricado com quantidade mínima de matérias-primas e com matérias-primas renováveis, serem recicláveis e capazes de conservar os recursos naturais no processo de extração, ser fabricados com a máxima eficiência energética, com a utilização racional de água e com o mínimo descarte de efluentes; ser acondicionado em embalagens mais leves e mais volumosas; serem concentrados, serem mais duráveis, prestarem-se a múltiplos propósitos, serem recicláveis, serem reutilizáveis e biodegradáveis (OTTMAN, JÖHR, SCHMIDHEINY apud ROSSI e MOTTA, 2008, p.50). Entende-se por Bem de conveniência aquele que é comprado de forma rápida e freqüente, sem exigir grandes esforços para a sua aquisição. Não 20 apresentam muita lealdade por parte do consumidor, pois é baixo o risco na tomada de decisão. Bens dessa categoria não apresentam diferenças percebidas de qualidade e costumam ser vendidos por preço baixo. Eles estão disponíveis na maioria dos pontos-de-venda (COBRA; KOTLER; apud ROSSI e MOTTA, 2003, p.50). A escolha do desinfetante, portanto, foi uma estratégia deste estudo para que não tivesse uma valorização desbalanceada dos critérios de qualidade e de preço, deixando que o entrevistado à vontade para escolher qualquer um dos critérios estabelecidos em pergunta específica. Esperava-se também que os mesmos já tivessem comprado tal produto, pela alta disponibilidade dele na praça, e conseqüentemente nas residências de cada um. Entretanto, o principal critério para a escolha deste tipo de produto, foi o conhecimento prévio de que os agentes químicos presentes em sua formulação podem provocar danos á natureza. A manipulação de agentes químicos, como é o caso dos desinfetantes, além de poluir o meio ambiente, também pode causar problemas de saúde para o consumidor. Estas substâncias, por já estarem presentes no dia-a-dia da maior parte da população, tornam-se quase que não percebidas, aumentando o risco de comprometimento da qualidade de vida de toda a sociedade. Devido à disseminação do seu uso e pela falta de controle na sua utilização tem-se um agravante com o aumento, cada vez maior, dos produtos saneantes. Entende-se que melhor forma de controle de produtos domésticos é aquela feita pelo próprio usuário, que deve estar motivado a agir de acordo com seus valores humanos e sociais (CORRÊA, 2005). Já se tornou notória pela sociedade aquilo que foi declarado por Druck e Franco apud Corrêa (2005, p.25): A incorporação de milhares de novas substâncias químicas, o aumento das plantas industriais, dos volumes produzidos e transportados e da aplicação de diversas formas de energia trouxeram, indubitavelmente, a ampliação da grandeza e do alcance dos impactos sócio-ambientais das atividades humanas nas sociedades contemporâneas. Assim, os padrões de produção e de consumo passaram a redefinir, cada vez mais profundamente, tanto o estado das águas, do ar, dos solos, da fauna e flora, quanto às próprias condições da existência humana: seus espaços de moradia e de trabalho, seus fluxos migratórios, as situações de saúde e morte. A evolução desta relação – entre riscos industrial, meio ambiente e saúde das populações – é particularmente forte e perceptível quando focalizamos certos ramos industriais, altamente poluentes e de maior risco, como o nuclear, o petroquímico, o químico e o siderúrgico. 21 Sabe-se que uma boa parte da indústria pode ser considerada como sendo uma fonte de poluição e, por isso, já recebe a atenção e controle governamental nos países com leis estabelecidas sobre proteção ambiental. Entretanto, a sociedade, que já se tornou também uma fonte considerável de poluição, talvez por desconhecimento, talvez por desinteresse, talvez por falta de educação apropriada, ainda não tem qualquer obrigação legal. É na mudança dessa situação, que o marketing ambiental pode fazer a diferença estratégica, fazendo com que a pessoas mudem suas atitudes, não por motivos legais, mas sim por motivação própria. A situação de fonte poluidora desses saneantes é colocada apropriadamente por Corrêa (2005, p.26), assim: É importante ressaltar que alguns dos produtos mais comumente encontrados nas prateleiras dos supermercados são nocivos ao ser humano, e que, freqüentemente, quando liberados no meio doméstico, ou lançados sem qualquer cuidado no meio ambiente, estes produtos não se transformam facilmente em outros menos tóxicos. Seus compostos podem simplesmente se dispersar no meio externo, levados pelas correntes de ar ou água, e, em função de sua degradação natural, podem cair na cadeia alimentar, se acumulando durante anos nos corpos dos animais e dos seres humanos. Neste quadro socioambiental encontra-se o consumidor com o seu comportamento de decisão na hora da compra, orientado pela sua motivação. Os estímulos que provocam esta motivação são objeto de estudo de várias áreas científicas e também da própria indústria. Este estudo, como outros similares, tornase cada vez mais valioso para todos, principalmente por saber-se que a obsessão nacional com compras, e conseqüente consumo, só vão aumentar. Essa obsessão obedece, em princípio, a um circulo vicioso: quanto maior o estresse a que for submetido o consumidor e quanto maior for o medo por alguma coisa, maior será a procura por bases sólidas, tornando-se mais dependente da dopamina, e quanto mais dopamina circula pelo cérebro, mais coisas se querem (LINDSTROM, 2009). CAPÍTULO 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Na pesquisa dos referenciais teóricos tem-se como plano de estudos em primeiro lugar a fixação dos conceitos básicos de marketing e de marketing ambiental. Em seguida apresenta-se a importância das questões ambientais para as organizações e suas tendências já conhecidas para viabilizar um ambiente ecologicamente equilibrado. A influência das pesquisas de marketing também é ponto de atenção deste trabalho, pois é uma das ferramentas utilizadas tanto pelas empresas como pelo meio acadêmico, e também, neste trabalho de pesquisa. Procura-se detectar o papel da educação ambiental na formação desta nova base social e também identificar qual a influência do fator de conservação ambiental na decisão de compra dos consumidores. A apresentação dos agentes públicos reguladores da legislação local sobre o meio ambiente, por promover obrigações para as instituições locais e ser de conhecimento público, foi incluída na seqüência desta fundamentação teórica. A diferença entre detergente e desinfetante surgiu como uma curiosidade natural e também foi incluída, principalmente para esclarecer os aspectos químicos do produto objeto desta pesquisa. 2.1 ADMINISTRAÇÃO Segundo Chiavenato (2004) o mundo atual consiste em uma sociedade institucionalizada, composta por organizações heterogêneas e diversificadas quanto a tamanhos, características, estruturas e objetivos cujas atividades estão relacionadas à produção de bens ou a prestação de serviço, as quais devem ser planejadas, coordenadas, dirigidas e controladas. “Uma organização é um sistema de recursos que procura realizar algum tipo de objetivo (ou conjunto de objetivos)” (MAXIMINIANO, 2008). De acordo com o autor acima citado, as organizações oferecem alternativas de sustento a inúmeras pessoas, através de salários, abonos, lucros distribuídos e outras formas de remuneração que lhes são fornecidas em troca de sua mão de obra ou investimento. Por sua vez, estes meios de subsistência as permitem adquirir bens e serviços de que necessitam. 23 O autor também nos fala que o desempenho das organizações é importante para clientes, usuários, funcionários, acionistas, fornecedores e para comunidade em geral. Para atender a todas essas expectativas as organizações precisam ser bem administradas. “É a administração que faz as organizações serem capazes de utilizar corretamente seus recursos e atingir seus objetivos” (MAXIMIANO, 2008, p. 4). Sendo assim, tendo como base o conceito de Chiavenato (2004), a Administração de um modo geral refere-se ao processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso de recursos de uma organização a fim de que sejam alcançados os objetivos organizacionais para os quais a mesma foi criada. 2.1.1 Modelos de Administração Conforme Amaral (2007), o processo administrativo pode ser subdividido em duas vertentes, tais quais: a Administração Pública, que abrange órgãos, serviços, agentes do Estado e demais entidades públicas e a Administração Privada, que atua em organizações privadas ou particulares. Estas podem ser distinguidas sobre três fatores: objeto, fim e meios. Quanto ao objeto, a Administração Pública incide sobre as necessidades de cunho coletivo assumidas como tarefa e responsabilidade própria da coletividade, enquanto que, a Administração Privada age sobre as necessidades individuais ou de grupos particulares. Quanto ao fim, a Administração Pública tem por propósito atender o interesse público, proporcionando, por meio deste, benefícios a coletividade, ao passo que, a Administração Privada almeja alcançar somente fins pessoais ou particulares. E quanto aos meios, a Administração Pública atua através de meios jurídicos, os quais permitiram o alcance do interesse público em quaisquer circunstâncias, em contrapartida, a Administração Privada atua através de meios jurídicos pelos quais pessoas podem agir em prol de seus interesses, porém os mesmos não podem ser utilizados em quaisquer circunstâncias. 2.1.2 Funções da Administração Segundo Maximiano (2008), as funções da administração ou organizacionais consistem em tarefas especializadas que as pessoas e os grupos executam no intuito que a organização consiga realizar seus objetivos, tendo assim a 24 administração geral o papel de coordenação de tais funções. Dentre as funções organizacionais mais importantes de qualquer organização encontram-se: produção ou vendas (operações), marketing, pesquisa e desenvolvimento, finanças e recursos humanos. A função de produção ou vendas tem por objetivo oferecer o produto e o serviço da organização. A função de marketing é estabelecer e manter a ligação entre a organização e seus clientes, consumidores, usuários e público-alvo. A função de pesquisa e desenvolvimento é de transformar as informações de marketing em idéias originais e de utilizar os avanços da ciência em produtos e serviços. A função de finanças é a de proteger e utilizar, de forma eficaz, os recursos financeiros da organização e a função de recursos humanos é encontrar, atrair e manter as pessoas que a empresa necessita. Alguns doutrinadores modernos colocam também nessa divisão a TI (Tecnologia da Informação). Devido ao fato da Administração ter diversas ciências como base, o administrador disputa seu espaço com profissional de diferentes áreas: na área de finanças com os economistas e contadores, em marketing com os publicitários e designers, em produção com os engenheiros, e em recursos humanos com os psicólogos. 2.2 CONCEITO DE MARKETING E MARKETING AMBIENTAL Faz-se importante conhecerem-se os conceitos de marketing, pois suas ações fazem parte do dia-a-dia de todos nós, mesmo que não tenhamos conhecimento do mesmo. Com essa finalidade faz-se a apresentação dos autores e seus respectivos pontos de vista: “Podemos definir o marketing como o processo social e gerencial através do qual indivíduos e grupos obtêm aquilo que desejam e de que necessitam criando e trocando produtos e valores uns com os outros” (KOTLER,1999,p.03). “A essência do marketing é um estado da mente. Em marketing os profissionais de negócios adotam o ponto de vista do consumidor. E essas decisões são apoiadas com base no que o cliente necessita e deseja” (COBRA, 2003, p.07). O aumento das exigências impostas pelos consumidores, através da utilização de itens de qualidade, demonstra que a população está cada vez mais atenta à relação custo/benefício que cada produto ou serviço pode proporcionar. Este fato provoca um aumento da dinâmica das negociações comerciais. Este 25 comportamento também é um reflexo da influência exercida pelas mudanças na economia, na política e no ambiente social (RICHERS, 1994). A orientação para o mercado é uma forma de sintonia com o ambiente externo que, conforme apontam Cunha et al. (1995), é uma necessidade no mundo competitivo nos dias atuais. As discussões sobre orientação para o mercado passam pela essência do conceito de marketing. Tal orientação requer das empresas que administrem e respondam às informações do mercado (MIN e MENTZER apud SANTOS, 2006). Evidencia-se que o escopo do marketing é um dos aspectos afetados pelas mudanças no ambiente competitivo organizacional. Isto porque compreende o comportamento do consumidor, o preço, a compra, o gerenciamento de vendas, o gerenciamento de produto, a embalagem, os canais de distribuição, a promoção, a praça, a pesquisa de marketing, o marketing de varejo, o marketing social, o marketing internacional, o marketing de relacionamento, e a gestão da cadeia de suprimentos, e também o marketing ambiental, entre outros assuntos (HUNT, 1976; MIN e MENTZER apud SANTOS, 2006). Webster apud Santos (2006) relata que o marketing exerce um papel estratégico vital para a empresa, tendo em vista que ele atua nos três níveis: no corporativo, no nível de negócio e no nível operacional ou funcional. Isto significa que as ações do marketing vão desde a formulação das estratégias até a implantação das mesmas. As estratégias de marketing são fortemente influenciadas pelo ambiente externo, o qual é caracterizado por um crescente dinamismo e incertezas, que obrigam as empresas a inovar continuamente para se manterem competitivas. Segundo Kotler (1999), existe o um conceito de marketing societário que diz que a organização deve determinar as necessidades, desejos e interesses dos mercados-alvo, e então proporcionar aos clientes um valor superior de forma a manter ou melhorar o bem- estar do cliente e da sociedade. Esse conceito questiona se o conceito tradicional de marketing é adequado a uma época com problemas ambientais, escassez de recursos naturais, rápido crescimento populacional, problemas econômicos no mundo inteiro e serviços sociais negligentes. Pergunta se a empresa que percebe, serve e satisfaz desejos individuais está sempre fazendo o melhor para os consumidores e para a sociedade no longo prazo. 26 A preocupação com os efeitos ou impactos ambientais decorrentes da ação do homem no ambiente natural passou a merecer maior atenção a partir da década de 1950, motivada pela queda da qualidade de vida em algumas regiões do planeta. Surgiram movimentos ambientalistas em diversos países e foram criadas entidades não-governamentais sem fins lucrativos, assim como agências governamentais voltadas para a proteção ambiental. O tema poluição passou a ser discutido em conferências nacionais e internacionais. (NASCIMENTO, LEMOS e MELLO, 2008, p.57) Como resposta a esta questão tem-se que ações isoladas de grupos sociais mostraram-se não terem sido efetivas, pois segundo Kotler e Keller (2006), as organizações são passiveis de conflitos nas áreas de interesse, tais como lucros empresariais, satisfação do cliente e interesse público. Nesta conjuntura social aparece esta nova abordagem de marketing, o marketing ambiental, como uma ferramenta para uso conjunto de toda a sociedade, quer seja de empresas privadas, quer seja de empresas públicas e do próprio governo, quer seja da própria sociedade. As estratégias desenvolvidas na elaboração do planejamento estratégico organizacional devem contemplar as questões sociais e ambientais. Assim a organização terá maior coerência e coesão, desenvolverá objetivos mais claros e terá inspiração para realizar mudanças profundas e significativas, valorizadas tanto pelo mercado quanto por quem trabalha nela, atingindo sua sustentabilidade e sucesso ao longo do tempo (NASCIMENTO, LEMOS e MELLO, 2008, p.131). O marketing verde, ou ambiental, consiste de todas as atividades designadas para gerar e facilitar qualquer troca com o objetivo de satisfazer os desejos ou necessidades humanas, desde que a satisfação dessas necessidades e desejos ocorra, com um mínimo de impacto prejudicial sobre o meio ambiente (POLONKY apud DIAS, 2007, p.74). Dias (2007) afirma que a atuação do marketing ambiental se baseia na busca de soluções racionais para o problema de tornar competitivos os produtos que de uma forma ou de outra terão que incorporar no preço os custos ecológicos, o que cria a necessidade do entendimento dos problemas ambientais, que acaba levando, de qualquer forma, à mudança de comportamento dos consumidores, das empresas e conseqüentemente do próprio marketing. Uma das principais modificações no próprio marketing será reconhecer suas próprias limitações e aceitar a necessidade de existência de restrições ao mecanismo de mercado, para manter a sustentabilidade dos negócios que envolvam aspectos relacionados com o meio ambiente. Reconhecer a necessidade da existência de restrição e controle, feita por 27 órgãos governamentais, implica em incorporar essas limitações de forma organizada e definitiva no processo de marketing, tornando-o sustentável. Dias (2007) acredita ainda que a sustentabilidade do marketing significa que toda a sua organização está voltada para a diminuição dos impactos negativos sobre os ecossistemas, e ao mesmo tempo que continua atendendo às necessidades dos consumidores, fornecendo-lhes os produtos que os beneficiem e a sociedade como um todo. “O marketing verde ou ambiental pode beneficiar uma organização de várias maneiras, pois é simpático aos valores de muitas pessoas” (NASCIMENTO, LEMOS e MELLO, 2008, p.42). Las Casas e Garcia (2007) mencionam que atualmente vive-se um momento em que as empresas, buscando diferenciais no mercado, acabam por se envolver em projetos sociais ou ambientais. Essa forma de exercício da cidadania busca agregar valor à sua marca institucional ou de algum de seus produtos específicos. As organizações que praticam o marketing verde procuram mostrar que seus produtos causam menor ou nenhum dano ao meio ambiente [...] esse processo nem sempre é simples, pois existem resistências dos próprios consumidores, além de dificuldades técnicas [...] (NASCIMENTO, LEMOS e MELLO, 2008, p.42). Conforme Dias (2007) cabe ao marketing ecológico ações de caráter geral e específico. Segundo este mesmo autor as funções de caráter geral são as seguintes: Informativa, Educativa, Estimulativa de ações, Modificadora de comportamento e Modificadora de valores da sociedade. E as funções específicas do marketing ecológico são as seguintes: Redirecionar a escolha dos consumidores, Redirecionar o marketing-mix da organização, Difundir o componente ecológico em todo o processo e Incorporar objetivos mais gerais de respeito ao meio ambiente aos objetivos específicos da empresa. 2.3 IMPORTÂNCIA DAS QUESTÕES AMBIENTAIS PARA AS ORGANIZAÇÕES Oliveira (2007) menciona que o mercado consumidor tem evoluído na procura de uma efetiva solução para a conservação do meio-ambiente e conseqüentemente da própria vida humana. Em contrapartida a produção mundial de bens e serviços, como um todo, tem apresentado no mesmo período um crescimento significativo. 28 A análise de Oliveira (2007) também mostra que o avanço de novas tecnologias e processos produtivos, dentro de um mercado altamente competitivo, tem contribuído para um novo cenário de consumo. Há uma grande oferta e variedade de produtos e serviços, aumentando-se o ritmo de consumo devido à boa acessibilidade do consumidor a esse mercado e também ao aumento de competitividade entre as empresas. Isto contribui significativamente para um desequilíbrio dentro da cadeia produtiva e do meio-ambiente. O ritmo do consumo é superior à capacidade instalada de descarte e tratamento de produtos, da manutenção dos recursos naturais utilizados como matéria prima, e de outras ações que utilizam recursos do meio-ambiente. As implicações deste cenário, se não controlados em curto prazo, são de prejuízo irreparável para a qualidade de vida da sociedade. Costa e Andrade (2006) mencionam que, em pesquisa feita na empresa Philips da Amazonia e Multibras, a direção de ambas avalia os resultados obtidos após certificação como sendo ganhos de imagem corporativa, maior motivação dos funcionários e maior produtividade. Segundo eles quando a empresa melhora sua imagem, ganha simpatia dos consumidores, que optarão por sua marca na hora da compra e trarão um retorno com vendas. O depoimento de Ulisses Tapajós esclarece ainda mais sua opinião: Uma das razões pelas quais a Multibras vem crescendo em um mercado de commodities, credita-se à grande confiança que a clientela tem em nosso trabalho. Uma empresa que é certificada em quatro normas internacionais, de fato, cria uma imagem de empresa séria, capacitada e ética. O que temos percebido é que como conseqüência, há um crescimento em nosso faturamento. Quantificando, o faturamento de 2004 em relação a 2003 cresceu, aproximadamente, 40%, e existe uma perspectiva de que voltemos a crescer 25% em 2005, comparado com 2004. Eu tenho a convicção de que o SGI é o ator principal, alavancador desse crescimento de vendas (COSTA e ANDRADE 2006 apud ULISSES TAPAJÓS, 2005). Em um trecho da entrevista do Professor Daniel C. Esty, da Universidade de Yale, especialista em energia e ambiente da equipe de transição do governo EUA Barak OBAMA, para revista Mundo Corporativo: Informação e análise para decisores, publicada na edição do início de 2010, tem-se o seguinte diálogo: 29 Mundo Corporativo: Em épocas de redução da atividade econômica, os orçamentos para projetos de responsabilidade ambiental costumam ser reduzidos ou eliminados por serem considerados centros de custos. Como as empresas podem continuar a abraçar a causa verde em tempos mais difíceis, como o que ainda se verifica em muitos países? Esty: Alguns investimentos ambientais - em especial, aqueles que resultam em economia de custos - fazem sentido, mesmo em tempos de recessão. Com efeito, investir em eficiência gera economias que se refletem nos resultados e são especialmente valiosas em tempos de dificuldades econômicas. Mundo Corporativo: Qual a principal preocupação dos líderes empresariais quando se fala na necessidade de aplicação de políticas sustentáveis? O que mudou atualmente? Esty: Os presidentes de organizações estão mais interessados em entender as oportunidades relacionadas à sustentabilidade para inserir o pensamento ambiental na estratégia do negócio. Eles querem ter uma idéia clara das medidas práticas que poderão tomar para reduzir custos e riscos, impulsionar a inovação e o crescimento, além de construir ou melhorar a imagem de suas próprias marcas. Que pode ser complementada por um trecho da entrevista do Presidente Executivo do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), em 2007, Fernando Alves de Almeida para revista Marketing: Os caminhos para o desenvolvimento sustentável: Marketing: Hoje as empresas, que se posicionam como um negócio sustentável, conseguiram ampliar o valor de sua marca no mercado, bem como o seu faturamento? Almeida: Essa pergunta pode ser respondida pelo desempenho das empresas que conseguem estar no grupo seleto do Índice Dow Jones de sustentabilidade, de Nova York. Os balanços indicam que a rentabilidade dessas empresas é pelo menos 20% superior em relação as que permanecem mais presas ao modelo tradicional. Marketing: De que maneira a empresa consegue atuar de forma sustentável e ainda obter lucro? Almeida: O lucro é, e continuará sendo um dos pilares para que qualquer empresa permaneça no mercado. As primeiras avaliações contábeis das empresas que adotaram a cultura da ecoeficiência dão conta de que lucratividade e sustentabilidade são compatíveis. Quando você cria mecanismo para reusar água, racionar energia ou reaproveitar matériasprimas você está reduzindo o impacto do processo produtivo no meio ambiente e ao mesmo tempo, aumentando a competitividade do seu produto, tanto do ponto de vista tangível como do intangível. 2.4 TENDÊNCIAS PARA A QUESTÃO AMBIENTAL A chamada revolução ambiental foi um dos movimentos sociais mais expressivos dos últimos anos, por promover transformações significativas no comportamento da sociedade, na organização política e na organização econômica 30 (CUNHA e GUERRA, 2008). A semente da movimentação para a questão ambiental surgiu no final do século XIX, mas só veio à tona após a Segunda Guerra Mundial com a promoção de uma nova ótica sobre o assunto pela sociedade em geral, começando a perceber que os recursos naturais não são infinitos e o seu uso indevido pode significar o fim da própria humanidade. Nascimento, Lemos e Mello (2008) mostram que existem tendências favoráveis ao ambiente ecológico colocando em relevo os seguintes itens: • “As leis ambientais estão ficando, em quase todos os países do mundo, cada vez mais restritivas”; • “Estão começando a surgir mecanismos legais de incentivos econômicos para quem produz com responsabilidade socioambiental, tanto em âmbito nacional como internacional”; • “Os bancos estão aumentando as exigências socioambientais para fornecer crédito”; • “Há um rápido aumento do mercado consumidor para produtos verdes”; • “Busca por fornecedores socioambientalmente mais corretos”. A questão da segurança climática proporciona a todos o alerta quanto ao aspecto de tempo, pois tem como estimativa a necessidade de estabilizar o clima no planeta em um período de 20 anos, a partir de agora. Isto significa uma mudança de grandes proporções nos padrões de produção e consumo, que irão impactar fortemente nossas vidas (CORRAL, 2008). O INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) lançou em 2008 um programa para classificar os veículos do país de acordo com seus níveis de consumo de combustíveis. O Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular servirá de guia para o consumidor na hora de comprar um carro novo (ENVOLVERDE REVISTA DIGITAL, 2008). O protocolo ambiental firmado entre Ministério do Meio Ambiente, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, Banco do Brasil – BB, a Caixa Econômica Federal – CEF, Banco da Amazônia – BASA e o Banco do Nordeste do Brasil – BNB, em 2008, por um prazo de 5 anos, tem por objeto estabelecer a convergência de esforços para o empreendimento de políticas e 31 práticas bancárias. A finalidade destas políticas é que sejam precursoras, multiplicadoras, demonstrativas ou exemplares em termos de responsabilidade socioambiental e que estejam em harmonia com o objetivo de promover um desenvolvimento que não comprometa as necessidades das gerações futuras a partir da atualização dos compromissos previstos no Protocolo Verde, firmado em 1995. Barbieri (2007) diz que os problemas ambientais globais estão sendo tratados por organizações da sociedade civil com atuação internacional e estas se manifestam por meio de propostas de caráter voluntario, nas quais a adesão dos agentes econômicos dependerá da consciência dos tomadores de decisão, das pressões da sociedade e das possibilidades de auferir ganhos. Dias (2007) menciona que a eco-atividade é a tendência a atuar ecologicamente e reside fundamentalmente na personalidade do individuo. Saber estimá-la é tarefa do marketing ecológico e saber reconhecer até onde se pode esperar respostas de cada grupo de consumidores com cada tipo de produtomercado. Retornando novamente a outro trecho da entrevista do Professor Daniel C. Esty, da Universidade de Yale, especialista em energia e ambiente da equipe de transição do governo EUA Barak OBAMA, para a revista Mundo Corporativo: Informação e análise para decisores, publicada na edição do início de 2010, têm-se: Mundo Corporativo: No caso do Brasil há estratégias nacionais a serem seguidas para incentivar o modelo “do verde ao ouro”? Que tipo de incentivos o governo pode dar para promover a responsabilidade ambiental (e as empresas a procurarem formas de rentabilidade sendo ambientalmente responsáveis)? Esty: O Brasil, mais do que praticamente qualquer outro país no mundo, está posicionado para tirar proveito do modelo “do verde ao ouro”. O país tem uma vasta capacidade de produção de recursos naturais de forma sustentável e de estar na vanguarda de produção das novas tecnologias que serão essenciais para um futuro de baixa emissão de carbono, como os bicombustíveis. Também dispõem de mão-de-obra jovem, cada vez mais qualificada tecnicamente que pode desempenhar um papel de liderança na revolução de tecnologia limpa. Mundo Corporativo: E quanto ao setor financeiro? Além das práticas sustentáveis para compensar o próprio consumo de energia ou o lixo gerado, as instituições financeiras devem buscar oportunidades por meio dos investimentos que fazem ou das empresas que financiam? Esty: Vários bancos já entenderam que o seu verdadeiro impacto no ambiente não está em seu próprio consumo de energia ou no lixo gerado, mas naquilo que seus financiamentos estão proporcionando. Para diminuir esses impactos um grupo de instituições financeiras desenvolveu diretrizes para seus financiamentos de projetos por meio dos chamados “Princípios do Equador” (exigências socioambientais adotadas 32 voluntariamente por bancos internacionais e brasileiros em operações de financiamento de projeto). No entanto será preciso fazer mais nos próximos anos, não apenas para estabelecer diretrizes de financiamento, mas também para aumentar a transparência dos impactos ambientais gerados pelo setor financeiro. 2.5 PESQUISAS DE MARKETING McKenna (2002) relata que as forças que pressionam as organizações para se manterem competitivas foram aumentando passo-a-passo ao longo do último século. Isto transformou a qualidade de produtos e/ou serviços numa dimensão competitiva crítica. Por isso, uma mudança de postura das organizações diante do mercado ficou mais evidente no início dos anos 90, quando empresas de sucesso tornaram-se mais dirigidas ao consumidor. Neste período também ficou marcado pelas iniciativas de ações estratégicas para coletar informações sobre os desejos e necessidades dos consumidores. Estas informações contribuíram significativamente para os processos de melhoria contínua e de desenvolvimento de produtos. Santos (2006) coloca que os avanços tecnológicos, os de tecnologia da informação em particular, contribuíram de modo significativo para que houvesse uma mudança na facilidade e acuracidade de obtenção de informações para o estabelecimento de cenários. Esta tecnologia possibilita a obtenção e elaboração de informações sobre o comportamento, as preferências, desejos e necessidades dos clientes com uma boa precisão e rapidez. Segundo Santos (2006), o contexto ambiental das empresas marcado pelo aceleramento do ciclo de mudanças e pelo aumento da insegurança quanto à sobrevivência, evidencia para a empresa que já não é mais suficiente apenas prover bens e serviços eficientemente aos clientes. Então é necessário conquistar e deter uma vantagem competitiva sustentável. Diante das exigências impostas pelo mercado, os administradores de marketing precisam tomar decisões cada vez mais rapidamente, em tempo hábil e de forma segura. Esta é a importância da pesquisa de marketing, por seu papel de provedora de informações. Ela entra em cena como um ator capaz de aumentar o potencial de decisão dos administradores, posto que fornece uma ligação mais objetiva e consistente entre a empresa, o cliente e o mercado. Santos (2006) ainda expõem que as decisões de marketing envolvem aspectos que vão desde a mudança de posicionamento da empresa no mercado até questões minuciosas, como a melhor forma de preencher uma gôndola na loja. 33 Assim, a pesquisa de marketing traz uma contribuição importante para esclarecer e ajudar a resolver as questões relacionadas a todos esses aspectos. Polignano e Drumond apud Santos (2006) destacam que a utilização de técnicas de pesquisa de mercado pode ser uma ferramenta importante na concepção e desenvolvimento de novos produtos, já que ela proporciona a coleta de informações sobre o comportamento do consumidor, seus hábitos, suas atitudes, seus desejos e suas necessidades. Conhecendo esse potencial, as empresas de vanguarda, ao definirem suas estratégias de marketing, estão identificando também os indivíduos ou grupo de pessoas, cujas necessidades não foram atendidas e que permanecem com interesse latente por algum produto ou serviço ainda não disponível. Em outro trecho da entrevista do Presidente Executivo do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), em 2007, Fernando Alves de Almeida, para revista Marketing: Os caminhos para o desenvolvimento sustentável, apresenta: Marketing: Como a preocupação com o meio ambiente e a preservação da vida no planeta tendem a influenciar os planos de marketing das empresas? Almeida: Hoje uma empresa que lança um produto no mercado sem a análise do ciclo de vida desse produto (água, gás carbônico, direitos humanos, resíduos, etc.) e, conseqüentemente, sem a preocupação com a preservação da vida no planeta, tende a fazer um péssimo negócio [...]. Estes relatos confirmam que a pesquisa de marketing é uma ferramenta importante para as empresas, privadas ou públicas, profissionais ou acadêmicas, a fim de observarem os consumidores por meio de amostragem. 2.6 EDUCAÇÃO AMBIENTAL “Educação, ato ou efeito de educar-se. Processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral da criança e do ser humano em geral, visando a sua melhor integração individual e social” (FERREIRA, 2004). A meta da educação ambiental é desenvolver uma população mundial consciente e preocupada com o meio ambiente, para atuar individualmente e coletivamente na busca de soluções para os problemas atuais e para a prevenção de novos problemas (BARBIERI, 2007, p.88). 34 Segundo Dias (2002) a economia global está em choque com muitos limites naturais da terra, a população humana cresce, aumenta o consumo, as florestas encolhem, as espécies desaparecem, o solo produtivo é degradado, as reservas de água decrescem, a pesca desaparece, os rios se estreitam, os gases-estufa aumentam, novas doenças aparecem e a humanidade padece. Ainda menciona que não existirá uma sociedade humana sustentável sem uma educação renovadora. Dias (2002) segue dizendo, em seu livro Pegada Ecológica, que a maior parte da população humana agora vive em cidades e que já são várias as gerações aí nascidas e criadas, afastadas do convívio com a natureza. Segundo o autor essas gerações foram preparadas por um sistema educacional que as faz ignorar as conseqüências ambientais dos seus atos e objetiva torná-las consumidoras úteis e perseguidoras obsessivas de bens materiais. Imersas em uma luta cotidiana cada vez mais cheia de compromissos, não percebem como estão incluídas na trama global da insustentabilidade. Vivendo sob tais condições, não reconhecem que dependem de uma base ecológica de sustentação de vida. Alerta ainda que a década de 1960 começou exibindo ao mundo as conseqüências dos modelos de desenvolvimento econômico adotados pelos países industrializados. Registraram-se níveis alarmantes de poluição atmosférica nos grandes centros urbanos – Los Angeles, Nova Iorque, Chicago, Berlim, Tóquio e Londres principalmente. Os rios Tamisa, Sena, Danúbio, Mississipi e outros se mostravam envenenados por despejos industriais e domésticos. Ocorreu uma rápida destruição da cobertura vegetal da Terra, ocasionando intensos processos de destruição de habitats, pressões crescentes sobre a biodiversidade, erosão, perda de fertilidade do solo, desertificação, assoreamentos dos rios, inundações, alterações da biota aquática e outros fenômenos adjuntos. Segundo Dias (2002) o papel da educação atual, se não for o de resgatar o ser humano, será nenhum, especialmente da chamada Educação Ambiental, uma vertente focalizada na proteção do meio ambiente, pois segundo o mesmo autor esta só foi criada pelo reconhecimento da ineficácia da educação geral. Conforme Carvalho (1991) a educação ambiental proposta é também realizada em dois planos. Uma, de ação imediata e impactada através dos meios de comunicação: rádio, a TV e a imprensa. A outra planejada e com retorno mais a longo prazo, deve estar embasada numa filosofia humanista e democrática. Sua 35 implementação será realizada através da escola, sobretudo de 1º e 2º grau, e do apoio ao estímulo às entidades preservacionistas. A definição conceitual desse processo educativo pode ser a constante da Carta de Belgrado, que resultou do encontro patrocinado pela UNESCO em outubro de 1975. Em suas linhas gerais, diz que a finalidade da educação ambiental será “transmitir aos educadores conceitos e habilidades para uma melhor integração do homem com a biosfera; reconhecer a importância do uso racional dos recursos naturais; apreciar os valores estéticos da natureza; identificar os fatores ambientais existentes e reconhecer sua importância na qualidade da vida rural e urbana”. Em Carvalho (1991) pode-se ver o Art.225 – 1º - “... incumbe ao Poder Público: VI- promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente”. Pinto, Fortes e Andrade (2006) acreditam que, para que qualquer programa de gestão ambiental dê certo, é preciso, antes de tudo, que haja investimento e priorização na educação ambiental. Segundo os autores ela é parte fundamental de qualquer plano estratégico que tenha como propósito a implantação de sistemas de gestão ambiental ou projetos afins, não somente em empresas, mas também em toda a sociedade, escolas, comunidades vizinhas às empresas e outras instituições, para que o homem possa deixar um ambiente saudável para as futuras gerações. Corral (2008) em entrevista, feita para o Instituto Akatu, pela jornalista Naná Prado diz que a educação para a sustentabilidade é hoje a principal educação, já que encontrar alternativas para a crise ambiental, e em particular à crise climática, passou a ser essencial para que continuemos a ter as nossas bases de vida no planeta. 2.7 FUNDAMENTAÇÕES DO COMPORTAMENTO DE COMPRA DO CONSUMIDOR Observando o modelo de estimulo e resposta proposto por Kotler (2000), pode-se ter uma compreensão do comportamento do consumidor, conforme Figura 1 apresentada a seguir. A tarefa dos administradores, principalmente os profissionais de marketing, é a de entender o que acontece na mente do comprador, desde o momento do estímulo até decisão de comprar. 36 Os principais fatores que influenciam o comportamento do consumidor são os culturais, os sociais, os ambientais, os pessoais e os psicológicos. A cultura é o principal fator que caracteriza o comportamento e os desejos de um consumidor. Conforme a pessoa vai crescendo ela adquire valores, percepções, preferências e comportamento de sua família e de outras instituições. Cultura refere-se a um conjunto de valores, idéias, artefatos e outros símbolos significativos que ajudam as pessoas a se relacionar, a se comunicar, a interpretar e avaliar as coisas, como membros ativos de uma sociedade (ENGLE, BLACKWELL e MINIARD, 2000). Figura 1: Modelo de Estímulo e Resposta Classes sociais são definidas como divisões praticamente permanentes e homogêneas em uma sociedade. Nessas classes os indivíduos partilham valores, estilos de vida, interesses e comportamentos semelhantes, e assim podem ser categorizados (ENGLE, BLACKWELL e MINIARD, 2000). Os grupos de referência de uma pessoa são aqueles que exercem determinada influência, direta ou indiretamente, nas suas atitudes e comportamento. Teixeira (2000) afirma que o ambiente exerce vários estímulos a uma pessoa. Ele define o fator ambiental como o quadro natural, no qual se desenvolvem os 37 grupos, e no qual aparecem e se diferenciam as civilizações. Pode-se dizer que este quadro compreende a situação geográfica, a composição do solo e do subsolo, o relevo, a hidrografia, o clima, o regime pluvial, o ciclo estacional, a fauna e a flora. Estes fatores são importantes e influenciam as pessoas ou grupos sociais deste meio. Segundo o autor, os fatores pessoais relacionam-se à idade e ao estágio no seu ciclo de vida, à sua ocupação e circunstâncias econômicas, ao seu estilo de vida, à sua personalidade e auto-imagem. Conforme o autor, as escolhas de compra de uma pessoa também são influenciadas por quatro principais fatores psicológicos: motivação, aprendizagem, crenças e atitudes. 2.7.1 Relação entre atitudes de brasileiros e tendências mundiais Pesquisa realizada pelo IBOPE – Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística – Inteligência para a FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – relacionou atitudes dos brasileiros a tendências mundiais de consumo alimentar. Os consumidores que valorizam aspectos voltados à saúde e ao bemestar, na hora de comprar alimentos industrializados, também se revelam preocupados com temas relacionados à ética e à sustentabilidade das empresas. Este grupo representa, hoje, 21% do mercado consumidor. Eles priorizam alimentos que tragam mais benefícios à saúde, buscam selos de qualidade, informações sobre a origem dos alimentos e preocupam-se em escolher fabricantes que protejam o meio ambiente e que tenham projetos sociais. Também se declaram dispostos a deixar de comprar marcas de empresas envolvidas em escândalos e irregularidades. Entre os termos freqüentemente usados pela indústria de alimentos, os mais conhecidos são o selo de qualidade (63%), os alimentos enriquecidos (52%) e os orgânicos (50%). Os menos conhecidos, por sua vez, são funcionais, sustentabilidade, emissões de carbono e rastreabilidade. Entre aqueles que conhecem o termo sustentabilidade, a maioria declara que pagaria mais ou talvez pagasse mais por alimentos produzidos de forma sustentável. Outra pesquisa, lançada pelo Portal Unomarketing – Comunicação Consciente em parceria com a revista Idéia Socioambiental, a MOB Consult e a Market Analisys, publicada como Dossiê de Consumo Sustentável, mostra que, ao contrário dos Estados Unidos da América, onde cerca de 55% do público prefere produtos de empresas socialmente responsáveis, o fator decisivo de compras para a maioria dos pesquisados brasileiros (35%) é o preço. No Brasil, somente 9% dos 38 entrevistados mostraram-se preocupados com o comportamento socioambiental do fabricante. Outros fatores, tais como características funcionais (19%), confiança na marca (16%) e disponibilidade (13%), parecem ser mais importantes. Este dossiê ainda relata que no ano anterior à pesquisa (2009), aproximadamente 80% das pessoas tinham ouvido, ou lido, pouco ou nada sobre o que as empresas estão fazendo para melhorar o desempenho socioambiental das mesmas. Uma explicação dada para este resultado é que as próprias empresas não fomentam o estabelecimento de indicadores socioambientais específicos, de rótulos explicativos e nem campanhas de comunicação baseadas nos atributos sociais e ambientais de seus produtos. O comportamento encontrado na pesquisa IBOPE revela que a população pesquisada, quando se refere a produtos alimentícios, já possui algum tipo de preocupação com a responsabilidade socioambiental, já que 21% preferiram as empresas que agem desse jeito. Porém, quando ocorre um estudo mais abrangente, como o da Unomarketing, o comportamento observado com a questão ambiental muda para apenas 9%. Ainda há muito que se fazer para melhorar a conscientização e a educação voltada para a sustentabilidade do povo brasileiro, pois atrelada a esse item vem o ganho de melhores condições de saúde e qualidade de vida. 2.8 ÓRGÃOS PÚBLICOS LOCAIS REGULADORES DO MEIO AMBIENTE Em Manaus há dois órgãos governamentais responsáveis pelo controle ambiental que são: IPAAM – Instituto de Preservação Ambiental do Amazonas – e a SEMMAS – Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade. A Missão atual do IPAAM é: "Executar a Política de Controle Ambiental do Estado do Amazonas, visando o Desenvolvimento Sustentável", e a sua visão é: "Ser excelência e referência nacional na execução da Política de Controle Ambiental para o Desenvolvimento Sustentável" No âmbito do governo municipal conta-se com a secretaria SEMMAS – Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade, que tem a atribuição de formular e executar a política municipal de desenvolvimento e meio ambiente da cidade de Manaus em consonância com as diretrizes estabelecidas pela política nacional de desenvolvimento econômico, científico, tecnológico e de meio ambiente. Pode-se destacar também que a Educação Ambiental faz parte do plano gestor 39 desta secretaria, pois afirma que todas as atividades desta Secretaria possuem componentes de Educação Ambiental. As ações nessa área vêm sendo desenvolvidas por meio de projetos, atividades e treinamentos voltados para a educação ambiental junto às escolas e comunidades do Município, em parceria com diversas secretarias do Estado e do Município, além de empresas do setor privado. 2.8.1 Histórico da Política Ambiental do Estado do Amazonas As atividades de controle ambiental no Estado do Amazonas iniciaram em 1978 na Secretaria de Estado do Planejamento e Coordenação Geral – SEPLAN, executadas pela Comissão de Desenvolvimento do Estado do Amazonas – CODEAMA. A primeira Lei de Política Ambiental do Estado foi publicada em 1982 (Lei 1.532), seguindo os passos dos novos processos de conscientização sobre o Meio Ambiente no Brasil. Em 1989 foi criado o Instituto de Desenvolvimento dos Recursos Naturais e Proteção Ambiental do Estado do Amazonas – IMA/AM, tendo na execução da política ambiental uma das suas finalidades, quando inicia um processo de controle ambiental mais sistemático. Entretanto, é com a criação do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas – IPAAM, em 14.12.95, que substituiu o IMA/AM, que ocorre o grande avanço da questão ambiental no Estado, pois o IPAAM passou a coordenar e executar exclusivamente a Política Estadual do Meio Ambiente. A partir de fevereiro de 2003, o IPAAM passou a ser vinculado à Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS), portanto, órgão executor da Política de Controle Ambiental do Estado do Amazonas. As atividades-fim do IPAAM, que englobam o Controle Ambiental, são o Licenciamento, a Fiscalização e o Monitoramento Ambiental. 2.8.2 Comentários sobre a legislação brasileira e o meio ambiente Silva (1995) enfatiza que “Todos os seres humanos têm o direito fundamental a um meio ambiente adequado a saúde e bem-estar”. É no artigo XXV da Declaração Universal dos Direitos do Homem que já se reconhecia, em 1946, que toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à sua família 40 a saúde e o bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis. No Brasil foi criado em 1635, as primeiras medidas visando à proteção ambiental, a primeira delas foi tornar o pau-brasil propriedade real evitando sua extração. Em 1797, foi assinada a primeira Carta Régia sobre a conservação das florestas e madeiras; em 1808, Dom João VI funda o Jardim Botânico. Outro acontecimento importante foi à decisão de Dom Pedro II que mandou plantar em 1861, a Floresta da Tijuca, com o objetivo de garantir o suprimento de água para o Rio de Janeiro, ameaçado pelos desmatamentos das encostas. Em 1920 quase 285 anos depois, o pau-brasil foi considerado extinto (REVISTA MEIO AMBIENTE, 2007). O Brasil passou por várias mudanças no seu meio ambiente e nas leis que o regulamentam, porém somente em 1981 foi que o país estabeleceu a política nacional do meio ambiente. Barbiere (2007) relata, em seu livro Gestão Empresarial, que apesar da existência da lei 6.938/1981, que estabeleceu a política nacional do meio ambiente, sua implantação somente aconteceu, efetivamente, no final da década de 80, com a promulgação da constituição federal de 1988. Esta constituição, que é válida até os dias de hoje, estabelece a defesa do meio ambiente como um dos princípios a serem observados para as atividades econômicas em geral e incorporou o conceito de desenvolvimento sustentável. O código ambiental no estado do Amazonas foi instituído pela Lei n. 1532/82, de 06 de julho de 1982, e no município de Manaus a Lei n. 605/01, de 24 de julho de 2001. Após esse avanço na legislação, cada dia mais se vê políticos e a própria sociedade se movimentando a favor do meio ambiente e a tendência é de que cada vez se crie limitadores de degradação ambiental. 2.9 DIFERENÇA ENTRE DETERGENTE E DESINFETANTE Utiliza-se como fundamento para a maioria dos parágrafos deste tópico, sobre os detergentes e desinfetantes, o texto de Corrêa (2005), por ter uma boa varredura do assunto. Os parágrafos restantes se fundamentam numa cartilha Guia do SUS – Sistema Único de Saúde. A produção dos detergentes de uso doméstico nos Estados Unidos começou no início da década de 30 e ganhou mercado após a Segunda Guerra Mundial. Os 41 primeiros detergentes foram usados, principalmente, na lavagem manual de louças e produtos finos. O avanço no desenvolvimento de produtos de uso múltiplo ocorreu em 1946, com o surgimento do primeiro detergente com um princípio ativo que facilitava o processo de limpeza, já promovida pelo tensoativo na remoção da sujeira. Este princípio ativo é formado a partir de um composto derivado do petróleo, enquanto que os sabões são derivados da gordura animal. Em 1953, os sabões perderam mercado nos Estados Unidos para os detergentes, que eram até então o principal produto de limpeza para a lavagem da roupa, de louça e limpeza doméstica. A partir daí, os detergentes passaram por inovações constantes para atender às exigências dos consumidores e também para oferecer segurança e eficiência sem agredir o meio ambiente, como por exemplo, os detergentes biodegradáveis. Os surfactantes – detergentes e tensoativos – são os principais componentes da maior parte dos agentes de limpeza. A função dos tensoativos é aumentar o efeito do agente de limpeza, o princípio ativo, ao diminuir a tensão de superfície da água. Mesmo com toda essa evolução, ainda hoje os detergentes são considerados responsáveis por um conjunto de problemas de pele entre pessoas que trabalham em limpeza. Os desinfetantes, por sua vez, já eram aplicados, como agentes de ação antimicrobiana, por egípcios, persas e chineses, no tratamento da água potável e na assepsia de ferimentos. Pesticidas também eram conhecidos e usados contra piolhos, pulgas e vespas, além da proteção de pragas nas plantações. No século XIX, epidemias freqüentes levaram ao desenvolvimento de técnicas baseadas no poder da desinfecção com altas temperaturas. Em 1855, ficou provado que a cólera era transmitida pela água contaminada e a febre tifóide era causada por um agente do esgoto presente na água e no leite. A técnica da pasteurização desenvolvida em 1857 controlou os microorganismos que azedavam o leite e foi constatado que a febre purpúrea podia ser prevenida com hábitos de higiene. Muitos desinfetantes estão em uso há mais de 150 anos e sobrevivem ao teste do tempo. Substâncias químicas como piche, vinho, cobre e prata foram amplamente utilizados para essa finalidade. O mercúrio é conhecido desde o século XIV. O carvão mineral e o carvão vegetal assim como o alcatrão foram os primeiros 42 desinfetantes usados na indústria de destilação. O cloro é aplicado no tratamento da água desde 1843 e ainda hoje está em uso. Sulfato de cobre, cloreto de zinco, permanganato de sódio, sulfúricos e alcoóis foram introduzidos por volta de 1800. As melhores técnicas disponíveis foram usadas por cientistas para estudar, estimular o crescimento e isolar microorganismos, o que fez surgir amplo arsenal de antimicrobianos para resolver problemas específicos. Hoje, para o desenvolvimento de biocidas mais eficientes e a ampliação de sua aplicação, são feitos vários estudos que avaliam a eficácia das substâncias e o grau de toxicidade que representam para os seres humanos e para o meio ambiente. A creolina, vendida em latas no início do século XX, era usada no Brasil como desinfetante com ação antibacteriana, da mesma forma que era aplicada a água sanitária. Em 1970, surgiu o desinfetante a base de pinho, para uso no banheiro, que agradou os consumidores – em especial com a introdução de fragrâncias variadas como lavanda, eucalipto e mentol. Todos têm a função de matar microorganismos. A evolução dos desinfetantes e dos aromatizadores se deu com a versão em aerossol, que oferece mais facilidade de uso. Os desinfetantes são substâncias ativas que destroem bactérias e outros microrganismos. Eles são usados sobre superfícies caso seja necessário um ambiente especialmente limpo, ou estéril, como nos hospitais. Os componentes ativos nos desinfetantes são liberadores de cloro (hipocloritos e gás cloro), aldeídos (formaldeídos e glutaraldeídos) e compostos quaternários de amônia. Compostos liberadores de oxigênio e enzimas também são utilizados para esse fim, como por exemplo, a água oxigenada. Os saneantes, que englobam tanto os detergentes quanto os desinfetantes, são produtos controlados pela Vigilância Sanitária. Alguns saneantes são utilizados para lavar louças (detergentes domésticos), outros são usados para matar microrganismos como as bactérias (esterilizantes e desinfetantes hospitalares e desinfetantes domésticos). Um exemplo de desinfetante doméstico é a água sanitária. Os saneantes são utilizados ainda para combater pragas, como os inseticidas, os repelentes e os raticidas. Estes saneantes são chamados de desinfetantes. Esses produtos são úteis, pois desinfetam nossos banheiros, esterilizam materiais cirúrgicos em hospitais, matam insetos e ratos, contribuindo desta forma 43 para uma vida melhor, porém, o seu uso incorreto, pode provocar sérias intoxicações, podendo levar até à morte. Os saneantes também apresentam um risco para o meio ambiente, no que diz respeito à contaminação do mesmo; provocado principalmente pelas indústrias fabricantes, quando poluem o ar, as águas dos rios e o solo. Este é o motivo pelo qual os saneantes devem ser controlados pela Vigilância Sanitária e, a sua compra, o seu armazenamento, o seu uso e o seu descarte devem ser feitos com muito cuidado pela população. Na hora de jogar fora (descartar) a embalagem use, preferencialmente, a coleta seletiva. Os saneantes são divididos em duas categorias, dependendo do risco que o produto pode impor à nossa saúde. Os de maior potencial de risco são considerados de GRAU DE RISCO II: (como exemplos inseticidas, raticidas, repelentes, esterilizantes hospitalares e desinfetantes domésticos) e necessitam possuir registro junto ao Mistério da Saúde. Já os de menor potencial de risco (GRAU DE RISCO I), como detergentes domésticos e amaciantes de roupa, são dispensados do registro. Em 1998, segundo o Sistema Nacional de Informações Tóxico- Farmacológicas (SINITOX) da FIOCRUZ, 1.688 pessoas foram intoxicadas por raticidas, 1.539 por inseticidas, e 3.685 por domissanitários (desinfetantes, detergentes, etc.) na região sudeste. Dessas 6.912 pessoas intoxicadas, 2.968 (43%) eram crianças de 1 a 4 anos. Daqui em diante, até o final deste tópico, o texto está baseado na Guia SUS do Cidadão, (2003), por se tratar de algo educativo a respeito deste assunto. Alguns cuidados devem ser tomados na hora da compra de saneantes. Nunca compre nenhum saneante em vendedores ambulantes, como por exemplo, o popular CHUMBINHO que “mata o rato e seca o rato”, o CLORO para desinfetar o seu banheiro, as essências de eucalipto que encontramos pelas ruas. Isto é uma bomba prestes a estourar. Esses produtos são causadores de muitas intoxicações, que chegam às emergências dos hospitais, principalmente em acidentes com crianças ou suicídio de jovens. Quando for comprar algum saneante, por exemplo, em supermercados, observem no rótulo do produto as seguintes informações: a) Se consta o Número de Registro no Ministério da Saúde, quando o saneante for de Grau de Risco II (Exemplo: inseticidas, repelentes, raticidas e desinfetantes domésticos). Esse Número de Registro no Ministério da Saúde é 44 composto por, no mínimo 9 algarismos. O primeiro algarismo deve ser sempre 3, esse 3 é o código, é a dica que diz que esse produto é realmente um saneante. Exemplo: 3.0000.0000. Quando o saneante for do Grau de Risco I (detergente doméstico, amaciante de roupas, etc.), não necessita possuir Número de Registro no Ministério da Saúde. Para que possamos nos assegurar que esse produto pode ser comprado, ele terá que citar a Resolução 336/99 da ANVISA no rótulo, dispositivo legal que dispensou o Número de Registro no Ministério da Saúde para esse tipo de saneante. Alguns produtos com Grau de Risco I podem ter o Número de Registro no Ministério da Saúde, não há problema algum. Isso pode acontecer porque alguns fabricantes, que já possuíam o Número de Registro de saneantes com Grau de Risco I; preferiram continuar com o seu Número de Registro, pois a Resolução 336/99, que modificou as regras de registro de saneantes, é relativamente nova. b) Observe a Data de Fabricação, o Prazo de Validade e Número do Lote do Produto. c) A finalidade do produto (desinfetante, inseticida, raticida, repelente, etc.). d) O nome, endereço e telefone do fabricante e/ou distribuidor/importador. e) O nome do Responsável Técnico e o seu Número de Registro no Conselho Profissional (Farmacêutico – CRF ou Químico – CRQ). f) Frase “Antes de usar leia as instruções do rótulo”. g) Frases de advertência e Primeiro socorros: “Mantenha afastado de crianças”. “Não dê nada por via oral a uma pessoa inconsciente”. “Mantenha o produto em sua embalagem original”. “Não reutilize as embalagens vazias”. No caso dos Inseticidas e dos Repelentes deve estar escrito: “CUIDADO! PERIGOSO”. No caso de Raticidas deve estar escrito: “CUIDADO! VENENO” com o símbolo da caveira desenhado. Certos cuidados também devem ser tomados para armazenar os saneantes. Mantenha os saneantes sempre protegidos da luz, umidade e calor, pois muitos são inflamáveis. Nunca armazene junto a alimentos, bebidas, medicamentos e cosméticos. 45 Os saneantes devem ser armazenados em locais em que as crianças e os animais domésticos não possam mexer. Lembre-se de que o maior número de intoxicações por raticidas acontecem em acidentes, envolvendo, na sua maioria, crianças de 1 a 4 anos. Nunca armazene esses produtos fora de suas embalagens originais. Você pode se confundir, ou esquecer e acabar provocando algum acidente. Saneantes em garrafas de refrigerantes com cores vivas são enormes atrativos para crianças. Os aerosóis merecem cuidados especiais. Antes de usar os saneantes, leia atentamente as orientações de uso, que estão escritas nos rótulos dos produtos. Não use esses produtos em ambientes fechados, sem ventilação. Ao utilizar produtos como inseticidas proteja os olhos e, no momento da aplicação, não devem permanecer no local pessoas ou animais. Ao utilizar raticidas, ponha-os em local de difícil acesso a crianças e animais. Após o uso de inseticidas, raticidas e repelentes, lave as mãos com água e sabão. Pessoas asmáticas e com problemas respiratórios devem redobrar os cuidados ao utilizar qualquer tipo de saneante. Na hora de jogar fora as embalagens de saneantes, lembre-se de que as embalagens nunca poderão ser reutilizadas. Intoxicações são freqüentes quando se utilizam as embalagens para outros fins. As embalagens devem ser descartadas após o uso, preferencialmente por sistema de coleta seletiva. Não perfure ou jogue ao fogo as embalagens vazias, principalmente os aerossóis. 2.10 EVOLUÇÃO DA CONSCIÊNCIA AMBIENTAL Este tópico, sobre consciência ambiental, tem sua base no texto do livro de Rocha, Rosa e Cardoso (2004), páginas 29-33. Quando poucos homens viviam sobre a Terra, estes viviam em grupos e eram nômades, porque se alimentavam de frutas, vegetais e animais de um certo lugar e quando a escassez aumentava, viajavam em busca de outro local mais farto. Estes grupos de humanos andavam próximos ao curso dos rios que fornecia água potável, mas não tinham moradias fixas. Quando abandonavam um local, a natureza degenerava o lixo que produziam. Com o passar do tempo, o homem foi domesticando alguns animais para se alimentar. As técnicas de agricultura também foram aprimoradas, tendo-se cada vez 46 mais que plantar o que comer. Com isso, este homem que antes viajava sempre que o alimento acabava, passou a se fixar em um determinado local, pois tinha o que precisava em torno de si. De nômade passou a ser sedentário. Com isso se deu início à manufatura, urbanização e industrialização. Junto com os benefícios se deu início às conseqüências ambientais maléficas como o acúmulo de lixo produzido. A taxa de lixo gerada era maior do que o tempo que a natureza levaria para degenerálo. Com o aumento do lixo acumulado, as condições para a proliferação de microorganismos e insetos também aumentaram e devido à proximidade com o homem, a disseminação de doenças também aumentou. E o que fazer com o lixo produzido? Este era um sério problema enfrentado desde o primórdio das civilizações e a solução mais intuitiva era jogar no rio. Com a correnteza, o lixo seria levado para “longe” e se evitariam os problemas. Assim, deuse início à contaminação das águas com o conhecido “esgoto doméstico”. Hoje sabemos que esta contaminação pode causar a morte de plantas e animais, comprometendo irremediavelmente o ecossistema local. A primeira rede de distribuição de água e captação de esgoto de forma eficiente foi construída há aproximadamente 4.000 anos na Índia. Grandes tubos feitos de argila levavam as águas residuais e os detritos para canais cobertos que corriam pelas ruas e desembocavam nos campos, adubando e regando as colheitas. Algumas cidades da antiga Grécia e a maioria das cidades romanas também dispunham de sistemas de esgotos. A população obtinha água para o abastecimento em fontes públicas e utilizava latrinas comunitárias para as necessidades fisiológicas, como a Toalete de Ephesus do século 1 d.C. Sob os assentos havia água corrente para levar os dejetos e para que o usuário lavasse a mão esquerda, utilizada na limpeza corporal. A Idade Média (400 a 1400 d.C.) foi um período de 10 séculos sem avanços sanitários. Lixo de todo tipo se acumulava nas ruas, facilitando a proliferação de ratos e criando sérios problemas de saúde pública – um dos mais graves foi a epidemia da peste bubônica, que só na Europa, causou a morte de cerca de 25 milhões de pessoas. No final do século XVIII, com a Revolução Industrial, a população das cidades aumentou muito causando agravamento do acúmulo de lixo e excrementos nas ruas. Isso tornou necessária e urgente a criação de um sistema de esgotos que desse conta da demanda, caso contrário, corria-se o risco de deter o progresso industrial 47 pelo surgimento de novas epidemias e conseqüentemente êxodo das cidades. Os rios passaram a sofrer os efeitos da poluição, caracterizados pela morte dos peixes, do ecossistema, bem como a transmissão de doenças como a cólera. Na Inglaterra surgiram as primeiras tentativas de medir e caracterizar a poluição, os primeiros regulamentos de proteção aos cursos d’água e os primeiros processos de tratamento de águas residuais. A primeira medida adotada foi a construção de sistemas de esgotos subterrâneos, o que ocorreu pela primeira vez em 1843 em Hamburgo, na Alemanha, quando a cidade foi reconstruída após um incêndio. Cientistas do século XIX concentraram esforços para combater as causas das diferentes doenças surgidas devido à falta de saneamento básico, o que impulsionou o desenvolvimento da microbiologia. A primeira Estação de Tratamento de Água (ETA) foi construída em Londres em 1829 e tinha a função de coar a água do rio Tâmisa em filtros de areia. A idéia de tratar o esgoto antes de lançá-lo ao meio ambiente, porém, só foi testada pela primeira vez em 1874 na cidade de Windsor, Inglaterra. Não se sabia como as doenças “saíam do lixo e chegavam ao nosso corpo”. A idéia inicial é que vinham do ar, pois o volume de ar respirado por dia é muito superior ao volume de água ingerido. Porém com a descoberta de que doenças letais da época (como a cólera e a febre tifóide) eram transmitidas pela água, técnicas de filtração e a cloração foram mais amplamente estudadas e empregadas. Atualmente, é consenso que o esgoto (efluente ou águas residuais), industrial ou doméstico, precisa ser tratado antes de ser lançado nos mananciais para minimizar seu impacto no meio ambiente e para a saúde humana. Esse tratamento é feito nas chamadas Estação de Tratamento de Esgoto (ETE). No Brasil, 62% da população não têm saneamento básico. Do esgoto coletado, menos de 20% é tratado antes de ser devolvido para os rios e outros mananciais. Certamente a água nunca vai acabar, pois esta fica recirculando entre os reservatórios (rios, oceanos, atmosfera), tanto na fase líquida, como na fase gasosa ou sólida. A questão é que quanto mais poluída for a água, mais caro será seu tratamento, e no futuro, a água de qualidade poderá ser privilégio de poucos. 48 2.10.1 A representatividade da água para a vida Esta parte do trabalho, sobre a importância da água, sua contaminação e principais doenças transmitida pela mesma, baseia-se em textos encontrados nos sites do Universo das Águas e do Instituto Akatu. Por ser um elemento vital para a humanidade, a água tem diversos empregos dentro das atividades humanas. Pode-se citar, dentre elas, as atividades de abastecimento público e industrial, a irrigação agrícola, a produção de energia elétrica e as atividades de lazer e recreação aquáticas. A rápida expansão demográfica e industrial observada nas últimas décadas, sem um devido controle ambiental, provocou o comprometimento das águas dos rios, lagos e reservatórios. Esse descontrole se deve principalmente à falta de recursos financeiros nos países em desenvolvimento. Isto é um agravante sério pois impossibilita também medidas corretivas para reverter a situação. A conservação, o controle e a utilização racional das águas doces superficiais devem ser a prioridade das organizações públicas, privadas, e também da sociedade como um todo. Os mananciais de água doce superficiais são bem limitados. O custo para obtenção da mesma por outros meios, de outras fontes, como as subterrâneas e as do mar, ainda é elevado devido à tecnologia envolvida, ou na sua obtenção, ou no seu tratamento Cabe notar, que não é apenas a contaminação da água que deve ter a preocupação da humanidade, o seu uso crescente também merece a atenção de todos. O Instituto Akatu relata que as projeções de demanda por água devem crescer de até 50% nos países desenvolvidos até 2050, principalmente na produção de alimentos e nos países subdesenvolvidos o aumento deve ficar ao redor de 18% no mesmo período. A poluição das águas está aumentando por causa da proliferação descontrolada de micróbios, bactérias e substâncias tóxicas existentes em dejetos industriais, agrícolas e esgotos em geral, afetando a qualidade da mesma e tornando mais difícil a sua recuperação natural. Esses poluentes são despejados nas águas de rios e mares sem o devido controle, e conseqüente tratamento, prejudicando a conservação da vida aquática, que também é uma fonte de alimento para o ser humano. 49 2.10.2 A contaminação da água O texto deste tópico foi extraído do site UNIVERSIDADE DA ÁGUA. A Universidade da água, com sede na cidade de São Paulo, é uma ONG – Organização Não Governamental (ONG) – sem fins lucrativos, que tem a missão de promover a proteção, conservação e recuperação da água no planeta, através do exercício da educação ambiental. A água é chamada tecnicamente de solvente universal, pois ela dissolve, com o passar do tempo, algumas porções de quase tudo em contato com ela. É através dela que o sal é retirado da borda dos rios e levado para o mar, onde se acumula. Na cidade, a água é contaminada por lixo, esgoto, gases automotivos e industriais, por produtos derivados de petróleo, bactérias e outros microorganismos. O próprio cloro, que é um saneante usado em larga escala para torná-la potável, também pode contaminá-la ao reagir com a matéria orgânica presente nela, formando os trihalometanos. Os trihalometanos são, em estado puro, substâncias líquidas, como o clorofórmio e o bromofórmio, ou sólidas, como o iodofórmio, todos à temperatura ambiente, e de odor característico, sendo alguns agradáveis e outros repulsivos. No campo, a agricultura contamina a água com fertilizantes, inseticidas, fungicidas, herbicidas e nitratos, que são carregados pela chuva ou infiltrados no solo, contaminando os mananciais subterrâneos e os lençóis freáticos. A água da chuva, ao ser contaminada pela poluição, que se encontra no ar, pode estar contaminada com partículas de metais pesados, como o arsênio e o chumbo, como também outros poluentes, que podem torná-la uma chuva ácida. A indústria, por sua vez, contamina a água através do despejo de seus efluentes nos rios e lagos, podendo conter desinfetantes, detergentes, solventes, metais pesados, resíduos radioativos e derivados de petróleo. Sendo imparciais, as populações também realizam o mesmo tipo de poluição, mesmo sem saber o que está fazendo. Quando a quantidade de matéria orgânica é demasiada, há uma alteração em vários processos, que normalmente ocorrem no meio aquoso. Um deles é o processo de na alimentação dos seres vivos existentes neste meio, fazendo com que se proliferem além do normal, causando um desequilíbrio ali. Um dos sintomas 50 deste desequilíbrio é a mortalidade de peixes, causado provavelmente pelo alto consumo de oxigênio dissolvido na água. Este volume de matéria orgânica depende de vários fatores, alguns já mencionados, como é o esgoto domiciliar e o industrial, entretanto, deve-se em mente que também depende dos organismos que lá vivem e do lixo que lá é jogado. Enfim, a poluição das águas é gerada por: efluentes domésticos (poluentes orgânicos biodegradáveis, nutrientes e bactérias), efluentes industriais (poluentes orgânicos e inorgânicos, dependendo da atividade industrial), lixo doméstico urbano e lixo e efluentes agrícolas (fertilizantes, defensivos agrícolas, fezes de animais e material em suspensão). 2.10.3 Doenças transmitidas através da água Os mecanismos pelo qual as doenças são transmitidas pela água são conhecidos, em sua maioria, e podem ser classificados em: ingestão de água contaminada, contato com água contaminada e em insetos que se desenvolvem neste meio contaminado. Por ingestão de água contaminada têm-se as doenças: cólera, disenteria amebiana, disenteria bacilar, febre tifóide e paratifóide, gastrenterite, giardíase, hepatite infecciosa, leptospirose, paralisia infantil e salmonelose. Por contato com água contaminada encontra-se: escabiose (doença parasitária cutânea conhecida como sarna), tracoma (mais freqüente nas zonas rurais), verminoses (tendo a água como um estágio do ciclo) e a esquistossomose. Por meio de insetos que se desenvolvem na água, enumera-se: a dengue, a febre Amarela, a filariose (também chamada de elefantíase) e a malária. CAPÍTULO 3 METODOLOGIA DO ESTUDO Sob o ponto de vista de um administrador é que este trabalho tem seu delineamento estabelecido. A pesquisa científica torna-se assim uma solução para auxiliar, entender e buscar respostas para os problemas que tem para gerenciar. Inicia-se então um trabalho científico através de uma pesquisa exploratória de natureza bibliográfica observando-se o tema previamente escolhido (JUREMA e QUEIROZ, 2005). Consultam-se, nesta fase, livros, artigos científicos, monografias, teses de mestrado, revistas especializadas e sites com foco em meio ambiente na internet. Com os dados obtidos nesta fase, preparou-se o projeto de pesquisa que serviu de fundamento para o desenvolvimento deste trabalho. Ainda na fase de projeto, escolheu-se a pesquisa de campo de natureza qualitativa (SEVERINO, 2007), com um método quantitativo para permitir uma abordagem indutiva (TRUJILLO, 2001) e comparativa (LAKATOS e MARCONI, 2007), na execução do mesmo. A pesquisa é aplicada a estudantes universitários, de universidades públicas e privadas, com questionários, para estabelecer a situação atual dos consumidores locais quanto ao fator de conservação ambiental. O questionário (APENDICE A) apresenta perguntas fechadas, do tipo múltipla-escolha e do tipo sim-não, e também com algumas perguntas semi-abertas, permitindo que o entrevistado esclareça a sua resposta, com seu conhecimento e opinião a respeito do assunto. Para Gil (2007) a pesquisa científica é um procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. Uma pesquisa é necessária quando não se dispõe de informação suficiente para responder ao problema, ou então quando a informação disponível se encontra em tal estado de desordem que não possa ser adequadamente relacionada ao problema. A pesquisa utiliza cuidadosamente os métodos, técnicas e outros procedimentos científicos. Segundo Cervo e Bervian (2002), o método, em seu sentido geral, é a ordem que se deve dar aos diferentes processos requeridos para atingir um determinado objetivo. O método é um conjunto ordenado de 52 procedimentos que se mostraram úteis e eficientes, ao longo da história, na busca do saber. Desta forma, o método é um instrumento de trabalho. Gil (2007) estabelece que a principal vantagem da pesquisa bibliográfica está no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que poderia pesquisar diretamente. Essa vantagem torna-se importante quando o problema de pesquisa requer dados muito dispersos pelo espaço. Gil (2007) também menciona a importância da pesquisa de campo, que costuma ser mais profunda e mais fidedigna em seus resultados. O questionário foi aplicado em uma amostragem de 175 estudantes universitários de 5 IES – Instituição de Ensino Superior, dentro de um universo de 51.889 alunos de 19 IES do estado do Amazonas, conforme dados do censo de 2008 do INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – do MEC (Ministério da Educação). Foram pesquisados. 61 estudantes da ESCOLA A (Pública), 49 da ESCOLA B (Privada), 29 da ESCOLA C (Privada), 21 da ESCOLA D (Privada) e 15 da ESCOLA E (Pública). A estimativa do tamanho da amostra foi feita, no entanto, levando-se em conta o universo da população economicamente ativa – PEA – dos habitantes de Manaus-AM, conforme descrito a seguir, no Capítulo 4. Esta escolha deve-se principalmente ao objeto deste trabalho, que é o comportamento do consumidor. O tipo de amostragem para a escolha dos integrantes foi a técnica nãoprobabilística por julgamento, ou intencional, por ter-se como suposição que os estudantes universitários são representativos da população local, e também pelas suposições levantadas por Mattar (2001): “a) pode ser que a população toda não esteja disponível para ser sorteada; b) pode ser que recursos financeiros, materiais e humanos necessários para a realização da pesquisa com a amostragem probabilística não estejam disponíveis”. Na análise dos dados utilizou-se como técnica a estatística descritiva, incluindo o coeficiente de correlação e os testes de hipótese. Os testes de hipótese e de correlação foram utilizados para inferir a diferença entre os estudantes das IES Privadas e os das IES Públicas. O coeficiente de correlação de Pearson, também chamado de coeficiente de correlação produto-momento, ou simplesmente de ρ (rô) de Pearson, mede o grau da correlação (e a direção dessa correlação – positiva ou negativa) entre duas 53 variáveis numéricas. Este coeficiente, normalmente representado por ρ, assume apenas valores entre -1 e 1, onde ρ = 1 significa uma correlação perfeita positiva entre as duas variáveis, se ρ = − 1 significa uma correlação negativa perfeita entre as duas variáveis, se uma aumenta, a outra sempre diminui, e se ρ = 0 Significa que as duas variáveis não dependem linearmente uma da outra. No entanto, pode existir uma dependência não linear. Assim, o resultado ρ = 0 deve ser investigado por outros meios. Uma interpretação geralmente feita nos valores de ρ são: a) de 0.70 para mais indica uma forte correlação, b) de 0.30 a 0.7 positivo ou negativo indica correlação moderada e de 0 a 0.30 Fraca correlação. Os testes de hipótese utilizados neste trabalho são o Teste F (ANOVA – Análise de Variância) de Fisher, ou Snedecor, e o Teste t de Student. Ambos são testes paramétricos que se baseiam na hipótese de as médias e os desvios-padrão (parâmetros) de duas séries são iguais com um certo nível de significância. O Teste F é uma técnica estatística com o propósito de testar a igualdade entre as médias das séries, permitindo avaliar se a variabilidade dentros das séries é maior do que entre os mesmas. O nível de significância adotado nos cálculos foi de 5% (α α = alfa = 0,05), que é a chance de erro do teste, ou com uma confiança estatística (1 - α) de 95%. O teste tem as hipóteses: H 0 : σ 12 = σ 22 (Hipótese Nula) H 1 : σ 12 ≠ σ 22 Calcula-se então as variâncias das séries (S), pois as variâncias das populações (σ) são desconhecidas, como geralmente são. Com estas variâncias calcula-se o FC, que é o F calculado, observado nas séries disponíveis. FC = S12 S 22 Como regra, para evitar erros de análise, o numerador de FC (S12)deve ser o da amostra com maior valor de variância, para se utilizar somente a cauda superior da distribuição F. Compara-se então o valor FC com o F crítico tabelado. O F é obtido na tabela de distrbuição F com o grau de liberdade de cada uma das séries e o nivel de significância α. A decisão do teste de hipóteses, conforme ilustrado na Figura 2, será tomada nas seguintes condições: a) se FC for maior do que F, a hipótese nula deverá ser rejeitada, caso contrário, se FC for menor do que F a hipótese nula 54 deverá ser aceita, após obervar o valor de p-value (P). O p-value corresponde ao valor do nível de significância que pode ser utilizado para rejeitar a Hipótese Nula. Comparando então o valor de p-value = P (F ≥ FC) e o nível de significância α têmse: se o p-value é menor do que α a hipótese nula será rejeitada e, caso contrário, se p-value é maior do que α a hipótese nula será aceita. FIGURA 2: Critérios de decisão do Teste F O Teste t de Student, tem o mesmo propósito de Teste F, mas é empregado geralmente para pequenas amostras, menor ou igual a 30 elementos. O nível de significância adotado nos cálculos também foi de 5% (α α = 0,05), O critério de decisão deste teste está ilustrado na Figura 3. FIGURA 3: Critérios de decisão do Teste t CAPÍTULO 4 DESCRIÇÃO DA PESQUISA SOBRE O MEIO AMBIENTE 4.1 O QUESTIONÁRIO DA PESQUISA O questionário (APÊNDICE A) foi construído através de perguntas com alternativas de resposta, onde o entrevistado tem que escolher aquela que exprime melhor a sua percepção da realidade. Quando da aplicação do questionário, o entrevistado não é obrigado a se identificar e tem toda a liberdade de responder o questionário por si só. Nenhum comentário ou interação com o entrevistado é feito durante a entrevista e nenhuma instrução por escrito, ou falada, foi dada ao entrevistado também. O questionário foi montado com um cabeçalho contendo uma explicação sobre o porquê do questionário. Tem-se, a seguir, a coleta de dados para a definição do perfil pessoal da amostra (A), com espaços para a identificação do sexo do entrevistado, naturalidade, idade, bairro onde mora, profissão, estado civil, existência de filhos e quantidade dos mesmos. Dando seqüência à definição do perfil do entrevistado, têm-se o delineamento da sua situação social (B), com a argüição de se estudo ou trabalha, em que escola estuda, e qual o tipo e área do curso, e também a definição da sua renda familiar (C). . O questionário, propriamente dito, para o delineamento do perfil ecológico do entrevistado, foi estruturado em 14 questões. Estas questões foram construídas com o objetivo de cobrir todo o processo de definição da compra de um desinfetante, desde a sua atitude e conhecimento sobre a conservação ambiental, a sua atitude e conhecimento sobre os desinfetantes, a sua atitude diante de um processo de decisão de compra, até a sua percepção sobre a degradação do meio ambiente. 4.2 O DIMENSIONAMENTO DA AMOSTRAGEM A questão básica de uma amostragem é saber quantas e quais pessoas entrevistar, conforme mencionado por Araujo (2007). Esta amostra é parte de uma população que é tomada como objeto de investigação da pesquisa. É o subconjunto de uma população. Neste estudo considerou-se a população de Manaus – AM, que 56 segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apresentava no ano 2000 uma população de 1.405.835 habitantes e com PEA (População Economicamente Ativa) de 559.177 habitantes, cerca de 40% da população total. Segundo o mesmo Instituto a população de Manaus em 2006 foi estimada em 1.688.524 habitantes, com um crescimento ao redor de 20% no período 2000-2006. Têm-se também como informação adicional a esta população os dados coletados no site da Wikipédia em que a população urbana é de 94% e a rural de apenas 6%, e que nesta população em 2007 cerca de 52% seriam mulheres e 48% seriam homens. Esta proporção entre mulheres e homens não se mantém no PEA, que segundo o IBGE é de 43,42% de mulheres e 56,58% de homens. O objetivo da amostragem é maximizar a representatividade da pesquisa, torná-la a mais significativa possível, sem ter que entrevistar toda a população, o universo da pesquisa. 4.2.1 Cálculo da Amostra Neste estudo analisam-se dois métodos para o cálculo do tamanho da amostra: o de Araujo (2007) e o de Barbetta (2003). 4.2.1.1 Método de Araujo Neste método levam-se em consideração quatro fatores: a amplitude do universo, o nível de confiança estabelecido, o erro máximo permitido e a porcentagem em que o fenômeno se verifica. O universo de pesquisa pode ser finito ou infinito. Araujo (2007) menciona a convenção adotada de que os universos finitos são aqueles menores do que 100.000 elementos e os infinitos maiores do que este valor. Neste trabalho, baseado nesta convenção, tem-se um universo infinito. O nível de confiança de uma amostra refere-se à área da curva normal definida a partir do número de desvios-padrão em relação à sua média. Para 1 desvio-padrão tem-se uma representatividade de 68%, para 2 desvios-padrão temse uma representatividade de 95,5% da população e para 3 desvios-padrão tem-se uma confiança de 99,7% da amostra em relação a população. O erro máximo permitido é uma escolha do pesquisador. Sabe-se que os resultados de medições sempre apresentam erro quando são baseados em amostragem. Nas pesquisas sociais trabalha-se usualmente com um erro entre 3% e 57 5% segundo Araujo (2007). Neste estudo adotou-se um erro permitido de 10%, fora da faixa usualmente adotada para minimizar a quantidade de entrevistas e conseqüentemente o custo disso. A estimação prévia da porcentagem em que o fenômeno se verifica também é importante neste método. Para realizar esta estimativa, adotou-se o percentual do PEA em relação à população total, que é 40%, por ter-se em mente que processo de compra e venda refere-se a uma atividade econômica. A fórmula apresentada por Araujo (2007) é então a seguinte: n= e 2 σ 2 .( N − 1) + σ . p.q n=σ Onde: . p.q.N 2 2 . p.q. e 2 , para populações finitas, e , para populações infinitas. n = tamanho da amostra em quantidade de elementos s2 = nível de confiança escolhido em números de desvios-padrão p = porcentagem da população na qual o fenômeno se verifica q = porcentagem complementar (1 – p) N = tamanho da população em quantidade de elementos e2 = erro máximo permitido Neste estudo, com uma população infinita, tem-se o seguinte resultado: 2 .0,40.0,60 4.0,40.0,60 n= 2 = = 170,6667 = 171 Habitantes a pesquisar. 2 0,05625 0,075 4.2.1.2 Método de Barbetta Neste outro método levam-se em consideração apenas dois fatores: a amplitude do universo e o erro amostral tolerável. Tem-se então o cálculo de uma primeira aproximação do tamanho da amostra, chamado de n0, que é: n = 0 1 E 2 , onde E0 é o erro amostral tolerado pelo pesquisador. 0 Que no universo deste trabalho fica assim: 58 n 0 = 1 = 178 Habitantes a pesquisar, como estimativa inicial. 2 0,075 E o tamanho da amostra seria então calculado pela seguinte fórmula: n= N .n N +n 0 , onde N é o tamanho da população. 0 Calculando-se então com os dados de 2006, com a população de 1.688.524 habitantes, fica assim: n= 1688524 .178 1688524 + 178 = 178 Habitantes a serem entrevistados. Observa-se também que no caso de N ser uma quantidade muito grande não é necessário o cálculo exato de n dado nesta fórmula. A primeira aproximação já é suficiente para ser adotado como sendo o valor de n. Adotou-se então o valor mínimo de 171 entrevistas como sendo representativo para este estudo e foram realizadas 175 entrevistas no total. As entrevistas foram realizadas ao acaso, mas tendo como foco as instituições universitárias da cidade de Manaus-AM. Escolheram-se os entrevistados no meio universitário por julgar-se que os mesmos, principalmente na área de humanas, serão os formadores de opinião das futuras gerações desta região. 4.3 TABULAÇÃO DOS DADOS Os dados coletados pelas entrevistas realizadas, nos meses de julho de 2009 a abril de 2010, foram tabulados em planilhas do programa EXCEL da Microsoft e analisados com o intuito de encontrar informações relevantes para melhorar a conservação do meio ambiente dos estudantes universitários. Nesta tabulação foram feitas algumas simplificações para possibilitar uma concentração maior dos dados. Adotaram-se classes de idade para os entrevistados, da seguinte forma: Abaixo de 20 anos De 21 a 30 anos De 31 a 40 anos De 41 a 50 anos Acima de 50 anos 59 Os bairros foram agrupados por região demográfica, da seguinte forma: Zona Leste Armando Mendes, Cidade de Deus, Colônia Antônio Aleixo, Coroado, Distrito Industrial, Jorge Teixeira, Mauazinho, Puraquequara, São José Operário, Tancredo Neves, e Zumbi dos Palmares. Zona Oeste Compensa, Glória, Nova Esperança, Lírio do Vale, Ponta Negra, Santo Agostinho, Santo Antônio, São Jorge, São Raimundo, Tarumã e Vila da Prata. Zona Sul Aparecida, Betânia, Cachoeirinha, Centro, Colônia Oliveira Machado, Crespo, Educandos, Japiim, Morro da Liberdade, Petrópolis, Praça 14 de Janeiro, Presidente Vargas, Raiz, Santa Luzia, São Francisco, São Lázaro e Vila Buriti. Zona Centro-Oeste Alvorada, Bairro da Paz, Dom Pedro I, Hiléia, Jardim Versailles, Planalto, Redenção e Santos Dumont. Zona Centro-Sul Adrianópolis, Aleixo, Chapada, Flores, N. Senhora das Graças, Parque 10, Parque das Laranjeiras e São Geraldo. Zona Norte Cidade Nova, Colônia Santo Antônio, Colônia Terra Nova, Monte das Oliveiras, Monte Sinai, Novo Israel, Nova Cidade e Santa Etelvina. As profissões dos entrevistados foram tabuladas conforme a apresentação das mesmas, mas quando apareceram por uma única vez, foram colocadas na classe “outros”. A análise dos resultados desta pesquisa é mostrada, então, no Capítulo 5, apresentado a seguir. CAPÍTULO 5 RESULTADOS DA PESQUISA SOBRE CONSERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE Foram realizadas 175 entrevistas nas universidades da cidade de ManausAM. 5.1 ANÁLISE DO PERFIL PESSOAL DOS ENTREVISTADOS A distribuição de pessoas por idade é mostrada na Figura 4, por região da cidade de Manaus na Figura 5, sexo na Figura 6, estado civil na Figura 7, o percentual de entrevistados com filhos na Figura 8, a distribuição por local de nascimento na Figura 9 e a distribuição por renda familiar na Figura 10. Com isto tem-se o delineamento perfil pessoal, com a situação social e financeira dos entrevistados. Perfil dos entrevistados por classes de Idade Quantidade e Idade média por classes 90 84 80 70 60 51 54 50 44 40 35 30 24 20 23 19 7 10 7 3 0 abaixo de 20 anos 21 a 30 anos 31 a 40 anos 41 a 50 anos acima de 50 anos não responderam classes de idade Quantidade de pessoas Média de idade Figura 4: Distribuição dos entrevistados por idade. Praticamente, a metade dos entrevistados (48%) está concentrada na faixa etária de 21 a 30 anos e a média geral dos entrevistados é de 25,5 anos. Quase um terço dos entrevistados (29%) está na faixa abaixo de 20 anos. O perfil da amostra é 61 uma boa representação do perfil da população economicamente ativa de Manaus. Os valores nas classes de 41 a 50 anos, acima de 50 anos, e que não responderam não são significativos, tendo em vista que o erro admitido na amostragem é de 7,5%. Local de Moradia 60 50 Quantidade de pessoas 50 40 29 30 26 23 20 17 20 10 0 Sul Norte Leste Oeste Centro-Oeste Centro-Sul Zona geográfica Figura 5: Distribuição por região da cidade de Manaus-AM Os entrevistados na zona norte aparecem como maioria regional na amostra (28,5%), As outras regiões estão estatisticamente com valores semelhantes diante do erro admitido de 7,5%. 62 Perfil da Amostra por Sexo - Quantidade de Participantes Feminino; 86 Masculino; 88 Masculino Feminino Figura 6: Distribuição por sexo A distribuição por sexo é representativa da região de Manaus, quando comparada ao censo do IBGE. Estado civil 140 124 Quantidade de participantes 120 100 80 60 40 20 20 0 1 1 Separado Divorciado Outros 0 Casado(a) Solteiro(a) Figura 7: Distribuição por estado civil Como já era de se esperar no meio universitário, a maioria dos entrevistados é solteiro ou solteira, mas quando comparamos com a Figura 8, com o percentual de entrevistados com filhos, dever-se-ia ter uma representação maior dos casados (11,5% da amostra de casado(a)s versus 23% com filhos). Embora não seja parte 63 desta pesquisa esses dados nos apresentam comportamento da atual formação familiar em nossa região. Quantidade de Participantes que Possuem Filhos Sim 23% Não 77% Não Sim Figura 8: Percentual de entrevistados com filhos Naturalidade dos Participantes da Amostra 90 82 80 Quantidade de pessoas 70 60 50 39 40 30 20 11 10 6 5 Outro estado região nordeste Demais estados ou fora do Brasil 0 Manaus - AM Outra cidade - AM Outro estado região norte Regiões do Brasil e Exterior Figura 9: Distribuição por local de nascimento Nesta amostra tem-se que a maioria dos entrevistados (87,4%) é nascida no estado do Amazonas, e que menos da metade da amostra (46,9%) é da cidade de 64 Manaus-AM. Estatisticamente é significativa a participação de estudantes nãoamazonenses (12,6%). Renda Familiar 70 65 60 50 40 35 30 23 20 20 10 0 de 1 a 2 de 3 a 5 de 6 a 10 acima de 10 Renda em salários mínimos Figura 10: Distribuição por renda familiar Cerca de 18,6% dos entrevistados não responderam a este questionamento. A concentração de renda familiar está na faixa de 3 a 5 salários-mínimos, entretanto é significativa em todas as faixas apresentadas para escolha durante a pesquisa. 5.2 ANÁLISE DO PERFIL PROFISSIONAL DOS ENTREVISTADOS Dos 175 entrevistados, somente dois não eram estudantes. Estes dois entrevistados eram somente professores. A maioria dos entrevistados (62%) trabalha e estuda ao mesmo tempo, conforme mostrado na Figura 11. A parcela que somente estuda é de 36%, cerca de um terço dos entrevistados. Esta constatação ajuda a corroborar a base desta pesquisa, pois além do grau de instrução desejado também apresenta uma grande parcela representativa da população economicamente ativa da cidade. 65 Estudo e Trabalho Somente estuda 36% Desempregado 1% Somente trabalha 1% Estuda e trabalha 62% Figura 11: Distribuição de ocupação dos entrevistados Cabe ressaltar que foram encontrados 10 professores na amostra, sendo que 8 deles também eram estudantes. Profissão dos Particilpantes da Amostra 200 Quantidade de pessoas 180 173 160 140 120 100 80 60 2 6 11 7 10 Técnico(a) em Administração Técnico(a) Professor(a) 9 Empresário(a) 20 Policial Militar 40 17 4 Outras Servidor Público Estagiário Estudante 0 Figura 12: Profissões dos entrevistados Dos 63% dos entrevistados estudam e trabalham. As profissões que foram sinalizadas com maior freqüência (Figura 12), foram: • Técnico em administração 66 • Professor • Estagiário • Técnico • Empresário • Servidor público • Policial Militar Muitos dos entrevistados não quiseram explicitar o seu segundo emprego (além de ser estudante). Apesar do número de entrevistados ser menor nas instituições públicas, podese considerar que a participação das instituições públicas é estatisticamente similar à das instituições particulares devido ao erro aceito na amostragem (Figura 13). Estuda em instituição pública ou privada? Pública 43% Privada 57% Pública Privada Figura 13: Distribuição entre ensino público e privado As escolas de nível superior (Figura 12), que participaram desta pesquisa, na ordem decrescente, foram: • ESCOLA A – Universidade Pública • ESCOLA B – Centro Universitário Privado • ESCOLA C – Faculdade Privada • ESCOLA D – Centro Universitário Privado • ESCOLA E – Universidade Pública. 67 Escola onde estuda 70 62 60 49 50 40 29 30 21 20 17 10 0 Escola A Escola B Escola C Escola D Escola E Figura 14: Distribuição por escola superior de Manaus-AM Os cursos (Figura 14), que tiveram maior representatividade na pesquisa, foram em ordem decrescente: Administração de Empresas, Logística, Turismo, Petróleo e Gás, Letras, Direito, Engenharia, e Economia. Área do curso 80 68 70 60 48 50 45 40 30 20 10 10 5 0 Administração Pública Administração geral Engenharia Tecnologias Figura 15: Distribuição por tipo de curso Filosofia, Ciências Sociais e Letras 68 Sob outro ponto de vista, a distribuição dos entrevistados por área de conhecimento, pode ser vista como (Figura 15): • Área de Humanas – 72% • Área de Exatas – 28% • Áreas Biológicas – 0% (nenhum participante). Área do curso Biológicas 0% Exatas 28% Humanas 72% Figura 16: Distribuição por área de conhecimento Quanto à área de formação profissional, pode-se perceber na Figura 17, que a maior representação está na própria Administração de Empresas (cerca de 45% dos entrevistados). A participação da área de exatas vem em segundo lugar, com os cursos de engenharia de produção e os cursos superiores de tecnologia, com cerca de 29%. Cabe notar que alguns entrevistados cursam mais de uma faculdade. 69 Áreas de Formação Profissional Administração 45% Letras 27% Produção 28% Administração Produção Letras Figura 17: Áreas de formação profissional 5.3 ANALISE DO PERFIL DO CONSUMIDOR ECOLÓGICO DE MANAUS Nesta primeira pergunta do questionário da pesquisa, tenta-se apreender a pressão social existente sobre os estudantes universitários de serem ecologicamente correto. Percebe-se que a maioria (Figura 18) quer parecer como sendo um defensor da conservação ambiental, mas, infelizmente isto não se confirma no desenvolvimento das respostas deste questionário. 1. Você se preocupa com as questões de conservação ambiental? Depende da área 3% Não 5% Sim 92% Sim Não Depende da área Figura 18: Preocupação com a conservação ambiental 70 A segunda pergunta (Figura 19) pretende esclarecer se os alunos se lembram das campanhas formais a favor da conservação ambiental que aconteceram nas últimas décadas, em todos os níveis escolares. Somente 83% dos entrevistados se lembram das aulas formais sobre ecologia e conservação ambiental. É um bom indicador de lembrança de adultos, mas ainda não chega a ser algo prioritário, com um índice de lembrança de algo ao redor de 100%. 2. Voce já recebeu alguma aula sobre conservação ambiental? Não 17% Sim 83% Sim Não Figura 19: Conhecimento formal sobre conservação ambiental Note que não se tem em foco o conteúdo, mas sim a forma do curso – simplesmente um tema. 71 3. Através de que meio você obtém notícias sobre o meio ambiente? Internet 7% Escola 11% Rádio 5% Revista 10% TV 50% Jornal escrito 17% TV Jornal escrito Revista Rádio Escola Internet Figura 20: Fonte de informação sobre o meio ambiente Metade dos entrevistados (50%) apontam a TV como sendo a principal fonte de informação sobre o meio ambiente (Figura 20). O restante dos entrevistados se divide entre as outras cinco opções apresentadas: jornal escrito, revista, escola, internet e rádio. Isto mostra a importância da TV como meio de comunicação e também a sua responsabilidade no tratamento deste tipo de tema. 4. Problema na vida causado por problemas ambientais? 66% 34% Sim Não Figura 21: Problemas causados por variações no meio ambiente 72 A Figura 21 mostra que um nível significativo dos entrevistados, 34%, afirmaram ter tido problemas devido a variações ambientais. Dentre os problemas apresentados podem-se citar os seguintes: • Problemas respiratórios, • Alergia devido à poluição, • Alagamento de imóveis e ruas por causa do lixo, • Baixa visibilidade devido às queimadas, • Câncer de pele, Na percepção dos entrevistados, o maior agente poluidor (Figura 22) é a sociedade em geral, seguido pelas indústrias e pela população menos esclarecida. O comércio aparece com uma quantidade estatisticamente nula, o que parece ser uma falta de visão sobre as atividades do comércio. 5. Quem você acha que polui mais o meio ambiente ? 140 121 120 100 80 60 49 40 18 20 4 0 As indústrias O comércio A sociedade em geral A população menos esclarecida Figura 22: Percepção dos entrevistados sobre o maior poluidor Apesar da grande preocupação com as questões do meio ambiente, já se tem um percentual reduzido, 78%, de entrevistados com atitude de conservação (Figura 23). 73 6. No seu dia-a-dia você tem atitude de conservação do meio ambiente? Não 22% Sim 78% Sim Não Figura 23: Atitude pessoal de conservação do meio ambiente As atitudes declaradas pelos entrevistados podem ser resumidas em: • Separar o que pode ser reciclado, • Participar de programa de coleta seletiva de lixo, • Não jogar lixo na rua, nem nos rios, • Economizar água e energia elétrica, • Reciclagem de óleo para motores automotivos, • Cultivando e preservando árvores, • Utilizar álcool no carro, • Usando sacolas de pano e evitando usar a sacolas plásticas, • Falar com os filhos sobre conservação ambiental e servir de exemplo, Praticamente metade dos entrevistados não confia nos selos e certificações ambientais (Figura 24). Este valor é um indicador da aceitação dos entrevistados daquilo que as empresas divulgam, ou que refletem a sua imagem institucional. 74 7. Você confia em selos e certificações socioambientais? Sim 52% Não 48% Sim Não Figura 24: Confiança em selos e certificações socioambientais As justificativas dos 52% dos entrevistados que confiam em selos e certificações, foram: • Foi preciso cumprir certos critérios, • Porque é um diferencial da empresa, • Porque as grandes empresas não se arriscariam a fazer algo falso com conseqüentes problemas futuros, • Porque deve haver uma supervisão severa nesses produtos, • O selo, por si só, já representa uma preocupação com o meio ambiente, • Acredito que haja um órgão responsável e pessoas capacitadas para emissão desses selos e certificados, • Porque é uma responsabilidade social da empresa, • É uma segurança de boa procedência do produto adquirido, • Porque os selos e certificações também dão retorno financeiro para as empresas, • Porque confio nas auditorias que são feitas, • Representam um compromisso da empresa em causar danos mínimos à natureza, 75 • Porque conheço o IPAAM – Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas, • Porque creio que hoje em dia o Brasil está levando a sério os selos e certificações, • É uma forma de inibir os poluidores. As justificativas dos 48% dos entrevistados que não confiam em selos e certificações, foram: • Porque não conheço as empresas que certificam, nem as que fiscalizam, • É só uma imagem que as empresas querem mostrar, • Não acredito que haja um acompanhamento regular dessas empresas, • Porque não é a prioridade das corporações, • Porque o lucro é o foco da maioria das empresas, • É apenas aparência, não há um compromisso de fato com o meio ambiente • Os selos e certificações não garantem nada, é apenas um meio para justificar ou garantir privilégios, • Algumas são forjadas, • Muitas empresas, mesmo certificadas, poluem o meio ambiente, por exemplo, as garrafas PET, • A preocupação com o meio ambiente só ocorre uma vez por ano, durante as auditorias de recertificação, por exemplo, a ISO 14.000, • Porque não tem fiscalizações, • Porque as empresas não divulgam abertamente o que fazem, • A certificação pode ser comprada ou burlada, 76 8. Na hora da compra, há preocupação se o produto causa impacto no meio ambiente? Sim 29% Depende do produto 36% Não 35% Sim Não Depende do produto Figura 25: Preocupação sobre impacto ambiental na hora da compra O resultado da pergunta número 8 do questionário (Figura 25) responde a uma das indagações-objetivo deste trabalho. Apenas um terço dos entrevistados declara que se preocupa sempre com o impacto ambiental do produto na hora da compra de qualquer produto. Mesmo somando os que declaram que só para alguns produtos há esta preocupação, o percentual só chega a 65%, que é bem menor do que os 92% sinalizados na pergunta número 1, apresentado na Figura 18. Apenas 74% dos entrevistados declaram usar freqüentemente desinfetantes em suas casas (Figura 26). Provavelmente, a maioria do restante, 26%, ignora o que é um desinfetante, mesmo sendo um universitário. 77 9. Você usa desinfetantes com frequência em sua casa? Não 26% Sim 74% Sim Não Figura 26: Uso de desinfetantes A Figura 27 evidencia ainda mais a falta de conhecimento sobre a família de produtos que se enquadram na definição de desinfetante. 10. Você sabia que os desinfetantes agridem o meio ambiente? Sim 39% Não 61% Sim Não Figura 27: Conhecimento sobre impacto ambiental dos desinfetantes Cento e seis entrevistados (61%) declararam não conhecer o impacto ambiental causado pelos desinfetantes. 78 11. O que o leva a escolher uma marca de desinfetante? Preço 29% Proteção ao meio ambiente 14% Marca do produto 25% Preço Perfume 32% Perfume Marca do produto Proteção ao meio ambiente Figura 28: Critérios de escolha de desinfetantes Na hora da escolha de um desinfetante (Figura 28), o primeiro critério de escolha é o perfume, seguido pelo preço e depois pela marca do produto. A proteção ao meio ambiente torna-se então o ultimo critério de escolha. Isto confirma, de certa forma, o descuido com o meio ambiente na hora da compra, já sinalizado na Figura 25 (respostas da questão 8). 12. Que parte do meio ambiente te preocupa mais? 18% 12% 70% Ar Água Solo Figura 29: Parte do meio ambiente que mais preocupa o entrevistado 79 A água se evidencia como sendo a grande preocupação ambiental dos residentes em Manaus-AM (Figura 29). A água, com 70% dos entrevistados, é seguida bem de longe pelo ar, com 18%, e pelo solo, com 12%. 13. Você costuma ler a descrição técnica dos produtos que compra? Depende do produto 18% Sim, sempre 11% Não, nunca 11% Algumas vezes 60% Figura 30: Leitura da descrição técnica dos produtos A Figura 30 sinaliza que a maioria dos entrevistados só lê esporadicamente a descrição técnica do produto, mostrando mais uma vez a falta de preocupação com o eventual impacto ambiental dos produtos que compra. A Figura 31 mostra o resultado da ultima indagação do questionário da pesquisa, onde a maioria (97%) declara que acreditam que estamos destruindo o nosso mundo. Esta é outra resposta que conflita com as anteriores. Ora, se todos acreditassem que nós estamos destruindo o nosso mundo, certamente estaríamos tendo atitudes e comportamentos diferentes daqueles sinalizados nesta pesquisa. 80 14. Você realmente acredita que estamos destruindo o nosso mundo por não ter cuidado com o meio ambiente? Não sei 2% Não 1% Sim 97% Sim Não Não sei Figura 31: Destruição de nosso mundo 5.4 INDICADORES DE COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Para o estabelecimento dos indicadores, escolheu-se 8 das 14 questões que foram utilizadas na pesquisa, que estão diretamente relacionadas com o comportamento consumidor diante da conservação ambiental. A Tabela 1 mostra as perguntas escolhidas, bem como o valor da quantidade de escolhas ocorridas na pesquisa. Tabela 1 Dados utilizados na elaboração de indicadores de comportamento dos entrevistados 81 A partir da Tabela 1, faz-se uma divisão dos seus valores por 175, que é o número total de entrevistados. Fez-se isto para se obter números entre 0 e 1, ou 0% e 100%, que são mais aceitos, por sua fácil percepção. Nesta escala normalizada pelo valor extremo, tem-se o 1 como sendo o melhor valor – 100% de aceitação – e o 0 – 0%, ou nenhuma aceitação, para as séries de “sim” e “não”. Para a série “depende ou declinaram” têm-se o potencial de consumidores que ainda não se decidiram, logo podem ser direcionados com maior facilidade pelas ações de marketing ambiental. Com estes novos valores constrói-se o a Tabela 2, conforme mostrado a seguir: Tabela 2 Indicadores de comportamento dos entrevistados diante da conservação ambiental Com esses mesmos valores constrói-se o gráfico do tipo radar da Figura 32. Com esta forma de apresentação, torna-se mais fácil a visualização do conjunto de todos os indicadores escolhidos. 82 Conservação 1,0 0,9 0,8 0,7 Selo Ambiental 0,6 Aula Conservação 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0,0 Destruindo Planeta Atitude Conservação Leitura Técnica Sim Hora Compra Não Depende ou Declinaram Figura 32: Indicadores de comportamento dos entrevistados Para um administrador, esta parece ser uma das formas mais fáceis e rápidas de se perceber quais são as oportunidades para agir e ter resultados. Por exemplo, a oportunidade maior indicada na Figura 32 é a leitura de rótulos, com menor índice de “sim” – índice 0,09 – e também com um bom potencial de indecisos, com um índice de 0,65. O perfil do comportamento do consumidor retrata a postura do mesmo diante da consciência ambiental em vários momentos, inclusive no momento de sua escolha de compra. Com isto têm-se neste gráfico os itens escolhidos para melhor visualização de quem é esse consumidor e quais são seus valores. Com mesma importância que o perfil de comportamento, coloca-se o perfil pessoal e social, para se ter em mente qual o tipo de consumidor que está sendo analisado (Figura 33). 83 Solteiro 160 140 120 Idade menos de 20 Estuda e Trabalha 100 80 60 40 20 Idade 21 a 30 Filhos 0 6 a 10 salários Facul, Privada 3 a 5 salários Sim Não Figura 33: Perfil pessoal e social dos entrevistados Pode-se assim dizer que o consumidor entrevistado é aquele na qual a sua maioria é solteiro, sem filhos, está na faixa de 21 a 30 anos de idade, ganha de 3 a 5 salários, estuda e trabalha. Logo, este estudante influi na sociedade, economicamente e socialmente. 5.5 VERIFICAÇÃO DE DIFERENÇA DE PERFIL ENTRE ENTREVISTADOS Como o método utilizado na coleta de dados foi do tipo não-probabilística intencional, procura-se, com a realização de testes estatísticos a verificação se a amostra é representativa da população de Manaus. Separa-se então o conjunto da amostra inicial em dois subconjuntos: o das IES Públicas e o das IES Privadas. Se os testes mostrarem que esses subconjuntos podem ser aceitos como iguais, pode-se inferir que os dados desta pesquisa podem ser representativos da população da cidade de Manaus-AM. Os testes são realizados para cada um dos perfis identificados no questionário: pessoal, social, renda familiar e ecológico. 84 Para execução dos testes, utilizou-se a ferramenta de Análise Estatística de Dados do Microsoft Excel 2003, com a aplicação nos dados do teste de correlação estatística e com os testes de hipótese: o teste t de Student e o teste F. Tabela 3 Coeficientes de Correlação para cada um dos perfis levantados na pesquisa Os resultados do teste de correlação aparecem na Tabela 2, e mostram que existem fortes correlações no perfil Pessoal, no de Renda Familiar e no Ecológico, com os valores 0,88, 0,72 e 0,90 respectivamente. A correlação é moderada para o perfil Social com o valor de 0,47. Tabela 4 Teste t de Student para cada uma dos perfis levantados na pesquisa 85 A Tabela 3 apresenta os resultados do teste de hipótese t de Student. A hipótese nula (H0) é de que o perfil da IES Pública é igual ao da IES Privada. Analisando-se os resultados apresentados, nota-se que os valores de t (calculado), para todos os perfis, são menores do que os t críticos (tabelados), bem como os valores de P = 23,08%, 25,38%, 43,94%, 18,79% – são todos maiores do que 5% que é o valor escolhido para α. Com estes resultados aceita-se que a hipótese de comportamentos iguais entre as IES Públicas e as IES Privadas, com uma confiança de 95%. A hipótese nula usada no teste F é a mesma hipótese do teste t: as médias das duas distribuições (IES Públicas e IES Privada) são iguais. Na Tabela 4 estão os resultados do teste F, com α = 0,05 (5%). Tabela 5 Teste F para cada uma dos perfis levantados na pesquisa Na análise dos resultados, verifica-se que os valores de os valores de F0 calculados (1,48, 1,21, 1,29, 1,28) são todos menores do que o F crítico tabelado (1,77, 2,17, 9,28, 1,63) respectivamente. Tem-se também que valores de P são todos maiores do que o valor de α= 5%. No Teste F também se aceita a igualdade entre as distribuições com uma confiança de 95%. Os testes estatísticos efetuados indicam que os subconjuntos amostrais apresentam o mesmo perfil de comportamento, logo pode-se inferir que o 86 comportamento do estudante de escola pública é o mesmo do que o da escola particular. Sugere também que o comportamento da população da cidade tenderia a ter esse mesmo tipo de comportamento, como melhor resultado possível. CONCLUSÃO Os objetivos da pesquisa foram obtidos, porém a pergunta problema da pesquisa foi respondida de forma negativa, mostrando a triste realidade de que o consumidor local ainda não possui uma consciência ecológica predominante como decisor de compra. A hipótese que foi levantada, de que a conservação ambiental teria um papel significativo, devido às campanhas realizadas, infelizmente foi negada. Apesar de ter-se encontrado respostas positivas quanto à preocupação com seu habitat, elas não foram satisfatórias no conjunto de respostas, frustrando a percepção inicial de que esses agentes pesquisados pudessem de fato possuir algum comportamento diferencial no seu estilo de consumo ou pensamento. Em outros locais, a consciência do consumidor parece ter evoluído no que se refere ao meio ambiente, mais notadamente e com maior significado em países europeus, que já sofreram as conseqüências dos atos de degradação da natureza provocados principalmente pela industrialização. Em países mais pobres, ou com menor industrialização, a conservação ambiental ainda não faz parte dos valores culturais de todos, apesar de já estar presente, tanto em conhecimento proporcionado por campanhas ambientais, como na interação com as organizações existentes. Agora em países que estão com sua população abaixo da linha de pobreza, esse assunto é algo que nem se coloca como primordial, pois estas nações ainda estão tentando atender as suas necessidades básicas de sobrevivência, que seriam alimentação, saúde, segurança e moradia. Refletindo bem sobre esta condição, percebe-se que a própria capacidade destas nações provocarem um impacto ambiental é bem pequena em comparação com os países mais ricos. Portanto, não se pode dizer que o consumo consciente seja uma mudança global atual, mas é necessário dizer que pelo menos as principais nações geradoras de poluição, em países estabilizados economicamente, ou dominantes de alguma forma, devem ser cobrados constantemente da presença da consciência de conservação ambiental, do consumo consciente. Afinal de contas, os problemas começaram com estes mesmos países. O conceito de marketing ambiental, se bem aplicado, poderia melhorar este quadro de desconhecimento e desinteresse apresentado na cidade de Manaus. Pode-se perceber que é crescente a tendência de valorização do marketing 88 ambiental, não somente devido à necessidade de conservação do meio ambiente que já está degradado, mas também pela conscientização provocada pelas ações deste tipo de marketing, de que os nossos bens naturais são finitos. O fim dos mesmos pode comprometer a sobrevivência da espécie humana no planeta Terra. Antes que este final aconteça, o caos social seria notável, pela falta de matéria prima, pela ruptura da cadeia industrial, e eventuais guerras de disputa por algum destes insumos. Mesmo não sendo a fonte principal poluidora apontada pelos entrevistados, as indústrias, que ainda são grande poluidoras, aparecem em segundo lugar na percepção dos mesmos. Isto pode ser tomado como sendo um indicativo de que as empresas possuem uma gestão ambiental, mas que pode ser melhorada. A falta de conhecimento é outro indicativo de que as mesmas podem ter melhores resultados educando a sociedade e controlando as suas atividades, sob os aspectos de conservação ambiental e de sustentabilidade. A pesquisa em si mesmo, que é uma pesquisa de marketing, parece demonstrar algumas incoerências mostradas pelos entrevistados, proporcionando uma análise mais acurada do verdadeiro comportamento e dos verdadeiros valores dos entrevistados, que poderia ser extrapolado para a população de Manaus. Assim, a pesquisa de marketing apresenta um certo benefício adicional tanto para os pesquisadores, como também para as organizações. Com isso podemos dizer que a pesquisa de marketing, além de ser uma ferramenta para identificar e monitorar as necessidades do mercado e dos consumidores, também se mostrou útil para explicitar a transformação de desejos e valores dos consumidores, principalmente aquelas originadas pelas próprias ações de marketing, como por exemplo, aquelas que provocaram impacto na decisão de compra dos consumidores. Através da pesquisa feita, têm-se alguns subsídios para se poder criar o atendimento, e alocar os produtos específicos, para cada nicho diferenciado. Dentro do atual quadro apresentado na pesquisa, uma empresa ecologicamente correta, com selo e certificação ambiental, terá apenas metade da população economicamente ativa, com confiança na mesma. Desta forma as empresas, em seus planejamentos de evolução dos negócios, também têm que prever, e realizar, a disseminação dos conhecimentos e técnicas de conservação ambiental, no mínimo, para a sociedade local. 89 A análise dos dados coletados também permite afirmar que as campanhas de educação realizadas nas ultimas décadas, ainda são lembradas, mas não provocaram uma mudança significativa de hábitos e atitudes, nem na hora da compra, nem na leitura da descrição técnica dos produtos. Estas campanhas educacionais não mostraram ter influência significativa sobre o comportamento dos entrevistados. Faz-se importante que haja uma mudança de comportamento local o mais rápido possível, principalmente por parte da sociedade e não somente por parte das indústrias como vem acontecendo. Para isso, faz-se necessário que líderes e governos adotem medidas mais claras de incentivo à conservação ambiental, e punições mais severas para aqueles que provocarem a degradação da natureza. Os benefícios dessas medidas começarão pela conservação ambiental, pela conservação do planeta Terra, e continuarão pela conservação do seu país, protegendo o mesmo de necessidades externas, e pela conservação da economia nacional, inclusive na redução de gastos dos cofres públicos. Os principais resultados da pesquisa, sob o ponto de vista de um administrador, foram o estabelecimento dos indicadores de conservação ambiental e a indicação dos testes estatísticos de que os resultados obtidos podem ser utilizados como estimativa para a população da cidade de Manaus-AM. Esses resultados podem indicar a prioridade das ações que devem ser tomadas para alcançar um nível satisfatório de conservação ambiental. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBIERI, José Carlos. GESTÃO AMBIENTAL EMPRESARIAL – Conceitos, Modelos e Instrumentos. 2ª. Ed. São Paulo: Saraiva, 2007. BELLEN, Hans Michael van, INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE: uma análise comparativa. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006. 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Com relação ao perfil pessoal Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino Naturalidade:_______________________ Idade:______ Nacionalidade:__________________ Bairro onde mora:___________________ Profissão:__________________________________ Estado civil________________________ Possui filhos? ( )Sim ( ( ( ( ( ) Não Se sim, quantos?____________________ B. Com relação a situação social ) Somente estuda ) Somente trabalha ) Estuda e trabalha ) Desempregado Se você estuda, qual o nome da escola?_______________________________________ Que tipo de curso?______________________ Em que área?_______________________ C. Com relação à renda familiar ( ) De 1 a 2 salários mínimos ( ) De 3 a 5 ( ) De 6 a 10 ( ) Acima de 10 D. Com relação ao perfil ecológico 1. Você se preocupa com as questões de conservação ambiental? ( ) Sim ( ) Não ( ) Depende da área 2. Você já recebeu alguma aula sobre conservação ambiental? ( ) Sim ( ) Não Se recebeu, onde recebeu_____________________ ( ( ( ( ( ( 3. Através de que meio você mais obtém noticias sobre o meio ambiente? ) TV ) jornal escrito ) revista ) rádio ) escola ) outro _______________ 4. Você já sofreu algum problema em sua vida que tenha sido causado por problemas ambientais? ( ) Sim ( ) Não Se sim, qual? ___________________ ( ( ( ( 5. Quem você acha que polui mais o meio ambiente? ) as indústrias ) comércio ) sociedade em geral ) população menos esclarecida 96 6. No seu dia-a-dia você exerce alguma atitude que vise à conservação do meio ambiente? ( ) Sim ( ) Não Se sim, qual?________________ 7. Você confia em selos e certificações socioambientais? ( ) Sim ( ) Não Justifique sua resposta_______________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 8. Na hora da compra você se preocupa em saber se o produto que compra causa impacto ao meio ambiente. ( ) Sim ( ) Não ( ) Depende do produto 9. Você usa desinfetantes com freqüência em sua casa? ( ) Sim ( ) Não 10. Você sabia que os desinfetantes agridem o meio ambiente? ( ) Sim ( ) Não ( ( ( ( 11. O que o leva a escolher uma marca de desinfetante? ) Preço ) Perfume ) Marca do produto ) Proteção ao meio ambiente 12. Que parte do meio ambiente te preocupa mais? ( ) ar ( ) água ( ) solo ( ( ( ( 13. Você costuma ler a descrição técnica dos produtos que compra? ) Sim, sempre ) Não, nunca ) Algumas vezes ) Depende do produto 14. Você realmente acredita que estamos destruindo o nosso mundo, por não ter cuidado com o meio ambiente? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei Justifique a sua resposta: ___________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ Grata pela ajuda; Zulivana Lobato – Mestranda em Administración de Negocios.. Contatos sobre a pesquisa: [email protected]