ESPIRITUALIDADE NO ENSINO MÉDICO ESPIRITUALIDADE NO ENSINO MÉDICO SPIRITUALITY IN EDUCATION OF MEDICINE Rosane Maria Nery1 Rosa Cecilia Pietrobon2 Carmen Lucia Bezerra Machado3 João Carlos Comel4 Waldomiro Carlos Manfroi5 RESUMO A abordagem pedagógica do ensino médico, com uma estrutura de disciplinas fragmentadas, forma profissionais com uma visão de especialidades sobre as doenças do paciente, fugindo das bases originais da prática médica onde o cuidar não era apenas físico, mas também emocional, social, mental e espiritual. A nova abordagem, baseada nas Diretrizes Curriculares Nacionais para cursos de medicina, faz com que os mesmos comecem a incluir em seus currículos reflexões na visão do ser humano integral e multidimensional, com um enfoque maior na relação médico-paciente para que se evite uma desumanização das práticas nas instituições de saúde. Palavras chave: espiritualidade, medicina, ensino. ABSTRACT The pedagogical approach of medical education, with a fragmented structure of disciplines, as professionals with a vision of specialties on the diseases of the patient, avoiding the original basis of medical practice where the care was not only physical but also emotional, social, mental and spiritual. The new approach, based on the National Curriculum Guidelines for medical courses, makes them begin to include in their curricula reflections in full view of the human and multidimensional, with a greater focus on doctor-patient relationship in order to avoid the dehumanization practices in health institutions. Keywords: spirituality, medicine, education. Doutora em Ciências da Saúde – Cardiologia e Ciências Cardiovasculares. Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Profissional de Educação Física, Hospital de Clínicas de Porto Alegre. 2 Mestre em Ciências da Saúde – Cardiologia e Ciências Cardiovasculares. Fundação Universitária de Cardiologia, Psicóloga, Instituto Brasileiro de PsicoCardiologia. 3 Doutora em Educação - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Professora associada na UFRGS. 4 Professor do Instituto de Ensino Superior de Santo Ângelo (IESA/CNEC), Especialista em Fisioterapia Ortopédica e Traumatológica, Mestre em Ciências Médicas – Cirurgia / UFRGS, Doutorando em Ciências Médicas – Cirurgia / UFRGS, Pesquisador do Programa de Estudos em Dor Osteomuscular e Reabilitação – HCPA/UFRGS 5 Doutor em Ciências da Saúde: Cardiologia e Ciências Cardiovasculares pela UFRGS. Coordenador do Projeto de Pós-Graduação em Educação e Saúde da Faculdade de Medicina da UFRGS. Endereço para correspondência: Rosane Maria Nery. Caixa postal 5032, Bom Fim Porto Alegre, RS 90041-970, F: 51-33598953, [email protected] 1 209 Saúde Integrada 2014_Biomedicina.indd 209 23/10/2015 07:30:52 ROSANE MARIA NERY-ROSA CECILIA PIETROBON-CARMEN LUCIA BEZERRA MACHADO-JOÃO CARLOS COMEL-WALDOMIRO CARLOS MANFROI 1. Introdução Muitas pesquisas surgiram nos últimos 20 anos para documentar os anseios dos pacientes em tratar assuntos espirituais com seus médicos. Entretanto alguns médicos estão tão sobrecarregados pela falta de tempo, estresse e pela enorme quantidade de conhecimentos técnicos que precisam apreender que muitos saem da faculdade de medicina não muito bem treinados para se comunicar com os pacientes sobre assuntos como morte ou sofrimento. No entanto a tendência crescente da medicina em ver o indivíduo numa perspectiva holística gera questionamentos sobre sua assistência nessa dimensão (PUCHALSKI E ROMER, 2000). Segundo Incontri, 2010, qualquer proposta na área da saúde e educação depende de algo fundamental: uma concepção de ser humano. Dependendo do conceito de ser humano, derivam-se as conseqüências éticas, epistemológicas, terapêuticas, pedagógicas e sociais. O objetivo desse estudo, fundamentado na revisão bibliográfica, é identificar o possível potencial terapêutico da espiritualidade na prática da medicina, visando sua inclusão teórico-prática nos currículos dos respectivos cursos. 1.1. Método Foi realizada uma busca na base de dados PUBMED, MEDLINE, Lilacs. Os descritores utilizados foram: medicina, espiritualidade, currículo, medical, school curriculum, spirituality. 2. Marco Histórico Com o advento da medicina Hipocrática, na Grécia antiga, o homem tenta racionalizar as crenças e práticas espirituais retirando-as do mundo mítico e criando um sistema que pudesse entender de forma racional, o impacto que atitudes, crenças, 210 Saúde Integrada 2014_Biomedicina.indd 210 23/10/2015 07:30:53 ESPIRITUALIDADE NO ENSINO MÉDICO hábitos, ambientes, e ervas causavam no organismo humano. Hipócrates desvinculou a doença do jugo sobrenatural, trazendo-a para uma relação da fenomenologia natural. Com ele, tem início Ciência e Arte Médicas. Ao definir os princípios básicos para examinar um paciente: “Examinar o corpo requer visão, audição, olfato, tato, paladar e razão”, ele acaba com a relação dos doentes com os deuses e a traz para uma relação entre duas pessoas: médico e paciente. Nas obras hipocráticas há uma série de descrições clínicas pelas quais se pode diagnosticar doenças como a malária, papeira, pneumonia e tuberculose. Para o estudioso grego, muitas epidemias relacionavam-se com fatores climáticos, raciais, dietéticos e do meio onde as pessoas viviam. Muitos de seus comentários nos Aforismos são ainda hoje válidos. Seus escritos sobre anatomia contém descrições claras tanto sobre instrumentos de dissecação quanto sobre procedimentos práticos. Hipócrates fundou a Escola de Medicina em Cós, deixou um legado de 72 livros: CORPUS HIPOCRÁTICUM. Definiu que a medicina baseia-se na observação e não necessita de hipóteses que não possam ser confirmadas pelos sentidos, reafirmou a importância que tem a relação médico-paciente. Ao definir em um dos seus aforismos onde diz que a vida é curta, a arte é longa, a ocasião fugidia, a experiência enganadora, o julgamento difícil, não estaria lançando já os primórdios da Medicina Baseada em Evidências, da atualidade? (PENHA E SILVA, 2009; MALUF, 2005). Com Hipócrates nascem então esta relação entre corpo e mente, a ser observada no decorrer de uma relação entre médico e paciente. Enquanto que nas sociedades antigas medicina e religião eram entrelaçadas, no ocidente a separação entre as duas desde a Idade Média criou um muro de dissociação que prejudicou o relacionamento entre as mesmas (GHADIRIAN, 2008). Essa associação entre saúde e espiritualidade começou a ser ainda mais questionada e mesmo separada com o advento da filosofia positivista, idealizada por Augusto Comte, na França do séc. XIX. Desde então a inter-relação entre espiritualidade e ciências médicas passou a ser olhada com desconfiança. Mesmo assim, 211 Saúde Integrada 2014_Biomedicina.indd 211 23/10/2015 07:30:53 ROSANE MARIA NERY-ROSA CECILIA PIETROBON-CARMEN LUCIA BEZERRA MACHADO-JOÃO CARLOS COMEL-WALDOMIRO CARLOS MANFROI as práticas religiosas sempre estiveram ligadas ao trabalho na área da saúde. Com o surgimento da medicina científica, estudos antropológicos atuais têm mostrado que a consideração de dimensões religiosas continua presentes em todos os estratos sociais como parte importante da compreensão do processo de adoecimento e cura. Porém somente no final do século XX, na década de 80 é que epidemiologistas americanos começaram a cruzar dados relacionando freqüência religiosa e de orações com indicadores de saúde, doença, longevidade. Nesses estudos, encontraram, para surpresa geral da comunidade médica, que espiritualidade/religiosidade estavam associadas com melhor qualidade de vida, mais longevidade, menos doença física e mental e mortalidade (PERES ET AL., 2007; PENNA e AVEZUM, 2007). A espiritualidade poderia ser definida como uma propensão humana a buscar um significado para a vida por meio de conceitos que transcendem o tangível: um sentido de conexão com algo maior em si próprio, que pode ou não incluir uma participação religiosa formal (SAAD, MASIERO E BATTISTELLA, 2001). Religiosidade e espiritualidade, apesar de relacionadas, não são sinônimos. A religiosidade envolve sistematização de culto e doutrina compartilhados por um grupo. A espiritualidade está relacionada a questões sobre o significado e o propósito da vida (SAAD, MASIERO E BATTISTELLA, 2001). A hipótese hoje mais aceita pela comunidade científica é a de que a espiritualidade atue através do Sistema Nervoso Central (SNC) via neurotransmissores e Sistema Nervoso Autônomo (SNA), em três sistemas: cardiovascular, endócrino e imunológico. Através dos neurotransmissores agiria diminuindo a freqüência cardíaca e a pressão sanguínea, determinando menor produção de cortisol, hormônio relacionado com estresse e provocando melhor vigilância e função das células de defesa. Cada vez mais, essa intrigante relação entre a espiritualidade e a saúde física tem saído do terreno da especulação para ocupar o centro de um debate acadêmico, ressignificando o sentido da mitologia grega. 212 Saúde Integrada 2014_Biomedicina.indd 212 23/10/2015 07:30:53 ESPIRITUALIDADE NO ENSINO MÉDICO 3. A Espiritualidade nos Currículos das Escolas de Medicina A Medicina, uma atividade humana que é exercida para prevenir, identificar, curar ou atenuar o sofrimento das pessoas, “deve ser” empregada com arte e ciência (INCONTRI, 2010). Se a ciência é o conjunto de conhecimentos precisos e consolidados, obtido por experimento sistemático e que tentam explicar, o quanto possível, um determinado objeto de indagação, relacionados ao homem, a arte é a capacidade que tem o homem de pôr em prática uma idéia ou de aplicar corretamente os conhecimentos científicos. Então, Medicina é ciência no conteúdo e arte na aplicação. Como ciência a Medicina tem alcançado progressos inimagináveis no diagnóstico, prevenção e tratamento das doenças. Se a atividade com ênfase na ciência e na tecnologia tem trazido enormes benefícios aos pacientes, pelo fato de os médicos disporem de pouco tempo, para atender muitas pessoas e sofrido pressões econômicas, as escolas médicas têm formado uma geração de médicos que possuem dificuldade de se relacionar e de prestarem cuidados compassivos aos seus pacientes, comprovando que há um verdadeiro risco de desumanização das instituições médicas (GHADIRIAN, 2008). Nos últimos anos pacientes e alguns membros da comunidade médica têm manifestado a preocupação de que os médicos tenham esquecido o exercício da compaixão e muitas vezes ignoram as preocupações espirituais (BEERY ET AL., 2002; KOENIG, 2000). Os pacientes principalmente quando acometidos de doenças graves, querem falar com seus médicos sobre seus sofrimentos, suas preocupações espirituais e esperam que estas sejam abordadas e tratadas com respeito e de forma solidária (BEERY ET AL., 2002; KOENIG, 2000). Alguns pacientes vivem crises subjetivas intensas e mergulham em profundas dimensões inconscientes da subjetividade. É nessa elaboração subjetiva que são construídos novos sentidos e novos significados para suas vidas. Sentidos e significados capazes de mobilizá-los na difícil tarefa de reorganização do viver exigida para a conquista de novo estado de saúde. 213 Saúde Integrada 2014_Biomedicina.indd 213 23/10/2015 07:30:53 ROSANE MARIA NERY-ROSA CECILIA PIETROBON-CARMEN LUCIA BEZERRA MACHADO-JOÃO CARLOS COMEL-WALDOMIRO CARLOS MANFROI Porém, a abordagem dessa situação não conta com orientações técnicas bem definidas e comprovadas pelas ciências médicas. Ela depende, então, da capacidade de escuta dos sentimentos presentes, de uma discussão conjunta das possibilidades de organização do cuidado, da enunciação de palavras que acalmem e orientem, e do envolvimento e da participação de outros profissionais da equipe de saúde (SAAD E MEDEIROS, 2008). Como estas condutas profissionais não encontram suporte claro e preciso nos livros de medicina nem nos currículos das faculdades, algo deve ser feito para corrigir esta falha. Segundo Puchalski e cols, as escolas de medicina devem ensinar seus alunos a corresponder às expectativas dos pacientes quanto às suas preocupações espirituais, proporcionando práticas que auxiliem no sistema de cuidados à saúde e atendimento das necessidades dos mesmos em ambientes mais compassivos. Enfatizam que, nos EUA, 19 escolas médicas que recebem subsídios do Instituto Nacional de Investigação de Saúde, incluíram a espiritualidade nos seus currículos (PUCHALSKI E LARSON, 1998). Como relatam Graves e cols. com a experiência da escola de medicina da University of Missouri-Kansas City, que incorporou de forma experimental, a instrução sobre espiritualidade no currículo do 3° ano do curso. O objetivo foi multifacetado permitindo a expansão da conceitualização por parte dos alunos a respeito da visão do paciente como pessoa. Ênfase é dada nas dimensões de suas necessidades e crenças espirituais; compreensão sobre a forma que a crença espiritual do paciente impacta sobre sua saúde; reconhecer como as crenças espirituais do aluno interferem na sua prática da medicina e por fim destacar o papel do capelão como membro da equipe de saúde. Os resultados foram positivos apesar de no início alguns alunos apresentarem dificuldade em distinguir espiritualidade de religião e mostrarem preocupação em relação ao currículo, achando que estariam se desviando da “verdadeira medicina” (GRAVES, SHUE E ARNOLD, 2002). Uma Universidade Médica do Massachusetts implementou em seu programa de residência médica o tópico medicina e 214 Saúde Integrada 2014_Biomedicina.indd 214 23/10/2015 07:30:53 ESPIRITUALIDADE NO ENSINO MÉDICO espiritualidade, com objetivo de promover uma sensibilização e maior consciência da relevância e potencial terapêutico da medicina e da espiritualidade em integrar o processo de cura dos pacientes. As estratégias incluem oficinas sobre como comunicar más notícias; palestras analisando os diversos aspectos das práticas religiosas e espirituais e as suas implicações em matéria de ciência e saúde; atividades práticas mensais nas enfermarias acompanhados por um membro da faculdade que enfatiza a dimensão espiritual de um caso específico e os recursos baseados na fé, tanto hospital como na comunidade; discussão aberta e de forma respeitosa dos pontos de vista, visando diminuir os obstáculos e permitir uma formação mais provocativa e esclarecedora na residência médica, reconsiderando o que é ser curador e o que é ser curado (MCVAY, 2002; PETTUS, 2002). Todres e cols relataram a experiência dos primeiros seis anos de um programa de formação para médicos em uma clínica de educação pastoral e, seus efeitos sobre os membros da equipe de saúde em unidade de terapia intensiva. Os resultados mostraram que a nova consciência, sensibilidade e linguagem adquiridas foram introduzidas na prática clínica; os médicos aprenderam a se relacionar de forma mais significativa com seus pacientes e familiares, descobrindo uma rica relação entre eles. Além disso, a integração na prática clínica do cuidado espiritual do paciente e da família foi um importante passo no sentido de abordar o cuidado da pessoa como um todo (TODRES, CATLIN E THIEL, 2005). 4. Conclusão Trabalhos que consolidam experiências nas diferentes instituições que promovem práticas de espiritualidade em saúde, tanto na assistência como no ensino têm demonstrado que a inclusão de um conteúdo sobre espiritualidade no currículo das escolas de medicina pode promover a consciência do cuidar de si, resgatar o aspecto do cuidado integral ao paciente e passar ao estudante de Medicina a necessidade da compaixão e do 215 Saúde Integrada 2014_Biomedicina.indd 215 23/10/2015 07:30:53 ROSANE MARIA NERY-ROSA CECILIA PIETROBON-CARMEN LUCIA BEZERRA MACHADO-JOÃO CARLOS COMEL-WALDOMIRO CARLOS MANFROI amor no cuidar, ou seja, dos ideais hipocráticos. Promove a humanização dos profissionais da saúde, hoje, tão voltados aos avanços tecnológicos, que se por um lado facilitam o diagnóstico, prevenção e tratamento das doenças, em contrapartida, dificultam o relacionamento com seus pacientes. 5. Referências Puchalski C, Romer AL. 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