1 Conhecimento De Portadores De Diabetes Mellitus Sobre Lesões Nas Extremidades Knowledge Of Individuals With Diabetes Mellitus On Lower Limb In Juries Inferiores Conocimiento De Las Personas Con Diabetes Mellitus En Lesiones De Miembro Inferiores Tereza Carmem Oliveira do Nascimento. Enfermeira, graduação pela Universidade Federal da Paraiba – UFPB. João Pessoa (PB), Brasil. Email: [email protected] Teresa Cristina Rosa Romero Navarine. Enfermeira, Especialista. João Pessoa (PB), Brasil. E-mail: [email protected] Brígida Karla Fonseca Anízio. Enfermeira, Especialista. João Pessoa (PB), Brasil. Email: [email protected] Bianca Fonseca Anízio. Enfermeira Especialista. João Pessoa (PB), Brasil. E-mail: [email protected]. Marta Miriam Lopes Costa. Enfermeira, Professora Doutora, Departamento de Enfermagem/Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Universidade Federal da Paraiba/PPGENF/UFPB. João Pessoa (PB), Brasil. E-mail: [email protected] Iolanda Beserra da Costa Santos. Enfermeira, Professora Doutora, Departamento de Enfermagem/Graduação em Enfermagem, Universidade Federal da Paraiba/UFPB. João Pessoa E-mail: [email protected] Tereza Carmem Oliveira do Nascimento Av. Gouveia Nóbrega, Nº 608, Roger. CEP: 58020-100. João Pessoa – PB Resumo Objetivo: investigar o conhecimento dos portadores de Diabetes Mellitus sobre lesões desenvolvidas em extremidades inferiores. Método: estudo exploratório-descritivo com abordagem quantitativa, realizado com 20 pacientes entre julho e setembro de 2011, por meio de um formulário semiestruturado. Para análise das informações, os dados foram avaliados conforme procedimento estatístico, dispostos em forma de tabelas, com números absolutos e percentuais. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Lauro Wanderley, sob o número do protocolo 0167.07126.000-11. Resultados: 60% dos pacientes afirmaram 2 fazer prevenção contra lesões em MMII, 50% tinham o entendimento de que o pé diabético constitui uma das complicações do diabetes mellitus. Conclusão: Neste estudo a maioria dos pesquisados tem conhecimento e fazem prevenção sobre lesões desenvolvidas em extremidades inferiores. Descritores: Lesões; Portador; Diabetes mellitus. Abstract Objective: To investigate the knowledge of patients with diabetes mellitus on lower limb injuries. Methods: This is a descriptive exploratory study with a quantitative approach, including 20 patients, carried out in the period between July and September 2011, using a semi-structured form. Data were evaluated according to statistical procedures, and then were arranged in tables as absolute numbers and percentages. This research project was approved by the Research Ethics Committee at the Lauro Wanderley University Hospital, under the protocol # 0167.07126.000-11. Results: 60% of patients stated that they prevent lower limb injuries, 50% had an understanding that the diabetic foot is one of the complications of diabetes mellitus. Conclusion: In this study the majority of respondents have knowledge about injury prevention and are developed in the lower extremities. Descriptors: Injuries; Carrier; Diabetes mellitus. Resúmen Objetivo: Investigar el conocimiento de los pacientes con diabetes mellitus en lesiones de miembros inferiores. Métodos: Se realizó un estudio descriptivo exploratorio con enfoque cuantitativo, que incluyó 20 pacientes, realizado en el período comprendido entre julio y septiembre de 2011, mediante un formulario semiestructurado. Los datos fueron evaluados de acuerdo a los procedimientos estadísticos, y se organizaron en tablas como números absolutos y porcentajes. Este proyecto de investigación fue aprobado por el Comité de Ética de la Investigación en el Hospital Universitario Lauro Wanderley, bajo el protocolo # 0167.07126.000-11. Resultados: 60% de los pacientes indica que evitan lesiones en los miembros inferiores, el 50% tenían un entendimiento de que el pie diabético es una de las complicaciones de la diabetes mellitus. Conclusión: En este estudio la mayoría de los 3 encuestados tienen conocimiento acerca de la prevención de lesiones y se desarrollan en las extremidades inferiores. Descriptores: Lesiones; Portador; Diabetes mellitus. Introdução O diabetes melitus (DM) é considerado uma das principais doenças crônicas da atualidade, em virtude de sua incidência mundial e das inúmeras complicações relacionadas a essa enfermidade, é também conhecida pelo aumento da sobrevida do portador da doença e em consequência do avanço da abordagem geral do indivíduo acometido por esta.1-2-3 No que concerne a abordagem conceitual do DM é considerada como um grupo de doenças metabólicas caracterizadas por hiperglicemia e associadas as complicações, disfunções e insuficiências de vários órgãos. Pode resultar de defeitos de secreção e/ou ação da insulina envolvendo processos patogênicos específicos, como exemplo, destruição das células beta do pâncreas, resistência à ação da insulina distúrbios da secreção da mesma, entre outros.4 Os portadores de diabetes que não controlam sua glicemia adequadamente podem apresentar problemas referentes as alterações na sensibilidade das extremidades, em especial nos pés, se configura um problema de saúde pública no país devido à frequência com que ocorre e do alto custo deste tratamento.³ O DM e a hipertensão arterial associadas, no Brasil, são a primeira causa de morte e de hospitalizações, essa ultima devido às amputações nos membros inferiores e representa 62,1% dos diagnósticos primários em pacientes com insuficiência renal crônica submetido à diálise.4 As complicações mais comum no DM são as neuropatias diabéticas, compreendendo um conjunto de síndromes clínicas que afetam o sistema nervoso periférico sensitivo, motor e autonômico.4 As úlceras diabéticas são causadas pela neuropatia periférica e por doença vascular superficial próprio da evolução natural da hiperglicemia ocasionada pelo diabetes. Como a neuropatia provoca redução da dor e sensibilidade nos pés, e subsequente a deformidade deste, induz o portador a desconsiderar dores e até mesmo presença de feridas nos locais acima mencionados, tornando-os vulneráveis a pequenos traumas. Nesses casos, quando o diabético apresenta qualquer tipo de lesão 4 a infecção pode se estabelecer como fator de risco, favorecendo a destruição dos tecidos dos membros inferiores, essa condição ocorre em questão de horas ou dias. 1-2-5 A prevenção e o tratamento deverão está embasados em um rigoroso programa de educação continuada voltado ao portador da doença e ao cuidador do mesmo, com a finalidade de prevenir o surgimento das lesões, recidivas ou novas incidências, devendo ser informado sobre o uso de calçados apropriados com o intuito de diminuir a pressão exercida pelo peso do corpo, revascularização, tratamento da hipertensão arterial, da dislipidemia e controle do tabagismo, caso haja manutenção dos níveis de glicemia adequados é possível controlá-la.3 Existe uma carência de propostas nos serviços de saúde a respeito da prevenção e das complicações crônicas do DM, havendo necessidade de desenvolver educação permanente junto a esse grupo, embasada na realidade sólida dos indivíduos comprometidos, refletindo nos altos índices estatísticos de complicações e amputações de membros inferiores, influenciando sobremaneira na qualidade de vida dos portadores de DM.² Partindo de uma experiência prática no âmbito profissional no Hospital Universitário Lauro Wanderley – UFPB, onde é realizado o atendimento de pacientes com lesões vasculares na clínica cirúrgica, surgiu a curiosidade em aprofundar essa temática mediante o quantitativo de internos que apresentam lesões em membros inferiores, levando uma internação prolongada e excesso de gastos devido longa permanência hospitalar. O estudo objetivou-se em: investigar o conhecimento dos portadores de Diabetes Mellitus sobre lesões desenvolvidas em extremidades inferiores; descrever os dados sociodemográficos; identificar o entendimento dos portadores de diabetes a cerca das complicações da doença; buscar, junto aos entrevistados, a importância, vantagens e benefícios do cuidado na prevenção de lesões nas extremidades inferiores. Revisão de Literatura Contextualização do Diabetes Mellitus O diabetes mellitus (DM) é um grupo de doenças metabólicas caracterizadas por níveis elevados de glicose na corrente sangúinea, que decorrem no organismo pelo 5 defeito na secreção e ou ação da insulina.6-7 O DM é uma síndrome de etiologia múltipla e caracteriza-se por hiperglicemia crônica, com distúrbios do metabolismo dos carboidratos, lipídeos e proteínas.8 O DM apresenta dois tipos mais frequentes: o tipo 1 e o tipo 2, estes diferem nas características, no tratamento e na faixa etária. No DM tipo 1 acontece destruição das células beta do pâncreas rotineiramente por processo auto imune ou raramente por causa desconhecida considerada (forma idiopática). 10 Enquanto o tipo 2, é mais frequente que o tipo 1, caracterizado por distúrbios de ação e secreção da insulina, os portadores do tipo 2 geralmente em sua maioria apresentam obesidade. Os tipos de diabetes mellitus diferem no percentual e faixa etária, o DM tipo 1 é uma doença crônica que pode acometer diversas idades, sendo diagnosticada na maioria das vezes em crianças, adolescentes e adultos jovens. 11 Alguns autores estimam um percentual variando de 5 a 10% dos casos do diabetes. O tipo 2 representa 90 a 95% dos casos da doença, atingindo indivíduos em qualquer idade, porém, mais comumente diagnosticado após os 40 anos de vida. No DM tipo 1 são destruídas células pancreáticas consequentemente não havendo produção de insulina, tornando-se indispensável o uso desse hormônio como medicação contínua. No entanto, o tipo 2 ocorre a redução da produção de insulina, gerando aumento de glicose no sangue ocasionando hiperglicemia sendo imperioso uso de medicação oral com efeito hipoglicemiante, ou até mesmo insulina quando necessário.12 Geralmente o portador de diabetes tipo 2 relata que seus sintomas foram vagos e desenvolveram-se aos poucos. Ao contrario do tipo 1 eles relatam que seus sintomas desenvolveram-se rapidamente.9 Independente do tipo de diabetes, os indivíduos apresentam sintomas ligados a hiperglicemia, do tipo: polifagia (apetite aumentado), polidipsia (sede aumentada), poliúria (micção aumentada) dentre outros sintomas que abrangem fadiga fácil e fraqueza, alterações visuais súbitas, formigamento ou dormência nas mãos e nos pés, pele seca e ressecada, lesões cutâneas ou feridas no corpo com cicatrização lenta, além de recorrentes infecções.7 6 A poliúria e polidipsia acontecem em decorrência da perda de líquidos excessiva associada à diurese osmótica, quanto à polifagia, é resultado do estado catabólico induzido pela carência de insulina e clivagem de proteínas e lipídios.7 A confirmação do diagnóstico do DM em adultos com exceção de gestantes apresenta os seguintes resultados nos exames de laboratório: níveis plasmáticos de glicose iguais ou maiores que 126 mg/dl, sendo este repetido mais de uma vez; nível sanguíneo de glicose igual ou maior que 200 mg/dl, 2h após refeição e por fim sintomas característicos de diabetes e uma dosagem da glicose sanguínea com nível igual ou superior a 200 mg/dl. O individuo deverá ter pelo menos duas dessas condições que foram relacionadas.9 O tratamento básico e o controle de ambos os tipos, consistem primeiramente de uma alimentação específica, de exercício físico regular e do uso apropriado de medicações (antidiabéticos orais e/ ou insulina).13 A insulinoterapia no DM tipo1 tem o objetivo de prevenir a cetoacidose diabética, já no tipo 2 essa prática visa alcançar controle do quadro glicêmico.4 O tratamento do DM tipo 2 por via de regra visa manter o controle glicêmico adequado, através de dieta hipocalórica, aumento da prática de exercícios físicos ou uso de medicações.14 Assim como no DM tipo 2 a meta primordial do tratamento do tipo 1 também é o controle glicêmico, tornando-se essencial para o doente as informações referentes ao esquema de monitorização glicêmica e de insulinização, que contribuem para o controle ideal do diabetes. 15 O DM têm complicações de 2 tipos: agudas e crônicas. As consequências agudas são compostas por hiperglicemia, hipoglicemia e cetocidose diabética.12 A hiperglicemia é comprovada com o resultado de glicemia capilar maior que 140mg/dl e a Síndrome hiperglicêmica hiperosmolar (NKHHS) a forma mais grave da hiperglicemia, é um quadro ao qual a glicemia encontra-se acima de 600 mg/dl.16 O fator precipitante na maioria dos casos é uma doença concomitante e como fatores predisponentes estão idade avançada, nível de dependência entre outros. A hipoglicemia silenciosa é uma complicação na qual a glicemia está muito baixa, é considerado hipoglicemia os níveis de glicose abaixo de 70 mg/dl. 17 Sua maior incidência ocorre em portadores de DM tipo 1 e predominante no turno da noite, 7 podendo afetar também idosos e portadores do tipo 2. Seus sintomas mais comuns são: sudorese intensa, desorientação em casos mais sérios, astenia entre outros. A cetoacidose diabética ou (DKA) é uma complicação grave do DM, levando a elevados números de mortalidade. Mais frenquente nos jovens diabéticos do tipo 1, sendo possível ocorrer no tipo 2 também. Surge concomitantemente a partir de uma diabetes descompensada devido à falha na insulinoterapia ou alguma situação de estress.16 As complicações procedem da falta de conhecimento e esclarecimentos dos portadores, pois as complicações crônicas mais comuns são doenças cardiovasculares e vasculares periféricas, retinopatia, nefropatia, dermopatia diabética e neuropatia diabética (periférica e autônoma).9 Essas complicações podem ser minimizadas devido a um melhor controle dos seus fatores de risco.18 A vasculopatia periférica é um tipo de complicação que implica na má circulação dos membros inferiores, contribuindo para uma deficiente cicatrização das feridas que se instale neste local e para o desenvolvimento da gangrena. 7 Dermopatia ou dermatopatia diabética é encontrada em quase 40% das pessoas que tem esta patologia. Também conhecida como manchas na perna ou pigmentação na tíbia. É a manifestação de pele mais conhecida no diabetes, à pigmentação da pele se inicia como pápulas arredondadas ou ovais que aumentam para máculas hiperpigmentadas atrofiadas. Essas lesões são assintomáticas, mas se provocarem ulcerações podem ser dolorosas. A única prevenção é manter a pele livre de traumas, limpa e hidratada.19 A Neuropatia Diabética principal complicação associada à pesquisa, torna-se a complicação mais comum do diabetes, compreendendo um conjunto de síndromes clínicas que afetam o sistema nervoso periférico sensitivo, motor e autonômico, de forma isolada ou difusa, nos segmentos proximal ou distal, de instalação aguda ou crônica, de caráter reversível ou irreversível, manifestando-se silenciosamente ou com quadros sintomáticos dramáticos.4 A forma mais comum é a neuropatia simétrica sensitivo-motora distal. Pode se manifestar por sensação de queimação, choques, agulhadas, formigamentos, dor a estímulos não-dolorosos, cãímbras, fraqueza ou alteração de percepção da 8 temperatura, pode ser em repouso, com exacerbação à noite e melhora com movimentos.4 A prevalência das neuropatias diabéticas se eleva de acordo com a idade e com a duração da doença, podendo ser tão alta que se desenvolve em 50% dos pacientes que já tenham a doença por mais de 25 anos. A etiologia da neuropatia aplica-se aos níveis sanguíneos de glicose aumentados durante um período de anos e a patogenia implicada a um mecanismo vascular e/ou metabólico. Os dois tipos mais triviais das neuropatias diabéticas são: a neuropatia sensoriomotora, conhecida como periférica e a neuropatia autonômica.7 A neuropatia periférica é apontada como fundamental fator de risco para as amputações de membros inferiores, está presente em algum grau em 50% dos diabéticos acima de 60 anos.20 A sintomatologia da neuropatia periférica inclui: parestesia (sensação de alfinetamento e formigamento) e sensações de queimação (principalmente à noite). De acordo com o progresso da neuropatia chega à dormência nos pés. Além disso, existe sensação diminuída inclusive de dor e temperatura corporal, que levam os diabéticos a um alto risco de lesão e infecções despercebidas no pé. Para pacientes que não apresentam sintomatologia os achados físicos, podem ser a única maneira de identificar alterações, a saber: diminuição dos reflexos tendinosos profundos e na sensação vibratória.7 As pessoas portadoras de DM, principalmente que apresentam riscos para complicações nos pés, deveriam distinguir os fatores de risco para a formação das úlceras.20 A falta de informação sobre os cuidados com os pés, a presença de pontos de pressão anormal que favorecem calosidades, as deformidades, a doença vascular periférica e dermatoses são fatores coadjuvantes a ocorrência de úlceras nos pés. Portadores de úlceras e amputações anteriores são considerados de elevado risco para desenvolverem novas úlceras e, merecem maior atenção nos pés.21 Tendo em vista que o melhor tratamento para o pé diabético é sua prevenção, inclui como orientações educacionais para o cuidado com os pés as seguintes variáveis: exame dos pés diariamente e quando necessário pedir ajuda a um parente ou usar o espelho; avisar ao médico sobre a presença de calos, rachaduras, alterações da cor da pele e úlceras; calçar sempre meias limpas de preferência com fios naturais e sem 9 elástico; selecionar os sapatos conforme sua maciez que não apertem os pés, de couro macio ou de tecido e nunca usá-los sem meia; nunca andar descalço; atenção com sapatos novos, fazer testes em casa antes do uso propriamente dito; na lavagem dos pés o cuidado com a temperatura da água e quando for secar, atenção especial aos espaços interdigitais, não remover unhas encravadas e calos em casa e cortar as unhas horizontalmente4. As complicações podológicas associadas ao DM compõem, hoje, um grande problema enfrentado em todo mundo22. O pé diabético desenvolve-se na fase crônica da doença e amputação dos membros inferiores são consequências de gangrena e/ou infecções auster, o quadro evolui em silêncio exigindo do portador conhecimento para que evite este agravo.8-21 O pé diabético transforma-se em órgão-alvo de elevado risco devido à interação da doença vascular, da infecção e em peculiar da neuropatia periférica. Em algum momento da vida, quinze por cento de indivíduos diabéticos desenvolverão ulceração nos pés, assim sendo terão a possibilidade de amputação de membros inferiores.23 Aproximadamente 50% das amputações não traumáticas dos membros inferiores são realizadas em pacientes com diabetes, e 85% delas são precedidas de úlceras, caracterizadas por lesões cutâneas nos pés.2-3-5 A prevalência de úlceras nos pés atinge 4% a 10% dos diabéticos e provavelmente a incidência de amputações relacionadas ao DM atinja 5-24/100.000 habitantes/ ano ou 6-8/1000 diabéticos/ ano.22 O desenvolvimento de uma úlcera no pé de um diabético inicia-se por uma pequena lesão nos tecidos moles do pé, formação de fissura entre os artelhos ou em uma área de pele seca, ou formação de calosidade. Essas lesões devido a perca de sensibilidade do indivíduo podem ser térmicas, químicas ou traumáticas. Quando o doente não tem hábito de inspecionar seus pés diariamente, a lesão ou fissura podem passar despercebidas até que uma infecção grave tenha se instalado.7 O profissional de enfermagem ocupa lugar de destaque junto ao portador de diabetes, conscientizando-o a cerca da doença, estes deverão ter uma mudança de hábito de vida e seguir o tratamento segundo orientação da equipe interdisciplinar de saúde, pois só assim será possível reduzir as complicações que envolvem a doença, o 10 enfermeiro intervém de forma direta e positiva nos resultados esperados durante o tratamento a essa clientela.3 É basal para o tratamento e prevenção das complicações do ser diabético, que os profissionais de saúde, portadores de diabetes e seus familiares sejam contemplados com informações qualificadas conforme seu nível de entendimento.23 Para ajudar na adesão do paciente ao tratamento, o enfermeiro deve constituir estratégias de cuidado, e durante a consulta de enfermagem mediar à reação emocional do paciente frente sua doença e seu comportamento na autogerência.12 Método Trata-se de um estudo exploratório-descritivo com abordagem quantitativa. A população foi composta por pacientes internos na clínica cirúrgica e do serviço ambulatorial do Hospital Universitário Lauro Wanderley – HULW - UFPB. A amostra foi composta por 20 portadores de Diabetes Mellitus. Sendo elaborados previamente os critérios de inclusão: mostrar vontade e interesse em participar da pesquisa, estar em pleno exercício de suas atividades mentais, apresentar lesão nas extremidades inferiores e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Sendo utilizado como instrumento um formulário de entrevista semiestruturado quais representavam o objetivo proposto no estudo. A coleta de dados realizou-se no período de julho a setembro de 2011 nos turnos matutino e vespertino, conforme disponibilidade do paciente, e do funcionamento do serviço. Para análise de dados foram avaliados conforme procedimento estatístico, dispostos em forma de tabelas, contendo números absolutos e percentuais, acompanhados da fundamentação teórica dos resultados alcançados. O estudo foi realizado levando em consideração os aspectos éticos em pesquisas envolvendo seres humanos, qual é preconizado pela Resolução 196/96 24 do Conselho Nacional de Saúde, como também a Resolução 311/2007 COFEN25. Resultados Tabela 1 - Distribuição de frequência dos entrevistados, segundo o sexo, faixa etária, profissão e religião. Portadores de Diabetes Mellitus (n = 20) - João Pessoa, 2011. Sexo N° % 11 Masculino 11 55 Feminino 09 45 De 45-50 01 5 De 50-55 03 15 De 55-60 05 25 > 60 11 55 Agricultor 05 25 Do lar 04 20 Serviços Gerais 02 10 Motorista 02 10 Téc. de Enfermagem 02 10 Militar 01 5 Dentista 01 5 Costureira 01 5 Lavadeira 01 5 Amador de construção civil 01 5 Católica 11 55 Evangélica 08 40 Outros 01 5 Total 20 100 Faixa etária (anos) Profissão/ocupação Religião A Tabela 1 revela que, em relação ao sexo, prevaleceu o masculino com (55%), seguido do sexo feminino (45%). A população de natalidade masculina é maior que a feminina, corroborando com essa afirmativa o nosso quantitativo também foi do sexo masculino, isto demonstra que a população feminina vive mais que a masculina e que o número de mortes de homens é maior que o de mulheres.26 Considerando os resultados sobre a faixa etária de maior predomínio encontrase acima de 60 anos (55%) seguido da idade de 55 anos (25%). É exatamente nesta 12 idade que ocorre o aparecimento de diabetes, que se apresenta como doença crônica pelas suas características. Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde, o diabetes está se tornando a epidemia do século e afeta cerca de 246 milhões de pessoas no mundo. Em relação à profissão o agricultor teve maior participação (25%) seguido do lar (20%,). Falar sobre estes aspectos é resgatar os movimentos da terra e pensar que nesta fase da vida, existe uma queda dos vencimentos, a qualidade de vida devido à falta do financeiro para cobrir despesas de medicamentos e maior conforto individual, pagamento de contas corriqueiras e outras tantas responsabilidades que o responsável pela família possui. A aposentadoria no Brasil é um estado de inatividade do ser humano, tenha ele trabalhado no setor público ou privado, essa condição é o resultado da idade avançada e ou das doenças crônicas ou mesmo de contribuições previdenciária durante o tempo legal que a pessoa trabalhou. Verifica que a religião católica predominou (55%) seguido dos evangélicos (40%) e testemunha de Jeová (5%). Corroborando com estes dados os católicos ainda são maioria no Brasil, em 1940 até o ano de 2000 houve uma queda de 95% para 73,6% do número de católicos e o número de evangélicos cresceu de 2,6% para 15,4% em todas as regiões, não houve cálculos sobre o número de católicos no censo 2010, mas já tem uma prévia que os evangélicos cresceram ainda mais. 27 Tabela 2 - Distribuição de frequência dos entrevistados, de acordo com o nível de conhecimento sobre as complicações. Portadores de Diabetes Mellitus (n = 20) João Pessoa, 2011. Complicações Pé diabético N° 10 % 50 Cegueira 06 30 Insuficiência renal 02 10 Insuficiência 02 10 20 100 cardíaca Total 13 A Tabela 2 mostra que a maioria dos pesquisados com um percentual de 50% tinham o entendimento de que o pé diabético constitui uma das complicações do diabetes mellitus, seguido de 30% dos clientes que responderam que a cegueira era a complicação conhecida dos mesmos. A forma grave da doença arterial oclusiva nos membros inferiores é responsável, em grande parte, pela existência aumentada de gangrena e subsequente amputação nos pacientes diabéticos. A neuropatia e os comprometimentos na cicatrização da lesão também desempenham uma função na doença do pé diabético. 20 A retinopatia diabética é a segunda causa de cegueira irreversível, precedida apenas pela degeneração macular relacionada à idade. É a principal causa de cegueira em pessoas entre 25 e 75 anos de idade. Cerca de 40% dos diabéticos têm algum grau de retinopatia, geralmente discreto; 80% dos diabéticos têm a retinopatia depois dos 25 anos de duração do diabetes, e 25 dos diabéticos têm uma baixa da visão suficientemente acentuada para serem considerados legalmente cegos. 4 A nefropatia, ou doença renal, constitui uma complicação comum do diabetes. As pessoas que portam essa patologia têm uma possibilidade de 20 a 40% de desenvolverem doença renal.15 O infarto agudo do miocárdio é duas vezes mais comum em homens diabéticos e três vezes mais comum em mulheres com diabetes. Também existe um risco aumentado para complicações resultantes do infarto do miocárdio e uma probabilidade aumentada de um segundo infarto do miocárdio. 15 Tabela 3 - Distribuição dos participantes da pesquisa, referente ao surgimento da lesão. Portadores de Diabetes Mellitus (n = 20) - João Pessoa, 2011. Surgimento de lesões N° % Calo nos pés 06 30 Machucado nos pés 05 25 Pequeno corte 04 20 Cortando unhas 02 10 Verruga ou bolha 02 10 14 Rachado no pé 01 5 Total 20 100 A Tabela 3 demostra que de acordo com o surgimento das lesões a maioria dos clientes com um percentual de 30% afirmaram que a calosidade nos pés contrubui para o aparecimento das lesões, uma outra parte dos pesquisados com total de 25% diz que os machucados nos pés contribuem para o surgimento de lesões. Conforme os dados descritos acima os tipos de lesões que mais acomete os portadores de diabetes resultam na formação de calosidades nos pés, com percentual de (30%), os quais relataram que ocorre por meio do uso de sapatos novos. O desenvolvimento e aparecimento de calos nas extremidades inferiores tornam-se frequentes e subsequentes à formação de lesão insensível, devido à neuropatia periférica presente, tornando-se necessário o indivíduo portador de diabetes adotar cuidados com os pés, pois os mesmos não sentem a lesão e passam a observar dias após seu aparecimento e geralmente quando percebida a lesão encontra-se infectada. Tornam indispensáveis às medidas de prevenção, cuidados e realização diária do controle da glicemia, para evitar o principal fator predisponente de úlceras/lesões no pé, como na melhoria da qualidade de vida do paciente. 1 Tabela 4 - Distribuição dos participantes da pesquisa, de acordo com a prevenção de lesões em MMII. Portadores de Diabetes Mellitus (n = 20) - João Pessoa, 2011. Prevenção de N° % Lesões Sim 12 60 Não 8 40 Total 20 100 A Tabela 4 mostra que um perdentual de 60% dos pacientes afirmaram fazer prevenção contra lesões em MMII, seguido 40% que não fazem nenhum tipo de prevenção para evitar lesões. 15 O défict de autocuidado em portadores de DM é um fator de risco para as lesões dos MMII e demais complicações. A importância do enfermeiro, como orientador a esses tipos de pacientes sobre o tratamento, abordando os fatores de risco de lesão em MMII. Um fator relevante à baixa escolaridade, de muitos portadores da doença, resultado constatado neste estudo quando analisamos o perfil dos pesquisados.13 Para adesão de autocuidado o paciente necessita em primeiro lugar concordar com o tratamento e seguir as orientações sugeridas pelos profissionais, motivação e assim dando continuidade ao tratamento fora do ambiente hospitalar, como também contar com a ajuda de um acompanhante tanto no controle do autocuidado quanto auxiliando este no que precisar, fisicamente e emocionalmente.12 As lesões geralmente decorrem de trauma e frequentemente se complicam com gangrena e infecção, ocasionadas por falhas no processo de cicatrização, as quais podem resultar em amputação, quando não se institui tratamento precoce e adequado.28-29 As lesões do pé diabético resultam da combinação de dois ou mais fatores de risco que atuam concomitantemente e podem ser desencadeadas, tanto por traumas intrínsecos como extrínsecos, associados à neuropatia periférica, à doença vascular periférica e à alteração biomecânica. 30 Tabela 5 - Distribuição dos participantes da pesquisa, de acordo com a prevenção de lesões em MMII. Portadores de Diabetes Mellitus (n = 20) - João Pessoa, 2011. Cuidados com membros N° % Inspeção diária dos pés 04 20 Anda sempre calçado 02 10 Lava e seca os pés sem 04 20 unhas 04 20 Seleção de sapatos a 05 25 inferiores deixar umidade Corta sempre retas ser usado 16 Exercício e movimento 01 5 20 100 com os pés Total A Tabela 5 revela que em relação a prevenção de lesões nos MMII, um total de 20% dos pesquisados afirmam inspecionar os pés diariamente, 20% afirmam que lavam e secam os pés sem deixar umidade e 20% cortam sempre as unhas retas. O desenvolvimento de lesões no pé do diabético, desinformação, falta de sensibilidade nos pés (neuropatia periférica), doença vascular periférica, pontos de pressão na região afetada, história prévia de úlceras, dermatoses e uso de calçados inadequado.5 O uso de calçados novos e do mau uso destes, resultam em calosidades, que ficou em destaque o maior índice de respostas entre os participantes no relato do surgimento da lesão, como discutido anteriormente. Adequado é realizar desbridamento de calosidades, também é importante ressaltar que pode aumentar em até 30% a pressão exercida em determinado ponto da região dos pés. Acrescenta como sendo indispensável às medidas de prevenção, e de realizar diariamente o controle da glicemia, para evitar o principal fator predisponente de úlceras no pé que é a neuropatia periférica.5 Conclusão O estudo demosntra que a maioria dos pesquisados com um percentual de 50% tinham o entendimento de que o pé diabético constitui uma das complicações do diabetes mellitus, seguido de 30% dos clientes que responderam que a cegueira era a complicação conhecida dos mesmos. De acordo com o surgimento das lesões a maioria dos clientes com um percentual de 30% afirmaram que a calosidade nos pés contrubui para o aparecimento das lesões, uma outra parte dos pesquisados com total de 25% diz que os machucados nos pés contribuem para o surgimento de lesões. No que se refere a prevenção de lesões nos MMII, 60% dos pesquisados realizam prevenção, seguido de 40% da população pesquisada que não faz nenhum tipo de prevenção para evitar lesões nos MMII. Ainda considerando a prevenção de lesões nos MMII, um total de 20% 17 dos pesquisados afirmam inspecionar os pés diariamente, 20% afirmam que lavam e secam os pés sem deixar umidade e 20% cortam sempre as unhas retas. O portador de doença crônica como o diabetes mellitus tem que saber conviver com a mesma, procurando ter uma vida normal, no entanto, deve seguir algumas recomendações básicas: realizar um controle rígido da glicemia, manter uma alimentação adequada, realizar práticas de exercícios regulares, tomar o hipoglicemiante diariamente, ter cuidados com os pés e sempre associar os fármacos a uma mudança no estilo vida, assim a glicemia estará devidamente controlada, prevenindo as complicações decorrentes da doença. Os resultados poderão servir de fonte de informações para o meio acadêmico e também para o profissional de enfermagem que trabalhe nesta linha de pesquisa a partir dessa experiência e poderá servir de estímulos para outros pesquisadores que pretendem se aprofundar no tema. Espera-se que com este estudo, novas pesquisas sejam subsidiadas sobre a temática abordada e despertar reflexão dos acadêmicos e profissionais de saúde para desenvolver estratégias para o cuidado de portadores de diabetes mellitus com lesões nas extremidades, maximizando sua qualidade de vida. A realização deste estudo foi de grande relevância para os pacientes portadores de diabetes que apresentavam lesões nos membros inferiores, pois contribuiu para um melhor conhecimento da doença, incluindo o conceito, a classificação, as manifestações clínicas, as complicações e os cuidados gerais que o diabético deve ter com alimentação, tratamento farmacológico, exercício e cuidados com os pés, os quais foram apresentados a essa população pelos pesquisadores, através de palestras e orientações individuais, colaborando com os mesmos para a melhoria de sua saúde. Referências 1. Lopes CF. Projeto de Assistência ao Pé do Paciente Portador de Diabetes Melito. J Vasc Br [Internet]. 2003; 2(1):79-82. Available from: http://www.jvascbr.com.br/0302-01/03-02-01-79/03-02-01-79.pdf 2. Coelho MS, Silva DMGV, Padilha MIS. Representações sociais do pé diabético para pessoas com diabetes mellitus Tipo 2. Rev Esc Enfer USP [Internet]. 2009; 43(1):65-71. 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