Ana Paula Maluf Denyane Saegusa Tadayozzi Guilherme Ponce

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Ana Paula Maluf
Denyane Saegusa Tadayozzi
Guilherme Ponce
Josiane Ferreira Zorzenon
Julia Rangel Silva
Katya Cristina Gasparelo
Resumo Comunicação Oral
Psicossomatizações: uma compreensão psicanalítica sobre o indivíduo
contemporâneo
Este trabalho propõe explanar sobre as patologias psicossomáticas, compreendidas
enquanto “novas” formas de subjetivação, e sua relação com a cultura ocidental atual,
permeada pelo neoliberalismo e pelas configurações familiares contemporâneas.
Entende-se que este tema faz-se pertinente devido às demandas emergentes na clínica
psicanalítica, ao se deparar com essas novas sintomatologias. Ora, visto que os métodos
psicanalíticos foram estruturados em outro contexto sócio-histórico, além de que a
conjuntura atual pode contribuir para o comprometimento dos processos de
simbolização do indivíduo, isso pode acarretar em uma dificuldade de se utilizar o
método de associação livre durante a terapia psicanalítica. Ademais, o arcabouço teórico
da psicanálise foi estruturado à luz do Complexo de Édipo, sendo que este foi delineado
a partir de um modelo de família nuclear burguesa. No entanto, sabe-se que as
configurações familiares contemporâneas extrapolam esse modelo, distanciando-se da
tríade Pai-Mãe-Filho. Nesse sentido, instâncias sociais disciplinares podem exercer a
função paterna, a de estruturação da personalidade humana. No que se refere às doenças
psicossomáticas, estas se caracterizam pela retirada da libido de objetos externos e seu
redirecionamento para o ego, mais exatamente para determinadas partes do corpo do
indivíduo. Dessa forma, o fenômeno psicossomático evidencia maneiras de expressão
do sofrimento psíquico no corpo-organismo, por meio de modificações funcionais ou
lesionais. Segundo Marty (1993 apud Peres, 2006), os indivíduos que apresentam
frequentemente patologias psicossomáticas caracterizam-se pelo não estabelecimento de
simbolizações, peculiaridade comum de psiquismos regidos por processos primários.
Logo, a energia psíquica tende a circular livremente, de modo a percorrer caminhos
mais rápidos e fáceis para o alívio das tensões, os quais, muitas vezes, acarretam em
somatizações. Tendo em vista que a cultura atual prioriza a liquidez das relações
humanas, o individualismo, o imediatismo e estabelece condições que dificultam os
processos de elaboração psíquica e simbolizações, dentre outros fatores, pode-se
considerar que tal cenário favorece a manifestação de psicossomatizações e outras
patologias tidas como sendo de ordem narcísica. Assim, é válido que haja certa
transformação e adaptação do saber psicanalítico sobre esses novos sujeitos, tendo em
vista uma maior possibilidade de compreensão dos fenômenos atuais e,
conseqüentemente, o desenvolvimento de uma relação transferencial mais eficaz,
primordial ao prosseguimento do processo terapêutico.
Palavras-chave: Doenças psicossomáticas. Neoliberalismo. Novas configurações
familiares. Psicanálise e novas formas de subjetivação.
REFERÊNCIAS
CAMBAÚVA, L. G.; SILVA JUNIOR, M. C. Depressão e Neoliberalismo:
Constituição da Saúde Mental na Atulidade. Psicologia, Ciência e Profissão, v. 25, n. 4,
p. 525-535, 2005.
DOMINGUES, E. M.; PRÓCHNO, C. C. S. C. Corpo e Novas Formas de
Subjetividade. Psyché, São Paulo, v. 8, n. 14, p. 147-156, jul./dez. 2004.
MIGUELEZ, N. B. S. Otávio: as “novas patologias” no divã. Disponível em:
<htpp://www.uva.br/trivium/edicao1/artigos-tematicos/5-otavio-as-novas-patologiasno-diva.pdf>. Acesso em: 06 nov. 2010.
PERES, R. S. O Corpo na Psicanálise Contemporânea: Sobre as concepções
psicossomáticas de Pierre Marty e Joyce McDougall. Psicologia Clínica. Rio de
Janeiro, v. 18, n. 1, p. 165-177, 2006.
TEIXEIRA, L. C. Um corpo que dói: considerações sobre a clínica psicanalítica dos
fenômenos psicossomáticos. Latin-American Journal of Fundamental Psychopathology
On Line, v. 6, n. 1, p. 21-42, mai. 2006.
Ana Paula Maluf
Denyane Saegusa Tadayozzi
Guilherme Ponce
Josiane Ferreira Zorzenon
Julia Rangel Silva
Katya Cristina Gasparelo
Resumo Poster
Dificuldades e propostas na compreensão e intervenção junto a pacientes
psicossomáticos
O presente trabalho tem por intuito lançar luz acerca das dificuldades encontradas, no
âmbito da saúde, na compreensão das doenças psicossomáticas e, principalmente, dos
efeitos de tal entendimento sobre o sujeito humano e suas relações com a equipe da
saúde. Objetiva-se também abordar algumas possibilidades de intervenção, no contexto
da clínica psicanalítica, no que se refere ao processo terapêutico junto a esses pacientes.
Visto que os casos de pacientes que apresentam somatizações são bastante recorrentes,
tanto no cenário médico quanto na clínica psicanalítica e, muitas vezes, a compreensão
e os diagnósticos/prognósticos oferecidos são ineficientes, este trabalho torna-se válido,
uma vez que propõe elucidar essas questões e enfatizar novas formas de atuação já
propostas por alguns autores. Percebe-se que o dualismo cartesiano mente-corpo
continua ainda, com frequência, fundamentando as concepções, sobretudo da equipe
médica, a respeito das doenças psicossomáticas. Isso, por sua vez, acaba contribuindo
para uma preponderância do corpo em detrimento dos aspectos psíquicos, acarretando
em pacientes que aprendem a exprimir suas angústias por meio de discursos ligados às
manifestações dolorosas do corpo. Vários outros fatores podem influenciar nessa
valorização dos aspectos orgânicos da doença, tais como: precariedade dos serviços de
saúde ofertados; o próprio valor estigmatizado, compartilhado até mesmo pelo sujeito
em si, de um indivíduo que apresenta sofrimento psicológico; além das
hiperespecializações médicas, as quais culminam em uma fragmentação do indivíduo,
excluindo uma interpretação integral do mesmo. Em relação às dificuldades vivenciadas
na clínica psicanalítica, quando não há por parte do terapeuta uma abertura para adaptar
seus conhecimentos às demandas e particularidades de cada sujeito, torna-se inviável o
prosseguimento da terapia. No caso de pacientes psicossomáticos, o terapeuta se depara
com a ausência/dificuldade de simbolização, por parte dos pacientes, o que torna
necessária a utilização de novas condutas terapêuticas. Assim, Horn (2003) propõe que
o terapeuta deixe e demonstre se afetar pelas questões trazidas, reconhecendo ser ele
também um ser faltante e que vivencia frustrações. Dessa forma, o paciente irá notar
que suas ações tocam o outro, o que pode contribuir no seu reconhecimento como
sujeito, que está em contínua relação com o outro. Ora, tendo em vista que as
psicossomatizações são entendidas como fenômenos narcísicos, a percepção da
alteridade e do outro é essencial no processo terapêutico. Ademais, o autor salienta que
cabe ao terapeuta respeitar o tempo, muitas vezes, prolongado, necessário para o
estabelecimento de uma relação transferencial, além de assumir o papel de simbolizador
das vivências trazidas pelo indivíduo.
Palavras-chave: Pacientes psicossomáticos. Dualismo mente-corpo. Psicanalista
psicossomático.
REFERÊNCIAS
COELHO, C. L. S.; ÁVILA, L. A. Controvérsias sobre a somatização. Revista de
Psiquiatria Clínica. São Paulo, v. 34, n. 6, 2007.
HORN, A. Psicanálise em pacientes psicossomáticos.
<http://www.aetern.us/article55.html >. Acesso em: 07 nov. 2010.
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