Universidade do Porto Faculdade de Desporto O que é a Vigorexia? Vigorexia ou transtorno dismórfico muscular, ocorre quando o volume e a intensidade de exercício físico praticado por um indivíduo excede a sua capacidade de recuperação, e pode-se somar ao fato de apresentar uma auto-imagem um tanto distorcida, num quadro psicologicamente patológico. É um transtorno no qual as pessoas realizam práticas desportivas de forma contínua, com uma valorização praticamente religiosa (fanatismo) ou a tal ponto de exigir constantemente do seu corpo, sem se importar com eventuais consequências ou contra-indicações, mesmo medicamente orientadas. Foi primeiramente diagnosticada como um transtorno obsessivo compulsivo pelo médico Harrison Graham Pope Jr., professor de psicologia em Harvard que a nomeou de vigorexia ou Síndrome de Adônis (relacionando-a com o deus grego Adônis, de grande beleza física). Indivíduos acometidos desta síndrome são pessoas que mesmo fortes fisicamente, ao se visualizarem em espelhos, por exemplo, sentem-se fracos, de maneira similar aos acometidos de anorexia, que ao se visualizarem, consideram-se sempre gordos. Atinge indivíduos do predominantemente sexo masculino, mas também se evidencia em indivíduos do sexo feminino, e em ambos os casos, predominantemente associado a prática de musculação. Deve-se assim separar o quadro do indivíduo que é acometido de tal comportamento em dois grupos, ou quadros: o do indivíduo que pratica exercícios de qualquer tipo exageradamente (no que é relacionada intimamente ao termo overtraining - "sobre-treino"); do indivíduo que, além disso, jamais se contenta com seu volume corporal, com enfoque na massa/volume muscular. Exemplificando, um indivíduo pode ter obsessão pela prática de exercícios, como a corrida ou a natação, levando-o ao "sobre-treino" (overtraining), mas não apresentando uma obsessão pelo volume muscular, para o que inclusive exercícios aeróbicos são inadequados e improducentes. Psicologia da Educação 2010/2011 Universidade do Porto Faculdade de Desporto Por outro lado, os obcecados por volume muscular podem passar a se exercitar adequadamente com vistas ao volume muscular, mas somarem a excessiva ingestão de suplementos alimentares e mesmo anabolizantes de diversos tipos, além de outras substâncias com as mesmas finalidades. Tais indivíduos, além de perseguirem o volume muscular por todos os fins e com intensidade, passam também, correspondentemente, a apresentarem comportamento depressivo quando perdem volume muscular por algum motivo (uma infecção ou um acidente limitante do exercício ou alimentação, por exemplo). Os sintomas abaixo referem-se propriamente ao quadro de prática exagerada de exercícios: • Dores musculares persistentes; • Fadiga persistente; • Ritmo cardíaco elevado, em estado de repouso; • Maior susceptibilidade a infecções; • Maior incidência de lesões; • Irritabilidade; • Depressão; • Perda de motivação; • Insónias; • Perda de apetite; • Perda de peso; • Menor desempenho sexual. Com toda certeza, a Vigorexia é uma das mais recentes patologias emocionais estimuladas pela cultura, e nem foi ainda catalogada como doença específica pelos manuais de classificação. Está a nascer no seio de uma sociedade consumista, competitiva, frívola até certo ponto e onde o culto da imagem acaba por adquirir, praticamente, a categoria de religião. A Vigorexia causa problemas físicos e estéticos, como por exemplo, a desproporção displásica, também entre o corpo e cabeça, problemas ósseos e articulares devido ao peso excessivo, falta de agilidade e encurtamento de músculos e tendões. A situação agrava-se quando surge o consumo de esteróides e anabolizantes com o fim de conseguir "melhores resultados". O consumo destas substâncias aumenta o risco Psicologia da Educação 2010/2011 Universidade do Porto Faculdade de Desporto de doenças cardiovasculares, lesões hepáticas, disfunções sexuais, diminuição do tamanho dos testículos e maior propensão ao cancro da próstata. Emocionalmente, segundo estudos de Pope, a vigorexia pode ter como consequência que os pacientes se sintam fracassados e abandonem as suas actividades sociais, inclusive de trabalho, com o propósito de treinar e exercitar-se sem descanso. Costuma haver algum grau significativo de comprometimento social e/ou ocupacional nos pacientes portadores de vigorexia, e a sua qualidade de vida pode ser ainda agravada por procedimentos potencialmente dispendiosos, como tratamentos cirúrgicos e dermatológicos desnecessários. Referências Bibliográficas • http://pt.wikipedia.org/wiki/Vigorexia • http://gballone.sites.uol.com.br/alimentar/vigorexia.html • http://www.educacaofisica.com.br/noticias_mostrar.asp?id=4570 Psicologia da Educação 2010/2011