Reflexão nº. 45 O NATAL no ISLÃO

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«Acaso, não vos
prolongamos as vidas,
para que,
quem quisesse reflectir,
pudesse reflectir,
e não vos chegou
o admoestador?»
— (Alcorão, 35:37).
Reflexões Islâmicas — Ano I — nº. 45— 23.Dezembro.2013 / 20.Safar.1435
e-mail: [email protected]
sites: www.islao.pt / www.alfurqan.pt
O Natal ... no Islão
Coordenado por: M. Yiossuf Adamgy
Existem certas questões superficiais e simbólicas
que são incompatíveis com o Islão, mas outras não.
Entre as superficiais estão: o jogo (Lotaria de Natal), a
carne de porco e o álcool (brindes com champanhe).
No simbólico já teríamos que colocar-nos muitos
transcendentes para questionar aspectos como a divindade de Jesus, a paz esteja com ele, e a adequação
de comemorar o seu nascimento, especialmente
quando sabemos que é uma data herdada da festividade pagã do solstício de Inverno.
Belém, gruta onde Maria aleitava Jesus
Prezados Irmãos,
Assalamu Alaikum Wa ráhmatullahi Wa barakatuh:
Nesta época, entre alguns internautas muçulmanos
se suscita um debate recorrente a respeito de
celebrar ou não o Natal com a família, especialmente
entre aqueles que abraçaram o Islão na sua
maturidade ou os envolvidos de casamentos com
mulheres cristãs. As posições aqui, como em qualquer
outra ocasião onde os valores e as culturas se vêem
forçadas a conviver, são variadas e não há uma
resposta definitiva.
Se o Mawlid, ou a celebração do nascimento do
último Profeta do Islão, Muhammad [Maomé], paz e
bênçãos de Deus estejam com ele, é posta em questão por sectores islâmicos mais rigoristas tachando-a de
"idolátrica", a celebração do Natal por um muçulmano
seria considerada por eles como "apostasia".
Não existe, pois, tal coisa como o “Natal Muçulmano”, porque no Islão não celebramos nem o nascimento
de Jesus, nem o de qualquer Profeta ou Mensageiro
de Deus. (1) Isso não significa, todavia, que Jesus, filho
de Maria (Issa ibn Maryam, no Alcorão) não tenha
qualquer significado no Islão. Jesus é o Messias, a
palavra do Criador e um espírito proveniente d’Ele.
Mencionado, pelo menos vinte cinco vezes no
Alcorão, é tanto dos Muçulmanos como dos Cristãos. Os Muçulmanos acreditam nele, amam-no e
honram-no.
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Não se pode professar o Islão sem aceitar que o
Messias nasceu da Virgem Maria, é um Mensageiro
de Deus, devolveu a visão a cegos, curou leprosos e
ressuscitou mortos, por intermédio de Deus. Também o muçulmano aguarda a segunda vinda (2) de
Jesus (p.e.c.e.) como um prenúncio do Último Dia.
Para além destas considerações teológicas, o que
realmente nos deve preocupar é como eles interagem
com ambas as comunidades por ocasião de uma
celebração tão íntima, afectuosa como o Natal e os
dois Eids Islâmicos (o Eid al Fitr que finaliza o jejum
de Ramadão e Eid al Adha, a Festa do sacrifício).
Para começar, convém recordar a ambas as comunidades que o que se celebra no Natal aconteceu na
Palestina, há cerca de 2.000 anos e os seus
protagonistas não eram brancos, europeus, cristãos
e imperialistas, mas sim semitas que falavam aramaico, professavam o monoteísmo de Abraão e de
Moisés e viviam no Médio Oriente. Ou seja, que eles
tinham muito mais a ver com um palestino actual do que
com um Pai Natal.
Naquela época, Palestina também era uma terra
ocupada por um império pagão que reprimia com
vigor qualquer ameaça aos seus interesses hegemónicos na zona. A religião também era manipulada
pelos movimentos independentistas. Demasiadas
coincidências com a actualidade.
Talvez o Natal possa ser um lugar de encontro
entre cristãos e muçulmanos para reflectir sobre a
Palestina. E fazendo isso é, em suma, reflectir sobre a
humanidade, já que em 2.000 anos não temos sido
capazes de modelar esses desejos de paz e boa
vontade no mesmo cenário onde Jesus veio ao mundo e onde sofreu perseguição, expulsão e tortura.
Outro lugar-comum para ambas as comunidades é a
família. Acima de diferenças de credo ou de militância
política, estas festividades, como acontece nas celebrações muçulmanas, são uma oportunidade para reunirmo-nos com a família, amigos, vizinhos e colegas de
trabalho. Isso tem as bênçãos de ambas as religiões.
É uma oportunidade de compartilhar, estabelecer laços,
cooperar e desembaraçar as dificuldades para a coexistência; o extremismo segregacionista míope é
contrário a ambas as tradições, cristãs e muçulmanas.
Por conseguinte, se um muçulmano perguntar se é
lícito ou não que ele e os seus filhos celebrem o Natal
com os seus parentes cristãos, haveria de se responder: é recomendável e além disso, ele (esse muçul-
mano) deveria esforçar-se também por convidá-los
(aos parentes cristãos) para comemorar os dois
EIDS. É precisamente nas celebrações, ao esquecermos a amargura da vida e nos deleitarmos nas
suas doçuras, quando ficamos mais predispostos a
perdoar as ofensas, a ser generosos e a encurtar as
distâncias das nossas diferenças.
E quanto à preocupação a respeito da carne de porco
e do álcool, é simples: leve consigo algo de embutidos
halal, ou melhor ainda uma boa pescada, chá, alguns
torrões deliciosos e tâmaras que, pelo visto, essa
sobremesa fora inventada pelos muçulmanos.
E Deus é Quem sabe melhor.
Boas Festas ao Povo Cristão.
Wassalam! (E Paz!) ■
________________
(1) – Nenhum Profeta celebrou o seu nascimento. No
entanto, há povo que tem celebrado o nascimento do seu
respectivo Mensageiro, no sentido de recordar e transmitir a
sua vida e obra no cumprimento da sua missão. A partir do
séc. IX, alguns muçulmanos começaram a celebrar a
semana do nascimento do Profeta Muhammad [Maomé]
(p.e.c.e.) – Maulid-al Nabi – naturalmente uma inovação,
quiçá sadia, com palestras e colóquios alusivos à vida do
Profeta para recordar, reflectir, compartilhar e passar à
nova geração o melhor que há da tradição profética, o
amor em relação ao último Profeta enviado por Deus –
Muhammad (s.a.w.) – e em relação a todos os Profetas
anteriores (p.e.c.e.).
(2) - Ver o livro: «Jesus Regressará», da autoria de
Harun Yahya – edição portuguesa de Al Furqán.
No século XXI...a caminho de Belém
Caminhos de Natal...na Palestina - Desenho do Basnky
///
Quem não pretender continuar a receber estas reflexões,
por favor dê essa indicação
e retirarei o respectivo endereço desta lista.
Obrigado, boas leituras.
M. Yiossuf Adamgy
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Maria, Jesus e Natal
no Islão
Maria, Jesus e Natal
no Islão
Sinopse:
O desconhecimento do Islão que predomina no
Ocidente contém muitas arestas e preconceitos, e
um deles é referido ao respeito e veneração que
os muçulmanos sentem pelas personagens de
Jesus e sua mãe Maria, paz esteja com eles.
A mais antiga representação de Maria, do século II d.C.,
nas catacumbas de Priscila
Coord. por:
M. Yiossuf Adamgy
Cremos que trazer luz sobre este ponto, mostrar
como o Islão concebe o Messias Jesus, permitirá
ao leitor cristão superar mui antigos preconceitos
e compreender quão próximo estão os muçulmanos de sua fé.
Desde logo há diferenças, como se verá, entre a
imagem que muçulmanos e cristãos têm de Jesus
e Maria, paz esteja com eles, mas estas discrepâncias não representam a essência da Mensagem do Messias, e correspondem mais às
opiniões que os homens promulgaram como
dogmas, ao longo dos séculos.
Não há dúvida de que, de todas as religiões que existem no mundo, é no Cristianismo e no Islão, onde a
Virgem Maria é venerada com maior esplendor.
A diversidade de religiões não deve levar à separação e à hostilidade entre os seres humanos, nem entre
os Livros revelados, nem entre os Profetas. Todas as crenças encerram em si a mesma sabedoria: a sua
essência é o amor e o temor a Deus, assim como a tolerância.■
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Livro com:
Páginas: 100 — Formato: 20X 14 cm. — Preço: 6,00 € (c/Iva)
Poderá adquirir esta obra na Mesquita de Lisboa (às Sextas-Feiras),
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