Nota Técnica Sobre o Manejo de Primatas Não Humanos

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CENTRO ESTADUAL DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE
VIGILÂNCIA AMBIENTAL EM SAÚDE
NOTA TÉCNICA SOBRE O MANEJO DE PRIMATAS NÃO HUMANOS NO
PROGRAMA DE FEBRE AMARELA
A febre amarela é uma arbovirose, ou seja, doença causada por um
vírus transmitido por artrópodos. Nas Américas, os vetores mais importantes
são mosquitos pertencentes aos gêneros Haemagogus e Sabethes. No Rio
Grande do Sul, o vírus é transmitido por Haemagogus leucocelaenus, espécie
nativa, amplamente distribuída em ambientes silvestres do Estado e por isso
não passível de controle.
A febre amarela é um agravo que afeta os animais e o Homem, que tem
em seu ciclo silvestre, os Primatas Não Humanos (PNH) como principais
hospedeiros. No Rio Grande do Sul existem 03 espécies de PNH: Cebus sp.
(macaco-prego), Alouatta caraya (bugio-preto) e Alouatta guariba clamitans
(bugio-ruivo). As espécies do gênero Alouatta são mais suscetíveis ao vírus
amarílico, o qual causa grande mortalidade nestes animais.
As espécies de PNH são sentinelas da circulação do vírus causador da
febre amarela, uma vez que a mortalidade (epizootia) destes animais pode
indicar a presença do vírus em uma determinada região.
As Epizootias podem preceder a ocorrência de doenças em humano. As
Epizootias
em
PNH,
bem
como
outras
epizootias
de
importância
epidemiológica, tornaram-se de notificação imediata a partir da Portaria Nº 5,
de 21 de fevereiro de 2006, da Secretaria de Vigilância em Saúde, do
Ministério da Saúde, a qual inclui doenças na relação nacional de notificação
compulsória e define doenças de notificação imediata. A partir da necessidade
de notificação imediata, os profissionais de saúde têm que fazer uso da ficha
de notificação de epizootia (anexo 1) sempre que tomarem conhecimento da
morte de PNH.
Desde outubro de 2008, vem ocorrendo epizootias de PNH por febre
amarela em grande parte do Estado, em proporções que, muito provavelmente
podem comprometer a distribuição e abundância das espécies de bugios.
Diante da grande demanda aos serviços de vigilância em saúde gerada
por esse cenário, cabem alguns esclarecimentos a cerca do manejo e
procedimentos em PNH para a vigilância e identificação da febre amarela no
Estado do Rio Grande do Sul.
1) ANIMAIS VIVOS APARENTEMENTE SAUDÁVEIS
A presença de bugios em uma determinada região não significa risco
para febre amarela, no entanto cabe as autoridades sanitárias municipais a
descoberta e o registro das populações de PNH contando com ajuda das
populações humanas que vivem em áreas rurais. Convém lembrar que a
captura e manejo de qualquer animal da fauna silvestre, necessita de
autorização prévia das autoridades competentes.
2) ANIMAIS VIVOS APARENTEMENTE DOENTES OU MORIBUNDOS
Quando se tratar de um ou mais animais com sinais clínicos de doença
(animais encontrados no solo, apáticos e sem reações) avisar a secretaria de
saúde municipal para realizar investigação. Caso ocorra a morte de um ou mais
animais, coletar material para envio ao laboratório, preencher a ficha de
notificação de epizootia da forma mais completa possível e notificar a epizootia.
De maneira nenhuma capturar e remover estes animais, sob o risco de
distribuir um patógeno para outras regiões.
A decisão sobre a eutanásia de animais doentes fica a critério do médico
veterinário, quando se tratar de animais que possam colocar em risco a saúde
humana e/ou animal ou para abreviar o sofrimento do animal doente, seguindo
os protocolos próprios e em conformidade com preceitos legais.
3) ANIMAIS MORTOS
Recomenda-se que PNH encontrados mortos ou doentes não sejam
removidos para outro lugar, sobretudo para áreas com grande densidade
populacional. Todos os procedimentos que se façam necessários, incluindo
coleta de material para envio ao laboratório, devem ser realizados no local.
Dependendo da situação encontrada no campo, pode-se adotar
diferentes estratégias de ação:
a) Somente a ossada – não colher material, preencher a ficha de notificação de
epizootia.
b) Estado de putrefação - não colher material, preencher a ficha de notificação
de epizootia.
c) Animal recém morto (em torno de 8 horas) – coletar material e preencher a
ficha de notificação de epizootia. A coleta de material deve ser feita em
laboratório montado no campo, utilizando EPIs (luva, avental e máscara). Após
o término dos procedimentos enterrar a carcaça no mesmo local onde foi
encontrada.
4) COLETA E CONSERVAÇÃO DAS AMOSTRAS
A febre amarela pode ser detectada por vários testes laboratoriais, que
dependem do tipo de amostra coletada e do meio de preservação usado.
a) Isolamento Viral
Material - sangue total –1mL
Preservação- em tubos criogênicos e conservado em nitrogênio líquido.
Material - vísceras - fígado, baço, rim, coração e pulmão.
Tamanho das amostras – fragmentos de cerca de 0,5 cm x 1 cm.
Preservação – separadas em tubos criogênicos conservadas em nitrogênio líquido.
b) Detecção de Anticorpos
Material - soro - 1 mL. Soro pode ser obtido por centrifugação ou decantação
(separação natural do glóbulos vermelhos por coagulação).
Preservação - em tubos criogênicos e conservado em nitrogênio líquido ou refrigerado.
c) Histopatologia e Imuno-Histoquímica
Material- vísceras - fígado, baço, rim, coração e pulmão.
Tamanho das amostras – cerca de 0,5 cm x 1 cm.
Preservação – todas no mesmo recipiente (pool de vísceras), conservadas em formol
(concentração de 10%) em frasco de 50 mL hermeticamente fechado. IMPORTANTE:
As amostras em formol não podem ser congeladas ou resfriadas, manter a
temperatura ambiente.
O material coletado e devidamente identificado, bem como a ficha de notificação de
epizootia, devem ser encaminhados para o endereço:
Centro Estadual de Vigilância em Saúde
Domingos Crescêncio, 132 – Sala 207
CEP: 90650-090
Santana - Porto Alegre
Maiores informações:
[email protected]
Telefone: (51) 3901-1114
Fax:
(51) 3901-1076
ANEXO 01
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