Políticas Públicas na UFSM: o papel do ÂNIMA enquanto apoio ao

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POLÍTICAS PÚBLICAS NA UFSM:
O PAPEL DO ÂNIMA ENQUANTO APOIO AO
ESTUDANTE UNIVERSITÁRIO
Autor: Ana Paula Bellochio Thones (Universidade Federal de Santa Maria)
Co-autores: Alana Claudia Mohr (Universidade Federal de Santa Maria)
Camila Fleck dos Santos (Universidade Federal de Santa Maria)
Carmen Maria França da Silva (Universidade Federal de Santa Maria)
Magda Schmidt (Universidade Federal de Santa Maria)
Cássia Klein Severo (Universidade Federal de Santa Maria)
Moira Poema Closs (Universidade Federal de Santa Maria)
Luciane Leorato Pozobon (Universidade Federal de Santa Maria)
Ao ingressarem no ensino superior, os estudantes universitários enfrentam diversas
mudanças, como o diferente sistema de ensino e a exigência de maior autonomia de
estudos. Desse modo, a Universidade Federal de Santa Maria, preocupada com estas
questões e com suas conseqüências para a formação pessoal e profissional de seu corpo
discente, disponibiliza o Núcleo de Apoio ao Estudante da UFSM (Ânima) como uma
forma de auxílio aos estudantes. O Ânima configura-se como um espaço de intervenção
e apoio psicológico e psicopedagógico aos alunos da UFSM, representando um direito
que é garantido pelas políticas públicas relativas à educação superior. A partir disso, o
presente trabalho apresenta o Ânima e a sua relação com as políticas públicas de
assistência estudantil. Deste modo, pretende-se também com esse texto explicitar as
vantagens de um núcleo dentro da universidade, o qual possa dar assistência aos seus
discentes, contribuindo para a o desenvolvimento pessoal e profissional dos mesmos.
Palavras-chave: políticas públicas, ensino superior, apoio discente.
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INTRODUÇÃO
Para assegurar a vida estudantil dos brasileiros, a Constituição Federal de 1988
orienta a educação como um dever do Estado e da Família (art. 205, caput) e tem como
princípio a igualdade de condições de acesso e permanência na escola. O acesso e a
permanência dos alunos no ensino superior têm sido foco de uma preocupação
constante do Governo Federal, o qual busca, através de políticas públicas, a criação de
leis que abranjam ações em diversas áreas de assistência estudantil que cooperem na
questão da permanência dos estudantes no ensino superior.
Nesse sentido, O Plano Nacional de Educação (PNE), em seu capítulo sobre a
Educação Superior, prevê como uma das metas para auxílio à educação a criação de
políticas que facilitem às minorias, as quais são vítimas de discriminação, o acesso à
educação superior, através de programas que minimizem as desigualdades sóciocognitivas e emocionais.
Também o Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das
Universidades Federais lançado pelo Governo Federal em abril de 2007, dá conta de
“dotar as universidades federais das condições necessárias para ampliação do acesso e
permanência na educação superior”. (BRASIL, 2007).
Assim, segundo as diretrizes do referido Programa, entende-se que as
universidades precisam assegurar que a reestruturação e expansão programada sejam
realizadas com garantia de qualidade acadêmica, abarcando a renovação pedagógica da
educação superior com a oferta de formação e apoio pedagógico aos docentes. Também
exige o compromisso social da Instituição com a política de inclusão e os programas de
assistência estudantil com a disponibilidade de mecanismos de inclusão social a fim de
garantir igualdade de oportunidades de acesso e permanência na universidade pública a
todos os cidadãos.
Da mesma forma, o Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAES),
aprovado pelo MEC (Ministério da Educação) no ano de 2007, visa a garantia de ações
a favor da assistência estudantil e tem como objetivos, dentre algumas perspectivas, a
permanência do universitário na instituição de ensino superior, a melhoria do
desempenho acadêmico e a qualidade de vida.
Estes objetivos são conseguidos e
concretizados em diversas áreas estratégicas, tais como: moradia estudantil,
alimentação, transporte, assistência à saúde, inclusão digital, cultura, esporte, apoio
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pedagógico e lazer.
Alves (2002) define que a principal finalidade desta política é "prover os
recursos necessários para transposição dos obstáculos e superação dos impedimentos ao
bom desempenho acadêmico" (ALVES, 2002 s/p). Desta maneira, o PNAES prevê
como medida necessária a criação de núcleos de apoio pedagógico aos discentes, que
devem auxiliar o estudante em sua trajetória acadêmica.
Também o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES), o
qual avalia as instituições públicas, e baliza a qualidade do ensino e os recursos
orçamentários destinados a cada instituição, utiliza, dentre outros aspectos, a
averiguação da existência ou não de pessoal qualificado para orientar e acompanhar os
discentes que apresentam problemas que afetam a aprendizagem, considerando,
também, as atividades desenvolvidas pelo pessoal qualificado, com vista à prevenção.
Ciente da importância e do dever de cumprir as exigências legislativas em
relação à atenção a seu corpo discente, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
sempre buscou a implementação de programas que favoreçam o acesso e a permanência
do estudante ao ensino superior. Assim, a instituição, instituiu em 2007 o Programa de
Ações Afirmativas de Inclusão Racial e Social (Resolução 011/07,) que preconiza a
democratização do acesso e permanência, em seus quadros, das populações em situação
de desvantagem social e étnico-racial e visa a implementação de acompanhamento e de
apoio sociopedagógico dos estudantes coordenado por comissão constituída
especificamente para esse fim.
Além disso, e em conseqüência, a Universidade Federal de Santa Maria dispõe
do Núcleo de Apoio aos Estudantes da UFSM – Ânima. Este se configura como um
espaço de acolhimento e assistência estudantil, prestando atendimento psicológico e
psicopedagógico a quem do corpo discente tiver interesse ou necessidade. Participam do
Anima universitários de diferentes níveis e origens sociais, tendo ingressado pelo
sistema de cotas ou não. Ademais, o Ânima também se caracteriza como um espaço de
pesquisa e produção científica.
Assim, o presente trabalho pretende discorrer a cerca das atividades do Núcleo
de Apoio ao Estudante da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Ânima. Do
mesmo modo, busca-se enfatizar a relevância de núcleos de apoio ao discente dentro
das instituições de ensino superior, uma vez que tais núcleos atuam a favor da
prevenção de problemas estudantis, além de atenuar possíveis dificuldades de adaptação
do aluno à vida acadêmica e ao seu processo de ensino-aprendizagem.
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CONTEXTUALIZAÇÃO DO JOVEM UNIVERSITÁRIO
A transição do jovem do ensino médio para o ensino superior envolve muitas
mudanças. Na universidade, os discentes passam a integrar um novo contexto, tendo
que fazer parte de novos grupos. O jovem ainda nesta passagem percebe a necessidade
de se familiarizar com o diferente sistema de ensino, com a maior autonomia de estudos
exigidos pelo ensino superior e com as avaliações diferenciadas. Ou seja, o discente, ao
adentrar o ensino superior, passará por um processo complexo que exigirá dele a adoção
de uma nova postura perante os estudos e perante a sociedade.
Conforme Teixeira (2008), a saída da casa dos pais, nesse momento de transição,
é também um importante marco para esse aluno. Ao deixar sua família de origem com o
intuito de estudar em outra cidade, o aluno passa, ao mesmo tempo, por uma
experiência difícil, mas também significativa em virtude da independência conquistada.
Esta independência acompanha a saída da casa dos pais e a entrada na universidade,
exigindo do universitário novas responsabilidades, tanto no que se refere às atividades
no âmbito pessoal, tais como tomar decisões importantes, cujas conseqüências precisará
enfrentar sozinho. No âmbito acadêmico será exigida a organização e a autonomia em
relação à rotina das aulas e dos estudos, cabendo ao aluno decidir sobre quais serão as
outras atividades para além da sala de aula que ele irá realizar.
A este contexto do ensino superior, muitos alunos conseguem se adaptar e se
desenvolver com mais facilidade, descobrindo e construindo sua independência, e, nos
momentos em que estão em situação de maior dificuldade, buscam sozinhos por
alternativas e encontram caminhos para superá-la. No entanto, isso não ocorre com
todos os estudantes, pois alguns se sentem inseguros e sobrecarregados, entrando em
conflito frente ao seu novo papel dentro da Instituição.
O universitário está em pleno processo de formação, não só no que se refere à
formação profissional, mas também de identidade e pessoal. Portanto, a universidade
acaba sendo um ambiente que influencia os aspectos intrapessoais (capacidades inatas
do indivíduo e as características adquiridas da personalidade) e interpessoais
(identificação com outras pessoas). (SCHOEN-FERREIRA, AZNAR-FARIAS e
SILVARES, 2003).
No que se refere aos fatores intrapessoais, Polydoro e Primi (2003) observam que
nem todos os sujeitos reagem da mesma forma quando se deparam com adversidades.
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Enquanto alguns vivenciam estas adversidades de forma mais positiva e saudável,
outros têm a tendência de experimentar essas adversidades de maneira mais negativa, as
quais acabam resultando, muitas vezes, em problemas emocionais, físicos e/ou sociais.
(CASSOL, ANTONI, 2006; POZOBON, 2005, ALBERTI, 2008).
Alberti (2008) concorda, mencionando que muitos jovens, ao se depararem com
situações difíceis, descobrem que não se encontram preparados para fazer escolhas e,
consequentemente, superar a crise, situação que resulta num sofrimento psíquico e
muitas vezes acarreta estresse e ansiedade.
Consoante com a relevância das relações pessoais para o jovem universitário,
Almeida e Soares (2003) afirmam que as relações interpessoais contribuem para a
formação de uma identidade madura, para a aceitação e o aumento às diferenças
individuais e a capacidade de estabelecer relações íntimas saudáveis, uma vez que o
estabelecimento destas faz parte do desenvolvimento psicossocial do universitário. Do
mesmo modo, Zimerman (1997) coloca que os jovens têm a tendência de se agruparem,
pois, dessa maneira, sentem-se menos propensos a críticas dos outros, confiam mais nos
valores dos pares, diluem sentimentos de vergonha, de medo, de culpa e de
inferioridade, acabando por reassegurar sua auto-estima através da imagem que os
outros lhe remetem.
Alberti (2008) coloca também que nessa etapa de vida do jovem universitário
pode ocorrer, em muitos, uma maior dificuldade de concentração e organização dos
pensamentos de maneira lógica. Devido a esse fator, os alunos ficam propensos a fácil
distração e a deterioração do desempenho em atividades de estudo, o que pode acabar
acarretando, assim, prejuízo ao seu bom desenvolvimento enquanto discente.
Esses fatores que envolvem a entrada e adaptação na universidade influenciam
diretamente na aprendizagem do aluno e na sua postura como estudante. Sendo assim,
muitos alunos, por não terem condições de superar os conflitos, acabam por evadir do
curso ou ter um rendimento muito baixo.
A UFSM E O ÂNIMA DENTRO DESTE CONTEXTO
A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) está localizada na cidade de
Santa Maria (290 km de Porto Alegre) no interior do estado do Rio Grande do Sul. Pelo
fato da sua localização ser no centro do estado e de se constituir como uma instituição
federal de ensino superior que oferece graduação, ensino médio, tecnológico, tecnólogo,
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e pós-graduação, ela recebe muitos jovens de várias regiões do RS e do país que acabam
precisando fixar residência em Santa Maria.
A UFSM, desde sua criação, em 1960, esteve preocupada com as questões de
assistência psicopedagógica e psicológica à comunidade universitária. Dessa maneira,
no ano de 1975, foi criado o Serviço de Orientação Educacional (SOE). Este
apresentava como lema “Conhecer e Orientar, Assistir e Aconselhar”. Ao longo dos
anos, o SOE passou por diversas reestruturações, tendo sempre como foco o ensino, a
aprendizagem e a adaptação do estudante ao ensino superior.
Em 1999, o serviço passou a ser denominado como Núcleo de Apoio ao
Estudante – o atual Ânima. Este passou a ter como objetivos: oferecer condições para o
aperfeiçoamento dos aspectos intra e interpessoais de seus alunos; auxiliar os alunos na
busca de alternativas aos problemas pessoais e acadêmicos; atuar nos processos de
ensino e aprendizagem; e averiguar problemas e/ou dificuldades que impeçam a
permanência do estudante no seu curso. Dessa forma, o núcleo disponibiliza
atendimento psicológico e psicopedagógico, configurando-se também como um espaço
de pesquisa, ensino e extensão. Assim, o Anima pode ser compreendido como um lugar
que busca fornecer orientação, apoio e supervisão aos estudantes da UFSM, reduzindo,
assim, possíveis ou prováveis danos psíquicos e educacionais do discente.
Em relação à procura pelo serviço, a mesma ocorre de maneira espontânea ou
por encaminhamentos provenientes do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM)
ou Coordenações de curso. O aluno se dirige até o Núcleo de Apoio, que está localizado
no Centro de Educação da universidade, preenche uma ficha contendo dados pessoais,
contato e solicitação do atendimento desejado, pedagógico ou psicológico. Feito esse
procedimento, ele aguarda para posterior contato e agendamento com um dos
profissionais do Núcleo. O acompanhamento é realizado com base nos pressupostos de
um trabalho breve e focal, sendo que os atendimentos são semanais e têm duração de
aproximadamente um semestre.
O Ânima atua também como um espaço de esclarecimento aos professores, os
quais muitas vezes se preocupam com os estudantes ou precisam estar cientes dos
problemas decorrentes das mudanças que os alunos sofrem ao ingressar na
universidade, tanto no âmbito acadêmico quanto pessoal. Leva-se em consideração que
a relação professor-aluno também influencia no desenvolvimento do aluno, podendo
acarretar problemas tanto de ordem pessoal quanto didática.
Silva e Polentz (2008) colocam a seguinte questão:
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Quando um aluno sabe que pode contar com um espaço que dispõe de equipe
especializada nas áreas pessoal, social e pedagógica para orientá-lo em suas
necessidades, cria-se um vinculo interativo que se estende para além dele,
alcançando a estrutura da própria Universidade. (SILVA e POLENTZ, 2008,
p. 180)
A partir da colocação das autoras, percebe-se a importância de um atendimento
especializado para acolher e orientar o discente. Pois, a partir do vigor da Resolução
011/07, que institui o ingresso das pessoas consideradas “excluídas”, ou os chamados
“grupos das minorias”, através das ações afirmativas, percebe-se a necessidade de se
repensar não somente no acesso, mas sim na permanência destes alunos no ensino
superior. Assim percebe-se que, com esta resolução, surgiram maiores preocupações em
relação às necessidades do aluno dentro do ensino superior. Muito se questiona sobre o
que precisa ainda ser implementado e modificado para que, além de acesso de forma
satisfatória, também se obtenha um ensino de qualidade a todos. A seguir, será abordada
mais especificamente a função da psicopedagogia e da psicologia dentro do núcleo,
ressaltando a importância de ambas para garantir a estabilidade do discente dentro da
universidade.
O SERVIÇO DE PSICOPEDAGOGIA
A psicopedagogia no Ânima atua levando em consideração que, muitas vezes, os
alunos, ao ingressarem no ensino superior, já trazem consigo deficiências provenientes
do ensino básico. Estas são descritas por Saravali (2005) como problemas com leitura e
escrita, dificuldades de interpretação e produção de textos, dificuldades de ordenar e
refletir idéias, de produzir opinião e argumentar, e problemas com raciocínio lógicomatemático. Estas deficiências podem afetar negativamente o desenvolvimento normal
e positivo do estudante, acarretando em dificuldades de adaptação às metodologias
propostas pela instituição, as quais irão exigir que o aluno domine as capacidades
descritas acima, dependendo do curso escolhido.
Para Costas (2007), o trabalho desenvolvido em Psicopedagogia
[...] pressupõe o conhecer interdisciplinar que fundamenta o processo de
aprendizagem humana, com vistas a uma ação abrangente para prevenir,
minimizar, solucionar as dificuldades na aprendizagem, sendo o processo de
aprendizagem humana a finalidade do agir psicopedagógico. (COSTAS, 2007,
p. 53)
Desta forma, o trabalho psicopedagógico no núcleo busca a superação das
dificuldades encontradas pelos estudantes devido a suas deficiências provenientes dos
anos escolares, levando-o à compreensão de todos os processos que estão envolvidos no
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ato de aprender. Este ato abrange, assim, os aspectos referentes à auto-estima, cognição,
personalidade e relações interpessoais, já que muitas das dificuldades estudantis advêm
de alguns desses fatores, ou de sua associação, o que leva a interferir diretamente no
desempenho acadêmico do estudante.
Assim, o psicopedagogo orienta o aluno quanto a sua forma de estudar, o local
de estudo, as estratégias que poderão ser utilizada para aprender, possibilitando o
entendimento e descoberta do seu próprio estilo de aprendizagem. Quando necessário, o
psicopedagogo pode entrar em contato com os professores, a fim de estabelecer um
diálogo sobre o que está acontecendo com o aluno em sala de aula e com seu
rendimento acadêmico. Esse contato tem o objetivo de troca de saberes entre o
professor e o psicopedagogo, além de servir como esclarecimento a cerca do processo
de ensino-aprendizagem, no qual estão envolvidos professor e aluno.
Weiss (1991 apud CAMPOS, 2008, p 212) coloca que cabe à escola conhecer o
modelo de aprendizagem de cada aluno para poder ampliá-lo ou reformulá-lo, devendo
isso acontecer também no ensino superior. Dessa forma, os professores universitários
devem também se preocupar em conhecer como se processa a aprendizagem de seus
alunos, pois muitas dificuldades podem ser trabalhadas no momento em que os
professores conhecem as situações vividas pelos alunos nessa etapa de ensino, nesse
período de transição da adolescência para a vida adulta.
O SERVIÇO DE PSICOLOGIA
O núcleo também oferece o serviço de atendimento psicológico. Este tem como
objetivo acolher o aluno nas suas dificuldades pessoais, pois as mesmas podem estar
afetando os estudos e a relação com colegas e professores. Da mesma sorte, a atuação
do psicólogo nos processos de ensino-aprendizagem é indispensável para que os alunos
obtenham sucesso nas interações que ele deve estar apto a realizar na fase da vida em
que ele se encontra.
Sendo assim, o atendimento psicológico, como o psicopedagógico, também tem
por finalidade a prevenção, ou seja, trabalha com o aluno com o objetivo de (além de
outros) evitar que os problemas pessoais atrapalhem o bom desempenho acadêmico do
aluno. Este bom desempenho acadêmico só pode ser alcançado se o estudante estiver
com uma boa visão de si mesmo e daquilo que deseja. Dessa forma, esse atendimento
oferecido no Ânima auxilia o aluno a aproveitar da melhor forma possível sua formação
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acadêmica e sua trajetória no ensino superior, a qual é um marco em sua vida como um
todo. (Silva, 2005, p. 206)
Em relação ao modo de intervir dos atendimentos psicológicos, os mesmos são
realizados através de intervenções breves e focais. Estas intervenções possibilitam ao
aluno o manejo de crises e de dificuldades de sua vida.
Além disso, as mesmas
auxiliam o aluno no enfretamento dos problemas que surgem ao ingressar na
universidade.
O ÂNIMA NO CONTEXTO DA UFSM: 10 ANOS DE HISTÓRIA
Ao longo de dez anos de existência do Anima, foram contabilizados mais de
setecentos (700) alunos atendidos. Nas avaliações dos alunos em relação ao
atendimento e nas próprias avaliações de toda equipe responsável pelo serviço,
constata-se que muitos dos alunos, se não tivessem recebido o apoio do núcleo, não
teriam condições de prosseguir os estudos na universidade.
De acordo com Levenfus (1997), em virtude dos fatores que influenciam na saúde
emocional e acadêmica dos estudantes universitários, é de fundamental importância que
os alunos tenham acesso a um serviço de acompanhamento dentro de sua instituição,
uma vez que esses fatores podem acarretar evasão e retenção nos cursos, gerando
prejuízos tanto pessoais quanto para própria instituição em quesitos de formação e
qualidade de seu corpo discente. Noto (1998) refere que esse acompanhamento faz com
que o desgaste do aluno possivelmente diminua, o liberando para investir sua energia,
sua atenção, seus interesses na formação profissional na qual ele está investindo e se
propondo a completar.
Neste sentido, é importante ressaltar que o trabalho realizado dentro das
instituições de ensino superior, no caso da Universidade Federal de Santa Maria/RS, no
sentido de acolher e orientar o corpo discente, é um espaço propício para a
implementação de políticas públicas de prevenção e intervenção em crises, reduzindo,
assim, prováveis danos psíquicos e educacionais. É necessário que haja a consolidação
de tais serviços como espaços cada vez mais presentes dentro das instituições, assim
como é preciso sensibilizar os gestores para importância dos mesmos na vida acadêmica
dos universitários.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Levando em consideração os desafios com os quais o jovem universitário se
depara ao precisar realizar escolhas, reformular conceitos e valores, organizar-se diante
de uma metodologia diferenciada de ensino, se preparar para o mercado de trabalho, é
presumível que possa necessitar de apoio tanto psicológico como pedagógico. Esse
apoio tornará possível uma formação integral do aluno, pois não terá seus estudos
prejudicados por conta de questões pessoais, familiares, emocionais ou propriamente de
aprendizagem.
Dessa forma, a partir das questões discutidas no decorrer do texto, é importante
salientar que para que o estudante se desenvolva academicamente é necessário associar,
à qualidade do ensino ministrado, uma política efetiva de investimento em assistência, a
fim de atender às necessidades básicas de saúde, esporte, cultura, lazer, inclusão digital,
transporte, apoio acadêmico entre outras condições como preconiza as políticas públicas
nesse sentido.
Assim, pode-se dizer que, genericamente, as políticas públicas de assistência aos
alunos devem ser entendidas também como um espaço de ações educativas e de
construção do conhecimento, e consideradas, no plano institucional-orçamentário das
universidades, uma questão de investimento, garantindo recursos para a sua execução. É
preciso que os gestores se sensibilizem e se conscientizem que a assistência estudantil
passa também pelo apoio psicológico e psicopedagógico, o qual interfere na atenção à
saúde como um todo, compreendendo o aluno integralmente.
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