SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA – SOBRATI MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM TERAPIA INTENSIVA ANDRÉA MAZZA BELIERO Fisioterapia Intensiva e Terminalidade: assistência em Cuidados Paliativos SÃO PAULO 2013 ANDRÉA MAZZA BELIERO Fisioterapia Intensiva e Terminalidade: assistência em Cuidados Paliativos Artigo apresentado à Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva-SOBRATI, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Terapia Intensiva Orientador: Prof. Dr. Douglas Ferrari Co-orientadores: Prof. Dr. Rodrigo Tadine Prof. Dr. Tarciso Cunha SÃO PAULO 2013 Andréa Mazza Beliero Fisioterapia Intensiva e Terminalidade: assistência em Cuidados Paliativos Este artigo de mestrado foi julgado adequado e faz parte dos requisitos para obtenção do grau de Mestre em Terapia Intensiva pela Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva – SOBRATI. Aprovado em _____de___________ de ________. BANCA EXAMINADORA ___________________________________________ Prof. Dr. Douglas Ferrari. Presidente da Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva - SOBRATI (Orientador) _____________________________________________ Prof. Dr. Rodrigo Tadine Professor da Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva - SOBRATI (Co-orientador) ______________________________________________ Prof. Tarciso Cunha Professor da Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva - SOBRATI (Co- orientador) DEDICATÓRIA Dedico este artigo à Deus. À Ele pertence a vida e a morte. Somente à Ele toda honra, majestade, poder, louvor e glória para todo o sempre. AGRADECIMENTOS À DEUS, sempre. Reconhecendo que tudo vem Dele, é por meio Dele e para Ele. Ao meu amado esposo Alexei Beliero, pela paciência, apoio, dedicação, compreensão e fé desde o início desse projeto. Às minhas filhas Giovanna, Giulia e Mariana, por serem minha alegria, esperança e estímulo todos os dias, aceitando e compreendendo os momentos de ausência física e silêncio. Todo o meu amor à vocês três. À minha mãe Jeanne Mazza, pelo exemplo de profissionalismo, força e perseverança na vida e pela forma de educar, sempre amorosa, dedicada às minhas filhas. Meu obrigada eternamente! À minha irmã Profa. Dra. Amanda Mazza, pessoa em que me espelho sempre, por sua inteligência, ética, dedicação e esforço em busca de seus objetivos. Ao Prof. Dr. Douglas Ferrari, Prof. Rodrigo Tadine e Prof. Tarciso Cunha, pelo apoio, disponibilidade e troca de conhecimentos durante o período do mestrado. À SOBRATI- Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva, pela oportunidade de realização desse Mestrado e a seus funcionários, pelo apoio prestado durante o curso, em especial à secretaria, e aos professores Márcio e Peron, pela paciência e cordialidade de sempre. Aos colegas de profissão, de sala de aula e aos pacientes, meu muito obrigada. FISIOTERAPIA INTENSIVA E TERMINALIDADE: ASSISTÊNCIA EM CUIDADOS PALIATIVOS INTENSIVE PHYSIOTHERAPY AND TERMINALITY: ASSISTANCE IN PALLIATIVE CARE Andréa Mazza Beliero1 Prof. Dr. Douglas Ferrari2 Prof.Dr.Rodrigo Tadine3 Prof. Tarciso Cunha4 RESUMO Sabe-se que a medicina intensiva se destina a diagnosticar, tratar e manter doentes em iminente risco de morte, porém potencialmente reversíveis. Entretanto, a tecnologia e os avanços da ciência, têm tornando as Unidades de Terapia Intensiva locais de alta concentração de pacientes críticos e/ou com doenças crônico degenerativas em evolução. Esta realidade tem desafiado o Fisioterapeuta intensivista na tomada de decisão da terapêutica envolvendo o binômio vida/morte, e fazendo surgir questionamentos a respeito do tipo de paciente e de terapia, momento adequado, assistência prestada e limitação desta. Através dos Cuidados Paliativos, objetiva-se prestar a melhor assistência possível ao doente e a seus familiares, abrangendo a prevenção, identificação e tratamento precoce dos sintomas de sofrimento físico, psíquico, espiritual e social, respeitando os princípios éticos, legais e promovendo a morte humanizada e digna, no momento em que ocorrer. Trata-se de uma revisão de literatura baseada em artigos publicados em periódicos científicos indexados nas bases de dados da MEDLINE, LILACS, BVS e BIREME, abrangendo publicações no período de 2000 a 2013, bem como consultas a livros e manuais que abordassem o tema em discussão, com o objetivo de identificar e analisar artigos sobre Cuidados Paliativos e Terminalidade, enfatizando a assistência prestada pelo Fisioterapeuta intensivista a pacientes adultos internados em UTI. A estratégica de busca foi por palavras-chave: CUIDADOS PALIATIVOS; UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA; CUIDADOS PALIATIVOS EM TERAPIA INTENSIVA, FISIOTERAPIA INTENSIVA e TERMINALIDADE. Pretende-se, dessa forma, colaborar para melhoria na qualidade na assistência fisioterapêutica prestada, baseada em intervenções humanizadas, que permitirão oferecer uma abordagem contínua e integral ao doente e à familia, incorporando os conceitos de cuidar, assistir, envolver-se e tocar ao tratamento intensivo já utilizado. PALAVRAS-CHAVE: CUIDADOS PALIATIVOS. Unidade de Terapia Intensiva. Cuidados Paliativos em Terapia Intensiva. Fisioterapia Intensiva e Terminalidade. ABSTRACT It is known that intensive medicine intended to diagnose, treat and maintain patients at imminent risk of death, but potentially reversible. However, technology and scientific advances, have become the Intensive Care Units local high concentration of critical patients and / or chronic degenerative evolution. This reality has challenged the physiotherapist intensivist in making treatment decisions involving the binomial life / death, giving rise to questions about the type of patient and therapy, when appropriate, assistance and this limitation. Through Palliative Care, we aim to provide the best possible care to patients and their families, including prevention, early identification and treatment of symptoms of physical, psychological, spiritual and social, respecting the ethical, legal and promoting humane death and dignified, when it occurs. This is a literature review based on articles published in journals indexed in the databases of MEDLINE, LILACS, and BVS and BIREME publications covering the period 2000-2013, as well as consultations with books and manuals about the theme in discussion, in order to identify and analyze articles about Palliative Care and Terminality, emphasizing the care provided by intensivists Physiotherapist adult patients in the ICU. The search strategy was for keywords: PALLIATIVE CARE, THERAPY INTENSIVE UNIT, PALLIATIVE CARE IN INTENSIVE CARE, INTENSIVE PHYSIOTHERAPY AND TERMINALLY. It is intended, therefore, contribute to improving the quality of care provided physical therapy, based interventions humanized, which will provide a continuous and comprehensive approach to the patient and family, incorporating the concepts of caring, watch, engage and play the intensive treatment already used KEY-WORDS: Palliative Care. Therapy Intensive Unit. Paliative Care in Intensive Care. Intensive Physiotherapy and Terminally. ______________________________________________________________________________ 1- Fisioterapeuta Intensivista do Hospital e P.S. Jõao Lúcio P. Machado-Manaus/AM. Mestranda em Terapia Intensiva pela SOBRATI/SP.Especialista em Fisioterapia Cárdio Respiratória pela UNIFOR/CE. E-mail:[email protected] 2- Médico Intensivista. Professor Doutor em Terapia Intensiva pela SOBRATI. Presidente da SOBRATI. 3- Fisioterapeuta. Professor Doutor em Terapia Intensiva pela SOBRATI. 4- Enfermeiro. Professor da Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva. INTRODUÇÃO A saúde humana no Brasil e no mundo passou por profundas transformações e obteve evidentes benefícios nos últimos anos. O avanço tecnológico, científico, a prática médica e a interação multi e interdisciplinar permitiu alguns fatos notáveis, como o aumento do tempo médio de vida, a prevenção e o controle na evolução de um grande número de doenças. As novas condutas e opções de novos tratamentos oferecidos a pacientes portadores de doenças terminais ou crônico degenerativas, internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), têm aumentado a frequência e permanência destes pacientes nessas unidades por um período maior do que o habitual (Moritz, 2009). No entanto, apesar dos avanços, ainda há uma grande dificuldade dos profissionais intensivistas brasileiros em planejar e oferecer o melhor tratamento àqueles pacientes que não se beneficiariam com terapêuticas curativas, sem ter que fazer uso de terapias fúteis ou inúteis. O conceito de Cuidados Paliativos teve sua origem no movimento hospice, idealizado por Cecily Saunders, que descreveu a filosofia do cuidado à pessoa que está morrendo, com o objetivo de aliviar o sofrimento físico, psicológico, social e espiritual, visando exclusivamente o cuidar (Ribeiro, 2005). Entendendo a Fisioterapia como ciência que resguarda em sua terapêutica, técnicas e intervenções capazes de promover a recuperação e preservação da funcionalidade, o profissional fisioterapeuta também participa do processo contínuo de evolução e desenvolvimento por que passam as UTIs do Brasil e do mundo (Azeredo, 1984). O Fisioterapeuta intensivista, junto à equipe multiprofissional tem sido desafiado a realizar condutas de forma à promover conforto diante dos sintomas álgicos, respiratórios, emocionais e espirituais sofríveis aos pacientes terminais e seus familiares através de cuidados paliativos. Com sua inserção definida na equipe multidisciplinar e antes com maior atribuição voltada para preservação das funções respiratórias, o Fisioterapeuta Intensivista agora se depara com situações e condições patológicas que o direciona a refletir e atuar de forma sistematizada, global e interativa de modo a minimizar alterações decorrentes da maior sobrevida e permanência prolongada no leito em pacientes em processo de terminalidade(França, 2009). OBJETIVOS O objetivo deste estudo é, através de uma revisão bibliográfica, identificar e analisar artigos sobre Cuidados paliativos e terminalidade, enfatizando a assistência prestada pelo Fisioterapeuta Intensivista a pacientes adultos internados em UTI, descrevendo sua atuação profissional. METODOLOGIA Trata-se de um artigo de revisão bibliográfica, realizado no período de Janeiro de 2012 a Janeiro de 2013, tendo como fontes, artigos publicados em periódicos científicos no período de 2000 a 2013, nas bases de dados eletrônicos da Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Literatura Internacional em Ciências da Saúde (MEDLINE), consultados através do site da Biblioteca Virtual de Saúde(BVS) e da Biblioteca Regional de Medicina(BIREME), bem como consultas bibliográficas a livros e manuais que abordavam o assunto em discussão. Foram utilizadas como descritores as palavras-chave “Fisioterapia Intensiva”, “Terminalidade”, “Cuidados Paliativos” e “Unidade de Terapia Intensiva/UTI”. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA CUIDADOS PALIATIVOS: UMA VISÃO GERAL Cuidado Paliativo é um conjunto de ações que visam o controle dos sintomas do corpo, da mente, do espírito e do social, que afligem o homem na sua finitude, isto é, quando a morte dele se aproxima. Na maioria das vezes, a família é também abraçada pela equipe multiprofissional, pois ela compartilha o sofrimento do paciente. O Cuidado Paliativo prolonga-se após a morte sob a forma de atendimento no luto dos familiares. Os profissionais que compõem a equipe são os que controlam os sintomas do corpo (médico, enfermeira, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional), da mente (psicólogo, psicoterapeuta, psicoanalista, psiquiatra), do espírito (padre, pastor, rabino, guru, sacerdotes das diferentes crenças religiosas professadas pelos pacientes), do social (assistente social, voluntário). Além desses, na dependência da evolução clínica do caso, outros profissionais e especialistas poderão ser chamados a cooperar com a equipe. Não existe mais o objetivo de cura do paciente, pois a doença está em fase progressiva, irreversível e não responsiva. Trata-se daquela fase tão rotineira quando o médico diz à família “não há mais nada a ser feito”, e assim condena irremediavelmente o paciente ao abandono, a ficar entregue ao seu sofrimento, com ou sem esperança de um milagre (Figueiredo, 2006). Cuidado Paliativo(CP) é uma forma de abordagem que visa a melhoria da qualidade de vida de pacientes e seus familiares que enfrentam doenças ameaçadoras à vida, através da prevenção, identificação e tratamento precoce dos sintomas de sofrimento físico, psíquico, espiritual e social (ANCP, 2005). Todo paciente criticamente enfermo deveria receber cuidados paliativos desde o momento da internação, o que torna de primordial importância o conhecimento, educação e o treinamento dos intensivistas para prestar estes cuidados nas Unidades de Terapia Intensiva. Nos anos 60, Elizabeth Kübler-Ross uma psiquiatra americana e Cicely Saunders uma enfermeira inglesa (posteriormente médica e assistente social), mudaram o curso da medicina ao estabelecerem as bases da humanização do ato médico. Kübler-Ross ao escutar os moribundos aprendeu com eles a conhecer a psicologia e espiritualidade do processo do morrer. Saunders ao escutar os pacientes em fase terminal, deles aprendeu avaliar o sofrimento físico. A primeira fundou a Tanatologia (estudo da morte) e a segunda fez renascer a Medicina Paliativa. KüblerRoss publicou o seu livro “On Death and Dying”- A morte e o morrer, em 1969 e em 1967 Saunders iniciou as atividades do St. Christofer’s Hospice, em Londres, para o controle global dos sintomas de pacientes portadores de câncer avançado, o que envolvia uma equipe multiprofissional, na qual acreditava dar assistência ao corpo, mente e espirito. No Brasil, o modelo de atenção à saúde da graduação das escolas de Medicina e das demais profissões da área da saúde se baseia em prevenção, diagnóstico, tratamento efetivo e cura de doenças. Entretanto, diante da impossibilidade de cura, pergunta-se o que pode ser feito até o momento da morte desse paciente, que pode durar minutos, horas, dias, meses. A partir desse questionamento, em 1987, a Medicina Paliativa foi reconhecida como uma especialidade médica, sendo definida como “o estudo e gestão dos pacientes cujo prognóstico é limitado e o enfoque do cuidado é a qualidade de vida” (Doyle , 2005). Inicialmente, surgiu atrelado à prática médica. No entanto, quando outros profissionais, como enfermeiros, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, psicólogos e assistentes sociais foram envolvidos, passou a ser referido como Cuidados Paliativos, porque tal cuidado é quase sempre multiprofissional e interdisciplinar. A Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1990 definiu Cuidados Paliativos como “o cuidado ativo total de pacientes cuja doença não responde mais ao tratamento curativo. Controle da dor e de outros sintomas e problemas de ordem psicológica, social e espiritual são prioritários. O objetivo dos Cuidados Paliativos é proporcionar a melhor qualidade de vida para os pacientes e seus familiares”. Em 2002 redefiniu o conceito, enfatizando a prevenção do sofrimento: “CP é uma abordagem que aprimora a qualidade de vida dos pacientes e famílias que enfrentam problemas associados com doenças ameaçadoras à vida, através da prevenção e alívio do sofrimento, por meios de identificação precoce, avaliação correta e tratamento da dor e outros problemas de ordem física, psicossocial e espiritual”. Os CP baseiam-se em conhecimentos inerentes às diversas especialidades, possibilidades de intervenções clínica e terapêutica nas diversas áreas de conhecimento da ciência médica e de conhecimentos específicos (Twycross, 2003). Tradicionalmente, os cuidados paliativos eram vistos como exclusivamente aplicáveis no momento em que a morte era iminente. Hoje, são oferecidos no estágio inicial do curso de determinada doença progressiva, avançada e incurável. O significado da palavra pallium, de origem greco-romana, está relacionado ao casaco de lã que era usado pelos pastores para enfrentar o clima adverso. O verbo paliar, do latim palliare, significa em seu modo mais abrangente, proteger, cobrir com capa. No entanto, paliar é mais usado em nosso meio, como aliviar provisoriamente, remediar, dissimular, bem como adiar, protelar. Já a palavra “hospice“ geralmente é usada para definir uma casa ou um lugar onde são atendidos os pacientes fora dos recursos de cura. Os doentes podem ser atendidos com internação (hospitalar ou em casas ambientadas para tal), em ambulatório ou a domicílio. Na verdade, hospice não é um local, mas sim uma filosofia, a filosofia do cuidar. Segundo Pessini(2005), eutanásia é "um ato médico que tem como finalidade eliminar a dor e a indignidade na doença crônica e no morrer eliminando o portador da dor". Já a distanásia ou obstinação terapêutica, encarniçamento terapêutico e tratamento fútil são entendidos como “ação, intervenção ou procedimento que não atinge o objetivo de beneficiar a pessoa na fase final de vida e que prolonga inútil e sofridamente o processo de morrer, procurando distanciar a morte. A dor, o sofrimento e a espiritualidade são tratados pelos cuidados paliativos, que buscam atender o ser humano na sua globalidade de ser na fase final de vida. Sua ênfase está em um trabalho multidisciplinar com atitudes de cuidados frente à realidade da finitude humana. A OMS publicou, em 1986, princípios que regem a atuação da equipe multiprofissional de Cuidados Paliativos. Esses princípios foram reafirmados na sua revisão em 2002 (Matsumoto, 2009) e visam promover o alívio da dor e de outros sintomas desagradáveis, afirmar a vida e considerar a morte um processo normal da vida, não acelerar nem adiar a morte, integrar os aspectos psicológicos e espirituais no cuidado ao paciente, oferecer sistema de suporte auxiliar aos familiares durante a doença do paciente e o luto, oferecer abordagem multiprofissional para focar as necessidades dos pacientes e seus familiares, incluindo acompanhamento no luto, melhorar a qualidade de vida e influenciar positivamente o curso da doença, iniciar o mais precocemente possível o Cuidado Paliativo, juntamente com outras medidas de prolongamento da vida, como quimioterapia e radioterapia, e incluir todas as investigações necessárias para melhor compreender e controlar situações clínicas estressantes. Segundo Moritz (2011), foram acrescentados à definição da OMS três elementos considerados fundamentais em CP: compaixão, humildade e honestidade. Frente à incurabilidade, as doenças precisam ser “administradas” até o final de vida do paciente. O único enfoque disponível nesses casos é atenuar os sintomas, retardar e, quando possível, deter o rápido declínio físico e mental, ajudar o paciente a manter uma perspectiva positiva e evitar que a doença assuma o controle da sua vida. O movimento dos CP trouxe de volta, no século 20, a possibilidade de re-humanização do processo de morrer, opondo-se à idéia de morte como uma doença que deve ser curada a qualquer custo. Ou seja, a morte é vista como parte de um processo da vida, e, no adoecimento, os tratamentos devem visar à qualidade dessa vida e ao bem-estar da pessoa, mesmo quando a cura não é possível. Países em desenvolvimento, como o Brasil, rumam para tal quadro em que a população é acometida por doenças com características eminentemente crônicas, e, muitas vezes, de lenta evolução. Desta forma, o evento morte que, alguns séculos atrás, era considerado como um “episódio”, passou a ser um “processo”(Moritz 2009). Entretanto, junto com esse prolongamento de vida e com surgimento do “processo de morrer”, os profissionais da área de saúde começaram a perceber que, mesmo não havendo cura, há uma forma de atendimento com ênfase à qualidade de vida e cuidados ao paciente, por meio de assistência interdisciplinar, e da abordagem aos familiares que compartilham deste processo e do momento final de vida, os Cuidados Paliativos, para atingir sua principal meta: a qualidade de vida do paciente. O CP no Brasil teve seu início na década de 1980 e conheceu um crescimento significativo a partir do ano 2000, com a consolidação dos serviços já existentes e pioneiros e a criação de outros não menos importantes. A partir de 2005, passou-se a considerar o dia 8 de Outubro como o Dia Mundial dos Cuidados Paliativos. Até 2009, havia em torno de 40 iniciativas em todo o Brasil. Segundo Filho et al. (2008) no Brasil ainda dispomos de poucas unidades que se dedicam aos cuidados paliativos dentro dos hospitais. O serviço pioneiro foi iniciado em 1983, pela Dra. Miriam Martelete, do Departamento de Anestesiologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Em 1986, na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, surgiu o Serviço de Dor e Cuidados Paliativos. Em 1989 surgiram o Centro de Estudos e Pesquisas Oncológicas (CEPON) em Florianópolis e o Grupo Especial de Suporte Terapêutico Oncológico (GESTO) no INCa no Rio de Janeiro(Mello, 2012). Em 2011, o Grupo de Debates sobre o Fim da Vida do Cone Sul sugeriu um algoritmo a ser seguido para o tratamento do paciente crítico com doença terminal. São orientações quanto a tomada de decisão para a implantação de cuidados paliativos nas UTIs, abordando planejamento, controle de sintomas e bem estar e não maleficiência. Em relação ao planejamento, todas as ações de prevenção e terapêuticas devem ter participação da família do paciente e da equipe assistencial, privilegiando a adequada comunicação e fornecendo apoio aos envolvidos no processo (familiares e funcionários), como também permitir flexibilidade das visitas e, se possível, um acompanhante. No controle dos sintomas, a prevenção e tratamento da dor devem ser incorporados como rotinas dos cuidados intensivos. O alívio da dor deve ser garantido mesmo nas situações de duplo efeito da medicação, reconhecendo e tratando os aspectos físicos e psicológicos da dispneia e dor no doente. Por fim, deve-se visar o bem-estar do doente e a não maleficiência, suspendendo de tratamentos fúteis, que prolonguem o morrer, adequando os tratamentos não fúteis (ex.: sedoanalgesia individualizada, reavaliação do suporte ventilatório). No Brasil, há pouca legislação normativa que aborde diretamente o assunto. Diferentemente da eutanásia, onde a interrupção intencional da vida é proibida sob forma de lei, a suspensão da terapia de suporte em pacientes que morrerão de qualquer forma, não está abordada na legislação. FISIOTERAPIA INTENSIVA E TERMINALIDADE: ASSISTÊNCIA EM CUIDADOS PALIATIVOS Todos os pacientes, independente de suas idades, com diagnóstico de uma doença ameaçadora à vida, ou enfrentando uma condição debilitante são candidatos aos Cuidados Paliativos (Mello, 2012). Segundo Moritz(2011), a paliação é indicada para qualquer paciente que convive ou está em risco de desenvolver uma doença que ameaça a vida, independentemente do diagnóstico, prognóstico ou idade, podendo complementar e até melhorar o tratamento modificador da doença e em algumas situações, pode mesmo ser o próprio tratamento. O Cuidado Paliativo se baseia em critérios concretos para definir o status de terminalidade. Leva-se em conta a história natural da doença ou grupo de doenças, a condição de fragilidade do doente (idade, situação nutricional, frequência dos agravos recentes), sua capacidade funcional, a evidência de doença extensa e a presença ou ausência dos chamados fatores de mau prognóstico. Portanto, a avaliação sempre deve preceder ao tratamento. As opções de tratamento devem ser discutidas com pacientes e familiares e não serem limitadas apenas ao uso de drogas. Usar de profilaxia, antecipar-se aos problemas e pensar que sempre há algo a ser feito que vá aliviar a situação colabora para o sucesso do tratamento. A reavaliação e revisão dos cuidados e da terapêutica são também, imprescindíveis. Identificada a fase final da vida, cabe a toda a equipe multidisciplinar e a rede de saúde proporcionar ao doente a melhor assistência possível, dentro do princípio de que nenhum tratamento pode ser mais prejudicial ao doente que sua própria doença. E essa assistência deve ser iniciada desde o momento da internação do paciente criticamente enfermo. Definir quem, quando e como tratar esse tipo de paciente tem sido ainda o grande desafio da equipe multiprofissional. Atualmente o Cuidado Paliativo é em sua maioria, oferecido aos pacientes portadores de câncer avançado e AIDS, mas dele também se beneficiam casos de insuficiência cardíaca congestiva, renais crônicos, hepatopatas crônicos, pneumopatas crônicos, pacientes com doenças neuromotoras, com mal de Parkinson, mal de Alzheimer, idosos portadores de graves sequelas causadas por diversas doenças, etc. E muitos sintomas podem acompanhar esses doentes por dias, semanas ou meses, dependendo da progressão da doença. (Figueiredo, 2006). Assistência Fisioterapêutica Intensiva No Brasil, a formação do Fisioterapeuta generalista permite a realização de intervenções adaptadas e modificadas de acordo com as necessidades do paciente e o desenvolvimento de ações de promoção, prevenção, tratamento e reabilitação de agravos à saúde. Em UTI, o Fisioterapeuta intensivista e paliativista deve estar comprometido não só com o paciente como também com a sua família, levando em conta a cultura, tradições e outros aspectos psicossociais envolvidos no processo de doença e terminalidade. De acordo com a resolução do COFFITO n.10 de 03/07/78, que aprova o Código de Ética Profissional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, no capitulo II art.7, esta explicito como dever do fisioterapeuta no exercício profissional: o zelo, o respeito à vida humana desde a concepção ate a morte, a prestação de assistência, respeitando a dignidade e os direitos da pessoa humana, a utilização de todos os conhecimentos técnicos e científicos, respeito ao natural pudor e intimidade, bem como o respeito do direito de decisão da pessoa de seu bem-estar e a informação sobre seu diagnostico e prognostico fisioterapêutico. Munidos de conhecimento científico e instrumentalizados por recursos que dia a dia se renovam, o Fisioterapeuta Intensivista interfere no processo de cronicidade e de perda da funcionalidade, lançando mão de procedimentos avaliativos que propiciam a elaboração de diagnósticos funcionais que lhe respalde a indicar, prescrever e executar técnicas entendendo o movimento humano e suas variáveis como objeto alvo de domínio específico da fisioterapia, para a promoção da independência funcional, quando possível, e melhoria da qualidade de vida dos pacientes em UTI(França, 2010). Perracini (2000) divide o foco de atuação do fisioterapeuta de acordo com a funcionalidade do paciente, ou seja, quando totalmente dependente, deve-se priorizar o posicionamento adequado e orientação quanto às mudanças de decúbito, transferências e mobilização global, prevenindo deformidades e complicações respiratórias, cardiovasculares, UP, etc. Em casos de maior independência, estimular o autocuidado e atividades de vida diária (AVD), adequando o ambiente e favorecendo a funcionalidade, torna-se imprescindível ao doente. Uma medida de desempenho funcional registrada ao longo da doença auxilia na compreensão de suas repercussões sobre a pessoa e ajuda a construir um raciocínio a respeito do prognóstico. Em medicina paliativa, uma escala chamada PPS (Palliative Performance Scale)(Tabela 1) parece ter relação com o prognóstico e recomenda- se seu emprego cotidiano durante as internações, como instrumento auxiliar na tomada de decisões. A observação de um declínio contínuo e rapidamente progressivo pode ser indicador de terminalidade, afastada a possibilidade de intercorrência aguda e potencialmente reversível, sem ônus para a qualidade de vida do doente. Em pacientes com capacidade funcional previamente comprometida (sequelados neurológicos graves e dementados, por exemplo), os demais indicadores se tornam mais expressivos para a presunção de mortalidade. Em pacientes sob sedação profunda (durante ventilação mecânica, por exemplo) o PPS perde a força como parâmetro. O PPS varia de 0% a 100% em 11 estágios e intervalos de 10 em 10, não aceitando valores intermediários. Baseia-se em cinco parâmetros básicos: capacidade de locomoção, atividade e evidência da doença, capacidade para o autocuidado, ingesta alimentar espontânea e nível de consciência. A leitura é realizada da esquerda para a direita e quanto mais baixo o valor, maior a intensidade dos parâmetros à direita (Ribeiro, 2005). Tabela 1- Palliative Performance Scale – PPS Versão 2 % Deambulação Atividade e evidência da doença Auto cuidado Ingesta Nivel de Consciência 100 Completa Atividade normal e trabalho; sem evidência de doença Completo Normal Completa 90 Completa Atividade normal e trabalho; alguma evidência de doença Completo Normal Completa 80 Completa Atividade normal e trabalho; alguma evidência de doença Completo Normal ou reduzida Completa 70 Reduzida Incapaz para o trabalho; Completo Doença significativa Normal ou reduzida Completa 60 Reduzida Incapaz para o hobbies/ trabalho doméstico. Doença significativa Assistência ocasional. Normal ou reduzida Completa ou períodos de Confusão 50 Maior parte de Incapacitado para tempo sentado qualquer trabalho; ou deitado Doença extensa. Assistência ocasional. Normal ou reduzida Completa ou períodos de Confusão 40 Maior parte de Incapaz para a maioria tempo sentado das atividades . Doença ou deitado extensa Assistência ocasional. Normal ou reduzida Completa ou sonolência.+/confusão 30 Totalmente acamado Incapaz para quallquer atividade. Doença extensa Dependência Completa Normal ou reduzida Completa ou sonolência.+/confusão 20 Totalmente Incapaz para qualquer atividade. Doença extensa Dependência Completa Mínima a Completa ou pequenos goles. sonolência.+/confusão acamado 10 Totalmente acamado Incapaz para quallquer atividade. Doença extensa Dependência Completa Cuidados com a Sonolência ou coma. +/boca confusão 0 Morte --- --- --- --- FONTE: http://www.victoriahospice.org/sites/default/files/imce/PPS%20Portugese.pdf.pdf Outra forma de avaliar o declínio clinico e funcional e através da escala de performance status de Karnofsky. Foi desenvolvida para pacientes com câncer como um meio objetivo de documentar esse declínio, avaliando sua capacidade de realizar determinadas atividades básicas. A maioria dos pacientes com escala Karnofsky inferior a 70% tem indicação precoce de assistência de Cuidados Paliativos. Performance de 50% nessa escala indica terminalidade, reafirmando que esses são pacientes elegíveis para Cuidados Paliativos. Tabela 2- Escala de Desempenho de Karnofsky Graduação Significado 100 Normal;ausência de quixas;sem evidencias da doença 90 Capaz de realizar atividades normais; sinais e sintomas minimos da doença 80 Atividades normaisd com esforço;alguns sinais ou sintomas da doença;Incapacidade para grande esforço físico; consegue deambular 70 Não requer assistencia para cuidados pessoais; incapaz de realizar trabalho ou atividades caseiras 60 Requer assistencia ocasional, mas consegue realizar a maioria dos seus cuidados pessoais 50 Requer considerável assistencia e frequentes cuidados médicos 40 Incapacitado; requer cuidados especiais e assistência; autocuidado limitado.Permanece mais de 50% do tempo vigil, sentado ou deitado. 30 Severamente incapacitado, embora a morte não seja eminente. Necessário hospitalização 20 Muito doente, necessita hospitalização e suporte. Incapaz para o autocuidado. Restrito ao leito 10 Processo de morte evoluindo rapidamente. Moribundo. FONTE: www.inca.gov.br/rbc/n_48/v02/pdf/condutas3.pdf Os sintomas mais comuns ao doente terminal são dor, dispneia, anorexia, perda de peso, disfagia, edema, Ulceras por pressão, fraqueza muscular, fadiga, constipação, náuseas e vômitos, etc. O Fisioterapeuta tem papel importante no controle destes e de outros sintomas apresentados pelo doente em fase terminal (Figueiredo, 2006). Assistência Fisioterapêutica nos sintomas álgicos O sintoma mais comum em doenças avançadas é a dor (60%- 75%), podendo aumentar em até 80% em pacientes institucionalizados e ser ainda maior em pacientes hospitalizados (Tamborelli, 2010). Em Cuidados Paliativos, a dor é avaliada como 5º sinal vital e deve ser mensurada adequadamente, examinar a sua natureza, as suas origens e os seus correlatos clínicos em função das características emocionais, motivacionais, cognitivas e de personalidade do cliente, a fim de adequar o melhor tratamento (Souza, 2006). O conceito de “dor total”, introduzido por Cicely Saunders, enfatiza a importância de se interpretar o fenômeno doloroso não somente na sua dimensão física mas também nas suas dimensões emocionais, sociais e espirituais que influenciam na gênese e na expressão da queixa dolorosa( www.sotamig.com.br). No primeiro contato com o paciente no leito, através da inspeção, o Fisioterapeuta intensivista observa se há comportamentos indicativos de dor, vocalização (choro, gemidos), a expressão facial (contração muscular) e o movimento postural (postura de proteção) do doente. Na dor crônica, não há comportamentos específicos, por isso a inspeção geral deve ser cautelosa. Podem ser observadas alterações nos sinais vitais (FC, FR, SaO2 e PA), como indicativos de dor e sofrimento do doente, principalmente se este for afásico(impossibilitado de falar). No paciente orientado e verbalizando, é importante o diálogo para verificação da presença, localização e intensidade da dor. O principal objetivo do exame físico em cuidados paliativos é descobrir todos os fatores fisiológicos que estão contribuindo para a piora da qualidade de vida do doente. No controle da dor, o fisioterapeuta pode utilizar técnicas como: terapias manuais, eletroterapia como o TENS (transcutaneous electrical nerve stimulation) associado ou não a fármacos, massoterapia, termoterapia (frio e calor), exercícios e mobilizações, posicionamentos adequados no leito e técnicas de relaxamento (Doyle, 2005). Deve-se assistir o paciente de forma a mantê-lo livre de dor tanto quanto possível, promovendo conforto e dignidade. É interessante saber qual a causa da dor para definir a melhor abordagem à mesma (Pessini, 2005). Segundo a Associação Internacional de Cuidados Paliativos e Hospitalares (IAHPC) 2003, dentre as intervenções fisioterapêuticas para a dor, a eletroterapia traz rápidos resultados, todavia, o alívio é variável entre os pacientes. No entanto, não é possível tratar a dor oncológica apenas com a utilização de corrente analgésica, mas, de acordo com estudos, pode se diminuir de maneira significativa o uso de analgésicos e seus efeitos colaterais. Outro estudo, utilizando TENS (Estimulação Elétrica Transcutânea), verificou que o uso desta corrente diminui em até 47% o uso de morfina comparado com o TENS convencional, ocorrendo também diminuição da percepção da dor através da Escala Análoga Visual, associada à incidência de náuseas e prurido de forma significativa (Pena, 2008). O que determina a percepção individual de um estímulo doloroso é a "abertura" ou "fechamento" da comporta a esses estímulos. Como a condução elétrica da TENS ocorre ligando a máquina de TENS a eletrodos, na pele dos pacientes, estimulando fibras mielínicas aferentes, além da liberação de histamina, o que reduz o impulso dos nociceptores à medula e ao cérebro ("gatecontrol"). Através das grandes fibras mielínicas, as quais são altamente sensíveis à estimulação elétrica e de condução rápida, leva-se rapidamente a mensagem até a medula espinhal, propiciando um mecanismo que mantenha o portão fechado a esses estímulos. O mecanismo pelo qual é impedido esse trânsito ocorre através das fibras nociceptivas (condutoras de dor). De acordo com Sampaio(2005), quanto mais próximo da área afetada se puder aplicar a TENS, maior será a chance de inibir os estímulos nocivos. Esse processo de redução ou minimização da transmissão da dor é conhecido como neuromodulação. Portanto, esta corrente pode ser utilizada com segurança em pacientes oncológicos, todavia deverá ser aplicada onde a sensibilidade tátil estiver preservada e a pele estiver íntegra. Em pacientes com dor crônica, 70% respondem ao TENS, inicialmente. No entanto, apenas 30% ainda se beneficiam de sua eficácia, após um ano. As indicações do uso de TENS em Cuidados Paliativos são para aqueles pacientes com dor de leve a moderada intensidade (Nasrala, 2012). Ainda de acordo com Nasrala, 2012, o uso da Corrente Interferencial é bem estabelecido para diminuição da dor, no entanto ainda não há consenso sobre qual variação da amplitude modulada de freqüência (AMF) é mais eficaz. Não foram encontradas diferenças na analgesia em grupos com AMF de 5, 40, 80, 120, 160, 200, 240 Hz. Talvez esta diferença esteja relacionada com as características individuais de tecidos da pele e músculos durante passagem da corrente, sendo que variações de lípides, água e íons interferem na geração da Corrente Interferencial, não sendo possível definir o quão é reprodutível o fenômeno no interior dos tecidos. A Acupuntura pode ser de grande ajuda em casos de dor devido a espasmo muscular, espasmo vesical e em casos de hiperestesia, disestesia e nevralgia, mas ainda há poucos estudos que avaliem a efetividade real desta modalidade, no controle da dor do paciente com câncer. A termoterapia possibilita a vasodilatação, o relaxamento muscular, a melhora do metabolismo e circulação local, a extensibilidade dos tecidos moles, a alteração de propriedades viscoelásticas teciduais e a redução da inflamação. A termoterapia por calor superficial pode ser realizada através do uso de bolsas térmicas, banhos de contraste, e por calor profundo, os mais utilizados são o ultrassom, ondas curtas, laser e microondas. A termoterapia superficial pode ser utilizada para aliviar a dor de pacientes em tratamento paliativo. O objetivo é o de promover o alivio do espasmo muscular, interferindo no ciclo dor-espasmo-dor, aumento da extensibilidade tecidual e relaxamento muscular em indivíduos portadores de tumores, os quais podem estar comprimindo estruturas neuromusculares e, dessa forma, causando dor (Florentino, 2012). Vale ressaltar que a termoterapia superficial com calor esta contraindicada, quando aplicada diretamente sobre áreas tumorais. A vasodilatação provocada pelo calor superficial pode oferecer riscos na disseminação de células tumorais por via linfática e hematogênica. Desta forma, aplicam-se ao calor profundo as mesmas restrições sob todas as formas de apresentação (ondas curtas, ultrassom e laser), cujo aumento do metabolismo local gerado pelo calor pode disseminar as células tumorais. Tais cautelas também deverão ser tomadas em áreas desprovidas de sensação térmica e sobre as áreas de insuficiência venosa, tecidos lesados ou infectados. A crioterapia (uso do frio) tem um histórico expressivo como tratamento de dor, eficácia comprovada como analgésico e antinflamatório, baixo custo e fácil aplicação, podendo ser usado através de bolsas ou compressas nos pacientes em UTI (Marcucci, 2005). A ação analgésica do frio está relacionada à contração muscular, diminuição do fluxo sanguíneo e diminuição de edema. O frio reduz a velocidade da condução nervosa, retardando os estímulos nociceptivos à medula. Aplica-se o frio superficial em torno de 15 graus Celsius, durante 15 minutos, de 2 a 3 vezes ao dia por meio de bolsas e hidrocolóides, imersão e compressas de gelo “mole”, uma mistura de 3 partes de água gelada para uma de álcool(INCA, 2002). A massagem, além de aliviar a dor, é um recurso terapêutico utilizado na intensificação do relacionamento, facilita uma maior resistência contra as doenças, estimula a digestão, elimina gases e diminui cólicas devido ao relaxamento do trato gastrintestinal, estimula a respiração e circulação, aumenta o contato entre o profissional e o doente, além de ser um recurso de baixo custo e que produz vários efeitos positivos comprovados cientificamente (Sampaio, 2005). A massagem para o alívio da dor pode ser intuitiva e entendida como aplicação de toque suave ou com força em tecidos moles, músculos, tendões e ligamentos sem causar mudança na posição das articulações. Massagem ou movimentos com alteração na posição das articulações são manobras restritas aos fisioterapeutas. Acredita-se que a massagem melhore a circulação, relaxe a musculatura, produza sensação de conforto e afeto aliviando a tensão psíquica. A técnica pode ser utilizada em doentes com dor, acamados, ansiosos com distúrbios de sono ou tendência a isolamento. Não deve ser utilizada em áreas com lesão de pele, óssea ou se causar dor. Utilizam-se movimentos de deslizamento, amassamento, fricção, percussão, compressão e vibração, com o auxílio de óleos e cremes (INCA, 2002). Assistência Fisioterapêutica Ventilatória Alterações pulmonares como a dispneia (sensação de falta de ar), a atelectasia (fechamento total ou parcial dos alvéolos), derrame pleural( liquido entre as pleuras), o acúmulo de secreções e outros sintomas ou complicações respiratórias são comuns a pacientes internados em UTI e podem ser prevenidos, tratados ou aliviados, por meio da fisioterapia respiratória. A dispneia é sintoma angustiante para o doente no final da vida e pode ser exacerbada por ocorrências não tratáveis como tromboembolismo pulmonar, linfomas, compressão tumoral de vias aéreas, derrame pleural extenso, entre outras. O Fisioterapeuta intensivista deve atuar de forma a evitar a exacerbação desse sintoma, fazendo a escolha de técnicas adequadas a cada caso, levando em consideração a doença e o quadro geral do doente. Na presença de dispneia ou desconforto respiratório, utilizar técnicas que favoreçam a manutenção de vias aéreas pérvias e ventilação adequada, além de relaxamento dos músculos acessórios da respiração, diminuindo o trabalho respiratório, sempre que possível. Pode-se associar a cinesioterapia respiratória à mobilização de membros e ao alongamento dos músculos da caixa torácica, com melhora de sua complacência, em posturas adequadas que facilitem a ação dos músculos respiratórios (por ex., decúbito elevado, favorecendo a ação do diafragma) e até mesmo o uso de incentivadores respiratórios (estimulando tanto a inspiração quanto a expiração) e Ventilação Mecânica Não Invasiva (VMNI), como auxiliares para melhora ventilatória. Segundo Bassani (2008), a VMNI, pode ser uma boa opção no manuseio da dispnéia, promovendo conforto e permitindo a fala e o contato do paciente com os profissionais e com seus familiares, o que traz menos angústia ao doente. De acordo com o III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica, a VMNI é uma forma de suporte ventilatório por pressão positiva, realizado, na maioria das vezes, por meio de máscaras nasais ou faciais e tem como objetivos melhorar as trocas gasosas e reduzir o trabalho ventilatório, evitando em alguns casos a intubação traqueal, que também pode contribuir para o surgimento de complicações como infecções de vias aéreas superiores e inferiores, que sabidamente aumentam a mortalidade. Na presença de Atelectasias e derrame pleural já drenado, seu uso deve ser criterioso e bem indicado, a fim de evitar maior desconforto e sofrimento ao paciente. No entanto, não havendo consenso na indicação ou adequação do paciente a VMNI, a Intubação Orotraqueal(IOT) deve ser aceita como forma de alivio da sintomatologia e diminuição do sofrimento naquele momento. Pode-se fazer uso de manobras expansivas e desobstrutivas a fim de aumentar a oxigenação pulmonar, evitar o acúmulo de secreção e facilitar o deslocamento da mesma, no entanto, deve-se observar o nível de sedação/analgesia do doente. A aspiração periódica de secreções pulmonares deve ser evitada, porém realizada sempre que houver consenso sobre a necessidade do procedimento e o benefício, a fim de evitar o acúmulo nas vias aéreas superiores e aumentar a dispneia e hiposaturação. A oxigenoterapia pode ser indicada sempre que houver saturação de oxigênio inferior a 91% e corresponder a desconforto respiratório, confusão mental e inquietude do paciente. Devese utilizar cateter nasal a 2-4 l/min ou Máscara de Venturi e instalada oximetria de pulso para acompanhamento. A realização de gasometria arterial deve ser discutida, já que causa dor e desconforto ao paciente (Sera, 2008). A cinesioterapia respiratória associada a técnicas de relaxamento, manobras de higiene brônquica, exercícios, técnicas e recursos de expansão pulmonar (PEEP, incentivadores respiratórios, gerador de fluxo, etc) e mobilização de membros, realizadas em posturas adequadas, são recursos que promovem o alivio da sintomatologia sem causar grande desconforto ao paciente. No entanto, é importante a percepção do profissional quanto aos sinais de desconforto, reavaliando constantemente a indicação do uso dessas terapias, identificando o momento de suspendê-las. Assistência Neurofuncional Fazem parte do processo natural do morrer a ansiedade, delirium, depressão, sonolência, letargia e certo grau de confusão mental. A depressão é um estado mental que se caracteriza basicamente por tristeza constante e desinteresse pela maioria dos fatos, objetivos ou subjetivos, que compõem o dia-a-dia da maioria das pessoas. Massagens e técnicas de imaginação e visualização costumam ser muito benéficas, e bastante apreciadas pelo paciente. Têm a vantagem de, uma vez ensinadas ao paciente ou a um acompanhante, prescindirem da presença do terapeuta. A acupuntura, pelo alívio à dor, tornase importante ferramenta adjuvante para o tratamento da depressão. Embora não reconhecido pela medicina oficial no Brasil, vem ganhando cada vez maior aceitação o trabalho com os diversos níveis energéticos do organismo, alguns deles apoiados nos conceitos milenares das Medicinas orientais: Reiki, radiestesia, cromoterapia, etc (Oliveira, 2008). O delirium caracteriza-se por alterações da consciência vigil, da atenção, do pensamento, da memória, da percepção, do comportamento psicomotor, da emoção e do ciclo sono-vigília, todas elas concomitantes e pode ser devido a infecções, hipoxemia, distúrbio metabólico, metástase de sistema nervoso central e uso de alguns medicamentos. Portanto, tudo o que incomoda ou que piora o quadro de agitação ou confusão mental do doente deve ser evitado. A terapêutica deve instituída o mais precocemente possível, atentando-se para o fato de que, nos últimos dias de vida, pode-se não conseguir o controle do sintoma. Nesses casos é indicada a sedação (intermitente ou contínua), sempre com o cuidado de se tomar a decisão de comum acordo com a família. Em todos os sintomas na terminalidade, o Fisioterapeuta Intensivista deve objetivar principalmente, melhorar o bem estar físico e geral do doente. Chegar-se ao paciente, conversar quando possível ou apenas tocá-lo fazem parte da abordagem profissional da Fisioterapia e do processo de humanização do atendimento. Contudo, o diagnóstico causal de cada sintoma deve ser investigado e tratado sempre que possível. Através da aplicação de cinesioterapia motora, com exercícios leves, passivos, incluindo alongamentos nos principais grupos musculares, o profissional aumenta o contato com o doente, proporcionando maior conforto e bem estar. Pode-se fazer uso da massagem relaxante, musicoterapia, calor local como forma de relaxamento, etc. De acordo com Oliveira (2008), são condutas terapêuticas não medicamentosas: ● Manter o ambiente tranquilo, com iluminação solar durante o dia e indireta à noite, com mínima excitação sensorial; ● Permitir que o paciente tenha acesso a dia e hora (por exemplo, um relógio de parede bem localizado), variando o menos possível os horários e a forma de assistência; ● Lembrar que música ambiente calma e relaxante é melhor que televisão; ● Orientar posicionamentos durante a alimentação e a higiene do paciente e acompanhá-lo ou auxiliá-lo sempre que possível; ● Conversar em tom calmo e suave e realizar comandos verbais que não agitem o doente. As abordagens psicoterapêuticas por terapeutas treinados em situações de luto e com maturidade pessoal nos temas da finitude são sempre bem-vindas e se somam ao arsenal multiprofissional de alívio à disposição do paciente e da família. Prevenção de úlceras por Pressão (UP), Trombose Venosa Profunda (TVP) e Tromboembolismo Venoso (TEV) As úlceras por pressão (UP) são lesões teciduais localizadas, causadas pela compressão de tecidos sob proeminências ósseas por um período prolongado de tempo, como resultado de pressão associada à laceração e/ou ao atrito. Causam prejuízos consideráveis aos pacientes, pois dificultam a recuperação funcional e predispõem ao desenvolvimento de infecções graves, estando associadas ao aumento das taxas de permanência e de mortalidade hospitalar. Os principais fatores de risco para o desenvolvimento de úlceras por pressão incluem imobilidade, idade avançada, desnutrição proteico-calórica e internação prolongada (Nasrala, 2012). A avaliação da capacidade funcional deve ser foco de atenção do fisioterapeuta intensivista. Manter o decúbito elevado entre 30o e 45o previne pneumonia associada à Ventilação mecânica(PAV). Porém, em pacientes com risco de desenvolver UP, não é recomendável elevar a cabeceira acima de 30º a fim de reduzir a pressão sacrococcígea e, consequentemente, prevenir o surgimento de lesões. Após o desenvolvimento das UP, as condutas fisioterapêuticas devem ser para o alívio da pressão, por meio de utilização de camas, colchões, almofadas, e ainda, posicionamento adequado no leito e uso de terapias físicas, eletroterapia, terapia com ultrassom(US) e terapia com laser de baixa frequência(HeNe e AsGa) (Nasrala, 2012). A eletroterapia tem sido utilizada há décadas para tratamento de feridas crônicas e seu objetivo é o reposicionamento natural e a melhoria da oxigenação tecidual dos músculos. O ultrassom de baixa frequência é atérmico e promove a liberação de histamina local, além de aumentar o transporte de íons Cálcio pela membrana celular, o que promove a formação de um novo tecido de reparação. O Laser de baixa frequência aumenta os processos de reparação a nível tissular e orgânico, aumentando a capacidade de cicatrização local. Ambos os aparelhos devem ser utilizados ao redor das UP, nas bordas não necrosadas. É importante lembrar que o uso de aparelhor eletroterapêuticos depende da autorização das CCIH’s(Comissao de Controle de Infecção Hospitalar) e precisam ser bem indicados e manuseados, para evitar contaminação. A TVP caracteriza-se pelo desenvolvimento de um trombo (coágulo de sangue) no interior de um vaso sanguíneo venoso, e está mais frequentemente localizada nos membros inferiores, com consequente reação inflamatória do vaso. Os trombos podem transformar-se em êmbolos(fragmentos), migrando até o pulmão, onde poderão obstruir artérias pulmonares ou seus ramos e levar ao TEP, hoje denominado de Tromboembolismo Venoso-TEV(Nasrala, 2012). A fisioterapia tem como objetivo principal evitar a estase venosa. Para isso, deve estimular a deambulação sempre que possível, a movimentação ativa do paciente, realizar exercícios passivos, ativos ou assistidos nos membros, elevar os membros dos pacientes impossibilitados de fazê-lo, orientar e estimular o uso de meias elásticas compressivas e quando possível, sugerir o uso do aparelho de compressão pneumática intermitente. A Compressão Pneumática Intermitente era utilizada inicialmente para prevenção de TVP em casos pós-cirúrgicos. Posteriormente, passou a ser usada em casos de imobilização prolongada e tem como ação o aumento do fluxo sanguíneo nos membros inferiores(pernas ou coxas), eliminando a estase venosa. No manejo do edema a fisioterapia tem um papel relevante, tanto na prevenção quanto no tratamento, por meio de técnicas bem descritas e aceitas na literatura científica, como a Terapia Física Complexa - TFC, que inclui a drenagem linfática, enfaixamento, entre outros tratamentos (Rezende, 2009). Síndrome da Imobilidade Prolongada (SIP) A Síndrome da Imobilidade Prolongada (SIP) pode ocorrer em pacientes internados em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) devido à restrição de mobilidade e ao tempo prolongado de permanência no leito, podendo retardar o processo de recuperação do paciente, aumentando o risco de desenvolver complicações físicas. Com a assistência fisioterapeutica presente nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI’s), fazendo uso exclusivo da Cinesioterapia motora, a Síndrome da Imobilidade Prolongada (SIP) pode ser prevenida, proporcionando ao paciente, uma melhor funcionalidade e redução das incapacidades (Rivoredo, 2012). A imobilidade pode levar ao comprometimento gradual do condicionamento físico e da força muscular, bem como da flexibilidade e da capacidade aeróbica, predispondo ao desenvolvimento da síndrome de imobilização. Esta, uma vez instalada, pode levar ao comprometimento da coordenação motora, à retração dos tendões com redução da amplitude de movimento articular e à atrofia dos músculos, que passam a apresentar pontos de dor, demonstrando a necessidade da atuação paliativa do fisioterapeuta, até mesmo preventiva, através da cinesioterapia. A cinesioterapia, ou movimento terapêutico, principal instrumento da fisioterapia, permite restaurar e melhorar o desempenho funcional dos segmentos corporais comprometidos, ajudando o paciente a alcançar maior independência funcional, movimentando articulações, músculos e tendões, melhorando a propriocepção, o trofismo, aumentando a circulação, a frequência cardiorespiratória e o metabolismo geral (Rezende, 2009). Em todas as propostas da Assistência Fisioterapêutica em Cuidados Paliativos, vale ressaltar a inclusão de conceitos e orientações do autocuidado ao doente e aos familiares, solicitando ajuda e estimulando o toque, sempre que possível. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES O direito a vida não implica em uma obrigação de sobrevida, além do período natural, mediante medidas dolorosas ou desgastantes para o profissional, pacientes e familiares. Nesse processo de finitude, deve-se levar em conta não a quantidade de vida que resta ao paciente, mas a qualidade de vida levada até o final, e esta é uma sensação de satisfação subjetiva, ligada a todos os aspectos inerentes ao ser humano, sejam físicos, psicológicos, sociais e espirituais. A melhoria da qualidade de vida, no âmbito dos cuidados paliativos, consiste em reduzir-se ao máximo a distancia entre o ideal e o possível, otimizando o cuidado ao doente. Na visão atual do conhecimento, o Cuidado Paliativo deve começar no momento do diagnóstico de uma doença grave e ameaçadora à vida e se estender na presença da gravidade da doença, devem andar lado a lado aos cuidados curativos. O Fisioterapeuta Intensivista é um profissional fundamental nesse processo de terminalidade e interdiciplinaridade, pois ao utilizar-se de cuidados paliativos, pode através do toque, aplicar técnicas, exercícios, manobras e recursos fisioterapêuticos, melhorando a sintomatologia e a qualidade de vida do paciente até o momento da morte, oferecendo-lhe maior conforto, buscando controlar os sintomas, apoiar e orientar familiares, humanizando ainda mais o atendimento. A fisioterapia não busca apenas a funcionalidade do paciente, mas a manutenção de uma comunicação objetivando estreitar a relação profissional-paciente, gerando mais confiança do doente em relação ao terapeuta e conforto. Tais condutas diminuem a sensação de abandono que aflige muitos pacientes em fase avançada e seus familiares e melhora a aceitação da doença e do doente frente a morte. Em 24 de fevereiro de 2010, o Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) publicaram a Resolução RDC Nº 7, com o objetivo de estabelecer padrões mínimos para o funcionamento das Unidades de Terapia Intensiva, visando à redução de riscos aos pacientes, visitantes, profissionais e meio ambiente, e se aplica a todas as Unidades de Terapia Intensiva gerais do país, sejam públicas, privadas ou filantrópicas, civis ou militares. Para cumprimento dos Artigos 13, 14 e 15 da Seção III - Recursos Humanos, que dispõe sobre a presença de Fisioterapeuta nos três turnos, perfazendo 18 horas/dia, bem como a assistência profissional a no máximo 10 pacientes, estabeleceu-se o prazo de 03 (três) anos, findando-se em 24 de Fevereiro de 2013. Contudo essa ainda não é uma realidade nas UTI’s do país, o que prejudica a qualidade de atendimento ao paciente grave em UTI e a boa prática profissional. Ainda com poucas evidências científicas, os recursos Fisioterapêuticos nos diversos sinais e sintomas dos pacientes com doenças em fase terminal têm sido utilizados sempre que possível, porém, estudos e pesquisas que comprovem a eficácia dessas terapias são fundamentais para embasar tais condutas em doentes em condições de terminalidade, objetivando inclusive, a criação de protocolos fisioterapêuticos em CP. A educação específica e permanente em Cuidados Paliativos, a humanização da equipe e do ambiente, os aspectos éticos e legais exigidos e a serem cumpridos, bem como a assistência prestada a pacientes e familiares no ambiente intensivo, são questões a serem ainda amplamente discutidas e trabalhadas por todos os intensivistas, objetivando o bem estar do doente, o maior cuidado e a melhor assistência no momento da morte. Para que a morte não seja o alvo e sim o fim de uma jornada promotora do bem estar físico, emocional e espiritual do doente. REFERÊNCIAS1 ANCP - Academia Nacional de Cuidados Paliativos. O que são Cuidados Paliativos? Disponível em: www.paliativo.org.br. Acesso em: 17/11/2012. Azeredo, CAC. Fisioterapia Respiratória. Bonsucesso, RJ. Panamed, 1984. Bassani, MA; Oliveira, ABF de; Neto, AFO; Taize, R. O Uso da Ventilação Mecânica Não-Invasiva nos Cuidados Paliativos de Pacientes com Sarcoma Torácico Metastático. Relato de Caso. Revista Brasileira de Terapia Intensiva 205, Vol. 20, Nº 2, Abril/Junho, 2008. Diário Oficial da Repulblica Federativa do Brasil-Imprensa Nacional Brasília – DF Nº 37 – D.O.U de 25/02/10 – seção 1 – p. 48 Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RESOLUÇÃO-RDC Nº 7, de 24 de Fevereiro de 2010. Disponível em: http://www.saude.mag.gov.br/atos/RDC-7_ANVISA%20240210.pdf. Acesso em: 10/07/2012. Doyle, L; McClure, J; Fisher, S. 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