SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA - SOBRATI MESTRADO EM TERAPIA INTENSIVA UILANETE DANTAS DE CARVALHO ÍNDICES PROGNÓSTICOS EM UTI: à luz da literatura JOÃO PESSOA 2013 CARVALHO, Uilanete Dantas. Índices prognósticos em UTI: à luz da literatura. Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva - SOBRATI. João Pessoa, Paraíba. 2013. 29 p. RESUMO As Unidades de Terapia Intensiva (UTI) são locais de atendimento de pacientes graves ou de risco e recuperáveis que dispõem de assistência médica ininterruptas, com equipamentos específicos próprios, recursos humanos especializados e que tenham acesso a tecnologias destinadas a diagnóstico e terapêutico. os Sistemas de Classificação de Pacientes (SCP) que se pautam em medidas de diferentes variáveis têm sido implementados na prática, contribuindo tanto para a assistência quanto para o gerenciamento das unidades hospitalares, entre elas as Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Índices de gravidade são definidos como classificação numérica relacionada a determinadas características apresentadas pelos pacientes e que proporcionam meios para avaliar as probabilidades de mortalidade e morbidade resultantes de um quadro patológico. Os índices de gravidade e de morbidade desenvolvidos para avaliar os pacientes adultos internados em UTI, dentre eles, incluem os seguintes: Acute Physiology and Chronic Health Evaluation (APACHE), Simplified Acute Physiological Score (SAPS), Sepsis Related Organ Failure Assessment (SOFA), além do escore TIMI RISK. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica de origem exploratória descritiva de coorte de abordagem quantitativa, onde foram utilizados livros e periódicos dos últimos dez anos. Os resultados mostraram que a grande maioria dos índices de gravidade mencionados tem seu foco de atenção voltado às condições clínicas dos pacientes e à terapêutica médica empregada. Palavras-Chave: UTI; Prognósticos; Indicadores. CARVALHO, Uilanete Dantas. Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva - SOBRATI. Índices diagnósticos em UTI: à luz da literatura. João Pessoa, Paraíba. 2013. 29 p. ABSTRACT The Intensive Care Unit (ICU) are places of care for patients or serious risk and retrievable who have medical uninterrupted, with their own specific equipment, specialized human resources and have access to technologies for diagnostic and therapeutic. the Patient Classification Systems (PCS) which are based on measures of different variables have been implemented in practice, contributing to both the assistance and for the management of hospitals, including the Intensive Care Units (ICU). Severity indices are defined as numerical rating linked to traits displayed by patients and providing means to assess the likelihood of mortality and morbidity resulting from a pathological condition. The indices of severity and morbidity developed to assess adult patients in the ICU, among them include the following: Acute Physiology and Chronic Health Evaluation (APACHE), Simplified Acute Physiological Score (SAPS), Sepsis Related Organ Failure Assessment (SOFA) in addition to the TIMI RISK. This is a bibliographical source exploratory descriptive cohort quantitative approach, where we used books and periodicals of the last ten years. The results showed that the vast majority of severity indexes mentioned focuses attention back to the patients' clinical conditions and medical therapy employed. Keywords: UTI; Predictor; Indicators. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 09 2 JUSTIFICATIVA 10 3 OBJETIVOS 11 4 PROBLEMATIZAÇÃO 12 5 HIPÓTESE 13 6 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 14 6.1 A Unidade de Terapia Intensiva 14 6.2 Sistema de medida de gravidade na UTI 17 6.3 Índices prognósticos em UTI 20 6.3.1 Escore APACHE 20 6.3.2 Escore SAPS II 22 6.3.3 Escore SOFA 24 6.3.4 Escore TIMI 26 7 PERCURSO METODOLÓGICO 28 7.1Caracterização da Pesquisa 28 7.2 Instrumento da Coleta de Dados 29 CONSIDERAÇÕES FINAIS 30 REFERÊNCIAS 31 5 1 INTRODUÇÃO Os Sistemas de Classificação de Pacientes (SCP) que se pautam em medidas de diferentes variáveis têm sido implementados na prática, contribuindo tanto para a assistência quanto para o gerenciamento das unidades hospitalares, entre elas as Unidades de Terapia Intensiva (UTI); e ressalta: No entanto, para que os sistemas de classificação sejam confiáveis, é imprescindível que os instrumentos de medida que lhes dão sustentação sejam de fácil aplicação, abrangentes, precisos e válidos, a fim de evitar vieses na aferição do fenômeno. Isso se justifica porque erros podem ocorrer quando, por exemplo, tais sistemas consideram os cuidados prestados ao invés dos requeridos pelos pacientes, quando a experiência dos profissionais é ignorada, quando aspectos indiretos dos cuidados não são considerados e quando diferentes dimensões da prática de enfermagem não são consideradas (TERZI, 2006, p.94). O sistema de pontuação utilizado para categorizar os pacientes, contribui para melhor compreensão de dois aspectos da terapia intensiva: a gravidade da doença e a efetividade da terapêutica. Entretanto, essa capacidade de predição de resultados não tem sido suficientemente consistente, sua contribuição deve ser um fator colaborativo na tomada de decisões na unidade de terapia intensiva (JUNIOR, 2004, p. 8). Segundo Nunes (2005) a partir da década de 70, vários sistemas de graduação da gravidade dos pacientes de UTI foram desenvolvidos e embora utilizassem critérios diferentes como os fisiológicos, clínicos ou terapêuticos, todos trouxeram contribuição significativa à avaliação dos pacientes. Nishide (2009) afirma que os índices de gravidade e de morbidade desenvolvidos para avaliar os pacientes adultos internados em UTI, dentre eles, incluem os seguintes: Acute Physiology and Chronic Health Evaluation (APACHE), Simplified Acute Physiological Score (SAPS), Sepsis Related Organ Failure Assessment (SOFA), além do escore TIMI RISK. 6 Diante do exposto, é imprescindível enaltecer a temática, tomando como base a demanda de pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva. Assim, o presente estudo está sendo proposto para descrever sobre os escores diagnósticos atualmente mais utilizados em UTI. 2 JUSTIFICATIVA Com o advento das UTIs e com o rápido desenvolvimento e aplicação de tecnologias avançadas que possibilitam investigações diagnósticas e terapêuticas complexas, a necessidade de classificar os pacientes nessas unidades tem sido objeto de estudo nas últimas décadas. Como parâmetro de interesse na classificação dos pacientes de UTI, a gravidade da doença tem sido um dos mais ressaltados. Assim, índices de gravidade foram elaborados tendo como objetivo básico a descrição quantitativa do grau de disfunção orgânica de pacientes seriamente enfermos, sendo a gravidade da doença traduzida em um valor numérico que, por meio de cálculos matemáticos, permite estimar a probabilidade de morte hospitalar, sendo, por isso, também conhecidos como índices prognósticos. Desse modo, a escolha desse tema se justifica considerando que sua importância é ancorada, sobretudo na expectativa de possibilitar avaliação de custos/benefícios e performance da UTI, além de auxiliar na determinação de critérios de admissão e alta dos pacientes. Essa pesquisa propõe elucidar e esclarecer algumas dúvidas a respeito da temática e será de benefício para os profissionais médicos, tendo em vista que a mesma é uma ferramenta de trabalho de suma importância na práxis diária. 3 OBJETIVOS 3.1 Objetivo Geral O objetivo central desse estudo foi elencar índices de gravidade utilizados na terapia intensiva e classificá-los de acordo com a sua finalidade. 7 3.2 Objetivos Específicos • Identificar os escores mais utilizados na UTI; • Descrever sobre sua utilização e funcionalidade na práxis diária; • Servir de subsídio para futuros estudos, afim de melhorias no atendimento a esses pacientes. 4 PROBLEMATIZAÇÃO Partindo da premissa que a UTI é uma unidade que demanda elevado investimento tecnológico, e que apresenta grande impacto emocional, de modo que é necessário garantir a qualidade da utilização dos recursos, implantando estratégias administrativas eficientes. Portanto, o conhecimento do conceito de risco do paciente admitido na UTI pode fornecer dados para garantir a melhor utilização das atividades e estimar, durante o curso do tratamento, o tempo adequado para alcançar à alta ou para decidir por quanto tempo seria mantido o tratamento, levantemos o seguinte questionamento: • Qual a importância dos índices prognósticos em UTI? • Diante da aplicabilidade dos índices prognósticos, de qual forma podemos estimar a recuperação dos pacientes? • Como podemos mostrar a relação entre a classificação dos pacientes e sua recuperação. 5 HIPÓTESES O sistema de pontuação utilizado para categorizar os pacientes, contribui para melhor compreensão de dois aspectos da terapia intensiva: a gravidade da doença e a efetividade da terapêutica. Entretanto, essa capacidade de predição de resultados não tem sido suficientemente consistente, sua contribuição deve ser um fator colaborativo na tomada de decisões na Unidade de Terapia Intensiva. 8 No entanto, para que os sistemas de classificação sejam confiáveis, é imprescindível que os instrumentos de medida que lhes dão sustentação sejam de fácil aplicação, abrangentes, precisos e válidos, a fim de evitar vieses na aferição do fenômeno. Assim sendo, a partir do nosso entendimento, levantamos as seguintes hipóteses: • Podemos identificar as alterações funcionais dos pacientes e associá – las ao seu prognóstico; • Através do instrumento de coleta de dados de informações existe relação entre os sintomas apresentados e o andamento do tratamento; • Os índices prognósticos servem como subsídio na assistência aos pacientes que necessitam de cuidados intensivos, auxiliando de forma benéfica aos profissionais médicos. 6 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Índices de gravidade são definidos como classificação numérica relacionada a determinadas características apresentadas pelos pacientes e que proporcionam meios para avaliar as probabilidades de mortalidade e morbidade resultantes de um quadro patológico. Estes permitem uma análise objetiva do tratamento e da assistência em UTI (TERZI, 2006). Por intermédio de uma linguagem uniforme, os índices de gravidade permitem realizar várias análises, dentre elas: estratificar pacientes de acordo com a gravidade da doença e do prognóstico; estabelecer requisitos mínimos que indiquem a necessidade de internação e saída da UTI; acompanhar a evolução e a resposta do paciente à terapêutica instituída; comparar a evolução de pacientes semelhantes submetidos a tratamentos diversos; avaliar o custo-benefício de determinados procedimentos para pacientes em várias etapas da doença; comparar o desempenho entre UTIs ou avaliar a melhora da qualidade de atendimento na mesma UTI; comparar a mortalidade observada e esperada; avaliar o efeito de um novo tratamento ou a reorganização da UTI; otimizar a alocação dos leitos e outros recursos hospitalares (PERROCA, 2006, p.60). 9 6.1 Índices prognósticos em UTI A partir da década de 70, vários sistemas de graduação da gravidade dos pacientes de UTI foram desenvolvidos, e embora utilizassem critérios diferentes como os fisiológicos, clínicos ou terapêuticos, todos trouxeram contribuição significativa à avaliação dos pacientes (NUNES, 2005). Nishide (2009) afirma que os índices de gravidade e de morbidade desenvolvidos para avaliar os pacientes adultos internados em UTI, dentre eles, incluem os seguintes: Acute Physiology and Chronic Health Evaluation (APACHE), Simplified Acute Physiological Score (SAPS), Sepsis Related Organ Failure Assessment (SOFA), além do escore TIMI RISK. 6.1.2 Escore APACHE O escore APACHE II (Acute Physiology an Chronic Health Evalution) é uma forma de avaliação e classificação do índice de gravidade da doença, e tem como objetivo principal a descrição quantitativa do grau de disfunção orgânica de pacientes gravemente enfermos, gravidade que é traduzida em valor numérico a partir das alterações clínicas e laboratoriais existentes ou do tipo/número de procedimentos utilizados (HESS, 2002). O autor supracitado relata que os valores de escore APACHE II, calculados à admissão do paciente na UTI, têm sido utilizados para determinar sua gravidade, buscando identificar, junto a outros fatores, a gravidade e os preditores de mortalidade no sentido de direcionar a assistência dos profissionais de saúde. Conforme Livianu (2008) o índice é calculado a partir da soma de 12 critérios clínicos, fisiológicos e laboratoriais que determinam a criticidade do quadro do paciente e o risco de óbito nas suas primeiras 24 horas de UTI. O monitoramento dessas taxas 10 promove maior resolutividade no atendimento intensivo e credita o hospital com a garantia de prognósticos mais efetivos. Tabela 1: Escore APACHE II Fonte: Revista Acta Paulista, 2006. Conforme Livianu (2008) o escore de mortalidade deverá ser representado em consonância a porcentagem que corresponde: • De 0 – 4 pontos: 4% de mortalidade • De 5-9 pontos: 8% de mortalidade • De 10-14 pontos: 15% de mortalidade • De 15-19 pontos: 25% de mortalidade • De 20-24 pontos: 40% de mortalidade • De 25-29 pontos: 55% de mortalidade • De 30-34 pontos: 75% de mortalidade 11 • Maior de 34 pontos: 85% de mortalidade 6.1.3 Escore SAPS II O SAPS foi desenvolvido em 1984, como um método independente para simplificar o sistema APACHE. Os autores utilizaram, em sua primeira versão, 14 variáveis selecionadas por um consenso de especialistas, incluindo idade, frequência cardíaca, pressão arterial sistólica, temperatura, frequência respiratória ou ventilação mecânica, volume urinário em 24 horas, uréia sanguínea, hematócrito, leucócitos, glicose, potássio sérico, sódio sérico, bicarbonato de sódio e Escala de Coma de Glasgow, obtida nas primeiras 24 horas de admissão (HESS, 2002). Ressalta-se que o SAPS II por expressar a gravidade com base nas condições fisiológicas e ser uma versão simplificada, portanto, mais fácil de ser aplicada, tem sido utilizado no nosso meio para esse fim (SICHUSTER, 2004, p.163). Em 1993, foi realizada a atualização do índice, sendo usada a análise de regressão logística para selecionar as variáveis que fariam parte do SAPS II(HESS, 2002). Desta forma, as variáveis fisiológicas sofreram expressivas modificações, sendo usadas aquelas estatisticamente significantes em relação à mortalidade. Assim, o SAPS II foi validado durante um estudo multicêntrico, em que foram estudados 13.152 pacientes clínicos e cirúrgicos, pertencentes a 137 UTIs de 12 países, em um período consecutivo de cinco meses. Este modelo, tal qual o APACHE II, converte a pontuação final em probabilidade de óbito, o que o coloca na categoria de índice prognóstico (SICHUSTER, 2004, p.163). De acordo com o autor supracitado nessa versão, o SAPS II é composto por 17 variáveis, sendo 12 fisiológicas agudas (freqüência cardíaca, pressão arterial sistólica, temperatura, fração inspirada de oxigênio, débito urinário, uréia sérica, leucócitos, potássio sérico, sódio sérico, bicarbonato sérico, bilirrubina e Escala de Coma de Glasgow), idade, tipo de admissão (cirurgia programada, não programada, internação clínica) e três variáveis relacionadas com doença preexistente (AIDS, neoplasia metastática e neoplasia hematológica). O escore final do índice, resultante da somatória 12 da pontuação das variáveis, indica a gravidade do paciente que será maior quanto maior for a pontuação obtida, além de estimar a probabilidade de sobrevida. Consideram-se para a pontuação os piores dados das primeiras 24 horas de internação do paciente na UTI. Portanto, o SAPS II é um instrumento de medida de gravidade aceito internacionalmente e empregado para a avaliação de gravidade e prognóstico dos pacientes em UTI (HESS, 2002). Tabela 2: Escore SAPS II Fonte: Revista Acta Paulista, 2006. 6.1.4 Escore SOFA Outro índice prognóstico também bastante utilizado em UTI é o SOFA (Sequential Organ Failure Assessment), o qual descreve quantitativamente o grau de disfunção orgânica ao longo do tempo e avalia morbidade em pacientes críticos sépticos. Todavia, estudos de metanálise sugerem que o SOFA pode ser utilizado em pacientes sem sepse, com o escopo de avaliar a mortalidade e como indicador de gravidade 13 (TERZI, 2006). Embora o SOFA tenha primariamente sido utilizado em pacientes críticos para prognosticar risco de morte, vários estudos validaram este sistema (HESS, 2002). Conforme Terzi (2006) o SOFA é obtido por meio de um esquema de pontuação que atribui 1 a 4 pontos, utilizando variáveis como contagem de plaquetas, bilirrubina, índice de oxigenação, uso de fármacos vasoativos, escala de coma de Glasgow e creatinina. Ao longo da permanência do paciente na UTI pode haver variações do resultado do SOFA. A pontuação do SOFA deve ser calculada 24h após admissão na UTI e a cada 48h durante a internação. A média e as pontuações mais altas são os preditivos de mortalidade. O gradiente do SOFA também é muito empregado como preditor de mortalidade, que é calculado pela diferença entre o SOFA máximo e o SOFA realizado na admissão. As pontuações do SOFA que aumentam em cerca de 30% durante a internação estão associadas à mortalidade de pelo menos 50% (LIVIANU, 2008, p.92). De acordo com Terzi (2006) o SOFA escore analisa seis sistemas orgânicos graduando entre 0 e 4 pontos de acordo com o grau de disfunção orgânica/falência. Tabela 3: Escore SOFA SOFA RESPIRAÇÃO PaO 2 / FIO 2 0 1 2 3 4 > 400 <400 <300 <200 <100 > 150 <150 <100 <50 <20 <1,2 1,2-1,9 2,0-5,9 6,0-11,9 > 12,0 Coagulação As plaquetas 10 3 / mm 3 Fígado Bilirrubina (mg / dL) 14 Cardiovascular b Hipotensão SNC Coma de Glasgow Dopamina </ = 5 Dopamina> 5 ou Dopamina> 15 ou norepinefrina ou PAM > PAM ou norepinefrina ou 70 <70 dobutamina Epinefrina (qualquer dose) </ = 0,1 > 0,1 Epinefrina >14 13-14 10-12 6-9 <6 <1,2 1,2-1,9 2,0-3,4 3,5-4,9 ou <500 > 5,0 ou <200 Renal Creatinina (mg / dL) ou a produção de urina (Ml / d) (a) Com suporte ventilatório (b) Agentes adrenérgicos administrados por pelo menos 1 hora (doses em g/kg/min) Fonte: Revista Acta Paulista, 2006. Segundo Livianu (2008) o SOFA pode ser utilizado para quantificar o impacto de intervenções terapêuticas sobre a morbidade, bem como na identificação de grupos de maior risco e que merecerão maior monitorização, sendo a avaliação sequencial da pontuação do SOFA durante os primeiros dias da admissão à UTI demostra ser um bom indicador prognóstico, com um aumento na pontuação SOFA durante as primeiras 48 horas na UTI predizendo uma taxa de mortalidade de pelo menos 50%. 6.1.5. Escore TIMI Atualmente o escore mais utilizado como modelo integrado na utilização de risco para as SCASSST é o TIMI RISK. O Escore de Risco TIMI foi o primeiro modelo validado, provenientes do estudo de coortes de ensaios clínicos intervencionistas. Este Escore foi rapidamente difundido na prática clínica, tendo a seu favor a simplicidade de aplicação. Resumidamente, o Escore de Risco TIMI consiste de sete variáveis, todas dicotômicas (PORTO, 2008, p. 236). Livianu (2008) refere que a presença de cada variável adiciona um ponto ao escore total, que varia de zero a sete. Estas variáveis são relacionadas à apresentação clínica da síndrome coronariana aguda (infradesnível do segmento ST, elevação de marcador de necrose miocárdica, > 1 episódio de angina em 24 horas) ou a 15 características prévias dos pacientes (idade ≥ 65 anos, uso de aspirina, obstrução coronária ≥ 50%, ≥ 3 fatores de risco para doença aterosclerótica). O autor supramencionado descreve que o escore TIMI, criado na Harvard Medical School, é utilizado para estratificação de risco nas síndromes coronarianas agudas (IAMSSST e AI). Sete variáveis foram consideradas preditoras independentes de pior prognóstico em pacientes com angina instável ou infarto do miocárdio sem supra de ST, a partir de dados dos trials clínicos TIMI 11B e ESSENCE. Livianu (2008) afirma que para o cálculo do escore, o valor 1 é atribuído às variáveis presentes no paciente analisado e 0 para as ausentes. São as variáveis: 1) Idade maior ou igual a 65 anos; 2) Presença de pelo menos 3 fatores de risco conhecidos para doença coronariana (fatores de risco: historia familiar, hipercolesterolemia, hipertensão, diabetes e tabagismo); 3) Estenose coronariana prévia de, pelo menos, 50%; 4) Presença de desvio do segmento ST à no ECG de admissão hospitalar; 5) Pelo menos dois episódios de angina prévios nas últimas 24h; 6) Marcadores de necrose miocárdica elevados; 7) Uso de AAS nos últimos 7 dias; Segundo Porto (2008) o TIMI RISK configura-se como sendo uma estratificação de risco que possui variáveis simples, de rápida coleta, fácil memorização, sem a dependência de exames complementares e/ou invasivos e deve apresentar cálculos fáceis. Esse escore de risco visa avaliar o prognóstico e a evolução desses pacientes quanto ao óbito em um período de 30 dias (LIVIANU, 2008). Tabela.4: Escore TIMI 16 Fonte: Revista Brasileira de Terapia Intensiva, 2006. Vale ressaltar que a grande maioria dos índices de gravidade mencionados tem seu foco de atenção voltado às condições clínicas dos pacientes e à terapêutica médica empregada. 7 PERCURSO METODOLÓGICO 7.1 Caracterização da Pesquisa O presente estudo trata-se de uma pesquisa exploratória descritiva de coorte de abordagem quantitativa, onde conforme Gil (2002) a pesquisa exploratória tem por finalidade especialmente quando se trata de pesquisa bibliográfica, proporcionar maiores informações sobre determinado assunto; facilitar a delimitação de uma temática de estudo; definir os objetivos ou formular as hipóteses de uma pesquisa ou, ainda, descobrir um novo enfoque para o estudo que se pretende realizar, ou seja o aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições; é descritiva porque segundo o autor sup of cit procura observar, registrar, analisar, classificar e interpretar os fatos ou fenômenos (variáveis), sem que o pesquisador interfira neles ou os manipule. Este tipo de pesquisa tem como objetivo fundamental a descrição das características de determinada população ou fenômeno, ou o estabelecimento de relações entre variáveis, 17 isto é, aquelas que visam estudar as características de um grupo: sua distribuição por idade, sexo, procedência, nível de escolaridade, estado de saúde física e mental, e outros. 7.2 Instrumento de coleta de dados Foi desenvolvida com base em material já elaborado e constituído de livros e artigos científicos indexados nas seguintes bases de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe de informação em Ciências da Saúde (LILACS), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), Scientific Library Online (Scielo). Utilizou-se uma abordagem quantitativa. A busca dos artigos ocorreu no período de dezembro de 2012 a abril de 2013, sendo selecionados 29 artigos. Os critérios de inclusão foram os seguintes: artigos publicados na íntegra, em língua portuguesa e que abordassem a temática proposta. O recorte temporal foi de 2000 a 2012. Foram utilizados os seguintes descritores: UTI; Prognósticos; Indicadores. Como etapa subsequente, procedeu-se à leitura integral de cada texto; realizouse a hierarquização das informações, apresentando a quantidade de publicações por base de dados e, por fim, o agrupamento das mesmas de acordo com o teor das informações apresentadas, conforme apresentado nos itens subsequentes. A analise dos dados foi fundamentada na literatura pertinente à temática. Foi feita a análise descritiva e quantitativa com distribuição de freqüência e com representação por tabelas. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com a criação de áreas específicas e diferenciadas para a assistência intensiva nas últimas décadas, tornou-se viável a manutenção e a recuperação de pacientes com diversos tipos de doenças e quadros de instabilidade aguda delas decorrentes, hemodinâmica, ventilatória, metabólica, renal, entre outras. A UTI é uma unidade que demanda elevado investimento tecnológico, e que apresenta grande impacto emocional, de modo que é necessário garantir a qualidade da utilização dos recursos, implantando estratégias administrativas eficientes. Portanto, o conhecimento do conceito de risco do paciente admitido na UTI pode fornecer dados 18 para garantir a melhor utilização das atividades e estimar, durante o curso do tratamento, o tempo adequado para alcançar a alta ou para decidir por quanto tempo seria mantido o tratamento. O sistema de pontuação utilizado para categorizar os pacientes, contribui para melhor compreensão de dois aspectos da terapia intensiva: a gravidade da doença e a efetividade da terapêutica. Entretanto, essa capacidade de predição de resultados não tem sido suficientemente consistente, sua contribuição deve ser um fator colaborativo na tomada de decisões na unidade de terapia intensiva. Desse modo, é de suma importância o sistema de classificação de risco como ferramenta no auxilio do tratamento ao paciente nas unidades de terapia intensiva. 19 REFERÊNCIAS FUGULIN, F.M.T. Sistema de classificação de pacientes: identificação do perfil assistencial dos pacientes das unidades de internação do HU-USP. 2005. GOMES, A. M. Enfermagem na unidade de terapia intensiva. 2ª ed. São Paulo: EPU, 2008. HESS, C. T. Índices prognósticos. 4ª ed. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso, 2002. JUNIOR, G. R. R.; AMARAL, J. L. G. Influência da sedação na morbi-mortalidade em terapia intensiva. Revista de Medicina, 2004. p. 8-11. KNOBEL, E; NOVAES, M. A. F. P. BORK, A. M. G. T. Condutas no paciente grave. 2ª ed. Vol. 2 São Paulo: Atheneu, 2007. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de pesquisa metodológica científica. 5ª ed. Revisada e ampliada. São Paulo: Atlas, 2003. LINO, M. M.; SILVA, S. C. Enfermagem na unidade de terapia intensiva: a história como explicação de uma prática. Rev. 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