Potencial de Produção de Pepino Tipo "Cornichon" da cv. Crispina. Rosemarí Driemeier-Kreimeier; Ingrid Bergman Inchausti de Barros; Renato Kreimeier Ufrgs - Departamento de Horticultura e Silvicultura, Caixa postal 15100, 91501-970 Porto Alegre, RS [email protected] RESUMO O pepino é uma hortaliça versátil e seu cultivo tem se expandido no sul do Brasil, pela demanda das indústrias de conserva. As cultivares partenocárpicas atendem aos requisitos de produzir pepinos pequenos, recém formados tipo "cornichon" em grande quantidade. O trabalho teve por objetivo avaliar o potencial de produção de pepino tipo "cornichon", em cultivo à céu aberto, tutorado, com a cv. Crispina. As mudas foram transplantadas com 13 dias de idade em espaçamento de 0,20 m X 1,5 m. O delineamento totalmente ao acaso envolveu 78 plantas. A colheita foi diária e rigorosa, para obter o máximo de pepino tipo “cornichon”. A classificação dos frutos, segundo seu comprimento, foi estabelecida em classes: 1- 3,0 - 5,0 cm, 2- 5,0 - 7,0 cm e 3- 7,0 - 9,0. Somente a classe 1 foi considerada tipo "cornichon". O Período de colheita foi de 79 dias, obtendo-se um rendimento de 66% dos frutos totais na classe 1, 22% na classe 2, e 12 % na classe 3. Assim, neste experimento constatou-se que o potencial do pepino partenocárpico 'Crispina' é de produzir 66% de frutos tipo “cornichon”. A produção média total ao final do ciclo foi de 1.973 g/planta, sendo a estimativa de rendimento 70.034 Kg /ha. Concluiu-se assim que a cv. Crispina teve um excelente desempenho para produção de pepino tipo "cornichon". Palavras chaves: Cucumis sativus, partenocárpico, pepino indústria e classes de frutos ABSTRACT Product potencial of cucumber type “cornichon” with cv. Crispina The cucumber is a versatile vegetable and its culture has expanded in the south of Brazil due to the demand of the canning industry. The partenocarpic plants meet the requirements of producing small recently-formed cucumbers, type “cornichon”, in high amounts. The aim of this study was to evaluate the potential of production type “cornichon” cucumbers at field conditions and the plants grew in rows and were trained according to the high-wire system to, with a cv Crispina. The seedlings were transplanted at the age of 13 days in spaces of 0.20m x 1,5 m and harwest started after 49 days of. From 78 plants cucumbers were harvested every day in order to obtain the maximum of cucumbers type “cornichon”. Fruits were classified, according to its length: class 1: 3,0 to 5,0 cm; class 2: 5,0 to 7,0 cm and class 3: 1 7,0 to 9,0 cm. Only class 1 was considered type “cornichon”. Harvest period was of 79 days, obtaining an output of 66% of the total of fruits in class 1, 22% in class 2 and 12% in class 3. Thus, from this experiment the potential of production of the partenocarpic ´Crispina´ cucumbers is about 66% of the fruit. The average total production at the end of the cycle was of 1,973 gr./plant resulting in an estimated output of 70,034 kg/ha. Therefore cv. Crispina is an excellent cultivar for the production of type “cornichon” cucumbers. Keywords: Cucumis sativus, partenocarpic, industry cucumber, class of fruit. O pepino Cucumis sativus L. tem se expandido no sul do Brasil, pela utilização da matéria prima em indústrias de conserva, mostrando uma tendência ao aumento do consumo de produtos processados, com maior valor agregado, sendo fonte de emprego em diversas situações. (COSTA, 2000). As indústrias por sua vez, tem buscado cada vez mais, frutos de menor tamanho facilitando o envase que pode ser mecanizado e por gravidade. Desta forma, apenas os pepinos maiores precisam ser colocados manualmente um a um no vidro de conserva. Segundo Alvarenga et al (1982) no sistema tutorado, os frutos são de melhor qualidade, atendendo os mercados mais exigentes permitindo elevar o rendimento para níveis superiores àqueles atualmente obtidos, tornando a cultura mais produtiva. A modalidade de sistema tutorado à céu aberto é muito utilizada para cultivos industriais em grande escala, administrados na forma de condomínios, bem como cultivos intensivos em pequenas áreas, próximo da casa do produtor, para facilitar a colheita que é feita pela família. Assim, o pepino pode ser plantado na época preferencial, sem o custo do cultivo protegido, que a indústria não pode remunerar. Resultando em um produto de coloração uniforme, higiênico e prático de colher. O manejo da cultura do pepino para conserva deve maximizar o rendimento de frutos, através da parte vegetativa da planta, responsável pela produção de assimilados. A colheita precoce dos frutos estimula a planta a um florescimento contínuo, enquanto a colheita de frutos maiores exaure mais o pepineiro. (SCHVAMBACH, 2002). O pepino tipo "cornichon" é o fruto recém formado, normalmente ainda com a flor aderida. Resende & Pessoa (1996), agruparam os frutos em três classes de "cornichon": 1 (4,0 a 4,5 cm de comprimento), 2 (4,5 a 5,0 cm de comprimento) e 3 (5,0 a 5,5 cm de comprimento). Para a obtenção do máximo de pepino "cornichon" a colheita deve ser diária e rigorosa. As cultivares partenocárpicas atendem aos requisitos de produzir pepinos de menor calibre, em grande quantidade. A cultivar crispina, além de ser partenocárpica tem como 2 principal vantagem a "crocância" do fruto que é uma das características mais importantes buscadas pelo mercado europeu. As pesquisas sobre pepinos tipo "conichon" são relativamente escassas, verificandose a necessidade de mais trabalhos para informações técnicas cada vez mais precisas. O presente trabalho teve por objetivo verificar o potencial da cv. Crispina em produzir de pepinos tipo "cornichon" para indústria de conserva. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi realizado na área experimental do Colégio Teutônia, Teutônia, RS, com a cultivar partenocárpica Crispina, da Nunhems da Holanda, em cultivo à céu aberto. As mudas foram cultivadas em bandejas de isopor de 128 células, em substrato comercial e em cultivo protegido. Foram semeadas em 10 de outubro de 1997 e transplantadas 13 dias após. O espaçamento utilizado foi de 0,20 m entre plantas e 1,5 m entre linhas, o que resultou em uma população de 33.334 plantas/ha. O preparo do solo foi total, consistindo em aração e gradagem da área, com incorporação total do composto e o adubo químico incorporado manualmente na véspera do transplante. O preparo total foi possível por ter sido o primeiro cultivo neste sistema de condução. A adubação de plantio foi de 300 kg da fórmula 5-20-20 /ha e 20 t de composto de cama de ovinos/ha. Para a fertirrigação utilizou-se os produtos comerciais para adubação líquida da Hydro: 0,9 kg de 06-12-36, Kristalon Laranja e 0,8 kg de nitrato de cálcio em 1000 l de água. O uso do fertilizante na água foi iniciado uma semana antes do início da colheita e aplicada à cada três dias. Nos dois dias restantes irrigou-se somente com água pura conforme a capacidade de campo. No dia da fertirrigação toda a água aplicada para manter a capacidade de campo continha fertilizante. No caso de chuva, protelou-se a fertirrigação para o dia seguinte ou quando houvesse necessidade de água para a cultura. A condução das plantas foi em sistema tutorado tipo espaldeira com tela plástica de 15 X 15 cm. Logo que as plantas atingiram o sistema de condução, 20 cm de altura, foram auxiliadas manualmente, duas vezes por semana a se fixarem na tela por suas estruturas de fixação. Na poda eliminaram-se as primeiras flores e brotos laterais de cada planta até a altura de 40 cm. Os ramos laterais acima de 40 cm de altura da planta foram podados após a 2ª folha, visando o equilíbrio vegetativo da planta. Quando os frutos começaram a deformar pela idade das plantas, encerrou-se a colheita. O delineamento totalmente casualizado envolveu 78 plantas. A colheita foi efetuada diariamente em todas as plantas de forma rigorosa, mantendo o mesmo rigor do padrão de 3 colheita diárias, durante todo o ciclo, para obter o máximo de pepino tipo “cornichon” . Os frutos foram divididos em três classes, descritas à seguir e pesados separadamente. A classificação dos frutos do presente trabalho foi estabelecida pelo mercado a ser atendido em classes: 1 (3,0 - 5,0 cm de comprimento), 2 (5,0 - 7,0 cm de comprimento) e 3 (7,0 - 9,0 cm de comprimento). Neste caso somente a classe 1 foi considerada tipo "cornichon". O limite entre as classes foi definido em função do diâmetro dos frutos. RESULTADOS E DISCUSSÃO O ciclo à campo, desde o transplante até o final da colheita foram 110 dias. Período da semeadura até o início da frutificação foram 49 dias. Período de colheita foi de 79 dias. Verificou-se um ciclo longo se comparado aos resultados de Resende & Flori (2003) que obtiveram um ciclo vegetativo de 78 a 81 dias nas cultivares avaliadas, que não foram partenocárpicas. Obteve-se um rendimento de 66% dos frutos totais na classe 1, 22% na classe 2, e 12 % na classe 3 (Tab.1). Assim, neste experimento observou-se que o potencial da cultivar partenocárpica Crispina, é de produzir cerca de 66% de pepino tipo “cornichon”, cujo produto é mais valorizado no mercado. Observou-se a importância do equilíbrio vegetativo da planta pela poda, permitindo uma boa infiltração de luz e melhor visualização dos frutos por ocasião da colheita, evitando o crescimento excessivo dos pepinos. O número de frutos/kg das classes 1, 2 e 3 foi respectivamente: 152, 75 e 40. A produção média total ao final do ciclo foi de 1.973 g/planta, sendo a estimativa de rendimento 70.034 Kg /ha, bem superior a produção encontrada por Espínola, et al (2001) com a mesma cultivar. Segundo Espínola, et al (2001) o acúmulo de matéria seca não é constante, sofrendo interações com as variáveis do ambiente. Assim, os resultados em outras épocas do ano poderão variar, de acordo com as diferentes condições climáticas, mesmo variando poucos dias entre plantios. Obteve-se a maior produção de pepinos (66%) na classe 1, que é o tipo "cornichon", nas condições do presente trabalho. Segundo Resende & Flori (2003), o conhecimento do potencial de produção deste calibre é muito importante, por ser um produto diferenciado e de maior valor comercial. Conclui-se assim, que a cv. Crispina teve um excelente desempenho para produção de pepino tipo "cornichon", além do mais apresentou uma produção total excelente comparada a outras cultivares citadas na literatura. 4 Tabela 1. Produção total de frutos de pepino cv crispina, por classe e estimativa de produção em kg/ha. Teutônia RS 1998. Classes Produção (kg/78 plantas) Produção (%) Estimativa (kg/ha) 1 (3 - 5 cm) 111,22 66 47.530 2 (5 - 7 cm) 33,83 22 14.457 3 (7 - 9 cm) 18,83 12 8.047 Total 163,88 100 70.034 LITERATURA CITADA ALVARENGA, M. A. R.; PEDROSA, J. F.& FERREIRA, F. A. Pepino: cultivares e métodos culturais. Cucurbitaceas Informe Agropecuário Epamig Belo Horizonte, v. 8 n. 85, p. 33-34, jan. 1982. COSTA, C. P. da. Olericultura Brasileira: passado, presente e futuro. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 40, CONGRESSO IBERO-AMERICANO SOBRE A UTILIZAÇÃO DE PLÁSTICOS NA AGRICULTURA. 2, SIMPÓSIO LATINO-AMERICANO DE PRODUÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS, AROMÁTICAS E CONDIMENTARES. 1, 2000. São Pedro, SP. Trabalhos apresentados e palestras...Horticultura Brasileira, Brasília: SOB/FCAV-UNESP, 2000. v.18, p. 7 - 11, Suplemento. ESPÍNOLA, H. N. R. ; ANDRIOLO, L. J. ; BARTZ, H. R. Acúmulo e repartição da matéria seca da planta de pepino tipo conserva sob três doses de nutrientes minerais. Ciência Rural, Santa Maria, v.31, n.3, p.387-392, 2001 RESENDE,G. M. & FLORI, J. E. Produtividade de pepino para processamento no Vale do São Franscisco. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília,v.38, n.2, p. 251-255, fev. 2003. RESENDE, G. M. de; PESSOA, H. B. S.V. Produção de pepino para indústria no perímetro irrigado do Gorutuba. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 14, n. 2, p. 220-222, nov.1996. SCHVAMBACH, J. L.; ANDRIOLO, J. L.; HELDWEIN, A. B. Produção e distribuição da matéria seca do pepino para conserva em diferentes populações de plantas. Ciência Rural, Santa Maria, v. 32, n.1, p.35-41, jan. 2002. AGRADECIMENTOS CAPES pela bolsa M Sc; ao Prof. Renar João Bender pelo auxílio na redação do Abstract 5