ARTIGO - ALTAS HABILIDADES Marizely Marques Drummond Você já ouviu falar em alunos portadores de Altas Habilidades? Saberia descrever um deles? Numa rápida definição podemos dizer que são aqueles alunos que apresentam capacidade cognitiva acima da média e um desenvolvimento acelerado das funções cerebrais. Tecnicamente podemos defini-los, ainda, como sendo aqueles que, entre outras crianças da mesma faixa etária, apresentam maturidade precoce, percebem com facilidade a relação entre fatos e, frequentemente têm ideias originais. Além disso, a versatilidade de interesses, a inesgotável curiosidade e evidente senso de humor compõem o perfil de um aluno superdotado. Não é correto classificá-los como gênios, pois gênio é o superdotado que rompeu paradigmas, como Einstein, Mozart ou Picasso; são aqueles que não se limitaram a reproduzir o existente, mas, pelos estímulos recebidos, foram capazes de criar ideias ou produtos que fizeram diferença para a humanidade. Essas definições porém, são ainda insuficientes para englobar todas as particularidades dos portadores de altas habilidades ou superdotados, já que constituem um grupo bem heterogêneo considerando-se suas características e habilidades. Com tanta dificuldade em defini-los, já imaginou quantos talentos anônimos se perderam por não serem corretamente identificados, trabalhados e/ou desenvolvidos? Nem sempre o aluno portador de altas habilidades é aquele que possui o boletim mais invejado, pois a falta de estímulo ao seu potencial criativo pode levá-lo ao desinteresse e baixo rendimento escolar. Espantoso saber que Einstein chegou a ser reprovado em matemática, não é mesmo? Para identificar um superdotado é necessária uma observação sistemática e persistente, tanto no seu comportamento como no seu desempenho, cuidando para não rotulá-lo ou cobrá-lo desempenhos excepcionais. As oportunidades educacionais para essas crianças devem caracterizar- se pela riqueza de incentivos que permitam identificar suas próprias potencialidades. A sensibilidade e a afetividade são componentes essenciais para os que convivem com essas crianças. Respeitá-las, descobrir os seus talentos e ajudálas a conviver com seus pontos fortes e fracos, buscando seu ajustamento pessoal e emocional, favorece o desenvolvimento de uma autoimagem positiva. Dentre as diversas teorias que buscam definir “Altas Habilidades” está o Círculo dos Três Anéis de Renzulli que se baseia na confluência de três fatores: habilidades acima da média, compromisso com a tarefa (motivação) e criatividade elevada, ressaltando que essas características, porém, podem não se manifestar a todo instante, nem em todas circunstâncias da vida. A alegria e o orgulho da família que abriga um portador de altas habilidades podem esbarrar na angústia e na incerteza da forma correta de como conduzir o desenvolvimento produtivo e saudável daqueles que, por vezes, podem apresentar crescimento desigual nos diversos aspectos de sua personalidade. O descompasso entre o intelectual e o emocional é fonte de tensões e origem de desajustamento de ordem emocional e social. Inteligência de um adulto e emocional infantil num corpo de criança. Essa dificuldade é tão penosa para a criança quanto para a família que dela espera um comportamento unicamente baseado na sua capacidade intelectual mais avançada. Essa assincronia entre o desenvolvimento cognitivo, afetivo e moral, bem como os interesses recreativos e de leitura diferenciados, a seleta e exigente escolha das amizades, atitudes e valores, além da maneira como veem o mundo, podem levá-los ao isolamento social e à rejeição pelos pares. Muitos dos problemas que se observam entre os alunos que desenvolvem essas características tem a ver com o desestímulo e frustração sentida por eles ao se depararem com a imposição de um programa acadêmico que prima pela repetição e monotonia em salas de aula, que pouco favorecem a expressão do potencial superior, o que os leva, consequentemente, a uma visível apatia e ressentimento com a comunidade escolar. Há muito que se aprender e desvendar sobre esse tema para que seja possível levar às nossas escolas projetos que favoreçam a identificação e o correto desenvolvimento das potencialidades desses jovens talentos. Como bem colocado por Dóra Cortat Simonetti1 : “Talento não se desperdiça, estimula-se”. 1- ALTAS HABILIDADES: REVENDO CONCEPÇÔES E CONCEITOS Referências: ALTAS HABILIDADES: REVENDO CONCEPÇÔES E CONCEITOS – Dóra Cortat Simonetti – ABAHSD – Associação Brasileira para Altas habilidades/Superdotados; DESENVOLVIMENTO DE TALENTOS E ALTAS HABILIDADES – Orientações a Pais e Professores – Denise de Souza Fleith e Eunice M. L. Soriano de Alencar; CORREIO BRAZILIENSE - CADERNO BRASIL- 19/03/2012- págs. 11 e 12Educação – Uma legião de mentes brilhantes e anônimas.