Teoria de Aquisição da Linguagem A Língua é inata ao homem ou adquirida socialmente? Há séculos, teorias de aquisição da linguagem são elaboradas para definir a forma como as línguas são aprendidas. Muitos estudiosos tentam explicar essa questão que se divide em duas grandes linhas de conhecimento: o empirismo e o racionalismo. O primeiro baseia-se na experiência e acredita que a estrutura da língua depende exclusivamente dos fatores externos ao indivíduo. Essa teoria não nega a existência da mente, mas prega que tudo precisa ser explicado exteriormente pela experiência. O segundo, também conhecido como mentalismo, acredita que juntamente com as experiências, as crianças fazem uso de alguma forma de capacidade inata. Para esses, os meios através dos quais a mente adquire conhecimento são inatos; acreditam que a mente não é uma tabula rasa como pensavam os empiristas, ou seja, a criança não agrega o conhecimento apenas através da experiência. Existem várias outras que complementam essas já citadas. Dentre elas temos o behaviorismo (comportamentalismo) e o conexionismo (tido como novo associacionismo) Que se enquadram no empirismo. Ambas acreditam na experiência como forma de aprendizado. O behaviorismo baseia-se em dados observáveis através de estímulos e respostas. Já o conexionismo recorre ao processo neural para explicar como ocorrem as relações entre input e output. Toda vez que esses estímulos ativam certos neurônios, a conexão entre eles é reforçada, criando uma rede que se sedimentará a cada repetição de determinado estímulo. Na teoria racionalista existem duas vertentes que são o inatismo e o construtivismo. As duas acreditam que o aprendizado possui características marcadamente inatas, porém, diferem entre si partindo do pressuposto de que o inatismo não considera a linguagem como parte da cognição, ou seja, a linguagem independe de outros tipos de desenvolvimentos mentais. Dessa forma, qualquer tipo de dano mental não afetará necessariamente a linguagem. O construtivismo, que trata da interação entre a criança e o mundo (cognitivismo) e entre a criança e o adulto (interacionismo), considera a linguagem como um processo de cognição em que as crianças constroem sua linguagem. De acordo com as teorias abordadas anteriormente, procuraremos explicar a aquisição da linguagem, isto é, questionaremos se a língua é inata ao homem ou adquirida socialmente. Perceptivelmente, as crianças produzem conceitos próprios que nunca foram reproduzidos antes, como conjugações de verbos (ex.: fazi, e cabeu) ou de palavras (ex.: farmaceiro). Isso nos leva a acreditar na existência de uma gramática interna, ou de um conhecimento inato sobre a linguagem, pois se o aprendizado se desse somente por imitação como defende o behaviorismo, então, além de levar muitos anos para se adquirir uma língua e desenvolvê-la, não se poderia explicar a regularidade e inteligência que fazem com que as crianças criem tais conceitos novos no campo da linguagem. Outro ponto de discordância entre as teorias empiristas e inatistas é a de que as primeiras não atentam ao fato de a compreensão das crianças ser maior do que a produção das mesmas, isto é, as crianças compreendem frases fora do contexto e comandos difíceis que não seriam possíveis de reproduzir por causa da idade (maturação mental) e do desenvolvimento do aparelho fonador. Mais uma vez, se não existissem preceitos inatistas nos seres humanos, as crianças só compreenderiam o que já tivessem produzido. A criança quando nasce possui a capacidade de adquirir estruturas de qualquer língua, pois a faculdade da linguagem não esta relacionada à nacionalidade da criança. Por exemplo, se um bebê brasileiro for criado nos Estados Unidos, essa criança será capaz de aprender o inglês perfeitamente (sendo ela posta em contato com esta língua até o momento em que a sua laterização não esteja formada). Isso demonstra que a criança possui uma gramática universal que contém as regras comuns a todas as línguas. Somente através do contato ela selecionará as que funcionarão em sua língua materna. Esse contato seria a parte adquirida da língua que se dá por meio de socialização. Apesar de não imitarem e nem reproduzirem através de estímulos e respostas, as crianças precisam ser estimuladas a exercer a produção de sua língua particular, pois se não houvesse essa troca, não haveria a comunicação, que é o principal meio e motivo da linguagem. Assim, os seres humanos transformariam sua gramática interna e inata em gramática “normativa” no contexto e na sociedade em que estão inseridos através de convenções sociais criadas para o melhor e eficaz uso da língua na comunicação. Enfim, se a língua é inata ao homem ou adquirida socialmente, não é fácil definir, pois, além dessas teorias, existem muitas outras que tentam explicar essa questão. Porém, o que se pode perceber é que tanto os dados exteriormente provados quanto a existência de algo inato sobre a linguagem não devem ser ignorados, uma vez que eles se complementam, e possuem aspectos e funções importantes para o desenvolvimento da linguagem.