126 CONHECIMENTO E COMPORTAMENTO SOBRE DST/AIDS ENTRE ACADÊMICOS DO CURSO DE ENFERMAGEM DO CENTRO UNIVERSITÁRIO DO LESTE DE MINAS GERAIS CONSCIOUSNESS AND BEHAVIOR CONCERNING STD/AIDS IN THE ACADEMIC NURSING COURSE FROM CENTRO UNIVERSITÁRIO DO LESTE DE MINAS GERAIS Larissa Paterno Cordeiro Acadêmica de Enfermagem do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais – UnilesteMG. [email protected] Nayara Soares Reis Silva Acadêmica de Enfermagem do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais – UnilesteMG. Simone de Pinho Barbosa Enfermeira Mestre em Saúde da Família. Docente do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais RESUMO As doenças sexualmente transmissíveis são doenças infecciosas que podem ser transmitidas ou não através da via sexual, já a síndrome da imunodeficiência adquirida é decorrente da infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana que pertence à classe dos retrovírus, comprometendo a funcionalidade do sistema imunológico do organismo humano. São doenças com alta magnitude e transmissibilidade que vem acometendo qualquer classe social, sendo uma das causas de maior procura em serviços de saúde se tornando, portanto um problema de saúde pública. Estes fatos levaram a necessidade de pesquisar qual o comportamento dos acadêmicos do primeiro e último período do curso de enfermagem em relação ao risco de adquirir DST’s/Aids. Foi realizado um estudo quantitativo do tipo descritivo, com 103 acadêmicos do primeiro e último período do curso de enfermagem do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais, que responderam a um questionário estruturado composto por 11 questões. Com base nas respostas dos acadêmicos observou-se que a iniciação sexual dos mesmos é precoce, há multiplicidade de parceiros e uso de bebidas alcoólicas antes das relações sexuais. Apesar dos vários fatores de risco para adquirir DST’s/Aids, estes acadêmicos possuem conhecimento sobre essas doenças. O levantamento deste comportamento e conhecimento, evidenciou que os futuros profissionais de saúde devem ser conscientizados dos seus atos para poderem adotar medidas de auto –proteção contra as DST’s/Aids e instruir seus pacientes. PALAVRAS–CHAVE: Doenças sexualmente transmissíveis. Síndrome da imunodeficiência adquirida. Comportamento de risco. Universitários. Enfermagem. ABSTRACT Sexually transmitted diseases are infectious diseases that can be transmitted or not through sexual means, however the acquired immunodeficiency syndrome occurs by contamination of the human immunodeficiency virus which belongs to the retroviruses group, and compromises the functionality of the body immune system. These are diseases with great magnitude and high- risk of contamination and affects all social levels, also being one of the greatest demand in the health system, therefore they became a public health matter. These facts led us to research on the level of behavior of academics attending the first and last terms of nursing school concerning the risks of acquiring STD’s/Aids. It was a descriptive quantitative study, involving 103 academics attending the first and last terms of nursing school at Leste de Minas Gerais University Centre, who answered a structured questionnaire consisting of 11 questions. Based on their answers, it was noticed that there is a precocious sexuality, a multiplicity of partners and the use of alcohol before intercourse. In spite of several risk factors for acquiring STD’s/ Aids, these academic have knowledge about the subject. The Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG-V.2-N.1-Jul./Ago. 2009 127 research showed that future health care professionals must be aware of their actions in order to adopt measures of self- protection against STD’s/ Aids and educate their patients. KEY WORDS: Sexually transmitted diseases. Acquired immunodeficiency syndrome. Risky behavior. Academic. Nursing. INTRODUÇÃO As Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST’s) e a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids) são patologias que representam grandes desafios para a saúde no contexto mundial, merecendo destaque devido ao seu alto potencial de disseminação. As DST’s são “doenças cujo agente etiológico é vivo e transmissível, podendo a infecção ser veiculada por um vetor, ambiente ou indivíduo” (BESERRA; ARAÚJO; BARROSO, 2006, p. 403). Já a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida é decorrente da infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) que pertence à classe dos retrovírus, comprometendo a funcionalidade do sistema imunológico do organismo humano. As células agredidas pelo HIV são principalmente os Linfócitos T, do tipo CD4+. Esta agressão aumentará a probabilidade do individuo desenvolver a Aids (SAVI; SOUZA, 1999; CANINI et al., 2004; FREITAS; JAFELICE, 2006). O vírus HIV no portador pode estar incubado e silencioso por algum tempo, antes de manifestar os sintomas da doença, por isso ter o HIV não é o mesmo que ter Aids (BRASIL, 2008a). O Ministério da Saúde estima que ocorram no mundo cerca de 340 milhões de casos de DST’s por ano, e aproximadamente 33 milhões de pessoas vivendo com HIV/Aids (BRASIL, 2006). No Brasil, entre os anos de 1980 a 2007 foram notificados 474.273 casos de HIV/Aids na população (BRASIL, 2008b). Em relação às DST’s não se têm uma exatidão de registros epidemiológicos, pois somente “a aids, a sífilis congênita e a sífilis na gestação são de notificação compulsória” (BRASIL, 2006, p. 9). Devido à alta incidência, as DST’s estão entre as cinco principais causas de procura em serviços de saúde (CARRET et al., 2004; BRASIL, 2006; DORETO; VIEIRA, 2007). Doreto e Vieira, (2007) afirmam que o perfil das DST’s foi alterado durante as últimas décadas. Segundo Taquette et al., (2005) esta alteração transformou as DST’s/Aids em doenças com alta incidência entre mulheres, heterossexuais e população de baixa renda. Os jovens estão mais expostos ao risco de adquirir DST’s/Aids, pois se envolvem com múltiplos parceiros, não usam preservativos e têm iniciação sexual precoce, gerando um aumento da demanda nos serviços de saúde. Por isso o Ministério da Saúde desenvolveu o Programa Nacional de DST/Aids com a missão de reduzir a incidência das doenças e melhorar a qualidade de vida da população (BRASIL, 2006). As DST’s quando não diagnosticadas ou não tratadas precocemente são um meio de disseminação do vírus HIV e por isso são consideradas como um agravo para a Saúde Pública (CARRET et al., 2004; BRASIL, 2006; MARTINS et al., 2006). São transmitidas através das relações sexuais mais de 20 tipos de DST’s (JIMÉNEZ et al., 2001; NAVES; MERCHAN-HAMANN; SILVER, 2005), o que confirma a necessidade da utilização do preservativo de forma regular, já que muitas dessas doenças são assintomáticas e de difícil detecção (DORETO; VIEIRA, 2007). Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG-V.2-N.1-Jul./Ago. 2009 128 O vírus do HIV é transmitido através da relação sexual, transfusão sanguínea, uso de drogas injetáveis, transplantes de órgãos, aleitamento materno e inseminação artificial. Quando há a infecção pelo vírus HIV no organismo existe a possibilidade de ocorrer o período de incubação ou a janela imunológica. O período de incubação é o momento da infecção pelo vírus HIV até o aparecimento dos primeiro sintomas da doença, este período dura aproximadamente de três a seis semanas (BRASIL, 2008c). Já a janela imunológica é o período que o organismo leva a partir da infecção pelo vírus do HIV até a produção de anticorpos anti-HIV que possam ser detectados em exames de sangue, este período dura aproximadamente de duas à oito semanas (BRASIL, 2008d). As DST’s podem causar complicações psicossociais e econômicas (DORETO; VIEIRA, 2007), pois acometem aproximadamente “20% dos jovens com menos de 25 anos” (MARTINS et al., 2006, p. 315), sendo esta, uma idade reprodutiva e economicamente produtiva. Além disto, as DST’s/Aids podem trazer conseqüências graves, como as alegadas por Martins et al., (2006) e Jiménez et al., (2001), tais como esterilidade, gravidez ectópica, partos prematuros e recém nascidos com baixo peso ou segundo Doreto e Vieira, (2007) e Carret et al., (2004) causar infertilidade e até mesmo levar a morte, caso não sejam tratadas a tempo. Os profissionais de saúde possuem um importante papel de educar a população em relação a prevenção e aos riscos de DST’s e ainda estimular a procura de serviços de saúde quando algum sintoma for detectado. Para Gir et al., (1999) e Brasil, (1998) a prevenção e a educação em saúde são os melhores meios de se evitar o surgimento de novos casos, sendo estes também instrumentos de conscientização e informação. De acordo com Filgueiras e Deslandes, (1999) o aconselhamento é uma boa maneira de se evitar as DST’s/Aids, e visa a educar o paciente, fazendo com que ele reflita e se torne mais consciente no processo de prevenção e cuidado. Outra forma de prevenção é a detecção de casos assintomáticos, já que para Codes et al., (2006) a maioria da população com DST’s/Aids procura os serviços de saúde somente quando estas se tornam sintomáticas. No que tange ao conhecimento e aos aspectos comportamentais dos jovens, e destacando os acadêmicos do curso de enfermagem, pode-se perceber que as Instituições de Ensino Superior (IES) possuem grande importância na educação e formação de seus acadêmicos, sendo responsável pela geração de futuros profissionais capacitados a desempenhar funções de ações educativas com pacientes que poderão estar com algum tipo de DST’s (DESSUNTI; REIS, 2007). O conhecimento adquirido no processo da graduação, às vezes, não influencia no aspecto comportamental de alguns acadêmicos, uma vez que estes têm dificuldade em falar sobre sua vida sexual, pensando estar inatingíveis por estas doenças, percebendo-a como um problema do outro, e não seu. Um estudo realizado com universitários da área de saúde demonstrou que grande parte deles possui conhecimentos precários sobre DST’s/Aids (GIR et al., 1999). Este fato reforça a importância das IES da área de saúde incluírem, de forma otimizada, projetos de extensão e assistência no campo das DST’s/Aids na grade extracurricular de ensino de seus acadêmicos. De acordo com Gir e Reis, (2002) a enfermagem deve agir de forma direta com esses pacientes, para intervir na prevenção de doenças, promoção da saúde, desenvolver atividades individualizadas Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG-V.2-N.1-Jul./Ago. 2009 129 ou com a família, contribuir com o diagnóstico precoce e tratamento efetivo e por esse motivo é necessário que tenham um conhecimento prévio. Após estudo do tema em pauta, alguns questionamentos vieram à tona. Há diferença de comportamento em relação às DST’s/Aids entre os acadêmicos do primeiro e do último período da graduação em Enfermagem? Faz-se necessário que esses acadêmicos sejam inteirados sobre os diversos aspectos das DST’s/Aids, para serem capazes de agir usando o conhecimento como instrumento de transformação social consciente, capaz de garantir mudanças de comportamento, e atitudes, aproximando a teoria à prática, uma vez que, a enfermagem tem também um papel educador, tanto individual, quanto coletivo no tratamento e na prevenção dessas doenças. Para tal, esse estudo propõe os seguintes objetivos: identificar diferenças comportamentais entre ingressos e formandos do curso de enfermagem; identificar o conhecimento em relação às DST’s/Aids; identificar o comportamento referente ao risco de DST’s/Aids entre os acadêmicos do primeiro e último período do curso de Enfermagem. METODOLOGIA Trata-se de um estudo com abordagem quantitativa do tipo descritiva. Este estudo é definido por Lakatos e Marconi, (2001) como investigação empírica com a finalidade de analisar fatos, fenômenos ou programas. O universo da amostra foi constituído de 159 acadêmicos do primeiro e do último período do Curso de Enfermagem do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais. Como parte da amostra do estudo obteve-se 103 (65%) alunos devidamente matriculados no ano de 2008. Desses, 33 alunos estavam matriculados no primeiro e 70 no último período. O motivo que levou os 56 (35%) alunos a não responderem ao questionário foi a ausência dos mesmos em sala de aula nos dias de coletas de dados. A coleta de dados foi realizada em junho e agosto de 2008. Foi elaborado um questionário estruturado, composto por 11 questões objetivas e realizado um pré-teste com cinco acadêmicos, com o intuito de ajustar e validar o instrumento para coleta de dados. O instrumento de pesquisa refere-se a dados de identificação (idade, gênero, estado civil, período acadêmico), relacionados a atividades sexuais (início da relação sexual, números de parceiros, parceiros estáveis, bebidas alcoólicas antes das relações sexuais e uso de preservativo), e outros dados referentes a conhecimentos sobre DST’s/Aids. A proposta do estudo foi apresentada à coordenadora do Curso de Enfermagem, que autorizou a realização do mesmo na instituição previamente citada. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foi oferecido aos participantes em duas vias de igual teor. Foi assegurado aos participantes o anonimato e o sigilo das respostas, de acordo com a Resolução 196/96 de 10 de outubro de 1996. Os dados foram comparados com a literatura científica referente ao tema e tabulados através de gráficos e tabelas, utilizando os softwares Microsoft Office Excel e Microsoft Office Word, ambos versão 2003. RESULTADOS E DISCUSSÃO Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG-V.2-N.1-Jul./Ago. 2009 130 Dos 103 acadêmicos participantes do estudo, o perfil predominantemente foi do gênero feminino (85%), com idade entre 20 e 24 anos (52%), solteiros (87%), sendo a maioria (68%), matriculado no último período do Curso de Enfermagem, conforme mostra a TAB. 1. Estudos realizados por Gir et al., (1999) e Dessunti e Reis, (2007) assemelham-se com o perfil dos acadêmicos desta pesquisa, principalmente quanto ao gênero, idade e estado civil. TABELA 1 - Perfil dos acadêmicos do Curso de Enfermagem do primeiro e último período, 2008. Variáveis Faixa etária Gênero Estado civil Período do curso 15 – 19 19 (18%) 20 – 24 53 (52%) 25 – 29 19 (18%) 30 – 34 10 (10%) 35 – 39 01 (1%) 40 – 44 01 (1%) Feminino 88 (85%) Masculino 15 (15%) Solteiro (a) 90 (87%) Casado (a) 12 (12%) Divorciado (a) União consensual Viúvo (a) 01 (1%) Último período 70 (68%) Primeiro período 33 (32%) Percentual dos acadêmicos Quanto à atividade sexual, 17 (52%) alunos do primeiro período mantêm relações sexuais e 16 (48%) ainda não iniciaram a vida sexual. No GRAF. 1 pode-se observar um equilíbrio em relação à atividade sexual desses indivíduos. A percentagem de indivíduos sexualmente ativos é pouco maior, dado surpreendente, pois a média da idade desses alunos é de apenas 18 anos, o que afirma que estão iniciando a vida sexual muito cedo. Já entre os acadêmicos do último período há uma diferença significativa, pois 55 (79%) têm ou tiveram vida sexual (a maioria) e, 15 (21%) não são. Este dado é complacente com o estudo de Taquette et al., (2003) afirmando que a iniciação sexual está cada vez mais precoce. 90,00% 80,00% 70,00% 60,00% 50,00% 79,00% 52,00% 48,00% 40,00% 30,00% 20,00% 10,00% 0,00% 21,00% Primeiro período Último período Relação sexual Possuem relação sexual Não possuem relação sexual Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG-V.2-N.1-Jul./Ago. 2009 131 GRÁFICO 1 - Atividade sexual dos acadêmicos do primeiro e último período do Curso de Enfermagem, 2008 Em relação à idade da primeira relação sexual, os acadêmicos do primeiro período iniciaram a vida sexual com a idade predominantemente de 14 a 16 anos. Já os acadêmicos do último período iniciaram a vida sexual com a idade predominantemente de 17 a 19 anos (TAB. 2). Segundo Dessunti e Reis, (2007), os acadêmicos do primeiro ano, ou seja, indivíduos mais jovens iniciam a atividade sexual mais precocemente do que os indivíduos do último ano, sem distinção de gênero. Isso comprova que os mais jovens estão iniciando a vida sexual mais cedo, portanto, são mais vulneráveis ao risco de adquirir DST’s ou Aids pelo fato de possuírem pouca informação e conhecimento sobre o tema. Fato confirmado também por Carret et al., (2004) que afirma que quando mais cedo for à iniciação sexual, mais chances (1,7 vezes) de se desenvolver DST’s. TABELA 2 - Idade da primeira relação sexual dos acadêmicos do primeiro e último período do Curso de Enfermagm, 2008. Variáveis Primeiro período Último período 14 – 16 anos 07 (41%) 12 (22%) 17 – 19 anos 06 (35%) 27 (49%) 20 – 22 anos 03 (18%) 13 (23%) 23 – 25 anos 02 (4%) 26 – 28 anos 29 – 31 anos 32 – 34 anos 01 (6%) 01 (2%) A minoria, 8 (47%) e 20 (36%) dos indivíduos do primeiro e último período, respectivamente, tiveram apenas um parceiro sexual, e 9 (53%) e 35 (64%) possuem 2 ou mais parceiros sexuais. O estudo corrobora com a pesquisa de Dessunti e Reis, (2007) mostrando que muitos universitários estão envolvidos com múltiplos parceiros. Esta multiplicidade aumenta o risco de adquirir DST’s/Aids (CARRET et al., 2004). Neste estudo, 14 (82%) acadêmicos do primeiro período e 43 (78%) acadêmicos do último, possuem parceiros sexuais estáveis. Conforme a TAB. 3 o uso de bebidas alcoólicas antes das relações sexuais é maior entre os do primeiro período do que entre os alunos do último período. Talvez isso aconteça pela imaturidade desses indivíduos que estão iniciando o uso de bebidas alcoólicas cada vez mais precoce, fato também comprovado pelo estudo de Pechansky, Szobot e Scivoletto (2004). A freqüência do uso de preservativos é maior entre os alunos do primeiro período, já no último há um equilíbrio entre os que alegam sempre usar o preservativo e aqueles que o utilizam somente às vezes. Conforme Dessunti e Reis, (2007) a utilização da bebida alcoólica antes da relação sexual é fator de risco para DST’s/Aids, principalmente se os jovens também não utilizarem o preservativo. Porém, neste estudo, apesar da maioria dos jovens entrevistados, às vezes, utilizarem bebidas alcoólicas, também alegam fazerem uso do preservativo. Isso diminui o comportamento de risco destes em adquirirem DST’s/Aids. TABELA 3 - Distribuição do número e percentual dos acadêmicos do primeiro e último período segundo a freqüência do uso de bebidas alcoólicas antes das relações sexuais e preservativos, 2008. Variáveis Primeiro período Último período Freqüência do uso de bebidas alcoólicas antes das relações sexuais Nunca usa 08 (47%) 30 (55%) Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG-V.2-N.1-Jul./Ago. 2009 132 Às vezes usa Sempre usa 09 (53%) 25 (45%) Freqüência do uso de preservativo 03 (18%) 05 (10%) 05 (29%) 25 (45%) 09 (53%) 25 (45%) Nunca usa Às vezes usa Sempre usa Percentual dos acadêmicos A maioria dos alunos de ambos os período (média de 79%) tem conhecimento de que um portador de DST’s, quando não tratado, tem maior risco de contrair o vírus HIV. O dado reforça o que foi discorrido por Brasil, (2006), Carret et al., (2004), Gir et al., (1999) e Martins et al., (2006) afirmando que as ulcerações dos genitais causadas pelas DST’s facilitam a transmissão deste vírus (GRAF. 2). 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 84% 73% 15% 12% 12% 4% Primeiro período Último período Risco de contrair HIV Sim Não Não sei GRÁFICO 2 - Risco dos portadores de DST’s não tratados contraírem HIV, segundos os acadêmicos do Curso de Enfermagm, 2008 Ao serem indagados sobre quais são as DST’s, 14 (43%) e 62 (88%) dos alunos do primeiro e último período respectivamente acertaram a opção correta (GRAF. 3). Apesar da quantidade de acertos, é complexo saber todos os tipos de DST’s, pois segundo Jiménez et al., (2001) e Naves; Merchan-Hamann e Silver, (2005) há mais de 20 tipos de DST’s que podem ser transmitidas através da relação sexual. Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG-V.2-N.1-Jul./Ago. 2009 acadêmicos Percentual dos 133 100% 80% 60% 40% 20% 0% 88% 43% 27% 24% 0% 6% 6% Primeiro período 0% 0% 6% Último período DST's HIV, gonorréia, sífilis, clamídia, hepatite A Sífilis, gonorréia, dengue, herpes labial Sífilis, cancro mole, linfogranuloma venérreo, herpes genital Não sei a resposta correta Tenho dúvidas quanto a resposta correta GRÁFICO 3 - Distribuição das respostas sobre as DST’s dos acadêmicos do primeiro e último período do Curso de Enfermagem, 2008. Quanto ao meio de transmissão do HIV e secreções para contaminação, há uma média de 82% e 97% dos alunos do primeiro e último período respectivamente, que conseguiram determinar com exatidão a opção correta. Apesar do conhecimento demonstrado por esses indivíduos, alguns alunos do primeiro período erraram esta questão. Isto é preocupante, pois este conhecimento é fundamental e deve ser adquirido durante a vida escolar. Os dados corroboram com o estudo de Cano et al., (2007), afirmando que o vírus do HIV é transmitido através de sangue, esperma, líquidos vaginais e leite materno (TAB.4). TABELA 4 - Distribuição do número e percentual dos acadêmicos do primeiro e último período segundo ao meio de transmissão e secreção para contaminação do HIV, 2008. Variáveis Primeiro período Último período Meio de transmissão do HIV Sabem a questão correta 30 (91%) 70 (100%) Errou a questão 01 (3%) Não sabem a questão Tem duvidas quanto a resposta 02 (6%) certa Secreções para contaminação do HIV Sabem a questão correta 24 (73%) 66 (94%) Erraram a questão 06 (18%) 02 (3%) Não sabe a questão 01 (3%) Tem dúvidas quanto a resposta 02 (6%) 02 (3%) certa Conforme a TAB. 5, quando perguntados sobre a diferença de período de incubação, janela imunológica e a diferença de portador do HIV e uma pessoa com Aids, a média das respostas corretas foram 52% e 87% para os alunos do primeiro e último período, respectivamente. Isto comprova que os alunos do último período possuem mais conhecimentos que os alunos do primeiro, uma vez que tiveram contato com disciplinas referentes às DST’s/Aids. Para Cano et al., (2007) estes dados demonstraram que os jovens universitários têm conhecimentos compatíveis com o grau de instrução que recebem nas IES. Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG-V.2-N.1-Jul./Ago. 2009 134 TABELA 5 - Distribuição do número e percentual dos acadêmicos do primeiro e último período segundo a diferença entre período de incubação e janela imunológica, e portador de HIV e pessoa com Aids, 2008. Variáveis Primeiro período Último período Diferença entre período de incubação e janela imunológica Sabem a diferença 14 (42%) 59 (84%) Não sabem a diferença 04 (12%) 01 (1%) Acha que o conceito é similar 01 (3%) Erraram a questão 02 (6%) 04 (6%) Tem dúvidas quanto a resposta 12 (37%) 06 (9%) certa Diferença entre ser portador do HIV e uma pessoa com Aids Sabem a diferença 20 (61%) 63 (90%) Erraram a questão 09 (27%) 05 (8%) Não sabe a diferença 01 (1%) Tem dúvidas quanto a resposta 04 (12%) 01 (1%) certa O estudo possibilitou responder as questões levantadas inicialmente a respeito do comportamento dos acadêmicos ingressos e os formandos, no tocante aos conhecimentos que envolvem as DST’s/Aids. Através da análise de dados foi possível definir que há conhecimentos sobre DST/Aids entre os acadêmicos do primeiro e último período do curso de Enfermagem, mas há comportamento de risco. Principalmente ao se tratar dos acadêmicos do último período, que estão prestes a se graduar e se tornar profissionais de saúde aptos a transmitir seus conhecimentos aos seus clientes/pacientes. CONCLUSÃO Verificou-se que os acadêmicos da área da saúde do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais possuem conhecimento a respeito das formas de transmissão e fatores de risco das DST’s/Aids. Como o esperado, este conhecimento é menor entre os ingressos, já que estes, ainda, não tiveram contato com as disciplinas específicas ao tema. Os formandos demonstraram–se inteirados, mas com algumas imprecisões. Fato considerado preocupante, uma vez que serão os futuros profissionais, responsáveis por transmitir este conhecimento aos seus pacientes. Observou-se a presença de comportamento de risco de DST’s/Aids entre os acadêmicos de ambos os períodos, uma vez que ficaram demonstrados a precocidade da iniciação sexual, há multiplicidade de parceiros sexuais e uso de bebidas alcoólicas antes das relações. O estudo evidenciou que se deve iniciar esta educação em relação a DST’s/ Aids no ensino médio dando continuidade na universidade preparando futuros profissionais de saúde para serem capaz de realizar medidas de auto–proteção e desenvolvimento de ações educativas a seus pacientes. Além das ações educativas é necessário também uma mudança de comportamento desses acadêmicos. O conhecimento sobre DST’s/Aids é fundamental, mas sem a mudança efetiva do comportamento a exposição ao risco de adquirir DST’s ou Aids não deixará de existir. Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG-V.2-N.1-Jul./Ago. 2009 135 REFERÊNCIAS BESERRA, E. P.; ARAÚJO, M. F. M. de; BARROSO, M. G. T. 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( ) Sim Se sim, qual a idade da primeira relação? ______ ( ) Não Se não, vá para a questão 6. 2) Quantos parceiros(as) sexuais você já teve? __________ 3) Atualmente você tem parceiro(a) sexual estável? ( ) Sim ( ) Não 4) Qual a freqüência de bebida alcoólica ou outras drogas ilícitas antes das relações sexuais? ( ) Nunca ( ) As vezes ( ) Sempre 5) Com qual freqüência você utiliza preservativo? ( ) Nunca ( ) As vezes ( ) Sempre 6) Um portador de uma Doença Sexualmente Transmissível (DST) quando não tratado, tem maior risco de contrair o vírus do HIV? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei 7) Marque a opção que contém apenas Doença Sexualmente Transmissível? ( )HIV, gonorréia, sífilis, clamídia, Hepatite A ( )Sífilis, gonorréia, dengue, herpes labial ( )Sífilis, cancro mole, linfogranuloma venéreo, herpes genital ( )Não sei a resposta correta ( )Tenho dúvidas quanto a resposta correta. 8) Marque a opção correta sobre a forma de contaminação da Aids? ( )Leite materno, beijo, abraço ( )Transmissão sexual, leite materno, transfusão sanguínea ( )Dengue, uso de alicate de unha, transmissão sexual ( )Não sei a resposta correta ( )Tenho dúvidas quanto a resposta correta. 9) Qual é a diferença entre período de incubação e janela imunológica? ( )O período de incubação é o tempo entre o momento da contaminação pelo HIV e a primeira transmissão. Janela imunológica é o período em que mesmo tendo contato com o vírus HIV, não se pega Aids. ( )O período de incubação e da janela imunológica são conceitos similares. ( )Período de incubação é o tempo entre o momento da contaminação pelo HIV e o aparecimento dos sintomas da Aids. Janela imunológica é o tempo na qual a pessoa está infectada, mas caso faça o teste de HIV o vírus não será detectado. ( )Não sei. ( )Tenho dúvidas quanto a resposta correta. 10) Quais secreções são caminhos em potencial para contaminação de DST e /ou HIV? ( ) Sangue, suor, urina, saliva, sêmen. ( ) Secreção purulenta, sangue, suor, saliva. ( ) Leite materno, sangue, sêmen. ( ) Não sei a resposta correta ( ) Tenho dúvidas quanto a resposta correta. 11) Qual a diferença entre ser portador do HIV e uma pessoa com Aids? ( ) Não há diferença entre uma pessoa com Aids e um portados de HIV. ( ) O portador de HIV não pode ter Aids. ( ) Um portados de HIV pode vir a ter Aids mais tarde ( ) Não sei. ( ) Tenho dúvidas quanto a resposta. Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG-V.2-N.1-Jul./Ago. 2009