EFEITO DO CLORETO DE POTÁSSIO VIA FERTIRRIGAÇÃO NA PRODUÇÃO DE ALFACE-AMERICANA EM CULTIVO PROTEGIDO1 JOSÉ HORTÊNCIO MOTA2 ROVILSON JOSÉ DE SOUZA 3 ERNANI CLARETE DA SILVA4 JANICE GUEDES DE CARVALHO5 JONY EISHI YURI6 RESUMO - O experimento foi conduzido no Setor de Olericultura do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras (UFLA), durante os meses de abril a junho de 1998, com o objetivo de avaliar o efeito da aplicação de cloreto de potássio via fertirrigação em alface-americana (Lactuca sativa L) do grupo repolhuda crespa, cultivar Lorca. Utilizou-se uma estufa de 320m2, modelo Ana Dias modificado. Empregou-se o delineamento experimental em blocos casualizados com quatro repetições e cinco doses de cloreto de potássio (60% K2O) na fertirrigação, sendo os tratamentos constituídos pelas doses 0; 50; 100; 200 e 300 kg ha-1 de KCl. As do- ses de KCl foram divididas em 10 aplicações durante o ciclo da planta. As características analisadas foram: produção total, produção comercial, folhas internas, circunferência da cabeça comercial, folhas externas, comprimento médio do caule, diâmetro médio do caule, peso médio do caule e peso médio de raiz. O cloreto de potássio não teve influência no número, peso de folhas externas e comprimento do caule. A dose de cloreto de potássio que proporcionou os melhores resultados para as demais variáveis foi 113,77 kg ha-1 de KCl. As altas doses de KCl, acima de 200 kg ha-1, foram prejudiciais à produção de alface-americana. TERMOS PARA INDEXAÇÃO: Lactuca sativa, cloreto de potássio, estufa, fertirrigação. THE EFFECT THE OF POTASSIUM CHLORIDE FERTIRRIGATION ON AMERICAN LETTUCE PRODUCTION IN GREENHOUSE ABSTRACT - The experiment was carried out at the Horticulture section of the Agriculture Department of the Federal University of Lavras (UFLA), during the months of April to June of 1998, with the objective to evaluate the effect of the application of potassium chloride through fertirrigation in american lettuce (Lactuca sativa L.) cv. Lorca, nember of the crisphead group. A 320m2 greenhouse, modified Ana Dias model was used. The experimental design was a completely randomized block with four repetitions and five doses of potassium chloride (60% K2O) by fertirrigation. And the following treatments 0; 50; 100; 200 and 300 kg ha-1 KCl. The fertilization was applied in 10 application during the plant cycle. The characteristics analysed were total production, commercial production, internal leaves, commercial head circunference, external leaves, average stem lenght, average stem diameter, average stem weight and average root weight. The potassium chloride had no influence on number, external leaves weight and stem length. The best results were obtained using 113.77kg ha-1 KCl. High chloride potassium doses (over 200 kg ha1 ) damaged the production of the american lettuce. INDEX TERMS: Lactuca sativa, potassium chloride, fertirrigation, greenhose. 1. Parte da dissertação do primeiro autor apresentada à UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS- Lavras, MG 2. Doutorando em Fitotecnia/UFLA, Caixa Postal 37, 37.200-000 – Lavras - MG 3. Doutor, Professor, Olericultura Departamento de Agricultura/UFLA. 4. Doutor, Pesquisador, bolsista da FAPEMIG-DAG/UFLA. 5. Doutoranda, Professora, Nutrição Mineral de Plantas do Departamento de Solos/UFLA 543 6. Doutorando em Fitotecnia/ UFLA. INTRODUÇÃO A alface (Lactuca sativa L.) é uma das hortaliças mais cultivadas no mundo, segundo Medina et al. (1982). Essa hortaliça folhosa é a mais importante na alimentação do brasileiro, o que assegura à sua cultura expressiva importância econômica (Faquin, Furtini Neto e Vilela, 1996). O Brasil produziu cerca de 260.000 toneladas de alface no ano de 1996, sendo a Região Sudeste responsável por 70% dessa produção, totalizando mais de 180.000 toneladas produzidas ao ano (FIBGE, 1996). No Estado de São Paulo, a alface ocupa uma área de 7859 ha, com uma produção de 137.000 toneladas por ano, com geração de 6.367 empregos (Meirelles, 1998). Na região de Lavras, no Sul do Estado de Minas Gerais, o plantio de alface-repolhuda-americana vem se destacando pela área ocupada e também pelo volume de produção. Atualmente, estima-se uma área anual de 1.800 hectares, com uma produção de 500 toneladas de alface por semana. Dessa produção, 50% são descartados no campo, após seleção e classificação do produto, de maneira a atender às exigências das redes de restaurante “fast food”. Assim, da produção total até o produto final (sanduíche), o aproveitamento está em torno de 25% [(Yuri, 1999 - Refricon Mercantil Ltda.Lavras-MG. (Informação pessoal)]. Nessa região, a produção comercial de alface-americana é feita por meio de contratos, congregando atualmente 50 produtores, com comercialização para as redes de restaurantes "fast food". Segundo Colosso (1997), a demanda de alface-americana tende a crescer gradualmente nos próximos anos com o aumento das franquias “fast food”. A alface-americana é caracterizada por apresentar cabeça crespa, com as folhas internas cor creme, folhas imbricadas como as do repolho, consistentes e quebradiças, com nervura destacada, aspecto geral pouco delicado (Filgueira, 1982). O potássio é um elemento essencial tanto para as plantas quanto para os animais (Malavolta, 1996), sendo, de maneira geral, o segundo nutriente mais exigido pelas culturas, depois do nitrogênio (Faquin, 1994). Especificamente para a alface, o potássio é mais exigido que o próprio nitrogênio (Faquin, Furtini Neto e Vilela, 1996). Quando o solo apresenta um elevado teor de potássio, sua absorção pela planta pode ser quatro vezes maior que a de nitrogênio, podendo caracterizar o consumo de luxo (Padilha, 1998). Entre as várias funções que o potássio exerce nas plantas, citam-se melhor eficiência de uso da água, em conseqüência do controle da abertura e fechamento dos estômatos, maior translocação de carboidratos produzi- dos nas folhas para os outros órgãos da planta, maior eficiência enzimática e melhoria da qualidade comercial da planta (Yamada, 1995; Malavolta, Vitti e Oliveira, 1997). Também é verificado que o potássio aumenta a resistência natural da parte aérea das hortaliças às doenças fúngicas, às pragas, ao acamamento, além de contrabalancear o efeito contrário causado pelo excesso de nitrogênio. No entanto, o excesso de potássio desequilibra a nutrição das hortaliças, dificultando a absorção de cálcio e magnésio (Perrenoud, 1977; Malavolta, 1980; Filgueira, 1981; Faquin, 1994). O potássio também é requerido para a síntese protéica em plantas. Quando deficientes, essas apresentam menor síntese de proteínas e acúmulo de compostos nitrogenados solúveis, como aminoácidos, amidas e nitrato (Faquim, 1994 ). Assim, o adequado aproveitamento dos fertilizantes nitrogenados depende, também, de um eficiente suprimento de potássio às plantas (Lopes e Guilherme, 1992). A prática da fertirrigação tem-se mostrado mais eficiente no fornecimento de nutrientes para diversas culturas, com uma série de vantagens sobre a forma tradicional (Alvarenga, 1999). Essa técnica, utilizando os mesmos equipamentos de irrigação, possibilita dosar e fracionar a aplicação de fertilizantes da maneira desejada, com economia de mão-de-obra, redução da lixiviação e melhor distribuição dos nutrientes no perfil do solo (Wiersma, 1969; Pompa, 1974). Segundo Raposo (1979), a fertirrigação possibilita a aplicação de adubação foliar, facilita a operação em cobertura em cultura densa e dosa com rigor as quantidades de nutrientes de acordo com a marcha de absorção da cultura. Embora a fertirrigação seja uma técnica viável utilizada com sucesso em diversos países do mundo, e poucos são os trabalhos desenvolvidos nessa área no Brasil, citando-se alguns recentes com alface (Kalil, 1992; Bueno, 1998; Alvarenga, 1999). Segundo Gomes, Silva e Faquin (1999), as condições de cultivo em ambientes protegidos são diferentes daquelas em campo a céu aberto, principalmente com relação a perdas de nutrientes por erosão e lixiviação, que são inexistentes sob estufas. Observa-se, então, que as recomendações existentes para o campo devem servir apenas como referencial, havendo, portanto, necessidade de obtenção de informações específicas para esse sistema de cultivo, o qual tem sido trabalhado de forma empírica. Assim, com o presente trabalho objetivou-se, estabelecer a dose adequada de cloreto de potássio via ferCiênc. agrotec., Lavras, v.25, n.3, 542-549, maio/jun., 2001 544 tirrigação no cultivo de alface-americana em ambiente protegido, visando contribuir com as poucas informações existentes. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no Setor de Olericultura da Universidade Federal de Lavras (UFLA), no município de Lavras (MG), em uma estufa modelo Ana Dias modificado, no período de abril a junho de 1998. Lavras está situada ao sul de Minas Gerais, a 21o 14’ de latitude sul e a 450 00’ de longitude oeste, a uma altitude de 918 metros (Castro Neto, Sediyama e Vilela, 1980). O clima da região é caracterizado por uma temperatura média do mês mais quente de 22,1ºC, e a do mês mais frio, de 15,8ºC, sendo a temperatura média anual de 19,4ºC. A precipitação total anual é de 1529,7mm, e a umidade relativa do ar média anual, de 76,2% (Brasil..., 1992). O experimento foi instalado em um solo classificado como Latossolo Roxo distrófico. Foram coletadas amostras de solo na profundidade de 0-20 cm para análises químicas: pH = 5,6; P=3mg dm-3; K=42mg dm-3; Ca=3,2cmolc dm-3; Mg=0,8cmolc dm-3; T=7,7cmolc dm-3; V=53%. Utilizou-se a alface-americana (Lactuca sativa L.) do grupo crespa repolhuda, cultivar Lorca. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados com cinco tratamentos referentes às doses de cloreto de potássio (KCl) com quatro repetições. As doses de KCl e o esquema de aplicação foram os seguintes: 0; 50; 100; 200 e 300kg ha-1 de KCl branco, equivalentes a 0; 833; 1666; 3333 e 5000 mg planta-1 ciclo -1 aplicados em 10 vezes, sendo 5% do total na primeira semana, 10% na segunda e terceira semanas, 15% na quarta e 20% na quinta, sexta e sétima semanas. Todos os tratamentos receberam adubação de plantio de acordo com a análise de solo, segundo (Raij et al., 1996), sendo utilizado como fontes de fósforo o super simples (200kg ha-1) e o termofosfato magnesiano (200kg ha-1). O nitrogênio também foi aplicado por fertirrigação, na forma de nitrato de amônio (120 kg ha-1), parcelado em 12 vezes, sendo 10% na segunda e terceira semanas, 20% na quarta, quinta, sexta e sétima semanas. A calagem foi realizada com calcário dolomítico, com PRNT igual a 100% para elevar a 80% o valor a saturação por bases. As parcelas experimentais foram constituídas por canteiros de 10m de comprimento por 1,10m de largura. Em cada parcela, foram conduzidas 54 plantas no espaçamento de 0,35 x 0,35m, em duas linhas de plantio. Ciênc. agrotec., Lavras, v.25, n.3, 542-549, maio/jun., 2001 Como parcela útil, foram consideradas as 20 plantas centrais, permanecendo as das extremidades como bordaduras. Cada canteiro recebeu uma linha de irrigação com gotejadores apresentando uma vazão de 2,3 L hora , espaçados de 0,35m. Os canteiros foram cobertos com "mulching" de cor preta pintado com tinta branca na face superior. A estufa foi instalada no sentido leste-oeste, com as dimensões de 10m de largura por 32m de comprimento, perfazendo área de 320m2 , com pé direito de 2,0m de altura, e coberta com filme plástico transparente de 0,150mm de espessura. As mudas foram produzidas em bandejas de is opor com 200 células, usando-se substrato comercial "plantmax", e foram transplantadas para os canteiros após três semanas, quando apresentavam 5 folhas de aproximadamente 6 cm de comprimento (17 de abril de 1998). A aplicação da lâmina d’água e da fertirrigação foi calculada com base na evaporação do Tanque Classe A, colocado dentro da estufa, e cada milímetro evaporado correspondia a 6,52 minutos de irrigação. O conjunto de aplicação foi composto de uma caixa de água (1.000 l) para fazer a irrigação, duas caixas de 500 litros, uma para a aplicação de cloreto de potássio e outra para fazer a reposição de água, e uma terceira caixa de água (250 l) para fazer a aplicação de nitrogênio. A quantidade de KCl injetada nos diferentes tratamentos foi diferenciada pelo tempo de aplicação da fertirrigação por controladores Rain Bird, que foram programados para abrir e fechar as válvulas, de forma a fornecer a dose desejada para cada tratamento com uma pressão positiva, por meio de uma bomba centrífuga mono-estágio de ½CV. O procedimento da fertirrigação envolveu três etapas: 1) aplicação de água com a finalidade de encher a tubulação e molhar o solo, 2) injeção do fertilizante, 3) aplicação de água pura para lavar o sistema (Frizzone et al., 1985). A abertura e fechamento das válvulas solenóides para a irrigação foram realizados por controladores automáticos. A colheita foi realizada em 15 de junho de 1998 quando as cabeças de alface atingiram seu máximo desenvolvimento, apresentando-se grandes e compactas, cortando-se o caule rente ao solo. As plantas foram pesadas, para estimativa da produtividade total, considerando-se 60.000 plantas por hectare. Para obter o peso e número total de folhas externas, as plantas foram desfolhadas até atingir o ponto ideal de comercialização. Essa geralmente apresenta-se compacta, de coloração creme, 545 com nervuras salientes. Para a estimativa da produção comercial, as cabeças de alface foram pesadas e convertendo-se os valores encontrados para kg ha-1. Depois de pesada, procedeu-se à medida de sua circunferência com o auxilio de uma fita métrica. Foram retiradas as folhas internas da cabeça comercial, procedendo-se a sua contagem e pesagem. O diâmetro e o comprimento do caule foram medidos com o auxilio de um paquímetro e fita métrica, respectivamente. O peso seco do sistema radicular das plantas foi obtido após serem cuidadosamente arrancados e lavados em água corrente, e secados em estufa a 65-70ºC até peso constante. As variáveis estudadas foram submetidas à analise de variância e estudos de regressão, utilizando-se o programa SISVAR 3.01. RESULTADOS E DISCUSSÃO Produções total e comercial As doses de cloreto de potássio influenciaram significativamente as produções total e comercial da alface-americana, seguindo um modelo quadrático de resposta, como mostra a Figura 1a e 1b. Esse comportamento mostra que a faixa de doses de cloreto de potássio estabelecida nos tratamentos foi adequada para o estudo, mostrando aumentos significativos na produção com as y^ = 58,70 + 0,08649x - 0,000401x a 66 doses iniciais, passando por um máximo e decrescendo nas doses mais elevadas. A dose de 300 kg ha-1 de KCl foi extremamente prejudicial, promovendo uma drástica redução na produção da cultivar. Baseando-se nas equações de regressão da Figura 1a e 1b, estimaram-se as produções total e comercial máximas e as doses de cloreto de potássio correspondentes a essas produções, que foram de 63,36 t ha-1 e 107,84 kg ha-1 e de 41,70 t ha-1 e 113,77 kg ha-1, respectivamente. Considerando 60.000 plantas ha-1, na produção máxima total, o peso médio por cabeça foi de aproximadamente 1.000g, concordando com Davis et al. (1997). Número e peso médio de folhas externas e comprimento do caule Essas características não foram influenciadas significativamente pelas doses de potássio. Bueno (1998) encontrou efeito significativo para número de folhas externas com resposta linear a aplicação de doses crescentes de nitrogênio. Segundo o mesmo autor, as folhas externas podem vir a colaborar com a formação e o aumento do peso da cabeça uma vez que houve correlação positiva entre as duas características. 2 64 ^ y = 38,81 + 0,05074x - 0,000223x2 b 2 R = 0,9882** 44 2 R = 0,9175** Produção de cabeça comercial (t ha -1 ) 62 -1 Produção total (t ha ) 60 58 56 54 52 50 48 46 0 0 50 100 200 Doses de KCl (kg ha-1) 300 42 40 38 36 34 32 0 0 50 100 200 300 Doses de KCl (kg ha -1) Ciênc. agrotec., Lavras, v.25, n.3, 542-549, maio/jun., 2001 546 FIGURA 1 - Produção total (a) e produção de cabeça comercial (b) de alface-americana em função das doses de cloreto de potássio aplicadas via fertirrigação. Segundo Bueno (1998), o comprimento e o diâmePara a indústria, o aumento no número de folhas tro do caule são duas características de relativa imporinternas da alface-americana é uma característica desejátância para a cultura da alface-americana, uma vez que é vel, desde que essas se apresentem compactas, o que indesejável para a indústria um caule que apresente facilita o transporte e o beneficiamento. Nas feiras e sugrandes proporções. Bueno (1998) também encontrou permercados, essa característica também é interessante, efeito significativo com resposta linear à aplicação de já que confere maior peso à cabeça e facilita a aquisição doses crescentes de nitrogênio, aumentando essas capelo consumidor que adquire por unidade e não por racterísticas. peso. A circunferência da cabeça da alface também foi influenciada significativamente pelas doses de KCl. A Número médio de folhas internas e circunferênFigura 2b mostra que houve efeito quadrático das doses cia da cabeça comercial de cloreto de potássio aplicadas via fertirrigação sobre As doses de cloreto de potássio aplicadas influessa variável. A dose de 101,04kg ha-1 de cloreto de poenciaram significativamente o número de folhas internas. tássio foi a que promoveu o maior diâmetro de cabeça Nas doses mais elevadas houve queda no número de comercial, com 46,53cm. Bueno (1998) cita que uma cafolhas internas (Figura 2a), o maior número foi obtido racterística em que se baseia o consumidor para a aquicom a dose de 120,47kg ha-1 com uma média de 28 folhas sição da cabeça de alface é o seu tamanho. por planta, 18% superior à obtida com a dose máxima de O tamanho da cabeça de alface para as redes de KCl (300kg ha-1). Como visto anteriormente, a máxima “fast food” é de grande importância, pois toda a produprodução comercial foi alcançada com a dose de ção é fatiada mecanicamente, sendo ideal que essa se 113,77kg ha-1 de KCl. Substituindo essa dose na equaapresente o maior possível. Silva Júnior (1989), em exp eção de regressão que relaciona o número de folhas inrimento com aplicações de doses de potássio, observou ternas e doses de KCl (Figura 2a), o número interno de que tanto nos estádios iniciais quanto nos estádios folhas permanece em 28, o que iguala à dose que otimiza produção de folhas e produção comercial. ^ y = 25,44 + 0,03831x - 0,000159x 2 R b 2 Circunferênciada cabeça comercial (cm) a 29 = 0,9938* Número de folhas internas 28 27 26 25 24 23 ^y 2 = 45,74 + 0,01556x - 0,000077x R = 0,9101* 48 2 47 46 45 44 43 22 0 0 0 50 100 200 Doses de KCl (kg ha-1) 300 Ciênc. agrotec., Lavras, v.25, n.3, 542-549, maio/jun., 2001 0 50 100 200 Doses de KCl (kg ha -1) 300 547 FIGURA 2 - Número de folhas internas (a) e circunferência da cabeça comercial (b)de alface-americana em função das doses de cloreto de potássio aplicadas via fertirrigação. finais da cultura do repolho, o nutriente promoveu a Com relação ao peso seco médio de raízes, notaformação de cabeças mais firmes e bem fechadas, com se que as doses de KCl afetaram significativamente o maior compacidade. Essa é uma característica desejável desenvolvimento do sistema radicular da alface (Figura 3 também para a alface-americana. b). A dose de 136kg ha-1 de cloreto de potássio promoveu maior peso de raízes, com 1,40g de matéria seca, suDiâmetro do caule e peso médio de raiz perior em 10% em relação à testemunha, e 14,30% superior aos valores obtidos com a dose máxima de potássio. Houve resposta quadrática para o diâmetro do Certamente, um sistema radicular mais desenvolvido é caule em função das doses de cloreto de potássio aplidesejável, pois possibilita maior exploração do solo e, -1 cadas (Figura 3a). A dose de 117,61kg ha de cloreto de conseqüentemente, maior absorção de água e dos nutripotássio foi a que promoveu o maior diâmetro, com entes. 2,91cm, sendo superior ao da testemunha e ao obtido É bastante conhecida a interação iônica no procom a maior dose em 4,12% e 9,97%, respectivamente. cesso de absorção dos nutrientes pelas raízes das pla nAo substituir na equação que relaciona o diâmetro do tas, ou seja, a presença de um em excesso pode reduzir a caule e dose de KCl, na dose de 113,77kg ha-1, que proabsorção de outro, levando à sua deficiência (Faquin, moveu maior produção comercial e maior número de fo1994). No presente trabalho, certamente, na dose mais lhas, observa-se que o diâmetro estimado do caule aselevada de KCl (300 kg ha-1), o excesso de K aplicado semelhou-se ao maior diâmetro alcançado com dose pode ter levado a um desbalanço nutricional entre esse de 117,61kg ha-1. Dessa forma, a dose de 113,77kg ha-1 nutriente e o Ca e o Mg, contribuindo para a redução do otimiza as características avaliadas. crescimento e produção da cultura. y^ = 2,79 + 0,00207x - 0,0000088x2 a 2,95 b 1,45 R2= 0,9131** y^ = 1,26 + 0,00204x - 0,0000075x 2 R = 0,8910* 2 2,90 1,40 2,85 1,35 2,80 caule (cm) 2,75 1,30 raízes (g) 2,70 médio do 1,25 2,65 médio de 1,20 eso P 2,60 Diâmetro 1,15 2,55 0 50 100 200 Doses de KCl (kg ha -1) 300 0 50 100 200 300 Doses de KCl (kg ha-1) Ciênc. agrotec., Lavras, v.25, n.3, 542-549, maio/jun., 2001 548 FIGURA 3 - Diâmetro médio do caule (a) e peso seco médio de raízes (b) de alface-americana em função das doses de cloreto de potássio aplicadas via fertirrigação. CONCLUSÕES a) A dose de cloreto de potássio que proporcionou os melhores resultados para as características de produção total, produção de cabeça comercial, número médio de folhas internas, diâmetro médio do caule, peso médio do caule e peso médio de raiz foi de 113,77kg ha-1. b) O cloreto de potássio não teve influência no número médio de folhas externas, no peso médio de folhas externas e no comprimento do caule. c) As altas doses de cloreto de potássio, acima de 200 kg ha-1, foram prejudiciais à produção de alface. FAQUIN, V.; FURTINI NETO, A.E.; VILELA , L.A.A. Produção de alface em hidroponia. Lavras: UFLA, 1996. 50p. FILGUEIRA, F.A.R. Manual de olericultura: cultura e comercialização de hortaliças. 2.ed. São Paulo: Ceres, 1981. v.1, 338p. FILGUEIRA, F.A.R. Manual de olericultura: cultura e comercialização de hortaliças. 2.ed. São Paulo: Ceres, 1982. v.2, 357p. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FRIZZONE, J.A. et al. Fertirrigação mineral. Ilha Solteira: UNESP, 1985. 31p. (UNESP. 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