analise ergonômica de uma sala de aula da

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ANALISE DE UM AMBIENTE UNIVERSITÁRIO : UM ENFOQUE
ERGÔMICO
Priscila R. Vigo¹, Helenara Salvati Moreira², Bruno Pogorzelski Rocha³,
Rosiane Livi 4, Camila Thieime Rosa 5, Camila Canova 6.
Introdução: A ergonomia em um caráter aplicado possui a perspectiva de adaptar o
trabalho ao homem, correspondendo à demanda específica e sofrendo transformações de
acordo as atividades humanas. Com base nestes achados, a ergonomia tem sido
requisitada a elaborar estratégias que contemplem o mobiliário escolar e os seus
impactos para os estudantes. Por não ser considerada uma situação de trabalho, a
atividade escolar acaba ficando a mercê, não existindo critérios nos quesitos de saúde e
segurança do mobiliário escolar, da iluminação, da temperatura e do ruído. Dessa forma,
é grande a necessidade de estudos que alertem sobre este tema. O mobiliário escolar é
de extrema importância para o conforto físico e psicológico do aluno, pois, caso refira
dor frequente, não terá motivação para desenvolver a atividade escolar e acarretará em
outros distúrbios. Objetivo- analisar as relações entre as variáveis antropométricas com
o mobiliário e o ambiente escolar de uma sala utilizada por estudantes do curso de
Fisioterapia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Materiais e métodos Trata-se de um estudo transversal e descritivo, realizado de março a junho de 2010, na
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), no Campus de Cascavel.
Durante a pesquisa, a coleta de dados foi constituída por dois momentos: análise das
condições ergonômicas e análise antropométrica das participantes. A amostra foi
composta por 23 alunas, com idade entre 19 e 23 anos. Para seleção dos indivíduos,
utilizou-se como critério de inclusão sexo, estar matriculada no terceiro ano do curso de
Fisioterapia da UNIOESTE e fazer uso regular da sala avaliada. A opção pelo sexo
feminino permite uma padronização e torna a amostra mais homogênea, evitando
grandes desvios do padrão. Após explicação dos procedimentos da análise, foram
colhidas as variáveis antropométricas das participantes, por meio de uma fita métrica da
marca Corrente de 1,5 m, manipulada por um único avaliador. A análise das adequações
ergonômicas foi realizada em uma das salas utilizadas pelas participantes, a qual
corresponde à numeração 41. Como critério de admissão foi utilizado o maior tempo de
permanência das alunas na respectiva sala. Do mobiliário, foram examinadas três
carteiras escolares, através de fita métrica da marca Corrente 1,5 m, bem como, por
meio de um goniômetro universal, da marca ISP. As medidas foram coletadas por um
único avaliador, sendo obtida uma média, a partir das mesmas. Todos os dados
coletados foram comparados às medidas recomendadas pela Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT), segundo a NBR 14006 de 2009 para móveis escolares.
Foram também comparadas as médias de mobiliário e de antropometria da amostra, no
intuito de verificar possíveis desvios do padrão proposto pela ABNT. Para avaliar se a
respectiva sala de aula oferece boas condições ambientais, foram realizadas medições
com o aparelho Termo-Higro-Decibelímetro-Luxímetro (THDL-400) da marca
Instrutherm, o qual possibilitou a verificação dos quatro parâmetros que compõem o
Conforto Ambiental: Conforto Lumínico, Conforto Acústico, Conforto Térmico e
Umidade relativa do ar. Foram realizadas medições nos períodos matutino e vespertino.
O THDL-400 foi colocado na região central da sala de aula, sobre uma carteira escolar a
uma distância de 0,75 m do piso. Os dados coletados foram comparados às medidas
recomendadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), segundo a
¹Acadêmica do curso de Fisioterapia, Universidade Estadual do Oeste do Paraná,
[email protected], (45) 9124-6707.
NBR 5413 para iluminância de interiores, a NBR 10151 para avaliação de ruídos e
segundo a NR-17 para avaliação da temperatura e umidade. Resultados e discussão No que tange ao mobiliário, constatou-se que a altura do assento das cadeiras analisadas
foi de 43 cm, em consonância com o padrão da ABNT (42 a 50 cm), porém inferior a
média correspondente das alunas (altura poplítea: 46 cm). Assentos baixos tornam os
ângulos de inclinação do quadril e do joelho mais agudos, dificultando circulação e
retorno venoso, e aumentando a pressão na região glútea; podendo causar fadiga e
desconforto. De modo inverso assentos altos impedem o contato dos pés com o solo,
comprimindo vasos da coxa, bloqueando o retorno venoso. Na variável largura do
assento, a média das cadeiras foi de 44 cm, estando adequadas as normatizações (35
cm), todavia significativamente abaixo da média do quadril das alunas (48 cm). Quando
sentamos, há um aumento da dimensão látero-lateral do quadril, de modo que, menores
larguras implicam em perda de estabilidade e insegurança para mudança de postura,
levando o indivíduo a manter uma mesma posição por longos períodos. Nos quesitos
profundidade do assento e largura do encosto, não houve variações significativas tanto
em relação aos padrões da ABNT, quanto à média das alunas. Achados literários
indicam que nas profundidades maiores que a distância nádega-poplítea, há uma
compressão dos vasos, nervos e tendões da parte posterior do joelho, plausíveis de
lesões. De forma inversa, pouca profundidade implica em sensação de instabilidade e
diminuição da concentração. Nesse sentido recomenda-se respeitar uma média de 10 cm
entre o assento e a região poplítea. No que diz respeito à inclinação do assento, advertese para que as angulações sejam menores que 5°. Contudo, as medidas encontradas
foram de 32°, estando muito acima do recomendado, implicando em deslizamento do
corpo para trás, sobrecarregando a lombar e desestabilizando o indivíduo, além de
fornecer apoio insuficiente ao mesmo. Dentre as variáveis analisadas, a altura do
encosto lombar foi a de maior inadequação, estando 5 cm abaixo do mínimo previsto
pela ABNT e 6 cm aquém da média das alunas. Tal fator pode gerar perda de
movimento e desconforto na coluna lombar. No que concerne a inclinação do encosto
(94°) e a altura do braço da cadeira (71 cm), ambos encontravam-se em conformidade
com a ABNT. O referido órgão prevê para posturas de trabalho, uma inclinação ideal de
95° a 106°, de tal forma o desvio mínimo (1°) encontrado é relativamente insignificante,
assegurando o conforto das alunas. Em relação as condições gerais do ambiente, os itens
ruído e luminosidade encontravam-se inadequados aos padrões das Normas Brasileiras
de Regulamentação. Inversamente, temperatura e umidade encontravam-se adequados
segundo as referidas normas. Quanto ao conforto lumínico, a NBR 5613 preconiza uma
intensidade de 300 lux, fator não encontrado na sala analisada (máxima de 225 lux).
Concentrações impróprias de iluminação implicam em quedas de rendimento e fadiga
do aluno, isso porque há necessidade de maior concentração e prejuízos à visibilidade
do mesmo. No presente estudo, verificaram-se índices de ruído entre 76 e 96 dB. De
acordo com a NBR 10151, o nível de ruído adequado para ambientes escolares é de 35
dB, visto que barulhos intensos dificultam a comunicação verbal, aumentam a
necessidade de atenção e concentração mental, podendo gerar tensão, cefaléia e queda
do desempenho. No que diz respeito à temperatura, notou-se variação entre 18 e 21°C,
valores próximos ao preconizado pela NR-17, considerando-se o clima mais ameno da
região sul. No mesmo sentido, a umidade do ar varia entre 67% e 64%, indicando
correlação com as normas acima citadas (acima de 60%). Grandes alterações a partir do
padrão recomendado pela ABNT alterariam a concentração e fadigariam facilmente.
¹Acadêmica do curso de Fisioterapia, Universidade Estadual do Oeste do Paraná,
[email protected], (45) 9124-6707.
Conclusão - Os resultados demonstram a necessidade da intervenção da ergonomia em
relação ao mobiliário e ao ambiente, visando o conforto e à saúde dos usuários, visto
que estes fatores, associados ao longo período de permanência em posturas estáticas,
podem trazer desequilíbrios e dores musculoesqueléticas.
Palavras-chave: Ergonomia, Mobiliário, Ambiente Escolar
REFERÊNCIAS
1. Abrahao, J. I.; Silvino, A. M. D.; Sarmet, M. M. Ergonomia, cognição e
trabalho informatizado. Psic.: Teor. e Pesq. vol 21 no. 2 Brasília agosto 2005.
2. Moro, A. R. P. Ergonomia da sala de aula: constrangimentos posturais
impostos pelo mobiliário escolar. EF y Desporto:Rev. Digital. vol 85 Buenos
Aires junho 2005.
3. NR 17: Ergonomia. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Normas Técnicas.
Disponível
em:
http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr17.htm.
Acesso: 20/06/10.
4. NBR 14006. Mobiliário Escolar. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de
Normas Técnicas. Disponível em: http://www.abnt.org.br. Acesso : 18/06/10
5. Parcells, C.; Stommel, M.; Hubbard, R.P. Mismatch of classroom furniture
and students body dimensions: empirical findings and health implications.
Journal of Adolescent Health, v. 24, p. 265-273, 1999.
¹Acadêmica do curso de Fisioterapia, Universidade Estadual do Oeste do Paraná,
[email protected], (45) 9124-6707.
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