1 Transtorno Dismórfico Corporal (TDC) Adalberto Tripicchio MD PhD Resumo A característica central do Transtorno Dismórfico Corporal (TDC) é a preocupação de uma pessoa de aspecto físico normal, com um defeito imaginário em sua aparência, ou a preocupação excessiva com a aparência de um indivíduo com pequena imperfeição física. A 4ª edição norte-americana de seu Manual Estatístico e Diagnóstico de Transtornos Mentais (DSM-IV) permite identificar formas delirantes e não-delirantes do TDC. Neste artigo, meu objetivo foi descrever e discutir os aspectos fenomenológicos de uma paciente com o diagnóstico de TDC, com características simultaneamente obsessivas e delirantes. Nosso caso ilustra os limites tênues existentes entre TDC, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e transtorno delirante do tipo somático (TDS). A imprecisão diagnóstica dos sistemas classificatórios atuais não permite a classificação exata de transtornos ambíguos em que predominam queixas de deformidades físicas. Introdução A característica central do Transtorno Dismórfico Corporal (TDC) é a preocupação de uma pessoa de aspecto físico normal, com um defeito imaginário em sua aparência ou a preocupação excessiva com a aparência de um indivíduo com pequena imperfeição física (Allen & Hollander, 2000). Pacientes com TDC julgam-se pouco atraentes, deformados, horripilantes ou monstruosos. O foco de suas crenças costuma envolver cabelo, nariz ou pele (Phillips & cols., 1993), mas pode incluir qualquer área do corpo ou até mesmo o corpo inteiro (Phillips, 2004). No entanto a preocupação com múltiplas áreas é comum (Phillips, 2004). Em estudos provenientes de diversos países, o TDC tem sido uma condição freqüente, afetando cerca de 0,7% da população em geral (Faravelli & cols., 1997; Otto & cols., 2001) e 4% a 4,8% dos estudantes universitários (Bohne, Keurhen & cols., 2002; Bohne, Wilhelm & cols., 2002; Cansever & cols., 2003). O TDC foi observado em 13,1% de uma amostra de pacientes do campo psi internados (Grant, Kim, Crow, 2001) e em 3,2% de um grupo de pacientes psicoclínicos ambulatoriais (Zimmerman & Mattia, 1998). Não existem dados epidemiológicos sobre o transtorno no Brasil, mas casos de pacientes com TDC têm sido observados em nosso meio (Citti & Haranaka, 1993; Figueira & cols., 1993; Fontenelle & cols., 2002). O TDC tem sido encontrado com maior freqüência em pacientes ambulatoriais com transtornos de ansiedade [em 11% a 12% dos indivíduos com fobia social (Brawman-Mintzer & cols., 1995; Wilhelm & cols., 1997) e em 8% a 12% daqueles com Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) (Brawman-Mintzer & cols., 1995; Simeon & cols., 1995)], com transtornos do humor [em 14,4% dos pacientes com depressão atípica e em 5,1% daqueles com depressão não-atípica (Nierenberg, 2002)] e com transtornos de controle dos impulsos [em 32% dos indivíduos com skin-picking (Wilhelm & cols., 1999)]. Além disso, taxas elevadas de depressão maior (endógena, unipolar), fobia social, TOC e transtornos por uso de substâncias têm sido observados em pacientes ambulatoriais com o diagnóstico primário de TDC (Gunstad & Phillips, 2003). Em um estudo com candidatos à cirurgia plástica cosmética, o TDC foi observado em 9,1 % dos pacientes (Aouizerate, 2003). 2 A relação entre delírio e obsessão suscita discussões acaloradas há muitos anos (Bleuler, 1985; Jaspers, 1979). Séries de pacientes com as chamadas psicoses obsessivo-compulsivas têm sido amplamente descritas na literatura (Insel & Akiskal, 1986; O'Dwyer & Marks, 2000; Torres, Smaira & Ferreira, 1997). Atualmente, a quarta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV) já permite identificar formas delirantes e nãodelirantes (incluindo aquelas com predominância de idéias supervalorizadas ou obsessivas) de diversos transtornos mentais, incluindo o TDC (Phillips, 2002). No entanto existe um crescente reconhecimento de que não há limites claros que separem o pensamento obsessivo do delirante (Torres, Smaira & Ferreira, 1997; Kozak & Foa, 1994). Por exemplo, instrumentos como a Brown Assessment of Beliefs Scale (BABS) têm sido elaborados com o objetivo de mensurar o conceito multidimensional de tendência ou propensão ao suicídio (delusionality), isto é, quanto uma determinada crença fundamental é delirante (Eisen, 1998). Apresento este estudo objetivando descrever e discutir os aspectos fenomenológicos de uma paciente com o diagnóstico de TDC, com características simultaneamente obsessivas e delirantes. Com esse caso pretendemos ilustrar as dificuldades diagnósticas impostas por sistemas classificatórios como o DSM-IV, que não permitem uma classificação exata de transtornos ambíguos em que predominem queixas de deformidades físicas. Um caso Clínico HPMA (História pregressa da moléstia atual) Sra. X., 46 anos, solteira, brasileira, arquiteta e desempregada, me procurou queixando-se de excesso de preocupação com os cabelos. Desde os 24 anos, após o término da faculdade, passou a acreditar que eles eram rebeldes e desajeitados. No momento, tem 100% de certeza de que são horríveis, isto é, com os fios muito finos e sem corpo. A Sra. X. tem tentado corrigir seu suposto defeito na aparência incansavelmente, lançando mão de diversos comportamentos, que incluem: (1) intermináveis lavagens dos cabelos com diferentes produtos cosméticos; (2) abordagem de pessoas na rua para perguntar quais produtos de beleza utilizam em seus cabelos; (3) visitas diárias às lojas de cosméticos para comprar (e eventualmente até roubar) xampus e cremes (incluindo produtos que já foram utilizados incontáveis vezes e julgados ineficazes). Apesar de todas essas medidas, a crença de que seus cabelos são feios e desalinhados permanece. Como a paciente não consegue interromper tais comportamentos espontaneamente, a família tem tomado medidas na tentativa de evitar seus gastos compulsivos (como, por exemplo, esconder pequenas quantidades de dinheiro e ligar semanalmente para a residência da paciente com o intuito de revelar onde se encontra tal montante, para que ela possa se manter). Essa conduta tem interferido significativamente no dia-a-dia da paciente. A Sra. A. afirma, por exemplo, que, quando empregada, ficava tão agitada no trabalho, que precisava sair para ir às lojas procurar produtos para o seu cabelo ("saio de casa a toda hora, a todo instante se tiver dinheiro"). Nos últimos dois anos tem tido sentimentos de culpa, pessimismo e desesperança, lentidão psicomotora, redução de energia, cansaço, anedonia (incapacidade de sentir prazer) e dificuldades de concentração ("fico ligada no cabelo"). A paciente refere ainda ter preocupações excessivas, que ocupam a maior parte do tempo e que são difíceis de resistir, como a de que sua mãe vai morrer e deixá-Ia sozinha, sem sustento, além de irritabilidade, inquietação e cansaço. Uma avaliação com a Structured Clinical Interview for DSM-IV (SCID) - entrevista clínica estruturada para o DSM-IV - confirmou a presença do TDC e de uma série de comorbidades, incluindo, atualmente, distimia, transtorno de ansiedade generalizada, fobia específica (claustrofobia), e, no passado, episódio depressivo endógeno e TOC. Aos 16 anos passou, insidiosamente, a contar e recontar o dinheiro de sua carteira, verificar as fechaduras e o gás de sua residência, reler e reescrever palavras e frases que lia e perguntar repetidamente para outras pessoas se nada de terrível teria acontecido ou estaria prestes a acontecer. Também tinha pensamentos desagradáveis, tais como preocupação com sujeira e 3 germes, medo de ferir alguém e receio de ser responsabilizada por algum acontecimento terrível (como asfixiar pessoas por, supostamente, ter deixado o gás ligado). Essas preocupações teriam durado cerca de um ano, melhorando espontaneamente. Permaneceu oito anos sem tais sintomas, mas com a auto-estima muito baixa, ou seja, achando que era feia e que seus trabalhos como arquiteta eram ruins. Breve anamnese A Sra. X. nasceu de parto transvaginal a termo, sem intercorrências perinatais. Seu crescimento e seu desenvolvimento não foram caracterizados por maiores alterações. Sua menarca foi aos 12 anos. Seus catamênios são regulares, com intervalos de 28 dias e duração de três, de fluxo. A paciente é a quarta filha de uma prole de cinco. Conta que sempre morou com seus pais e irmãos, mantendo uma relação instável com eles. Atualmente mora apenas com sua mãe, pois seu pai faleceu em 1987 e seus irmãos se casaram. Teve poucos relacionamentos amorosos e nunca casou. Nega tabagismo, etilismo e uso de drogas ilícitas. A Sra. A. diz ter uma irmã com mania de limpeza e a mãe com depressão. Seu pai faleceu em função de um câncer de próstata. Fez diversos tratamentos medicamentosos e psicoterápicos, com pouco sucesso. Procurou o Instituto de Psiquiatria (IPUB) em maio de 2003 em uso de clomipramina 150mg/dia, olanzapina 7,5 mg/dia e clonazepam 4mg/dia. Somente o aumento gradual de suas medicações (para clomipramina 300mg/dia, olanzapina 20mg/dia e clonazepan 8mg/dia) associado à instituição de sessões semanais de exposição e prevenção de resposta resultou, após cerca de três meses, em importante melhora na intensidade de seus sintomas. Discussão Esse caso ilustra as dificuldades na caracterização fenomenológica do sintoma central em pacientes com TDC. Acredito que a alteração fundamental do pensamento apresentada pela Sra. X. ("meus cabelos são rebeldes e desajeitados") agrega elementos delirantes (convicção extraordinária) (Jaspers, 1979) e obsessivos (luta interna) (Insel & Akiskal, 1986). Além disso, os comportamentos resultantes dessas cognições (lavagens, compras e reasseguramento) podem, teoricamente, ser interpretados tanto como compulsões genuínas (Foa & cols., 1995) quanto como expressões de uma maior pressão ou de maior envolvimento delirante (Kendler, Glazer & Morgenstern, 1983). Portanto o caso repousaria sobre os limites diagnósticos virtuais existentes entre TDC, TOC e transtorno delirante do tipo somático (TDS). A indefinição quanto à relação entre o TDC e os transtornos delirantes é declaradamente assumida no DSM-IV, que permite que síndromes caracterizadas por crenças de intensidade delirante acerca de imperfeições físicas sejam classificadas como TDC, TDS ou os dois transtornos simultaneamente. Alguns estudos observaram que pacientes com TDC delirante (ou TDS, dependendo do ponto de vista) e TDC não-delirante não são diferentes quanto a aspectos sociodemográficos e fenomenológicos, ao curso, ao padrão de co-morbidades e à resposta ao tratamento (McElroy & cols., 1993; Phillips & cols., 1994). Portanto, segundo os autores desses estudos, o TDS e o TDC seriam uma única doença com diferentes níveis de insight em relação aos sintomas. Em uma postura claramente contrária a esses autores, Alistair Munro (1997) sugere que os pacientes com TDC delirante seriam, na realidade, indivíduos com TDC que desenvolvem episódios psicóticos breves, respondendo a inibidores da recaptação da serotonina. Já os pacientes com TDS cursariam com sintomas psicóticos mais persistentes, respondendo somente a antipsicóticos. Por outro lado, um maior corpo de evidências sugere que o TDC é uma expressão fenotípica do TOC e deve ser considerada parte do espectro obsessivo-compulsivo (Bienvenu & cols., 2000). Comparações entre TDC e TOC apontam para a existência de semelhanças e diferenças entre ambos, especialmente com relação ao nível de insight (Eisen & cols., 2004; Phillips & cols., 1998). De fato, a história prévia de TOC e a presença de comportamentos compulsivos (lavagem) nessa paciente sugerem a existência de um transtorno possivelmente ligado ao espectro obsessivo-compulsivo. 4 Phillips & cols. (1998) não observaram diferenças significativas entre o TDC e o TOC na maioria das variáveis demográficas e de curso, gravidade de sintomas, co-morbidade, história familiar e comprometimento funcional. No entanto, pacientes com TDC foram menos freqüentemente casados; demonstraram, mais amiúde, ideação ou história de comportamento suicida; apresentaram idade de início da depressão mais precoce, taxas de depressão maior superiores, fobia social e transtornos psicóticos, além de maior freqüência de transtornos por uso de substâncias em parentes de primeiro grau. Em uma revisão de prontuários, Saxena & cols. (2001) constataram que pacientes com TDC e TOC caracterizaram-se por semelhante razão entre sexo, idade, duração do tratamento, prevalência de depressão maior e gravidade dos sintomas obsessivo-compulsivos e do comprometimento funcional. Inibidores da recaptação da serotonina e antipsicóticos foram utilizados em igual proporção nos dois grupos, que responderam de maneira semelhante. No entanto pacientes com TDC exibiram sintomas depressivos e ansiosos mais graves. Eisen & cols. (2004) utilizaram a BABS para avaliar a gravidade de tendência ou propensão ao delírio em pacientes com TDC e TOC. Desse modo, eles constataram que os primeiros apresentaram menor insight global; maior convicção de que suas crenças são reais, com recusa em considerar a possibilidade de que elas possam ser falsas; mais tendência em acreditar que a maioria das pessoas pensa que eles realmente possuem defeitos físicos; maior propensão a achar que o ponto de vista dos outros não é confiável quando estes não acreditam que eles são deformados; tentativas menos consistentes em refutar suas crenças; e, finalmente, menor disposição em acreditar que suas opiniões possam ter uma causa psiquiátrica/psicológica. A gravidade da tendência ao delírio se correlacionou positivamente com sintomas mais graves somente no grupo com TDC. Esse caso ilustra os tênues limites existentes entre TDC, TOC e TDS. A imprecisão diagnóstica dos sistemas classificatórios atuais, como o DSM-IV (Kendell & Jablensky, 2003), não permite a classificação exata de transtornos ambíguos em que predominam queixas de deformidades físicas. Quando me refiro a TDC, TOC e TDL (isto é, às obsessões, às idéias supervalorizadas e aos delírios somáticos) posso estar na realidade, pulverizando uma única entidade diagnóstica com vários subtipos ao longo de um espectro de insight. Recentemente, o diagnóstico de transtornos da imagem corporal (Hollander, 1993) foi proposto com o intuito de englobar todas as síndromes caracterizadas por preocupações com a aparência ou sensações corporais [incluindo, por exemplo, a hipocondria, os transtornos alimentares, a despersonalização e alguns transtornos neurológicos (Sandy, 1998)]. A identificação de marcadores biológicos comuns a esses transtornos, em particular, seria fundamental para o melhor entendimento da fisiopatologia e o aprimoramento dos procedimentos diagnósticos e terapêuticos. * * * Referências Bibliográficas Allen A & Hollander E. Body dysmorphic disorder. Psychiatr Clin North Am, 23: 617-28, 2000. Aouizerare B, Pujol H, Grabot D, Faytout M, Suire K, Braud C & cols. Body dysmorphic disorder in a sample of cosmetic surgery applicants. Eur Psychiatry, 18: 365-8, 2003. Bienvenu OJ, Samuels JF, Riddle MA, Hoehn-Saric R, Liang KY, Cullen BA & cols. The relationship of obsessive-compulsive disorder to possible spectrum disorders: results from a family study. Biol Psychiatry, 48: 287-93, 2000. Bleuler, E. Psiquiatria. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1985. Bohne A, Keuthen NJ, Wilhelm S, Deckersbach T & Jenike MA. Prevalence of symptoms of body dysmorphic disorder and its correlates: a cross-cultural comparison. Psychosomatics, 43: 486-90, 2002. 5 Bohne A, Wilhelm S, Keuthen NJ, Florin I, Baer L & Jenike MA. Prevalence of body dysmorphic disorder in a German college student sample. Psychiatry Res, 109: 101-4, 2002. Brawman-Mintzer O, Lydiard RB, Phillips KA, Morton A, Czepowicz V, Emmanuel N & cols. Body dysmorphic disorder in patients with anxiety disorders and major depression: a comorbidity study. AmJPsychiatry, 152(11): 1665-7, 1995. Cansever A, Uzun O, Donmez E & Ozsahin A. The prevalence and clinical features of body dysmorphic disorder in college students: a study in a Turkish sample. Compr Psychiatry, 44: 604, 2003. Eisen JL, Phillips KA, Baer L, Beer DA, Atala KO & Rasmussen SA. The Brown Assessment of Beliefs Scale: reliability and validity. Am J Psychiatry, 155: 102-8, 1998. Eisen JL, Phillips KA, Coles ME & Rasmussen SA. Insight in obsessive-compulsive disorder and body dysmorphic disorder. Compr Psychiatry, 45: 10-5, 2004. Faravelli C, Salvatori S, Galassi F, Aiazzi L, Drei C & Cabras P. Epidemiology of somatoform disorders: a community survey in Florence. Soc Psychiatry, Psychiatr Epidemiol, 32: 24-9, 1997. Figueira I, Mendlowicz M, Nardi AE, Marques C, Saboya E, Andrade Y & cols. O sofrimento da feiúra imaginária: transtorno dismórfico do corpo. J Bras Psiquiatr, 42: 303-12,1993. Foa EB, Kozak MJ, Goodman WK, Hollander E, Jenike MA & Rasmussen SA. DSM-IV field trial: obsessive-compulsive disorder. Am J Psychiatry, 152: 90-6,1995. Fontenelle LF, Mendlowicz MV, Mussi TC, Marques C & Versiani M. The man with the purple nostrils: a case of rhinotrichotillomania secondary to body dysmorphic disorder. Acta Psychiatr Scand, 106: 464-6, 2002. Grant JE, Kim SW & Crow SJ. Prevalence and clinical features of body dysmorphic disorder in adolescent and adult psychiatric in patients. J Clin Psychiatry, 62: 517-22, 2001. Gunstad J & Phillips KA. Axis I comorbidity in body dysmorphic disorder. Compr Psychiatry, 44: 270-6, 2003. Haranaka KM & Citti ML. Distúrbio dismórfico do corpo: relato de um caso. J Bras Psiquiatr, 42(3): 145-7, 1993. Hollander E. Obsessive-compulsive related disorders. Washington (DC): American Psychiatric Press; 1993. Insel TR & Akiskal HS. Obsessive-compulsive disorder with psychotic features: a phenomenologic analysis. Am J Psychiatry, 143: 1527-33, 1986. Jaspers, K. Psicopatologia geral. Rio de Janeiro: Atheneu; 1979. Kendell R & Jablensky A. Distinguishing between the validity and utility of psychiatric diagnoses. Am J Psychiatry, 160: 4-12, 2003. Kendler KS, Glazer WM & Morgenstern H. Dimensions of delusional experience. Am J Psychiatry, 140: 466-9, 1983. Kozak MJ & Foa EB. Obsessions, overvalued ideas, and delusions in obsessive-compulsive disorder. Behav Res Ther, 32: 343-53, 1994. 6 McElroy SL, Phillips KA, Keck Jr. PE, Hudson JI & Pope HG J r. Body dysmorphic disorder: does it have a psychotic subtype? J Clin Psychiatry, 54: 389-95, 1993. Munro A. Paranoia or delusional disorder. Em: Bhugra D & Munro A. Troublesome disguises: underdiagnosed psychiatric syndromes. Oxford: Blackwell Science; 1997. Nierenberg AA, Phillips KA, Petersen TJ, Kelly KE, Alpert JE, Worhington JJ & cols. Body dysmorphic disorder in outpatients with major depression. J Affect Disord, 69 (1-3): 141-8, 2002. O'Dwyer AM & Marks I. Obsessive-compulsive disorder and delusions revisited. Br J Psychiatry, 176: 281-4, 2000. Otto MW, Wilhelm S, Cohen LS & Harlow BL. Prevalence of body dysmorphic disorder in a community sample of women. Am J Psychiatry, 158: 2061-3, 2001. Phillips KA, Gunderson CG, Mallya G, McElroy SL & Carter W. A comparison study of body dysmorphic disorder and obsessive-compulsive disorder. J Clin Psychiatry, 59: 568-75, 1998. Phillips KA, McElroy SL, Keck PE Jr, Hudson JI & Pope HG Jr. A comparison of delusional and nondelusional body dysmorphic disorder in 100 cases. Psychopharmacol Bull, 30: 179-86, 1994. Phillips KA, McElroy SL, Keck PE Jr, Pope HG Jr & Hudson JI. Body dysmorphic disorder: 30 cases of imagined ugliness. Am J Psychiatry, 150: 302-8, 1993. Phillips KA. The obsessive-compulsive spectrums. Psychiatr Clin NorthAm, 25: 791-809, 2002. Phillips KA. Body dysmorphic disorder: recognizing and treating imagined ugliness. World Psychiatry, 3(1): 12-7,2004. Sandyk R. Reversal of a body image disorder (macrosomatognosia) in Parkinson's disease by treatment with AC pulsed electromagnetic fields. Int J Neurosci, 93: 43-54, 1998. Saxena S, Winograd A, Dunkin JJ, Maidment K, Rosen R, Vapnik T & cols. A retrospective review of clinical characteristics and treatment response in body dysmorphic disorder versus obsessive compulsive disorder. J Clin Psychiatry, 62: 67-72, 2001. Simeon D, Hollander E, Stein DJ, Cohen L & Aronowitz B. Body dysmorphic disorder in the DSM-IV field trial for obsessive-compulsive disorder. Am J Psychiatry, 152(8): 1207-9, 1995. Torres AR, Smaira SI & Ferreira DTJ. A interface entre distúrbio obsessivo-compulsivo e esquizofrenia: desafios da prática clínica. J Bras Psiquiatr, 46: 147-55,1997. Wilhelm S, Keuthen NJ, Deckersbach T, Engelhard IM, Forker AE, Baer L & cols. Self-injurious skin picking: clinical characteristics and comorbidity. J Clin Psychiatty, 60(7): 454-9,1999. Wilhelm S, Otto MW, Zucker BG & Pollack MH. Prevalence of body dysmorphic disorder in patients with anxiety disorders. J Anxiety Disord, 11(5): 499-502,1997. Zimmerman M & Mattia JI. Body dysmorphic disorder in psychiatric outpatients: recognition, prevalence, comorbidity, demographic, and clinical correlates. Compr Psychiatry, 39: 265-70, 1998.