DISMORFOBISMO - TCC On-line

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DISMORFOBISMO - UM ESTUDO BIBLIOGRAFICO
Rafaela Augusta Urbano 1, Silvani Emiliano 2
1. Acadêmico do curso de Tecnologia em Estética e Imagem Pessoal da Universidade Tuiuti do
Paraná - UTP (Curitiba, PR);
2. Professora Orientadora da Universidade Tuiuti do Paraná – UTP (Curitiba – PR)
Endereço para correspondência: [email protected]
RESUMO: A imagem corporal é influenciada pelos padrões formalizados pela
sociedade a cultura que nos cerca, causando um impacto em relação à auto-estima do
indivíduo. A prática do “culto ao corpo” é vista como uma preocupação que atravessa
todas as áreas, classes sociais e faixas etárias, frisadas num discurso que, em alguns
momentos, exclui a questão da estética e, em outros, ignora a preocupação com a
saúde.
Quase todos os pacientes apresentam um ou mais comportamentos
repetitivos que lembram rituais como comparar-se com os outros, camuflar ou tocar de
forma contínua áreas do corpo. Outra atitude que se observa é de olhar-se fixamente
no espelho, ou evitar espelhos, pedindo reafirmações sobre o defeito. Sendo assim
esse individuo pode procurar aperfeiçoar, ajustar sua imagem corporal através dos
procedimentos estéticos abusivos, excessivos, visando resolver seu problema
psicológico.
Palavras Chaves: Imagem pessoal, tecnólogo em estética, imagem corporal
ABSTRACT:
Body image is influenced by patterns formalized by the society and
culture around us, causing an impact in relation to the individual's self-esteem. The
practice of "body worship" is seen as a concern that crosses all areas, social classes
and age groups, highlighted in a speech that, in some moments, excludes the question
of aesthetics, and in others, ignore the concerns with health. Almost all patients have
one or more repetitive behaviors that resemble rituals like, comparing themselves with
others, camouflaging or continuously touching different areas of the body. Another
attitude that is observed is looking up intently in the mirror, or avoiding it, trying to find
reassurances about the defect. Thus this individual may seek to enhance and adjust
their body image through abusive and excessive cosmetic procedures, aiming to
resolve their psychological problem.
Key Words: Personal Image, Aesthetic Technician, Body Image.
1
1. INTRODUÇÃO
O transtorno dismórfico corporal (TDC) é conhecido como a “feiura
imaginária” Sua característica principal é a preocupação excessiva com um
aspecto ou defeito na aparência pessoal, ao ponto de causar sofrimento
significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional.1
A importância da beleza, e a necessidade de atrativos estéticos, a
comparação com os outros ou com padrões idealizados e a aceitação pelo
grupo social têm sido sugeridas como aspectos relevantes no desenvolvimento
dos sintomas do TDC.1
Alguns estudos destacam aspectos da história de vida dos indivíduos
com TDC que parecem ser comuns e poderiam ter relevância em seu
desenvolvimento como : educação rígida ou pais superprotetores; poucos
amigos durante a fase escolar; ganhos secundários; famílias em que se dá
maior ênfase em conceitos estereotipados de beleza; comentários, ainda que
inócuos ou neutros, em relação à aparência e acidentes traumáticos .2
Maioria dos pacientes com TDC busca tratamento não psiquiátrico,
como cirúrgico ou dermatológico, que, no caso dessa patologia, estão fadados
ao insucesso.3
Considerando relevantes as citações dos autores a cima, o presente
estudo tem por objetivo apresentar o comportamento do paciente que sofre
com transtorno dismorfobico corporal.
1.1. AUTO CONCEITO - AUTOIMAGEM - AUTOESTIMA
Auto conceito pode ser definido como a imagem do que se pensa ser,
se pode ser e conseguir, do que se idealiza ser e do que os outros pensam da
pessoa. Por sua vez, o auto conceito é a percepção que o indivíduo tem de si
próprio. Em termos mais específicos, ele corresponde às atitudes, sentimentos
e auto conhecimento do sujeito acerca das suas capacidades, competências,
aparência física e aceitação social.4
O auto conceito pode ser considerado, mais do que um conceito, é sim
um conjunto de conceitos de imagens, de juízos descritivos e valorativos a
respeito do próprio sujeito. Esse conjunto faz referência a si mesmo sob vários
aspectos: o próprio corpo, o próprio comportamento, a própria situação e
relações sociais.5
2
Auto imagem desenvolve-se junto á identidade do individuo e do corpo.
É um processo em constante desenvolvimento, no tocante, as experiências da
infância e as vivencias do presente.6
Pode ser definido de acordo com a consciência e o sentimento que a
pessoa tem de si mesmo, juntamente com o seu auto conceito que é o que a
mesma pensa sobre si, e a autodinamização que é o conjunto das ações da
consciência constituindo a autoimagem ou representação que o individuo tem
de si.7
Já a autoestima é considerada como um ponto importante na saúde
mental, da qual se define como a confiança na capacidade de pensar, agir e
enfrentar a vida. A aparência física, é uma das principais causas que
influenciam na auto estima.8
A auto estima relaciona-se com, amor próprio, satisfação pessoal e,
estar bem consigo mesmo. Se existe uma insatisfação, esta se implicará na
auto-imagem. Ao primeiro sinal da perda da autoconfiança é notada quando o
corpo que se tem não está de acordo com o estereótipo idealizado pela
sociedade.5
1.2. IMAGEM CORPORAL
A imagem corporal é influenciada pelos padrões formalizados pela
sociedade a cultura que nos cerca, causando um impacto em relação à auto
estima do indivíduo.9
A imagem corporal refere-se à interpretação que a pessoa tem do
próprio corpo, com as atitudes, sentimentos, fantasias e conflitos associados a
ele. Não é apenas uma construção cognitiva, mas também um reflexo dos
desejos, atitudes emocionais e da interação com os outros.10
Nos dias atuais a prática do “culto ao corpo” é vista como uma
preocupação que atravessa todas as áreas, classes sociais e faixas etárias,
frisadas num discurso que, em alguns momentos, exclui a questão da estética
e, em outros, ignora a preocupação com a saúde. As imagens são criadas de
acordo com os interesses da sociedade, padrões morais, econômicos e
argumentos científicos de cada momento histórico.11
3
Segundo Giddens12 evidencia que o corpo é um veículo, e habitá-lo, às
vezes, é encarado como privilégio, noutras como uma "pena imposta". O corpo
é a fonte de bem-estar e de prazer, pode ser também o invólucro de doenças e
de pressões. A aparência corporal pela maneira de se vestir, pela escolha dos
acessórios e também pela postura, que, como a aparência, é trabalhada no
cotidiano. Passa também pela sensualidade, que envolve prazer e dor, e pelos
regimes aos quais o corpo é submetido em busca de perfeição.12
1.3. O TRANSTORNO DISMORFOBICO
Transtorno dismórfico corporal é um novo nome para uma velho
transtorno. Tem sido descrito nas literaturas européia e japonesa por uma
variedade de nomes, sendo o mais comum dismorfofobia, termo utilizado por
Morselli pela primeira vez há 100 anos (1886). Embora esse termo seja usado
de diferentes maneiras, é definido como um sentimento de feiúra ou defeito
físico que o paciente percebe a despeito de sua aparência normal. O termo
dismorfia é uma palavra grega que significa feiúra, especialmente na face. 13
É um transtorno relacionado a preocupações com a aparência. A
preocupação é extremamente acentuada; causando sofrimento significativo
e/ou prejuízo no funcionamento da vida do indivíduo.2
Ballone14 ressalta
que esse
transtorno é
diagnosticado com
frequência aproximadamente igual em homens e mulheres, iniciando-se em
geral na adolescência de forma gradual ou súbita e seu curso é flutuante e
crônico. A idade de início mais comum do Transtorno Dismórfico Corporal é no
final da adolescência ou início da idade adulta. A média de idade está em torno
dos 20 anos, não sendo raro que o diagnóstico seja feito mais tardiamente.14
1.4 .COMPORTAMENTO DO INDIVIDUO COM TDC
No TDC os pacientes procuram principalmente dermatologistas e
cirurgiões plásticos para tentar corrigir o mínimo defeito físico que os
atormenta, tendo comportamentos de isolamento e evitando o relacionamento
pessoal.1
4
Quase todos os pacientes apresentam um ou mais comportamentos
repetitivos que lembram rituais como comparar-se com os outros, camuflar ou
tocar de forma contínua áreas do corpo das quais não gostam, parecendo com
as outras pessoas, exercitar-se excessivamente ou comprar excessivamente
produtos de beleza para recompensar detalhes da aparência supervalorizados
ou defeitos imaginários. Acompanham sentimentos de não serem admirados ou
apreciados pelos outros, de serem pessoas sem atrativos ou inadequadas.
Evitam toda exposição pública, como em piscinas e praias, lembrando-se de
certa forma o que ocorre na atormentação social.15
Outra atitude que se observa é de olhar-se fixamente no espelho, ou
evitar espelhos, pedindo reafirmações sobre o defeito, realizando cirurgias
plásticas e tratamentos estéticos. Alguns desses comportamentos podem se
tornar rituais que prejudicam as atividades diárias. Podendo ser uma tentativa
de camuflagem como maquiagens, roupas, gestos.2
1.5. ALGUNS DISTURBIOS RELACIONADOS AO TDC
A vigorexia foi recentemente descrita como uma variação da desordem
dismórfica corporal (TDC). Os indivíduos que sofrem desse transtorno se
descrevem como "fracos e pequenos", quando na verdade apresentam
musculatura desenvolvida em níveis acima da média da população masculina,
caracterizando uma distorção da imagem corporal. Estes se preocupam de
maneira anormal com sua massa muscular, o que pode levar ao excesso de
levantamento de peso, prática de dietas hiperprotéicas, hiperglicídicas e
hipolipídicas, e uso indiscriminado de suplementos protéicos, além do consumo
de esteróides anabolizantes. Além disto, em relação aos exercícios físicos,
observa-se que indivíduos com Vigorexia não praticam atividades aeróbicas,
pois temem perder massa muscular. Estas pessoas evitam exposição de seus
corpos em público, pois sentem intimidadas e utilizam diversas camadas de
roupa, com intuito de evitar esta exposição.16
A Vigorexia afeta com maior frequência homens entre 18 e 35 anos
podendo
ser
observada
em
mulheres,
sendo
expressa
por
fatores
socioeconômicos, emocionais, fisiológicos, cognitivos e comportamentais. O
5
nível sócio-econômico destes pacientes é variado, mas geralmente é mais
frequente na classe média baixa.16
A prática de atividade física contínua é uma característica desta
desordem, e o indivíduo não se importa com as consequências que podem
ocorrer em seu organismo.16
Frequentadores assíduos de academia que realizam exercício físico
em excesso na busca de um corpo perfeito, fazem parte do grupo de pessoas
que sofrem de Vigorexia. Essas pessoas se tornam perfeccionistas consigo
mesmas e obsessivas pelo exercício, passando horas dentro das academias.
Estes complexos podem ser agravados pela busca inconstante da beleza
física, acompanhadas de ansiedade, depressão, fobias, atitudes compulsivas e
repetitivas - como olhadas seguidas no espelho.17
A distorção do corpo é criada na verdade pela mente do anoréxico, a
pessoa constrói uma imagem no seu pensamento e passa a viver isso no seu
contexto existencial criando uma identidade que pertence ao seu mundo.6
Já a bulimia nervosa defini-se pela ingestão de alimentos maneira excessiva e
intensa, perdendo o autocontrole. Dessa forma, a pessoa com bulimia usa
vários métodos, como vômitos ou abuso de laxantes, para impedir o ganho de
peso.18
O individuo que apresenta o quadro de bulimia nervosa, enfatiza o
peso e a forma do corpo com uma percepção física distorcida e problemas em
identificar as emoções. Desenvolve uma baixa autoestima, um alto nível de
ansiedade, frustração e descontrole dos impulsos. A pessoa tenta seguir um
elevado padrão de beleza, praticamente inatingível, se colocando na tentativa
de se igualar a exigência de beleza da sociedade. Não correspondendo as
suas expectativas, deprime-se, e sente-se fracassado com sentimento de culpa
e retorna a compulsão.19
Outro transtorno relacionado ao TDC é o transtorno da personalidade
obsessivo compulsiva (TPOC) e o transtorno de ansiedade obsessivocompulsivo (TOC) caracterizam-se por uma similaridade sintoma-tológica que
historicamente levou os clínicos e pesquisadores a encontrarem índices
significativos de comorbidade entre os transtornos.19
De acordo com Widiger e Frances20, os indivíduos com transtornos da
personalidade obsessivo-compulsiva se caracterizam por apresentar aquele
6
padrão permanente de comportamento ao longo de toda sua vida. Por sua vez,
o TOC se caracteriza por ser um estado crônico e homogêneo em que ocorrem
pensamentos encobertos súbitos e recorrentes (obsessões) seguidos por
comportamentos estereotipados que o indivíduo se sente compelido a emitir
(compulsões). As obsessões são compreendidas como pensamentos, idéias,
imagens (visuais ou
auditivas),
recorrentes e
persistentes,
que
são
experimentadas como intrusivas, inadequadas, e por isso causam acentuada
ansiedade ou sofrimento.20
A pessoa tenta ignorar ou suprimir as obsessões, ou neutralizá-las com
algum outro pensamento ou ação e, quando obtêm sucesso, este é apenas
transitório. Compulsões são comportamentos ou pensamentos repetitivos, que
a pessoa se sente compelida a executar em resposta a uma obsessão.20
2. METODOLOGIA
Para a fundamentação desse trabalho foi aplicada uma pesquisa
bibliográfica, a partir de levantamentos de referencial teóricos já analisados , e
publicados por meios escritos e eletrônicos , como livros, artigos científicos ,
em sites como Scielo, Google acadêmico com objetivo de recolher
informações e conhecimentos sobre o tema proposto, utilizando os descritivos:
transtorno,dismorfofobia, imagem pessoal.
3. DISCUSSÃO
A imagem corporal é um componente considerável como um
“complexo mecanismos da identidade de um individuo”.Segundo Gardner
caracteriza como “ a figura mental que temos das medidas, dos contornos e da
forma de nosso corpo; e dos sentimentos concernentes a essas características
e às partes do nosso corpo”. O componente subjetivo da imagem corporal esta
relacionado ao bem estar de uma pessoa com seu tamanho corporal ou partes
especificas do seu corpo.21
7
A auto análise dessa imagem corporal pode- se dar em três aspectos:
ou extremo relacionado a sua aparência, ou é muito critico em relação a ela; ou
ele se compara com padrões extremos da sociedade.16
Percebe-se, segundo Bucaretchi19 , que perda da autoconfiança se
apresenta quando o corpo que se tem não está de acordo com o estereótipo
proposto pela sociedade. Constata-se que a imagem corporal está diretamente
relacionada com a autoestima, e dai vem a insatisfação que se reflete na auto
imagem.19
Essa imagem que se cria do corpo não é somente as impressões ou
sensações táteis, mas também da forte influência que se recebe dos meios
externos, como por exemplo, fotos, vídeos, modelos, atrizes, revistas.22
Sendo importante ressaltar que todas as classes culturais ditam um
modelo de „corpo belo‟, que determina padrões para a sociedade em torno
dessa proposta ideal. No mundo moderno, contudo, tal modelo se impõe cada
vez mais opressivo e generalizado. O mercado das aparências ganha grande
força na época atual. Vivemos num mundo saturado de estímulos visuais. 22
Onde o corpo se torna objeto de práticas de embelezamento,
manipulação e mutilação transformando o formato do seu corpo em artificial.23
Grande parte dos pacientes portadores dessa síndrome recorre aos
tratamentos dermatológicos ou cirurgias plásticas. Na maioria das vezes, existe
uma insatisfação com os resultados obtidos, o que leva o paciente a se expor a
novos tratamentos e riscos desnecessários. Estima-se que entre as pessoas
que procuram cirurgia plástica, aproximadamente 9% são portadores de TDC. .
Buscar um modelo quase inatingível de beleza pode ser frustrante para a
maioria das pessoas, mas não é apenas a auto estima que está prejudicada, a
saúde física e mental também corre sérios riscos.3
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através dessa pesquisa bibliográfica foi possível certificar-se que o
paciente com
histórico de TDC recebe a influência da mídia , da sociedade
8
cada vez mais exigente com a imagem pessoal , e de fatores relacionados
com
a educação , que refletem na sua auto estima ,
e auto percepção
corporal . Sendo assim esse individuo pode procurar aperfeiçoar, ajustar sua
imagem corporal através dos procedimentos estéticos abusivos , excessivos ,
visando resolver seu problema psicológico . É importante salientar que não
cabe ao Tecnólogo em Estética e Imagem pessoal o diagnostico, e o
encaminhamento desse paciente ao profissional habilitado ao tratamento desse
transtorno. Mas o tecnólogo em estética deve estar preparado para detectar
um paciente com TDC, para que possa e trabalhar com ética respeitando os
limites dos procedimentos.
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